Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antipsicóticos: Também denominados fármacos neuroepiléticos ou tranquilizantes maiores, e são usados, principalmente, para o tratamento da esquizofrenia, mas também são utilizados para tratar outros estados de “manias”. Há um difícil limite entre o alívio dos sintomas e o risco de uma grande variedade de efeitos adversos perturbadores. Além disso, é válido ressaltar que os antipsicóticos não são curadores, mas sim fármacos que possibilitam que as pessoas com esses tipos de distúrbios convivam em sociedade, com uma rede de apoio, por eles reduzirem a intensidade das alucinações e ilusões do transtorno crônico do pensamento. ESQUIZOFRENIA: Tende a se manifestar no início da vida adulta/final da adolescência -> abrange cerca de 1% da população, levando a uma psicose incapacitante (psicose crônica, caracterizada por gerar alucinações/ilusões, distúrbios de fala e de pensamento). É uma patologia que possui forte componente genético, e provavelmente reflete alguma anormalidade bioquímica fundamental -> disfunção das vias neuronais dopamnérgicas, mesolímbicas ou mesocorticais (regiões do cérebro relacionadas às emoções e ao comportamento, sendo essas, vias comportamentais da dopamina no SNC). ANTIPSICÓTICOS -> São divididos entre primeira e segunda geração (atípicos): • PRIMEIRA GERAÇÃO: Também conhecidos como típicos, e tem como característica, o bloqueio competitivo de diversos receptores, MAS, o que causa o efeito antipsicótico é o bloqueio competitivo dos receptores D2 da dopamina -> São os que causam mais sintomas de movimentos, relacionados às vias extrapiramidais (SEPs -> quanto mais forte for a ligação com os receptores de dopamina, maiores serão as repercussões – HALOPERIDOL – e, quanto mais fraca for essa ligação – CLORPROMAZINA – menos provável de ocorrer essas repercussões); • SEGUNDA GERAÇÃO: Também conhecidos como antipsicóticos atípicos e tem como característica, o bloqueio de receptores de serotonina e dopamina, o que faz com que a incidência de SEP, seja mais baixa, quando utilizados esses fármacos no lugar dos de primeira geração. PORÉM, são associados a um maior risco de efeitos adversos metabólicos, como o surgimento do diabetes, hipercolesterolemia, e aumento da massa corporal. ESCOLHA DO TRATAMENTO: Os antipsicóticos atípicos são o tratamento de primeira escolha, contra a esquizofrenia, justamente por evitar o surgimento de SEP (evita o uso primário de bloqueador dos receptores D2 da dopamina). **PACIENTES REFRATÁRIOS -> Apenas 10% a 20% dos pacientes apresentam resposta insuficientes a todos os antipsicóticos (de primeira e segunda geração) -> PARA ESSES PACIENTES, A CLOZAPINA REVELA-SE UM ANTIPSICÓTICO EFICAZ COM RISCOS MÍNIMOS DE SEP (uso clínico limitado a pacientes refratários, pois possui efeitos adversos graves -> supressão da medula óssea, convulsões e efeitos adversos cardiovasculares, como ortostasia). MECANISMO DE AÇÃ0: • Todos os antipsicóticos de primeira e a maioria dos de segunda, bloqueiam os receptores D2 da dopamina, no cérebro e na periferia; • Atividade bloqueadora do receptor de serotonina: Maioria dos antipsicóticos de 2ª geração realizam a inibição dos receptores de serotonina, mas nota-se em particular o receptor 5-HT2A: - CLOZAPINA: Tem alta afinidade pelos receptores D1, D4, 5-HT2, muscarínicos e adrenérgicos alfa, mas também é um antagonista fraco do receptor D2; - RISPERIDONA e OLANZAPINA: Bloqueiam os receptores 5-HT2a com maior intensidade do que o receptor D2 -> bloqueiam mais os receptores de serotonina do que os de dopamina; Faculdade Ciências Médicas MG // Farmacologia II Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) – 72D - ARIPIPRAZOL: Agonista parcial nos receptores D2 e 5-HT1A, bem como é antagonista dos receptores 5- HT2A; - QUETIAPINA: Bloqueia os receptores D2, com maior potência do que os 5-HT2A, mas é relativamente fraca no bloqueio de ambos -> tem baixo risco para SEP, provavelmente por estar relacionado com a ligação relativamente breve ao receptor D2. EFEITOS: Os efeitos antipsicóticos, parecem refletir no bloqueio dos receptores de serotonina e dopamina. Porém, os efeitos indesejados/adversos, resultam, em geral, do efeito do bloqueio dos receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos realizado por vários desses fármacos: Efeitos antipsicóticos: A esquizofrenia é um distúrbio que possui 2 tipos de sintomas -> POSITIVOS (alucinações e ilusões -> podem ser tratados com qualquer antipsicótico) e NEGATIVOS (falta de afeto, apatia, falta de atenção e déficit cognitivo -> não respondem ao tratamento com fármacos de primeira geração, sendo assim indicados os de segunda geração, como a CLOZAPINA, para o alívio de alguma extensão desses sintomas); Efeitos extrapiramidais: São distúrbios de movimentos, que aparecem de acordo com o tempo de tratamento, sendo eles: Distonias (contrações sustentadas dos músculos, levando a posturas distorcidas -> ocorre dentro de poucas horas/dias de tratamento), acatisia (intranquilidade motora -> ocorre dentro de dias/semanas de tratamento), sintomas do tipo Parkinson (bradcinesia, rigidez e tremores -> costumam ocorrer dentro de semanas de tratamento) e discinesia tardia (movimentos involuntários, que incluem movimentação involuntária do rosto e bilaterais da mandíbula, além da movimentação da língua, conhecida como “movimentos de caça à mosca” -> tratamentos de longa duração, sendo que ao ser sessado, o indivíduo pode ou não diminuir ou fazer desaparecer os sinais de discinesia tardia, mas na maioria dos indivíduos, esse quadro é irreversível). Esses podem ocorrer no tratamento agudo ou crônico da doença, sendo o bloqueio dos receptores de dopamina na via nigroestrial a provável causa desses movimentos indesejados, pois esse bloqueio é compensado com ações excitatórias dos neurônios colinérgicos -> antipsicóticos de segunda geração causam menor incidência de SEP, e os que apresentam forte atividade anticolinérgica também (bloqueiam a via que está ocasionando os sintomas, que no caso é a colinérgica -> TIORIDAZINA). **HALOPERIDOL e FLUFENAZINA tem pouca atividade anticolinérgica, e, portanto, geram, mais frequentemente, os efeitos extrapiramidais. **ACATISIA -> pode responder melhor aos beta-bloquadores e aos benzodiazepínicos, do que aos anticolinérgicos. **DISCINESIA TARDIA -> Acredita-se que esse quadro se torna irreversível, devido ao aumento de receptores de dopamina pelo corpo como um efeito compensatório do bloqueio do receptor por um tempo muito prolongado, o que gera hipersensibilização dos neurônios à ação da dopamina, permitindo com que os estímulos dopaminérgicos superem os colinérgicos, levando a essa movimentação involuntária. Efeito antiemético: A maioria dos antipsicóticos tem efeito antiemético mediado pelo bloqueio dos receptores D2, da zona quimiorreceptora, disparadora bulbar (ARIPIPRAZOL é excessão), sendo a PROCLORPERAZINA mais comumente utilizada para o tratamento das náuseas causadas por fármacos; Efeitos anticolinérgicos: Podem reduzir o risco de SEP dos fármacos que apresentam esses efeitos (visão turva, boca seca, confusão e inibição dos músculos lisos dos tratos gastrintestinal e urinário) -> TIORIDAZINA, CLORPROMAZINA, CLOZAPINA (sua peculiaridade é que no