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TCC A DOUT DA TRIND

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1 
 
A DOUTRINA DA TRINDADE: UMA LEITURA DA OBRA “DA TRINDADE” 
DE SANTO AGOSTINHO A PARTIR DE JURGEN MOLTMANN E UMA 
ANÁLISE TRINITÁRIA DOS ESCRITOS JOANINOS. 
 
Clésio de Deus Passos1 
 
 
Resumo 
 
O presente trabalho tem como objetivo ressaltar as contribuições de Santo Agostinho 
e Jürgen Moltmann para a compreensão da doutrina da Trindade, a partir da análise 
das obras “Da Trindade” e “Trindade e Reino de Deus”. Suas obras e filosofias são 
fundamentais na fé e na razão do indivíduo e também demonstram apresentar 
informações sobre a Doutrina Trinitária, sobre a divindade cristã, abrangendo três 
personalidades inseparáveis que compõe um só Deus. Pretende-se apresentar como 
atuam os três componentes da Santíssima Trindade na perspectiva dos respectivos 
autores. Demonstrar que suas obras e personalidades não só se limitam somente as 
suas personalidades, mas também na ousadia de se comunicar e revelar ao homem. 
Cabe também exaurir que os livros sinóticos trazem uma visão no sentido humanístico 
de Cristo, enquanto o evangelho de João traz a natureza e vida divina de Cristo 
descrito no evangelho das escrituras sagradas. 
 
Palavras chaves: Doutrina. Trindade. Deus. Agostinho. Apóstolo João, Molttmann. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A doutrina da Trindade é o estudo da fé cristã. É o ensino de que Deus é trino 
que se mostra em três pessoas que coexistem entre si, mas com a mesma natureza, 
mas possui características diferentes em seu agir. Ou seja, são coeternas e divinas 
e atua em perfeição harmônica. Sendo assim, ela surgiu a partir de grandes debates 
entre teólogos, e nela que se manifesta a fé cristã em Deus. Pois sem essa 
característica trina da Trindade, Deus não se revelaria, haja vista que os três agem e 
agiu na criação e desenvolvimento da humanidade. 
Vale ressaltar que o tema que possui muita relevância tanto na área teológica, 
como no âmbito pastoral, pois a trindade é manifesta pela essência do caráter de Deus 
 
1 Acadêmico de pós-graduação em Cultura Teológica pela Universidade Católica Dom Bosco. 
2 
 
que é o ‘’Amor’’. E por isso se manifestou à humanidade através de filho Jesus Cristo, 
no qual através de tal sacrifício na cruz o Espirito Santo nos santifica de toda impureza. 
Com isso, este trabalho abordará algumas questões fundamentais consideradas, por 
algumas igrejas, como dogma da fé a partir de escritos bíblicos e construções 
teológicas em sua ramificação interpretacionista. 
O primeiro capítulo trata da doutrina Trinitária de Santo Agostinho em que o 
objetivo principal do mesmo é encontrar Deus. No decorrer do texto, procura-se 
compreender como Agostinho explica o Deus trino, primeiro ele explica o Deus uno 
para mais tarde explicar o Deus trino e sua intrínseca ligação divina com as demais 
personalidades da Santíssima Trindade. 
O segundo capítulo trata do pensamento teológico de Jürgen Moltmann acerca 
da Trindade, o qual explica a Trindade a partir da crucificação de Jesus. Para ele, este 
é o momento em que Deus se revela como Trindade. O objetivo de Moltmann é levar 
o leitor a compreender que a Trindade está em Deus, o princípio e o fim de tudo e só 
através das revelações Dele é que se pode conhecer a verdadeira Trindade. No 
entanto, na visão de Molttman a trindade, sem à manifestação primária de Deus, a 
mesma seria oculta e não se revelaria ao ser humano. 
O terceiro capítulo trata de uma análise comparativa das doutrinas trinitárias de 
Santo Agostinho e Jürgem Moltmann, levando em consideração as grandes 
diferenças entre os dois teólogos. 
Em suma, a Trindade é uma incessante busca de compreensão que as igrejas 
têm para explicar o relacionamento de Deus, Jesus e o Espírito Santo. Em outras 
palavras sua Santidade o Papa Francisco diz: ‘’Uma família em que se ama e se ajuda 
os outros é um reflexo da Trindade. Uma paróquia, em que se quer o bem e se partilha 
os bens espirituais e materiais, é um reflexo da Trindade”. Significa demonstrar nesse 
artigo que a prática do bem revela uma conexão advinda da trindade. Ou seja, o amor 
é fruto do Espirito Santo, coadunam-se entre Deus Pai e Deus filho. Em suma é 
notável que as escrituras sagradas pouco se revela acerca da Santíssima trindade. 
Entretanto, vamos elencar uma visão exploradora de Santo Agostino e do teólogo 
alemão Jurgem Moltman para entendermos um pouco de como a Trindade se revela 
e sua essência divina. 
 
