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SUPORTE BÁSICO DE VIDA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA PEDIATRIA E GERIATRIA UNIDADE IV ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA Atualização Fernanda Abrahão Stoliar Elaboração Alexandre Ramos Braga Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE IV ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA ..............................................................................................5 CAPÍTULO 1 ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA GERIATRIA ....................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 CASOS CLÍNICOS ........................................................................................................................................................................ 21 CAPÍTULO 3 RECOMENDAÇÕES SOBRE HIGIENE BUCAL DO IDOSO EM UTI .............................................................................. 25 CAPÍTULO 4 CIRURGIÃO-DENTISTA NO AMBIENTE HOSPITALAR .................................................................................................. 30 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................34 4 5 UNIDADE IV ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA CAPÍTULO 1 ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA GERIATRIA Introdução Segundo Montenegro e Brunetti (2002), a população de idosos, no mundo, vem aumentando sistematicamente, o que é fruto da melhora das condições de vida e do acesso aos avanços da Medicina. Estimou-se que teríamos cerca de 22 milhões de idosos no Brasil no ano de 2020, o que significaria cerca de 10% da população total. A Odontologia tem que avançar para acompanhar essa estatística em ambiente hospitalar. O paciente idoso, muitas vezes, encontra-se em estado crítico no ambiente hospitalar, necessitando de tratamento odontológico adequado para evitar os riscos de infecção e para melhorar sua qualidade de vida. Um exame clínico detalhado se faz necessário para que seja possível obter informações sobre o tratamento adequado desse paciente. Werner et. al. (1998) apontaram a odontogeriatria como o ramo da odontologia que enfatiza o cuidado bucal da população idosa. Especificamente, trata do atendimento preventivo e curativo de pacientes com doenças ou condições de caráter sistêmico e crônico, associadas aos problemas fisiológicos, físicos ou patológicos. O envelhecimento acarreta uma sequência de pequenas reduções nas atividades do corpo humano, como a diminuição da habilidade de recuperação de processos patológicos, diminuição da eficiência do sistema imune, do grau cognitivo e da capacidade motora. Esses fatores são determinantes para a tomada de decisão de como será feita a higienização bucal e como devem ser tratados outros problemas bucais. 6 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA A história odontológica do paciente não pode ser negada. Se o indivíduo estiver consciente, articulado fonética e mentalmente, ele deve participar do plano de tratamento. Caso não esteja consciente, a família deve participar do processo. O prognóstico do paciente é outro item que deve ser discutido com o médico. Alguns dados devem ser levados em consideração, como se o paciente será mantido sobsedação, traqueostomia ou se está em estado vegetativo. Essas informações devem ser observadas na decisão de manter dentes, raízes, próteses dentárias, realização de endodontias e de tratamento periodontal. Dependendo do quadro clínico, não há necessidade de expor o paciente idoso a uma cirurgia ou a outros procedimentos clínicos, exceto os que apresentem riscos de infecção por bacteremia ou sepse. Rabelo, Queiroz e Santos (2010) relataram que, apesar da importância dos cuidados com higiene oral em pacientes internados em UTI, estudos e revisões sistemáticas mostram que tal prática, ainda, é pequena. A presença de focos infecciosos na boca pode influenciar as terapêuticas médicas, devido aos fatores de virulência dos microrganismos que nela se encontram, os quais podem ser agravados pela presença de outras alterações bucais, como a doença periodontal, cáries, necrose pulpar, lesões em mucosas, dentes fraturados ou infectados e traumas provocados por próteses fixas ou móveis que podem trazer para o paciente repercussões na sua condição sistêmica. Para essas condições serem adequadamente tratadas, faz-se necessária a presença de um cirurgião-dentista em âmbito hospitalar, como suporte no diagnóstico das alterações bucais e como coadjuvante na terapêutica médica. Esse profissional atuará em procedimentos emergenciais frente aos traumas, em procedimentos preventivos quanto ao agravamento da condição sistêmica ou o surgimento de uma infecção hospitalar, em procedimentos curativos e restauradores, na adequação do meio bucal e buscando um maior conforto do paciente. Nesse capítulo, abordaremos a importante atuação do cirurgião-dentista frente às principais doenças que acometem idosos e os principias desafios para manter a qualidade de vida desses pacientes, de modo que seja possível evitar o risco de infecções hospitalares. Atuação do cirurgião-dentista frente ao paciente diabético O atendimento do paciente diabético representa um desafio para o atendimento odontológico. O aspecto plurimetabólico e multidisciplinar que envolve tais 7 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV pacientes, muitas vezes, dificulta a elaboração de um protocolo de atendimento. No ambiente hospitalar, o estabelecimento de condutas, para esse tipo de paciente, sempre representou um desafio, mesmo ainda sendo o ambiente mais adequado para o tratamento, considerando que estão reunidos diversos profissionais capazes de proporcionar um tratamento multidisciplinar. Com a atuação cada vez maior do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar, as equipes devem despir-se de qualquer vaidade e trocar informações, visando o bem mais precioso, que é a saúde do paciente. No caso de o idoso diabético, a importância da interação entre os profissionais se faz presente, uma vez que esse profissional necessita de uma equipe médica (endocrinologia, cardiologia, neurologia, nefrologia e oftalmologia), odontológica, de enfermagem, de educação física, de nutrição e de psicologia. Segundo Selwitz e Pihlstrom (2003), o diabetes pode conduzir as várias complicações, incluindo doenças renais, retinopatia, neuropatia, doenças cardíacas, acidentes vasculares, “pé diabético” e cicatrização lenta. As complicações bucais incluem: gengivite, periodontites, disfunção das glândulas salivares, xerostomia, suscetibilidade para infecções bucais, síndrome da ardência bucal, alterações no paladar e halitose. O diabetes é uma doença crônica que afeta direta e indiretamente vários órgãos e tecidos, como resultado de dano arterial. O controle glicêmico inadequado é um dos fatores que contribuem de forma mais evidente para lesões em órgãos. Patologias como doenças periodontais podem influenciar e sofrer influência de diversas doenças, de modo que recebem, cada vez mais, atenção dos ambientes hospitalares e são alvo de vários estudos. Diante de estudos e de dados epidemiológicos sobre a inter-relação entre doenças bucais e diabetes, torna-se necessário o desenvolvimento de um protocolo de atendimento a esses pacientes para que recebam atenção adequada, sendo necessário o aumentado de cuidados no caso de idosos. Tratamento periodontal e índices metabólicos O tratamento periodontal não cirúrgico reduz os índices de citocinas circulantes, o que melhora a condição inflamatória em indivíduos com diabetes. Os índices metabólicos sofrem alteração, sendo possível notar uma diminuição da concentração de HbA1c (hemoglobina glicada), o que indica uma melhora no controle glicêmico após o tratamento periodontal. 