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Processo de ensino e qualidade da aprendizagem

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Processo de ensino e qualidade da aprendizagem: um pressuposto da didática
Ensino e aprendizagem são dois processos que não podem ser separados na ação educacional e a relação entre eles não é mecânica. Não se trata de uma mera transmissão de conteúdos, de um professor para um aluno que aprende como um robô. A relação entre ensino e aprendizagem depende das orientações do professor e da ação do aluno.
O objetivo das atividades de ensino é estimular e orientar a aprendizagem dos alunos. A natureza do processo de ensino é essencialmente pedagógica, buscando guiar a ação educacional realizada nas escolas.
Dominar e difundir os conhecimentos historicamente adquiridos pela humanidade é a principal tarefa do ensino. Para ser concluído, o ensino exige que o professor selecione e organize os conteúdos, utilizando métodos didáticos apropriados em sala de aula, para orientar a aprendizagem dos alunos.
Se você notar o texto do parágrafo anterior, mencionamos ao final a palavra aprendizagem. 
A citação mostra que a aprendizagem é parte integrante do processo de ensino. A aprendizagem corresponde a um processo de assimilação ativa dos conteúdos e operacionalização mental dos conhecimentos organizados e selecionados pelos alunos no ensino.
A conclusão do processo de aprendizagem ocorre quando os alunos são capazes de aplicar e compreender os conhecimentos assimilados. O processo de aprendizagem se realiza, portanto, na relação estabelecida entre o aluno e o conteúdo, ocorrendo em condições firmadas no processo de ensino.
Logo, o ensino não existe de forma isolada, mas por meio da relação com a aprendizagem.
A exposição dos conteúdos não deve ser concentrada no professor e os alunos precisam estar envolvidos ativamente no processo de ensino, para que haja a aprendizagem. Assim, é estabelecida uma relação de unidade entre ensino e aprendizagem: os dois processos fazendo parte da ação educacional como um só elemento.
Para que haja essa unidade, o professor deve atuar como orientador no processo de ensino, estimulando a atividade mental dos alunos. Isso não significa que os alunos devem atuar isoladamente, com a desculpa de que o professor deve apenas agir como facilitador.
Professor e aluno precisam atuar em conjunto.
Conceito de didática
Defina a didática segundo o ponto de vista de diferentes educadores de modo que seja capaz de analisar a didática baseada na pedagogia liberal e progressista, diferenciando didática fundamental e didática instrumental.
O dicionário Houaiss traz dois conceitos diferentes de didática (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2004):
· Técnica de ensinar;
· Parte da pedagogia que estuda as normas científicas da atividade educativa.
As definições do dicionário associam-se com a origem da palavra didática. Você sabe qual a origem da palavra didática? Ela é proveniente do alfabeto grego, que significa ensino.
Comênio, em sua obra Didacta magna, definiu a didática como a arte de ensinar. Em definições mais recentes, a palavra foi definida como técnica de orientação e direcionamento da aprendizagem dos alunos, ou conjunto sistemático de procedimentos a serem utilizados pelos professores na orientação de seus alunos para garantir a eficácia do processo de aprendizagem.
De forma complementar, outros estudiosos recentes consideram que a didática consiste na 
composição harmônica das esferas técnicas, humanas e político-sociais no processo de direcionamento
da aprendizagem.
técnicas
humanas
político-sociais
Para a pedagogia tradicional, a didática significa a técnica do ensino, o qual representa a transmissão de conhecimentos. Como quem possui o conhecimento é o professor, a didática, na visão tradicional, está centralizada na figura do professor.
Você deve imaginar que muitas convicções dos pedagogos tradicionais foram modificadas com a Escola Nova. A mudança entre a forma de pensar das pedagogias tradicional e renovada está justamente no processo de ensino, principal foco do estudo da didática. Para a pedagogia renovada, o centro do processo pedagógico é o aluno, isto é, o foco principal da didática, segundo a vertente que inspirou a Escola Nova, deveria ser os alunos, não os professores. (Clique na área em destaque para saber mais sobre a Escola Nova.)
Para os autores da Escola Nova, a didática não deve ser uma modalidade científica cujo foco seja somente a ação dos professores na transmissão de conhecimentos. Por essa visão, o foco da didática não deveria ser apenas o ensino, apesar de ter sido criada, inicialmente, para o entendimento do processo de ensino. Seu objeto principal deve ser a formação dos alunos por meio do processo de aprendizagem direcionado pela atuação dos docentes. Para a Escola Nova, o papel do professor não é somente ensinar; sua responsabilidade é muito mais ampla. Envolve a motivação dos alunos, a seleção de diferentes temas, a escolha de atividades diversificadas, a promoção de novas experiências etc. Para a didática dos tempos da Escola Nova, o aluno deve ter interesse em aprender.
Segundo Castanho e Castanho (1996), a história da didática na educação brasileira pode ser segmentada em duas partes: o período entre 1549 e 1930, e entre a década de 1930 e os dias atuais.
No período do Brasil colonial, entre 1549 e 1759, os jesuítas foram os principais educadores ativos no Brasil. Educação, naquela época em que a economia nacional atuava apenas como exportadora de produtos agrícolas para a Europa, não era considerada uma necessidade da sociedade brasileira. Os educadores jesuítas atuavam, ao mesmo tempo, evangelizando e educando as populações indígenas. As elites coloniais, minoritárias, recebiam outro tipo de educação.
O plano dos jesuítas buscava formar pessoas humanistas e cristãs. As atividades educacionais praticadas por eles ensinavam cultura geral e enciclopédica, sem apresentar aos alunos a realidade brasileira enquanto colônia de Portugal.
O raciocínio crítico não era estimulado pelos jesuítas e o foco principal da educação dos missionários era exercitar a memória, e preparar evangelizadores e mestres, por meio de uma especial preocupação com a formação do caráter e da capacidade de autoconhecimento.
Em termos práticos, você consegue imaginar como eram, então, os procedimentos didáticos naquele período?
Os jesuítas, basicamente, prescreviam a matéria, os horários de aulas, o estudo em espaços privados, ministrando aulas expositivas com repetição de conceitos e estímulo à memorização.
Havia provas na educação jesuítica?
Certamente. A característica marcante da educação dos missionários religiosos era a visão da essência do homem e a formalidade. Como os processos precisavam ser muito formais, a avaliação do aprendizado era realizada por meio de provas orais e escritas.
