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Recuperação de empresas e falência 5

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DESCRIÇÃO
A importância das diferentes formas de recuperação de empresas e da falência no direito
empresarial.
PROPÓSITO
Apresentar os institutos da recuperação de empresa (judicial e extrajudicial) e da falência, sua
dinâmica, sujeito passivo e pressupostos. Compreender como se desenvolve o processo
falimentar e os efeitos da sentença de falência sobre o falido e os credores.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura e o estudo do conteúdo, tenha em mãos a lei de falências e recuperação
de empresas (Lei nº 11.101/2005), que é a principal fonte legislativa para a compreensão do
conteúdo dos módulos deste tema, e o Código Civil.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os objetivos da recuperação da empresa, suas modalidades (judicial e extrajudicial) e
seus requisitos
MÓDULO 2
Identificar o conceito de falência, seus princípios, pressupostos, sujeito passivo da falência e os
órgãos responsáveis por sua administração
MÓDULO 1
 Reconhecer os objetivos da recuperação da empresa, suas modalidades (judicial e
extrajudicial) e seus requisitos
INTRODUÇÃO
A finalidade deste módulo é compreender os objetivos da recuperação da empresa e as suas
modalidades (judicial e extrajudicial); expor os requisitos subjetivos e objetivos para o pedido de
recuperação; relacionar o plano de recuperação e o papel dos credores na sua aprovação;
identificar as peculiaridades do plano especial de recuperação para micro e pequenas empresas.
A RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS É UM INSTITUTO DE ACESSO
RESTRITO A CERTOS EMPRESÁRIOS. VERIFICAREMOS SER
PRECISO QUE O REQUERENTE COMPROVE POSSUIR OS
REQUISITOS PESSOAIS (SUBJETIVOS) E A DOCUMENTAÇÃO
NECESSÁRIA PARA QUE SEU PEDIDO POSSA SER ANALISADO
E A RECUPERAÇÃO, PROCESSADA (REQUISITOS OBJETIVOS).
Destacamos, desde já, que a recuperação de empresas, por beneficiar o empresário dando-lhe a
oportunidade de renegociar suas dívidas e propor um plano de recuperação a seus credores, não
pode ser, em caso algum, concedida a empresários sem registro (empresário irregular) ou
sociedade empresária sem registro na Junta Comercial.
A recuperação de empresas se desenvolve a partir de um plano elaborado pelo devedor, mas que
precisa ser analisado, avaliado e votado, se necessário, pelos credores sujeitos aos efeitos do
instituto. O instituto da recuperação tem vários objetivos, que veremos em item próprio, mas o
principal deles e que todo empresário almeja quando a requer é evitar a decretação da falência,
que pode ser iminente.
Existem duas espécies de recuperação de empresas:
Recuperação judicial
A espécie mais comum é aquela em que o devedor inicia um processo judicial e apresenta seu
plano aos credores, que podem impugná-lo. Se não houver impugnação, a tendência é que o
plano seja homologado e a recuperação, concedida, caso não haja um impedimento objetivo ou
todas as cláusulas do plano possam ser homologadas. Caso o plano não seja aprovado pelos
credores, a falência deverá ser decretada.

Recuperação extrajudicial
Também se desenvolve a partir de um plano apresentado aos credores, mas a votação e a
assinatura do plano ocorrem extrajudicialmente, isto é, sem que seja aberto um processo judicial.
Também não há atuação do Ministério Público ou de administrador judicial nessa recuperação. O
devedor, após ter seu plano aprovado, requer ao juiz sua homologação, para que o plano possa
ter seu cumprimento iniciado.
A NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO NÃO ACARRETA A
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA, PODENDO O PEDIDO SER
RENOVADO.
OBJETIVOS DA RECUPERAÇÃO DE
EMPRESAS
Como já exposto, toda recuperação tem como principal objetivo evitar a decretação da falência,
que pode ser iminente diante da grave situação financeira pela qual passa o devedor no momento
do pedido.
Historicamente, desde o Código Comercial de 1850 até a última lei de falências anterior à Lei nº
11.101/2005 (o Decreto-lei nº 7.661/1945), o comerciante podia propor a seus credores um prazo
maior para pagar suas dívidas com ou sem abatimento, mas sem apresentar um plano de
recuperação.
Tratava-se de uma simples “moratória” ou “concordata”, que, além de ter um limite máximo para o
pagamento (três ou dois anos), só atingia os credores quirografários, ou seja, aqueles sem
preferência ou privilégio no recebimento do crédito.
Atualmente, na Lei nº 11.101/2005, que disciplina tanto o instituto da falência como a recuperação
de empresas, o artigo 47 dispõe:
A RECUPERAÇÃO JUDICIAL TEM POR OBJETIVO
VIABILIZAR A SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE CRISE
ECONÔMICO-FINANCEIRA DO DEVEDOR, A FIM DE
PERMITIR A MANUTENÇÃO DA FONTE
PRODUTORA, DO EMPREGO DOS
TRABALHADORES E DOS INTERESSES DOS
CREDORES, PROMOVENDO, ASSIM, A
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA, SUA FUNÇÃO SOCIAL
E O ESTÍMULO À ATIVIDADE ECONÔMICA.
Percebe-se que o artigo traz cinco princípios a serem observados na condução de todo o
processo de recuperação judicial, de forma que possam os órgãos da recuperação e os credores
dar apoio à empresa com reais chances de recuperação, harmonizando e tutelando os
interesses da coletividade, sem perder de vista os princípios fundamentais. Falaremos de cada um
deles a seguir:
CHANCES DE RECUPERAÇÃO
Para que isso aconteça, é muito importante que o devedor apresente os documentos
exigidos pela lei e faculte aos credores uma ampla fiscalização de sua atividade,
independentemente das atribuições do administrador judicial.
SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE CRISE ECONÔMICO-
FINANCEIRA
O primeiro princípio revela que é necessária a medida para a reorganização do empresário.
Veremos a necessidade de se comprovar por meio de documentos contábeis a deterioração da
situação patrimonial do devedor em curto ou médio prazo na petição de recuperação.
Embora o artigo 47 não mencione o termo “falência”, deduzimos que a situação de crise do
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devedor pode levá-lo à falência, pois, se o plano for rejeitado pelos credores, a falência terá que
ser decretada (confira o artigo 56, parágrafo 4º, da Lei nº 11.101/2005).
MANUTENÇÃO DA FONTE PRODUTORA
O segundo princípio diz respeito à manutenção da fonte produtora, que é a empresa em si.
Também há uma relação indireta com a falência, pois, nesse instituto, o estabelecimento é lacrado
e a empresa sofre liquidação do seu patrimônio. Com a recuperação, evita-se essa liquidação,
mantendo-se a atividade.
EMPREGO DOS TRABALHADORES
O terceiro princípio é decorrente do segundo, pois, se a empresa é a organização dos fatores de
produção pelo empresário (e, dentre eles, estão compreendidos capital e mão de obra), é natural
que sua continuidade também mantenha os empregos, porém sem nenhuma garantia ou punição
para o empresário que demitir.
É importantíssima essa ressalva porque a leitura do texto do artigo 47 pode dar a impressão de
que a recuperação asseguraria uma estabilidade no emprego, quando, ao contrário, os
empregados podem ser atingidos com a medida, tanto com redução de salário como com
demissão.
INTERESSES DOS CREDORES
Os dois últimos princípios completam o cenário vislumbrado pelo legislador. O interesse dos
credores está expresso no poder que eles têm de aprovar ou não o plano ou propor modificações.
A recuperação, embora seja concedida pelo juiz, sempre depende da manifestação favorável dos
credores ao plano, seja tácita ou expressa.
Em caso de negativa quanto à aprovação, a falência será decretada, assim como se, durante o
período de supervisão judicial (confira o artigo 61 da Lei nº 11.101/2005), houver deliberação dos
credores nesse sentido.
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA
O último princípio se refere à preservação da empresa, que se relaciona com a manutenção da
fonte produtora e de seus efeitos positivos e imediatos na promoção da função social (mantendo
empregos, contratos, tributos, fornecimento de produtos e/ou serviços etc.) e do estímulo à
atividade econômica.
Percebe-se, assim, que falência e recuperação têm objetivos bem distintos e antagônicos, de
modo que o falido não pode requerer sua recuperação,já que o legislador considera a falência a
situação em que a empresa é irrecuperável. Por essa razão, os esforços devem ser canalizados
para a empresa viável e, sendo inviável, a falência é a única medida a ser aplicada em benefício
dos credores e da sociedade.
