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Celiotomia - Laparotomia Mv. Dr. Leonardo Dias Mamão Introdução • Celiotomia: - Qualquer incisão cirúrgica que promova acesso ao interior da cavidade abdominal; • Laparotomia: - Origem grega: láparos=abdômen, tomia=incisão; - Refere-se ao acesso a cavidade abdominal pelo flanco; Tipos de acesso • Celiotomia Mediana; • Laparotomia (celiotomia pelo flanco); • Celiotomia paracostal; • Celiotomia oblíqua; • Celiotomia paramediana; • Celiotomia combinada (mediana + paracostal); Tipos de acesso Celiotomia Mediana Celiotomia Mediana - Realizada na linha média ventral; - Mais utilizada em equídeos, caninos e felinos; - Subclassificação de acordo com o local da incisão em relação ao umbigo: ➢Pré-umbilical: Celiotomia acima da cicatriz umbilical; ➢Retroumbilical: Celiotomia abaixo da cicatriz umbilical; ➢Pré-retroumbilical: Celiotomia iniciando acima do umbigo e se estendendo abaixo da cicatriz umbilical; Celiotomia Mediana • Em pequenos animais: - Pré-umbilical: ➢ Acesso a diafragma, estômago, baço, fígado, duodeno, pâncreas, rins; - Retroumbilical: ➢ Acesso a intestinos, ovários, ureteres, bexiga, útero e próstata; - Pré-retroumbilical: ➢ Celiotomia exploratória (permite amplo acesso ao abdômen); Celiotomia Mediana Pré-umbilical Retroumbilical Pré-retroumbilical Anatomia cirúrgica da parede abdominal - Pele; - Tecido subcutâneo; ➢ Em machos caninos: músculos prepuciais; - Musculatura (linha alba); Anatomia cirúrgica da parede abdominal ➢ Região pré-umbilical: fáscia externa formada pelas aponeuroses dos músculos oblíquo interno e externo e do músculo transverso do abdômen; • Em caninos, felinos e suínos, linha alba mais larga; • Deve-se SEMPRE incidir sobre a linha alba; Anatomia cirúrgica da parede abdominal ➢ Região retroumbilical: fáscia externa formada pelas aponeuroses dos músculos oblíquo interno e externo, reto e transverso do abdômen; - Dentro do abdômen, abaixo da cicatriz umbilical existe o ligamento falsiforme (gordura e vasos); - Em equídeos, entre a linha alba e o peritônio, encontra-se a gordura retroperitoneal e o ligamento redondo do fígado; Celiotomia Mediana Abertura pela linha alba Celiotomia Mediana - Pode haver variação do local de incisão em relação à espécie; ➢Ex: Na OVH em cadelas e gatas, a incisão é retroumbilical; ➢Na cadela: imediatamente abaixo da cicatriz umbilical; ➢Na gata: Ovários e corpo uterino são mais caudais (incisão ± 1 cm abaixo da cicatriz umbilical – terço médio do abdômen caudal); Incisão retroumbilical cadela Incisão retroumbilical gata Celiotomia Mediana Desvio lateral pênis • Cães machos: Celiotomia pelo flanco (laparotomia) Celiotomia pelo flanco (laparotomia) • Mais utilizada em pequenos e grandes ruminantes; - Laparotomia flanco esquerdo: acesso ao rúmen, baço, retículo- pericardite traumática e cesarianas (rúmen funciona como anteparo, contendo todas as vísceras); - Laparotomia flanco direito: laparotomias exploratórias, intervenções no intestino, ovário e abomaso; Celiotomia pelo flanco (laparotomia) - Realizada em equino em ovariectomias, cesarianas com fetos pequenos e aspiração folicular; - Pequenos animais: abordagem cirúrgica dos rins, glândulas adrenais, OVH (menor risco de eventrações); Anatomia cirúrgica da parede abdominal • Região do flanco: • Pele; • Subcutâneo; • Músculos oblíquo externo, interno e transverso do abdômen, fáscia transversa e peritônio; Anatomia cirúrgica da parede abdominal - Vasos importantes no flanco: ➢Artéria e veia ilíaca circunflexa profunda (ramos dentro as fibras do oblíquo interno e por cima do transverso abdominal); ➢Artérias abdominais cranial e caudal, e ventrais se distribuem pela musculatura da região; Celiotomia Paramediana Celiotomia Paramediana • Realizada ao lado da linha média, no mesmo sentido; - Incisão não é através da linha alba e sim, através da fáscia externa do músculo reto abdominal; - Desvantagem: ➢ Por