8 UNIDADE IV | ATUAÇÃODA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA O controle glicêmico está, sim, relacionado com a saúde periodontal, pois indivíduos, com baixo controle glicêmico, apresentam maior número de citocinas circulantes e piora nas condições inflamatórias periodontais. Nesse contexto, o paciente diabético idoso deve receber atenção especial em relação à saúde periodontal. Os serviços hospitalares devem contar sempre com profissionais da área odontológica para atendimento dos pacientes diabéticos, o que diminui, inclusive, o tempo de internação e os custos que envolvem o tratamento do paciente. Apesar das evidências em relação aos benefícios do tratamento odontológico em pacientes em ambiente hospitalar, ainda, falta espaço e apoio ao cirurgião-dentista para que esse profissional atue de maneira consistente e colaborativa na terapia dos pacientes internados. Os principais riscos relacionados aos pacientes diabéticos são os episódios hemorrágicos e a infecção pós-operatória, os quais podem ser evitados por meio de exames de sangue e de controle dos medicamentos em uso. O tratamento odontológico pode colaborar no controle da glicemia, como já foi dito, e na prevenção de eventos vasculares cerebrais e de infarto agudo do miocárdio. Tratamento para paciente diabético A atenção ao paciente idoso diabético deve começar no momento da anamnese. Esse é o momento de conhecermos bem e registrar alterações locais e sistêmicas que esse paciente apresentar, bem como medicações tomadas, seus hábitos alimentares, higiene bucal e cuidados diários. O cirurgião-dentista não deve negligenciar condições periodontais ao realizar o exame físico. É necessário discutir, juntamente com a equipe médica, a condição do paciente e já iniciar com a orientação de higienização ao paciente e aos familiares. Além de profilaxia antibiótica, em pacientes de alto e médio risco, como Amoxicilina 500 mg a cada 8 horas durante 7 dias ou 2g em 1 hora antes do procedimento a ser realizado; deve ser realizado tratamento periodontal básico com orientação de higiene, raspagem, polimento coronário e aplicação de flúor. O contato, com a equipe médica, é essencial para melhorar o relacionamento entre as especialidades, objetivando a elaboração do plano de tratamento para que seja possível obter um atendimento integral. 9 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV Alguns procedimentos odontológicos produzem níveis de trauma variados nos pacientes e devem ser evitados. Os procedimentos invasivos foram classificados quanto ao risco de produzirem hemorragia ou invasão bacteriana, tanto no tecido gengival quanto no tecido ósseo. Deve ser sempre lembrado que o paciente diabético descompensado apresenta um déficit no seu processo imunológico e cicatricial, o que é evidenciado no idoso. Portanto, para os procedimentos mais invasivos, os pacientes devem estar saudáveis e controlados sistemicamente. No caso de o paciente descontrolado, os procedimentos invasivos devem ser adiados até que o indivíduo seja tratado, considerando que a maioria dos procedimentos odontológicos é de natureza eletiva. O cirurgião-dentista deve ter habilidade e treinamento para avaliar a invasibilidade dos procedimentos, pois um profissional capacitado tende a realizar os procedimentos cirúrgicos com menor trauma possível. Atuação da odontologia hospitalar no paciente cardiopata As doenças cardiovasculares representam 1/3 dos óbitos no Brasil. Em contrapartida, os avanços da medicina têm proporcionado uma longevidade maior a esses pacientes por meio de controle dos fatores de risco, tais como hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, diabetes, obesidade, sedentarismo, hereditariedade e estresse. Na maioria de os casos, os pacientes idosos portadores de cardiopatias e hospitalizados se encontram descompensados sistemicamente ou dependentes de cuidados. Nesse sentido, encontram-se impossibilitados de manter uma higienização adequada e necessitam de cuidados não apenas para os problemas fisiopatológicos, como, também, para as questões psicossociais, ambientais e familiares que estão, intimamente, ligadas às doenças físicas. Os cuidados, com higiene bucal, são de suma importância em pacientes cardiopatas internados em UTI, porém não são encontrados na literatura científica protocolos estabelecidos, possivelmente pelo desconhecimento de técnicas adequadas pelas equipes de terapia intensiva e pela ausência do cirurgião-dentista nos ambientes hospitalares. A falta de interação interdisciplinar enfermagem/odontologia, em muitos casos, colabora para esse tipo de situação. Processos infecciosos podem agravar o quadro clínico e dificultar o tratamento de um paciente cardiopata. Em idosos, esse quadro é mais agravado, sendo necessário 10 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA o acompanhamento com exames odontológicos periódicos para evitar focos de infecção. Os procedimentos, que devem ser realizados pelo cirurgião-dentista, incluem: medidas de profilaxia, avaliações clínicas amplas e preparo pré-operatório. O acúmulo de biofilme, na cavidade bucal, especialmente em pacientes idosos internados em UTI, pode influenciar terapêuticas médicas em decorrência de fatores de virulência dos microrganismos presentes. O quadro pode ser agravado pela existência de doença periodontal, xerostomia, cáries, necrose pulpar, lesões bucais, traumas provocados por próteses fixas e móveis, os quais podem acometer as condições sistêmicas, como a pneumonia nosocomial. A pneumonia nosocomial é aquela que pode ou não estar associada à ventilação mecânica. É uma infecção frequente nas UTIs. Seus principais fatores etiológicos incluem bactérias colonizadoras e oportunistas que se encontram no ambiente hospitalar. Para que essas condições sejam resolvidas, é importante a presença do cirurgião-dentista como parte integrante da equipe médica, para auxiliar: no diagnóstico das alterações bucais, na atuação em procedimentos emergenciais frente aos traumas, na prevenção de acidentes (deglutição de dentes com mobilidade, traumas decorrentes de mordidas na mucosa bucal), na eliminação de processos inflamatórios e infecciosos, nos procedimentos preventivos ao agravamento de doenças sistêmicas ou no surgimento de uma infecção hospitalar, nos procedimentos cirúrgicos, nos curativos e restauradores, na adequação do meio bucal e no treinamento da equipe de enfermagem para higiene bucal. Inúmeros estudos comprovam que a higiene bucal adequada e o acompanhamento pelo cirurgião-dentista reduzem, significativamente, a progressão da ocorrência de doenças respiratórias entre pacientes idosos considerados de alto risco e mantidos em cuidados paliativos, sobre os internados em UTI. A Doença Arterial Coronariana (DAC) é uma das principais causas de morte em todo o mundo, especialmente pelo infarto agudo do miocárdio, que é a apresentação aguda dessa doença. Ela é caracterizada pela obstrução arterial coronariana, sendo uma emergência médica que deve ter atenção rápida e pode levar o indivíduo à morte. Cada vez mais, artigos científicos têm mostrado evidências de que a doença periodontal pode ser um fator de risco predisponente ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mackenzie e Millard (1963), em um dos primeiros estudos sobre associação da doença periodontal e doença arterial coronariana, ressaltam que 62% dos pacientes com aterosclerose demonstraram maior perda óssea nos maxilares que o 11 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV grupo-controle. Desde então, inúmeros estudos começaram a ser feitos para evidenciar essa associação. Mattila et al. (1989) mostraram evidências mais detalhadas da interação entre a condição bucal e doenças coronárias. Mais adiante, De Stefano (1993) relatou que indivíduos com periodontite apresentam maior risco de desenvolver doenças coronarianas. Elter et al. (2004) analisaram a relação entre a doençaperiodontal e as perdas dentárias com as doenças cardiovasculares. Os autores perceberam que havia uma grande relação entre os pacientes com o menor número de dentes na cavidade bucal e a menor inserção óssea e as doenças cardiovasculares comparados aos pacientes com o maior número de dentes e a maior inserção óssea. Os autores concluíram que o número de dentes perdidos e a menor inserção óssea têm relação com doenças cardiovasculares, estando associados esses dois fatores. Os pacientes, com doença arterial coronariana e que necessitam de tratamentos odontológicos