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FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Anti-inflamatórios CASO CLÍNICO DOR AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DOR H – história clínica A – avaliação funcional M – mecanismo da dor S – social e psicológico T - tratamento E - educação R – reavaliação AINES Os salicilatos e outros agentes semelhantes usados no tratamento da doença reumática compartilham a capacidade de suprimir os sinais e os sintomas da inflamação, incluindo dor. Esses fármacos também exercem efeitos antipiréticos. Como o ácido acetilsalicílico, que é o AINE original, apresenta diversos efeitos adversos, foram desenvolvidos muitos outros AINEs na tentativa de aumentar sua eficácia e diminuir sua toxicidade. QUIMICA E FARMACOCINÉTICA Embora existam muitas diferenças na cinética dos AINEs, esses fármacos possuem algumas propriedades gerais em comum. Todos os AINEs, com exceção de um, são ácidos orgânicos fracos; a exceção é a nabumetona, um profármaco de cetona que é metabolizado ao fármaco ativo ácido. A maior parte desses fármacos é bem absorvida, e sua biodisponibilidade não é consideravelmente modificada pela presença de alimento. Os AINEs são, em sua maioria, altamente metabolizados, alguns pelos mecanismos de fase I, seguida de fase II, e outros por glicuronidação direta (fase II) apenas. O metabolismo dos AINEs ocorre, em grande parte, pelas famílias CYP3A ou CYP2C das enzimas P450 do fígado. Embora a excreção renal seja a via mais importante de eliminação final, quase todos os AINEs sofrem FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO graus variáveis de excreção biliar e reabsorção (circulação êntero-hepática). Com efeito, o grau de irritação do trato gastrintestinal (GI) inferior correlaciona-se com a extensão da circulação êntero-hepática. A maioria dos AINEs liga-se altamente às proteínas (cerca de 98%), em geral à albumina. Em sua maior parte, os AINEs (p. ex., ibuprofeno, cetoprofeno) consistem em misturas racêmicas, ao passo que um deles, o naproxeno, é apresentado como enantiômero individual, e alguns não possuem centro quiral (p. ex., diclofenaco). Todos os AINEs podem ser encontrados no líquido sinovial após administração repetida. Os fármacos com meias-vidas curtas permanecem nas articulações por mais tempo do que o previsto por suas meias vidas, já os fármacos com meias-vidas mais longas desaparecem do líquido sinovial em uma taxa proporcional às suas meias-vidas. FARMACODINÂMICA A atividade anti-inflamatória dos AINEs é mediada principalmente pela inibição da biossíntese de prostaglandinas. Vários AINEs apresentam possíveis mecanismos adicionais de ação, incluindo a inibição da quimiotaxia, a infrarregulação da produção de interleucina-1 (IL-1), a produção diminuída de radicais livres e superóxido e a interferência nos eventos intracelulares mediados pelo cálcio. O ácido acetilsalicílico acetila e bloqueia irreversivelmente a COX das plaquetas, ao passo que os AINEs não seletivos da COX são inibidores reversíveis. A seletividade para COX-1 versus COX-2 mostra-se variável e incompleta no caso dos AINEs mais antigos; todavia, foram sintetizados inibidores seletivos da COX-2. Esses inibidores não afetam a função plaquetária quando administrados em doses habituais. INIBIDORES SELETIVOS DE COX2 NÃO AFETAM A FUNÇÃO PLAQUETÁRIA! A eficácia dos fármacos seletivos para a COX-2 é igual à dos AINEs mais antigos, embora a segurança GI possa estar melhorada. Por outro lado, os inibidores seletivos da COX-2 aumentam a incidência de edema, hipertensão e, possivelmente, infarto do miocárdio. Desde agosto de 2011, o celecoxibe e o meloxicam menos seletivos são os únicos inibidores da COX-2 comercializados nos Estados Unidos. O celecoxibe possui uma “tarja preta” determinada pela FDA, advertindo sobre os riscos cardiovasculares. Foi recomendada a revisão dos rótulos de todos os produtos de AINEs para incluir os riscos cardiovasculares. Os AINEs diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos à bradicinina e à histamina, afetam a produção de linfocinas pelos linfócitos T e revertem a vasodilatação da inflamação. Todos os AINEs mais recentes são, em graus variáveis, analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos, e todos (à exceção dos agentes seletivos da COX-2 e dos salicilatos não acetilados) inibem a agregação plaquetária. Todos os AINEs são irritantes gástricos e também podem estar associados a úlceras e sangramento GI, embora, como grupo, os fármacos mais recentes tenham tendência a causar menos irritação GI do que o ácido acetilsalicílico. A nefrotoxicidade, que é relatada com todos os AINEs, deve-se, em parte, à interferência na autorregulação do fluxo sanguíneo renal, que é modulada pelas prostaglandinas. AINE interfere na síntese de prostaglandina que está relacionada a autorregulação do fluxo sanguíneo renal, se você compromete esse fluxo sanguíneo, você pode causar uma injuria renal por mecanismo de vasoconstricção. Além disso, pode ocorrer hepatotoxicidade com qualquer AINE. Embora esses fármacos inibam efetivamente a inflamação, não há evidências de que – em contrapartida com certos fármacos, como o metotrexato e outros farmacos – possam alterar a evolução de qualquer distúrbio artrítico. Vários AINEs (incluindo o ácido acetilsalicílico) reduzem a incidência de câncer de cólon quando administrados cronicamente. Diversos estudos epidemiológicos de grande porte mostraram uma redução de 50% no risco relativo dessa neoplasia quando os fármacos são tomados durante cinco anos ou mais. O mecanismo desse efeito protetor ainda não foi esclarecido. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Embora nem todos os AINEs estejam aprovados pela FDA para a ampla variedade de doenças reumáticas, a maioria provavelmente é efetiva para a AR, as espondiloartropatias soronegativas (p. ex., AP e artrite associada à doença inflamatória intestinal), a OA, as síndromes musculoesqueléticas localizadas (p. ex., distensão e entorse, dor lombar) e a gota (com exceção da tolmetina, que parece ser ineficaz nessa doença. Os efeitos colaterais costumam ser bastante semelhantes para todos os AINEs: 1. No sistema nervoso central: cefaleias, zumbido, tontura e, raramente, meningite asséptica. 2. Cardiovasculares: retenção hídrica, hipertensão, edema e, raramente, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). 3. Gastrintestinais: dor abdominal, displasia, náuseas, vômitos e, raramente, úlceras ou sangramento. 4. Hematológicos: raramente, trombocitopenia, neutropenia ou até mesmo anemia aplásica. 5. Hepáticos: provas de função hepáticas anormais e, raramente, insuficiência hepática. 6. Pulmonares: asma. 7. Cutâneos: exantemas de todos os tipos, prurido. 8. Renais: insuficiência renal, falência renal, hiperpotassemia e proteinúria ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Foi o primeiro AINE Antiagregante plaquetário A longa história de uso do ácido acetilsalicílico e sua disponibilidade sem prescrição médica diminuem seu apelo em comparação com os AINEs mais recentes. Raramente é usado como anti-inflamatório e só será discutido em termos de seus efeitos antiplaquetários (i.e., em doses de 81 a 325 mg, 1 vez/dia). FARMACOCINÉTICA O ácido salicílico é um ácido orgânico simples com pKa de 3. O ácido acetilsalicílico (AAS) tem uma pKa de 3,5. O ácido acetilsalicílico é absorvido em sua forma inalterada e sofre rápida hidrólise (meia-vida sérica de 15 minutos) a ácido acético e salicilato por esterases presentes nos tecidos e no sangue. O salicilato liga-se de modo não linear à albumina. A alcalinização da urina aumenta a taxa de excreção de salicilato livre e de seus conjugados hidrossolúveis.MECANISMO DE AÇÃO O ácido acetilsalicílico inibe a COX plaquetária, de modo que o efeito antiplaquetário tem duração de 8 a 10 dias (tempo de sobrevida da plaqueta). Em outros tecidos, a síntese de nova COX substitui a enzima inativada, de modo que as doses habituais têm uma duração de ação de 6 a 12 horas. USO CLÍNICO O ácido acetilsalicílico diminui a incidência de ataques isquêmicos transitórios, angina instável, trombose da artéria coronária com infarto do miocárdio e trombose após enxerto de derivação da artéria coronária. Os estudos epidemiológicos realizados sugerem que o uso prolongado de ácido acetilsalicílico, em pequenas doses, está associado a uma menor incidência de câncer de cólon, possivelmente relacionada com seus efeitos inibidores da COX. EFEITOS COLATERAIS Além dos efeitos colaterais comuns já mencionados, os principais efeitos colaterais do ácido acetilsalicílico em doses antitrombóticas consistem em desconforto gástrico (intolerância) e úlceras gástricas e duodenais. A hepatotoxicidade, a asma, os exantemas, o sangramento GI e a toxicidade renal raramente ocorrem em doses antitrombóticas. AÇÃO ANTIPLAQUETÁRIA A ação antiplaquetária do ácido acetilsalicílico contraindica seu uso por pacientes com hemofilia. Embora não tenha sido previamente recomendado durante a gravidez, o ácido acetilsalicílico pode ser valioso no tratamento da pré-eclâmpsia-eclampsia INIBIDORES SELETIVOS DA COX 2 OU COXIBES COX = ciclo oxigenase Os inibidores seletivos da COX-2, ou coxibes, foram desenvolvidos na tentativa de inibir a síntese de prostaglandinas pela isoenzima COX-2 induzida em locais de inflamação, sem afetar a ação da isoenzima COX-2 de “manutenção” constitutivamente ativa, encontrada no trato GI, nos rins e nas plaquetas. É uma droga mais específica De forma semelhante, os inibidores da COX-2, em doses habituais, não têm impacto sobre a agregação plaquetária, que é mediada pelo tromboxano produzido pela isoenzima COX-1. Em contrapartida, eles inibem a síntese de prostaciclina mediada pela COX-2 no endotélio vascular. Em consequência, os inibidores da COX-2 não apresentam os efeitos cardioprotetores dos AINEs não seletivos tradicionais. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO As doses recomendadas de inibidores da COX-2 causam toxicidades renais semelhantes àquelas associadas a AINEs tradicionais. Os dados clínicos disponíveis sugerem uma maior incidência de eventos trombóticos cardiovasculares associados aos inibidores da COX-2, como rofecoxibe e valdecoxibe, o que levou à sua retirada do mercado CELECOXIBE É um coxibe Inibidor seletivo da COX-2 – cerca de 10 a 20 vezes mais seletivo para a COX-2 do que para a COX-1. O celecoxibe está associado a menos úlceras endoscópicas do que a maioria dos outros AINEs. Provavelmente por ser uma sulfonamida, pode causar exantemas cutâneos. O fármaco não afeta a agregação plaquetária nas doses habituais. Em certas ocasiões, interage com a varfarina – como seria esperado de um fármaco metabolizado pela enzima CYP2C9. MELOXICAM É um coxibe de boa absorção, consigo