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Elaine Ferreira Barbosa | Leandro Moraes Scoss Vanessa Coutinho Mourão de Souza | Breno Chaves de Assis Elias Fauna da Floresta Nacional de Carajás Serra Norte Fau n a d a Floresta N acion al d e C arajás – Serra N orte O livro Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte traz infor- mações sobre taxonomia, biologia, ecologia e distribuição geográfica de 1.478 táxons para os ecossistemas amazônicos de pequenos mamíferos não voadores, morcegos, médios e grandes mamíferos, aves, anfíbios, répteis, insetos vetores, peixes e biota aquática (comunidades hidrobiológicas). A divulgação e o compartilhamento dessas informações, aliados à pes quisa científica e ao uso sustentável dos recursos naturais, favorecem o envolvi- mento da sociedade como um todo nos esforços de conservação da biodiver- sidade do Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás. ORGANIZAÇÃO Fauna da Floresta Nacional de Carajás Serra Norte Fau na da Floresta Nacional de Carajás - Serra Norte / Organização de Elaine Ferreira Barbosa ... [et al]. – Belo Horizonte : Gaia Cultural – Cultura e Meio Ambiente, 2020. 264 p. : il. color., (fotos, mapas, tabelas) ; 20 x 29,5 cm. ISBN 978-65-991419-0-4 1. Floresta Nacional de Carajás – Fauna Silvestre - Carajás, Serra dos (PA). 2. Vertebrados. 3. Invertebrados – (Carajás, Serra dos (PA). 4. Florestas – Conservação - Norte, Serra (Carajás, Serra dos, PA). 5. Estudo e ensino. I. Barbosa, Elaine Ferreira. II. Scoss, Leandro Moraes. III. Souza, Vanessa Coutinho Mourão de. IV. Elias, Breno Chaves de Assis. CDD 591 Elaine Ferreira Barbosa Leandro Moraes Scoss Vanessa Coutinho Mourão de Souza Breno Chaves de Assis Elias ORGANIZAÇÃO Fauna da Floresta Nacional de Carajás Serra Norte GESTÃO ADMINISTRATIVA: Rodrigo Dutra Amaral Daniela F. Scherer Vanessa Coutinho Mourão de Souza Evandro Alvarenga Moreira Flávio D. Café de Castro COORDENAÇÃO: Vanessa Coutinho Mourão de Souza Elaine Ferreira Barbosa REVISÃO DE CONTEÚDO E LISTA DE ESPÉCIES: Breno Chaves de Assis Elias Leandro Moraes Scoss Leandro Maioli Tarcisio Rodrigues COLABORAÇÃO: Alexandre Castilho, Leandro Maioli, Fernando Marino Gomes dos Santos, Mariane Ribeiro, Mayla Barbirato e Vívian Lúcia C. Barros – apoio na obtenção de acervo fotográfico Pâmella Rigueira Moreno – apoio ao planejamento do Projeto André Luís Macedo Vieira – apoio na revisão de capítulo ILUSTRAÇÕES: Júlia Resende Thompson ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA: BRANDT Meio Ambiente PRODUÇÃO EXECUTIVA: Gaia Cultural – Cultura e Meio Ambiente COORDENAÇÃO EDITORIAL: Roseli Raquel de Aguiar PROJETO GRÁFICO: Fábio de Assis REVISÃO: Lílian de Oliveira APOIO: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio REALIZAÇÃO: VALE S.A. Mina de Águas Claras, Av. Dr. Marco Paulo Simon Jardim, 3580. Prédio 4, 3º andar | CEP – 34006-270 Nova Lima, MG – Brasil www.vale.com SETE Soluções e Tecnologia Ambiental Ltda. Avenida do Contorno, 6777 – 2º andar Bairro Santo Antônio CEP – 30130-151 Belo Horizonte, MG - Brasil www.sete-sta.com.br Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores4 5 S u m ár io 8 Prefácio 12 Apresentação 16 Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás Laís Ferreira Jales Leandro Moraes Scoss Vanessa Coutinho Mourão de Souza 28 Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N2 Elaine Ferreira Barbosa Leandro Moraes Scoss Dinalva Celeste Fonseca Breno Chaves de Assis Elias Vanessa Coutinho Mourão de Souza 42 Pequenos Mamíferos Não Voadores Bernardo Faria Leopoldo Eduardo Lima Sábato Natália Ardente Leandro Moraes Scoss 62 Morcegos Carla Clarissa Nobre de Oliveira 84 Mamíferos de Médio e Grande Porte Elaine Ferreira Barbosa Bernardo Faria Leopoldo Daniel Milagre Hazan Leandro Moraes Scoss 108 Aves Diego Petrocchi da Costa Ramos Marcelo Ferreira de Vasconcelos 126 Anfíbios Felipe Sá Fortes Leite Raphael Costa Leite de Lima Larissa Ferreira de Arruda 164 Répteis Jussara Santos Dayrell Larissa Ferreira de Arruda Raphael Costa Leite de Lima Felipe Sá Fortes Leite 200 Dípteros de Importância Sanitária Maria Fernanda Brito de Almeida 212 Peixes Marcelo Fulgêncio Guedes de Brito Breno Perillo Nogueira 226 Biota Aquática Sandra Francischetti Rocha Manoela Cristina Brini Morais Sofia Luiza Brito 255 Literatura Consultada 260 Glossário Fo to : J oã o M ar co s Ro sa Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores8 9 Pr ef ác io Prefácio É preciso conhecer para proteger e conservar. Foi pensando nisso que a Vale, em parceria com o ICMBio e a Sete Soluções e Tecnologia Ambien- tal, promoveu a organização do presente livro, que difunde informações técnicas de diversas espécies de animais, com base nos estudos de fauna desenvolvidos no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental – EIA do Pro- jeto N1 e N2. Esse empreendimento está localizado na porção norte da Floresta Nacional de Carajás, uma das cinco Unidades de Conservação que compõem o conjunto de áreas protegidas de Carajás. Os esforços em busca da conciliação da conservação da biodiversidade com a produção econômica na Floresta Nacional de Carajás, especifica- mente a mineração, são uma realidade há décadas. A parceria entre a Vale e o ICMBio tem mostrado nesses anos que é possível explorar economica- mente os recursos naturais da floresta ao mesmo tempo que se protege e conserva a biodiversidade em toda a sua riqueza e plenitude. Nunca foi uma tarefa fácil e os desafios estão sempre presentes. Um desses desafios diz respeito à divulgação do conhecimento científico produzido na Floresta Nacional (Flona) de Carajás por meio dos estudos am- bientais vinculados ao licenciamento ambiental de projetos da Vale. Em geral, a produção de documentos associados aos estudos ambientais é um traba- lho extremamente técnico e que exige a participação de vários profissionais, com experiências e saberes diversos, relacionados ao solo, água, clima, ve- getação, animais e pessoas. É essa convergência de saberes que possibilita tanto transmitir conhecimento a diferentes públicos quanto tornar acessíveis informações para que possam ser utilizadas da melhor maneira possível. Nesse sentido, a forma de apresentação das informações nas publicações assume papel fundamental para ampliar a participação de um número maior de pessoas nas ações de conservação de ambientes, plantas e ani- mais. Este livro apresenta em capítulos as espécies da fauna presentes nos diferentes ambientes da área de estudo local do empreendimento de mi- nério de ferro chamado Projeto N1 e N2, do Complexo Minerador Ferro Ca- rajás da Vale, da Flona de Carajás, como nas áreas de florestas, nos campos rupestres ferruginosos, nas águas, nos solos ou voando. Todos os profissionais envolvidos nesse trabalho concentraram esforços para produzir um livro ilustrado que pudesse ajudar o ICMBio na divulgação das informações sobre a fauna identificada na região da Serra Norte