específicos, como exodontias, constituem um grupo especial. Trata-se da afecção mais comum em pacientes cardiopatas idosos internados em UTI. Um dos aspectos, que deve ser mais bem avaliado, é a intolerância desses pacientes ao estresse. O medo, a dor, a ansiedade, causados pelo tratamento odontológico, podem gerar alterações cardiovasculares durante o procedimento. A elevação dos níveis plasmáticos de catecolaminas endógenas, de contratilidade cardíaca, de frequência cardíaca e de pressão arterial podem ocasionar uma isquemia miocárdica transitória, as arritmias, as crises hipertensivas, o acidente cardiovascular e o infarto agudo do miocárdio. Em atenção a essas ocorrências, um protocolo de controle de ansiedade, por meio de medicamentos com benzodiazepínicos, pode auxiliar o cirurgião-dentista e evitar a ocorrência de tais eventos. O infarto recente do miocárdio, talvez, seja o maior fator de risco de pacientes cardiopatas antes de qualquer tratamento cirúrgico. Nesses casos, existe maior possibilidade de insuficiência cardíaca congestiva, arritmia, assim, como uma supressão do miocárdio à anestesia. O tratamento odontológico desses pacientes deve ser conduzido de maneira a reduzir o estresse, com consultas curtas e sedação complementar. O primeiro ano, após o infarto agudo do miocárdio ou em cirurgias de revascularização (pontes de safena e mamária), é o mais crítico. Durante esse tempo, o tratamento odontológico deve ser evitado, com exceção dos casos de urgência, como pulpites e abcessos. Porém, há estudos que mostram que, se não 12 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA houver uma higienização correta e o tratamento odontológico, nos primeiros meses após o infarto, as chances de colonização bacteriana aumentam muito, o que favorece quadros de pneumonia nosocomial, principalmente, nos primeiros dias em que o paciente permanece internado em UTI. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o fator de risco mais comum para as doenças cardiovasculares. Está presente em 85% dos pacientes e apresenta uma relação contínua e progressiva. O tratamento farmacológico da HAS pode acarretar problemas secundários na cavidade bucal, como hiperplasia gengival, xerostomia e sangramento excessivo em procedimentos cirúrgicos. A terapia, usada no tratamento dessa doença, pode interferir direta ou indiretamente nos procedimentos odontológicos, em virtude de interações medicamentosas, e na alteração de humor. Transplantados cardíacos A atuação da Odontologia, na equipe multidisciplinar do paciente com transplante cardíaco, é extremamente importante para a manutenção da saúde bucal e a erradicação de possíveis focos infecciosos capazes de provocar lesões ao transplante e pós-transplante. Ainda, não há um protocolo de tratamento odontológico adequado e padronizado para os indivíduos transplantados, contudo há um consenso sobre algumas condutas que devem ser adotadas previamente ao transplante. É sempre importante realizar uma anamnese minuciosa, com um exame clínico e físico meticuloso e solicitar, quando necessário, exames radiográficos e laboratoriais. Devem ser implantadas medidas de controle do biofilme dental e cálculo supra/subgengival, realizar controle da doença periodontal, orientar e capacitar a enfermagem quanto aos procedimentos de higiene bucal e complementação com substâncias antimicrobianas, extrair raízes residuais e dentes com prognóstico duvidoso, eliminar focos de infecção, realizar profilaxia antibiótica nos casos de risco de endocardite infecciosa, orientar pacientes e familiares quanto aos cuidados bucais. Segundo Díaz-Ortiz et al. (2005), as infecções mais frequentes, na maioria das vezes, estão associadas à má condição bucal, à presença de dentes cariados e à doença periodontal agravada pelo crescimento gengival. Sendo assim, é de extrema importância a eliminação de focos infecciosos antes da realização do transplante. 13 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV Na fase pós-transplante, os procedimentos odontológicos eletivos não estão indicados, e devem ser protelados. Devem ser realizados apenas procedimentos de urgências, discutidos previamente com a equipe médica. As alterações odontológicas mais frequentes são a hiperplasia gengival, a língua saburrosa, a língua fissurada, a xerostomia, a candidíase, a herpes simples e as doenças linfoproliferativas; as quais podem evoluir para um linfoma. Na fase pós-transplante, após os seis primeiros meses, seria o período ideal para o retorno aos procedimentos odontológicos que não puderam ser realizados previamente. O cirurgião-dentista deve estar a par da saúde geral do paciente, recomendando a administração sistêmica ou o local de antimicrobianos, para que não se desenvolvam infecções oportunistas. Ao se realizar procedimentos cirúrgicos mais invasivos, o tempo de protrombina deve ser mensurado no dia do procedimento odontológico (se o paciente estiver em uso de anticoagulante oral), e a utilização de fármacos ou de técnicas hemostáticas faz-se necessária. Endocardite infecciosa Procedimentos odontológicos geram bacteremia, os quais são quando bactérias do meio bucal caem na corrente sanguínea. Essa bacteremia pode, em alguns indivíduos, se alojar no endocárdio, causando, assim, a endocardite infecciosa. A endocardite infecciosa é provocada principalmente pela bactéria Streptococus Viridans, e cerca de 40% dos casos são originados por gengivites, periodontites, lesões periapicais ou traumas sobre a mucosa bucal. Alguns pacientes cardiopatas possuem uma predisposição maior a endocardite infecciosa, como, por exemplo, os portadores de valvulopatias ou de algumas cardiopatias congênitas. Esses pacientes necessitam de cuidados especiais antes dos procedimentos odontológicos, sendo necessária então a profilaxia antibiótica. O cirurgião-dentista deve estar envolvido integralmente nos cuidados pré-operatórios de pacientes que serão submetidos à cirurgia cardíaca. Torna-se obrigatório o conhecimento das anormalidades cardíacas e a necessidade de uso profilático de antibióticos para a remoção de possíveis focos infecciosos. O exame odontológico deve atentar para qualquer infecção aguda ou subaguda, como abscessos, fístulas, raízes residuais, periapicopatias e doenças periodontais ativas; as quais aumentem as chances de bacteremias passageiras; o que pode provocar endocardite infecciosa em pacientes idosos e comprometer o pós-operatório. Além disso, manobras de higienização bucal e de intervenção imediata sobre qualquer risco de infecção são primordiais nesse grupo de pacientes. 14 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA Uso de anestésicos locais No plano de tratamento de pacientes que requerem cuidados especiais, um assunto bastante discutido diz respeito ao uso de anestésicos locais. Na maioria das vezes, há uma interação entre o médico e o cirurgião-dentista sobre a impossibilidade do uso de agentes vasoconstritores. Essa interação deve ser, ainda mais, precisa no caso de pacientes idosos. Os vasoconstritores não são contraindicados para pacientes com enfermidade cardíaca diagnosticada e controlada, desde que sejam tomados os seguintes cuidados: ter conhecimento vasto sobre a patologia do paciente, selecionar com critério o anestésico e o vasoconstritor, e optar e dominar técnicas anestésicas.Bennet (1986) salientou que, quanto maior for o risco clínico de um paciente, mais importante se torna o controle da ansiedade e da dor. A anestesia local, em idosos cardiopatas, deve ser eficiente o bastante para proporcionar um efetivo controle da dor durante e, logo, após o tratamento; o que evita a secreção de catecolaminas e sua consequência. O emprego de soluções anestésicas sem vasoconstritores traz uma série de desvantagens, pois, além da diminuição do tempo de ação do fármaco, proporciona um aumento da toxicidade sistêmica. Situações de dor e de tensão, muito comuns em idosos cardiopatas em UTI, podem produzir uma quantidade de adrenalina endógena maior do que a administrada no anestésico local quando a dosagem correta é respeitada. Sendo assim, o paciente que estiver apto a tolerar o estresse do procedimento dentário, segundo a equipe médica, pode receber anestésico local com vasoconstritor. O paciente idoso, com histórico de infarto agudo do miocárdio ou angina, deve receber atenção especial para reduzir os níveis de estresse por meio de anestesia eficiente e profunda para os procedimentos odontológicos. A prescrição de ansiolíticos deve ser planejada com a equipe médica para auxiliar no conforto do indivíduo. A monitoração da pressão arterial deve ser feita antes, durante e 30 minutos após o procedimento. A bupivacaína é indicada para os procedimentos de maior duração. No entanto, ela é cardiotóxica por apresentar atração por fibras cardíacas, sendo contraindicada para os pacientes cardiopatas. No caso de pacientes cardiopatas idosos, a prilocaína é o medicamento de referência para uso, pois contém felipressina como vasoconstritor, não induzindo variações de pressão arterial. O risco das interações medicamentosas deve ser sempre discutido com a equipe médica, visto que cardiopatas sempre fazem uso de medicamentos contínuos. 