Buscar

A Falência e Seus Reflexos I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A falência e seus reflexos - Parte I
A garantia do credor é representada pelos bens do patrimônio do devedor, assim havendo a inadimplência quanto a qualquer obrigação, o credor poderá exercer seu direito do cumprimento da obrigação no Poder Judiciário (COELHO, 2012). 
O Instituto da Falência
Consagrado na Lei n°. 11.101/2005 tem como objetivo evitar que os credores tenham prejuízo, possibilitando a todos estes receberem do devedor insolvente uma quantia proporcional ao seu crédito, após o pagamento dos créditos elencados pela lei como prioritários e privilegiados. 
Ao falarmos de falência, compreendemos que a empresa está no que chamamos de processo falimentar, que tem por finalidade a liquidação do passivo, compreendido pelas dívidas da empresa, por meio da realização da venda do patrimônio da empresa, ativo. 
No processo falimentar estão reunidos todos os credores, que devem ser pagos por meio de uma ordem predeterminada no ordenamento, utilizando-se para tal a categoria de crédito a que pertencem (VIDO, 2013). O processo de recuperação empresarial busca possibilitar à empresa a passagem por um momento de crise econômico-financeira a fim de superar tal. Teve o legislador a intenção de preservar não apenas a empresa, mas como também a relação empregatícia e com os fornecedores da empresa (cadeia produtiva) (VIDO, 2013).
A simples insolvência do devedor não caracteriza por si só a instauração da falência, deve esta estar associada aos seguintes fatores: 
1. Impontualidade Injustificada (art. 94, I da Lei n°. 11.101/2005): consiste no não pagamento, de forma injustificada, na data de vencimento de uma obrigação líquida ou de títulos executivos, cuja soma não ultrapasse 40 salários mínimos. 
2. Execução frustrada (art. 94, II da Lei n°. 11.101/2005): trata dos casos em que o credor executa um título, direito garantido, contra um devedor, sendo que este último se omite do pagamento. Nesse caso, pressupõe-se que não pode fazer o pagamento por situação de insolvência. 
3. Atos de Falência (art. 94, III da Lei n°. 11.101/2005): pratica o devedor comportamentos que revelam a sua insolvência, tais como: 
a. Liquidação Precipitada 
b. Negócio Simulado 
c. Transferência de Estabelecimento 
d. Transferência Simulada do Principal Estabelecimento 
e. Garantia Real 
f. Abandono 
g. Descumprimento de Obrigação Assumida no Plano de Recuperação Judicial
Para que a empresa possa utilizar-se do processo de recuperação empresarial, deverá demonstrar o cumprimento de requisitos estabelecidos no ordenamento jurídico brasileiro e uma proposta de pagamento das obrigações contraídas com os credores, devidamente aprovada por eles (VIDO, 2013). Apenas será objeto de falência e recuperação de empresas o devedor que exercer atividade empresarial.
Não podem ser atingidos por este estatuto a cooperativa, os profissionais intelectuais e os profissionais liberais, visto que não são consideradas atividades empresariais (artigo 966 do Código Civil). Também de acordo com o artigo 2º da Lei n°. 11.101/2005, não podem solicitar falência ou recuperação judicial à empresa pública e à sociedade de economia mista (VIDO, 2013).
Há atividades que são parcialmente excluídas do instituto da falência e a recuperação judicial, visto que são abrangidas por leis especiais relativas à sua liquidação. Assim, ao deverem no mercado passam por um processo de intervenção, o qual gerará um relatório sugerindo a liquidação extrajudicial ou a falência, de acordo com o patrimônio da empresa ser ou não suficiente. É o caso, por exemplo, das seguintes empresas: 
• Instituições financeiras, sociedades arrendadoras e administradoras de consórcio, que sofrem intervenção e a liquidação extrajudicial sob a responsabilidade do Banco Central (Lei n°. 6.024/1974, Lei n°. 5.768/1971 e Res. Bacen 2.309/1996); 
• Companhias de seguros, sociedades de previdência privada aberta e as de capitalização, as quais sofreram intervenção e liquidação extrajudicial sob a responsabilidade da Susep – Superintendência de Seguros Privados (Lei n°. 10.190/2001, Dec.-lei n°. 73/1996 e Dec.-lei n°. 261/1967); e, 
• Operadoras de planos de assistência médica, que sofreram a liquidação extrajudicial sob a responsabilidade da ANS – Agência Nacional de Saúde (Lei n°. 9.656/1998) (VIDO, 2013). 
Estão totalmente excluídos do regime falimentar: 
• As empresas públicas e sociedades de economia mista (artigo 2º, I da Lei n°. 11.101/2005), que são sociedades que exercem atividades econômicas controladas direta ou indiretamente por pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios). Nesse caso, os credores têm sua garantia representada pela disposição dos controladores em mantê-las solventes; 
• As Câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira, sujeitos de direito cujas obrigações são sempre ultimadas e liquidadas de acordo com os respectivos regulamentos, aprovados pelo Banco do Brasil; nesse caso as garantias conferidas pelas câmaras ou prestadores de serviços de compensação e liquidação financeira destinam-se, de acordo com a lei, prioritariamente, à satisfação assumida no serviço típica de tais entidades (artigo 193 da Lei n°. 11.101/2005), e. 
