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Resenha Morfofonologia

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RESENHA
Formação e Classes de Palavras no Portugês do Brasil
(BASÍLIO, Margarida. Editora Contexto, 2004.)
No livro "Formação e Classes de Palavras no Português do Brasil", publicado pela editora Contexto, Margarida Basílio, professora principal da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, pontua os padrões gerais e os principais processos de formação de palavras na variedade da língua portuguesa.
O objetivo da autora é entregar ao leitor, estudantes da língua e professores de português uma visão geral dos principais processos de formação de palavras, tendo como ponto principal ponto a questão da mudança de classe e suas funções na constituição lexical. A intenção da autora é mostrar que a morfologia derivacional não existe ao acaso. De acordo com ela, "as estruturas morfológicas constituem um instrumento fundamental na aquisição e expansão do léxico individual ou coletivo, assim como de seu uso na produção e compreensão de diferentes tipos de texto em nossa língua”, afirma na introdução da página 7.
Afim disso, ela desenvolve o assunto dividindo-o em dez capítulos, finalizando todos eles com um agrupamento que varia entre dez e dezoito exercícios a fim de que os leitores possam praticar ou testar o conhecimento no que acabaram de estudar a cada capítulo.
No primeiro capítulo, “Para que serve o léxico?”, a autora fala que a língua é um dos maiores objetos de comunicação do mundo e que o léxico está diretamente ligado a dupla função da língua. O léxico é um conjunto de palavras de um determinado idioma, onde as pessoas têm a disposição para de expressar através da escrita ou da fala. Mais para frente, a autora fala sobre o léxico externo e o mental. Segundo ela, o externo são todas as palavras configuradas de dicionário ou verificadas nos enunciados da língua. Já o mental ou interno não são apenas as palavras as quais o falante reconhece, mas também aquelas que permitem a interpretação de novas formas. 
Outra diferença que a autora pontua é entre o léxico virtual e o real. O léxico virtual é em muitos aspectos mental, pois ele varia em interpretações e admite novos reconhecimentos. Já no real, ela se parece com o externo, pois são palavras que já existem. 
No segundo capítulo, “Dissecando a palavra”, a autora trata de diversos temas relacionados à palavra. Na primeira linha, ela apresenta frases onde podemos graficamente como definir as palavras em sequência, entre pontuações e/ou espaços. Na segunda linha, trata-se da relação entre a palavra e o dicionário, mostrando que entre palavra falada e o registro do dicionário podem ser diferentes, pois as palavras que entram no dicionário só são registradas depois de um tempo sendo faladas. 
Nas últimas linhas, a autora trata a palavra como uma forma livre tanto de interpretação quanto de escrita. O linguista Bloomfield define a palavra como forma livre mínima como aquela que pode se constituir por si só, diferente da forma presa ou afixo. A definição é interessante, pois diferencia as palavras de frases, sintagma e afixos, porém quando pensamos em palavras compostas, temos um problema, pois palavras compostas são palavras formadas de duas ou mais palavras ou radicais e não podem ser subdivididas em formas livres.
O terceiro capítulo, “Classes de palavras e categorias lexicais”, trata de noções gerais e critérios de classificação. De forma geral, as classes de palavras têm uma importância crucial na descrição de uma língua pois expressam propriedades gerais das palavras. Na segunda linha, a autora fala sobre os critérios de classificação, os quais abrem muita discussão. A autora coloca que os estruturalistas usam um critério para definir as classes de palavras. O exemplo que ela mostra são os substantivos como núcleo do sintagma nominal ou ocorrência como artigo. Resumindo, ela mostra como funcionam as classes de palavras e como encaixar as categorias lexicais. 
O quarto capítulo, “Derivação e mudança de classe: padrões gerais e motivações”, expõe padrões lexicais regulares, derivação e mudança de classe, por que mudança de classe?, motivações não são exclusivas, quadros mais complexos, motivação expressiva na mudança de classe, motivação textual e motivação sintática, motivações múltiplas. De modo geral, sabemos que pelas gramáticas e por nossa experiência com o uso da língua, é possível formar palavras de uma classe se baseando nas palavras de outra classe. Por exemplo, dos adjetivos podemos formar substantivos, como descrito em fatal/fatalidade; de substantivos para adjetivos, como floresta/florestal; etc.