15 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV A epinefrina deve ser evitada em indivíduos com arritmias severas. No caso de contraindicação absoluta de vasoconstritores, pode-se usar como opção a mepivacaína 3% sem vasoconstritor. É importante considerar a gravidade de doenças cardíacas em idosos. Portadores de cardiopatias, geralmente, possuem redução de perfusão hepática, o que aumenta a meia- vida do anestésico por ter sua biotransformação comprometida. A associação ou não do vasoconstritor deve ser considerada conforme o tempo operatório e hemostasia local necessária. Anticoagulantes orais Para atuar em ambiente hospitalar, o cirurgião-dentista deve estar familiarizado com alguns aspectos da área médica, como interações medicamentosas, tipo de doença cardíaca e sua gravidade, além de conhecer de forma clara a hemostasia. No que diz respeito à hemostasia, os pacientes devem ser questionados rotineiramente em relação às possíveis distúrbios hemorrágicos e à utilização de medicamentos que interfiram na coagulação. Quando incapacitados ou internados em UTI, recomenda-se perguntar ao médico. Muitos cirurgiões-dentistas recomendam que o uso do AAS seja interrompido antes de cirurgias bucais. Porém, Medeiros (2008) sugere que a terapia, com AAS para prevenção de eventos cardiovasculares, não deve ser interrompida para procedimentos cirúrgicos de extrações dentárias em função do receio ao sangramento. Segundo o estudo, há um maior risco de eventos tromboembólicos do que episódios hemorrágicos e a hemostasia local seria suficiente para controlar o sangramento. Recomenda-se a manutenção da anticoagulação oral em pacientes que se encontram dentro da faixa terapêutica, os quais serão submetidos aos procedimentos odontológicos. Já em pacientes que recebem anticoagulação plena com heparina, os quais, normalmente, estão internados com algum evento trombótico recente, recomenda-se suspender a heparina 12 horas antes do procedimento. Diversos estudos enfatizam a importância de medidas hemostáticas locais no controle do sangramento de pacientes anticoagulados. Dentre essas medidas, temos agentes antifibrinolíticos (Transamin ou Ípsilon), macerado ou em solução para serem usados por meio de bochechos, adesivos biológicos (Colagel ou Beriplast) e hemostáticos absorvíveis (Gelfoam ou Surgicel) e procedimentos mecânicos com sutura, tamponamento e compressa de gelo local. 16 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA O atendimento odontológico, em pacientes idosos cardiopatas que se encontram internados em UTI, requer um correto planejamento clínico. Com essa finalidade, a interação entre a equipe médica e a equipe de enfermagem, são cruciais para a determinação de fatores de risco. Quanto mais preparado estiver o cirurgião-dentista, menores serão as chances de complicações, além da capacidade de gerar qualidade de vida ao paciente. Cuidados do atendimento de idosos com nefropatias A doença renal crônica (DRC) é uma síndrome progressiva e irreversível caracterizada pela perda da função renal. Por acometer muitos idosos, deve receber atenção especial da Odontologia Hospitalar. Tem como causas mais comuns a diabetes mellitus, a hipertensão arterial, os processos renais obstrutivos crônicos e as doenças hereditárias. O diagnóstico precoce é difícil de ser realizado, uma vez que a doença surge de forma silenciosa, normalmente, não apresentando sinais e sintomas específicos até o seu estágio avançado. A avaliação clínica médica se baseia em anamnese, em exames laboratoriais e em diagnóstico por imagem. Manifestações bucais em pacientes idosos com DRC (Doença Renal Crônica) O declínio da função renal acarreta um quadro de uremia que traz complicações na cavidade bucal. Estima-se que 90% dos pacientes apresentam alguma lesão associada à doença ou ao tratamento. Além disso, pacientes com DRC apresentam uma condição bucal pior em relação à população em geral. A manutenção da saúde bucal desses pacientes pode ser prejudicada por fatores psicológicos, como depressão e ausência de motivação em relação à saúde como um todo. Em idosos, o quadro se agrava, merecendo atenção especial e interação com a psicologia. A alta concentração de ureia, presente na saliva, faz com que os pacientes relatem gosto metálico e halitose. A halitose é mais prevalente em pacientes em hemodiálise, diálise peritonial ambulatorial contínua (CAPD) e pré-diálise, do que em pacientes transplantados. Pacientes transplantados apresentam melhor fluxo salivar e diminuída xerostomia e desidratação. Xerostomia, inflamação e aumento da parótida e palidez da 17 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV mucosa bucal podem ser sintomas comuns em virtude do envolvimento glandular, desidratação e anemia, encontrados geralmente em pacientes com falha renal. A xerostomia predispõe a cárie dentária, inflamação gengival, dificuldades de fala e de mastigação, perda de paladar e retenção de dentaduras diminuídas. Ulcerações, na mucosa, mais conhecidas como estomatites urêmicas, são prevalentes no assoalho da boca, na superfície ventral da língua e nas superfícies mucosas da região anterior. Essas lesões, geralmente, são dolorosas, com tamanho variado, e são sintomas da capacidade de cicatrização reduzida da mucosa bucal em pacientes em estágio avançado da doença. As lesões cicatrizam espontaneamente quando a uremia é controlada. Há, também, observação de pseudomembranas que acometem pacientes com higiene bucal deficiente. Caracterizam-se por um exsudato superficial na mucosa ou gengiva, o que representa uma formação fúngica superficial causada por cândida ou necrose do tecido causada por estafilococos coagulase-negativa e estreptococos. Hemorragias gengivais, petéquias e equimoses são, frequentemente, vistas na cavidade bucal em virtude da tendência hemorrágica que ocorre na uremia e pode ser exacerbada pela anemia e pela diminuição da função plaquetária. Um baixo índice de cárie é atribuído à diminuição de placa e às bactérias em virtude de altosíndices de ureia na saliva. Em alguns pacientes em hemodiálise, a regurgitação decorrente de náusea, associada ao tratamento, pode causar uma severa erosão dentária. É observado, nesses pacientes, um aumento da prevalência de gengivite ulcerativa necrosante (GUN) em virtude da imunossupressão. Gengivite e periodontite surgem em pacientes com estágio avançado da doença. Borawski et al. (2007) observa a ocorrência de periodontite mais severa em pacientes com disfunção renal do que na população em geral, além disso, a severidade aumentava à medida que a função renal progredia. Atendimento a pacientes idosos com doenças onco-hematológicas As neoplasias são resultado da perda do controle da capacidade de proliferação, do amadurecimento e da morte de células. Na área hematológica, as neoplasias malignas mais comuns são as leucemias, os linfomas e os mielomas múltiplos. 