Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Parada cardíaca e respiratória – procedimentos iniciais MÉTODOS ANTIGOS DE RESSUSCITAÇÃO A possibilidade de reversão da morte súbita foi descrita desde épocas bíblicas. Império Romano em 476 a.C, os métodos mais antigos de RCP, foi identificado a aplicação de calor ao corpo inerte através de objetos quentes ou queimantes sobre o abdômen. 1530 - primeiras e rústicas tentativas de ventilação artificial, uso de foles de lareira para introdução do ar nos pulmões. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR MODERNA Em 1960, foi incluído nos conceitos de reanimação de emergência, de que a compressão sobre o terço inferior do esterno, feita adequadamente, fornecia uma circulação artificial suficiente para manter a vida em animais e seres humanos com parada cardíaca. Em 1961, a American Heart Association (AHA) criou um Comitê de Reanimação Cardiorrespiratória. A AHA é atualmente a referência em RCP, incluindo todos os aspectos dos suportes básicos de vida (SBV) e dos suportes de vida avançados (SVA). EPIDEMIOLOGIA 35% das mortes no Brasil são por causas cardiovasculares, resultando em 300 mil óbitos/ano. Nenhuma situação clínica supera a prioridade de atendimento da PCR. É necessária rapidez e eficácia das intervenções para se obter o melhor resultado do atendimento RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR Define-se como parada cardiorrespiratória (PCR) a interrupção súbita e brusca da circulação sistêmica e ou da respiração. Deve-se iniciar prontamente as manobras de reanimação, antes mesmo da chegada da equipe de resgaste/ emergência para que aumente a chance de sobrevida e evite sequelas pós-PCR. SINAIS CLÍNICOS Inconsciência. Ausência de movimentos respiratórios. Ausência de pulso. OBJETIVOS DA RCP Evitar a morte. Reestabelecer a circulação e oxigenação. Atendimento imediato da vítima (reduzindo as chances de lesões cerebrais por falta de circulação e oxigenação cerebral). DIRETRIZES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION AHA De 2015, mas revista em 2018. Propõe novas recomendações sobre a Reanimação Cardiopulmonar (RCP). Adoção da utilização de “Cadeias de Sobrevivência” distintas para pacientes que sofrem uma PCR no ambiente intra ou extra- hospitalar. Essa alteração ocorreu devido as diferenças existentes nos processos até que os pacientes sejam encaminhados à unidade de cuidados intensivos, onde serão fornecidos os cuidados pós-PCR. Recomenda-se que: leigos devam iniciar a RCP para uma suposta PCR, pois o risco de dano ao paciente é baixo se o paciente não estiver em PCR; Os sobreviventes de PCR e seus cuidadores devem receber planejamento de alta abrangente e multidisciplinar para incluir recomendações de tratamento médico e de reabilitação e retornar às expectativas de atividades/trabalho; Recomendamos avaliação estruturada para ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e fadiga para os sobreviventes de PCR e seus cuidadores. ABORDAGEM PRIMÁRIA RÁPIDA É a avaliação sucinta da consciência, respiração e circulação. Deve ser finalizada em no máximo 10 segundos. Tem por finalidade a rápida identificação de condições de risco de morte, o início precoce do suporte básico de vida (SBV) e o desencadeamento de recursos de apoio, tais como SAMU. Devem ser seguidos os seguintes passos: Aproximar-se da vítima pelo lado para o qual a face da mesma está voltada, garantindo-lhe o controle cervical. Observar se a vítima está consciente e respirando, tocando o ombro da vítima do lado oposto ao da abordagem, apresente-se, acalme-a e pergunte o que aconteceu com ela: “Eu sou o (nome do socorrista e função) e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu? ” Uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira. Caso não haja resposta verbal, examinar a respiração (ver, ouvir e sentir); Se ausente a respiração, iniciar as manobras de controle de vias aéreas; Simultaneamente palpar pulso (em vítima inconsciente palpar direto o pulso carotídeo) e definir se está presente e sua qualidade (normal, muito rápido ou lento); Se ausente, palpar pulso de artéria femoral (maior calibre) e, caso confirmado que a vítima está sem pulso, iniciar manobras de reanimação. Observar rapidamente da cabeça aos pés procurando por hemorragias ou grandes deformidades. Ligar e repassar as informações para a Central de Emergência (SAMU –192 ou Bombeiros –193). Levar 10 segundos no máximo. Posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca. Iniciar RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR. Assim que chegar o Desfibrilador Externo Automático: Verificar o ritmo. Em caso de ritmo CHOCÁVEL (Fibrilação Ventricular ou Taquicardia Ventricular sem Pulso): o Aplique 1 choque; o Reinicie a RCP por 2 minutos até o DEA avisar sobre a verificação do ritmo; o Continue até que o Suporte Avançado de Vida assuma ou a vítima se movimente. VENTILAÇÃO ATENÇÃO - Na literatura atual NÃO é recomendada a realização de respiração boca a boca, devido ao risco do contato com secreções digestivas e respiratória. Recomendamos sempre o uso de uma barreira de proteção (máscara). IMPORTANTE Os esforços de ressuscitação cardiopulmonar devem ser mantidos enquanto apresentar ritmo chocável (pelo DEA). Se você não tiver um DEA, mantenha as compressões torácicas até a chegada de uma equipe de emergência. Não há parâmetro de tempo de RCP para a tomada de decisão sobre a interrupção dos esforços. Interrupção da PCR Se a vítima se movimentar; Durante a fase de análise do desfibrilador; Na chegada da equipe de resgate; No posicionamento de via aérea avançada; Exaustão do socorrista; Condições ambientais se tornarem inseguras. SUPORTE BÁSICO DE VIDA – BLS Em uma situação de PCR, um mnemônico pode ser utilizado: “C-A-B-D”: C corresponde a compressões (30 compressões). A é a abertura das vias aéreas. B remete à boa ventilação (duas ventilações). D à desfibrilação. 1- Segurança do local. 2- Avalie a responsividade da vítima. 3- Chame ajuda. 4 – Cheque a respiração e pulso. 5 – Inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações. Segurança do local Certifique se o local é seguro para você e para a vítima, para não se tornar uma próxima vítima. Se o local estiver seguro prossiga o atendimento. Responsvidade da vítima Avalie a responsividade da vítima, chamando-a e tocando-a pelos ombros. Se a vítima responder, se apresente e converse com ela perguntando se precisa de ajuda. Se a vítima não responder, chame ajuda imediatamente. Chame ajuda Em ambiente extra-hospitalar, ligue para o número local de emergência e, se um DEA estiver disponível no local, vá buscá-lo. Se não estiver sozinho, peça para uma pessoa ligar e conseguir um DEA, enquanto continua o atendimento à vítima. Respiração e pulso Cheque o pulso carotídeo e a respiração simultaneamente, observando se há elevação do tórax da vítima e se há pulso, em não mais que 10 segundos. Se a vítima não respirar, ou apresentar gasping e o pulso estiver ausente, inicie RCP, e nesse caso, aplique uma ventilação a cada 5 a 6 segundos, mantendo frequência de 10 a 12 ventilações por minuto. Cheque o pulso a cada 2 minutos. Se não detectar pulso na vítima ou estiver em dúvida, inicie RCP. Compressões torácicas Os aspectos principais a serem observados nas compressões são frequência, profundidade, retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima. Para realização das compressões torácicas: Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um do outro, para que tenha melhor estabilidade. Afaste ou corte a roupa da vítima (se uma tesoura estiver disponível), para deixar o tórax desnudo. Coloque a região hipotenar de uma mão sobre a metade inferior do esterno da vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a. Estendaos braços e os mantenha cerca de 90º acima da vítima. Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/minuto. Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm (evitando compressões com profundidade maior que 6 cm). Minimize interrupções das compressões, pause no máximo 10 segundos para realização de duas ventilações. Reveze com outro socorrista a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e compressões de má qualidade. VENTILAÇÕES Abertura das vias aéreas É necessária a abertura de via aérea, que pode ser realizada com a manobra da inclinação da cabeça e elevação do queixo e, se houver suspeita de trauma, a manobra de elevação do ângulo da mandíbula. Devem ser realizadas em uma proporção de 30 compressões para duas ventilações, com duração de apenas 1 segundo cada, fornecendo quantidade de ar suficiente para promover a elevação do tórax. Ventilação com a Máscara de Bolso: a Pocket Mask Profissionais de saúde e socorristas leigos podem hesitar em realizar ventilações boca a boca. Assim, é indicada a utilização de uma máscara de bolso (pocket mask) para realização das ventilações. Ventilação com Bolsa-Válvula-Máscara O uso da BVM requer considerável prática e deve ser feito na presença de dois socorristas: um responsável pelas compressões e outro por aplicar as ventilações com o dispositivo. Se disponível oxigênio complementar, conecte-o na BVM, assim que possível, de modo a oferecer maior porcentagem de oxigênio para a