 
 
3 
 
 
1. AGOSTINHO, BISPO DE HIPONA 
 
Aurelius Agostinho nasceu em Tagaste, norte da África, no dia 13 de novembro 
de 354. Era filho de pai pagão e mãe cristã. A influência dos pais sobre a formação de 
Agostinho foi muito marcante, ele teve uma vida de inquietações, buscava a verdade, 
questionava a Deus, o mal e o bem. A fim de elucidar suas indagações, procurou 
respostas, primeiramente, na filosofia clássica e viveu com uma mulher por 13 anos, 
com quem teve um filho chamado Adeodato. 
Durante a juventude, Agostinho se entregou à satisfação dos prazeres do 
corpo. Era uma pessoa impulsiva e fazia tudo que suprisse seus desejos, passando 
por alguns momentos de conflitos com sua mãe, a qual o impedia de sentar à mesa 
na hora das refeições, além de expulsá-lo de casa, afirmando não querer morar no 
mesmo “teto”, depois ele se tornou maniqueísta. 
 É notório que apesar de tanta procura pelo sentido da existência, Agostinho 
ainda sentia seu coração “vazio”. Buscava a felicidade em muitos lugares, mas não a 
encontrava, distanciando-se da família. Certo dia, sua mãe, tentando reanimar seu 
ânimo, levou-lhe para ouvir as pregações de Santo Ambrósio. A caminhada e luta para 
o animar foi árdua, porém Agostinho ouve a voz de uma criança que lhe disse: "Tolle 
et lege" (Toma e lê), isso aconteceu no mês de agosto de 386 ao meditar no jardim. 
Após ler as Cartas de São Paulo, chega à tese de que é seguindo a Cristo que se 
encontra à felicidade e não nos prazeres da vida. Dessa forma, acabam-se suas 
dúvidas, culminando na sua conversão. Motivado a buscar a Deus em seu próprio 
coração, Agostinho acredita ter encontrado o caminho para a felicidade, a paz e a 
verdade, as quais almejavam. 
Agostinho foi autor de várias obras, resumindo em 113 volumes, não levando 
em consideração as cartas e sermões (mais de 200). Diz-se que os problemas e 
preocupações que a igreja vivia na época foram à causa do surgimento de suas obras. 
A influência de Agostinho é facilmente percebida nos diversos campos do 
pensamento, da cultura e da vida religiosa. 
 
1.1 A DOUTRINA DA TRINDADE 
 
4 
 
O principal objetivo de Agostinho em suas reflexões filosóficas e teológicas é 
buscar a Deus em sua característica trina e personalística. Todas as suas obras 
manifestam o trajeto do homem em sua incessante busca por Deus. Em “A Trindade” 
(2007), Agostinho expressa o intenso desejo de conhecer o mistério divino. A 
Santíssima Trindade justifica de que maneira o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a 
única e a mesma substância. 
Para Agostinho (2007), a fé ensina que Deus é um em três, no entanto enfatiza 
que o Espírito Santo não é Deus e nem Jesus, mas sim o espírito dos dois, que através 
do Pai revelou seu amor mútuo através de Cristo, ou seja, sem o Espírito Santo não 
haveria essa unidade e nem seria possível uma revelação ao homem. Todavia a 
intenção de Agostinho nunca foi julgar o dogma da Trindade. Em vez disso, ele 
procura entender, de forma racional, como Pai, Filho e Espirito Santo se relacionam. 
A partir desta perspectiva, Agostinho tenta encontrar na criação uma analogia que 
possa de certa forma, ilustrar o mistério da Trindade. Para Agostinho, Deus é 
incompreensível, porém não incognoscível. 
Agostinho trata de Deus em si mesmo. O foco da tese agostiniana é a própria 
essência de Deus. Primeiramente, ele destaca o Deus Uno, para, mais tarde, mostrar 
o Deus Trino. Nessa concepção, Deus é um, mas se revela emtrês pessoas distintas, 
com características próprias e que se inter-relacionam. 
Assim como diz em sua obra (1997) “A Trindade”: 
 
“O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo. O Filho não é o Pai, nem o Espírito 
Santo. E o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. O Pai é só Pai, o Filho 
unicamente Filho, e o Espírito Santo unicamente Espírito Santo. Os três 
possuem a mesma eternidade, a mesma imutabilidade, a mesma majestade, 
o mesmo poder. No Pai está a unidade, no Filho a igualdade e no Espírito 
Santo a harmonia entre a unidade e a igualdade. Esses três atributos todos 
são um só, por causa do Pai, todos são iguais por causa do Filho e todos são 
conexos por causa do Espírito Santo”. (AGOSTINHO, 1997, p 5,5.) 
 
 
Para Agostinho, seria impróprio buscar analogias na criação para tentar ilustrar 
quem é Deus. Sua sugestão é que, ao invés disso, cada um busque dentro de si sua 
própria analogia através da reflexão e de que maneira ele se revela a cada pessoa. 
Agostinho analisa a essência humana como a representação de Deus e da 
Trindade. Toda esperança de conhecer a Deus se encontra, portanto, na humanidade 
ser sua imagem e semelhança. Deus é o ser imaculado, capaz de transmitir sua 
5 
 
bondade às pessoas. Ele as ilumina como verdade e as atrai, dando paz e amor, 
através da obra da Trindade, tendo em vista que os três estavam presentes na criação. 
A Trindade é considerada por muitos a obra mais difícil de Agostinho, ele 
mesmo confessa tê-la abandonado por diversas vezes. Começou a escrever este 
tratado ainda na juventude, por volta de 399, e só vinte anos depois a obra foi 
publicada em 419-420. 
 