18 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA Segundo Lisana (2010), as neoplasias hematológicas são um grupo heterogêneo de doenças malignas que afetam os precursores hematopoiéticos da medula óssea as quais, desde o seu início, já não costumam estar restritas a uma única região do corpo, manifestando-se em várias partes, sem respeitar barreiras anatômicas. Os órgãos, mais envolvidos nesse processo, são: sangue, medula óssea, gânglios linfáticos, baço e fígado. Para Rosa (2012), as leucemias são neoplasias metastáticas originadas de células precursoras hematopoiéticas que provocam a substituição difusa da medula óssea por células neoplásicas imaturas, com alta taxa de proliferação. Essas células, na maioria dos casos, extravasam para o sangue, no qual são observadas em grande quantidade. De acordo com o tipo celular predominante, as leucemias podem ser classificadas em: leucemias linfocíticas, que afetam os linfócitos imaturos e seus progenitores na medula óssea; e leucemias monocíticas, que envolvem as células-tronco mieloides pluripotentes. As leucemias, também, podem ser subclassificadas de acordo com sua manifestação aguda ou crônica. Segundo Spector (2009), linfomas são processos malignos com origem nos tecidos linfoides periféricos e constituem um grupo de diversos tumores sólidos, com diferentes aspectos moleculares, fisiopatológico, genéticos e de tratamento. Os linfomas podem ser agrupados em dois grandes grupos: linfomas de Hodgkin (LH) e linfoma não Hodgkin (LNH). O LH envolve uma expansão clonal de linfócitos B, embora um pequeno subconjunto de LH seja derivado de células T. A característica fundamental desses linfomas é a presença de uma célula anormal, denominada célula de Reed-Sternberg (RS), célula binucleada (ou multinucleada) com núcleos grandes e eosinófilos. Os LNH são constituídos por neoplasias de células B ou T. Apesar de comumente originarem-se nos linfonodos, esses linfomas podem surgir em qualquer tecido linfoide. As células neoplásicas B e T migram para os linfonodos como se fossem linfócitos normais, colonizando-os. Souza (2004) descreve o mieloma múltiplo como um tumor de células plasmocitárias que corresponde a, aproximadamente, 10% das neoplasias hematológicas. Caracteriza-se pela proliferação neoplásica de plasmócitos na medula óssea. Como consequência, ocorre destruição óssea, falência renal, supressão da hematopoiese, maior risco de infecções, insuficiência da medula óssea e produção de proteína monoclonal. A doença é rara antes dos 40 anos, e mais de 70% dos pacientes são diagnosticados após os 60 anos. Em idosos, é um tumor frequente, responsável por 1% da mortalidade por neoplasias. A prevalência está aumentando paralelamente à longevidade populacional. 19 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV Manifestações bucais decorrentes do tratamento de doenças onco-hematológicas As manifestações mais frequentes decorrentes do tratamento oncológico em idosos são: mucosite, dor, infecções, hemorragia, alteração da função de glândulas salivares, hipossialia, xerostomia, cárie, disgeusia, odinofagia, disfagia, doença do enxerto contra o hospedeiro, disfunção da ATM, trismo e osteonecrose. A mucosite é mais frequente e sua manifestação ocorre entre o quarto e quinto dia após a quimioterapia, ou quando há um acúmulo de doses de radiação na região da cabeça e do pescoço, tendo seu aspecto similar em ambas as terapias. As complicações incluem: dor, comprometimento de funções bucais e faríngeas, episódios de hemorragia e infecções. Outra alteração importante envolve as glândulas salivares que são altamente radiossensíveis. A disfunção ocorre em virtude de destruição tecidual. O fluxo salivar é reduzido (hipossialia); há sensação subjetiva de secura na boca (xerostomia), alteração pH salivar, diminuição da capacidade de tampão e de remineralização, o que aumenta a suscetibilidade à cárie, às doenças periodontais e às lesões na mucosa. A disgeusia é definida como alteração persistente do paladar. No caso de os pacientes onco-hematológicos, essa alteração é um efeito direto da radiação nos corpúsculos gustativos da língua ou da redução do fluxo salivar. A disfagia, caracterizada pela dificuldade de deglutição, está relacionada aos fatores como hipossialia e disgeusia. Essa condição leva à perda de peso e ao comprometendo da recuperação da terapia antineoplásica. A doença do enxerto-contra-hospedeiro (DECH) é uma das complicações do transplante de medula óssea alogênico que, frequentemente, tem manifestações bucais. Aparece como lesões brancas, ceratóticas, estriadas, erosivas e bolhosas. A disfunção da articulação temporomandibular (DTM) decorre da ação da radiação aplicada diretamente sobre as estruturas articulares. A principal alteração é o trismo, que é a limitação da abertura bucal. O tratamento radioterápico pode trazer, também, uma complicação mais agressiva caracterizada pela redução da irrigação sanguínea em virtude de a fibrose vascular da alteração do processo de neoformação óssea. Esse processo, chamado de osteorradionecrose, aumenta, consideravelmente, a suscetibilidade aos processos infecciosos e à necrose óssea. 20 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA Conduta odontológica em pacientes idosos onco- hematológicos A avaliação odontológica deve ser realizada antes do tratamento quimioterápico, radioterápico na região da cabeça e do pescoço, e do transplante de medula óssea, visando identificar possíveis focos de infecção. O exame físico deve ser minucioso na busca de infecções, bem como de lesões associadas à doença. Fatores retentivos de placa devem ser eliminados. A literatura suporta que a adequação bucal não apenas reduz o risco de complicações, mas reduz a severidade das mucosites. A equipe de saúde bucal deve orientar sobre a necessidade do controle de placa com escovas macias, bem como minimizar os efeitos da redução salivar; o que indica o uso de saliva artificial, de sialogogos, citoprotetores e de gomas de mascar sem açúcar. Orientar, quanto à redução da ingestão de sacarose, é importante e a aplicação tópica de flúor deve ser realizada para prevenção de cárie. O uso de antifúngicos, de antibacterianos e de antivirais deve ser considerado, uma vez que o paciente se encontra com baixa imunidade. A disgeusia requer um tratamento complexo com uso de estimuladores de apetite, e deve ser discutido com a equipe médica. O uso de suplementos de zinco proporciona melhora na alteração do paladar. A laserterapia é indicada na prevenção de mucosites bucais, associada a outras terapias ou isoladamente. Quando a DECH se limita à mucosa bucal, a laserterapia, também, pode ser usada para tratamento. O tratamento da osteorradionecrose não pode ser enquadrado em um protocolo. Lesões iniciais requerem tratamento conservador. Nos casos cirúrgicos, a quantidade de tecido ósseo, a ser ressecado, deve considerar a presença de vitalidade do osso remanescente. O tecido ósseo removido deve ser encaminhado paraexame anatomopatológico, de modo que possa ser descartada a possibilidade de neoplasia. Pacientes idosos que já completaram o tratamento oncológico com sucesso e que estão curados da neoplasia podem ser submetidos ao tratamento odontológico de rotina. É importante considerar o uso de bisfosfonatos pela paciente e, nesse caso, deve-se estar atento aos cuidados específicos. 