incisar o músculo, há maior sangramento; ➢ Maior risco de infecções e deiscência (ferida cirúrgica fica em contado com o solo quando se deita); ➢ DESUSO; Celiotomia paracostal • Não é muito utilizada; • Incisão realizada acompanhando a costela; • Reparo do diafragma, abordagem aos rins e lobos dorsais do fígado; Celiotomia Oblíqua • Incisão feita acima da veia mamária (ruminantes do sentido cranioventral para caudodorsal); • Utilização para cesarianas; • Facilidade na retirada do feto; • Risco de contaminação; Celiotomia combinada • Mediana + paracostal; • Não é comum; • Utilizado em pequenos animais se for necessária maior exposição da cavidade abdominal; Celiotomia combinada Celiotomia combinada Celiotomia combinada Pré-operatório • Avaliação clínica; - Corrigir/ estabilizar possíveis alterações; • Realização de exames complementares; - Risco cirúrgico; - Exames de imagem; laboratoriais; eletrocardiograma,... • Preparo do animal; • Restrições dietéticas; Jejum ➢Evitar regurgitação e risco de aspiração (pneumonia aspirativa); ➢ Respirar melhor (expansão pulmonar adequada); - Cães e gatos adultos: 8 – 12 horas de alimento e 2 horas de água (filhotes: 4 – 8 horas – risco de hipoglicemia); - Equídeos: 24 horas de jejum; - Ruminantes: 48 horas de jejum; ➢Indicado caminhar com o animal antes da cirurgia para estimular a micção e defecção (evitar contaminação); Técnica cirúrgica celiotomia mediana Técnica cirúrgica celiotomia mediana - Posicionamento do animal em decúbito dorsal; - Preparo da área cirúrgica: ➢Tricotomia ampla; ➢Antissepsia; ➢Colocação dos panos de campo; Técnica cirúrgica celiotomia mediana • Incisão de pele com bisturi; - Incisão mediana em machos não é possível, pois o pênis está na linha média (deve-se realizar o desvio do pênis durante a incisão cutânea – incisão cutânea paramediana); - Fêmeas caninas não existe este problema; ➢ Felinos (macho e fêmea) e equinos (escroto e pênis estão bem mais caudais); ➢Equídeos pode-se colocar pênis para trás; Técnica cirúrgica celiotomia mediana - Divulsão do subcutâneo: ➢Mínima divulsão possível; ➢Em machos: Exposição das artérias e veias prepuciais; ➢Também dos ramos dos vasos epigástricos superficiais caudais (vêm da artéria e veia pudenda externa); - Vasos prepuciais passam lateralmente ao prepúcio e podem ser seccionados e ligados sem prejuízo; Técnica cirúrgica celiotomia mediana • Incisão linha alba: - Suspende-se o músculo reto abdominal com 2 pinças Allis, paralelos à linha alba (“manobra de tenda”); - Incisão mínima com o bisturi invertido; - Amplia a incisão com tesoura (utilizar cânula ou guiar com os dedos para evitar acidentes); - Se houver algum sangramento: pinçamento e ligadura; Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana Celiotomia mediana • Celiorrafia: • Linha alba: - Uso de fio monofilamentar absorvível (Ex. Caprofyl); - Passar a agulha na bainha dos músculos retos abdominais (sem necessidade de englobar o peritônio); - Pode-se utilizar suturas interrompidas (Ex. sultan) ou contínuas (Ex. reverdin) – suturas que apresentam maior resistência; Técnica cirúrgica celiotomia mediana Celiorrafia Celiorrafia • Subcutâneo: - Fio absorvível, em padrão simples contínuo ou ziguezague; - Eliminação do espaço morto (Espaço morto gera acúmulo de secreção ou sangue e predispõe a infecção); • Pele: - Sutura padrão isolados simples, wolf (Dependendo da tensão); - Pequenos animais pode-se utilizar suturas contínuas intradérmicas; - Fio inabsorvível monofilamentar (Nylon); Técnica cirúrgica celiotomia mediana Celiorrafia Celiorrafia Celiorrafia Observações - Após a abertura do peritônio, encontra-se um tecido serogorduroso, com vasos e gordura – epíplon ou omento maior; ➢ Presenteem todas as espécies; ➢ Desloque-o para frente para expor o abdômen; Omento maior Observações - Hidratação dos tecidos; - Ao abrir útero, estômago, intestino e bexiga, risco de contaminação da cavidade abdominal; ➢ Eventualmente podem vir rompidos; ➢Necessário lavagem da cavidade; ➢Sempre usar soro fisiológico ou ringer lactato AQUECIDO (soro frio – hipotermia); ➢Lavar até que o soro saia tão limpo como entrou; ➢Remover o soro antes da síntese; Observações - Mesmo em cirurgias contaminadas, utilizar material estéril; ➢Se houve contaminação do material, após a lavagem da cavidade troca-se todo o material contaminado e as luvas; - ADERÊNCIA: ➢Manipulação excessiva das vísceras, o sangramento, fibrina, infecção, inflamação, pinçamento, fios de sutura, restos de gaze ou compressa, talco de luvas, instrumental aquecido, coágulos e o ressecamento; Omentopexia - Fixação do omento em um órgão. ➢Utilizada quando não quer que ocorra aderências indesejáveis; ➢Coloca-se o omento maior sobre a incisão do órgão oco e realiza-se pontos de fixação (a aderência ocorre no omento); ➢Este procedimento também estimula a cicatrização; Técnica cirúrgica Laparotomia Técnica cirúrgica Laparotomia - OBS: Incisar os músculos, maior sangramento; Se as fibras musculares forem afastadas, será menos cruento; - Incisão de pele e divulsão do subcutâneo; - Afastar as fibras dos músculo oblíquo externo, interno e transverso do abdômen, fáscia transversa e peritônio; Laparotomia Laparotomia Laparotomia Laparotomia Laparotomia Laparotomia Laparotomia • Celiorrafia pelo flanco é suturada em 3 camadas: - Peritônio e músculo abdominal transverso com sutura contínua simples; - Músculo abdominal interno e externo e a fáscia subcutânea com uma segunda camada contínua (ancora-se no mus. abd. transverso para reduzir o espaço morto); - Síntese de pele com fio inabsorvível monofilamentar padrão simples interrompido ou contínuo reverdin (grandes animais); Técnica cirúrgica Laparotomia Laparorrafia Laparorrafia Laparorrafia Abordagem cirúrgica dos órgãos abdominais • Conhecimento anatômico é fundamental; • Cada espécie e órgão, deve ser feito o direcionamento cirúrgico conforme a localização anatômica; • Exemplo: Em bovinos: - Acesso ao abomaso - flanco direito; - Ao rúmen - flanco esquerdo; Abordagem cirúrgica dos órgãos abdominais • Laparotomia exploratória: - Pequenos e grandes ruminantes, flanco direito (no lado oposto visualização fica comprometida pelo rúmen); - Equídeos a abordagem é mediana pré-umbilical; ➢ Se optar pelo flanco, a laparotomia deve ser feita pelo flanco esquerdo (no lado direito tem o ceco que atrapalha a visualização dos órgãos); - Já em pequenos animais: celiotomia mediana pré-retroumbilical (cartilagem xifoide ao púbis); Cuidados pós operatórios • Proteção da ferida: - Após a dermorrafia ainda existe o risco de bactérias penetraram a ferida operatória; - Deve-se realizar curativo sobre a ferida: ➢ Realizar a limpeza; ➢ Colocar gaze estéril e esparadrapo micropore (em alguns casos, atadura); ➢ Roupa cirúrgica ou colar elizabetano em pequenos animais (cuidado com o tamanho do colar); ➢ Colar de madeira para equídeos; Cuidados pós operatórios Cuidados pós operatórios • Manejo da dor: - Dor depende do procedimento, do manuseio, da causa e órgão envolvido; - Cirurgia abdominal: dor moderada a severa; Cuidados pós operatórios • Dor deve ser controlada!!! - Favorece a infecção; - Retarda a cicatrização (aumento do cortisol); - Provoca mudanças orgânicas indesejadas (taquicardia, hipertensão, hiperglicemia, taquipneia, insônia, retardo no funcionamento gastrointestinal, ansiedade, angústia, poliúria, anorexia,...); Laparoscopia • Exame endoscópico da cavidade abdominal e de seu conteúdo, realizado sob anestesia geral e após insuflação do abdome com um gás inerte; • Já é uma realidade diagnóstica e terapêutica; • Realização de orifícios pequenos para entrada de portais, ao qual, é introduzido os instrumentos (Cirurgia minimamente invasiva); • Praticamente todas as cirurgias abdominais podem ser feitas por este método; Laparoscopia Dúvidas???
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