usar dose baixa com bom efeito analgésico Não é tão seletivo mas bem eficaz O meloxicam é uma enolcarboxamida relacionada com o piroxicam que inibe preferencialmente a COX- 2 em comparação com a COX-1, em especial quando administrado na dose terapêutica mais baixa de 7,5 mg/dia. Esse fármaco não é tão seletivo quanto o celecoxibe e pode ser considerado “preferencialmente” seletivo, mais do que “altamente” seletivo. O meloxicam está associado a menos sintomas gastrintestinais clínicos e complicações do que o piroxicam, o diclofenaco e o naproxeno. De modo semelhante, embora se saiba que o meloxicam inibe a síntese de tromboxano A2, mesmo em doses supraterapêuticas, o bloqueio do tromboxano A2 não alcança níveis que resultam em diminuição da função plaquetária in vivo. INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX 2 Diclofenaco * Diflunisal Etodolaco * Flurbiprofeno Ibuprofeno * Indometacina Cetoprofeno * Naproxeno * *principais DICLOFENACO O diclofenaco é um derivado do ácido fenilacético que é relativamente não seletivo como inibidor da COX. A ulceração GI pode ocorrer menos frequentemente do que com alguns outros AINEs. Uma preparação que associa o diclofenaco e o misoprostol diminui a ulceração GI alta, mas pode resultar em diarreia. Outra associação de diclofenaco com omeprazol também demonstrou ser efetiva na prevenção de sangramento recorrente; entretanto, os efeitos colaterais renais foram comuns em pacientes de alto risco. O diclofenaco, em uma dose de 150 mg/dia, parece comprometer o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular. A elevação dos níveis séricos das aminotransferases é mais comum com esse fármaco do que com outros AINEs, o que significa que ele é mais hepatotóxico. Recomenda-se uma preparação oftálmica a 0,1% para a prevenção da inflamação oftálmica pós- operatória; essa preparação pode ser usada após implante de lente intraocular e cirurgia para estrabismo. Um gel tópico contendo diclofenaco a 3% é efetivo para a ceratose solar. O diclofenaco na forma de supositório retal pode ser considerado para analgesia preemptiva e náuseas pós-operatórias. IBUPROFENO O ibuprofeno é um derivado simples do ácido fenilpropiônico. Em doses de cerca de 2.400 mg ao dia, equivale a 4 g de ácido acetilsalicílico em seu efeito antiinflamatório. O ibuprofeno oral é frequentemente prescrito em doses menores (< 2.400 mg/dia), com as quais apresenta eficácia analgésica, mas não antiinflamatória. Está disponível como fármaco de venda livre em baixas doses com vários nomes comerciais O ibuprofeno por via oral e IV é efetivo no fechamento do canal arterial em prematuros, com grande parte da mesma eficácia e segurança da indometacina. Uma preparação tópica em creme parece ser absorvida na fáscia e no músculo; o creme de ibuprofeno foi mais efetivo do que o creme de placebo no tratamento da OA primária do joelho. Uma preparação em gel líquido de ibuprofeno, de 400 mg, proporciona alívio imediato e tem boa eficácia global na dor dentária pós-operatória FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Em comparação com a indometacina, o ibuprofeno diminui menos o débito urinário e também provoca menos retenção hídrica = menos nefrotóxico. O fármaco está relativamente contraindicado para indivíduos com pólipos nasais, angioedema e reatividade broncospástica ao ácido acetilsalicílico. Foi relatada a ocorrência de meningite asséptica (particularmente em pacientes com LES) e retenção hídrica. A administração concomitante de ibuprofeno e ácido acetilsalicílico antagoniza a inibição plaquetária irreversível induzida pelo ácido acetilsalicílico. Por conseguinte, o tratamento com ibuprofeno em pacientes com risco cardiovascular aumentado pode limitar os efeitos cardioprotetores do ácido acetilsalicílico. Não vou receitar ibuprofeno para o paciente que necessita de AAS, interação farmacocinética. Além disso, o uso concomitante de ibuprofeno e ácido salicílico pode diminuir o efeito anti- inflamatório total. Os efeitos hematológicos raros consistem em agranulocitose e anemia aplásica. CETOPROFENO O cetoprofeno é um derivado do ácido propiônico, que inibe tanto a COX (de modo não seletivo) como a lipoxigenase. A administração concomitante de probenecida eleva os níveis de cetoprofeno e prolonga sua meia-vida plasmática. A eficiência do cetoprofeno, em doses de 100 a 300 mg/dia, equivale a de outros AINEs. Os principais efeitos colaterais desse fármaco afetam o trato GI e o sistema nervoso central (SNC). NAPROXENO O naproxeno é um derivado do ácido naftilpropiônico. Trata-se do único AINE atualmente comercializado como enantiômero isolado. A fração livre do naproxeno é significativamente maior nas mulheres do que nos homens, porém sua meia-vida é semelhante em ambos os sexos. Esse fármaco mostra-se efetivo para as indicações reumatológicas habituais e está disponível em uma formulação de liberação lenta, como suspensão oral e de venda livre. Dispõe-se também de uma preparação tópica e de uma solução oftálmica. A incidência de sangramento GI superior com preparações de venda livre é baixa, porém ainda é duas vezes maior que a do ibuprofeno de venda livre (talvez devido a um efeito da dose). Foram observados casos raros de pneumonite alérgica, vasculite leucocitoclástica e pseudoporfiria, bem como os efeitos colaterais comuns associados aos AINEs. A incidência de sangramento GI superior