21 CAPÍTULO 2 CASOS CLÍNICOS Caso clínico 1 Paciente I. M., leucoderma, sexo feminino, 90 anos, portadora de uma anemia de grau sanguíneo 7 (hemoglobinas 7.3 g/dl; ferritina 6.3 ng/ml), internada em hospital particular em Goiânia-GO, para a realização de transfusão sanguínea, mas que, no dia seguinte ao procedimento médico, teve uma parada cardiorrespiratória, sendo internada na UTI imediatamente após o ocorrido, ali permanecendo por 27 dias ininterruptos. A paciente foi intubada orotraquealmente e foi posteriormente submetida a um procedimento de traqueostomia. Todo o processo respiratório, consequentemente, passou a ser dependente de aparelhos, e a pressão arterial permaneceu controlada por medicamentos. Após o período crítico e de condutas médicas emergenciais, a paciente apresentou-se colaboradora e consciente de todas as atividades realizadas na UTI, contribuindo, de certa forma, para a sua recuperação. De acordo com a própria paciente e seus familiares, as condutas odontológicas na UTI não eram realizadas diariamente e de maneira adequada. Tal fato foi determinante para a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pela responsável legal, sua filha, autorizando a intervenção odontológica de caráter preventivo na paciente na própria UTI. Suas características clínicas foram marcadas pela disfagia e pela hipersalivação, pela voz hipossonora, pela higiene bucal precária, pelo acúmulo de biofilme; principalmente, aderido aos implantes inferiores (dentes 33 e 43, responsáveis pela sustentação de uma prótese implanto-suportada) e na prótese total superior, além da presença de saburra lingual. As condutas odontológicas planejadas e executadas objetivaram o estabelecimento da saúde bucal da paciente a partir de a eliminação dos possíveis focos inflamatórios presentes. Hidratações labiais e das mucosas com vitamina E + óleo de coco em gel comestível foram realizadas constantemente, contribuindo para o mínimo conforto bucal da paciente. Foram realizadas condutas de higienização das próteses, a partir de o uso de escova específica para a limpeza de próteses e de sabão neutro. Posteriormente, utilizou-se gaze embebida em solução de digluconato de clorexidina a 0,12% para a complementação da higienização protética. 22 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA A eliminação da saburra lingual foi realizada, sob orientação, com o uso da solução de digluconato de clorexidina a 0,12%, formulação em gel, utilizando uma escova dentária descartável no sentido póstero-anterior da língua, sob constante sucção, de 12 em 12 horas durante 21 dias, pela equipe odontológica no ambiente hospitalar e na UTI. Utilizou-se, também, uma escova dental Oral Care (Comfort Personal Cleansing Products/Sage Products), específica para higienização bucal em UTIs, para verificar se havia algum benefício no tratamento da paciente, uma vez que a escova dentária tem um sistema de sucção associado, o que permite que a escovação dentária seja feita com um sistema de sucção realizado simultaneamente. No período em que esteve internada na UTI, a paciente perdeu peso, fato que contribui para uma não adaptação satisfatória da prótese total superior e, como consequência, o aparecimento de uma úlcera traumática na região de rebordo superior direito, devido ao uso constante do objeto. Condutas clínicas de desgaste da prótese foram realizadas no ambiente hospitalar em associação medicamentosa a partir de a prescrição de AD MUC (extrato fluido de chamomilla recuita (L.) Rauschert 10%), 3 vezes ao dia; o que contribuiu para o desaparecimento da úlcera e do incômodo relatado pela paciente. Após o estabelecimento das suas condições de saúde de maneira favorável, a paciente passou a utilizar as próteses dentárias, o que permitiu a realização de uma correta mastigação e aumentou a sua capacidade nutricional e de autoestima, as quais foram de suma importância na sua recuperação. Caso clínico 2 Paciente C.M.B., leucoderma, 86 anos, portador de demência em grau avançado, ou seja, comprometimento das funções de memória, de cognição, de comunicação, das funções físicas, motoras e dos cuidados pessoais (inclusive de higienização bucal). Foi internado na UTI de um hospital particular em Brasília, devido ao comprometimento infeccioso do trato respiratório inferior. Além do quadro pneumológico, o paciente apresentava outras alterações sistêmicas, como hipertensão e disfunção renal, conforme prontuário médico intensivista, o que, também, estabelecia que o paciente estava submetido à ação antibiótica específica e ao monitoramento sistêmico contínuo. A participação do cirurgião-dentista, em tal caso, foi baseada na indicação médica e na aceitação 23 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV familiar para que fosse feita uma avaliação da condição bucal do paciente após as informações adquiridas da equipe de enfermagem que fazia parte do grupo de profissionais que assistia tal paciente. As principais queixas da equipe de enfermagem foram a grande dificuldade de realizar a higienização bucal adequada devido às dificuldades de abertura de boca por parte do paciente, o que impedia a realização de certas técnicas de escovação dentária, das mucosas, dos palatos e da língua. A presença de sangramento gengival, após a “tentativa” de uma correta higienização bucal diária e o grande acúmulo de placa bacteriana, biofilme dental, e o desconhecimento de como eliminar a presença desse possível foco inflamatório, foram os sinais clínicos expostos e as orientações dadas pela equipe de enfermagem responsável pelo paciente. A interpretação odontológica feita foi baseada na grande dificuldade da equipe de enfermagem em realizar certas adaptações, o manejo clínico, a falta de capacitação profissional para a realização de ações corretas e favoráveis à promoção de saúde bucal do paciente. O paciente apresentava os dentes hígidos, com grande acúmulo de biofilme, de cálculo supragengival, principalmente da região lingual dos dentes anteriores inferiores, inflamação gengival (gengivite), saburra lingual e ausência de cáries. Após tal avaliação, foi elaborado um relatório clínico da condição da cavidade bucal do paciente, juntamente com as imagens feitas, exemplificando a real situação em que o paciente se encontrava e o plano de tratamento a ser realizado, sob consentimento médico e, principalmente, familiar. Os procedimentos odontológicos planejados e executados visaram à eliminação dos possíveis focos de inflamação, favoráveis à instalação de infecções oportunistas, como a pneumonia nosocomial, por meio de ações odontológicas de mínima intervenção de caráter preventivo e de orientações à equipe de enfermagem a respeito de possíveis meios favoráveis, sob supervisão, na promoção da saúde bucal do paciente. Com a utilização de meios auxiliares, como abridores de boca e de expansores, ampliou-se o campo de visão clínica para a realização dos procedimentos planejados. A eliminação da presença de biofilme dental e do cálculo supragengival foi feita por meio de raspagem, associada à profilaxia feita com escova dentária com pasta profilática. 24 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA Ademais, associou-se à higienização da língua a utilização da solução de gluconato de clorexidina a 0,12%, por meio de gaze embebida e fixada em um porta-agulha, e limpadores linguais sob orientação da equipe de enfermagem de realizar tal procedimento duas vezes ao dia, num intervalo de 12 horas cada. Optou-se, também, pela escovaçãodentária com fluoreto fosfatado acidulado a 1,23% com o objetivo de manter a cavidade bucal com um pH básico, considerado menos nocivo às estruturas dentárias. Tais procedimentos foram feitos durante 6 dias consecutivos, 2 vezes ao dia (manhã e noite), pelo profissional da odontologia e pela equipe de enfermagem, após orientações recebidas. Após esse período, constatou-se uma melhora significativa da condição bucal do paciente, ou seja, eliminação dos fatores retentivos de placa bacteriana, saburra lingual e da condição inflamatória do tecido periodontal Considerações O idoso merece uma atenção especial por se tratar de indivíduo, muitas vezes, com a capacidade de recuperação reduzida. O cirurgião-dentista deve estar preparado e amparado pela equipe médica para a atuação no campo geriátrico. O controle sintomático dos processos infecciosos e os efeitos adversos proporcionam ao idoso a qualidade de vida, o conforto e diminui o tempo de internação. A integração entre a equipe odontológica e médica agrega qualidade ao cuidado do paciente e reduz as comorbidade durante tratamento sistêmico. 