Como dissemos na introdução, o momento em que o devedor requer sua recuperação judicial é
delicado e sua falência é iminente caso ele não obtenha o benefício legal.
O APROFUNDAMENTO DA CRISE DURANTE A RECUPERAÇÃO É
UM SINAL DE QUE O INSTITUTO PERDEU SUA FINALIDADE,
CABENDO AO DEVEDOR A INICIATIVA DE CONFESSAR SUA
FALÊNCIA PARA NÃO IMPOR A SEUS CREDORES UM PREJUÍZO
MAIOR DO QUE AQUELE COM O QUAL JÁ ESTÃO ARCANDO.
DOS REQUISITOS PARA O PEDIDO DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Para efeitos didáticos, os requisitos para o pedido de recuperação judicial serão divididos em
subjetivos e objetivos.
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REQUISITOS SUBJETIVOS
Relacionam-se com a pessoa do devedor (confira o artigo 48 da Lei nº 11.101/2005);
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Alexander Lysenko | shutterstock
REQUISITOS OBJETIVOS
Relacionam-se com a documentação a ser apresentada (confira o artigo 51 da Lei nº
11.101/2005).
 SAIBA MAIS
Para aprofundar seus conhecimentos sobre os requisitos subjetivos e objetivos, leia os artigos 48
e 51 da Lei no 11.101/2005.
REQUISITOS SUBJETIVOS
Conforme mencionado, o artigo 48 da Lei no 11.101/2005, que trata dos requisitos subjetivos para
o pedido de recuperação judicial, aborda os seguintes casos relacionados à pessoa do devedor:
A) SER O DEVEDOR EMPRESÁRIO OU SOCIEDADE
EMPRESÁRIA
Somente poderá requerer recuperação judicial o devedor que for empresário (pessoa física) ou
sociedade empresária (pessoa jurídica), em razão de o termo “devedor”, na Lei nº 11.101/2005, ter
um alcance restrito (confira o artigo 1º da Lei nº 11.101/2005). O direito empresarial ainda não
admite que todo devedor ou, pelo menos, aquele que exerça uma atividade econômica possa falir
ou pleitear sua recuperação.
Excepcionalmente, a recuperação judicial também poderá ser requerida por cônjuge sobrevivente,
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente, em virtude do artigo 48, parágrafo 1º,
da Lei nº 11.101/2005. O cônjuge sobrevivente, os herdeiros do devedor ou o inventariante estão
legitimados, concorrentemente, a requerer a recuperação judicial do espólio do ex-empresário.
Como o empresário falecido deixou dívidas e há necessidade de recuperar sua empresa, a lei
permite que os interessados citados possam pedir o benefício em seu lugar.
A legitimidade do sócio remanescente se refere às sociedades que, por algum motivo, estão ou
são unipessoais (confira tal possibilidade nos artigos 980-A, 1033, inciso IV e 1052, parágrafo 1º,
todos do Código Civil). Esse sócio poderá requerer a recuperação da pessoa jurídica.
B) EXERCER REGULARMENTE SUA ATIVIDADE HÁ MAIS
DE 2 (DOIS) ANOS NA DATA DO PEDIDO
Este requisito se desdobra em duas partes: a primeira é a regularidade da atividade comercial
exercida pelo empresário. O empresário, exceto o rural, está obrigado à inscrição na Junta
Comercial, e a sociedade empresária se submete ao mesmo registro. Portanto, nenhum
empresário ou sociedade empresária irregular poderá pleitear sua recuperação, mas poderá falir.
A segunda parte se refere ao tempo mínimo de exercício regular da empresa — mais de dois anos
—, que é verificado pela data de inscrição do empresário e pela data do pedido. Fica claro que se
trata de um requisito suplementar, não sendo suficiente que o empresário esteja registrado. Com
isso, a lei evita comportamentos oportunistas daqueles que se registrariam apenas no momento
de requerer recuperação.
C) NÃO SER OU TER SIDO FALIDO
Caso tenha sido falido, que estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes.
Frisamos, na introdução, que recuperação e falência são institutos antagônicos, e isso fica claro
na proibição de que o falido requeira o favor legal. Entretanto, aquele que já foi falido (empresário
individual) poderá requerer sua recuperação desde que tenha obtido declaração judicial de
extinção das suas obrigações como falido, e dessa decisão não caiba mais recurso.
Essa extinção das obrigações reabilita o empresário e, por conseguinte, permite que retome sua
empresa e use das prerrogativas que a lei confere aos empresários regulares, dentre elas o
pedido de recuperação.
D) NÃO TER, HÁ MENOS DE 5 (CINCO) ANOS, OBTIDO
CONCESSÃO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Para evitar pedidos sucessivos de recuperação em prazos curtos, a lei estabelece um prazo
mínimo entre uma recuperação e a seguinte. Notemos que o prazo quinquenal não é contado da
data do pedido, e sim da concessão da recuperação.
Se a recuperação não for concedida porque o devedor desistiu do benefício (confira o artigo 52,
parágrafo 4º, da Lei nº 11.101/2005), o prazo não será considerado para um novo pedido, pois não
houve concessão. O prazo de cinco anos se aplica tanto para a recuperação pelo plano comum
como pelo plano especial.
E) CONDENAÇÃO POR QUALQUER DOS CRIMES
PREVISTOS NOS ARTIGOS 168 A 178 DA LEI Nº
11.101/2005
Não ter sido o empresário individual condenado ou não ter como administrador ou sócio
controlador, em caso de sociedade empresária, pessoa condenada por qualquer dos crimes
previstos nos artigos 168 a 178 da Lei nº 11.101/2005.
Os benefícios da recuperação para o devedor somente são aplicáveis àqueles que não tiverem
sido condenados por crimes relacionados ao próprio instituto ou à falência, conhecidos pela
expressão genérica “crimes falimentares”. A condenação estabelece uma presunção de
inidoneidade e impede o acesso à recuperação.
 SAIBA MAIS
Os requisitos subjetivos também devem ser observados para o pedido de homologação de plano
de recuperação extrajudicial. Confira o artigo 161 da Lei nº 11.101/2005.
REQUISITOS OBJETIVOS
O requerente da recuperação, pessoa física ou jurídica, deve instruir seu pedido com:
OS DOCUMENTOS RELACIONADOS NO ARTIGO 51 DA
LEI Nº 11.101/2005
A exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise
econômico-financeira.
As demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação
societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: i) balanço patrimonial; ii)
demonstração de resultados acumulados; iii) demonstração do resultado desde o último
exercício social; iv) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.
Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares podem ser
apresentados na forma cartular (documento físico) ou eletrônico (escrituração digital), porém,
em qualquer caso, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e,
mediante autorização judicial, de qualquer interessado.
Com relação à exigência dos documentos contábeis relacionados, se o devedor for
enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte, deverão ser apresentados
livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica (confira o
artigo 26 da Lei Complementar nº 123/2006).
A relação completa de todos os credores, com a indicação do endereço de cada um, a
natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime
dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação
pendente.
A relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, os salários, as
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de
competência e a discriminação dos valores pendentes de pagamento.
Certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas e, para as
sociedades empresárias, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais
administradores.
Tratando-se de devedor sociedade empresária, a relação dos bens particulares dos sócios
controladorese dos administradores.
Os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações
financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de
valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras.
As certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou na sede do
devedor e naquelas onde possui filial.
A relação de todas as ações judiciais em que o devedor figure como parte, inclusive as de
natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
Nota-se o detalhamento em relação aos documentos, pois o objetivo do cumprimento desses
requisitos é a ampla informação dos credores quanto à situação do requerente, não só no aspecto
contábil, mas também financeiro e trabalhista. O juiz deverá examinar a regularidade dos
documentos antes de determinar que a recuperação seja processada. Até esse momento, o
devedor pode desistir do pedido sem necessidade da autorização de seus credores.
OBSERVEMOS QUE O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
NÃO PRECISA SER APRESENTADO DE IMEDIATO COM O
REQUERIMENTO. O OBJETIVO É DAR A OPORTUNIDADE DE OS
CREDORES SEREM INFORMADOS DA RECUPERAÇÃO E
INICIAREM UMA NEGOCIAÇÃO COM O DEVEDOR PARA
FACILITAR A APROVAÇÃO DO PLANO NO MOMENTO
OPORTUNO.