com preparações de venda livre é baixa, porém ainda é duas vezes maior que a do ibuprofeno de venda livre (talvez devido a um efeito da dose). Foram observados casos raros de pneumonite alérgica, vasculite leucocitoclástica e pseudoporfiria, bem como os efeitos colaterais comuns associados aos AINEs. PIROXICAM O piroxicam, um oxicam, é um inibidor não seletivo da COX que, em altas concentrações, também inibe a migração dos leucócitos polimorfonucleares, diminui a produção de radicais de oxigênio e inibe a função dos linfócitos. Sua meia-vida permite a administração de uma única dose ao dia. O piroxicam pode ser usado para as indicações reumáticas habituais. Quando administrado em doses acima de 20 mg/dia, verifica-se uma incidência aumentada de úlcera péptica e sangramento – até 9,5 vezes maior do que com outros AINEs. A ESCOLHA DO AINE Todos os AINEs, incluindo o ácido acetilsalicílico, têm eficácia aproximadamente igual! Por conseguinte, os AINEs tendem a ser diferenciados com base em sua toxicidade e custo-benefício. Por exemplo, o uso do cetorolaco é limitado por seus efeitos colaterais gastrintestinais e renais. A escolha de um AINE exige a consideração de sua eficácia, custo-benefício, segurança e de vários fatores pessoais Um paciente com risco aumentado de sangramento de tubo digestivo, não posso indicar o piroxicam pelo seu potencial de complicações gastrointestinais FARMACOS ANTIRREUMÁTICOS MODIFICADORES DE DOENÇA OU FARMDS A AR é uma doença imunológica progressiva, que provoca efeitos sistêmicos significativos, reduz o tempo de sobrevida e diminui a mobilidade e a qualidade de vida. Essas terapias incluem fármacos antirreumáticos modificadores da doença (geralmente designados por FARMDs) não biológicos e biológicos. Os agentes não biológicos incluem pequenas moléculas, como metotrexato, azatioprina, cloroquina e hidroxicloroquina, ciclofosfamida, FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO ciclosporina, leflunomida, micofenolato de mofetila e sulfassalazina. Os agentes biológicos são grandes moléculas de agentes terapêuticos, geralmente proteínas, que são produzidos, com frequência, pela tecnologia do DNA recombinante. Os FARMDs biológicos aprovados para a AR incluem: um agente biológico modulador das células T (abatacepte), um agente citotóxico das células B (rituximabe), um anticorpo antirreceptor de IL-6 (tocilizumabe), agentes inibidores da IL-1 (anacinza, rinolacepte, canacinumabe) e agentes bloqueadores do TNF-α (cinco fármacos). AZATIOPRINA MECANISMO DE AÇÃO A azatioprina é um FARMD não biológico sintético, que atua por meio de seu metabólito principal, a 6- tioguanina. A 6-tioguanina suprime a síntese de ácido inosínico, a função das células B e das células T, a produção de imunoglobulinas e a secreção de IL-2 FARMACOCINÉTICA A azatioprina pode ser administrada por via oral ou parenteral. Seu metabolismo é bimodal nos seres humanos, e os metabolizadores rápidos depuram o fármaco quatro vezes mais rapidamente do que os metabolizadores lentos. A produção de 6-tioguanina depende da tiopurina- metiltransferase (TPMT), e os pacientes com atividade baixa ou ausente da TPMT (0,3% da população) apresentam um risco particularmente alto de mielossupressão em consequência das concentrações excessivas do fármaco original, se a dose não for ajustada. INDICAÇÕES CLÍNICAS A azatioprina está aprovada para uso na Artrite Reumatóide em uma dose de 2 mg/kg/dia. É também usada na prevenção da rejeição do transplante renal em associação com outros imunossupressores. Ensaios clínicos controlados mostraram a eficácia do fármaco na AP, na artrite reativa, na polimiosite, no LES, na manutenção da remissão na vasculite e na doença de Behçet. A azatioprina também é usada na esclerodermia; todavia, em um estudo, foi constatado que ela é menos efetiva do que a ciclofosfamida no controle da progressão da doença pulmonar na esclerodermia. EFEITOS COLATERAIS A toxicidade da azatioprina inclui supressão da medula óssea, distúrbios gastrintestinais e certo aumento no risco de infecção CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA MECANISMO DE AÇÃO A cloroquina e a hidroxicloroquina são fármacos não biológicos usados principalmente no tratamento da malária e das doenças reumáticas. Foram sugeridos os seguintes mecanismos: supressão das respostas dos linfócitos T a mitógenos, inibição da quimiotaxia dos leucócitos, estabilização das enzimas lisossômicas, processamento por meio do receptor Fc, inibição da síntese de DNA e de RNA; e captação de radicais livres. FARMACOCINÉTICA Os antimaláricos sofrem rápida absorção, e 50% ligam-se às proteínas no plasma. Eles se ligam extensamente aos tecidos, sobretudo àqueles que contêm melanina, como os olhos, por isso causa retinopatia e não deve ser prescrita como profilático a COVID-19 Esses fármacos são desaminados no fígado e apresentam meias-vidas de eliminação no sangue de até 45 dias. INDICAÇÕES CLÍNICAS Os antimaláricos foram aprovados para a AR, porém não são considerados FARMDs muito efetivos. A dose de ataque pode aumentar a taxa de resposta. Não há evidências de que esses compostos alteram a lesão óssea na AR nas doses habituais (até 6,4 mg/kg/dia de hidroxicloroquina ou 200 mg/dia de cloroquina). Em geral, são necessários 3 a 6 meses para obter uma resposta. Os antimaláricos são usados com muita frequência no LES, lúpus eritematoso sistêmico, visto que eles diminuem a mortalidade e as manifestações cutâneas, a serosite e a dor articular nessa doença. São também utilizados na síndrome de Sjögren. EFEITOS COLATERAIS Embora possa ocorrer toxicidade ocular com doses de cloroquina acima de 250 mg/ dia e com doses de hidroxicloroquina superiores a 6,4 mg/kg/dia, raramente é observada com doses mais baixas. Entretanto, aconselha-se uma monitoração oftalmológica a cada 12 meses. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Posso induzir arritimia cardíaca Outros efeitos tóxicos incluem dispepsia, náuseas, vômitos, dor abdominal, exantema e pesadelos. Esses fármacos parecem ser relativamente seguros durante a gravidez. CICLOFOSFAMIDA MECANISMO DE AÇÃO A ciclofosfamida é um FARMD não biológico sintético. O principal metabólito ativo é a mostarda de fosforamida, que forma ligações cruzadas com o DNA, impedindo a replicação da célula. A ciclofosfamida suprime a função das células T e das células B em 30 a 40%; a supressão das células T correlaciona-se com a resposta clínica nas doenças reumáticas. INDICAÇÕES CLINICAS A ciclofosfamida é usada regularmente, em uma dose de 2 mg/kg/dia, no tratamento do LES, da vasculite, granulomatose de Wegener e outras doenças reumáticas graves. CICLOSPORINA MECANISMO DE AÇÃO A ciclosporina é um antibiótico peptídico, porém éconsiderada um FARMD não biológico. Por meio da regulação da transcrição gênica, a ciclosporina inibe a produção dos receptores de IL-1 e IL2 e, secundariamente, inibe a interação entre macrófagos e células T, bem como a responsividade das células T. A função das células B dependente das células T também é afetada. FARMACOCINÉTICA A absorção da ciclosporina é incompleta e um tanto errática, embora uma formulação em microemulsão melhore sua consistência, proporcionando uma biodisponibilidade de 20 a 30%. O suco de pomelo (toranja, grapefruit) aumenta a biodisponibilidade do fármaco em até 62%. A ciclosporina é metabolizada pela CYP3A e, consequentemente, está sujeita a numerosas interações medicamentosa INDICAÇÕES CLÍNICAS A ciclosporina está aprovada para uso na AR e retarda o aparecimento de novas erosões ósseas. A dose habitual é de 3 a 5 mg/kg/dia, em duas doses fracionadas. Relatos empíricos sugerem que o fármaco pode ser útil no LES, na polimiosite e dermatomiosite, na granulomatose de Wegener e na artrite crônica juvenil. A dose habitual é de 3 a 5 mg/kg/dia, em duas doses fracionadas. Relatos empíricos sugerem que a ciclosporina pode ser útil no LES, na poliomiosite e dermatomiosite, na granulomatose de Wegener e na artrite crônica juvenil. EFEITOS COLATERAIS A leucopenia, a trombocitopenia e, em menor grau, a anemia são previsíveis. A ciclosporina em altas doses pode ser cardiotóxica, podendo ocorrer esterilidade após administração crônica de doses antirreumáticas, particularmente em mulheres. O câncer de bexiga é muito raro, mas sua ocorrência precisa ser investigada, até mesmo cinco anos após a interrupção da ciclosporina. METOTREXATO um antimetabólito não biológico sintético, constitui o FARMD de primeira linha para o tratamento da AR, sendo usado em 50 a 70% dos pacientes. Mostra-se ativo nessa doença, em doses muito mais baixas do que aquelas necessárias para a quimioterapia do câncer. MECANISMO DE AÇÃO O principal mecanismo de ação do metotrexato nas pequenas doses usadas para o tratamento das doenças reumáticas provavelmente está relacionado com a inibição da aminoimidazolcarboxamida ribonucleotídeo (AICAR) transformilase e da timidilato-sintetase. O AICAR, que se acumula no interior das células, inibe competitivamente a AMP-desaminase, com consequente acúmulo de AMP. O AMP é liberado e sofre conversão extracelular em adenosina, que é um potente inibidor da inflamação. Como consequência, as funções inflamatórias de neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e linfócitos são suprimidas. O metotrexato tem efeitos secundários na quimiotaxia dos polimorfonucleares. Observa-se algum efeito na di-hidrofolato-redutase, o que afeta a função dos linfócitos e dos macrófagos, embora isso não constitua seu principal mecanismo de ação. O metotrexato exerce efeitos inibitórios diretos na proliferação e estimula a apoptose nas células imunes inflamatórias. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Além disso, inibe as citocinas próinflamatórias ligadas à sinovite reumatoide. FARMACOCINÉTICA Cerca de 70% do fármaco é absorvido após sua administração oral. O metotrexato é metabolizado a um produto hidroxilado menos ativo. Tanto o composto original como o metabólito são poliglutamatados no interior das células, onde permanecem por períodos prolongados. A meia-vida sérica do metotrexato é normalmente de apenas 6 a 9 horas. A hidroxicloroquina pode reduzir a depuração ou aumentar a reabsorção tubular do metotrexato. O metotrexato é excretado principalmente na urina, porém até 30% pode ser excretado na bile. INDICAÇÕES CLÍNICAS Embora o esquema posológico mais comum do metotrexato para o tratamento da AR seja de 15 a 25 mg por semana, observa-se um efeito aumentado com 30 a 35 mg por semana. O fármaco diminui a taxa de aparecimento de novas erosões. As evidências sustentam o seu uso na artrite crônica juvenil, e o metotrexato tem sido usado na psoríase, AP, EA, polimiosite, dermatomiosite, granulomatose de Wegener, arterite de células gigantes, LES e vasculite. EFEITOS