da Floresta Nacional de Carajás. Em cada capítulo, são apresentados de modo sintético os principais elementos de cada grupo da fauna local, assim como o guia fotográfico de um número expressivo de espécies. O livro também traz, em formato digital, uma lista completa de táxons registrados na área. Um novo desafio agora se apresenta aos leitores, mas, principalmente, aos visitantes da Floresta Nacional de Carajás: quantas espécies de animais você consegue identificar com o auxílio deste livro? Daniela Faria Scherer Gerente de Estudos Ambientais – Ferrosos Rodrigo Dutra Amaral Gerente Executivo – Licenciamento Ambiental, Estudos, Espeleologia, Saúde e Segurança e Cadeia de Valor – Ferrosos Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores10 11 Prefácio A região de Carajásapresenta grandes empreendimentos minerários situa- dos no interior de Unidades de Conservação federais, em especial a Flo- resta Nacional (Flona) de Carajás e Flona do Tapirapé Aquiri. Há, portanto, diversos desafios referentes à convivência entre mineração e conservação da biodiversidade no interior de áreas protegidas. Sem dúvida, parte das soluções de tais desafios passa pela adequada gestão do conhecimento, de modo que os diferentes atores possam contribuir para a construção dos mecanismos de governança socioambiental e de gestão. No caso de Carajás, as informações sobre biodiversidade ainda são con- centradas no âmbito dos estudos de avaliação de impactos ambientais e geralmente não são publicadas e disponibilizadas à sociedade. Essa limi- tação implica a perda de oportunidades de se aprofundar e maximizar o conhecimento adquirido. Na mesma medida, também restringe a aplicação de informações importantes para a tomada de decisão no que se refere à gestão dos recursos naturais e à participação de universidades e centros de pesquisa na multiplicação do conhecimento científico. Desde o começo da mineração na região, a demanda por estudos e a cons- trução de soluções têm se dado no âmbito do licenciamento ambiental, com tomada de decisões baseadas quase que exclusivamente nas ava- liações sobre as áreas de influência direta de cada empreendimento sob análise. O acesso aberto e contextualizado às distintas fontes de dados, in- formações e conhecimentos é de fundamental importância, uma vez que pode fomentar outros processos de gestão da biodiversidade, tais como a pesquisa científica, a educação ambiental, a gestão socioambiental, o uso público e as decisões de manejo. Pr ef ác io A criação e a consolidação de Unidades de Conservação têm sido uma es- tratégia para a proteção e conservação da biodiversidade, uma vez que es- sas áreas protegidas servem de refúgio para espécies ameaçadas e para a manutenção de processos e serviços ecológicos. No entanto, para atingir esses objetivos, as UCs precisam de uma gestão eficiente que combine de forma efetiva ações de manejo e conservação. Para isso, é fundamental a aplicação prática do conhecimento, seja ele baseado em publicações cienti- ficas, acadêmicas, técnicas ou ainda na sabedoria tradicional. Nesse sentido, este livro é uma contribuição para a socialização do conhe- cimento adquirido nos levantamentos sobre a fauna silvestre realizados na área de estudo do Projeto N1 e N2, situados no interior da Flona de Ca- rajás, inicialmente utilizados para subsidiar o licenciamento ambiental do empreendimento minerário. Com esta publicação, objetiva-se compartilhar os conhecimentos relacionados a aves, anfíbios, répteis, morcegos, peque- nos, médios e grandes mamíferos e biota aquática entre os visitantes das Unidades de Conservação de Carajás, comunidades, estudantes, gestores, pesquisadores e a sociedade em geral. Ao contribuir com a difusão do conhecimento sobre a região de Carajás, esta obra serve de incentivo para o aprimoramento do conhecimento cien- tífico sobre a fauna local e para o envolvimento da sociedade nos esforços de conservação. Como consequência direta da divulgação dos atributos ambientais das Unidades de Conservação, nós temos um maior engajamen- to dos diferentes atores sociais nos esforços de conservação. André Luís Macedo Vieira Chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Carajás Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores12 13 Apresentação O licenciamento ambiental é uma das obrigações exigidas pela legislação brasileira para o funcionamento de qualquer tipo de empreendimento ou atividade que pretende utilizar os recursos naturais ou que possa causar algum tipo de poluição. Tem como objetivo avaliar como e de que forma se pode promover o desenvolvimento econômico a partir do uso sustentá- vel dos recursos naturais, mas sempre buscando as melhores práticas para manter o equilíbrio do meio ambiente. Essa avaliação é feita a partir da elaboração de um documento técnico-científico que apresenta as caracte- rísticas do projeto, o diagnóstico ambiental, identifica e avalia os impactos e as medidas, tanto para prevenir, controlar, mitigar ou compensar altera- ções no ambiente. Esse documento é chamado de “Estudo e Relatório de Impacto Ambiental” ou simplesmente EIA/RIMA. O presente livro constitui-se na compilação dos resultados das pesquisas sobre a fauna realizadas na área de estudo do Projeto N1 e N2 para subsidiar o licenciamento ambiental do empreendimento minerário que tem como prin- cipal objetivo a extração de minério de ferro no Complexo Minerador Ferro Carajás da Vale, localizado no município de Parauapebas, estado do Pará. Ao trazer a público os conhecimentos relacionados às espécies silvestres de insetos vetores, aves, anfíbios, répteis, morcegos, pequenos, médios e grandes mamíferos, e biota aquática (peixes e comunidades hidrobio- lógicas) encontradas na área do Projeto N1 e N2, especialmente em sua Área de Estudo Local, a obra figura como um importante instrumento de divulgação dos estudos ambientais que vêm sendo conduzidos na região da Floresta Nacional de Carajás – Flona de Carajás. Nas páginas a seguir, além de um resumo sobre as espécies que ocorrem na área do Projeto N1 e N2, são apresentadas informações relevantes sobre a biologia e ecologia dos grupos animais, sua distribuição geográfica, importância para o ecossistema e para a conservação, além de um guia A p re se n ta çã o fotográfico acompanhado de dados taxonômicos, características e curio- sidades sobre grande parte das espécies que foram identificadas na área. Algumas dessas características, como tamanho e forma do corpo do ani- mal, cor, horário de atividade, podem ser úteis na identificação de diferen- tes espécies durante atividades de campo. Nesse sentido, esta publicação tem o potencial de expandir o alcance do conhecimento sobre a variedade da fauna local, principalmente entre visitantes da Flona de Carajás, comu- nidades do entorno, estudantes, gestores, pesquisadores e demais interes- sados na área ambiental. A publicação e distribuição de todo esse acervo