lugar de deixar a boca seca, ela causa salivação) e OLANZAPINA; Outros efeitos: Ocorre sonolência devido à depressão do SNC e aos efeitos anti-histamínicos, durante as primeiras semanas de tratamento, sendo que às vezes pode ser observada confusão. Além disso, o bloqueio dos receptores adrenérgicos alfa, pode resultar em hipotensão ortostática, por redução da pressão arterial. Observa-se também a depressão do hipotálamo pelos antipsicóticos, ocasionando como consequência a termorregulação e causa galactorreia, amenorreia, ginecomastia, infertilidade, disfunção erétil e aumento significativo de massa corporal.**Glicemia e lipidemia de pacientes que tomam antipsicóticos de segunda geração, devem ser controladas, pois eles têm potencial de aumentar essas variáveis laboratoriais; **TIORIDAZINA -> risco alto de prolongamento de intervalo QT no eletrocardiograma (quando o coração demora mais do que o normal para recarregar, entre os batimentos), mas devemos ter cautela com a ZIPRASIDONA e com a ILOPERIDONA, quanto a esse efeito, e mesmo que o risco com os outros antipsicóticos seja relativamente baixo, devemos ficar atentos a esse possível prolongamento de QT. OUTROS USOS DOS ANTIPSICÓTICOS: Os antipsicóticos podem ser utilizados como tranquilizantes para lidar com o comportamento agitado e inconveniente secundário a outros transtornos, sendo utilizada a CLORPROMAZINA (utilizada para tratar soluço intratável), PRIMOZIDA (indicada primariamente nos tratamentos de “tiques” fônicos e motores da doença de Tourette), RISPERIDONA (indicada para o comportamento e irritabilidade secundárias ao autismo, além de também ser indicada para o tratamento dos tiques ocasionados pela doença de tourette), HALOPERIDOL (indicado para o tratamento dos tiques ocasionados pela doença de tourette), ARIPRIPAZOL (indicado para o comportamento e irritabilidade secundárias ao autismo, além de ser usado também como adjuvante em caso de depressão refratária), LUSARIDONA (indicada para o tratamento da depressão bipolar), QUETIAPINA (indicada para o tratamento da depressão bipolar, além de ser usada também como adjuvante em caso de depressão refratária) e PALIPERIDONA (indicada para o tratamento do transtorno esquizoafetivo). CAUTELAS E CUIDADOS: • Todos os antipsicóticos podem baixar o limiar convulsivo, e por isso, devem ser utilizados com cautelas em pacientes com convulsões, ou que têm esse risco aumentado (pacientes em abstinência de álcool); • Esses fármacos aumentam a mortalidade, quando utilizados em pacientes idosos com transtornos comportamentais relacionados à demência e piscicose; • O uso deve ser monitorado em pacientes com transtornos de humor, por eles terem a capacidade de agravar o transtorno e ideias de comportamentos suicidas; • SÍNDROME DO ANTIPSICÓTICO MALIGNO: Reação potencialmente fatal aos antipsicóticos, que se apresenta como rigidez muscular, febre, alteração do estado mental e estupor, pressão arterial instável e mioglobinemia -> FICAR ATENTO A ESSES SINAIS E SINTOMAS E CASO O PACIENTE APRESENTAR, O TRATAMENTO DEVE SER SUSPENDIDO (a administração de DANTROLENO ou BROMOCRIPTINA pode ser útil no tratamento). TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: Realizado, por pelo menos 5 anos, em pacientes que apresentam dois ou mais sintomas psicóticos secundários à esquizofrenia e consiste na prevenção de recorrências com o uso de doses maiores de fármacos de primeira geração, ou do uso de fármacos de segunda geração (taxa de recaídas é menor). **Alguns especialistas preferem indicar tratamentos por tempo indeterminado. RESUMO DO USO TERAPÊUTICO DE ALGUNS ANTIPSICÓTICOS:
Compartilhar