1.2 A TRINDADE E AS ESCRITURAS 
 
A Bíblia nos ensina que o Pai é Deus, que Jesus é Deus e que o Espírito Santo 
é Deus. Desta forma, explica-se a trindade: três pessoas unidas em um só Deus todo-
poderoso. “Trindade” não é um termo bíblico, mas foi usado por alguns teólogos para 
descrever o Deus trino. A trindade é um aspecto fundamental da doutrina cristã. No 
Primeiro Testamento, a dimensão trinitária da revelação de Deus aparece em várias 
passagens. A Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é três pessoas que são iguais no 
ser, porém distintas em sua personalidade, pois Deus é uno e trino. 
No Segundo Testamento, as evidências da revelação trinitária de Deus são 
mais abundantes, podendo ser discernidas em várias passagens. O relacionamento 
de Deus com seu Filho ficou notório durante o batismo de Jesus, quando a pessoa do 
Espírito Santo também se fez presente (Mt 3,16-17; Lc 3,21-22). Nestas passagens, 
podem-se ver claramente as três pessoas distintas: Jesus sobre as águas, o Espirito 
Santo sobre Ele em formato de uma pomba e Deus falando a eles dos céus. Romanos 
16,36 afirma que Deus é um só de quem, por quem e para quem são todas as coisas. 
No pai está a unidade, no Filho a igualdade e no Espirito Santo a harmonia entre a 
unidade e a igualdade. Os três possuem a mesma imutabilidade, a mesma majestade 
e o mesmo poder. 
 Já na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios capítulo 12, versículo 13 
declara: “Assim, também, todos nós, judeus e não judeus, escravos e livres, fomos 
batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo. E a todos nós foi dado de 
beber do mesmo Espírito.” 
Em Atos dos Apóstolos 2.3 diz que foram vistas por eles línguas repartidas, 
como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do 
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes 
concedia que falassem. Logo Isaías 44.3 revela que Deus derramaria água sobre o 
6 
 
sedento e rios, sobre a terra seca; derramaria o seu Espírito sobre a sua posteridade 
e a sua bênção, sobre os seus descendentes. Trechos bíblicos como esses ajudam a 
entender que o Espírito Santo também é uma pessoa divina, tal qual o Pai e o Filho. 
E Ele habita no homem, assim como o Pai e o Filho. O Espírito Santo intercede pelo 
homem, tal como Jesus Cristo. 
De acordo com Papa Bento XVI (2005) em “Compêndio do Catolicismo da 
Igreja Católica”: 
 
“O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É Deus, uno 
e igual ao Pai e ao Filho; 'procede do Pai' (Jo. 15, 26), o qual é princípio sem 
princípio e origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho 
(Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz ao Filho. O Espírito Santo, enviado 
pelo Pai e pelo Filho encarnado, guia a Igreja até o conhecimento da 'verdade 
plena' (Jo 16, 13)" (XVI, Bento. 2005. p.47). 
 
 
Cada pessoa da Trindade compartilha os mesmos atributos. O Espírito Santo 
compartilha com o Pai e com o Filho os atributos da divindade. Logo, o Pai, Filho e 
Espírito Santo compartilham as mesmas características do Ser Uno e do Ser Divino. 
Apesar de enviados, o Filho e o Espirito Santo são iguais ao Pai. 
Segundo Agostinho (2007), a divisão das três pessoas se fundamenta nas 
relações de cada um dentro da trindade. O Espírito Santo é o ser comum entre o Pai 
e o Filho, é também o vínculo de amor entre Pai e Filho. O Espírito Santo não é 
somente o encontro entre Pai e Filho é também o encontro com o que não é divino. É 
Ele que torna acessível o encontro do homem com Deus e o conhecimento de sua 
graça: "O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação eterna 
deste último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão”. (AGOSTINHO. 2007. Livro 
XV, 26,47) 
As obras externas da trindade são indivisíveis, o Espirito Santo é um Ser 
pessoal da mesma essência divina que o Pai e o Filho, o único Deus, “Toda substância 
que não é Deus é criatura, e toda sustância que não é criatura é Deus.” (AGOSTINHO. 
2007. Livro I, 6, 9). Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos 
meios pelos quais Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, 
reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado" (DCG Directorium 
Catechisticum Generale 47). 
7 
 
Para Agostinho (2007), viver na Trindade é viver a mesma comunhão de amor 
das pessoas divinas, assim é de suma importância para o cristão viver a fé da trindade 
do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
O Evangelho de João dá total discernimento sobre a Trindade, pois é através 
dele que se vê o Pai enviando o Filho revestido de poder pelo Espírito Santo, assim 
como reveva Paulo Anglada (1998): 
 
“O pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém. O Filho procede do 
Pai, não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem 
criado, nem gerado mais procede do Pai e do Filho. Nesta Trindade não há 
mais antigo, nem menos antigo as três pessoas são coeternas iguais entre 
si”. (ANGLADA. 1998) 
 