A mudança no ensino religioso surgiu somente a partir de 1870, quando os valores capitalistas da burguesia ganharam importância. A pedagogia tradicional deixou de ser explicitamente religiosa, mas continuou com uma visão essencialista do homem. Os quatro passos propostos por Herbart – a clareza, a associação, a sistematização e o método –, no entanto, marcavam a didática das atividades educacionais no Brasil. O professor permanecia sendo o centro do processo pedagógico e o aluno era visto como um participante passivo do processo. As turmas de alunos em sala de aula deviam ter atenção, fazer silêncio e manter a ordem.
Em 1934, os cursos de formação de professores, finalmente, passaram a ter a disciplina de didática. Naquele período, a economia brasileira tornava-se cada vez mais urbana e industrial. Uma reforma educacional, denominada Reforma Francisco Campos, alterou bastante a educação brasileira. As escolas particulares, focadas no lucro, ganharam força e também foi adotada a exigência de habilitação nos ciclos fundamentais para o ingresso no ensino superior.
Em 1939, a didática passou a compor um ano do processo de formação universitária de professores, como curso e disciplina.
Em 1941, tornou-se um curso independente, com realização prevista para período posterior ao bacharelado, em um esquema3 + 1 (três anos de bacharelado + um ano de didática).
Entre 1930 e 1945, duas grandes forças, equilibradamente, exerciam influência na educação brasileira: os humanistas católicos e os humanistas modernos. Os modernos, expoentes da pedagogia renovada, tinham uma concepção humana muito fundamentada em aspectos psicológicos e consideravam as diferenças entre classes. Valorizavam a liberdade, a iniciativa e a autonomia das crianças. A nova pedagogia, proposta pelos modernos, buscava o desenvolvimento prático e técnico dos professores para desenvolver a educação.
A didática, assim, passou a ser fundamentada em estudos científicos que comprovassem, por meio de experiências, a eficácia psicológica do ensino. Não havia preocupação, no entanto, com o contexto político e econômico da sociedade.
Em 1946, a legislação brasileira mudou e retirou a obrigatoriedade do ensino da didática no processo de formação de professores.
Em 1961, a composição 3 + 1, com o último ano de estudo apenas da didática, foi substituída pela disciplina de prática de ensino, com estágio supervisionado.
No mesmo período, foram estabelecidos os ensinos de 1º e 2º graus e foi implementada, nos cursos de formação de professores, a disciplina de currículos e programas, que ensinava aos futuros professores conteúdos semelhantes aos apresentados pela disciplina de didática. Três características fundamentavam a escola renovada-tecnicista:
1
Racionalidade.
2
Eficiência.
3
Produtividade.
O objetivo da escola renovada-tecnicista é, basicamente, assegurar a eficácia e a eficiência do trabalho dos professores em ensinar. Se o objetivo era ensinar com sucesso, sem levar em consideração aspectos sociais, econômicos etc., a didática poderia executar somente o papel de organizar racionalmente o processo de ensino, com a criação de uma série de instruções planejadas. A didática, naquele período, era vista como uma ferramenta estratégica para o alcance dos resultados de aprendizagem.
A partir da década de 1970, com o enfraquecimento do regime militar, teorias críticas passaram a ganhar força. As novas teorias denunciavam o aspecto reprodutor da escola tecnicista e eram firmemente fundamentadas em uma crítica social e política. Para os críticos, aspectos didáticos precisavam ser minimizados.
A teoria crítica tinha o objetivo de questionar aspectos sociais, econômicos e políticos brasileiros. Assim, a didática passou a ser utilizada também com esse objetivo, e aspectos técnicos perderam importância. Como a atividade da didática tem uma identidade técnica, sua contribuição para o processo educacional passou a ser menor. Os cursos de formação de professores adotaram uma postura de descrédito em relação à importância da didática para a formação pedagógica dos futuros profissionais de educação.
A escola passou a ser, principalmente a partir de 1979, um ambiente de contestação da dominação social, assumindo um papel social e político. Segundo Castanho e Castanho (1996), a pedagogia crítica crê que a didática precisa buscar algo mais do que apenas técnicas e práticas de ensino. É necessário associar escola e sociedade; teoria e prática; forma e conteúdo; técnica e política; pesquisa e ensino; e aluno e professor. A didática deve auxiliar na politização do professor, dotando-o de capacidade para entender e analisar a conjuntura social na qual a escola está inserida.
O professor, com a formação didática preconizada pela teoria crítica, deve adotar uma postura mobilizadora e combativa, mas, é claro, somente a didática não é o suficiente para formar um professor crítico.
Até a década de 1980, aspectos técnicos eram valorizados no processo pedagógico, enquanto o teor político não era.
A didática era entendida, então, como uma ferramenta, ou seja, um instrumento utilizado pelos professores para realizar com sucesso as suas atividades de ensino. Tratava-se da didática instrumental.
A didática instrumental partia do pressuposto de que os professores deveriam adotar uma conduta politicamente neutra no exercício de sua atividade. Segundo essa vertente, a didática deveria atuar apenas como uma série de técnicas e procedimentos a serem utilizados pelo professor para ensinar seus alunos de forma eficiente.
A operacionalização do processo de ensino. Não havia uma grande preocupação com o contexto no qual o ensino se dava. A partir da década de 1980, diversos estudiosos começaram a contestar a utilização da didática como mero instrumento, supostamente neutro, para a promoção de um ensino eficiente. Os pensadores mais críticos viam a didática como uma ferramenta sem identidade, inútil e alienante. Segundo essa visão crítica, a característica da neutralidade escondia um caráter ideológico conservador acrítico, alheio ao contexto político e social.
Um dos principais expoentes dessa visão crítica foi a teórica Candau (1982), que buscava uma proposição capaz de suplantar a visão de que a didática deveria ser um mero instrumento para um ensino bem-sucedido. A didática fundamental, para a autora, tinha como base a crença de que o processo de ensino-aprendizagem articulava três dimensões: técnica, humana e política.
Você consegue, então, perceber a diferença entre a didática instrumental e a fundamental? Segundo Candau (1982), a didática fundamental, em sua tentativa de superar a didática instrumental, realiza uma proposta diferente para o processo de ensino-aprendizagem: (Clique nas áreas em destaque.)