técnico-informativo orga- nizado no formato do livro Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte foram solicitadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, por meio do Ofício SEI nº 306/2017- DIBIO/ ICMBio, em 7 de dezembro de 2017, e estão vinculadas ao licenciamento ambiental do Projeto N1 e N2. Esta é uma iniciativa importante para difusão do conhecimento sobre a re- gião de Carajás, ampliação do estado da arte de conhecimento do conjun- to de áreas protegidas de Carajás, bem como para a conciliação do avanço da mineração e dos esforços para a conservação da natureza dessa porção da Amazônia brasileira. A produção e organização do conhecimento con- tido neste livro são uma realização da Vale em parceria com as empresas Brandt Meio Ambiente e Sete Soluções e Tecnologia Ambiental, e seus res- pectivos técnicos, profissionais e especialistas em fauna. Espera-se que este trabalho sirva tanto como fonte de consulta quanto como incentivo à realização de novas pesquisas na região, visando não somente ao aprimoramento do conhecimento científico acerca da fauna, mas também ao uso sustentável dos recursos naturais e à conservação dessa região tão rica da Amazônia. Fo to : B RA N D T 17Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Flona de Carajás Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás A área do Projeto N1 e N2 está inserida no conjunto de áreas protegidas de Carajás, formado pelas Unidades de Conservação federais: Floresta Nacional de Carajás, onde o projeto está localizado, Floresta Nacional do Tapirapé-A- quiri, Floresta Nacional Itacaiunas, Reserva Biológica do Tapirapé,Parque Na- cional dos Campos Ferruginosos e Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi- dade (ICMBio/MMA); e a Terra Indígena Xikrin do Cateté, sob gestão da FU- NAI (Figura 1; Quadro 1). A totalidade do território ocupa uma área de quase 1,4 milhão de hectares, o que representa a maior área de Floresta Amazônica contínua do Sul e Sudeste do Pará. Unidades de Conservação (UCs) são áreas protegidas por lei voltadas à conser- vação ambiental, do modo de vida de populações tradicionais, da manutenção de serviços ambientais e do uso de recursos naturais renováveis. Outras áreas protegidas conhecidas são as Terras Indígenas, as Reservas Legais das proprieda- des Rurais e as Áreas de Preservação Permanentes que protegem dunas, man- guezais, nascentes, encostas e topos de morros e outras. As UCs são classificadas em dois grandes grupos: Uso Sustentável e Proteção Integral, assim definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei n° 9.985/2000), que as divide em 12 categorias, diferenciando-as por seus objetivos principais de conservação e pela possibilidade do uso de recursos de forma direta, como o manejo florestal nas Florestas Nacionais, ou de forma apenas indireta, como a visitação em Parques Nacionais ou a pesquisa científica nas Reservas Biológicas. Laís Ferreira Jales Leandro Moraes Scoss Vanessa Coutinho Mourão de Souza Fo to : J oã o M ar co s Ro sa Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás18 19Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Figura 1 – Localização geográfica do Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás !( !. !. !. !. !. !. !. !. Projeto N1 e N2 TI Xikrin do Rio Cateté Água Azul do Norte Parauapebas Rebio Tapirapé APA Igarapé Gelado Flona Tapirapé Aquiri Flona Itacaiúnas Flona de Carajás Parna dos Campos Ferruginosos Núcleo Urbano de Carajás Tucumã Ourilândia do Norte Canaã dos Carajás 50°0'0"W50°30'0"W51°0'0"W 5° 30 '0 "S 6° 0' 0" S 6° 30 '0 "S !( Oceano Atlântico Belém PAAM MA TO AP MT PI RR Localização da Flona de Carajás no estado do Pará Área do Empreendimento Projeto N1 e N2 Áreas Protegidas Terras Indígenas Unidades de Conservação Uso Sustentável Floresta Nacional de Carajás Floresta Nacional do Itacaiúnas Floresta Nacional do Tapirapé Aquiri Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado Proteção Integral Parque Nacional dos Campos Ferruginosos Reserva Biológica do Tapirapé 0 10 20 km ® Fonte: Sete Soluções e Tecnologia Ambiental Ltda. Quadro 1 – Conjunto de áreas protegidas de Carajás, Pará, Brasil ANO DE CRIAÇÃO NOME DA ÁREA PROTEGIDA GRUPO E CATEGORIA (LEI Nº 9.985/2000 - SNUC) DIPLOMA LEGAL ÁREA (HA) MUNICÍPIOS 1989 Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado Uso Sustentável - APA Decreto n° 97.718, de 5 de maio de 1989 21.600 Parauapebas 1989 Reserva Biológica do Tapirapé Proteção Integral - Rebio Decreto n° 97.719, de 5 de maio de 1989 103.000 São Félix do Xingu e Marabá 1989 Floresta Nacional do Tapirapé Aquiri Uso Sustentável - Flona Decreto n° 97.720, de 5 de maio de 1989 190.000 São Félix do Xingu e Marabá 1991 Terra Indígena Xikrin do Cateté É uma área protegida, mas não uma unidade de conservação Homologada pelo Decreto nº 384, de 26 de dezembro de 1991 439.000 Água Azul do Norte, Marabá, Parauapebas 1998 Floresta Nacional de Carajás Uso Sustentável - Flona Decreto n° 2.486, de 2 de fevereiro de 1998 411.949 Água Azul do Norte, Canãa do Carajás e Parauapebas 1998 Floresta Nacional Itacaiunas Uso Sustentável - Flona Decreto n° 2.480, de 2 de fevereiro de 1998 141.400 Marabá 2017 Parque Nacional dos Campos Ferruginosos Proteção Integral - Parna Decreto s/n, de 5 de junho de 2017 79.029 Canaã dos Carajás e Parauapebas Fonte: Diplomas legais de criação de cada área protegida. O que é uma área protegida? No Brasil existem diversas áreas que são legalmente atri- buídas por decretos e atos de diversos órgãos e instâncias administrativas, a exemplo das Unidades de Conservação (UCs), Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reser- vas Legais (RLs), Terras Indígenas (TIs), Comunidades Remanescentes de Quilombo, entre outras. Todas, portanto, são conhecidas genericamente por “áreas protegidas”. No conjunto de áreas protegidas de Carajás, destacam-se as Unidades de Conservação e a Terra Indígena Xikrin do Cateté. O Projeto N1 e N2 situa-se na porção norte da Floresta Nacional (Flona) de Carajás, numa área que corresponde à Zona de Mineração, assim delimitada por seu Plano de Manejo. A Flona de Carajás foi criada por meio do Decreto nº 2.486, de 2 de fevereiro de 1998, abrangendo uma área de 411.949 hec- tares, localizada nos municípios de Água Azul do Norte, Canaã dos Carajás e Parauapebas, no estado do Pará. Essa Unidade de Conservação de uso sustentável tem como objetivos o apro- veitamento econômico da floresta, pesquisa científica, educação ambiental e turismo sustentável com a conservação da biodiversidade. O Decreto de Criação garante a manutenção dos direitos minerários já assegurados antes Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás20 21Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Foto 1 – Região do rio Itacaiunas, na Flona de Carajas. Foto: João Marcos Rosa da Criação da UC, o que evidencia os desafios referentes à busca pela conci- liação entre a proteção dos recursos