vítima. Ventilação com Via Aérea Avançada Quando uma via aérea avançada (por exemplo, intubação endotraqueal, Máscara Laríngea) estiver instalada, o primeiro socorrista deve administrar compressões torácicas contínuas e o segundo socorrista aplicar uma ventilação a cada 6 segundos −cerca de 10 ventilações por minuto. Não se devem pausar as compressões para aplicar as ventilações, em caso de via aérea avançada instalada. DESFIBRILAÇÃO O DEA é um equipamento portátil, capaz de interpretar o ritmo cardíaco, selecionar o nível de energia e carregar automaticamente, cabendo ao operador apenas pressionar o botão de choque, quando indicado. Recomenda-se que a RCP seja fornecida enquanto as pás do DEA são aplicadas e até que o DEA esteja pronto para analisar o ritmo. Os passos para utilização do DEA são: 1) Ligue o DEA, apertando o botão on-off (alguns dispositivos ligam automaticamente ao abrir a tampa). Isso ativa os alertas verbais que orientam todas as etapas subsequentes. 2) Conecte as pás (eletrodos) ao tórax desnudo da vítima, observando o desenho contido nas próprias pás do posicionamento correto (selecionar pás do tamanho correto, adulto ou pediátrico, para o tamanho/idade do paciente. Remover o papel adesivo protetor das pás). 3) Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho. 4) Quando o DEA indicar “analisando o ritmo cardíaco, não toque no paciente”, solicitar para que todos se afastem efetivamente. 5) Se o choque for indicado, o DEA emitirá a frase: “choque recomendado, afaste-se do paciente”. O socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar para que todos se afastem. 6) Pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque, o qual produz uma contração repentina dos músculos do paciente. 7) A RCP deve ser iniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após o choque. A cada 2 minutos, o DEA analisa o ritmo novamente e pode indicar novo choque, se necessário. Se não indicar choque, deve-se reiniciar a RCP imediatamente, caso a vítima não retome a consciência. 8) Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás não devem ser removidas ou desconectadas até que o serviço médico de emergência assuma o caso. 9) Se não houver suspeita de trauma, e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o socorrista pode lateralizar a vítima, porém deve permanecer no local até que o serviço médico de emergência chegue. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA – ACLS Suporte ventilatório e manejo da via aérea O objetivo das ventilações é manter oxigenação adequada, com eliminação suficiente de dióxido de carbono. No entanto, não há indicações precisas quanto a volume corrente, frequência respiratória e concentração de oxigênio. Monitorização durante a Parada Cardiorrespiratória Monitorização a partir de parâmetros mecânicos e fisiológicos. Manejo da PCR A PCR pode ser causada por quatro ritmos: FV (fibrilação ventricular), TVSP (taquicardia ventricular sem pulso), AESP (atividade elétrica sem pulso) e assistolia. O socorrista deve tentar identificar a causa da PCR – diagnóstico diferencial, obtendo dados, examinando o paciente ou conversando com os familiares. A maioria das causas de PCR pode ser resumida na memorização mnemônica “cinco Hs e cinco Ts ”. Algoritmo do tratamento da parada cardiorrespiratória em fibrilação ventricular/taquicardia ventricular (FV/TV) sem pulso A cada 2 min – analise o ritmo cardíaco É FV ou TV sem pulso? Realizar choque (200J bifásico ou 360J monofásio) Reiniciar RCP Desfibrilação Realiza-se prévio aviso para todos se afastarem e, imediatamente após o choque, as compressões torácicas devem ser reiniciadas, sendo mantidas continuamente por 2 minutos, ao fim dos quais todos devem se afastar do paciente para que o ritmo seja reavaliado (não deve exceder 10 segundos). Durante a desfibrilação, as fontes de oxigênio devem ser desconectadas do paciente. Após a desfibrilação as compressões devem ser retomadas por mais um ciclo de 2 minutos. Durante a reanimação, devem ser consideradas drogas vasopressoras e antiarrítmicas, bem como identificar e tratar causas potencialmente reversíveis. Algoritmo do tratamento da parada cardiorrespiratória em atividade elétrica sem pulso (AESP) ou assistolia A cada 2 min – analise o ritmo cardíaco Se ritmo organizado, checar pulso carotídeo CLASSIFICAÇÃO DE ESFORÇOS A determinação de cessar esforços é difícil e deve se basear em consenso entre os membros da equipe. Alguns instrumentos de monitorização, como a ecografia durante a RCP e o valor da capnografia, podem vir a ser utilizados como parâmetros para auxiliar tal decisão.
Compartilhar