1- O processo de ensino-aprendizagem, objeto de estudo da didática, deveria ser visto sob uma perspectiva multidimensional, contextualizando o exercício da profissão de professor social e politicamente;
2- Os diferentes métodos adotados pelos professores deveriam ser analisados considerando o contexto de sua geração, a visão que se tinha da sociedade naquele momento, os valores, a visão de homem, os conhecimentos e as atividades que eram veiculados etc.;
3- O papel da didática deveria ser analisar e refletir sobre experiências concretas, orientando o professor a trabalhar teoria e prática;
4- A didática deveria estar sempre comprometida com a mudança social, e com um ensino eficiente para a maioria da população;
5- A didática deveria cumprir um papel de interação entre as demandas concretas da população e o processo educacional.
Algo Mais
De acordo com o último Censo Escolar da Educação Básica, realizado em 2008, houve um grande crescimento da Educação Indígena durante os dez anos que antecedem esse ano. A expansão da oferta de vagas foi acompanhada da presença significativa das línguas indígenas, que figurou em 70% das escolas com educação indígena, compondo um universo de 149 idiomas. Esse fato é da maior importância, tendo em vista a tendência histórica de perda da diversidade linguística.
Fonte: Como funciona... (2011).
A didática fundamental relaciona educação com projetos político-sociais, procurando entender os fatores que influenciam as práticas pedagógicas e buscando uma educação em favor da inclusão social. Os projetos educacionais deveriam ter um senso ético que direcionasse a sociedade para a democratização.
Ensino: objeto de estudo da didática
Compreenda a aprendizagem como o principal objeto de estudo da didática de forma que seja capaz de relacionar o processo de ensino-aprendizagem.
Assimilação dos conhecimentos: o objetivo da didática
Você lembra o que a didática estuda?
É preciso lembrar que o processo de ensino, principal campo da educação nas escolas, é o objeto de estudo da didática. O ensino inclui uma série de itens relacionados à relação entre professores e alunos. São eles:
A educação representa uma necessidade da sociedade de formar pessoas. A educação oferecida nas escolas, como você pôde perceber, busca auxiliar o cumprimento dessa tarefa social. Em termos práticos, significa dizer que os alunos das escolas precisam obter conhecimentos e experiências adquiridas pela humanidade no decorrer do seu desenvolvimento.
Os alunos devem assimilar conhecimentos, mas o papel da didática não é apenas reafirmar e reforçar essa necessidade para o sucesso daeducação. Quando estuda o processo de ensino, a didática deve analisar e investigar técnicas, metodologias e objetivos úteis para garantir o sucesso do processo de assimilação de conhecimentos. (Clique na área em destaque.)
Para que os alunos assimilem novos conhecimentos e desenvolvam novas habilidades, o processo de ensino deve ocorrer por meio de uma sequência de atividades entre professores e alunos. Nesse processo, os alunos precisam aperfeiçoar, entre outras coisas, a capacidade de análise e síntese, o pensamento independente e a capacidade de observação.
O papel do professor é, na realidade, de mediar o contato dos alunos com as matérias e os conhecimentos que precisam ser assimilados. Em termos práticos, isso significa que a responsabilidade do professor não se limita apenas às atividades realizadas nas salas de aula. O professor exerce o papel de ajudar os alunos também na organização dos seus estudos.
Se as pretensões do professor não estiverem associadas aos objetivos de estudo dos alunos, o processo de ensino, isto é, o desenvolvimento intelectual do aluno, pode ficar prejudicado. Ensinar e aprender, dois aspectos do objeto de estudo da didática, são atividades realizadas sobre as diferentes disciplinas, com a orientação do professor.
Didática: uma atividade pedagógica e escolar
Você precisa relembrar o objeto de estudo de outra ciência: a pedagogia. Ela investiga a educação, em sua condição de processo socialmente construído, condicionada pelas características e grau de desenvolvimento da sociedade na qual está inserida. A educação, como já vimos, forma as pessoas para aprenderem a viver em sociedade. Assim, os métodos, os conteúdos e, até mesmo, a finalidade do processo educacional variam de acordo com o conceito de ser humano e de sociedade que, em determinada situação, distinguem a forma de pensar e os anseios das diferentes classes sociais. A pedagogia representa, então, o entendimento de qual deve ser o direcionamento da educação, subordinado a conceitos políticos e sociais.
Como busca promover a absorção de conhecimentos e experiências adquiridas pelo homem no curso de seu desenvolvimento histórico, para formar pessoas na condição de seres sociais, a educação desenvolvida nas escolas é uma atividade social.
Por isso, é responsabilidade da pedagogia direcionar o processo educacional escolar para fins políticos e sociais, estabelecendo as condições para seu adequado desenvolvimento nas escolas.
Você pode não ter percebido ainda qual é o papel da didática nesse contexto. A didática deve garantir a realização pedagógica nas escolas de forma técnica, política e social, sendo, portanto, uma disciplina claramente pedagógica. Componentes do ensino nas escolas, conteúdos, ensino-aprendizagem são objetos de estudo da didática. (Clique na área em destaque.)
Fundamentada em teorias da educação, cabe à didática estabelecer diretrizes capazes de orientar a atividade dos professores. É, assim, uma matéria de grande importância dos cursos de formação profissional de professores, uma vez que utilizam a didática para guiar o processo de ensino. O resultado esperado: o aprendizado dos conteúdos pelos alunos, que, no futuro, serão agentes sociais.
A didática utiliza como referência objetivos sociais e políticos para transformá-los em objetivos de ensino, escolhendo métodos e conteúdos, organizando-os e associando ensino e aprendizagem. O objetivo final da didática não é apenas a assimilação dos conhecimentos pelos alunos. A finalidade principal é, na realidade, a formação de pessoas para a vida social. Desenvolver os alunos de maneira física e intelectual é um meio para o alcance desse objetivo maior. Sendo assim, a assimilação dos conhecimentos pelos alunos deve ser realizada de forma ativa e independente.
O processo de apropriação dos conhecimentos sistematizados e o desenvolvimento da capacidade de adquirir novos conhecimentos correspondem ao conceito de instrução. Já conteúdos e matérias escolares estão no núcleo do processo de instrução. Planejamento, organização, direcionamento e avaliação da didática, para concluir a instrução, correspondem às etapas do processo de ensino. O trabalho do professor é, portanto, ensinar, mas também direcionar os estudos dos alunos em casa. Dependendo das mudanças ocorridas na sociedade e das condições para o trabalho do professor, os processos de instrução e ensino podem precisar ser modificados. A didática assume o papel de formular as diretrizes para orientar o processo de instrução e ensino, a fim de atender às demandas sociais e alcançar uma adequada adaptação às suas condições de realização.