Agostinho era neoplatônico, pois comungava de várias ideias filosóficas de 
Platão. Para Agostinho, Platão compreendia determinadas verdades cristãs, 
revelando que, mesmo não conhecendo o cristianismo, ainda poderia alcançar o 
conhecimento das verdades eternas. Agostinho dizia que a fé é uma substância de 
vida e de pensamento e que razão e fé são conciliáveis. 
A obra “A Trindade” representa um momento crucial do pensamento de 
Agostinho, indicando que seu pensamento estava profundamente ligado às questões 
antropológicas. Fica explícito, no decorrer da leitura dos livros que compõem a referida 
obra, que durante toda a composição dessa obra, Agostinho passa constantemente a 
invocar a Deus em oração. Agostinho procurava compreender o ser humano tão 
intensamente que buscava conhecer de forma profunda as questões da alma. O ser 
humano só consegue entender a Trindade se, primeiro, entender sua própria alma. É 
necessário ser sensíveis para entender certas analogias a cerca da Trindade. De 
acordo com Agostinho (2007): 
 
“A trindade da mente não é imagem de Deus somente porque a mente 
recorda, compreende e ama a si mesma, mas porque pode também recordar, 
compreender e amar aquele por quem foi criada. Quando assim o faz, torna-
se sábia. Por outro lado, se não o faz,mesmo que recorde, compreenda e 
ame a si mesma, é estulta. Portanto, que se recorde de Deus, à imagem de 
quem foi criada, e que o compreenda e o ame”. (AGOSTINHO, 2007,Livro 
XII,12,15). 
 
 
Segundo Agostinho (2007) falar de Deus é elevá-lo à soberania: Deus 
Santíssimo, como em Efésios 4,6 “E há somente um Deus e Pai de todos, que é o 
Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos”. 
8 
 
2. A DOUTRINA DA TRINDADE SEGUNDO MOLTMANN 
 
Jürgen Moltmann nasceu na Alemanha, na cidade de Hamburgo, em oito de 
abril de 1926. Seu doutorado foi obtido em 1952 e, a partir de então, lecionou as 
disciplinas de História e Teologia Dogmática nas universidades de Wupertal e Bonn, 
em que também exerceu o ministério pastoral. Atualmente, ocupa a cátedra de 
Teologia Sistemática na Universidade de Tübingen. É considerado um dos teólogos 
europeus de mais influência que exerceu sobre as emergentes teologias da libertação. 
Também teve a ousadia de confrontar criticamente os sistemas teológicos que 
estavam em moda na Europa e América do Norte, com uma nova chave de 
interpretação das Escrituras e da história: o binômio promessa-esperança. 
Jürgen Moltmann é um dos mais respeitados nomes da teologia moderna, com 
grande influência sobre a formação de diversos movimentos progressistas na 
atualidade, dentre eles, conforme cita o próprio autor: “a teologia política, negra, da 
libertação é feminista”, sendo evidente que o acolhimento de suas teses se deu de 
forma crítica e aculturada. 
 
2.2 PENSAMENTO TEOLÓGICO DE JÜRGEN MOLTMANN 
 
Moltmann é considerado por muitos a maior referência viva da teologia cristã e 
um dos fundadores da teologia da esperança. Os conhecimentos trinitários de 
Moltmann começam a partir de suas traumáticas experiências como prisioneiro da 
Segunda Guerra, sua teologia procede dessas experiências. A partir de então, 
Moltmann buscou se fundamentar nas literaturas relacionadas à teologia e ao tema 
trinitário. Na obra de Moltmann (2008) “Vida, esperança e justiça”, afirma que: 
 
“Cristo – o amigo da peregrinação, que abandonou tudo para procurar as 
vidas abandonadas. Cristo – aquele que me toma pela mão em seu caminho 
rumo à ressurreição e à vida. Eu tornei a perceber a coragem de viver. 
Tomou-me – de modo lento, mas seguro – uma grande esperança na vida 
plena. Eu ouvi novamente os tons musicais, vi de novo as cores, senti mais 
uma vez as forças da vida. Naquele momento, eu não me decidi por Cristo, 
como é comumente exigido por muitos. Mas estou seguro de que, naquele 
instante e naquele lugar, no escuro buraco da minha alma, Cristo me achou. 
Posteriormente, me decidi por Cristo e por seu reino e faço isso até hoje. 
Naqueles dias, o abandono de Cristo na cruz me mostrou onde Deus está 
presente, onde ele estava naquela noite de chamas em Hamburgo e onde ele 
estará ao meu lado, aconteça o que acontecer no futuro. Esta convicção não 
tem me abandonado até hoje”.(MOLTMANN. 2008. p.11) 
9 
 
 
Diante disso, depois da Guerra, resolveu estudar teologia, o que o fez refletir 
sobre a condição humana. A teologia era uma motivação para Moltmann até mesmo 
antes da teologia da esperança. O teólogo discordava de como a cruz era 
representada como remissão de culpa e não de esperança. Dissertar acerca do tema 
trinitário é buscar investigar o mistério infinito da própria existência. 
Moltmann (2011) revela que: 
 
“A unidade das pessoas trinitárias reside na circulação da vida divina, 
realizada pelas mútuas relações existentes entre elas. Portanto, a unidade do 
Deus uno e trino não pode e nem deve ser encontrada num conceito geral da 
essência divina. Isso suprimiria as diferenciações pessoais. Inversamente, se 
justo a diferenciação das três pessoas reside num processo vital, que se 
exerce relacional e “pericoreticamente”, então as pessoas não podem e nem 
devem ser reduzidas a três modos de ser de um mesmo sujeito divino. As 
pessoas, por si, constituem tanto as suas distinções quanto a sua unidade.” 
(MOLTMANN. 2011. p. 182) 
 