CREDORES SUJEITOS E EXCLUÍDOS DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Por mais que o instituto da recuperação de empresas se destine ao favorecimento do devedor,
nem todos os seus credores são atingidos pelas medidas previstas no artigo 50 e por outras que
podem ser incluídas no plano.
 SAIBA MAIS
Confira as medidas previstas no artigo 50 da Lei nº 11.101/2005 e a relação exemplificativa dos
meios de recuperação.
 ATENÇÃO
Apenas estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,
ainda que não vencidos.
Como o devedor permanece exercendo sua empresa durante a recuperação, é natural que sejam
constituídos créditos após o pedido. Com isso, já temos um dos três grupos de credores excluídos
dos efeitos da recuperação (1º grupo).
Além dos credores posteriores à data do pedido, mais dois grupos devem ser mencionados:
CREDORES – 2º GRUPO
Os credores do 2º grupo, por serem excluídos da recuperação por lei (confira o artigo 49,
parágrafos 3º e 4º, da Lei nº 11.101/2005), não terão seu crédito incluído no plano e prevalecerão
os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais. A única solução que o
devedor pode utilizar para alterar as condições de pagamento perante esses credores é tentar um
acordo individual, fora do processo de recuperação. Tais “acordos privados” são admitidos e
previstos no artigo 167 da Lei nº 11.101/2005.
Chamamos sua atenção para o tratamento especial dado ao crédito tributário, que também não se
sujeita aos efeitos da recuperação judicial, independentemente da época de sua constituição. Isso
porque, de acordo com o artigo 187, do Código Tributário Nacional, a cobrança judicial do crédito
tributário não é sujeita à habilitação em recuperação judicial. A cobrança é feita por meio de ação
própria, que prossegue durante a recuperação e não tem sua propositura suspensa.
CREDORES – 3º GRUPO
Já os credores do 3º grupo ficam à mercê da ação do devedor de incluir ou não seus créditos no
plano de recuperação. São créditos anteriores à data do pedido, mas cujas regras de pagamento
o devedor preferiu não alterar. Como tais condições não foram alteradas, observarão as condições
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos (confira
o artigo 49, parágrafo 2º, da Lei nº 11.101/2005).
 RESUMINDO
Pedido (com ou sem garantia, trabalhistas, privilegiados etc.), exceto os credores excluídos por lei
ou por vontade do devedor. Com isso se tem uma noção da dificuldade que o devedor poderá ter
para cumprir o plano, pois deverá manter os pagamentos em dia aos credores futuros e aos
credores excluídos.
Para amenizar esse quadro, a lei não impõe ao devedor — ao contrário do que ocorria na
concordata ou na moratória — um prazo máximo de pagamento ou um máximo de
desconto/abatimento, privilegiando a negociação.
Exceção a essa regra é o pagamento dos credores trabalhistas, pois o plano de recuperação
judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da
legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho, vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial, por força do artigo 54, da Lei nº 11.101/2005.
É MUITO IMPORTANTE RESSALTAR QUE, SE O DEVEDOR TEM
GARANTIDORES DE SUA OBRIGAÇÃO PERANTE O CREDOR,
COMO FIADORES OU AVALISTAS, A RECUPERAÇÃO JUDICIAL
NÃO ATINGE ESSAS PESSOAS, DE MODO QUE ESTARÃO
OBRIGADAS A SATISFAZER O DÉBITO NA FORMA ORIGINAL,
MESMO QUE O PLANO SEJA APROVADO E A RECUPERAÇÃO,
CONCEDIDA. EM OUTRAS PALAVRAS: A RECUPERAÇÃO
JUDICIAL NÃO APROVEITA OS DEVEDORES SOLIDÁRIOS COM
O RECUPERANDO.
BREVES NOÇÕES SOBRE O
PROCEDIMENTO RECUPERACIONAL
Apresentaremos a seguir uma breve visão do procedimento da recuperação, apontando os
principais atos e alguns prazos importantes. Para mais detalhes e aprofundamento,
recomendamos a leitura de algum dos livros indicados nas referências e das disposições da Lei nº
11.101/2005.
 ATENÇÃO
Em qualquer fase do processo de recuperação judicial, seja antes ou depois da concessão, o
devedor pode ter sua falência decretada, seja por descumprimento de obrigação assumida no
plano, seja por inadimplência de crédito não sujeito aos efeitos do instituto.
FASES DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
O processo de recuperação deve ser proposto no lugar do principal estabelecimento do devedor,
mesmo local onde deve ser requerida a falência e a homologação do plano de recuperação
extrajudicial, conforme o artigo 3º da Lei nº 11.101/2005.
O principal estabelecimento, em geral, é o lugar da sede, seja porque o devedor não tem filial, seja
porque a sede é, de fato, o lugar central das atividades. Caso, pontualmente, a sede não seja o
lugar central, principal, da atividade do devedor, a recuperação será requerida nesse lugar
denominado “principal estabelecimento”.
Vamos identificar três fases no processo.
PRIMEIRA FASE
Inicia-se na data do pedido, sendo marco para a sujeição dos créditos à recuperação, e termina
quando o juiz aceita o pedido do devedor (defere seu processamento) pela conformidade da
documentação.
SEGUNDA FASE
Inicia-se com a publicação do processamento na imprensa oficial e termina com a concessão da
recuperação.
TERCEIRA FASE
A última fase, já com a recuperação concedida, inicia-se após a concessão da recuperação e
termina com o encerramento do processo por sentença judicial (confira o artigo 63 da lei
11.101/2005).
A maior parte dos atos importantes na recuperação ocorre na segunda fase. São eles:
APRESENTAÇÃO
DO PLANO
HABILITAÇÃO
DOS CREDORES
AVISO
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https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps1
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps1
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps1
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps1
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps1
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps2
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps2
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps2
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps2
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps2https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
AOS CREDORES
CONVOCAÇÃO PELO JUIZ DA ASSEMBLEIA
DE CREDORES
REALIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA
DE CREDORES
CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
POR SENTENÇA DO JUIZ
APRESENTAÇÃO DO PLANO
Este ato deve ser realizado, impreterivelmente, até o 60º dia após a publicação do processamento,
por força do artigo 53, sob pena de decretação de falência sem a audiência dos credores. O
devedor não deve entregar apenas o plano com suas cláusulas e exposição de motivos.
O documento deve estar acompanhado da discriminação pormenorizada dos meios de
recuperação a ser empregados e seu resumo; demonstração de sua viabilidade econômica; e
laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional
legalmente habilitado ou “empresa” especializada.
HABILITAÇÃO DOS CREDORES
Além da habilitação dos credores, também é realizada a verificação dos créditos pelo
administrador judicial para que se elabore e publique a relação geral de credores.
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps4
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps4
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps4
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AVISO AOS CREDORES
Eles são avisados da apresentação do plano para eventual objeção à sua aprovação no prazo de
30 dias.
CONVOCAÇÃO PELO JUIZ DA ASSEMBLEIA DE
CREDORES
A convocação é feita se houver objeção de qualquer credor à aprovação do plano.
REALIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE CREDORES
É na assembleia dos credores que o plano será discutido e votado por classes, inclusive com
apreciação das objeções levantadas.
Obs.: A composição de cada classe para efeito de votação do plano e o quorum para sua
aprovação em cada classe estão previstos nos artigos 41 e 45 da Lei nº 11.101/2005.
CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL POR
SENTENÇA DO JUIZ
Este ato é realizado somente se o plano tiver sido aprovado pela assembleia ou se não tiver
sofrido objeção de qualquer credor (confira o artigo 58 da Lei nº 11.101/2005).
No vídeo a seguir, o professor, doutor em Direito, Alexandre Ferreira de Assumpção Alves, aborda
o tema das fases da recuperação judicial.
ÓRGÃOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
São denominados “órgãos” da recuperação judicial as pessoas ou o colegiado de pessoas que
desempenham um papel de destaque do ponto de vista da lei para a administração do processo.
JUIZ
O juiz da recuperação é um juiz de direito integrante da justiça estadual, que exerce a jurisdição
no lugar (juízo) da recuperação. Cabem ao juiz a superintendência do processo e as decisões das
questões incidentais, como julgar as habilitações de crédito e as impugnações.