Algo Mais
A “tecnologia educacional” não está associada apenas ao uso de Internet ou meios eletrônicos para a educação. Refere-se, na realidade, a técnicas de ensino diversificadas, que vão desde recursos de informática à instrução programada, estudos individuais ou em grupo.
Os conteúdos e as matérias que compõem o processo de ensino, e cada grau do desenvolvimento escolar do aluno, correspondem ao currículo. A transmissão de conhecimentos e habilidades ocorre com base nessas matérias. Um conceito que é importante ressaltar é o de metodologia.
A metodologia é o estudo de métodos de pesquisa e pode representar, também, o conjunto de procedimentos de pesquisa adotados pelas diferentes ciências. Cada área científica adota o seu método e os seus procedimentos. A didática, por exemplo, utiliza métodos e procedimentos para estudar o ensino. O processo de ensinar, por sua vez, exige a utilização de outros métodos.
Segundo Libâneo (1994), os temas fundamentais da didática são:
objetivos sociais e políticos;
objetivos pedagógicos da
educação escolar;
conteúdos escolares;
princípios didáticos;
métodos de ensino;
métodos de aprendizagem;
formas organizativas
de ensino;
uso de diferentes
técnicas e recursos;
controle e avaliação
da aprendizagem.
A didática é, portanto, uma atividade pedagógica escolar a ser utilizada pelos professores no processo de ensino.
Desafios da didática
Analise os principais desafios da didática diante do atual contexto educacional de modo que saiba fazer críticas e emitir seu ponto de vista sobre a temática.
Se você pretende atuar como professor, ou lecionar a disciplina didática para professores em formação, precisa conhecer as teorias produzidas no campo da didática. Para atuar na área, é preciso saber seus conteúdos, processos e desafios.
Segundo a autora Oliveira (1996), há diversas questões não resolvidas, inseridas nos conteúdos e processos de pesquisa de construção da didática. 
Os desafios representam os limites e as possibilidades da didática como área do conhecimento e disciplina do processo de formação de professores. Se você, na condição de futuro professor, conhecer as limitações do seu campo de estudos, estará preparado para lecionar sem considerar os conhecimentos didáticos e verdades inquestionáveis.
Um dos problemas da área da didática no Brasil, de acordo com Oliveira (1996), é a distância existente entre a realidade do ensino e os estudos da didática. A didática precisa encontrar conhecimentos e formas de saber capazes de associar técnicas de ensino, método de aprendizado e metodologias de investigação do seu objeto de estudo. Na prática, isso significa que a didática precisa ser capaz de, ao captar formas práticas de saber pedagógico realizadas nas escolas pelos professores, atribuir-lhes caráter orgânico, para que possam melhorar o ensino como um todo, no sentido de alcançar os objetivos e as metas educacionais assumidos.
No entanto, a didática também não tem reunido esforços em torno de aspectos que interessam bastante ao seu campo de estudos. É muito focada na natureza da área, seus temas, seus referenciais teóricos e suas metodologias de investigação. Sendo assim, não dá a atenção necessária para o saber didático. Para conhecer melhor o processo de ensino, é preciso aproximar as construções conceituais das operacionais, segundo Oliveira (1996).
Um terceiro desafio da didática no Brasil é o entendimento doprocesso de ensino sem estabelecer um distanciamento entre professor e aluno. O foco dado pela didática em relação ao professor e ao ensino impede uma reflexão maior sobre a interatividade entre professor e aluno, ocorrida durante o processo de ensino.
Para solucionar esse problema, Oliveira (1996) sugere a construção de categorias normativas e explicativas intermediárias sobre o processo de ensino, com a intenção de estabelecer uma relação mais próxima entre ensino e aprendizagem.
A didática também tem o desafio de integrar ensino e pesquisa. O ensino e seus métodos precisam ser pesquisados, e os profissionais da área da didática devem ser ensinados a fazer pesquisas. Um bom professor precisa dominar o instrumento da pesquisa para lecionar, e o bom pesquisador precisa dominar a arte do ensino para transmitir os conhecimentos adquiridos adequadamente. Há a necessidade, então, de fazer uma união entre essas duas áreas de atuação, em favor de uma melhoria do processo educacional como um todo.
Não raro, os cursos de formação de professores apresentam a disciplina de didática. Nessa disciplina, o aluno (futuro professor), adquire uma experiência interessante, de estabelecer uma relação entre conhecimentos pedagógico
e científico.
Você acha que as práticas utilizadas pelos professores da disciplina didática nos cursos de formação de professores devem ser utilizadas como exemplos para os futuros professores utilizarem nas disciplinas que forem lecionar?
Segundo Oliveira (1996), provavelmente os métodos de ensino utilizados pelos professores dessa disciplina não serão exemplos apropriados. Então, pela visão de Oliveira (1996), um desafio para a didática é evitar que os exemplos vivenciados com professores da disciplina de didática sejam transferidos para outras disciplinas.
Finalmente, é necessário aproximar os estudos científicos das práticas didáticas adotadas pelos professores em salas de aula. Segundo Oliveira (1996), há um desequilíbrio entre os conceitos de didática produzidos cientificamente e a operacionalização da área. Muitas conclusões sobre o ensino são tomadas a partir de um argumento de autoridade, apesar de os estudos indicarem certa incoerência com o que ocorre nas salas de aula.
Para a autora, é necessário estabelecer pontos iniciais e objetivos finais na execução da atividade didática na sala de aula, evitando a substituição das ações pedagógicas pelo argumento da autoridade ou pela autoridade como argumento nas atividades didáticas.
Desenvolvimento do ramo da didática como ciência pedagógica
Descreva o desenvolvimento da didática na educação brasileira de forma que seja apto a identificar as características da pedagogia jesuítica.
A ciência que estuda o fenômeno da educação é a pedagogia. Para Libâneo (1994), apesar de não ser a única, o ensino é a principal ferramenta da educação. Como a didática é o ramo de estudos da pedagogia que estuda a instrução e o ensino, o autor considera a didática a principal modalidade de estudos da pedagogia.
O papel da didática, segundo Libâneo (1994), é transformar os interesses sociais e políticos em objetivos de ensino, escolhendo conteúdos e técnicas conforme os interesses e a capacidade mental dos alunos. A didática aborda a teoria geral do ensino.
Em situações práticas da rotina de trabalho dos professores, ciências e matérias específicas utilizadas por eles para o processo de ensino e aprendizagem, a didática acaba estabelecendo determinadas generalizações de processos e procedimentos a serem adotados no processo de educação escolar.