O pensamento teológico de Moltmann é importante pela sua abrangência 
temática, por ser uma teologia que se preocupa com a vida integral. A obra “Trindade 
e Reino de Deus” está centrada na perspectiva comunitária e libertadora, em que se 
vinculam vários elementos teológicos. Moltmann (2011) elabora seu conceito de Deus 
a partir de duas temáticas fundamentais: a Paixão de Deus e a História do Filho. Para 
ele, o mundo da Trindade é qualificado no evento da salvação e nas especificações 
das pessoas trinitárias. 
Moltmann utiliza de uma linguagem bíblica, universal e exclusiva, buscando 
assim uma fraternidade cristã em torno do Espírito Santo. Foi durante sua prisão, 
ainda na Segunda Guerra Mundial, que Moltmann dedicou seu tempo a entender mais 
acerca da teologia, vários temas ligados às questões sociais lhe chamaram a atenção, 
tais como: os direitos humanos, a opressão, a degradação, etc. 
Logo no início do livro “Trindade e Reino de Deus”, Moltmann utiliza de um 
panorama para tentar explicar a Trindade. A mesma é analisada a partir da crítica que 
se qualifica monoteísmo monárquico. Toda discussão acerca da natureza trinitária 
estabelecida por Moltmann está em constante diálogo com o crítico Joaquim de Fiore. 
A visão de Fiore tornou-se a chave para Moltmann localizar a ação libertadora do Deus 
Trino. 
A Trindade é a busca de uma resposta sobre o que há por trás de tudo? A 
resposta está em Deus, princípio e fim de tudo. Segundo Moltmann (2011), só se pode 
10 
 
conhecer a Trindade a partir do que for revelado por Deus a humanidade, como 
expressa: 
 
“[...] O pressuposto pensamento da simplicidade do ser divino torna 
problemática a ideia da Trindade. Por esse motivo é que a doutrina trinitária 
ocidental revela, quase invariavelmente, uma tendência modalista. Isso só 
poderá ser alterado se o pensamento indispensável da unidade de Deus for 
expresso trinitariamente, e não mais pré-trinitariamente A unidade de Deus 
reside na unidade trina do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não a procede, 
nem lhe sucede.” (MOLTMANN, 2011, p. 195). 
 
Para Moltmann, o momento da crucificação de Jesus é a ocasião em que Deus 
se constitui como trindade. Moltmann busca analisar o ministério da Trindade a partir 
do monoteísmo monárquico. 
A partir da obra de Agostinho, o teólogo enfatiza a soberania de Deus e os 
diferentes modos de revelação do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Moltmann ressalta 
a natureza e as ações de cada uma das pessoas da Trindade. Segundo Moltmann 
(2011), a doutrina trinitária é uma doutrina de liberdade e somente Deus, sofredor e 
apaixonado, é capaz de fazer com que exista essa liberdade humana, em que 
expressa: 
 
“A liberdade em si mesma é abrangente e indivisa. Por isso é que toda 
experiência parcial da liberdade impele para a liberdade plena e para a 
liberdade de toda criação. A sede de liberdade não pode contentar-se com 
uma satisfação parcial. Ela não conhece limites. Por esse motivo também a 
liberdade dos amigos de Deus ainda não é liberdade plena. Historicamente, 
ela é a melhor de todas as liberdades possíveis no relacionamento com Deus. 
Mas, por sua vez, ela aponta para aquela liberdade que está além e acima, e 
que somente no reino da glória alcança a beatitude consumada em Deus. No 
reconhecimento de Deus face a face é que a liberdade dos servos, a dos 
filhos e dos amigos de Deus chega finalmente à sua perfeição última em 
Deus.” (MOLTMANN, 2011, p.223). 
 
 
De acordo com Moltmann (2011), não há forma melhor para se pensar na 
Trindade, senão a partir de Cristo, filho de Deus. Para o autor, a união entre Pai, Filho 
e Espírito Santo é entendida como comunhão. O pensamento de Moltmann é o mais 
evangelical, tendo em vista que ele vê a palavra de Deus como revelação. Desta 
forma, a única maneira de acessar a Trindade é a partir do Filho de Deus. No reino do 
Pai, Deus é o único Senhor de suas criaturas.11 
 
3. MOLTMANN X AGOSTINHO 
 
Moltmann (2011) acredita em um Deus apaixonado por sua criação, que se 
compadece por ela e, por esse motivo, sofre ao ver a mesma se enveredar por 
caminhos obscuros, ao dizer que: 
 
“[...] Deus tem paciência com seu mundo, porque tem esperança nele. A 
esperança de Deus manifesta-se na sua disposição de suportar o 
afastamento e o fechamento das suas criaturas em si mesmas. Na paciência 
do amor, ele resguarda a abertura para o futuro do seu mundo. [...] A 
autolimitação, a renúncia e a paciência do amor já começam com a criação 
do mundo, e orientam o governo geral do mundo e a providência de Deus 
para o “reino do Pai””.(MOLTMANN, 2011, p. 213) 
 
