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APS do Direito penal 2- Semestre

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Atividade prática supervisionada (APS)
Uma frase que tem o poder de desmoralizar qualquer ser humano, “condenado à morte! ” 
O único momento que tinha a liberdade, era em seus pensamentos, por um breve momento pensamentos fluíam como uma leve brisa de verão, dando-lhe alguns segundos a sensação de liberdade, mas tudo voltava a temerosa e violenta tempestade, ao escutar aquele grito em sua cabeça, “condenado à morte”.
Três dias em que seu processo estava sendo discutido, pessoas de todas as idades sentavam-se nos bancos da sala de audiência, esperando o show começar. Juízes, testemunhas, advogados e procuradores do rei, ficavam ali discutido sobre o processo, para o condenado era simplesmente aterrorizante. Aqueles olhares que os juízes tinham de satisfação e de alegria era como se uma grande batalha vinha ao fim, os jurados por sua vez pareciam fantasmas de tão pálidos e abatidos. Ao escutar risadas do lado de fora da sala de audiência o advogado do condenado apareceu, e com um sorriso falou para o condenado que havia esperanças, e com um olhar e o sorriso de felicidade o condenado nem se quer acreditou,e de repente o presidente que só esperava o advogado, mandou o condenado a se levantar, e um suor frio passou pelo seu corpo e o desespero lhe tomou a sua alma, o defensor levantou-se e pediu para substituir a pena, mas o procurador geral combateu o defensor, em seguida os juízes e o presidente leram a sentença, “ condenado à morte” disse a multidão e tudo voltou a ser cinza sentiu-se se separado do mundo e de todos, seu chão havia caído e começou a flutuar-se em um espaço frio e aterrorizante. O levaram para a carruagem,mulheres e crianças gritavam “ um condenado à morte”, umas das donzelas que o seguia falou que sua seria em seis semanas a sua morte.
Condenado à morte!
Mas, não somos todos condenados a morte?
Sempre se distraia com algo que surgia ao seu redor, mas lembrou-se de um trecho de um livro que a havia lido e na qual se identificou, “ os homens são todos condenados a morte por prazo indeterminado”. Então o condenado não estava tão diferente das outras pessoas.
 Ao chegar em sua horrorosa Bicêtre, sua cabeça queria ficar livre, sem saber qual dia seria o seu último a ansiedade tomou conta, depois das missas de domingo, as amizades foi logo começando, até uma nova língua veio a aprender, mas como sempre aquela maldita frase vinha átona em sua cabeça, “ condenado à morte”, mais uma vezuma nuvem cinza voltava como o início de uma tempestade. 
Três dias depois da sentença pronunciada na apelação, oito dias de esquecimento na secretaria do tribunal, depois que as peças são enviadas ao ministro, quinze dias de demora no ministro, depois de exame, para o tribunal de relação, quinze dias de espera. Finalmente o tribunal se reúne, indefere vinte recursos em massa e remete tudo de novo para ministro, que o remete ao procurador geral, que o remete para o carrasco. Três dias! Pobre condenado. O Substituto do procurador geral diz que queria logo acabar com tudo isso, em seis semanas será a sua morte, e menina que o seguia na carruagem, estava certa. 
 Ao terminar o seu testamento, ficou a pensar, mas pela balança da justiça, qual seria o melhor meio de punir um indivíduo violador da lei, mas sem que prejudique inocentes, pensava em sua família a todos os instantes, mãe, esposa e a filha de três anos, tão linda a menina tão delica e com lindos olhos grande e cabelos longos e castanhos, três mulheres que seriam condenados a viuvez, pensava o que seria a verdadeira justiça, e qual seria a melhor forma de justiça sem que também punisse aqueles que estão ao redor do condenado. 
Sua cela não era muito confortável, mas dava para comportar um condenado, não havia nem uma janela, fora da cela havia um corredor muito comprido, iluminado e arejado, a noite a havia uma sentinelaa porta de sua prisão, o vigiando o tempo todo. Em sua cela havia diversos nomes escritos em sua parede e algumas declarações, tinha também nomes de condenados famosos, como o Dautun um homem que tinha esquartejado o irmão e pelas noites de Paris havia espalhado o corpo; Poulain assassinou a sua mulher; João Martin deu um tiro de pistola em seu pai no momento em que o velho abria sua janela; Castaing era um médico que havia envenenado seu amigo ao invés de cura-lo; e um dos mais terríveis, Papavoine, louco que matava as crianças com as facadas na cabeça. Horrorizado ao lembrar de todas essas tragédias o condenado teve um pesado que tinha lhe tirado o folego.