Aliada a metodologias específicas de cada disciplina, como a psicologia da educação e a pesquisa educacional, entre outras, a didática é, portanto, um dos componentes necessários à formação técnica e prática dos professores para o exercício da profissão.
Na prática, a didática atua como uma ponte entre as teorias do processo de ensino e a prática da atividade de professor. A partir de demandas sociais reais, a teoria pedagógica direciona o professor apresentando objetivos, conteúdos e tarefas imprescindíveis para a formação dos alunos, mas a educação, de fato, somente é concluída com o exercício prático da profissão de professor.
A rotina dessa atividade exige conhecimentos práticos que ofereçam ao professor certo domínio e capacidade para intervir no processo educativo. O processo da didática permite uma associação entre teoria e prática em favor do sucesso das ações educativas. (Observe o esquema ao lado.)
A didática atua ao associar, explicar, relacionar e descrever ensino e aprendizagem. A atuação didática do professor precisa investigar quais fatores influenciam na ação educativa, apresentando conclusões sobre condições, princípios e direcionamentos a serem dados ao ensino, com o foco de melhorar a aprendizagem, independentemente das especificidades da disciplina ou área do conhecimento que esteja sendo ensinada. Como a didática faz uma associação entre conteúdos teóricos e práticos adquiridos para a formação acadêmica, pedagógica e técnica, ela pode utilizar conteúdos e saberes das diferentes áreas do conhecimento, das disciplinas específicas e de outras ciências auxiliares da educação para melhorar a atuação do professor.
O objetivo deve ser, sempre, apresentar aos professores ferramentas e instrumentos adequados para a melhoria do ensino, independentemente da disciplina ou área na qual o docente atue. Como parte do fenômeno da educação, a didática também é suscetível à influência da conjuntura social, política
e econômica.
Você pode até pensar que o processo de ensino depende exclusivamente do professor, mas, segundo Libâneo (1994), depende também dos alunos. O papel do professor é oferecer os meios e as condições para direcionar o aluno em direção à assimilação de conhecimentos, habilidades e convicções.
Para desempenhar suas atividades adequadamente, o professor necessita de instrumentos teóricos e técnicos capazes de criar uma didática própria, isto é, uma prática de ensino particular condicionada pelo contexto social em que atua e que promove o ensino com sucesso.
Aliada a conhecimentos teóricos sobre a educação, a prática de ensino corresponde à didática do professor. 
A didática, portanto, é a forma como ele desempenha suas atividades docentes, utilizando conhecimentos educacionais teóricos para atingir o objetivo do aprendizado dos alunos e que pode agradar mais a uns alunos que a outros.
A educação, por sua vez, é muito mais ampla, representando o processo de formação e desenvolvimento do ser humano individual e socialmente. A educação forma a personalidade do indivíduo. Nesse contexto, a didática pode ser compreendida como uma ferramenta integrante do processo de educação, já que o ensino pode ser considerado um componente da formação da personalidade de cada um. (Clique na área
em destaque.)
A atuação do professor, por meio de sua didática própria, desenvolvida com o objetivo do ensino, corresponde a apenas uma das demandas educacionais exigidas pela sociedade para o desenvolvimento intelectual das pessoas (crianças ou adultos).
Ao contrário do que você talvez imaginasse inicialmente, a educação não é um processo desenvolvido apenas na sala de aula. O processo educacional inclui aspectos:
Econômicos
Sociais
Psicológicos
Políticos
Depende, assim, de uma diversidade muito grande de fatores. Você é educado na escola, em casa, nas ruas etc., ou seja, inúmeros espaços e pessoas participam do seu processo de educação.
O início do desenvolvimento do ramo da didática como ciência pedagógica está associado ao surgimento do ensino planejado e intencional. Há sinais de que o homem utilizava formas básicas de instrução e aprendizagem desde os primórdios. Para entrar na fase adulta, por exemplo, o indivíduo, em comunidades primitivas, precisava passar por um rito de iniciação. Segundo Libâneo (1994), o ritual pode ser considerado uma ação pedagógica, ainda que não haja um ensino estruturado.
Na Grécia e Roma antigas e na Idade Média, mecanismos de ação pedagógica começaram a ser utilizados em igrejas,universidades etc. Com a sistematização do pensamento didático e dos estudos dos métodos de ensino, a teoria do ensino – didática – surgiu no
século XVII.
O termo didática passou a ser utilizado a partir do direcionamento planejado e deliberado do ensino, promovido pelos adultos na aprendizagem de crianças e jovens. Antes, as formas de intervenção eram fundamentalmente espontâneas e não planejadas. Com a ação pedagógica planejada nas atividades de ensino, as escolas tornaram-se instituições. Os processos de ensino passaram a ser estabelecidos em níveis adequados às capacidades mentais das crianças e ao seu ritmo de desenvolvimento, idade e assimilação dos estudos.
Segundo Libâneo (1994), o primeiro autor a estudar as associações entre ensino e aprendizagem, ou seja, o primeiro autor da teoria didática, foi João Amós Comênio, que, no século XVII, escreveu a obra Didacta magna. Pelos estudos de Comênio, o ensino tinha um caráter transmissor, que procurava se adaptar às diferentes fases do desenvolvimento infantil.
Com o objetivo de ampliar o acesso das pessoas ao conhecimento, Comênio também se empenhou em criar técnicas de instrução rápidas e eficientes.
Para Libâneo (1994), o estudioso Jean Jacques Rousseau, que buscava interpretar os interesses da burguesia, classe social em ascensão no período em que viveu, no século XVIII, foi o segundo grande pensador da didática. Rousseau acreditava que o ensino deveria ser desenvolvido para o atendimento das demandas e dos interesses imediatos das crianças.
Um terceiro pedagogo, Henrique Pestalozzi, nascido na Suíça, em 1746, que trabalhou durante toda a sua vida para educar crianças carentes, atribuía ao ensino grande relevância, representando a ferramenta para educar e desenvolver a mente, o caráter, o sentimento e as capacidades humanas.
O método apreciado por Pestalozzi era intuitivo, permitindo o desenvolvimento do senso de observação dos alunos, a sua capacidade de comunicação e de utilização da linguagem, e a sua capacidade de expressão, por meio de palavras.