É o juiz quem nomeia e destitui o administrador judicial, que atua sob sua supervisão. Não cabe
ao juiz aprovar ou rejeitar o plano de recuperação; a eventual concessão ou não da medida está
vinculada à prévia manifestação dos credores.
REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
É um promotor de justiça designado para atuar nos processos de falência e de recuperação. Ele
não é parte no processo nem decide nenhuma questão principal ou incidental. Todavia, sua
participação é obrigatória no processo na condição de fiscal da lei e de sua aplicação. Tanto que o
juiz, ao determinar o processamento da recuperação, deve ordenar a intimação do representante
do Ministério Público.
O representante do Ministério Público tem algumas prerrogativas na recuperação, tais como:
impugnar créditos, propor ação revisional de crédito admitido, promover a ação penal por crime
previsto na Lei nº 11.101/2005, arguir a substituição do administrador judicial, recorrer da
concessão da recuperação, entre outras.
ADMINISTRADOR JUDICIAL
O administrador judicial é nomeado pelo juiz ao determinar o processamento da recuperação. É
um profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou
contador, ou pessoa jurídica especializada (confira o artigo 21 da Lei nº 11.101/2005). Tem direito
a uma remuneração pelo seu trabalho, cujo pagamento é obrigação do devedor em recuperação.
Obs.: As regras sobre a fixação da remuneração e seu pagamento se encontram no artigo 24 da
Lei nº 11.101/2005.
Na recuperação judicial, a principal função do administrador é fiscalizar as atividades do devedor e
o cumprimento do plano de recuperação judicial. Todavia, ele tem outras prerrogativas, como
exigir dos credores, do devedor ou de seus administradores quaisquer informações e requerer a
falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação.
As atribuições do administrador judicial constam no artigo 22 da Lei nº 11.101/2005. Com o
encerramento do processo, cessa sua atuação.
GESTOR JUDICIAL
É uma figura subsidiária na recuperação, isto é, somente será necessária sua participação nos
casos de afastamento do empresário individual de sua empresa. O gestor é nomeado pelo juiz,
após escolha pela assembleia de credores, para assumir a administração das atividades do
devedor. Sua atuação é fiscalizada pelo juiz e, se houver, pelo comitê de credores.
ASSEMBLEIA DE CREDORES
É formada pelos credores do devedor, sujeitos ou não aos efeitos da recuperação. Entretanto,
somente podem votar nas deliberações os credores incluídos no plano e que tiverem alterado as
condições originais e os prazos de pagamento de seus créditos.
A assembleia de credores terá por atribuição deliberar sobre qualquer matéria que possa afetar os
interesses dos credores, em especial: a) a aprovação, rejeição ou modificação do plano de
recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do comitê de credores, a escolha
de seus membros e sua substituição; d) o pedido de desistência da recuperação, se feito após o
processamento da recuperação; e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do
empresário individual de suas atividades.
A assembleia de credores será convocada de ofício pelo juiz, mas poderá ser convocada a pedido
de credores que representem, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos
de determinada classe.
COMITÊ DE CREDORES
É um órgão facultativo no processode recuperação e será constituído por deliberação de qualquer
das classes de credores na assembleia.
Composição
1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas;
1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou
privilégios especiais;
1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios
gerais;
1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e
empresas de pequeno porte.
Para cada titular, a lei prevê a escolha ou eleição de dois suplentes.
O comitê pode funcionar com número inferior a quatro membros e, quando nenhuma das classes
de credores tiver interesse em indicar ou eleger membro e suplente para o comitê, caberá ao
administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições.
Atribuições
As atribuições do comitê de credores estão dispostas no artigo 27 da Lei nº 11.101/2005, com
destaque para:
Fiscalização das atividades do administrador judicial e exame de suas contas.
Fiscalização da administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta)
dias, relatório de sua situação.
Fiscalização da execução do plano de recuperação judicial; d) submissão à autorização do
juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor, da alienação de bens do ativo permanente,
da constituição de ônus reais e de outras garantias, bem como dos atos de endividamento
necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que anteceder a
aprovação do plano de recuperação judicial.
RESTRIÇÕES AO DEVEDOR EM
RECUPERAÇÃO
Embora a recuperação judicial tenha efeitos bem diversos da falência, pois permite a manutenção
da empresa, da fonte produtora, de empregos, entre outros objetivos, o devedor sofrerá algumas
restrições em relação à disponibilidade de seus bens e à livre administração de sua empresa.
Contudo, tais restrições não acompanham todo o tempo de cumprimento do plano, findando com o
encerramento do processo judicial.
RESTRIÇÃO À LIVRE ADMINISTRAÇÃO DA
EMPRESA
A primeira restrição diz respeito à livre administração de seu negócio. O empresário e a sociedade
empresária têm plena liberdade para o exercício de sua empresa, determinar as ações e o
planejamento, escolher fornecedores, contratar e demitir empregados etc. Tal prerrogativa decorre
da Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 170, parágrafo único.
PARÁGRAFO ÚNICO
“É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
Constituição brasileira de 1988, artigo 170, parágrafo único.
 SAIBA MAIS
Embora o devedor em recuperação não necessite de autorização para se manter em atividade,
deve aceitar a fiscalização de suas atividades pelo administrador judicial e pelos membros do
comitê de credores, caso esse órgão exista. Também é obrigatória a prestação de quaisquer
informações solicitadas pelo administrador judicial.
A partir do processamento da recuperação judicial, o uso do nome empresarial será alterado, uma
vez que o artigo 69, da Lei nº 11.101/2005, impõe que, em todos os atos, contratos e documentos
firmados pelo devedor, deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão "em
recuperação judicial". Ademais, para aumentar a publicidade de sua situação, o juiz determinará
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ao Registro Público de Empresas a anotação da recuperação judicial no registro correspondente.
VEMOS, ENTÃO, QUE SE TRATA DE MAIS UMA RESTRIÇÃO AO
DEVEDOR, POIS NÃO PODERÁ DEIXAR DE INCLUIR SUA
CONDIÇÃO DE “EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL” EM TODOS OS
DOCUMENTOS QUE ASSINAR.
Ainda no tocante à administração de sua empresa, o artigo 64, da Lei nº 11.101/2005, prevê a
possibilidade de afastamento do empresário ou dos administradores da sociedade empresária
durante o procedimento de recuperação judicial. Esclarecemos que se trata de uma medida
excepcional, haja vista que o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da
atividade empresarial, sob fiscalização do comitê, se houver, e do administrador judicial, como já
exposto.
 ATENÇÃO
A medida de afastamento é tomada em situações graves, muitas delas relativas à prática de
crimes ou atos ilícitos, bem como ao descumprimento de deveres legais.
Verificada qualquer das hipóteses que autorizam o afastamento, o juiz deverá (i) destituir o
administrador, ou (ii) afastar o empresário individual. Quais desdobramentos possíveis em relação
à essas duas hipóteses?
Destituição do administrador
O administrador será substituído pela pessoa natural eleita pelos sócios, na forma prevista no
contrato ou estatuto, ou ainda eleita pelos credores se tal faculdade estiver prevista no plano de
recuperação judicial (confira o artigo 50, inciso V, da Lei nº 11.101/2005).

Afastamento do empresário individual
Em caso de afastamento do empresário individual, não caberá ao juiz designar seu substituto. O
juiz deverá agir na forma do artigo 65, da Lei nº 11.101/2005, ou seja, convocará a assembleia de
credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração. Até que o
gestor assuma a empresa, o administrador judicial exercerá temporariamente as funções de
gestor.
RESTRIÇÕES EM RELAÇÃO À
DISPONIBILIDADE DOS BENS DO DEVEDOR
A restrição imposta por lei ao devedor, em relação à disponibilidade de seus bens, consiste na
proibição, desde a data do pedido, de alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente,
salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comitê, se houver, com exceção
daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial para serem alienados.
Enquanto o plano não for aprovado, a proibição não comporta exceções.
PLANO ESPECIAL DE RECUPERAÇÃO
Em consonância com a Constituição brasileira de 1988, que, em seu artigo 179, determina
tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
definidas em lei, a Lei nº 11.101/2005 previu um plano especial de recuperação para elas, com
limitação quanto ao meio a ser adotado.