Na manhã seguinte foi acordado com festas, perguntou ao carcereiro se havia algum espetáculo, o mesmo disse que hoje iam-se por ferros aos forçados, que iam partir no dia seguinte, o carcereiro perguntou ao condenado se queria ver o espetáculohediondo, e o mesmo sem nada para fazer aceitou. Um show de horrores foi que o condenado presenciou, todos aqueles homens envergonhados e humilhados e todos os outros gritando, um horror, ver eles molhados se despindo na chuva e cobertos de lamas, uma lastima. E para terminar todos que assistiam aquilo olhou para o condenado e começaram a gritar, “o condenado! O condenado! ”, pobre condenado ficou estagnado, ao ver todos olhando para si e gritando sem parar. O condenado espantado começou a gritar e a se jogar para porta, com gritos de raiva e desespero veio a desmaiar. 
Quando acordou era a noite, estava deitado sobre um catre; uma lanterna de luz vacilante, tinha visto outros na mesmo situação, então compreendeu que estava na enfermaria, voltou a dormir, e um grande barulho o acordou depois, ao ver o que era no pátio da grande Bicêtre, caminhões lotados de homens e muitos soldados. 
Por não estar doente no dia seguinte saio da enfermaria, e em sua cabeça por alguns instantes pensou em fugir, com ajuda de algum medico ou as irmãs de caridade, pois pareciam que tinham pena dele, poderiam deixar a porta aberta, que mal lhes causaria?Mas o condenado deixou de pensar em sua fuga.
Queria deixar seus demônios de lado, e do lado de fora escutou uma música, que não veio a cantar por um pássaro, mas sim por uma menina pura de quinze anos, desapontado com o amargo da músicacontinuou a escutar, não ouviu e nem mais poderia ouvir, uma canção horrível, essa letra tão amarga, e com uma história tão aterrorizante, mas aquela voz tão doce o deixou perplexo. 
Ao terminar de escrever, o carcereiro apareceu e lhe perguntou o que queria comer, espantado estremeceu e disse “ será hoje! A minha morte”. E sim seu fim estava a chegar, o próprio diretor veio o visitar, perguntando o que queria para o fazer para agradar seus poucos minutos. 
Pouco tempo depois apareceu o padre, o perguntado se estava preparado para o fim, o condenado lhe respondeu dizendo que não estava preparado, mas pronto. Aquela visita o deixou perturbado. Mas o que deixou mais perplexo ainda, foi a vista de um homem vestido de preto que estava sendo acompanhado pelo diretor da prisão, aquele homem o cumprimentando profundamente, e com o rosto de tristeza, onde trazia um rolo de papel.
O homem de preto era o meirinho do real tribunal, que trazia consigo uma mensagem para o condenado. A mensagem era longa e no final dizia que a sentença seria hoje na praça da Gréve, e diz que iam partir em sete horas e meia para a Conciergerie, e falou que em meia hora iria buscar o condenado.
O condenado suplicou a sós, “um meio para fugir meu Deus! Um meio seja qual for! É preciso que eu fuja! É preciso! E já! ”
Então depois de meia hora vieram buscar, uma carruagem a cavalo, a viagem não tão agradável, em conversas diziam que tinham algo diferente em Paris, até foi lhe oferecido tabaco, conversas não tão útil, mas agradável naquele instante. Ao entrar em uma rua viu uma inscrição na porta principal da Bicêtre: “Hospício da velhice”, muito bem! Pensou o condenado, parecia que havia gente velha naquele lugar. 
Por fim aquela viagem na carruagem chegou ao fim, ao chegar no destino, o condenado andou pelas geleiras públicas do palácio da justiça, por alguns instantes sentiu-se livre e toda a sua satisfação chegouao fim, quando ficou de frente com as portas baixas, escadas secretas, pátios interiores, longos corredores abafados, e silenciosos, por onde só entra os condenados e os que condenam.
O conduziram até o gabinete do diretor, a quem o meirinho o entregou, era penas uma troca. O padre havia feito uma promessa de voltar para o condenado. Ao esperar escutou uma violenta gargalhada na qual o tirou de sua meditação.
Curioso o condenado perguntou quem era, a resposta não muito útil foi revelada, “ bonita pergunta” respondeu o homem. Aquele homem com uma aparência nada agradável veio contar a sua história, conversaram e nessas trocas de diálogos, e risadas escandalosas o homem tinha. 
Tiram-lhe o casaco e o deixaram apenas com um farrapo, estava cheio de maus sentimentos, queria estrangular aquele homem que havia tirado o seu casaco.
O levaram para uma nova cela, nada confortável, o condenado por sua vez pediu para que trouxesse uma mesa para escrever, e lhe deram tudo o que pediu. Com isso armaram sua cama de lona num canto da prisão.
“O minha queria filha! ”Pensou o condenado, em seis horas estará morto... pobre condenado. A todo instante pensava em sua filha, quem iria cuidar dela, que irai ama-la, quem iria pentear teus cabelos, quem iria faze-la feliz, quem dará presentes e dar longos beijos. Pobre condenado não tirava sua pequena e doce filha de sua cabeça, todas aquelas crianças com pais, menos ela, não teria mais o seu pai em seis horas. 