Para Libâneo (1994), o pedagogo alemão Johann Friedrich Herbart foi o mais importante estudioso histórico da didática. Para Herbart, o objetivo da educação deveria ser: instruir as crianças a agirem de forma moral, querendo sempre o bem e adquirindo, também, a capacidade de comando de si próprias. A ferramenta da instrução para o alcance desses objetivos deveria ser a introdução de ideias corretas nas mentes dos alunos. O professor, assim, atuaria como um arquiteto de mentes, controlando seus interesses e construindo suas mentes para a fácil assimilação de novos conceitos. A técnica de ensino de Herbart consistia no acúmulo de ideias nas mentes dos alunos.
Em suas teorias, Herbart definiu quatro passos didáticos que deveriam ser rigidamente seguidos para o alcance do sucesso no processo de arquitetura das mentes dos alunos: (Clique nas áreas em destaque.)
CLAREZA: Apresentação clara e integral das novas matérias aos alunos.
ASSOCIAÇÃO: Correlação de ideias novas com ideias antigas.
SISTEMATIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS: Focada na generalização.
MÉTODO: Utilização dos conhecimentos adquiridos com exercícios, ou seja, a aplicação dos conhecimentos.
Os conceitos pedagógicos apresentados por Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Herbart serviram como fundamento para elaborações teóricas do pensamento pedagógico europeu. A linha pedagógica europeia alastrou-se, depois, pelo mundo, em duas diferentes concepções: a pedagogia tradicional e a pedagogia renovada. (Clique nas áreas em destaque.)
TRADICIONAL: Para a pedagogia tradicional e suas correntes, as ações de agentes externos na formação do aluno são um fator de grande influência nas ações educacionais. Nessa concepção, o conhecimento a ser transmitido deve ser constituído nas grandes verdades estabelecidas na humanidade.
RENOVADA: A pedagogia renovada opõe-se à pedagogia tradicional, buscando uma renovação da escola. Nessa linha de pensamento, a criança é valorizada, possui liberdade, iniciativa e interesse particulares, atuando ativamente em sua própria aprendizagem. Características individuais são respeitadas pela pedagogia renovada e as crianças participam do seu próprio desenvolvimento. É uma linha na qual o ensino ocorre de forma mais individualizada.
A pedagogia renovada pode representar diversos aspectos do desenvolvimento da educação em períodos mais recentes, como o movimento de criação de escolas novas, a utilização de métodos pedagógicos ativos e outras correntes não associadas diretamente à Escola Nova.
 Um dos principais representantes do movimento escolanovista é o norte-americano John Dewey, cujas ideias influenciaram consideravelmente esse movimento no Brasil e demais países da América Latina. Influenciado pelos conceitos de Dewey, Anísio Teixeira liderou no Brasil, na década de 1930, um movimento que influenciou a formulação da política educacional e da legislação referente ao tema, a investigação científica nas universidades e a prática escolar.
Fundamentalmente, o teórico fazia um contraponto aos conceitos de Herbart, propondo a educação pela ação. A função da educação, segundo Dewey, era criar condições para facilitar e estimular o organismo dos seres humanos em sua busca natural pelo crescimento e desenvolvimento.
Assim, a escola deveria exercer seu papel com base em experiências capazes de estimular o potencial, as capacidades e os desejos naturais da criança.
Um dos principais representantes do movimento escolanovista é o norte-americano John Dewey, cujas ideias influenciaram consideravelmente esse movimento no Brasil e demais países da América Latina. Influenciado pelos conceitos de Dewey, Anísio Teixeira liderou no Brasil, na década de 1930, um movimento que influenciou a formulação da política educacional e da legislação referente ao tema, a investigação científica nas universidades e a prática escolar.
Fundamentalmente, o teórico fazia um contraponto aos conceitos de Herbart, propondo a educação pela ação. A função da educação, segundo Dewey, era criar condições para facilitar e estimular o organismo dos seres humanos em sua busca natural pelo crescimento e desenvolvimento.
Assim, a escola deveria exercer seu papel com base em experiências capazes de estimular o potencial, as capacidades e os desejos naturais da criança.
Processo de ensino e as concepções de aprendizagem, concepções políticas e os fins da educação
Identifique os elementos do processo de ensino, a concepção de aprendizagem e os fins da educação em diferentes concepções pedagógicas de modo que saiba analisar as tendências tradicional, renovada, tecnicista, cognitivista e sociocultural.
Segundo Mizukami (1986), há cinco diferentes abordagens para o entendimento do processo de ensino-aprendizagem: (Clique nas áreas em destaque.)
1. Abordagem tradicional: A ênfase do processo de ensino-aprendizagem está na instrução e nos ensinamentos trazidos pelos professores. A educação é, então, um processo subordinado à instrução. O ensino, nessa abordagem, está mais preocupado com a quantidade e a variedade de conhecimentos transmitidos, do que com a capacidade de reflexão do aluno. Como se preocupa demais com a forma de transmissão dos conteúdos, ou seja, como centraliza seu foco na ação do professor, o ensino fica reduzido a um processo puramente receptivo, no qual cabe aos alunos a memorização de conteúdos.
2. Abordagem comportamentalista: Propõe o foco na organização dos elementos didáticos, para direcionar os alunos à aquisição dos comportamentos adequados. O objetivo é modificar, em definitivo, o comportamento e a mente dos alunos. Os três elementos necessários para a construção de um sistema de instruções nessa abordagem são:
Aluno, Objetivo de aprendizagem e Plano para atingir o objetivo.
3. Abordagem humanista: O centro dessa abordagem é o aluno. O método proposto é não diretivo, ou seja, os alunos devem ser orientados para realizar suas próprias experiências. O ensino corresponde ao resultado de personalidades únicas e de circunstâncias específicas de cada aluno,gerando um tipo de relacionamento especial. O impulso, ou o estímulo inicial, pode ter origem fora da própria pessoa, por meio de um professor, por exemplo, mas a capacidade de descobrir, entender e captar conhecimentos, comportamentos, entre outros, é inerente a cada aluno.
4. Abordagem cognitivista: O ensino deve ocorrer pensando no aluno como alguém inserido em uma determinada realidade social. O foco não é o aprendizado de fórmulas, de definições etc., mas o ensino fundamenta-se no ensaio e no erro. O aluno precisa aprender a resolver problemas sem formar hábitos. Na prática, significa que precisa aprender a aprender, isto é, a ênfase está em ensinar os alunos a solucionar problemas para que possam ser capazes de sistematizar pensamentos em diferentes circunstâncias, sem a constituição de hábitos irreversíveis.