Com isso, esses devedores não precisam demonstrar a viabilidade da adoção dos meios de
recuperação previstos no artigo 50 nem apresentar laudo de viabilidade econômico-financeira,
diminuindo os custos com o processo.
Para ter acesso ao plano especial de recuperação, é preciso que o devedor esteja enquadrado
como:
MICROEMPRESA
Enquadra-se também o microempreendedor individual (MEI), devendo auferir receita bruta, em
cada ano-calendário, igual ou inferior a R$360.000,00.

EMPRESA DE PEQUENO PORTE
Deve atingir receita bruta superior a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$4.800.000,00.
CONTEÚDO DO PLANO ESPECIAL DE
RECUPERAÇÃO
Como alertado, o plano especial não dá ao devedor a liberdade para escolher o meio de
recuperação que melhor atenda às suas necessidades. Se, por um lado, a lei simplifica a
elaboração do plano, não sendo necessária confecção de laudo ou gastos com serviços de
terceiros, pois ele já tem cláusulas preestabelecidas, por outro, restringe o devedor à simples
adesão a ele, sem praticamente nenhuma flexibilidade.
Caso não seja um instrumento viável para a recuperação, as microempresas e as empresas de
pequeno porte poderão adotar o plano comum e observar as exigências do artigo 53 da Lei nº
11.101/2005. Ao contrário, sendo melhor o plano especial, o devedor deverá manifestar sua
intenção de adotá-lo já no requerimento de recuperação.
 ATENÇÃO
O prazo para a apresentação do plano especial é o mesmo do plano comum, ou seja, até 60 dias
da publicação do edital de processamento, sob pena de decretação da falência.
Seu conteúdo do plano especial de recuperação limita-se às seguintes condições:
I
Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os
mesmos excluídos do plano comum (conforme vimos anteriormenteneste módulo) e, também,
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aqueles decorrentes de repasse de recursos oficiais.
II
Preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas
de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), podendo
conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas.
III
Preverá o pagamento da 1ª parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da
distribuição do pedido de recuperação judicial.
IV
Estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o
comitê de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
Ao contrário do plano comum, se houver objeção à concessão da recuperação judicial por algum
credor (conforme visto neste módulo), não será convocada assembleia de credores para deliberar
sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências legais.
Tal medida facilita a aprovação do plano pela sua celeridade e dispensa o devedor dos custos com
a realização da assembleia. Entretanto, se não será convocada assembleia para apreciar a
objeção de qualquer credor ao plano, quem apreciará a objeção? O juiz deverá verificar o valor do
crédito que detém o credor ou o grupo de credores que objetaram o plano.
Até metade do valor total de créditos
Caso esse valor seja de até metade do valor total de créditos de uma das classes de credores
previstas no artigo 83, da Lei nº 11.101/2005, e que serão analisadas no próximo módulo, a
objeção será indeferida.

Mais metade do valor total de créditos
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Ao contrário, se o credor ou grupo de credores reunir mais da metade de qualquer uma das
referidas classes, o juiz julgará improcedente o pedido de recuperação judicial pelo plano especial
e decretará a falência do devedor.
ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
Após a aprovação do plano e a concessão da recuperação judicial, o processo prossegue e entra
na sua terceira e última fase.
O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações
previstas no plano que vencerem até dois anos depois da concessão. Durante esse período, o
devedor poderá ou não iniciar o cumprimento ao plano, dependendo de seus termos e prazos,
porém, persiste a fiscalização do administrador judicial e do comitê de credores.
 ATENÇÃO
O plano de recuperação poderá sofrer modificações até o encerramento da recuperação,
aplicando-se a mesma sistemática de votação e quorum aplicáveis para sua aprovação.
Durante o período de dois anos, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano
acarretará a convolação da recuperação em falência, ou seja, a recuperação cessará e o devedor
terá sua falência decretada com a liquidação de sua empresa.
Com isso, as cláusulas e os compromissos previstos no plano ficarão rescindidos e os credores
terão reconstituídos seus direitos e suas garantias nas condições originalmente contratadas,
deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no
âmbito da recuperação judicial.
Mesmo que o plano ainda não tenha sido cumprido no prazo de dois anos, ainda assim, o juiz
deve encerrar o processo por sentença, na qual determinará:
I
O pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, após a prestação de contas e
apresentação de relatório, no prazo máximo de 15 dias, sobre a execução do plano de
recuperação pelo devedor.
II
A apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas.
III
A dissolução do comitê de credores e a exoneração do administrador judicial.
IV
A comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.
Após a sentença de encerramento, cessa a fiscalização do administrador judicial e do comitê de
credores, se houver, sobre o devedor e sua empresa. Sem embargo, no caso de ainda restarem
obrigações pendentes previstas no plano de recuperação judicial, o descumprimento autoriza
qualquer credor a requerer sua execução específica ou a decretação da falência.
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
A recuperação extrajudicial é outra espécie de recuperação possível de ser adotada pelo devedor
para evitar a falência. O devedor deverá satisfazer os mesmos requisitos subjetivos para a
recuperação judicial (conforme visto neste módulo) e mais o seguinte: não ter pedido de
recuperação judicial pendente de julgamento, ou não ter obtido recuperação judicial, ou não ter
obtido homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois anos.
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 ATENÇÃO
Perceba que o prazo entre uma recuperação extrajudicial e outra — dois anos — é menor do que
o de uma recuperação judicial e outra — cinco anos.
Notemos que o devedor em recuperação judicial (pendente ou já concedida) não pode se valer da
recuperação extrajudicial. Logo, a opção pela recuperação judicial exclui a outra recuperação. A
recíproca não ocorre, isto é, o devedor em cumprimento de plano de recuperação extrajudicial
pode requerer sua recuperação judicial.
Essa faculdade se justifica porque o plano de recuperação extrajudicial não pode incluir, em suas
cláusulas, os créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho,
ao contrário do plano de recuperação judicial. Com isso, o legislador dá ao devedor em
recuperação extrajudicial a oportunidade de incluir esses créditos, mas somente se requerer a
recuperação judicial.
UMA DAS CARACTERÍSTICAS MAIS MARCANTES DA
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL É QUE A PROPOSTA DE
PLANO AOS CREDORES E SUA NEGOCIAÇÃO OCORREM SEM
QUE SEJA INSTAURADO UM PROCESSO JUDICIAL, DAÍ O NOME
RECUPERAÇÃO “EXTRAJUDICIAL”.
FASES DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
A recuperação extrajudicial também se desenvolve em três fases, mas apenas a segunda é
judicial, ou seja, haverá a abertura de um processo. Essa fase é a da homologação do plano.
PRIMEIRA FASE
Consiste na apresentação do plano pelo devedor a seus credores, seguida da negociação e da
assinatura. Como informado, os credores sujeitos à recuperação extrajudicial são os mesmos da
recuperação judicial, à exceção dos trabalhistas e acidentes de trabalho. Com isso, a relação de
créditos excluídos da recuperação extrajudicial é a da recuperação judicial (conforme vimos neste
módulo), com acréscimo dos trabalhistas e acidentes de trabalho.
O plano de recuperação extrajudicial pode adotar os mesmos meios de recuperação judicial,
exceto quanto aos credores trabalhistas, e abranger a totalidade de uma ou mais classes de
créditos com garantia real, com privilégio especial, com privilégio geral, quirografários ou
subordinados ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de
pagamento.
Com isso, o devedor não precisa incluir todos os seus credores no plano, deixando certa(s)
classe(s) ou determinados credores fora dele. Entretanto, para esses credores, o pedido de
homologação do plano não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a
impossibilidade do pedido de decretação de falência.
Para que o devedor possa requerer a homologação do plano, medida imprescindível para ser
implementado, é preciso que esse plano (i) seja assinado por todos os credores nele
contemplados, ou (ii) esteja assinado, no mínimo, por credores que representem mais de 3/5 (três
quintos) de todos os créditos de cada classe por ele abrangida.
SEGUNDA FASE
Tem por característica ser a única fase judicial. Compreende o pedido de homologação, sua
tramitação e a decisão judicial. Tal qual ocorre na recuperação judicial, o pedido deve ser feito
perante o juiz do lugar do principal estabelecimento (conforme vimos neste módulo). Após a
abertura do processo de homologação, os credores não poderão desistirda adesão ao plano,
salvo com a anuência expressa dos demais signatários.
