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A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE CAPRINOS

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A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE CAPRINOS 
 
As cabras surgiram há cerca de 2,5 milhões de anos e foram os primeiros 
ruminantes a serem domesticados pelo homem. Os caprinos tem a mesma origem que os 
bovinos com tronco ancestral dos antílopes e a diferenciação aconteceu no período 
plioceno. Assim caprinos pertencem à família dos bovídeos, subfamília dos ovinos que se 
divide em dois gêneros: Capra (cabras verdadeiras) e Ovis, de acordo com a função 
dominante, podem ser divididos em: leiteiras, pêlo, carne e pele (SANTOS, 2003). 
Nos últimos anos ocorreram mudanças significativas para a consolidação da 
cadeira produtiva da caprinocultura no Brasil, a atividade despertou maior atenção de 
governantes, técnicos e produtores acarretando mudanças significativas em alguns 
segmentos dessa atividade podendo se destacar: a intensificação de pesquisas voltada 
para a produção de animais e beneficiamento de seus produtos; organização dos 
produtores e absorção de novas tecnologias para o aumento da demanda por produtos 
derivados de caprinos (CARVALHO, 2004). 
A espécie caprina esta difundida em todo o mundo, menos nas regiões polares. 
Em algumas áreas geográficas, a cabra é o animal doméstico de maior importância 
econômica, graças a sua rusticidade e a qualidade dos produtos que fornece ao homem 
para sua alimentação e vestuário (JARDIM, 1987). O autor cita que em certos casos a 
exploração caprina constitui um fator primordial para a vida da população em zonas 
castigadas por seca e desprovidas de agricultura estável. Os principais produtos da 
exploração caprina no Brasil são a pele e a carne. O leite vem em terceiro lugar e o 
pêlo ainda não apresenta importância econômica. 
O consumo de leite de cabra poderá ser grandemente aumentado desde que a 
população seja devidamente esclarecida a respeito das vantagens oferecidas pelo 
consumo do leite de cabra, principalmente, para as famílias de baixo poder aquisitivo. No 
entanto, segundo Carvalho (2004), a industrialização do leite de cabra ainda é restrita 
devido a fatores tais como: pequena produção do leite “in natura”, desconhecimento dos 
valores nutricionais deste produto, falta do habito alimentar da população, preconceito 
quanto ao produto e seus derivados e preços elevado quando comparado a de origem 
bovina. 
A produção de leite de cabra no Brasil está voltada especialmente para região 
Nordeste (CARVALHO, 2004). No Maranhão, para o incentivo ao desenvolvimento da 
caprinocultura, foi criado o Projeto Cabra Legal que, através de um termo de doação, o 
governo cede para famílias sem renda, organizadas em associações, 40 matrizes e 02 
reprodutores da raça anglo-nubiano (mais resistente, com excelente adaptação à região 
Nordeste) com prazo de dois anos e meio para devolução da mesma quantidade de animais 
para redistribuição a outras famílias. As famílias que participam dos 36 projetos já 
implantados em todo o estado receberam também do governo o material de construção do 
aprisco (elas entram apenas com a mão-de-obra de construção) e o kit sanitário (pistola 
automática, vacina, sal mineral, vermífugos, antibióticos e vitaminas). Este projeto começa 
a apresentar resultados significativos na vida de muitos agricultores, agregando renda, 
melhoria na nutrição da família e diversificando as atividades econômicas em povoados 
maranhenses (SEAGRO-MA, 2004). 
 
Qualidade nutricional do leite de cabra 
 
A composição do leite de cabra é de fundamental importância para obtenção de 
seus derivados, segundo Prata (et al.,1998), esta composição varia em função de múltiplos 
fatores, entre os quais se destacam: a raça, período de lactação, estação do ano, idade, 
quantidade de leite produzido e a fisiologia individual do animal. 
Por apresentarem distintas características, o leite de cabra é recomendado por 
médicos e nutricionistas para ser consumido por crianças alérgicas ao leite de vaca ou pela 
ausência deste, ou ainda pela falta do leite materno e também por pessoas com certos 
regimes dietéticos (FURTADO, 1981). Pois, apresenta elevado valor nutritivo devido aos 
seus principais constituintes: proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais, vitaminas e 
água (GUIMARÃES, 2006). Além do valor biológico de seus nutrientes as características 
de hipoalergenicidade vêm aumentando gradativamente o consumo de leite de cabra, 
principalmente relacionados as proteínas do leite de vaca. 
As principais proteínas do leite de cabra são formadas por de caseína, albumina 
e globulina. Quanto à fração protéica a alfa-s-1 caseína, causadora da alergia existe neste 
leite em quantidade muito pequena favorecendo a formação e coágulos finos e suaves, o 
que facilita o processo digestivo (MILAGRES et al., 1998). Além de conter lactose e 
gordura, que são indispensáveis ao organismo, o leite dispõe ainda, de certas enzimas que 
convertem carboidratos em açúcares simples e fermentos láticos, auxiliando na proteção 
do intestino pela ação patogênica de bactérias. 
De acordo com Jardim (1987), o leite de cabra é de cor branca, devido ao baixo 
teor de pigmentos carotenóides, já seu valor nutritivo resulta da riqueza de extrato seco 
enquanto a alta digestibilidade decorre do reduzido tamanho e da grande dispersão dos 
ácidos graxos. Campos (2003), afirma que o leite de cabra fornece praticamente o mesmo 
valor energético do leite de vaca e do leite humano, em torno de 750 kcl/l, a diferença está 
na contribuição energética de cada componente. Nos leite de cabras e de vacas as 
gorduras, proteínas e lactose contribuem com 50, 25 e 25 %, respectivamente, enquanto o 
leite humano fornece 55, 7 e 38 %. Entretanto, Alves (2002) cita que, além da presença de 
ácidos capróico, caprílico e cáprico, que proporcionam um perfeito aproveitamento do 
produto pelo organismo, auxiliando no controle de triglicérides na alimentação humana e 
por ser alcalino, sua semelhança ao leite humano, contribui para que o produto dificilmente 
acidifique no estômago. 
 