Para Moltmann (2011), a Trindade é constituída pelo Pai na criação, pelo Filho 
na crucificação e pelo Espírito Santo na comunhão. Pois o Pai criou a criatura por 
amor, o Filho se entregou ao calvário por amor e o Espírito Santo une todos em amor. 
Logo, revela que: 
 
“O Pai, em seu amor pelo Filho, define-se como criador do mundo. Ele é o 
criador, porque ama o Filho. O seu amor, que se comunica com o seu igual, 
abre-se para o outro, e passa a ser criativo, isto é, antecipa-se a qualquer 
possível correspondência. Dado que ele, em virtude de seu eterno amor pelo 
Filho, cria o mundo, este, pela vontade eterna de Deus, é destinado ao bem, 
não sendo outra coisa do que expressão do seu amor. [...] Se o Pai, em seu 
amor pelo Filho, cria o mundo, então também cria o mundo por meio dele. Em 
seu Filho eterno, ele vê o mundo. Visando à comunhão com seu Filho é que 
cria os homens. Tudo o que foi criado está em função do reino livre do seu 
Filho. Desde a eternidade, portanto, o Filho é destinado a ser Logos, o 
mediador da criação” (MOLTMANN, 2011, p. 123). 
 
Para Agostinho (2007), a Trindade se constitui do amor do Pai pelo Filho, do 
Filho pelo Pai e o Espírito Santo é a união eternizada desse amor. Um amor tão 
imensurável que é transponível a toda criação. 
Agostinho (2007) em “A trindade”, afirma que: 
 
“Efetivamente, aquele que ama e aquilo que é amado são a mesma coisa, 
quando alguém se ama a si próprio, assim como, quando alguém se ama a 
si mesmo, amar e ser amado é do mesmo modo a mesma coisa. De fato, 
refere-se duas vezes à mesma coisa quando se diz: ‘ama-se’, e ‘é amado por 
si mesmo’. Neste caso, (não são coisas distintas amar e ser amado, (...) como 
não são distintos o que ama e o que é amado. Quando, na verdade, o amor 
e aquilo que é amado são duas coisas. ama já alguma coisa, porque, onde 
nada é amado, não existe amor. Por isso, quando alguém se ama, há duas 
coisas: o amor e aquilo que é amado; então aquele que ama e aquilo que é 
amado são uma só coisa (AGOSTINHO. 2007. livro IX. 1.1). 
12 
 
 
Tanto para Agostinho, quanto para Moltmann, a Trindade só pode ser 
compreendida quando interiorizada, por meio de uma autoanálise. A partir do 
conhecimento/reconhecimento de sua própria existência é que se pode enxergar o 
imenso amor que une Pai, Filho, Espírito Santo e toda sua criação. Enquanto 
Agostinho foi buscar respostas para o entendimento da Trindade em suas 
inquietações para suprir algo que lhe faltava interiormente, Moltmann encontrou na 
Trindade gratidão depois de suas dolorosas experiências de vida. Para Moltmann 
(2011), a criação tem um lugar próprio na vida íntima do pai, Filho e Espírito Santo. O 
ponto de partida de uma teologia reflete na história de Jesus Cristo, o filho de Deus, 
que, na força do Espírito, realiza a vontade do Pai. Pensar na Trindade é pensar em 
uma paz interior, pois o Deus Uno e Trino é convidativo, concessivo, redentor e 
habitual. 
 Jürgem (2008) demonstra que: 
 
“No fim o início. A esperança cristã é a força da ressurreição das falhas e 
derrotas da vida. Ela é a força para o novo começo, lá onde, pela culpa, a 
vida havia se tornado impossível, pois ela é o Espírito do Espírito da 
ressurreição do Cristo caído, maltratado e abandonado, por sua devida 
ressurreição dos mortos.” (MOLTMANN, 2008, p. 9). 
 
A teologia tem um sentido especial para a fé cristã. A ideia comum entre os dois 
teólogos, Agostinho e Moltmann, é que Jesus seria cem por cento homem, e cem por 
cento Deus. Para ambos, a Trindade é uma descrição da salvação, não só do homem, 
mas de toda criação. 
“Todos os enunciados teológicos da fé cristã relativos a Deus precisam ser 
compreendidos e interpretados com expressão da vida moral cristã”. Moltmann seguia 
a concepção de Agostinho quando o assunto se tratava da noção de pecado original. 
Para ambos os teólogos que discorreram sobre o assunto, a Trindade se fundamenta 
no amor que o Pai tem ao Filho e se fundamentou com a criação da humanidade, 
como demonstração de afeto entre as duas pessoas. Não obstante, o próprio Filho se 
absteve de sua divindade em parte, e assumiu a natureza humana. Uma forma de 
revelar que Cristo, através dessa encarnação, atribuiu a si uma forma de carência 
humana. O ser humano é a obra mais magníficas da criação, Deus decidiu mostrar 
claramente o seu amor, uma forma dele ter assumido a forma humana foi dizer que 
Ele sente suas dores e dilemas. Em essência, é possível afirmar que a natureza divina 
13 
 