5. Abordagem sociocultural: O ensino e a aprendizagem são entendidos de forma global, com foco na superação das relações sociais de poder que estabelecem o domínio de uns sobre outros. Para superar as relações entre opressores e oprimidos, o ensino deve capacitar os alunos a perceberem a realidade de domínio a qual estão submetidos e a condição de oprimidos na qual se encontram, para que sejam estimulados a modificar a própria realidade social. A educação deve ser conscientizadora, para desenvolver nos alunos o pensamento crítico, e problematizadora, para constantemente revelar a realidade de domínio e opressão não percebidos nas outras abordagens.
Ensino enquanto mobilização de diferentes saberes: a relação ensino-aprendizagem
Analise os aspectos do processo de ensino comparando a transmissão de conhecimento e a mobilização de diferentes saberes de forma que analise a relação existente entre ensino e aprendizagem e aponte o papel do professor e do aluno.
Entre as relações didáticas desenvolvidas nas salas de aula, a dinâmica entre ensino e aprendizagem é, certamente, uma das mais evidentes. Apesar de serem analisados como partes distintas da didática, o ensino e a aprendizagem, na prática, são dois elementos interdependentes do processo de apropriação de conhecimentos nas escolas. (Clique nas áreas em destaque.)
Você aprende novos conhecimentos somente nas escolas?
Com absoluta certeza, não. O processo de aprendizado de novos conhecimentos ocorre emqualquer ambiente, principalmente a partir da interação com outras pessoas.
O que diferencia os demais ambientes das escolas?
Enquanto nos demais ambientes o aprendizado ocorre de forma assistemática e espontânea, nas escolas a apropriação de novos conhecimentos acontece de maneira sistemática. Adquiridos de forma sistematizada, os novos conhecimentos podem ser utilizados e modificados pelos alunos em outras situações. O conhecimento sistematizado é imprescindível para o desenvolvimento social do indivíduo.
O aprendizado da escola decorre da interação entre alunos e professores, estabelecendo uma dinâmica de ensino-aprendizagem, segundo Lopes (2001). Nessa perspectiva, há dois atores principais: o aluno, parte que aprende; e o professor, que ensina. Como depende da interação social entre os indivíduos, a dinâmica de ensino-aprendizagem envolve fatores emocionais e sociais.
O papel do professor é estabelecer uma dinâmica de ensino e aprendizagem com a mediação entre o conhecimento a ser aprendido e o ato de apropriação do conhecimento pelo aluno. O ensino não é, portanto, uma ação realizada individualmente pelo professor e a transferência de conhecimentos do professor para o aluno não depende somente dele.
A relação entre ensino e aprendizagem exige uma transformação gradativa de conhecimentos internamente no aluno. A relação entre ensino e aprendizagem é de socialização, com o intercâmbio de conhecimentos adquiridos e modificados na interação social, seja entre aluno e professor, ou entre alunos e alunos.
O que é o saber sistematizado que a dinâmica de ensino-aprendizagem busca firmar nos alunos?
É um saber particular selecionado pelas ciências e proveniente da evolução histórica da humanidade, organizado e elaborado para ser desenvolvido nas escolas. Se adquirirem a capacidade de saber de forma sistematizada, os alunos tornam-se capazes de viver socialmente e enfrentar as demandas da sociedade. O processo de saber sistematizado dissemina, nos alunos, a habilidade de gerar e elaborar novos saberes.
Na dinâmica de ensino-aprendizagem, que deve vigorar nas escolas, o saber sistematizado tem as características da objetividade e da universalidade. Segundo Lopes (2001), o saber sistematizado transmitido nas escolas é submisso aos interesses das classes sociais dominantes, por isso não pode ser considerado neutro.
As características da objetividade e da universalidade são fundamentadas no conhecimento científico e suas distintas maneiras de interpretar a realidade. Na transmissão do conhecimento científico e suas interpretações da realidade para os alunos, a escola, ao realizar o processo de ensino por meio de uma interação social, comete alguns erros, como a ocultação, a distorção e a simplificação de partes da realidade interpretadas pelo conhecimento científico. O conhecimento é, muitas vezes, apresentado erroneamente como uma verdade acabada, e não um processo em contínua construção.
Para muitos autores, as principais condições necessárias para a realização adequada do processo de ensino estão nos professores. 
Nessa linha de pensamento, o processo de ensino depende da capacidade de utilização de bons métodos pelo professor.
Para outros estudiosos, o processo de ensino depende mais dos alunos, de seus conhecimentos anteriores e dos seus interesses e necessidades.
Lopes (2001) considera que o processo de ensino precisa oferecer aos alunos as condições e os mecanismos para atuarem ativamente em sua própria assimilação de um saber sistematizado. A dinâmica de ensino-aprendizagem depende, portanto, da apresentação de situações que:
1.Estimulem a iniciativa dos alunos e dos professores.
2.Privilegiem o diálogo entre alunos; e alunos e professores.
3.Favoreçam a apreensão dos saberes acumulados historicamente.
4.Associem os interesses dos alunos com os conhecimentos sistematizados que serão transmitidos nas escolas.
Para Lopes (2001), o ensino depende, portanto, das interações ocorridas nas salas de aula. Os professores, nessas condições, precisam estimular os alunos a serem questionadores, forçando-os a discutir sobre o conhecimento, e apresentando a eles a necessidade de refletir sobre suas próprias ideias e aquelas defendidas por outros colegas de classe.
Na visão de Lopes (2001), o saber sistematizado não pode ser uma responsabilidade apenas do professor. Há, claramente, um conflito entre as ideias de Lopes (2001) e a perspectiva tradicional, para a qual a relação em sala precisa ser de autoridade e as contribuições dos alunos não podem ser incorporadas ao processo pedagógico de ensino.
Para Lopes (2001), na dinâmica de ensino-aprendizagem, as escolas devem privilegiar uma ação transformadora, com os professores adotando a sala de aula como um espaço de interação para a participação de todos os alunos, e não apenas os mais habilidosos na verbalização.
O professor precisa colaborar para que todos os alunos possam adquirir os conhecimentos da etapa escolar na qual estejam situados. Os alunos precisam ter, também, a consciência de que esse conhecimento adquirido hoje será importante para sua capacidade de adquirir um saber sistematizado no futuro.
Lopes (2001) visualiza o processo de ensino-aprendizagem sob uma perspectiva sociointeracionista. Nessa forma de entendimento, a pessoa constrói seus conhecimentos por meio da interação com outras pessoas, ou seja, pelas influências mútuas. É na relação com os demais, em especial com os mais experientes de sua cultura, que os indivíduos adquirem seu conhecimento de mundo e de si próprios como sujeitos históricos.