e belezas naturais, das espécies da flora e fauna e dos vários ecossistemas presentes na floresta com a exploração mi- neral, considerando os regramentos e zoneamento estabelecidos no Plano de Manejo da Flona de Carajás. A diversidade de elementos da paisagem e a riqueza de espécies da flora e fauna, incluindo espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, destacam a Flona de Carajás como uma das áreas que apresenta maiores diversidades biológicas na Amazônia. Além disso, as outras formações vegetais observadas na região, como as áreas de canga, associadas às áreas de afloramento ferrí- fero, abrigam espécies bastante adaptadas a esse ambiente, sendo que algu- mas ocorrem apenas nessa área, como a flor-de-carajás (Ipomea carajaensis). O conjunto de áreas protegidas de Carajás, com sua extensão de quase 1.400.000 hectares de florestas nativas, presta importantes serviços ambien- tais à sociedade brasileira e ao planeta. A regulação do clima na Terra por meio da umidade gerada pela Floresta Amazônica, os “rios voadores” que são essen- ciais à agricultura brasileira e ao abastecimento humano, além da proteção de mananciais importantes para diversos municípios da região do sudeste do Pará são alguns exemplos desses serviços, gratuitos e imprescindíveis à vida. Ao norte do Projeto está a Área de Proteção Ambiental (APA) do Igara- pé Gelado, município de Parauapebas. Essa Unidade de Conservação de uso sustentável foi criada pelo Decreto nº 97.718, de 5 de maio de 1989, com uma área de 21.600 hectares. Essa categoria de UC tem como objetivo principal promover o ordenamento territorial de uma região voltado para a conservação. A APA, composta por áreas privadas e públicas, ainda contém considerável cobertura vegetal nativa que serve como tampão do avanço das atividades humanas para as outras UCs da região, de categorias mais restritivas. Na APA são realizados projetos que objetivam a melhoria da per- meabilidade da matriz por meio da diversificação das atividades produtivas, como o Projeto de Agroextrativismo que apoia a implementação da Siste- mas Agroflorestais em propriedades de pequenos produtores. Na porção sul encontra-se o Parque Nacional (Parna) dos Campos Ferruginosos, criado pelo Decreto s/n, de 5 de junho de 2017, com uma área de 79.029 hectares, pertencente aos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas. Essa unidade de proteção integral se sobre- põe ao limite da Flona de Carajás em grande parte de sua extensão. Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás22 23Faunada Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Foto 2 – Parna dos Campos Ferruginosos. Foto: Fernando Marino Na porção noroeste da Flona de Carajás e com parte de seu território em so- breposição com a Floresta Nacional de Itacaiunas, está localizada a Floresta Nacional (Flona) do Tapirapé Aquiri, uma unidade de uso sustentável, criada por meio do Decreto nº 97.720, de 5 de maio de 1989, representando uma área de 190.000 hectares. Essa unidade ocupa parte dos municípios de São Félix do Xingu e Marabá, e tem como objetivo o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, além da pesquisa científica, com ênfase em métodos para explora- ção sustentável de florestas nativas. Nessa Unidade também foi prevista no Decreto de Criação a manutenção dos direitos minerários já existentes no mo- mento da criação da UC, de forma que abriga hoje a maior mina de cobre do Brasil – Projeto SALOBO. A unidade de conservação possui 5 trilhas ecológicas que servem de base para o projeto Comunidade Vai à Floresta, que permite que a sociedade tenha a oportunidade de interagir com a biodiversidade local. Por sua vez, a Reserva Biológica (Rebio) do Tapirapé ocupa os mesmos mu- nicípios, mas possui área relativamente menor, de 103.000 hectares, na porção norte da Flona Tapirapé Aquiri. Essa reserva, criada pelo Decreto nº 97.719, de 5 de maio de 1989, objetiva a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, com ênfase para a pesquisa científica e a edu- cação ambiental. A Rebio atualmente executa o protocolo de monitoramento contínuo da biodiversidade. Grupos de animais bioindicadores, como borbole- tas e mamíferos de médio e grande portes, são monitorados com ajuda de vo- luntários de comunidades do entorno e outros, selecionados e treinados através de editais do Programa Nacional de Voluntariado do ICMBio. Entre os objetivos estão a ampliação do conhecimento das espécies existentes na UC, bem como o acompanhamento de seus níveis populacionais e comunitários ao longo do tempo, frente às mudanças climáticas e possíveis impactos de origem humana. Na porção oeste do conjunto de áreas protegidas de Carajás está localizada a Terra Indígena (TI) Xikrin do Cateté, habitada por povos isolados, Me- bêngôkre Kayapó e Xikrin (Mebengôkre). Essa terra indígena foi reconhecida oficialmente a partir da homologação do Decreto nº 384, de 26 de dezem- bro de 1991, com área de 439.000 hectares. Abrange parte dos municípios paraenses de Água Azul do Norte, Marabá e Parauapebas, e é a maior área protegida do conjunto de Carajás. Tem como objetivos a manutenção dos povos indígenas que a habitam de forma permanente e das suas atividades produtivas, assim como são imprescindíveis à preservação dos recursos ne- cessários ao bem-estar dos povos e à sua reprodução física e cultural.Foto 3 – Vista aérea da Flona Itacaiunas. Foto: João Marcos Rosa A criação desse parque teve como objetivo a proteção da diversidade biológica das Serras da Bocaina e do Tarzan, constitui-se como uma ação de compensação ambiental pela supressão de áreas de canga e cavernas para a instalação do Empreendimento de Ferro de S11D, ga- rantindo assim a proteção e a manutenção de áreas testemunhos do patrimônio espeleológico e da vegetação de campos ferruginosos ou savanas metalófilas na Região de Carajás. O parque é a unidade de con- servação com maior número de cavernas ferríferas do Brasil e abriga um grande número de cachoeiras e outros atrativos, apresentando grande potencial para o ecoturismo. Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás24 25Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Foto 5 – Vista da Reserva Biológica (Rebio) do Tapirapé. Foto: João Marcos Rosa Por fim, o conjunto de áreas protegidas de Carajás também conta com a Floresta Nacional (Flona) Itacaiunas, criada por meio do Decreto nº 2.480, de 2 de fevereiro de 1998, com 141.400 hectares, localizada no município de Marabá. Essa unidade de uso sustentável tem objetivos semelhantes aos da Flona Tapirape Aquiri, focando em pesquisas voltadas, principalmente, para o uso sustentável de suas florestas nativas, com Manejo Florestal Sus- tentável de produtos madeireiros e não madeireiros. Apesar de sua extensão e nível de proteção, o conjunto de áreas protegidas de Carajás é atualmente uma ilha de vegetação cercada por atividades agrope- cuárias, o que impõe um desafio para a manutenção da conectividade e fluxo de espécies com outras áreas da floresta amazônica brasileira. Iniciativas como a publicação deste livro, voltado aos estudantes, visitantes e ao público em geral, são ações importantes para aumentar o conhecimento da população sobre a importância ecológica dessas áreas para a sociedade, significando, em última instância, sua própria existência, ao conservar áreas extensas para a re- carga dos aquíferos, produção de chuvas, além de serem laboratórios inestimá- veis e ainda pouco explorados para a produção de medicamentos, alimentos e produtos da floresta. Atividades estas que geram divisas para o país e para po- pulações locais com a manutenção da floresta em pé, como os exemplos do açaí, óleos de copaíba e andiroba, jaborandi, castanha-do-pará e tantos outros. Foto 4 – Vista aérea da Flona do Tapirapé-Aquiri. Foto: João Marcos Rosa Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás26 Foto 6 – Vista da Flona Itacaiunas. Foto: João Marcos Rosa Foto 7 – Vista da Floresta Nacional de Carajás. Foto: Marcelo Rosa Foto 8 – APA do Igarapé Gelado. Foto: Marcelo Rosa Fo to : J oã o M ar co s Ro sa 29Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N2 Para orientar os estudos biológicos sobre a flora e a fauna no âmbito do Es- tudo de Impacto Ambiental (EIA) do Projeto N1 e N2, foi definida a Área de Estudo Local (AEL) do meio biótico considerando o espaço geográfico que circunda a área de ocupação prevista pelo projeto de engenharia necessá- ria ao desenvolvimento do empreendimento, em extensão geográfica sufi- ciente para identificação e avaliação dos organismos que ocorrem na região onde se pretende instalar o empreendimento. O contexto geográfico de bacia hidrográfica foi um dos critérios adotados para a delimitação da AEL do meio biótico do Projeto N1 e N2, que se en- contra dividida em duas grandes bacias do estado do Pará. A parte oeste está situada na bacia hidrográfica do rio Itacaiunas e a porção leste pertence à bacia do rio Parauapebas. Ainda, no contexto local, destacam-se as bacias hidrográficas que drenam a área do projeto pelo rio Azul e pelas drenagens que vertem para o Igarapé Gelado. Ao norte da Área de Estudo Local estão situadas as barragens do Gelado e Geladinho. A referida AEL situa-se no domínio do bioma Amazônia, onde a cobertura ve- getal nativa da região é, predominantemente, constituída pelas fisionomias Elaine Ferreira Barbosa Leandro Moraes Scoss Dinalva Celeste Fonseca Breno Chaves de Assis Elias Vanessa Coutinho Mourão de Souza Mazama americana (Veado-mateiro) Fo to : M ar ce lo V as co nc el os Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N230 31Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Figura 2 – Localização da Área de Estudo Local (AEL) no Conjunto de Áreas Protegidas de Carajás !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !.!. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !. !.!. !. 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e Tecnologia Ambiental Ltda. Cacicus cela (Xexéu) de Floresta Ombrófila Aberta, que ocupa regiões de encostas e de eleva- da inclinação, e de Floresta Ombrófila Densa, que ocorre nos solos mais profundos nas planícies e nos relevos mais suaves das áreas montanhosas. Além das formações florestais, destaca-se a ocorrência de uma vegetação herbáceo-arbustiva típica de afloramentos ferruginosos. Os Campos Rupes- tres Ferruginosos localizam-se nas porções de serras, nas regiões de maior elevação, cujo topo apresenta relevo suave e são designados como platôs. A Área de Estudo Local do Projeto N1 e N2, assim como as áreas das Minas N4, N5 e da Mina de Manganês do Azul, abriga vegetação típica das ser- ras ferruginosas da região e ambientes florestais. As Minas N4 e N5 estão localizadas no Complexo Minerador Ferro Carajás na Serra Norte, e a Mina de Manganês do Azul está localizada na região dos platôs norte da Pro- víncia Mineral de Carajás, todas na porção leste da AEL. O núcleo urbano de Carajás localiza-se a leste da área de estudo, conforme a indicação no mapa da Figura 2. Fo to : J oã o M ar co s Ro sa Fo to : V . C . T om az Foto 11 – Perfil de vertente local, observada na porção interior do platô de N1. Em baixa vertente, é possível observar área onde está localizado um lago intermitente, nas proximidades do alojamento de N1. Foto 9 – Vista panorâmica da porção central do platô de N1. Foto 10 – Relevo da região da Serra dos Carajás. Fo to : B RA N D T Fo to : B RA N D T Fo to : B RA N D T Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N234 35Fauna da FlorestaNacional de Carajás – Serra Norte Foto 12 – Vista parcial das vertentes que circundam ao norte o platô de N1. Fonte: Estudo de Impacto Ambiental (BRANDT, 2019). O diagnóstico da fauna na área do Projeto N1 e N2 foi realizado pela equi- pe técnica da Brandt Meio Ambiente Ltda., amparado pela Autorização para Captura, Coleta e Transporte de Material Biológico - ABIO N° 903/2018 e Ofí- cio SEI nº 306/2017-DIBIO/ICMBio, que compõe o Estudo de Impacto Am- biental do empreendimento. Os estudos foram realizados por especialistas e considerou vários outros estudos que já haviam sido realizados na área onde está localizado o projeto, além dos trabalhos de campo para complementar as informações sobre insetos (entomofauna) de importância sanitária, anfí- bios e répteis (herpetofauna), pequenos mamíferos não voadores (masto- fauna) e biota aquática. Esses estudos foram apresentados ao IBAMA e ICMBIO como parte do pro- cesso do licenciamento ambiental do empreendimento. Entretanto, as in- formações do EIA seguem normas específicas e linguagem muito técnica. Após a conclusão do estudo ambiental, a equipe de especialistas da Sete Soluções e Tecnologia Ambiental organizou o conhecimento e produziu novos textos para auxiliar na divulgação sobre a “Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte”. Neste livro apresentamos a fauna silvestre registrada na área do Projeto N1 e N2 de maneira mais objetiva e ilustrada. E assim, partindo do princípio de que é preciso conhecer para preservar, buscamos chamar a atenção para a composição e importância da fauna local e, como consequência, estabe- lecer medidas de conservação e proteção que sejam tomadas em sintonia com a implantação e operação do Projeto N1 e N2. Bom, mas você sabe o que significa fauna? Fauna é o nome dado para representar todos os animais que vivem em uma determinada região, in- dependentemente das diferenças de tamanho, cor, comportamento ou ambiente em que se desenvolvem, alimentam, reproduzem etc. Todos os animais fazem parte da fauna ou, se preferir, do mundo animal. Para facilitar o trabalho dos especialistas, os grupos de animais podem ser separados e organizados da seguinte forma: Entomofauna (insetos), Ictiofauna (peixes), Herpetofauna (répteis e anfíbios), Avifauna (aves), Mastofauna (mamíferos) e Biota Aquática, que reúne diferentes formas de vida do ambiente