de Deus sempre está ligada as suas ações. Por isso, é notável que se tem 
características próprias de sua pessoa, em que o indivíduo é criado a sua semelhança. 
Com isso, Moltmann afirma claramente que a forma mais plausível sobre esse assunto 
se mostra na habitação do Espírito Santo em no ser humano. Cabe notar que: sem a 
terceira pessoa da Trindade, não seria possível ser revelado no homem 
particularidades essenciais da natureza divina de Deus. (MOLTMANN,2011) 
Em essência, pode-se mencionar: misericórdia, amor e bondade que fazem 
parte da essência de Jeová (nome atribuído a Deus). No entanto, esses atributos 
divinos são revelados por meio do Espírito Santo. Entretanto, Cristo foi quem 
demonstrou essas características típicas de Deus na sua humanização temporária. 
Notadamente, foi Ele quem demonstrou altruísmo de forma intensa ao morrer pelos 
pecados da humanidade. Todavia para alcançar a remissão, é necessário que haja 
arrependimento por parte do ser humano. Ainda segundo os autores, Moltmann e 
Agostino, as manifestações de cada componente da Trindade se limitam ao livre 
arbítrio do homem. 
Após discorrer sobre o assunto, a estrutura trinitária revela que as três pessoas 
possuem personalidades únicas, porém distintas na sua execução e finalidade para 
com a humanidade. 
 
4. O APÓSTOLO JOÃO 
 
Sucedendo os evangelhos de Mateus, Marcos e João, conhecido como os 
evangelhos sinóticos, o evangelho segundo João nos traz uma visão mais clarificada 
a cerca da trindade e a vida divina de Cristo. O livro de João foi escrito cerca de 85 
D.C, e faz uma análise de fé, testemunho e crença no Cristo que ressurgiu dos mortos. 
O Apostolo João era um dos doze discípulos de Jesus e além do evangelho de João, 
escreveu primeiro e segunda epistola de João e apocalipse. 
 O humilde pescador, filho de Zebedeu, se tornou um dos discípulos de grande 
importância para as escrituras sagradas. Mais conhecido como o João do apocalipse, 
ele foi exilado na ilha de Patmos onde escreveu o Apocalipse e Deus na sua graça o 
concebeu ao Apostolo João um pouco da revelação divina de um personagem divino 
e humano ao mesmo tempo, revelado através da vida divina de Cristo e o que está 
por vir. Como afirma nos seus escritos que diz: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus 
lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que 
14 
 
ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João” (Apocalipse 
1:1). 
 
4.1. A TRINDADE SEGUNDO OS ESCRITOS DE JOÃO 
 
Visando uma análise interpretativa, claramente João se manifesta de forma 
reveladora no início dos primeiros capítulos de João. Nota-se o que ele diz: ‘’No 
princípio era o verbo, e o verbo era Deus’’. Entende-se que Cristo sendoo Verbo ele 
veio para revelar a mente e o pensamento de Deus à humanidade. No entanto, verbo 
denota-se uma palavra definitiva da divindade de Cristo em relação ao Pai. Em suma, 
a palavra no ‘’principio’’ mostra a personalidade e atuação de Cristo na criação do 
universo e do homem quando diz: ‘’sem ele nada do que foi feito se fez’’. Quanto a 
Agostinho, ele fez uma análise do mesmo quando escreveu ‘’ o Pai já não é Deus sem 
o Filho, nem o Filho é Deus sem o Pai, mas ambos são ao mesmo tempo Deus juntos 
em si. ’’ (AGOSTINHO, Patristica, A Trindade, Editora Pulus, 2° edição, Livro VI). 
 Pode-se afirmar que, em razão da manifestação Jesus Cristo na Criação e na 
revelação do Homem, ambos não agem individualmente, agem em conjunto para 
alcançar objetivos e pressupostos divinos. Isso se confirma quando João menciona 
que ‘’ o verbo se fez carne e habitou entre nós’’ (João. 1: 14). Nota-se que Cristo 
mesmo antes de se compor em sua humanização temporária ele já participavam das 
ações em conjunta com Deus e o Espirito Santo conforme menciona a bíblia sagrada 
em Genesis 1:26, que diz: ‘’Façamos o homem à nossa imagem’’, revela claramente 
uma função trinitária e divina das três personalidades da trindade; Pai, Filho e Espirito 
Santo, tendo em vista a clara e objetiva palavra ‘’ Façamos ‘’ se aferir no plural. 
 É de notório conhecimento que no capitulo 16 dos versos 1 em diante Jesus 
demostra de forma concisa a missão do consolador (Espirito Santo). Mas em diversos 
textos do evangelho de João, Cristo faz menção ‘’ Eu e meu pai’’ (João. 16:3), não 
mencionando o Espirito Santo. Configura-se, portanto, um fato para cada ocasião e 
local, e não que o Espirito Santo não fizesse parte da Santíssima Trindade. Outro 
ponto importante a mencionar a Vossa Santidade o Papa Francisco na oração do 
Ângelus ele diz: ‘’A Santíssima Trindade nos ensina a viver a comunhão e o Amor ao 
próximo’’. Diante de tais palavras o apóstolo João escreveu na primeira epistola de 
João 4:09 que diz: ‘’ Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus 
enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos’’. Diante de tais 
15 
 