COLATERAIS Os efeitos tóxicos mais comuns consistem em náuseas e úlceras da mucosa. Além disso, muitos outros efeitos colaterais, como leucopenia, anemia, estomatite, ulcerações gastrintestinais e alopecia, provavelmente resultem da inibição da proliferação celular. Com frequência, ocorre hepatotoxicidade relacionada com a dose progressiva, na forma de elevação das enzimas, porém a cirrose é rara (<1%). A hepatotoxicidade não está relacionada com a concentração sérica de metotrexato. Foi documentada uma rara reação pulmonar semelhante à hipersensibilidade, com dispneia aguda, bem como reações pseudolinfomatosas. A incidência de anormalidades das provas de função GI e hepática pode ser reduzida com o uso de leucovorina 24 horas após cada dose semanal ou com a administração diária de ácido fólico, embora isso possa diminuir a eficácia do metotrexato em cerca de 10%. O fármaco está contraindicado durante a gravidez. MICLOFENOLATO DE MOFETILA Imunossupressor utilizado no transplante hepático MECANISMO DE AÇÃO O micofenolato de mofetila (MMF), um FARMD semissintético, é convertido em ácido micofenólico, a forma ativa do fármaco. O produto ativo inibe a inosina monofosfato desidrogenase, levando à supressão da proliferação dos linfócitos T e B. Distalmente, o fármaco interfere na adesão dos leucócitos às células endoteliais por meio da inibição da E-selectina, P-selectina e molécula de adesão intercelular 1. INDICAÇÕES CLÍNICAS O MMF mostra-se efetivo no tratamento da doença renal causada por LES e pode ser útil na vasculite e na granulomatose de Wegener. Embora o MMF seja ocasionalmente usado em uma dose de 2 g/dia para o tratamento da AR, não existem dados bem controlados sobre a sua eficácia nessa doença. EFEITOS COLATERAIS O MMF está associado a náuseas, dispepsia e dor abdominal. À semelhança da azatioprina, o MMF pode causar hepatotoxicidade. Esse fármaco também pode provocar leucopenia, trombocitopenia e anemia. O fármaco está associado a uma incidência aumentada de infecções. Só raramente tem sido associado à neoplasia maligna. RITUXIMABE MECANISMO DE AÇÃO O rituximabe é um agente biológico, um anticorpo monoclonal quimérico, cujo alvo é o linfócito B CD20. A depleção dessas células ocorre por meio de citotoxicidade mediada por células e dependente de complemento e pela estimulação da apoptose celular. A depleção dos linfócitos B reduz a inflamação ao diminuir a apresentação de antígenos aos linfócitos T e ao inibir a secreção de citocinas pró-inflamatórias. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO O rituximabe rapidamente causa depleção das células B periféricas, embora essa depleção não esteja correlacionada com sua eficácia nem com sua toxicidade. FARMACOCINÉTICA O rituximabe é administrado em duas infusões intravenosas de 1.000 mg, com intervalo de duas semanas. A administração pode ser repetida a cada 6 a 9 meses, quando necessário. Os ciclos repetidos permanecem efetivos. O pré-tratamento com paracetamol, um anti- histamínico e glicocorticoides intravenosos (geralmente 100 mg de metilprednisolona) administrados 30 minutos antes da infusão, diminui a incidência e a gravidade das reações à infusão. INDICAÇÕES CLÍNICAS O rituximabe está indicado para o tratamento da AR moderada a gravemente ativa, em associação a metotrexato para pacientes que tiveram uma resposta inadequada a um ou mais antagonistas do TNF-α. O rituximabe em associação com glicocorticoides também está aprovado para o tratamento de pacientes adultoscom granulomatose de Wegener (também conhecida como granulomatose com poliangeíte) e poliangeíte microscópica e também é usado em outras formas de vasculite. EFEITOS COLATERAIS Cerca de 30% dos pacientes desenvolvem exantema com o primeiro tratamento de 1.000 mg; essa incidência diminui para cerca de 10% com a segunda infusão e diminui progressivamente a cada ciclo posterior de terapia. Esses exantemas em geral não exigem a interrupção da terapia, embora a ocorrência de uma reação urticariforme ou anafilactoide impeça o uso de terapia adicional. As imunoglobulinas (particularmente a IgG e a IgM) podem diminuir com ciclos repetidos de terapia, e podem ocorrer infecções, embora não pareçam estar diretamente associadas à diminuição das imunoglobulinas = imunosupressão Foram relatadas infecções bacterianas, fúngicas e virais graves e, algumas vezes, fatais por um período de até 1 ano após a última dose de rituximabe, e os pacientes com infecções graves e ativas não devem ser tratados com rituximabe. O rituximabe está associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV), o que exige monitoração antes e vários meses depois do início do tratamento. O rituximabe não foi associado à ativação da tuberculose nem à ocorrência de linfomas ou outros tumores. Foram relatadas reações mucocutâneas fatais em pacientes em uso de rituximabe. Podem ocorrer diferentes citopenias, as quais exigem monitoração com hemograma completo a cada 2 a 4 meses em pacientes com AR. Outros efeitos colaterais, como eventos cardiovasculares, são raros. SULFASSALAZINA MECANISMO DE AÇÃO A sulfassalazina, um FARMD não biológico sintético, é metabolizada a sulfapiridina e ácido 5- aminossalicílico. A sulfassalazina ou seus metabólitos in vitro inibem a liberação de citocinas inflamatórias produzidas por monócitos ou macrófagos, como, por exemplo, IL-1, -6 e -12 e TNF-α FARMACOCINÉTICA Apenas 