aquáti- co, incluindo, por exemplo, o fitoplâncton, o zooplâncton e os organismos bentônicos ou zoobêntons.Foto 13 – Vista aérea da fitofisionomia de Savana Metalófila (Vegetação Rupestre sobre Canga). Fonte: Estudo de Impacto Ambiental (BRANDT, 2019). Fo to : B RA N D T Fo to : B RA N D T Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N236 37Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte Os resultados que ilustram cada um dos capítulos deste livro, como não po- deria ser diferente, reforçam que a região mantém uma fauna amazônica muito rica e diversa que, por sinal, é uma característica de toda a região da Flona de Carajás e do próprio bioma Amazônia. Reunindo todos os grupos da fauna estudados, tanto do ambiente terrestre como do ambiente aquáti- co, foi possível produzir este livro sobre a Fauna do Projeto N1 e N2. Ao todo foram exatamente 1.478 táxons de animais identificadas na área de estudo local do Projeto N1 e N2 (Figura 3). Em geral, para todos os grupos, esse número expressivo de animais indica uma boa qualidade dos ambientes natu- rais dessa porção da Flona de Carajás. É uma das principais razões que o estudo ambiental destaca como fundamental para assegurar a sobrevivência, a viabili- dade e a permanência de todas as espécies na região, no médio e longo prazo. O maior número de animais foi identificado para um grupo de pequenos organismos que compõem a biota aquática, os fitoplânctons (algas e bacté- rias), com um total de 448 táxons. As aves aparecem em segundo lugar, com 312 espécies diferentes, seguidas pelos zooplânctons (pequenos animais), com 293 táxons, e pelos organismos bentônicos (insetos aquáticos, minho- cas, caracóis de água doce, camarões, entre outros), com 100 táxons. Figura 3 – Fauna do Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N2 448 312 293 100 77 67 46 40 38 29 20 8 0 100 200 300 400 500 Fitoplâncton Aves Zooplâncton Organismos bentônicos An�sbenas, Lagartos e Serpentes Morcegos Anfíbios Insetos - dípteros vetores Médios e grandes mamíferos Peixes Pequenos mamíferos Quelônios e Jacarés Número de animais Fonte: Sete Soluções e Tecnologia Ambiental Ltda. Você sabia que TÁXON é uma unidade utilizada pelos pesquisadores no sistema de classi- ficação científica de todos os seres vivos? Essa unidade ajuda na divisão dos organismos vivos em Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. A ciência responsável pela criação das regras de classificação e identificação dos seres vivos é chamada de Taxonomia e tem como objetivo reconhecer os grupos de seres vivos e dar um nome para cada um dos grupos e organismos. As anfisbenas, lagartos e serpentes somam 77 espécies, enquanto o to- tal de morcegos que ocorrem na região do Projeto N1 e N2 chega a 67 espécies. Mesmo sendo animais tão diferentes em diversos aspectos, o número total de espécies de anfíbios (sapos, rãs e pererecas), de insetos vetores de importância para a saúde pública e de mamíferos de médio e grande portes é parecido. Ao todo foram identificadas 46 espécies de an- fíbios, 40 de insetos vetores (mosquitos e carapanãs) e 38 mamíferos com peso corporal maior que 2 kg, incluindo desde os menores macacos até as antas e as onças-pintadas. Os grupos de animais com menor número de espécies na área do Projeto N1 e N2 foram os pequenos mamíferos, com 20 espécies, incluindo roedores (ratos) e marsupiais (gambás e cuí- cas); os peixes de água doce, com 29 espécies, e as tartarugas e jacarés, que juntos totalizam apenas oito espécies. A lista com a classificação taxonômica de cada um dos 1.478 táxons de ani- mais identificados durante o estudo ambiental na área do Projeto N1 e N2 é apresentada em formato digital (Link Site e QR code). Esperamos que você, leitor, goste das informações e das fotos dos animais que vivem na Serra Norte da Floresta Nacional (Flona) de Carajás. Antes, porém, é importante dizer que a taxonomia é a ciência que dá nome às espécies. Na leitura dos capítulos, o texto apresenta algumas abreviações, representadas por gr., aff., cf. ou sp. Estas são utilizadas na taxonomia para in- dicar uma espécie que não pôde ser identificada. Alguns dos nomes empre- gados no estudo ambiental do Projeto N1 e N2 provavelmente não repre- sentam de forma precisa a situação taxonômica de certas espécies, devido à carência de estudos recentes sobre a sua taxonomia que permita identifi- cá-las até o nível específico. Isso ocorre porque alguns indivíduos coletados durante os estudos não possuem exatamente as características previamen- te estabelecidas pela taxonomia que permita a sua completa identificação. Fauna da Floresta Nacional de Carajás, Serra Norte, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental do Projeto N1 e N238 Em alguns casos, a identificação somente é possível a partir de análises genéticas, que, até o momento, não foram realizadas, haja vista que não era objeto da metodologia proposta para este estudo. Para Anfíbios Anuros, por exemplo, sete são as espécies que se enquadram nessa situação (Rhinella gr. margaritifera, Ameerega aff. flavopicta, Boana sp., Dendropsophus gr. microcephalus, Scinax sp., Adenomera sp. e Adeno- mera aff. hylaedactyla). Outras duas não puderam ser identificadas de ma- neira precisa porque foram registradas apenas a partir do seu canto, sem a captura do adulto (Hyalinobatrachium sp.) ou porque foram registradas apenas por meio de indivíduos jovens(Elachistocleis cf. carvalhoi), o que dificulta sua determinação. No caso da Ictiofauna, considerando os registros de peixes na Serra Norte, 16 são as espécies de peixes que se enquadram nessa situação: Astyanax sp., Bryconamericus sp., Characidium sp., Creagrutus sp., Knodus sp. 1, Knodus sp. 2, Moenkhausia sp. Imparfinis sp., Ancistrus sp., Aspidoras sp., Harttia sp., Hypostomus gr. cochliodon, Lasiancistrus sp., Otocinclus sp., Trychomycterus sp. e Cichla sp. Para a Biota Aquática, a carência de estudos sobre a classificação desses organismos e o registro de táxons em estágios larvais, como os náuplios e copepoditos, entre os crustáceos copépodas, são os principais fatores que não permitem representar de forma precisa a situação taxonômica de algumas espécies. A alteração dos nomes e organização das classifi- cações são bastante comuns, principalmente dentre o fitoplâncton e zooplâncton, e ocorre porque as técnicas adotadas pelos pesquisadores estão sendo aperfeiçoadas a cada dia. Mesmo assim, os resultados sobre a Biota Aquática do Projeto N1 e N2 apresenta uma série de organismos com alguma imprecisão taxonômica, assim como diversos outros estu- dos, sendo às vezes possível identificar o animal apenas até o nível de classe, ordem ou família. "Direcione a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e tenha acesso à lista digital completa com todos os 1.478 táxons identificados na área do Projeto N1 e N2." Fo to : L ea nd ro D ru m m on d Desova arbórea de anfíbio depositada em folha Fo to : B RA