Para a homologação do plano, o devedor deve apresentar uma justificativa (exposição de motivos)
e o documento que contenha seus termos e suas condições, com as assinaturas dos credores que
a ele aderiram. Caso o plano não tenha sido aprovado por todos os credores, mas tenha atingido
o mínimo de assinaturas para sua homologação, o devedor deverá acrescentar ao pedido os
seguintes documentos:
Exposição de sua situação patrimonial.
Demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas
especialmente para instruir o pedido.
Os documentos que comprovem os poderes das pessoas que assinaram o plano para novar
ou transigir, a relação completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a
natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime
dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação
pendente.
Recebido o pedido de homologação, ele será publicado por edital no Diário Oficial e em jornal de
grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos
os credores para apresentação de suas impugnações no prazo de 30 (trinta) dias. Sendo
apresentada impugnação, será aberto prazo de cinco dias para que o devedor sobre ela se
manifeste.
Após a manifestação do devedor sobre as impugnações, ou caso não tenha havido, o juiz decidirá
acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não
implica prática de atos fraudulentos e que não há outras irregularidades que recomendem sua
rejeição. A sentença encerra a etapa judicial do procedimento.
Na hipótese de não homologação do plano, o devedor poderá, cumpridas as formalidades,
apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. Não há o risco de
decretação da falência, ao contrário do que ocorre em caso de rejeição do plano de recuperação
judicial.
TERCEIRA FASE
A última fase da recuperação, também extrajudicial tal qual a primeira, ocorre após sua
homologação e se relaciona ao cumprimento do plano. Uma vez homologado, o plano obriga a
todos os credores das classes por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos
constituídos até a data do pedido de homologação. Assim, é necessária a homologação judicial
para que o devedor possa obrigar os credores que não assinaram o plano a aceitá-lo.
Embora, em regra, o plano só produza efeito após sua homologação, é lícito, contudo, que ele
estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em
relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários. Ressaltamos
que não há previsão de nenhum órgão para fiscalizar o cumprimento do plano, ao contrário do que
ocorre na recuperação judicial (conforme vimos neste módulo).
Caso o devedor descumpra alguma obrigação do plano, seus credores poderão exigir seu
cumprimento forçado em processo judicial de execução.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO PODE SER CONCEDIDA A QUALQUER
PESSOA, MAS APENAS ÀQUELAS QUE OSTENTAM A CONDIÇÃO DE
EMPRESÁRIO; TODAVIA, ADICIONALMENTE, A LEI ESTABELECE
REQUISITOS SUPLEMENTARES, COMO:
A) Exercício regular de sua empresa há mais de 6 (seis) meses, exceto se for microempresário ou
empresário de pequeno porte, que está dispensado de prazo.
B) Exercício regular de sua empresa há mais de 2 (dois) anos.
C) Exercício regular de sua empresa há mais de 5 (cinco) anos, exceto se for microempresário ou
empresário de pequeno porte, que tem prazo reduzido para mais de 2 (dois) anos.
D) Exercício regular de sua empresa há mais de 1 (um) ano.
2. PARA OS MICROEMPRESÁRIOS E EMPRESÁRIOS DE PEQUENO PORTE,
ESTÁ PREVISTA A POSSIBILIDADE DE QUE SUA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
SEJA CONCEDIDA A PARTIR DA APRESENTAÇÃO E APROVAÇÃO DE UM
PLANO ESPECIAL, CUJO CONTEÚDO É LIMITADO POR LEI. NAS
ALTERNATIVAS A SEGUIR, VOCÊ ENCONTRARÁ ESTIPULAÇÕES QUE
PODEM FAZER PARTE DESSE PLANO ESPECIAL, EXCETO:
A) Necessidade de autorização do juiz, após ouvidos o administrador judicial e o comitê de
credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
B) Proposta de abatimento do valor das dívidas dirigida aos credores.
C) Parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros
equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC).
D) Redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva.
GABARITO
1. A recuperação judicial não pode ser concedida a qualquer pessoa, mas apenas àquelas
que ostentam a condição de empresário; todavia, adicionalmente, a lei estabelece
requisitos suplementares, como:
A alternativa "B " está correta.
Apenas a alternativa B está correta, haja vista que só é possível o pedido de recuperação judicial
ao empresário regular, isto é, registrado na Junta Comercial, e que tenha mais de 2 anos de
inscrição, como estabelece o artigo 48 da Lei nº 11.101/2005.
2. Para os microempresários e empresários de pequeno porte, está prevista a possibilidade
de que sua recuperação judicial seja concedida a partir da apresentação e aprovação de um
plano especial, cujo conteúdo é limitado por lei. Nas alternativas a seguir, você encontrará
estipulações que podem fazer parte desse plano especial, exceto:
A alternativa "D " está correta.
Apenas a alternativa D possui conteúdo estranho ao plano especial, uma vez que esse plano se
limita às condições estabelecidas no artigo 71, da Lei nº 11.101/2005, não podendo estipular
redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva.
MÓDULO 2
 Identificar o conceito de falência, seus princípios, pressupostos, sujeito passivo da
falência e os órgãos responsáveis por sua administração
INTRODUÇÃO
Os objetivos deste módulo são: aprender o conceito de falência, seus princípios e pressupostos;
identificar a figura do empresário, sujeito passivo da falência, e as entidades excluídas do instituto;
apresentar os órgãos responsáveis pela administração da falência, com destaque para o
administrador judicial; conhecer a classificação dos créditos na falência e oferecer noções do
procedimento falimentar, desde a fase preliminar até seu encerramento e extinção das obrigações
do falido.
A Lei nº 11.101/2005 não permite que o falido retome suas atividades e que cessem os efeitos da
falência durante o processo. Com isso, os bens que forem arrecadados para constituir a massa
falida serão vendidos, preferencialmente em bloco, para que, com o produto apurado, os credores
possam ser pagos.
Portanto, fica patente que os esforços do legislador são para a manutenção da empresa na
recuperação, mas a palavra final cabe sempre aos credores ao se manifestarem sobre o plano, e
não ao juiz.
FALÊNCIA
A falência, ao contrário da recuperação de empresas, tem finalidade liquidatória, isto é, a
venda judicial dos bens do falido para pagamento de seus credores, observadas as
preferências legais no pagamento, já que os credores são divididos em classes de acordo
com o crédito que ostentam.
FALIDO
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O falido não pode prosseguir no exercício de qualquer empresa e, caso seja autorizada a
continuação excepcional do seu negócio, quem assumirá essa tarefa será o administrador
judicial. Ademais, forma-se, na falência, uma massa falida, resultado da reunião dos
credores e dos bens submetidos aos efeitos do instituto.
CONCEITO DE FALÊNCIA
A falência pode ser conceituada de duas formas, sendo a primeira baseada em uma noção
estática, isto é, focada na condição de falido, e a segunda em uma acepção dinâmica, que dá
ênfase ao procedimento da falência. Veja a seguir:
SENTIDO ESTÁTICO
SENTIDO DINÂMICO
SENTIDO ESTÁTICO
Neste sentido,a falência é a situação do devedor empresário ou sociedade empresária que, sem
relevante razão de direito, se encontra impontual nas condições previstas em lei ou que pratica
determinados atos caracterizadores de um estado de falência. A lei identifica a pessoa do falido e
sua condição, decorrendo efeitos a partir da decretação da falência por sentença.
SENTIDO DINÂMICO
Dá-se quando a falência é um processo de execução coletiva (concurso de credores) em que os
bens do devedor serão arrecadados (ficarão indisponíveis) para efeito de alienação judicial futura
e pagamento aos credores, observadas as preferências e os privilégios legais. Nessa acepção, a
falência tem função liquidatória (realização do ativo e pagamento do passivo) do patrimônio do
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falido sujeito a seus efeitos, operando-se um ajuste de contas com os credores.
 SAIBA MAIS
Os atos caracterizadores de um estado de falência estão previstos no artigo 94 da Lei nº
11,101/2005.
PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS DA
FALÊNCIA
Estudaremos, doravante, os princípios e pressupostos da falência. Os primeiros são utilizados
como norte, orientação, ao juiz para decidir nos casos em que a lei não regule expressamente
determinadas relações patrimoniais e também fundamentam a redação de vários dispositivos. Os
pressupostos são as condições subjetiva, objetiva e formal indispensáveis para a caracterização
jurídica da falência.