10 a 20% da sulfassalazina administrada por via oral é absorvida, embora uma fração sofra recirculação êntero-hepática no intestino, onde o fármaco é reduzido pelas bactérias intestinais, liberando sulfapiridina e ácido 5- aminossalicílico A sulfapiridina é bem absorvida, ao passo que o ácido 5-aminossalicílico permanece não absorvido. Parte da sulfassalazina é excretada em sua forma inalterada na urina, ao passo que a sulfapiridina é excretada após acetilação e hidroxilação hepáticas. A meia-vida da sulfassalazina é de 6 a 17 horas. INDICAÇÕES CLÍNICAS A sulfassalazina é efetiva na AR e diminui a progressão radiológica da doença. O fármaco também tem sido usado na artrite crônica juvenil, AP, doença inflamatória intestinal, EA e uveíte associada à espondiloartropatia. O esquema habitual é de 2 a 3 g/dia. EFEITOS COLATERAIS Cerca de 30% dos pacientes em uso de sulfassalazina interrompem a medicação devido à ocorrência de toxicidade. Os efeitos colaterais comuns consistem em náuseas, vômitos, cefaleia e exantema. Além disso, observa-se a presença de anemia hemolítica e metemoglobinemia, embora sua ocorrência seja rara. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO Em 1 a 5% dos pacientes, ocorre neutropenia, ao passo que a trombocitopenia é muito rara. Em certas ocasiões, observa-se a ocorrência de toxicidade pulmonar e DNA de fita dupla (dsDNA, de double-stranded DNA) positivo, porém o lúpus induzido por fármaco é raro. Ocorre infertilidade reversível nos homens, mas a sulfassalazina não afeta a fertilidade das mulheres. O fármaco não parece ser teratogênico – que faz mal para o feto. FARMACOS BLOQUEADORES DO TNF-A As citocinas desempenham uma função central na resposta imune e na AR. Apesar da expressão de uma ampla variedade de citocinas nas articulações de pacientes com AR, o TNF-α parece ser particularmente importante no processo inflamatório. O TNF-α afeta a função celular pela ativação de receptores específicos de TNF ligados à membrana (TNFR1, TNFR2). Foram aprovados cinco FARMDs biológicos que interferem no TNF-α para o tratamento da AR e de outras doenças reumáticas. INFLIXIMABE O infliximabe é um anticorpo monoclonal IgG1 anti- TNF totalmente humano. Esse composto forma complexos com o TNF-α solúvel e impede sua interação com os receptores de superfície celular p55 e p75. Isso resulta em infrarregulação da função dos macrófagos e das células T. FARMACOCINÉTICA O infliximabe é administrado em forma de infusão intravenosa com “indução” nas semanas 0, 2 e 6 e manutenção a cada 8 semanas, posteriormente. A dose é de 3 a 10 mg/kg, embora a dose habitual seja de 3 a 5 mg/kg a cada 8 semanas. Existe uma relação entre a concentração sérica e o efeito, embora a depuração, em cada caso, exiba uma acentuada variação. A meia-vida terminal é de 9 a 12 dias, sem acúmulo após doses repetidas no intervalo recomendado de oito semanas. Após terapia intermitente, o infliximabe induz a produção de anticorpos antiquiméricos humanos em até 62% dos pacientes. A terapia concomitante com metotrexato diminui acentuadamente a prevalência de anticorpos antiquiméricos humanos INDICAÇÕES CLINICAS O infliximabe está aprovado para uso no tratamento da doença de Crohn, colite ulcerativa, doença inflamatória intestinal pediátrica e psoríase. O fármaco está sendo usado sem indicação na bula em outras doenças, incluindo granulomatose com poliangeíte (granulomatose de Wegener), arterite de células gigantes, doença de Behçet, uveíte e sarcoidose. Na AR, o infliximabe com metotrexato diminui a taxa de formação de novas erosões. Embora seja recomendado o uso concomitante do metotrexato com o infliximabe, vários outros FARMDs, incluindo antimaláricos, azatioprina, leflunomida e ciclosporina, podem ser utilizados como terapia de apoio para esse fármaco. O infliximabe também é usado como monoterapia CORTICÓIDES Os corticosteroides podem ser administrados para algumas manifestações extra-articulares graves da AR, como pericardite ou comprometimento ocular, ou durante períodos de exacerbação. Quando a prednisona é necessária como terapia em longo prazo, a dose não deve ultrapassar 7,5 mg ao dia, e deve-se incentivar sua redução gradual. Em geral, a terapia com corticosteroides em dias alternados não é bem-sucedida na AR. Outras doenças reumáticas para as quais os efeitos antiinflamatórios potentes desses fármacos podem ser úteis incluem vasculite, LES, granulomatose de Wegener, AP, arterite de células gigantes, sarcoidose e gota. Os corticosteroides intra-articulares costumam ser úteis para alívio dos sintomas dolorosos e, quando bem-sucedidos, são preferíveis a um aumento da dose da medicação sistêmica OUTROS ANALGÉSICOS PARACETAMOL O paracetamol é um dos fármacos mais importantes utilizados no tratamento da dor leve a moderada, quando não há necessidade de efeito anti- inflamatório FARMACOCINÉTICA O paracetamol é administrado por via oral. As concentrações sanguíneas máximas são geralmente alcançadas em 30 a 60 minutos. O paracetamol liga-se fracamente às proteínas plasmáticas e é metabolizado, em parte, por enzimas FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO microssomais hepáticas ao sulfato e glicuronídeo inativos – efeito heptatotóxico INDICAÇÕES CLINICA Apesar de ser considerado equivalente ao ácido acetilsalicílico como agente analgésico e antipirético, o paracetamol carece de propriedades