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PARÂMETROS DE PROJETO Um dos principais aspectos do princípio de funcionamento do reator UASB é desenvolver e manter lodo de elevada atividade e de excelentes características de sedimentação. Para garantir este aspecto, devemos levar em consideração os seguintes parâmetros de projeto: Tempo de detenção hidráulica. Carga orgânica volumétrica. Velocidade ascendente do fluxo. Sistema de distribuição do afluente. Altura do reator. Ao garantirmos o dimensionamento adequado destes parâmetros, teremos uma satisfatória eficiência de remoção de DBO e de DQO, da ordem de 65% a 75%. Tempo de Detenção Hidráulica O tempo de detenção hidráulica é o inverso da carga hidráulica volumétrica, que representa o volume de esgotos aplicados ao reator por unidade de volume do mesmo. Assim, o tempo de detenção hidráulica pode ser representado por: Onde: θh é o tempo de detenção hidráulica, expresso em dias. CHV é a carga hidráulica volumétrica. V é o volume do reator, expresso em m³. Q é a vazão afluente ao reator, expressa em m³/d. Na tabela abaixo são apresentados os tempos de detenção hidráulico a serem atendidos, conforme a temperatura: Vale ressaltar que o tempo de detenção hidráulica mínimo é adotado para picos de vazão máxima, que não devem se prolongar por mais de 4 a 6 horas. Tempos de detenção hidráulica inferiores aos apresentados na tabela acima podem causar os seguintes aspectos prejudiciais ao funcionamento do reator UASB: Perda excessiva de biomassa do sistema, devido ao arraste do lodo com o efluente. Redução da idade do lodo e, consequentemente, diminuição do grau de estabilização dos sólidos. Possibilidade de falha do sistema, já que o tempo de permanência da biomassa no sistema poderá ser inferior ao seu tempo de crescimento. Carga Orgânica Volumétrica A carga orgânica volumétrica é a massa de matéria orgânica aplicada diariamente ao reator por unidade de volume do mesmo. Assim, podemos escrevê-la como: Onde: COV é a carga orgânica volumétrica, expressa em kg DBO/m³.d. Q é a vazão afluente ao reator, expressa em m³/d. S é a concentração do substrato afluente, expresso em kg DBO/m³. V é o volume do reator, expresso em m³. A partir da carga orgânica volumétrica, podemos determinar o volume do reator UASB. Tendo no caso: Geralmente, a carga orgânica volumétrica de esgotos domésticos situa-se entre 2,5 e 3,5 kg DBO/m³.d. Velocidade Ascendente do Fluxo A velocidade ascendente do fluxo pode ser expressa como a vazão afluente por unidade da seção transversal do reator. Assim, podemos escrevê-la como: Onde: v é a velocidade ascendente do fluxo, expressa em m/h. Q é a vazão afluente ao reator, expressa em m³/h. A é a área da seção transversal do reator, expressa em m². Também podemos escrevê-la como sendo a relação entre a altura do reator e o tempo de detenção hidráulica do mesmo: Onde: H é a altura do reator, em m. V é o volume do reator, em m³. θh é o tempo de detenção hidráulica, expresso em horas. As velocidades ascendentes recomendadas para reatores UASB que tratem esgotos domésticos estão expressas na tabela a seguir: O correto dimensionamento deste parâmetro acarreta em: Melhor contato entre o substrato afluente e a biomassa. Manutenção do tempo de detenção hidráulica. Redução das possibilidades de curto-circuito. Sistema de Distribuição do Afluente O substrato afluente deve ser distribuído uniformemente na parte inferior dos reatores, garantindo um melhor contato deste com a biomassa, ou seja, menor ocorrência de zonas mortas no leito de lodo, para que seja obtida uma boa eficiência. Esta distribuição equitativa é obtida através do uso de pequenos compartimentos, denominados compartimentos de distribuição, que alimentam, cada um, um tubo de distribuição, que leva o afluente até o fundo do reator. Estes