Qualidade microbiológica do leite de cabra 
 
O leite é um alimento básico na alimentação humana, entretanto contém 
microrganismos já a partir do momento que é ordenhado, podendo também ser 
contaminado posteriormente durante o seu manuseio e processamento (BRANDÃO, 1994). 
Portanto, o conhecimento desses fatos é de grande importância já que o conteúdo 
microbiano do leite pode ser usado para avaliar sua qualidade sanitária e suas condições 
de produção, por se tratar de um excelente substrato para o desenvolvimento de 
microrganismos (HOFFMANN et al., 1995). 
A qualidade do leite está intimamente relacionada com o grau de contaminação 
inicial, e com o binômio tempo e temperatura em que este permanece desde a ordenha até 
o processamento. Em geral, quanto maior o número de contaminantes e quanto mais alta 
for a temperatura na qual o leite permanecer (próxima de 30 ºC), menor será o seu tempo 
de conservação. Fatores como a qualidade bacteriológica das águas, qualidade do ar dos 
estábulos, sanidade dos ordenhadores e dos animais e, principalmente, utensílios não 
perfeitamente higienizados, também contribuem, de modo decisivo, para o estado 
microbiológico do leite (JARDIM, 1987). 
As contaminações do leite se originam pela precariedade das instalações e má 
conservação higiênica dos utensílios usados em serviço (EVANGELISTA, 2005). Quando 
o leite está contaminado por bactérias estas podem se multiplicar e causarem alterações 
químicas, tais como: degradação de gordura, (proteínas ou de carboidratos) que tornam o 
produto inaceitável para o consumo (HOFFAMANN et al., 1995). 
No Brasil a legislação para o leite iniciou-se pela Lei nº. 1.283, de 18 de dezembro 
de 1950 que no art. 3º faz referência à fiscalização do leite e seus derivados e no art. 534 
cita que é obrigatória análise de leite destinado ao consumo ou industrialização. Como se 
pode observar, já no ano 1950 já se conhecia as graves consequênciasda distribuição de 
produtos de origem animal sem os devidos controles de inspeção e de processamento 
mínimo. Tinham a visão acertada de que o leite é um alimento nobre se estiver livre de 
contaminações que possa causar perigo à saúde do consumidor, caso contrário ele é um 
atentado à saúde pública. (BRANDÃO, 1994). 
A qualidade insatisfatória do leite produzido no Brasil é um problema crônico, de 
difícil solução, onde fatores de ordem social, econômica, cultural e até mesmo climática 
estão envolvidos, e que não tem merecido a devida atenção no campo político, apesar do 
importante papel que este representa na alimentação a população (SILVEIRA et al., 1998). 
As mesmas propriedades que o tornam um alimento importante, favorecem o crescimento 
de microrganismos, tanto saprófitos deteriorantes como patógenos potências (ÁVILA et al., 
1996). 
Pesquisas realizadas sobre a microbiota do leite e seus derivados mostram que 
esta apresenta uma grande diversificação dependendo, sobretudo da microbiota bacteriana 
presente na matéria-prima, fato este relacionado com as condições higiênicas e sanitárias 
da ordenha, conservação do leite, tipo de processamento, tempo e temperatura do 
armazenamento, qualidade microbiológica da água dentre outros fatores (EUTHIER et al., 
1988). 
Assim sendo, torna-se importante o exame intensivo dos tipos e microrganismos 
encontrados no leite, de seu número e dos meios através dos quais eles podem ser 
avaliados e controlados. Dentre os quais se destacam: microrganismos aeróbios mesófilos, 
os psicrotróficos e os microrganismos do grupo dos coliformes totais e fecais, além de 
pesquisas de germes patogênicos (SOUZA et al., 1993). 
 
REFERENCIAS 
 
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