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA
O instituto da falência está baseado em três princípios: igualdade de tratamento entre os credores
do falido, universalidade do concurso e indivisibilidade do juízo. Adiantamos que cada princípio
tem suas exceções, que apresentaremos sucintamente ao fim da exposição. Falaremos de cada
um deles a seguir:
PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS CREDORES DO
FALIDO
Decorre do concurso universal que a falência instaura. Como o patrimônio do devedor está
insolvente, uma vez que a recuperação se revelou inviável ou foi negada, não há bens suficientes
para o pagamento da totalidade das dívidas, impondo-se uma intervenção do legislador para
regular o pagamento nessa situação, ou seja, de falência em sentido econômico.
Os credores, mesmo sendo titulares de créditos de diversas origens e naturezas (trabalhista,
fiscal, com garantia real, sem garantia etc.), são tratados em pé de igualdade pela lei — par
conditio creditorum, expressão latina utilizada para identificar o princípio. Um exemplo da
igualdade que a lei estabelece é a necessidade de habilitação dos créditos ao processo, tanto por
parte de credores por obrigações vencidas quanto vincendas.
Mesmo que o crédito tenha vencimento após a falência, o credor estará na mesma condição de
outro cujo crédito já é exigível. Ambos deverão participar do concurso em pé de igualdade para
efeito de habilitação.
UNIVERSALIDADE DO CONCURSO
Em relação ao segundo princípio, da universalidade, também está associado ao concurso de
credores falimentares, porém sua relação mais próxima é com a figura da massa falida. A falência
compreende os bens e as obrigações do devedor, formando-se duas “massas”: a massa de bens,
resultado da arrecadação, e a massa de credores, resultado da habilitação e verificação dos
créditos.
Há, no processo de falência, dois documentos importantíssimos para exame da composição da
massa de bens (objetiva) e da massa de credores (subjetiva); são eles: o auto de arrecadação
(previsto no artigo 94 da Lei nº 11.101/2005) e o quadro geral de credores (previsto no artigo 18 da
Lei nº 11.101/2005). A administração da massa falida e sua representação judicial incumbem ao
administrador judicial.
INDIVISIBILIDADE DO JUÍZO
O terceiro e último princípio da falência tem relação com o juízo competente para decretar a
falência, ou seja, o do lugar do principal estabelecimento do devedor (conforme visto no módulo
1). Tal princípio denomina-se indivisibilidade (ou “unidade”) do juízo da falência e está previsto no
artigo 76 da Lei nº 11.101/2005: “O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer
todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido”.
Com isso, os credores deverão direcionar suas pretensões e seus recursos para o local onde se
processa a falência, onde serão apreciados pelo mesmo juiz. O juízo da falência tem, então, uma
“força atrativa” sobre os credores (vis attractiva).
Como advertido, existem exceções para cada um dos princípios diante de disposições da própria
Lei nº 11.101 ou de outras leis. No caso do princípio da igualdade, os créditos tributários não estão
sujeitos à habilitação na falência, e a própria Lei nº 11.101/2005 estabelece uma ordem de
pagamento aos credores, a qual será analisada posteriormente.
Quanto ao princípio da universalidade, os bens impenhoráveis não são compreendidos na massa
falida objetiva, sendo insuscetíveis de arrecadação. Ademais, existem ações que não são atraídas
para o juízo da falência, como as causas trabalhistas e fiscais.
PRESSUPOSTOS PARA A DECRETAÇÃO DA
FALÊNCIA
Para ser decretada a falência, a legislação brasileira exige a concorrência de três pressupostos:
PRESSUPOSTO SUBJETIVO
PRESSUPOSTO OBJETIVO
PRESSUPOSTO FORMAL
PRESSUPOSTO SUBJETIVO
Refere-se ao sujeito passivo, a pessoa que sofre a falência e seus efeitos.
PRESSUPOSTO OBJETIVO
Diz respeito à causa que motiva o pedido de falência e sua decretação.
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PRESSUPOSTO FORMAL
É o ato que deve ser praticado pelo juiz para dar início à falência, a sentença de falência.
O sujeito passivo da falência não é qualquer devedor, mas apenas o empresário ou a sociedade
empresária. Tal restrição é histórica e remonta ao Código Comercial de 1850, primeira lei nacional
a tratar da falência. Com isso, ainda não é possível que pessoas físicas ou jurídicas que não
sejam empresários, de fato ou de direito, requeiram sua própria falência ou que seus credores a
requeiram.
Contudo, o sistema falimentar brasileiro comporta exceções de ambos os lados:
PARA EXCLUIR CERTAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
DA FALÊNCIA
O artigo 2º, da Lei nº 11.101/2005, exclui várias entidades da aplicação dos institutos da falência,
da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial. São elas: a) empresa pública; b) sociedade
de economia mista; c) instituição financeira pública ou privada; d) cooperativa de crédito; e)
consórcio; f) entidade de previdência complementar; g) sociedade operadora de plano de
assistência à saúde; h) sociedade seguradora;i) sociedade de capitalização; e j) outras entidades
legalmente equiparadas às anteriores.
Todas essas entidades listadas, salvo as cooperativas de crédito, estão sujeitas ao regime das
sociedades empresárias, mas, por previsão legal, não se submetem aos institutos de direito
falimentar, e sim a procedimentos de liquidação administrativa (extrajudicial) previstos em leis
próprias.
PARA SUBMETER PESSOAS NATURAIS NÃO
EMPRESÁRIAS À FALÊNCIA
Por sua vez, a Lei nº 11.101/2005 submete pessoas naturais, sejam ou não empresárias, à
falência e em todos os seus efeitos. Trata-se do sócio de responsabilidade ilimitada presente em
certos tipos de sociedades empresárias, como os sócios da sociedade em nome coletivo ou os
sócios comanditados da sociedade em comandita simples.
De acordo com o artigo 81, da Lei nº 11.101/2005, a decretação da falência da sociedade com
sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos
mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida.
A causa da decretação da falência, pressuposto objetivo, está relacionada à impontualidade
(falta de pagamento) ou à prática de atos ruinosos ou fraudulentos por parte do devedor,
denominados “atos de falência”.
De acordo com o artigo 94, da Lei nº 11.101/2005, em duas situações se verifica a impontualidade
falimentar.
IMPONTUALIDADE
A impontualidade na falência tem uma conotação especial e bem limitada. Não se trata
apenas de o devedor deixar de pagar qualquer dívida, de qualquer valor ou representada em
qualquer documento.
1ª SITUAÇÃO
Acontece quando o devedor, sem relevante razão de direito (imotivadamente), não paga, no
vencimento, obrigação líquida (aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua
existência, que dispensa liquidação para apuração do seu valor ou da prestação) materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta)
salários-mínimos na data do pedido de falência.
Com isso, não basta ser credor, é preciso apresentar um documento que, por lei, seja considerado
um título executivo, com o valor mínimo previsto, que a soma dos títulos atinja esse valor e que
os títulos estejam protestados por falta de pagamento, constando nos respectivos instrumentos o
fim falimentar a que se destina o protesto.
Obs.: Os artigos 515 e 784 do Código de Processo Civil enumeram os títulos executivos judiciais
e extrajudiciais.
2ª SITUAÇÃO
Também se configura a impontualidade falimentar se o credor já propôs uma ação de cobrança
em face do devedor, no caso uma ação de execução, mas não obteve o pagamento. É a situação
do devedor empresário ou da sociedade empresária que, executado por qualquer quantia líquida,
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não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. Tais fatos
evidenciam uma insolvência presumida e permitem ao credor suspender a ação de execução e
requerer a falência.
A falência, alternativamente, pode ser requerida e decretada, ainda que o crédito não esteja
vencido, pela prática de atos, pelo empresário individual ou pelos administradores da sociedade
empresária, denominados “atos de falência”. São práticas fraudulentas, ilícitas e, muitas delas,
criminosas, com o intuito de dilapidar o patrimônio, lesar credores ou fugir à cobrança.
Cabe ao credor descrever tais práticas, juntando-se as provas que houver e especificando-se as
que serão produzidas. Veja a seguir:
ATOS DE FALÊNCIA
Proceder à liquidação precipitada de seus ativos ou lançar mão de meio ruinoso ou
fraudulento para realizar pagamentos.
Realizar ou, por atos inequívocos, tentar realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou
fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a
terceiro, credor ou não.
Transferir estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os
credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo.
Simular a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor.
Dar ou reforçar garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens
livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo.