25 CAPÍTULO 3 RECOMENDAÇÕES SOBRE HIGIENE BUCAL DO IDOSO EM UTI Segundo Camargo (2005), a odontologia hospitalar é uma prática que visa aos cuidados das alterações bucais e que exige procedimentos de equipes multidisciplinares de alta complexidade. Quando se trata de uma odontologia integrada a uma equipe multidisciplinar, devemos tratar o paciente como um todo, não somente focar a região da cavidade bucal, pois a boca abriga microrganismos que, facilmente, ganham a corrente circulatória; o que expõe o paciente a um risco de enfermidade. A atuação do cirurgião-dentista, no ambiente hospitalar, depende muito da estrutura e do perfil do hospital. Por exemplo, se é um hospital exclusivamente para tratamento infantil ou de câncer, ou hospital geral, que apresenta maternidade, atendimento infantil, centro cirúrgico para tratamento de alta complexidade e pronto-socorro; muitos procedimentos são realizados à beira do leito dos pacientes, e, quanto mais diversificado for o hospital, maiores serão as necessidades da atuação do cirurgião-dentista. Em centros cirúrgicos, pode-se realizar tratamento cirúrgico de lesões bucais ou complicações bucais decorrentes de doença local, sistêmica ou trauma, assim, como realizar tratamento odontológico propriamente dito em pacientes com necessidades especiais ou pacientes normorreativos, cujo tratamento não seja possível de ser realizado sob anestesia local em consultório. A importância dos cuidados bucais, em pacientes idosos em terapia intensiva, tem sido alvo de inúmeros estudos, cujos resultados apontam para a necessidade de implementação de diretrizes para a manutenção da saúde bucal. As características da cavidade bucal nos levam a considerá-la um incubador microbiano ideal. Araújo et al. (2009) descreveram que o cuidado, para com o paciente internado, deve ser avaliado de forma integral, envolvendo as áreas multidisciplinares da saúde. Deve ser prezado, também, o bem-estar geral de um paciente em cuidados intensivos. Uma sensação de conforto adequada seria fundamental para melhorar a sobrevida desses pacientes, porém é de extrema dificuldade promover a qualidade de vida em um ambiente no qual a preocupação mais eminente é a luta contra a morte. A internação na UTI rompe bruscamente com o modo de viver do sujeito, incluindo suas relações e seus papéis, e a sua identidade fica fortemente afetada. Devido à severidade do seu estado, o paciente não é considerado atuante de suas escolhas e, 26 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA geralmente, não exerce a autonomia em coisas simples, como a higiene pessoal, a alimentação e a excreção. Em 2010, a Vigilância Sanitária publicou, no Diário Oficial da União, a Resolução da Diretoria Colegiada n. 7/2010, em que foram estipulados requisitos mínimos para o funcionamento de uma UTI. Foram definidos os serviços que o paciente deve ter à beira do leito, sendo o VI tópico a assistência odontológica. Com isso, as UTIs devem adequar-se no sentido que seu corpo assistencial contenha, pelo menos, um profissional da área odontológica. Oliveira et al. (2007), em um estudo de corte transversal, investigaram a presença de patógenos respiratórios na cavidade bucal de pacientes em UTI. Foram incluídos, no estudo, 30 pacientes com idades entre 18 e 82 anos, internados na UTI geral do Hospital Municipal Raul Sertã em, Nova Friburgo-RJ, e diagnosticados com pneumonia nosocomial. A partir disso, foram realizadas culturas e amostras microbiológicas da placa dental supragengival, da língua e do tubo orotraqueal. Os autores concluíram que a presença de patógenos respiratórios no biofilme bucal dos pacientes pode servir de reservatório para microrganismos relacionados com a pneumonia nosocomial. São várias espécies bacterianas, de fungos e de vírus, residindo em um ecossistema, denominado de biofilme encontrado em praticamente todos os locais da cavidade bucal, principalmente no dorso da língua e na superfície dos dentes. A literatura evidencia que os cuidados, com higiene bucal, possuem efeitos benéficos, como a prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Estudos demonstram que há uma associação entre higiene bucal adequada e redução da incidência de pneumonia nosocomial, especialmente a PAVM, responsável por inúmeras mortes em todo mundo, principalmente em pacientes idosos. Em consequência desse fato, organizações e sociedades nacionais e internacionais têm preconizado a higiene bucal como medida de prevenção de PAVM, assim, como cabeceira elevada entre 30° e 45°, avaliação diária da sedação, como diminuição sempre que possível e aspiração da secreção acima do balonete (cuff). Segundo a Comissão de Trabalho da Associação Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB), são as seguintes recomendações para a prevenção da PAVM. » Cabeceira elevada entre 30° e 45°. » Avaliação diária da sedação, com diminuição sempre que possível. 27 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV » Profilaxia de úlcera péptica. » Higiene bucal. » Drenagem de secreção subglótica contínua ou intermitente. » Higiene das mãos. » Prevenção da colonização orofaríngea. Procedimento Operacional Padrão (POP) de higiene bucal em UTI Nas oficinas interprofissionais de trabalho, o Departamento de Odontologia, com a participação do Departamento de Enfermagem e da Associação Brasileira de Medicina Intensiva no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, realizou discussões para a elaboração de procedimentos padronizados para a higiene bucal do paciente crítico, em especial o paciente idoso. A partir desse momento, as presidências do Departamento de Odontologia e de Enfermagem promoveram análises que resultaram em documentos de recomendações e do (POP) para a higiene bucal do paciente adulto em UTI. Objetivo O objetivo desse protocolo é manter a cavidade bucal limpa, reduzir a colonização da orofaringe, evitar contaminação da traqueia, controlar o biofilme, hidratar os tecidos intrabucais e peribucais, detectar os focos infecciosos e as lesões na mucosa, diminuir os riscos de infecção respiratória por meio de microaspirações de conteúdo na cavidade bucal, proporcionando o conforto e o bem-estar ao paciente. Avaliação odontológica O cirurgião-dentista deve avaliar a cavidade bucal do paciente, bem como os anexos do sistema estomatognático, principalmente na admissão na UTI, quando solicitado por meio de interconsulta e no desmame da ventilação mecânica. É necessário realizar a inspeção na cavidade bucal, avaliando os seguintes aspectos. » Presença de doenças bucais. » Presença ou ausência de próteses fixas ou removíveis. 28 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA » Alterações salivares. » Mobilidade dental. » Sangramento ou lesões por mordeduras. » Lesões de mucosas.» Edemas de lábio ou peribucais. » Necroses de tecidos moles ou ósseos. » Fraturas de ossos da face. » Luxações na Articulação Temporomandibular (ATM). Todas as alterações encontradas devem ser anotadas em prontuário e, após isso, é necessário elaborar um plano terapêutico, discuti-lo com a equipe inter e multidisciplinar. Em seguida, definir a frequência da realização da higiene bucal. As demandas de complexidade cirúrgica devem ser avaliadas pelo especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial (CTBMF), solicitando, inclusive, consultoria em outras áreas de saúde que não estejam contempladas na equipe odontológica, considerando normas do hospital. Meio ou local de registro do procedimento A avaliação odontológica deve ser registrada no prontuário médico e a prescrição odontológica deve ser realizada na seção de prescrição. No caso de prontuário eletrônico, é necessário informar o local da guarda dos documentos originais. No caso de o cirurgião-dentista não estar cadastrado no corpo clínico do hospital, deverá observar o regimento da área médica da instituição, identificando-se, previamente, à chefia ou à coordenação médica para obter a autorização para efetuar a avaliação e provável prestação do serviço odontológico ao paciente internado. Padrão de higiene bucal O profissional executor da higiene bucal crítico deve observar as orientações contidas no POP certificado pelo Departamento de Odontologia e o Departamento de Enfermagem da AMIB. A limpeza da cavidade bucal deverá ser sempre da região posterior em direção a região anterior, buscando evitar a translocação bacteriana da cavidade bucal para a orofaringe, a qual propicia a aspiração de microrganismos. 