N D T Pequenos Mamíferos Não Voadores Fo to : B er na rd o Le op ol do Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra Norte 45 Hylaeamys megacephalus (Rato-do-mato) Pequenos Mamíferos Não Voadores Os pequenos mamíferos não voadores, como o próprio nome diz, são os mamíferos de pequeno porte que não voam. Compreendem os marsu- piais (Ordem Didelphimorphia), popularmente conhecidos como gambás e cuícas, e os pequenos roedores (Ordem Rodentia), conhecidos como ratos, com peso até 2 kg. Esse grupo de animais forma a base da pirâmide alimentar, da qual dependem praticamente todos os outros grupos que vêm acima deles, especialmente os animais carnívoros, sejam eles outros mamíferos, aves ou répteis. São predominantemente noturnos e apresen- tam diferentes hábitos de vida, podendo ser arborícolas (quando vivem somente nas árvores), escansoriais (animais que vivem tanto nas árvores como no chão), fossoriais ou semifossoriais (quando vivem em tocas ou abaixo do solo), cursoriais (vivem estritamente no chão) e semiaquáticos (passam boa parte do seu tempo dentro d’água). Dessa forma, ocupam diversos ambientes, desde campos e outros tipos de hábitats com vege- tação aberta naturais até florestas, nas suas mais variadas formas, tipolo- gias e graus de preservação. A expressão popular “tamanho não é documento” se aplica muito bem aos pequenos mamíferos não voadores. Diferentes espécies desse grupo de- sempenham funções ecológicas fundamentais na dinâmica dos ecossiste- mas naturais, como dispersores de sementes e fungos, como reguladores de populações de plantas (por meio do consumo de folhas, frutos e sementes) Bernardo Faria Leopoldo Eduardo Lima Sábato Natália Ardente Leandro Moraes Scoss Fo to : N at ál ia A rd en te Fauna da Floresta Nacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores46 47 e de insetos e outros animais invertebrados, ou ainda como polinizadores de algumas espécies de plantas. Embora as informações que normalmen- te chegam ao público em geral estejam fortemente associadas às espécies comuns nas áreas urbanas, como o rato-comum (Rattus rattus), a ratazana (Rattus norvergicus) e o camundongo (Mus musculus), os pequenos mamífe- ros não voadores são considerados peças-chave na manutenção e na con- servação da biodiversidade de ambientes naturais. Como outros animais, os pequenos mamíferos não voadores respondem rapidamente às alterações e impactos ambientais (como o desmatamen- to e as queimadas), assim como ao processo de fragmentação de hábi- tats. Essas modificações normalmente provocam a diminuição do núme- ro de espécies que ocorrem em determinado lugar e, por consequência, alguns processos ecológicos são afetados, ocasionando uma perda da qualidade ambiental. Diversas espécies desse grupo apresentam ainda importância médica e epidemiológica, funcionando como reservatórios de agentes causadores de diversas doenças que podem afetar o ser humano, tais como: Leptos- pirose, Esquistossomose, Leishmaniose, Hantavirose e Doença de Chagas. Por outro lado, também vêm sendo utilizadas em alguns estudos como sentinelas para fatores de ameaças à saúde humana, servindo como indi- cadores da presença de contaminantes ambientais, bactérias ultrarresis- tentes e vírus. Assim, as alterações nos ambientes onde ocorrem essas es- pécies devem ser feitas sempre com responsabilidade e bastante cuidado, para evitar desequilíbrios que, além de prejudicá-las, podem afetar a saúde e o bem-estar humano. Atualmente são conhecidas no Brasil 268 espécies de pequenos mamífe- ros não voadores, o que os torna o grupo de maior riqueza, em número de espécies, dentre as 701 espécies listadas para todo o território nacional. So- mente na Amazônia ocorrem 110 espécies, sendo 27 de marsupiais e 83 de roedores, incluindo 73 espécies que somente são encontradas neste bioma, tecnicamente chamadas de espécies endêmicas. É importante mencionar que esses números aumentam à medida que são aplicadas novas técnicas de laboratório, principalmente análises genéticas e moleculares, que vêm auxiliando os pesquisadores no processo de identificação e na descoberta de novas espécies para a ciência. Na região da Floresta Nacional de Carajás, sudeste do estado do Pará, onde se insere o Projeto de Mineração N1 e N2, estudos recentes reve- laram a presença de 31 táxons de pequenos mamíferos não voadores, sendo 12 de marsupiais e 19 de pequenos roedores. Desse total, pelo menos 11 espécies são endêmicas da Amazônia, e seis apresentam im- precisão taxonômica, ou seja, necessitam de estudos mais aprofundados para que sua correta identificação em nível específico seja confirmada para a região. Este capítulo apresenta as espécies de pequenos mamíferos não voadores registradas na Área de Estudo Local (AEL) do Projeto de Mineração N1 e N2 inserido no Complexo Minerador Ferro Carajás, a fim de disponibilizar um acervo técnico-específico da fauna local. Os Pequenos Mamíferos Não Voadores da Flona de Carajás, Serra Norte Os estudos realizados na Área de Estudo Local (AEL) do Projeto N1 e N2 reve- laram a presença de 20 táxons de pequenos mamíferos não voadores, sendo nove marsupiais e 11 roedores. Todos os marsupiais pertencem à família Di- delphidae, única família da Ordem Didelphimorphia. Já os roedores perten- cem a duas famílias (Cricetidae e Echimyidae). Desse total, três táxons não puderam ser identificados em nível de espécie de forma precisa, por serem complexos e necessitarem de revisões taxonômicas mais refinadas. A comunidade de pequenos mamíferos não voadores local é formada, em sua maior parte, por táxons de ampla distribuição geográfica, que ocorrem em mais de um bioma brasileiro. Nenhum dos táxons listados encontra-se ameaçado de extinção, de acordo com as listas consultadas em âmbito estadual, nacional e global. Ressalta-se, no entanto, o registro de espécies endêmicas do bioma amazônico, como os marsupiais Didelphis marsupia- lis (gambá), Marmosops pinheroi (cuíca) e Monodelphis glirina (catita), além dos roedores Oligoryzomys microtis (rato-do-mato), Oxymycterus amazo- nicus (rato-do-brejo) e Rhipidomys emiliae (rato-da-árvore). Por serem es- pécies com hábitos escansoriais, arborícolas, semifossoriais (no caso de Monodelphis touan) e/ou dependentes de uma estrutura mais complexa Fauna da FlorestaNacional de Carajás – Serra NortePequenos Mamíferos Não Voadores48 49 de ambientes florestais (por exemplo, a presença de troncos caídos no chão, sub-bosque e dossel), essas espécies normalmente são reconheci- das como indicadoras de hábitats florestais. A espécie de roedor Euryoryzomys aff. emmonsae (rato-do-mato) e o mar- supial Monodelphis touan (cuíca-de-rabo-curto), segundo a literatura cien- tífica, representam interesses científicos para a região da Flona de Carajás, sudeste do Pará, em virtude do pouco conhecimento que se tem sobre elas, seja no que diz respeito às suas distribuições geográficas e níveis de endemismos locais, ao