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SOCIEDADE REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA. – SOREC FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DE CACOAL – FACIMED CURSO DE PSICOLOGIA ARTHUR ANDRADE DE JESUS CAROLINE BERWANGER MONTEIRO GABRIEL CORRÊA DE BRITO SOBRAL MURILLO ALVES VICENTE GRUPO 2: PSICOSES E PACIENTES BORDERLINE Cacoal-RO 2020 SOCIEDADE REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA. – SOREC FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DE CACOAL – FACIMED CURSO DE PSICOLOGIA ARTHUR ANDRADE DE JESUS CAROLINE BERWANGER MONTEIRO GABRIEL CORRÊA DE BRITO SOBRAL MURILLO ALVES VICENTE GRUPO 2: PSICOSES E PACIENTES BORDERLINE Trabalho apresentado como requisito para obtenção de nota na disciplina Teorias E Técnicas Psicodinâmicas E Psicanalíticas, sob a orientação da Professora Simone Araújo Da Silva, no 6º Período do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. Cacoal-RO 2020 PSICOSES E PACIENTES BORDERLINE O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO E A PSICANÁLISE A psicanálise é, desde sua gênese, construída numa imbricação com o fazer clínico ao mesmo tempo em que se apresenta como uma metodologia de pesquisa, sempre clínica, o que orienta sua ética. Rompendo com o positivismo da época, Freud inaugura um novo “paradigma cultural” quando se dispõe a “tratar seus pacientes, não investigando seus organismos, mas convidando-os a associar livremente” (Nogueira, 2004). Por outro lado, a instância psíquica do inconsciente não pode ser estudada isoladamente, pois há sobre ela influências externas — do social, da política, da economia — que repercutem diretamente no sujeito (Elia, 2000), sendo isso ratificado a partir da escuta do que os pacientes trazem em suas falas nos diferentes moldes de atendimento, os quais adentram as instituições diversas por meio dos chamados dispositivos clínicos. A última reforma psiquiátrica brasileira “possuiu um forte apelo social” com “argumentos fundamentados em alguns aspectos de teorias sociológicas” (Couto & Alberti, 2008), mas não basta garanti-la com leis e portarias. Com efeito, a cidadania dos usuários da rede de saúde mental por muito tempo ainda se submeteu ao discurso do mestre que vigia nesse campo antes de que a dita reforma pudesse, verdadeiramente, subvertê-lo. Além do mais, teorias sociológicas aplicadas ao Estado introduziram uma articulação com o discurso universitário e, portanto, com a burocracia, a ponto de ainda hoje constituir possíveis orientações. Mas há verdadeiras mudanças que se pode observar e uma delas é encetada com a prática do Acompanhamento Terapêutico, tema que pretendemos desdobrar neste trabalho. INTRODUÇÃO O borderline, igualmente chamados de estados-limite ou fronteiriços, então dentro de um campo de averiguação científica famosa pelas dificuldades que esses pacientes mostram aos profissionais. É comum notar uma forma de atração ou de repulsa imediata a tais quadros, especialmente por aqueles profissionais que utilizam a psicanálise em sua prática clínica ou acadêmica, seja em razão das adversidades no manejo dos pacientes, seja devido à instabilidade e falta de coesão da teoria. Por essas motivos, executamos um exame da literatura psicanalítica sobre o quadro borderline (Santos, 2017), que tinha por alvo dar alguma organização à literatura por meio de uma revisão que abarcasse o início das discussões em torno de casos borderline na década de 1930 até o momento atual. ao final da década de 1930 e início da de 1940 que menções a pacientes não esquizofrênicos, porém com amplas perturbações para um tratamento psicanalítico clássico, iniciaram a surgir na literatura. Os autores Hock e Polatin, em 1949, fizeram referência a esses pacientes como esquizofrênicos psiconeuróticos e mostravam como sintomas: ansiedade difusa, neuroses polimórficas e pansexualidade. Num momento posterior outros autores da linha psicanalítica aperfeiçoaram critérios diagnósticos, recebendo destaque Otto Kernberg que propôs uma teoria que compreendia as perturbações da personalidade, abstendo-se das classificações superficiais respectivas ao comportamento9. Em concordância com Telles1 o transtorno de personalidade, em Psicanálise, ao mesmo tempo conhecido como transtorno de caráter, vem a apresentar diferenças das demais patologias em razão dos conflitos inconscientes alterarem o ego, que vem a ter propriedades específicas, causando diminuição da flexibilidade egóica, através de uma formulação reativa (oposição a um desejo recalcado, ou seja, uma reação à ele), ao contrário de ser reprimido. Ponderando que alguns padrões de comportamento do dia-a-dia são de estirpe defensiva, uma adequação aos conflitos inconscientes em uma investida de encontrar uma provável saída, pode-se compreender o próprio caráter como um transtorno. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE De acordo Hegenberg as tentativas aconteceram para definir transtornos que não se emolduravam nas neuroses e nem as psicoses: esquizotimia, esquizoidia, pré-psicose, personalidade hebefrênica, psicoses marginais, paranoia sensitiva, certas personalidades perversas, personalidade psicopática, psicopata, personalidade "como se", falso self e neurose de caráter. A expressão borderline surgiu com Sterm na década de 1940, contudo este o incluiu entre os neuróticos. Hegenberg, reassumindo o pensamento de Bergeret11, divulga que foi Eisenstein, em 1949, que incorporou as patologias supracitadas sob o vocábulo borderline. Pode observar é difícil definir o borderline, contudo, é de extrema importância considerar a singularidade do sujeito, tomando cuidado para não cometer generalizações, apesar disto acontecer quando se trata de teoria. Winnicott faz referência ao borderline algumas vezes, entretanto esteve voltado à construção do indivíduo enquanto ser humano, melhor dizendo, a constituição do self. O borderline se sente inacabado, ou seja, seu self ainda não está formado, por conseguinte surgem as vivências de vazio e falta de sentido de vida. Isso se dá pela atmosfera não suficientemente bom na infância. Desta forma, o espaço é importante, pois propicia a relação entre as pessoas. Já que justamente o que o borderline necessita, alguém que o conduza na constituição de seu self10.Conforme Hegenberg10, Freud estava entusiasmado nas neuroses, na compreensão da histeria e da castração e não investigou a fundo a questão do borderline mesmo promovendo a base para a sua compreensão futura como a citação à importância do apoio ou relação anaclítica, e do envolto familiar. Para que se possa ter a compreensão do borderline é necessário uma relação com o outro, uma relação à dois e o encontro com o analista necessita se dar enquanto pessoa e não simplesmente em uma qualidade transferencial. Consoante a Lowenkron12 desde o princípio da prática psicanalítica o assunto do diagnóstico já era refletida para se fazer o tratamento, mesmo que calhasse junto a este ao longo da análise. Da se importância a escuta do sujeito, sua subjetividade em ligação à subjetividade do analista, ou seja, em um ambiente intersubjetivo de inconsciente para inconsciente. O paciente com transtorno TPB exibe uma conexão intensa com o analista, já que este trabalha como um objeto- subjetivo para ele, ou seja, o analista está formando o paciente no mesmo momento em que sujeito; por essa causa, quando o analista se afasta o paciente se sente inexistente. Em um processo analítico com pacientes com esse transtorno é significativo que o analista esteja atento às primordialidades do paciente de adquirir atenção total e se isso não ocorrer, saber acolher e manejar a situação, pois isso pode provocar um rompimento de confiança na ligação terapêutica. O paciente com TPB tem medo de ser invadido por ideias dooutro, permitindo assim, de ser ele mesmo, isso pode acontecer na clínica, quando o borderline deixa de ouvir seu objeto anaclítico. O analista deve ficar atento a mudanças transferenciais relacionados a esses pontos, pois o paciente pode distinguir algumas observações como ataque ao seu self não formado. Por isso a análise se dá ao longo de vários anos, respeitando o tempo singular do paciente no processo dessa composição. NEUROSE, PSICOSE E FUNCIONAMENTO BORDERLINE De acordo com Freud, a semelhança entre neurose e psicose passa pela conexão com a realidade. A neurose procede de um conflito entre o Ego e o seu Id, ao mesmo tempo que a psicose seria a consequência análoga de uma perturbação equivalente nas ligações entre o Ego e o mundo externo. Bion faz referência a distinção executada por Freud entre estes dois polos como significando que, na neurose, o Ego suprime uma parte do Id, enquanto, na psicose, o Ego retira-se de uma parte da realidade. Neste contexto, a diferença entre a neurose, a psicose e as perturbações borderline faz menção para a angústia, pelo fato de que o que o paciente tem medo não é a fragmentação (angústia psicótica), uma vez que, apesar de aparecerem distorções na conexão entre si e o outro, não equivoca o mundo interior e exterior. Do mesmo modo, também não tem lugar aqui uma angústia congruente ao tremor de uma punição, a emoções de infelicidade ou culpabilidade (angústia neurótica), mas antes uma sentimento ou medo de abandono. Por conseguinte, o que diferencia as perturbações borderline da angústia psicótica e neurótica é o facto de desenvolverem uma angústia de perda de objeto. Os estados-limites se https://www.sinonimos.com.br/no-mesmo-momento-em-que/ https://www.sinonimos.com.br/no-mesmo-momento-em-que/ encontram não tanto numa fronteira, mas num local cujas fronteiras são fluidas. O psicótico age (o Ego mais próximo das pulsões) e a fantasia é a sua realidade, ao mesmo tempo que o neurótico reprime os instintos. Por seu lado, o desempenho mental borderline é arcaico, projetando os seus emoções através de identificações projetivas. A angústia de abandono, o medo do desencolhimento e a dificuldade de discriminação entre os processos primários e secundários são a síntese desta última perturbação (Barbosa, Dias, & Moya, 1999; Kernberg, 1968; Rosenfeld, 1971). Quanto à psicose, há uma expressão de rebelião por parte do Id contra o mundo externo, onde, ao mesmo tempo, não consegue adaptar as exigências impostas pela realidade. A primeira etapa da etiologia da psicose é, assim, o afastamento do Ego em relação à realidade; a segunda etapa constitui a tentativa de reparação do dano causado e, consecutivamente, a tentativa de restabelecimento da relação com a realidade. A organização do Ego na psicose é um Ego separado do objeto que resolve a situação pré-objetal. Esta ausência da organização objetal, a diversos níveis deste percurso, vai desde o narcisismo primário, até a organização anal, passando da fase oral esquizoparanóide para a depressão. Enquanto na neurose os conflitos são internos, na psicose há uma fuga da realidade. A sua principal angústia é a de fragmentação. Nesta perturbação, tem lugar uma clivagem do Ego em bons e maus objetos, o que permite rejeitar para o exterior os maus objetos e conservar apenas os bons objetos. Mas isto, evidentemente, em redução, devido ao recurso permanente da megalomania. Estando clivado este Ego, não há trocas libidinais com o objeto e a retração da libido é total (Rosenfeld, 1985).
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