Ficava pensando, “ miserável! Que crime cometi eu e que crime faço eu cometer à sociedade”. Todos aqueles pensamentos vinham átona em sua cabeça. Sim era verdade que ia morrer até o final do dia. Aquelas pessoas gritando esperando o condenado chegar, mas porque toda felicidade em ver um homem morrer? Onde está a felicidade em tirar do colo de uma crença o pai, não há felicidade em ver toda a agonia deu um pobre condenado à morte.
“O meu perdão! O meu perdão! Talvez me perdoem! ” Exclamou o condenado com a esperança no seu coração.
O padre voltou finalmente, “Crê em Deus? Crê na santa igreja católica, apostólica e romana? Disse o padre ao condenado, o condenado respondeu que sim. No começo tudo o que o padre veio a falar ele escutou com avidez e depois com muita atenção e por fim com muita devoção, não lhe resta mais nada além daquelas palavras do padre. Ao final o padre perguntou quando devia voltar novamente, o condenado disse que ia chama-lo logo depois. 
Não muito tempo depois, entrou um sujeito estranho na qual no olhou se quer nos olhos do condenado, curioso como sem, perguntou para o carcereiro quem era, mas o mesmo não sabia também. 
Homem de frente o com o condenado, falou que em seis semanas aquela prisão estará melhor e que era uma pena o condenado não conseguir aproveitar aquela prisão, com um ar de zombaria terminou de falar com o condenado.
Tentou esquecer tudo o que havia acontecido, e passou alembrar de seu passado com aquele suave gosto de saudade. Lembrou de quando era criança e brincava com sua Pepa, a pequena espanhola que lhe fazia companhia, brincavam o tempo todo juntos, discutiam quem pegava a melhor maça do pomar, tempos passou que aquela pura menina virou uma donzela, ao lerem uns livros juntos, aos olhos se encontrar um beijo aconteceu. Bela lembrança surgia em sua memória, saudades era o que ele sentia naquele momento. 
Não sabia qual era o momento de sua morte, se lamentava a todo o instante. Lembrou até de quando era criança e foi ver o sino de Nossa Senhora. 
Tenha coragem da morte condenado! Pois essa é a sua única certeza de que lhe vai acontecer. Pediu ao carcereiro para que deixasse dormir e deitou-se sobre a cama. Teve até um sonho, um sonha nada agradável com sua família. Perguntou ao carcereiro se havia dormido por muito tempo, o mesmo disse que não foi apenas uma hora e que também havia chegado sua filha para a despedida. “ A minha filha! Tragam-me minha filha! ” Gritou ansiosamente o condenado para ver sua filha.
Como era fresca, rosada e muito bela e com grandes olhos! Tão perfeitinha era aquela doce menina, perguntou por sua mãe, a menina disse que não viria pois estava doente. “ Maria! Minha querida maria! ” Disse o condenado com uma imensa saudade, a apertou violentamente e com um beijo, a menina por sua vez deu um grito, “ oh! Senhor está-me a fazer mal! ”. Pobre condenado sua filha não se lembrava mais dele, triste o condenado perguntou sobre o pai da menina, a mesma disse que havia morrido e que orava por ele todas as noites. Triste o condenado pensou que sim, sua morte havia a chegar, mas tanto tempo longe de sua filha, a mesma nem se quer o reconheceu por conta da sua grande barba. Triste o condenado repetiu a menina se realmente não se lembrava dela, e infelizmente a resposta foi não, a pura e doce menina realmente não se lembrava do pai.
E de volta entregou sua doce filha ao carcereiro antes de deixar a menina ir embora eternamente em seus braços deu um beijo e disse que ama, e a menina foi embora. 
Tornou-se a deitar na cama, solitário, sombrio e desesperado, era assim que se encontrava aquele condenado. O padre era um bom homem e o gendarme também, ao ver aquela cena creio que ficaram triste por ver o condenado naquela situação.
Os seus cabelos foram cortados, seus últimos minutos estavam ao fim, lá fora a multidão uivava mais alto, felicidades eles tinham ao ver aquela desgraça do condenado, gritavam os rapazes que estavam nas grades, “ bravo, terça-feira” e as mulheres “ vai bem”.
 O fim estava bem próximo para o condenado, subiu com os passos firmes, o padre logo atrás dele, com as costas voltada para o cavalo. “ Fora os chapéus! Fora os chapéus! ” À multidão gritava sem parar, pobre o condenado.
Seu fim chegou, beijou o crucifixo e exclamou, “ tende piedade de mim, oh meu deus! ”. O padre trocou poucos diálogos com o condenado. E não parava de gritar aquela multidão tão vasta e feliz. “Coragem” murmurou.
Um juiz, um comissário, um magistrado, chegaram para ver o condenado, perguntaram se queria falar algo, “ o meu perdão! O meu perdão” falou o condenado. “Por piedade! Um minuto para esperar o meu perdão! ” O exclamou mais uma vez o condenado. O juiz e o carrasco saíram o deixando só, só com os dois gendarmes. E a multidão como é horrível a multidão com seus gritos de hiena. 
“ Ah! Os miseráveis! Parece-me que sobem a escada...”
E foi assim suas últimas palavras de o último dia de um condenado.

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