tamanho e tendência de suas populações, seja no que se refere à definição do conhecimento taxonômico desses animais. O roedor Euryoryzomys aff. emmonsae (rato-do-mato) foi considerado neste estudo como “aff.”, ou seja, refere-se a um táxon que apresenta afi- nidades com a espécie já descrita (Euryoryzomys emmonsae), mas com divergências em relação à descrição dela. Neste caso, o registro poderia corresponder a um sinônimo de Euryoryzomys emmonsae (rato-do-mato), estando incluída na mesma, ou poderia pertencer a uma espécie com parentesco taxonômico próximo. Euryoryzomys aff. emmonsae (rato-do- -mato) foi considerado táxon endêmico pelo fato de as duas possíveis espécies do gênero Euryoryzomys com distribuição conhecida para a área de estudo (Euryoryzomys macconnelli e Euryoryzomys emmonsae) também serem endêmicas e ocorrerem de forma simpátrica nas áreas de floresta da Flona de Carajás, além de suas distribuições geográficas serem restritas à região sudeste da Amazônia. Além dessas espécies, cabe mencionar dois casos de imprecisões taxo- nômicas, nos quais a identificação dos táxons em nível específico não foi possível. No caso de Oecomys gr. bicolor / cleberi (rato-do-mato), o táxon pertence a um complexo de espécies que atualmente compreende Oe- comys bicolor e Oecomys cleberi, e cujas relações de parentesco ainda não foram completamente esclarecidas pelos especialistas. De forma seme- lhante, Akodon gr. cursor (rato-do-chão) pertence a uma das espécies do grupo cursor, que inclui Akodon cursor, Akodon montensis, Akodon reigi e Akodon paranaensis, assim como espécies afins. As espécies identifica- das como “gr.” referem-se àquelas que pertencem ao grupo ou complexo de espécies que ainda precisam ser revisadas e descritas, separadamen- te. Esses exemplos reforçam a necessidade de captura e coleta desses animais durante a realização de estudos ambientais em campo, pois a correta identificação, em muitos casos, somente é possível a partir de análises específicas realizadas por profissionais experientes, em ambien- te de laboratório ou com apoio de instituições que mantêm coleções científicas de referência. A coleta de espécimes testemunho é, portanto, fundamental para o avanço da pesquisa científica, lembrando que esse procedimento deve ser feito por profissional habilitado e devidamente autorizado pelo órgão ambiental. Os resultados do diagnóstico indicam que, em geral, grande parte da mastofauna amazônica de pequeno porte não voadora é representa- da por espécies que apresentam diferentes tamanhos, hábitos e formas de interagir com o ambiente em que vivem. Grande parte dos animais que compõem esse grupo possui predominantemente hábito noturno, o que dificulta a sua visualização, sendo necessário o uso de métodos específicos para a sua amostragem durante atividades de campo. Mesmo utilizando armadilhas próprias para a captura de pequenos mamíferos, algumas espécies arborícolas dificilmente são capturadas em estudos de curta duração. Muitas delas são registradas somente em estudos de longa duração ou nos chamados programas de monitoramento. Nesse sentido, os estudos já realizados na Serra Norte de Carajás, incluindo o diagnóstico do Projeto N1 e N2, vêm revelando informações importantes sobre os pequenos mamíferos não voadores, o que contribui de forma expressiva para a conservação da natureza da Flona de Carajás e de toda a região. Pequenos Mamíferos Não Voadores50 Espécie: Caluromys philander Nome popular: Cuíca-lanosa, mucura-xixica Família: Didelphidae Peso corporal: 140 a 390 gramas Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal Hábitos: Dieta Frugívora / Onívora e hábito de locomoção arborícola Espécie: Marmosa murina Nome popular: Catita, cuíca Família: Didelphidae Peso corporal: 52 gramas (adulto) Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção escansorial Espécie: Marmosa (Micoureus) demerarae Nome popular: Cuíca Família: Didelphidae Peso corporal: 90 a 150 gramas Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção arborícola Guia fotográfico Fo to : N at ál ia A rd en te Fo to : V in íc iu s O rs in i Fo to : B er na rd o Le op ol do Espécie: Didelphis marsupialis Nome popular: Gambá, mucura Família: Didelphidae Peso corporal: 1,0 a 1,7 kg Distribuição: Restrita à Amazônia (espécie endêmica) Hábitos: Dieta Frugívora / Onívora e hábito de locomoção escansorial Fo to : B er na rd o Le op ol do Espécie: Marmosa pinheroi Nome popular: Cuíca Família: Didelphidae Peso corporal: 19 a 33 gramas Distribuição: Restrita à Amazônia (espécie endêmica) Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção escansorial Espécie: Metachirus nudicaudatus Nome popular: Cuíca-de-quatro-olhos Família: Didelphidae Peso corporal: 300 a 480 gramas Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Espécie: Monodelphis glirina Nome popular: Catita, cuíca-de-rabo-curto Família: Didelphidae Peso corporal: 50 gramas (adulto) Distribuição: Restrita à Amazônia (espécie endêmica) Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Espécie: Monodelphis touan Nome popular: Catita, cuíca-de-rabo-curto Família: Didelphidae Peso corporal: 84 gramas (adulto) Distribuição: Restrita à Amazônia (espécie endêmica) Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Fo to : V in íc iu s O rs in i Fo to : B er na rd o Le op ol do Fo to : V in íc iu s O rs in i Fo to : V in íc iu s O rs in i Espécie: Philander opossum Nome popular: Cuíca-de-quatro-olhos Família: Didelphidae Peso corporal: 280 a 700 gramas Distribuição: Amazônia, Cerrado e Pantanal Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção escansorial Espécie: Akodon aff. cursor Nome popular: Rato-do-chão Família: Cricetidae Peso corporal: 30 a 70 gramas Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga Hábitos: Dieta Insetívora / Onívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Espécie: Euryoryzomys aff. emmonsae Nome popular: Rato-do-mato Família: Cricetidae Peso corporal: 64 a 78 gramas Distribuição: Restrita à Amazônia (espécie endêmica) Hábitos: Dieta Frugívora / Granívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Espécie: Holochilus sciureus Nome popular: Rato-d’água Família: Cricetidae Peso corporal: 90 a 200 gramas Distribuição: Amazônia, Cerrado e Caatinga Hábitos: Dieta Frugívora / Herbívora e hábito de locomoção semiaquático Fo to : N at ál ia A rd en te Fo to : N at ál ia A rd en te Fo to : N at ál ia A rd en te Fo to : B er na rd o Le op ol do Espécie: Hylaeamys megacephalus Nome popular: Rato-do-mato Família: Didelphidae Peso corporal: 60 gramas (adulto) Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal Hábitos: Dieta Frugívora / Granívora e hábito de locomoção cursorial (terrestre) Espécie: Necromys lasiurus Nome popular: Pixuna, rato-do-mato Família: Cricetidae Peso corporal: 40 a 80 gramas Distribuição: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas
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