29 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV Metas a serem alcançadas » Padronizar os procedimentos da rotina e os materiais e soluções empregados na higiene bucal. » Controlar, efetivamente, o biofilme na cavidade bucal. » Contribuir para a diminuição do risco de pneumonia nosocomial. » Detectar e prevenir lesões bucais e DTM. » Identificar e eliminar focos infecciosos. » Contribuir para a redução do tempo de internação. » Racionalizar o uso de antibióticos. » Melhorar a assistência ao paciente grave e crítico. Figura 17. Atendimento odontológico em ambiente hospitalar. Fonte: https://www.hsvp.com.br/noticias/2014/12/914/Cuidadoodontologicoeumaliadonarecuperacaodospacientes.html. https://www.hsvp.com.br/noticias/2014/12/914/Cuidadoodontologicoeumaliadonarecuperacaodospacientes.html 30 CAPÍTULO 4 CIRURGIÃO-DENTISTA NO AMBIENTE HOSPITALAR Atribuições do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar » Hospital maternidade. › Atendimento à gestante e ao neonato. » Hospital com atendimento aos pacientes com necessidade especiais. › Tratamento odontológico em centro cirúrgico sob anestesia geral. › Acompanhamento e orientação para resolução de problemas em tecidos duros e moles da cavidade bucal como repercussão sistêmica para o paciente. » Pronto-socorro; › Atendimento de trauma craniofacial. › Trauma dentário. › Infecções odontogênicas. › Tumores de boca. › Dor orofacial. » UTI. › Orientação da higienização bucal para pacientes e para equipe de enfermagem que acompanham a evolução desses pacientes enquanto internados. › Realizar cuidados bucais decorrentes de complicações da intubação. › Tratar de complicações na cavidade bucal que possam levar a comprometimento sistêmico. › Tratar de complicações na cavidade bucal decorrentes de radioterapia e quimioterapia. › Diagnosticar e tratar lesões bucais. › Realizar tratamento odontológico: curativo, exodontias, raspagens periodontais. 31 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV » Hospital oncológico. › Fazer parte da equipe multiprofissional que irá planejar o tratamento a ser realizado após o diagnóstico da doença. › Participar do planejamento em relação às drogas que serão ministradas e de suas possíveis repercussões bucais nos pacientes. › Preparo da boca. › Acompanhamento diário dos pacientes com finalidade preventiva e curativa. › Cuidar das manifestações bucais durante a quimioterapia. › Cuidar das complicações durante e após a quimioterapia e radioterapia. » Atendimento ao paciente internado. › Diagnóstico e atendimento de problemas exclusivamente odontológicos ou que possam ter comprometimentos sistêmicos. › Interconsulta para diagnosticar e tratar lesões bucais. › Diagnosticar e tratar DTM. › Participar de reuniões multidisciplinares, multiprofissionais e de grupos de discussão. Conhecimentos necessários para atuação do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar » Conhecer e estar habituado com o ambiente hospitalar e suas diversas facetas de funcionamento. » Saber solicitar e interpretar exames complementares hematológicos, bioquímicos, de imagem, biópsia, citologia esfoliativa, biópsia por agulha fina (PBA). » Saber e ter experiência para atuar como equipe multidisciplinar e multiprofissional (médicos, enfermeiros, psicólogos etc.). » Reconhecer e saber tratar das repercussões na cavidade bucal de doenças crônicas e imunológicas. » Reconhecer e tratar de doenças da cavidade bucal que podem prejudicar a saúde bucal do paciente. 32 UNIDADE IV | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA » Reconhecer as limitações e os cuidados especiais necessários para o tratamento odontológico de pacientes com condições sistêmicas complexas. » Diagnosticar e tratar de doenças da boca. » Prescrição de medicação e a interação com outros medicamentos e o estado geral do paciente. » Descrição de procedimento em prontuário médico eletrônico e físico. » Saber realizar cirurgias odontológicas e atendimento clínico em centro cirúrgico. O cirurgião-dentista diante da morte Um dos assuntos mais constrangedores na Odontologia é tratar profissionalmente da morte. Não sendo e não ocorrendo a morte por motivos odontogênicos, o currículo escolar odontológico não capacita o cirurgião-dentista para atestar o óbito. No caso de o óbito acontecer em um consultório odontológico, o fato deve ser atestado pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) ou pelo Instituto Médico Legal (IML). Na formação profissional, o cirurgião-dentista não tem a oportunidade de usufruir da convivência hospitalar, o que só ocorre com estagiários, residentes e alunos dos cursos de especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, onde é comum presenciar a morte. O êxito letal traz em seu bojo a tristeza e a sua incompreensão, quer dos familiares, quer do próprio profissional diante da magnitude do fato, e os questionamentos assomam a sua mente com um turbilhão de perguntas sem respostas. Desse maneira, surge a dúvida em relação ao que poderia ter sido feito para evitar a morte. Dessa forma, até de que modo dramático e sem preparo prévio, o cirurgião-dentista começa a conviver com a morte e as sequelas psicológicas que dela podem advir? Não há regras e nem fórmulas para como conviver com essa situação. Em algumas situações, o cirurgião-dentista, que pretende atuar em ambiente hospitalar, presenciará várias delas. Perde-se o paciente por uso de anestésicos, por aparelhos mal calibrados, acarretamento etc. Nos casos em que o paciente sobrevive, sequelas extremamente graves e, às vezes irreversíveis, de difícil evolução, terão que ser administradas. 33 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA GERIATRIA | UNIDADE IV O cirurgião-dentista, atuando em ambiente hospitalar, deve estar preparado psicologicamente para lidar com a morte de pacientes, inclusive, crianças, tendo como consolador o fato de ter feito o que era possível para salvar a vida do paciente ou, muita das vezes, apenas possibilitar qualidade de vida para um paciente terminal, junto da equipe multidisciplinar. A experiência mostra o quanto é difícil conviver com esse fato, até mesmo, para os mais experientes, em que nãosó a aptidão e a vocação do cirurgião-dentista devem ser consideradas, mas, também, o aprimoramento de sua sensibilidade e o respeito aos pacientes e seus familiares. Em qualquer das situações, o componente pessoal, humano e profissional deve nortear para que as consequências sejam atenuadas. Considerações finais Em todo o conteúdo, percebemos a importância da presença do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar. A inserção de profissionais da Odontologia em hospitais vem acontecendo gradativamente devido à grande importância e aos benefícios da manutenção da saúde bucal em pacientes internados em UTI. Redução dos riscos de infecção, diminuição do tempo de internação e melhora da qualidade de vida com eliminação de sintomas dolorosos são alguns desses benefícios. O cirurgião-dentista deve estar bem preparado para essa nova realidade, buscar conhecimento e abrir-se cada vez mais para o trabalho multidisciplinar. Historicamente, a Odontologia apresentava um caráter eminentemente técnico. Com a evolução, a profissão passou a ter caráter mais científico e se aproximou das demais ciências da saúde. A Odontologia Hospitalar vai ao encontro desses pensamentos no tratamento do paciente de forma sistêmica. 34 REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. J. G.; VINAGRE, N. P. L.; SAMPAIO, J. M. S. Avaliação sobre a participação de cirurgiões-dentistas em equipes de assistência ao paciente. Acta sci., Health sci., Maringá, v. 31, n. 2, pp. 153-157, 2009. AULA DE ANATOMIA. Posição anatômica. Rio Grande do Sul, 2001. Disponível em: https:// www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/posicao-anatomica. Acesso em: 15 jun. 2019. BARROS, F. C.; VICTORIA, C. G. Maternal-child health in Pelotas, Rio Grande do Sul State, Brazil: major conclusions from comparisons of the 1982, 1993, and 2004 birth cohorts. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, 2008. BENNETT, C. R. MONHEIM’S Local Anesthesia and Pain Control in Dental Practice. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 224. 1986. BLOG DE ODONTOLOGIA. Cisto de Erupção: tire suas dúvidas. São Paulo, 2019. 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