• As entidades fechadas de previdência complementar (artigo 47 da Lei Complementar n°. 109/2001) (COELHO, 2014). O juízo competente para a decretação da falência e o processo de recuperação será o do local do principal estabelecimento econômico do devedor, e caso a empresa tenha sede no exterior o local será da filial no Brasil, de acordo com o artigo 3º da Lei n°. 11.101/2005. Quanto à prevenção, será definida pela primeira distribuição validada de acordo com o artigo 6º, § 8º. da Lei n°. 11.101/2005.
Quando a falência é decretada
Todas as ações em trâmite são consolidadas em um juízo universal, não sendo exigidas do devedor as obrigações a título gratuito e as despesas que os credores fizeram para tomar parte da recuperação judicial, com ressalvas das custas judiciais decorrentes de litígio, de acordo com o artigo 5º da Lei n°. 11.101/2005. 
Em casos de ações de cunho trabalhistas ou aquelas que não tiverem valor certo, as chamadas ilíquidas, não serão atraídas ao juízo universal (artigo 6º, §§ 1º, 2º e 7º da Lei n°. 11.101/2005). 
Uma vez decretada a falência ou até mesmo com a decretação da recuperação judicial, há a suspensão do prazo prescricional. 
No caso da recuperação, a suspensão não poderá exceder 180 dias, momento que será restabelecida a contagem do prazo independentemente do pronunciamento judicial (artigo 6º, caput e § 4º da Lei n° 11.101/2005). Vale ressaltar que a suspensão não atinge as execuções de natureza fiscal, as quais não serão suspensas (artigo 6º, § 7º da Lei n° 11.101/2005). 
No processo de falência, temos a figura do administrador judicial, profissional idôneo, preferencialmente um advogado, economista, administrador de empresas, contador ou uma pessoa jurídica especializada, de acordo com o artigo 21 da Lei n° 11.101/2005. Os honorários do administrador são determinados pelo juiz, embora a sua remuneração não possa exceder 5% do valor devido aos credores na recuperação judicial ou a do valor dos bens na falência (artigo 24 da Lei n° 11.101/2005). O administrador judicial substituído não será remunerado se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas na lei. 
As atribuições que cabem ao administrador judicial são: 
a) Na falência e na recuperação judicial: enviar a correspondência aos credores; prestar informações; elaborar a relação dos credores e consolidar a respectiva classificação; convocar a assembleia geral de credores e contratar profissionais especializados, mediante autorização judicial, para auxiliá-lo na continuação da atividade empresarial; 
b) Na recuperação judicial: fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação; requerer a falência no caso de descumprimento da recuperação; apresentar relatório sobre a execução dopedido de recuperação (VIDO, 2013); 
c) Na falência: examinar a escrituração do devedor, representar a massa falida, receber e abrir a correspondência do devedor, apresentar relatórios sobre a responsabilidade civil e penal do devedor, em um prazo de 40 dias após o termo de compromisso, arrecadar os bens e os documentos, avaliar os bens ou contratar avaliadores especiais, requerer a venda antecipada de bens, prestar contas, requerer todas as diligências que forem necessárias (VIDO, 2013).
Devemos conhecer e compreender também a assembleia de credores, a qual constitui um órgão que delibera sobre as questões de interesse dos credores. Em sua composição, temos titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou de acidente do trabalho, por titulares de créditos com garantias reais e por titulares de crédito quirografários ou de privilégios especiais.
As atribuições da assembleia geral de credores de acordo com o artigo 35 da Lei n° 11.101/2005, são: 
a) Na recuperação judicial: aprovar, rejeitar ou modificar o plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; constituir o Comitê de Credores, bem como escolher seus membros e sua substituição. Deliberar sobre o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do artigo 52 da Lei n° 11.101/2005; indicar o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; tratar de qualquer outra matéria que venha a afetar os interesses dos credores; e, 
b) Na falência: constituir o Comitê de Credores, bem como escolher seus membros e sua substituição; adotar outras modalidades de realização do ativo, de acordo com o artigo 145 da Lei n° 11.101/2005, bem como deliberar sobre qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores (VIDO, 2013).
O Comitê de credores é um órgão facultativo que tem por objetivo fiscalizar as atividades do administrador judicial e zelar pelo bom andamento do processo e dos procedimentos judiciais. É composto por um representante da classe dos trabalhadores, um representante da classe dos credores de direito real e de privilégios especiais e um representante dos credores quirografários e de privilégios gerais (artigo 26 da Lei n° 11.101/2005).
Referência: Direito empresarial - Danylo Augusto Armelin

Continue navegando