palavras demostra claramente à relação entre Deus e Jesus é mutua e duradora e 
não leva em conta as decepções e pecados, pois seu amor é incondicional. Por isso 
se revela que o Consolador não nos abandonaria, ele sempre estará presente através 
do Espirito de Cristo, Espirito de Vida e Espirito de Adoção. Na primeira epistola de 
João 3:2 diz: ‘’ Amados, agora somos folhos de Deus’’. Tal frase expressa em ternura 
que isso só é possível com à habitação do Espirito Santo. Conseguinte, é notório que 
Jesus ao revelar no evangelho de Marcos 3:28 ao 30, ‘’O pecado de blasfêmia contra 
o Espirito Santo’’ não será perdoado. Em essência, é plausível tal aferição 
interpretacionista, tendo em vista que o Espirito Santo é a única pessoa da Trindade 
encarregada de convencer o ser humano do seu pecado. No entanto, quando se 
comete o pecado de blasfêmia contra o Espirito Santo, ele automaticamente ausenta 
desse papel que lhes cabe. Nessa visão, é impossível alguém alcançar o perdão 
divino sem a intercessão do mesmo, como afirma o apóstolo São Paulo, na epistola 
de Romanos 8:27 e 28 que diz: ‘’. E da mesma maneira também o Espírito ajuda as 
nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas 
o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que 
examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus 
intercede pelos santos’’. 
 
 É de fácil compreensão que todos os feitos de Cristo descrito nos evangelhos 
se manifestava a Santíssima Trindade. É de fundamental importância fazer menção 
que o apóstolo João descreve as três pessoas da Trindade nos seus escritos, ao 
demostrar à atuação conjunta e clara dos demais componentes. No qual diz: ‘’ Mas a 
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e 
em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem’’, (João 4:23), nota-se, 
referência a Deus. A segunda menção é descrita em João 5:25, que diz: ‘’ Em verdade, 
em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do 
Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão’’. E a terceira revela claramente à atuação 
conjunta com os demais componentes da Trindade, em especial Deus como afirma 
João 4:24 que diz: ’’ Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em 
espírito e em verdade’’. É de conhecimento, que tantos os milagres e ações de Jesus 
Cristo, bem como sua atuação desde à criação do mundo e até agora, sempre foi 
manifesta em conjunto, pois coadunam-se entre eles para alcançar a divindade plena. 
 
16 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O trabalho realizado, teve como objetivo inicial indicar as perspectivas de Santo 
Agostinho e Jürgen Moltmann em relação à doutrina da Trindade e demonstrar uma 
visão da trindade nos escritos do apóstolo João. Não é fácil fazer uma análise sobre 
esse tema, uma vez que a mente humana é limitada para a compreensão da natureza 
divina e a bíblia não afirma uma visão muito ampla quanto as particularidades de cada 
um. Também não existe uma maneira exata ou adequada para explicar a Santíssima 
Trindade. 
Mesmo que fiquem compreensíveis alguns fatores acerca da Trindade, ela 
nunca será totalmente compreendida, pois se trata de um mistério, ou seja, algo que 
é mais vivido do que explicado. Esse mistério de um só Deus em três pessoas iguais 
e realmente distintas chama-se “Mistério da Santíssima Trindade”. 
A Trindade é uma maneira que as igrejas encontram para conhecer o Deus 
Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. O núcleo da Trindade é a realidade de um Deus que 
vive em comunhão consigo mesmo e este é um conceito difícil de aprender, Deus vai 
muito além da compreensão física. 
As três pessoas da Trindade formam uma comunhão e união perfeita, e apesar 
da Bíblia não fazer menção da palavra Trindade, no decorrer desta pesquisa pode-se 
notar que este conceito está indiretamente exposto nas Escrituras Sagradas. 
Contudo não se pode afirmar que a Trindade é simplesmente três formas que 
Deus se manifesta. Pois se vê no decorrer deste artigo, que a Trindade é formada por 
três pessoas distintas, porém imutavelmente iguais. 
O levantamento histórico construído a partir da literatura revelou que, para os 
autores analisados, a Trindade divina não é fundamentada no triniteísmo. Uma vez 
que fica evidente que Deus é um e, nesta unidade divina, há três pessoas: Pai, Filho 
e Espírito Santo. Que são eterna e essencialmente iguais, porém distintas em sua 
personalidade. 
17 
 
O Deus todo-poderoso nunca poderá ser compreendido por completo, pois a 
Trindade ou triunidade de Deus é um grande mistério, algo totalmente além da 
possibilidade de uma explicação completa. Mas, mesmo com esse desafio intelectual, 
o verdadeiro cristão vive a Trindade através do seu imenso amor, ele conhece o amor 
e a justiça do Pai, ele tem Jesus Cristo como seu Senhor, salvador, melhor amigo e 
experimenta a comunhão e a consolação do Espírito Santo. Como afirma Santo 
Agostinho: ‘’fé e razão coadunam-se juntas, imas a fé vai mais longe’’, mesmo sem 
ver cremos, pela razão e fé em Cristo. 
Ao término desse trabalho ainda nos restam várias indagações e permanecem 
muitas dúvidas. Por isso, pode-se concluir que nenhuma pesquisa está 
completamente acabada, pois, cada vez que se analisam essas questões, descobre-
se mais, e quanto mais se busca, mais será evidente que não se sabe nada e que a 
busca do conhecimento é um processo contínuo. 
 
 
 
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