tubos de distribuição devem atender os seguintes requisitos: Velocidade descendente do esgoto em cada tubo inferior a 0,2 m/s, de modo a propiciar que as bolhas de ar eventualmente arrastadas para dentro do tubo possam fazer o percurso ascensional. Este fator deve ser garantido, pois a presença de bolhas de ar no reator podem provocar aeração do lodo anaeróbio e podem gerar uma mistura potencionalmente explosiva com o biogás acumulado no separador trifásico. Diâmetro entre 75 e 100 mm, de modo a evitar que os sólidos presentes no esgoto afluente provoquem a obstrução frequente do tubo. Vale ressaltar, que é aconselhável que os tubos possuam bocais com diâmetros pequenos o suficiente para que seja favorecida uma maior velocidade de fluxo no fundo do reator, de modo a garantir uma boa mistura e um maior contato com o leito de lodo. Para esgotos domésticos, a utilização de diâmetros de 40 a 50 mm consegue garantir este quesito. O número de tubos de distribuição é determinado através da relação entre a área da seção transversal do reator e a área de influência adotada para cada distribuidor. Assim, temos que: Onde: Nd é o número de tubos de distribuição. A é a área da seção transversal do reator, expressa em m². Ad é a área de influência de cada distribuidor, expressa em m². Na tabela abaixo, são apresentadas as áreas de influência de cada distribuidor, em função do tipo de lodo e das cargas orgânicas aplicadas ao sistema. Para esgotos domésticos, usualmente desenvolve-se no reator lodo do tipo floculento, com concentração média a elevada. Em relação às cargas orgânicas, estas são em geral de 1 a 3 kg DBO/m³.d. Portanto, deve-se ter uma área de influência em cada distribuidor entre 1 a 3 m³. Altura do Reator Para reatores que tratem de esgotos domésticos é recomendada que a altura deste seja de 3 a 6 m. Na tabela abaixo, é fornecida uma relação entre o tempo de detenção hidráulica e a velocidade ascendente para as alturas do reator de 3, 4, 5 e 6 m. Vale ressaltar que deve ser garantida uma profundidade de 1,5 a 2,0 m para o compartimento de decantação, sendo esta uma diretriz básica para garantir que o lodo gerado neste compartimento, após a separação dos gases da mistura líquida, retorne ao compartimento de digestão. VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS DE PROJETO Para realizar a verificação dos parâmetros de projeto, utilizamos os seguintes dados, previamente fornecidos: Dado Valor Diâmetro Interno 2,5 m Altura 5,0 m Área Superficial 4,9 m² Volume Útil 22 m³ Número de Distribuidores 3 Vazão Afluente 1,3 L/s = 4,68 m³/h = 112,32 m³/d Vazão em cada Tubo de Distribuição 0,433 L/s = 1,56 m³/h = 37,44 m³/d Concentração de Substrato Afluente 79,5 mg/L = 0,0795 kg/m³ Através dos dados fornecidos sobre as características do reator UASB do CESA, verificamos se o mesmo atende aos parâmetros de projeto, conforme tabela construída abaixo: Parâmetro Reator UASB – CESA Padrão Tempo de detenção hidráulico 6 à 9 h (20 à 26º C) Carga Orgânica Volumétrica - Velocidade Ascendente 0,5 – 0,7 m/h Diâmetro de cada Tubo de Distribuição 60 mm 75 – 100 mm Velocidade Descendente em cada Tubo de Distribuição < 0,2 m/s Área de Influência de cada Distribuidor 1 – 3 m² Altura do Reator 5 m 3 – 6 m As variáveis utilizadas na fórmula aplicada para a determinação da velocidade descendente em cada tubo de distribuição consistem em: v é a velocidade descendente, expressa em m/s. Q é a vazão do esgoto no tubo de distribuição, expressa em m³/s. A é a área do tubo de distribuição, expressa em m². D é o diâmetro do tubo de distribuição, expresso em m. Não há um padrão restritivo de projeto para o parâmetro de Carga Orgânica Volumétrica. Entretanto, geralmente, o valor deste se situa entre 2,5 e 3,5 kg/m³.d.
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