antiinflamatórias. Esse fármaco não afeta os níveis de ácido úrico e carece de propriedades inibidoras das plaquetas. Mostra-se útil no alívio da dor de intensidade leve a moderada, como cefaleia, mialgia, dor pós-parto e outras circunstâncias nas quais o ácido acetilsalicílico é um analgésico efetivo. O paracetamol como única medicaçãoconstitui um tratamento inadequado para condições inflamatórias, como a AR. Para a obtenção de uma analgesia leve, o paracetamol é o fármaco preferido para pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico, ou quando os salicilatos são pouco tolerados. Ele é preferível ao ácido acetilsalicílico em pacientes com hemofilia, naqueles com história de úlcera péptica e em indivíduos nos quais o ácido acetilsalicílico desencadeia broncospasmo. Diferentemente do ácido acetilsalicílico, o paracetamol não antagoniza os efeitos dos agentes uricusúricos. EFEITOS COLATERAIS Em doses terapêuticas, pode-se observar, em certas ocasiões, uma discreta elevação reversível das enzimas hepáticas. Com o uso de doses maiores, podem ocorrer tontura, excitação e desorientação. A ingestão de 15 g de paracetamol pode ser fatal, sendo a morte causada por hepatotoxicidade grave, com necrose centrilobular, algumas vezes associada a necrose tubular renal aguda. Dados atuais indicam que o paracetamol até mesmo em uma dose de 4 g está associado a um aumento nas anormalidades das provas de função hepática. Em geral, não se recomenda o uso de doses acima de 4 g/dia, e uma história de alcoolismo contraindica até mesmo essa dose. Os sintomas iniciais de lesão hepática consistem em náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. Ocorreram casos de lesão renal sem lesão hepática, mesmo após a administração de doses habituais de paracetamol. DOSE A dor aguda e a febre podem ser tratadas efetivamente com 325 a 500 mg, quatro vezes ao dia, com doses proporcionalmente menores para crianças. Na atualidade, recomenda-se que a dose para adultos não ultrapasse 4 g/dia na maioria dos casos. TRAMADOL O tramadol é um analgésico sintético de ação central, estruturalmente relacionado com os opioides. Dor de moderada intensidade Como a naloxona, um bloqueador dos receptores de opioides, inibe apenas 30% do efeito analgésico do tramadol, o mecanismo de ação desse fármaco deve envolver receptores tanto não opioides como opioides. O tramadol não apresenta efeitos anti-inflamatórios significativos. O fármaco pode exercer parte de seu efeito analgésico por meio de aumento da liberação de 5- hidroxitriptamina (5-HT) e inibição da recaptação de norepinefrina e 5-HT. FÁRMACOS UTILIZADOS NA GOTA A gota é uma doença metabólica caracterizada por episódios recorrentes de artrite aguda, devido a depósitos de urato monossódico nas articulações e nas cartilagens. Além disso, podem ocorrer cálculos renais de ácido úrico, tofos e nefrite intersticial. Os efeitos cardiovasculares adversos também estão se tornando mais evidentes. A gota costuma estar associada a níveis séricos elevados de ácido úrico (hiperuricemia), uma substância pouco solúvel, que é o principal produto final do metabolismo das purinas. COLCHINA Embora os AINEs, os corticosteroides ou a colchicina sejam os fármacos de primeira linha para a gota aguda, a colchicina foi o principal tratamento durante muitos anos. FARMACOCINÉTICA A colchicina é absorvida rapidamente após administração oral, alcança níveis plasmáticos máximos dentro de 2 horas e é eliminada com meia- vida sérica de 9 horas. Os metabólitos são excretados no trato intestinal e na urina. FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO FARMACODINÂMICA A colchicina alivia a dor e a inflamação da artrite gotosa em 12 a 24 horas, sem alterar o metabolismo ou a excreção dos uratos e sem exercer outros efeitos analgésicos. O fármaco produz seus efeitos anti-inflamatórios por meio de sua ligação à proteína intracelular, a tubulina, impedindo, assim, a polimerização em microtúbulos e a consequente inibição da migração e fagocitose dos leucócitos. Inibe também a formação de leucotrieno B4 e de IL- 1β. Vários dos efeitos colaterais do fármaco são produzidos pela inibição da polimerização da tubulina e da mitose celular. INDICAÇÕES CLÍNICAS A colchicina está indicada para a gota e também é utilizada entre os ataques (o “período intercrítico”) para profilaxia prolongada (em doses pequenas). A colchicina atua na prevenção das crises de febre aguda do Mediterrâneo e pode exercer um leve efeito benéfico na artrite sarcoide e na cirrose hepática. EFEITOS COLATERAIS Com frequência, a colchicina provoca diarreia e, em certas ocasiões, pode causar náuseas, vômitos e dor abdominal. Foi também observada a ocorrência de necrose hepática, insuficiência renal aguda, coagulação intravascular disseminada e crises convulsivas. Em raros casos, a colchicina pode provocar queda dos cabelos e depressão da medula óssea, bem como neurite periférica, miopatia e, em algumas ocasiões, morte. DOSE Na profilaxia (uso mais comum), a dose de colchicina é de 0,6 mg, 1 a 3 vezes ao dia. Para interromper um ataque de gota, um esquema de 1,2 mg seguido de uma única dose oral de 0,6 mg foi tão efetivo quanto esquemas com doses mais altas, e os efeitos colaterais foram menores com esse esquema de dose mais baixa. RESPOSTA CASO CLÍNICO FARMACOLOGIA – AULA 3 P2 CAROL LESSA 5ºPERÍODO
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