A escola, para essa visão sociointeracionista, assume papel fundamental, porque grande parte das interações sociais deve ocorrer no ambiente escolar, que precisa estar habilitado paradar condições aos alunos de adquirirem os conhecimentos, exigindo deles o domínio da linguagem escrita e de teorias científicas complexas.
A dinâmica ensino-aprendizagem, sob o ponto de vista sociointeracionista, não deve apresentar verdades acabadas, mas habilitar o aluno para a apropriação e a elaboração de novos conhecimentos.
A prática pedagógica de aulas expositivas convencionais, quando o professor não dialoga com os alunos, pela visão sociointeracionista, está destinada ao fracasso.
A atividade didática do professor deve ser de mediação entre os conhecimentos sistematizados e os alunos, apresentando desafios, confrontando posições e facilitando o diálogo entre todos.
Na visão de Lopes (2001), a prática pedagógica sociointeracionista apresenta-se como um meio para firmar uma ação transformadora de ensinar e aprender. Segundo a autora, o papel da didática é justamente oferecer aos professores instrumentos para uma ação transformadora de ensinar e aprender.
A escola, para ela, não será melhor se continuar ignorando a importância das discussões, do questionamento e da contra-argumentação.
Planejamento da ação didática
Compreenda a importância do planejamento didático de forma que seja capaz de apontar suas etapas.
Você sabe o que significa a palavra planejar?
Segundo o dicionário Houaiss (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2004), uma das definições de planejar é organizar um plano ou roteiro de algo. Em outras palavras, planejar significa prever diferentes ações com o objetivo de alcançar determinados resultados em certas condições existentes.
Não é possível fazer um planejamento sem cumprir determinadas etapas, sendo elas as seguintes:
1. Estabelecimento dos objetivos.
2.Definição dos procedimentos a serem realizados.
3.Avaliação dos resultados obtidos com os procedimentos utilizados.
Na atividade de professor, o planejamento consiste em: previsões de ações e procedimentos, e organização de atividades a serem utilizadas para atingir o objetivo de aprendizado dos alunos.
Em didática, o planejamento representa a antecipação e a organização, realizadas pelo professor, das etapas do ensino nas escolas. No planejamento, o professor define os objetivos que pretende atingir, os métodos, os procedimentos e os conteúdos que precisarão ser desenvolvidos, além das ferramentas que serão utilizadas para avaliar o progresso dos resultados.
Para fazer um bom planejamento, o professor precisa, preferencialmente, conhecer as condições de trabalho, que incluem: recursos e ferramentas didáticas disponíveis e interesses, habilidades e necessidades trazidos previamente pelos alunos, por exemplo.
Para alcançar os objetivos educacionais estabelecidos, os professores precisam organizar, antecipadamente, as atividades a serem realizadas dentro e fora da sala de aula, de forma a facilitar a construção do conhecimento pelos alunos. A fixação dos métodos de avaliação do aprendizado também é um aspecto importante do planejamento didático.
O planejamento didático, realizado pelos professores, pode ser documentado em um plano didático, que significa um registro por escrito das conclusões do professor sobre a previsão de atividades a serem desenvolvidas para concretizar o ensino. Normalmente, os planos didáticos são documentos com linguagem simples, clara e precisa. É como se fosse um roteiro para ser utilizado como referência pelo professor.
Outro documento do planejamento da ação didática é o planejamento de curso, que apresenta uma previsão das atividades a serem realizadas e dos conhecimentos a serem adquiridos até o final do curso. Para finalizar o planejamento do curso adequadamente, os professores precisam:
· Conhecer as condições prévias dos alunos.
· Estabelecer objetivos gerais.
· Criar objetivos específicos.
· Relatar os conteúdos do curso.
· Definir atividades e procedimentos alinhados aos objetivos e conteúdos.
· Selecionar recursos necessários.
· Firmar critérios de avaliação.
Quando realiza a previsão de uma sequência de aulas sobre assuntos semelhantes, o professor está fazendo o planejamento da unidade. São três os procedimentos de planejamento da unidade:
Apresentação – aproveita os conhecimentos anteriores dos alunos para estimular o interesse em adquirir novos conhecimentos.
Desenvolvimento – cria situações de ensino-aprendizagem, com problemas, projetos, estudos dirigidos, pesquisas etc., para estimular a participação ativa dos alunos.
Integração – estimula a capacidade de síntese dos alunos, com exigência de resumos, relatórios etc.
No curso todo, o professor ministra uma série de aulas. A aula representa o espaço de operacionalização dos planos de curso e de unidade. Mas, como você deve imaginar, isso não significa que a aula não deva ser planejada.
O planejamento da aula consiste em uma sequência de ações: previsão de objetivos de curto prazo; especificação de itens e subitens do conteúdo; definição dos procedimentos de ensino; organização das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos; seleção dos recursos utilizados; e estabelecimento de critérios de avaliação das atividades realizadas.
O planejamento da ação didática é primordial para o sucesso do ensino-aprendizagem, devendo ser desenvolvidas algumas atividades importantes, como a previsão de dificuldades, a preparação de atividades estimulantes, a adequação aos recursos disponíveis, a definição de critérios de avaliação e a distribuição do trabalho de maneira apropriada em relação ao tempo. Sem o planejamento, a probabilidade de sucesso das atividades do professor diminui consideravelmente.
Processo de ensino: o professor mediador e o papel mediador da pesquisa na didática
Analise a importância da mediação no processo didático e o papel do professor mediador, diferenciando a postura tradicional de ensino da postura de mediação.
André (1996) propõe em seu estudo a inclusão da metodologia de pesquisa nos cursos de formação de professores, com o objetivo de estimular a participação dos alunos, futuros professores, em seu processo de aprendizagem para o exercício da profissão de docente.
Inicialmente, você talvez não perceba a importância do aprendizado dos métodos de pesquisa pelo futuro professor, para o exercício de sua profissão. A pesquisa, segundo André (1996), tem uma finalidade didática, atuando como mediadora a fim de preparar professores para a atuação em sala de aula. 
(Clique na área em destaque.)
Não confunda a pesquisa, da qual fala André (1996), com a pesquisa científica. A pesquisa científica busca gerar novos conhecimentos, obedecendo a requisitos específicos de objetividade, originalidade, validade e legitimidade. A pesquisa da qual André cita tem pretensões didáticas. Não é necessário, nesse tipo de pesquisa, atender aos critérios exigidos para a pesquisa científica.

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