Ausentar-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar
os credores, abandonar estabelecimento ou tentar ocultar-se de seu domicílio, do local de
sua sede ou de seu principal estabelecimento.
Deixar de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação
judicial.
Quanto ao pressuposto formal, somente se instaura o estado de falência a partir da sentença do
juiz, que produzirá efeitos a partir da segunda fase ou do período de informação. Com isso,
percebemos que o juiz não pode iniciar de ofício (por conta própria) o processo de falência.
Sempre será necessário um requerimento feito pelo credor ou por outras pessoas às quais a lei
confere legitimidade.
Também é possível que a falência seja decretada a partir de um pedido feito pelo devedor, instituto
conhecido como “autofalência”. Nesse caso, o devedor em crise econômico-financeira que julgue
não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua
falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial.
No vídeo a seguir, o professor, doutor em Direito, Alexandre Ferreira de Assumpção Alves, aborda
os requisitos para a decretação da falência.
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
No módulo 1, estudamos os órgãos da recuperação judicial, que são os mesmos na falência, com
exceção do gestor judicial, que não atua.
DAREMOS DESTAQUE, NA EXPOSIÇÃO, À FIGURA DO
ADMINISTRADOR JUDICIAL, QUE ASSUME, NA FALÊNCIA, UMA
IMPORTÂNCIA CAPITAL E MUITO MAIOR DO QUE UMA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RESSALTA-SE QUE O JUIZ DA
FALÊNCIA TEM UM PAPEL DE DESTAQUE NA PRIMEIRA FASE,
POIS CABE A ELE A DECISÃO SOBRE EVENTUAL DECRETAÇÃO
DA FALÊNCIA, E NÃO AOS CREDORES, COMO NA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. TAMBÉM SÃO ATRIBUIÇÕES DO JUIZ
A NOMEAÇÃO, SUPERINTENDÊNCIA DA ATUAÇÃO E
DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL.
Como o foco da falência é a liquidação da empresa, a assembleia de credores e o comitê, também
órgão facultativo como na recuperação judicial, assumem um papel menor em comparação à
recuperação. Quanto ao representante do Ministério Público, que também intervém no processo
como fiscal da lei, sua participação é obrigatória após a decretação da falência, especialmente
durante o período de verificação dos créditos e venda dos bens arrecadados.
CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DO ADMINISTRADOR
JUDICIAL
O administrador judicial é nomeado pelo juiz na sentença de falência. O critério para escolha é o
mesmo empregado na recuperação judicial, ou seja, profissional idôneo, preferencialmente
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
Após sua nomeação, o administrador será intimado para assinar termo de compromisso, que
marca a investidura nas suas funções.
Além da capacidade civil plena para ser administrador judicial, ou seja, ter mais de 18 anos e não
sofrer qualquer incapacidade, o nomeado não pode ter impedimento legal.
IMPEDIMENTOS PARA A ESCOLHA DO
ADMINISTRADOR JUDICIAL
Não poderá exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no
exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do comitê de credores em falência ou
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou
teve a prestação de contas desaprovada.
Também está impedido de exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de
parentesco ou afinidade até o 3º (terceiro) grau com o devedor, seus administradores,
controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.
 ATENÇÃO
Se uma pessoa tiver algum impedimento legale for nomeada administrador judicial, o devedor,
qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do
nomeado.
Na falência, diante da inabilitação do empresário para o exercício de qualquer empresa e da
arrecadação de seus bens, são bem maiores as atribuições do administrador, que as exerce sob a
fiscalização do juiz e do comitê, se houver. Destacamos as mais importantes:
ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR
Elaborar e fazer publicar a relação de credores após a verificação dos créditos.
Consolidar o quadro geral de credores após o julgamento das impugnações de crédito para
posterior publicação.
Assumir a condução da atividade empresarial do falido, se autorizada a continuação
provisória pelo juiz na sentença de falência.
Examinar a escrituração do devedor para efeito de apuração de eventuais crimes
falimentares.
Relacionar os processos pendentes e assumir a representação judicial da massa falida.
Apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de
compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que
conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos
envolvidos.
Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação onde
constarão o inventário dos bens e o laudo de avaliação.
Praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores.
 ATENÇÃO
O administrador judicial responde com seus bens pessoais por ato ilícito, intencional (doloso) ou
culposo, pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores.
Tal qual na recuperação judicial, o administrador judicial faz jus a uma remuneração pelo seu
trabalho e pelos serviços prestados, cujo encargo é da massa falida (crédito de natureza
extraconcursal, que será pago anteriormente aos credores que entram no quadro do concurso de
credores).
Cabe ao juiz, em decisão no curso do processo, fixar o valor e a forma de pagamento da
remuneração, observados a capacidade de pagamento da massa falida, o grau de complexidade
do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
EM QUALQUER HIPÓTESE, O TOTAL PAGO AO
ADMINISTRADOR JUDICIAL NÃO EXCEDERÁ 5% (CINCO POR
CENTO) DO VALOR DE VENDA DOS BENS NA FALÊNCIA,
PERCENTUAL REDUZIDO PARA 2% (DOIS POR CENTO) NO
CASO DE FALÊNCIA DE MICROEMPRESAS OU EMPRESAS DE
PEQUENO PORTE. DO MONTANTE TOTAL DA REMUNERAÇÃO
FIXADA, DEVEM SER RESERVADOS 40% (QUARENTA POR
CENTO) PARA PAGAMENTO APÓS O JULGAMENTO DAS
CONTAS DO ADMINISTRADOR JUDICIAL E A APRESENTAÇÃO
DO RELATÓRIO FINAL DA FALÊNCIA.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS NA
FALÊNCIA
Como exceção ao princípio da igualdade de tratamento entre os credores do devedor, a Lei nº
11.101, em seu artigo 83, estabelece uma ordem de pagamento entre os credores do falido,
denominados “concursais”. Cabe salientar que os credores, cujos créditos surgirem após a
decretação da falência, em razão de obrigações assumidas pela massa falida ou despesas do
processo, por exemplo, são considerados extraconcursais, pagos preferencialmente em relação
aos créditos concursais.
A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
1ª CLASSE
2ª CLASSE
3ª CLASSE
4ª CLASSE
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https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3f
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps3f
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https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps4f
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5ª CLASSE
6ª CLASSE
7ª CLASSE
8ª CLASSE
1ª CLASSE
Os créditos derivados da legislação do trabalho, com preferência até o limite de 150 salários-
mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho, sem limite. O saldo excedente do
crédito trabalhista é incluído na classe dos créditos quirografários.
2ª CLASSE
Os créditos com garantia real, isto é, aqueles que possuem bens do patrimônio do devedor ou de
terceiro vinculados a seu pagamento, até o limite do valor do bem gravado.
Para efeito de inserção do crédito, nesta classe, será considerado como valor do bem, objeto de
garantia real, a importância efetivamente arrecadada com sua venda (valor líquido), ou, no caso
de alienação em bloco da empresa ou de estabelecimento, o valor de avaliação do bem
individualmente considerado. A parte do crédito excedente a esse limite será incluída na classe
dos créditos quirografários.
3ª CLASSE
Créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de constituição, excetuadas
as multas tributárias. São considerados extraconcursais os créditos tributários decorrentes de
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https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/recuperacao_de_empresas_e_falencia/index.html#collapse-steps7f
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fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência.
4ª CLASSE
Créditos com privilégio especial, isto é, a satisfação do crédito está vinculada ao valor apurado
com a venda de determinados bens do patrimônio do devedor, sobre os quais recai o privilégio.
5ª CLASSE
Créditos com privilégio geral, isto é, a satisfação do crédito está vinculada ao valor apurado com a
venda dos bens do devedor que não sejam objeto de garantia real ou privilégio especial.
6ª CLASSE
Créditos quirografários, aqueles sem qualquer garantia ou privilégio quanto ao recebimento. Até a
entrada em vigor da Lei no 11.101, essa era a última classe de credores.
7ª CLASSE
As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas,
inclusive as multas tributárias.
8ª CLASSE
Créditos subordinados, a saber: os assim previstos em lei ou em contrato e os créditos dos sócios
e dos administradores sem vínculo empregatício.
BREVES NOÇÕES SOBRE PROCEDIMENTO
FALIMENTAR
O procedimento falimentar de liquidação dos bens do empresário

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