As gramáticas apresentam listagem de sufixos ligados a processos de mudança de classe, se preocupando em abranger todos os elementos utilizados.
O quinto capítulo, “Principais processos de mudança de classe: formação de verbos”, gira em torno da formação de verbos a partir de substantivos e adjetivos, processos de formação de verbos e parassintéticas. Num resumo geral, o capítulo fala sobre como os verbos se adaptam a diferentes processos de mudanças. O verbo é a classe gramatical de palavras que comumente tem significado de ação, estado, mudança de estado ou fenômeno da natureza, varia de acordo com o tempo. Mas o mais importante é quando a autora trata das formações parassintéticas, que são aquelas que ocorrem quando a palavra derivada resulta na junção entre prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por exemplo, em apodrecer, onde temos a+podre+decer. Nas parassintéticas, não há formação de novas palavras, mas sim de adaptações de palavras.
O sexto capítulo, “Principais processos de mudança de classe: formação de substantivos”, remete à formação de substantivos a partir de verbos, função denotativa, motivação gramatical, motivação textual, desverbalização, principais processos de formação; derivação regressiva, formação de nomes de agente e instrumento, aspectos gramaticais, principais processos de formação; formação de substantivos a partir de adjetivos, função denotativa, outras motivações, principais processos de formação. No capítulo, mostra primeiro que substantivo é semanticamente definido como uma palavra que designa seres ou entidades. Logo depois, mostra como a formação se apresenta a partir dos verbos, colocando em motivação semântica ou denotativa, motivação gramatical e motivação textual. Mais a frente, a autora trata sobre a função denotativa, onde os adjetivos denotam qualidades a pessoas ou objetos, onde estas propriedades não se separam das funções predicadoras. Fechando o capítulo, a autora mostra outras motivações, como a de adjetivo em substantivo, transformando honesto em honestidade. 
O sétimo capítulo, “Principais processos de mudança de classe: formação de adjetivos”, falará sobre a formação de adjetivos a partir de substantivos, principais processos de formação; formação de adjetivos a partir de verbos, motivação gramatical, principais processos de formação; vestígios categoriais em adjetivos formados de verbos. Adjetivo é toda a palavra que se refere a um substantivo indicando um atributo. A contração se dá em gênero, número e/ou grau. A função gramatical é comparada com o advérbio. Os adjetivos podem ser diferenciados de acordo com a função denotativa pela qual se acrescenta uma propriedade semântica. Podemos formar adjetivos a partir de substantivos para que o material semântico contido nos substantivos possa ser usado como instrumento de atribuição de
propriedades. Nos principais processos de formação de adjetivos a partir de substantivos é importante diferenciar os processos semanticamente vazios, porém produtivos em seu conjunto, daqueles que trazem noções adicionais. 
O oitavo capítulo, “Principais processos de mudança de classe: formação de advérbios”, trata da formação de advérbios por derivação, problemas de análise morfológica na derivação de advérbios, as diferentes funções das formações em -mente, a formação de advérbios por conversão. O advérbio é uma palavra invariável a qual pode modificar o sentido de um verbo, adjetivo ou até mesmo de um outro advérbio. Ele pode indicar circunstânciade modo, lugar, tempo, etc. Neste capítulo, a autora foca em como os advérbios podem se modificar e se adaptar a diferentes situações. A formação do advérbio a partir do adjetivo pode ser considerada tanto em questões de motivação gramatical quanto em questões de motivação semântica. Do ponto de vista semântico, a formação do advérbio partindo do adjetivo corresponde ao aproveitamento de denotação de propriedades contido no adjetivo para a formação de um modificador de verbos. Do ponto de vista gramatical, podemos considerar na formação do advérbio a adaptação de uma palavra da classe dos adjetivos para uma situação em que a estrutura da língua exige a utilização de outra classe, o advérbio. 
Ao final do capítulo, a autora foca na formação do advérbio por conversão, ou seja, quando a mudança de classe de palavras é efetuada sem nenhum processo morfológico de derivação associado. O exemplo pontuado é quando usamos em alguns casos a diferença fundamental entre o adjetivo e o advérbio é o escopo: se atribuirmos a qualidade ao substantivo, teremos um adjetivo; se a atribuirmos ao verbo, teremos um advérbio. 
Nos últimos capítulos, a autora reflete sobre processos de formação de palavras que não estão ligados à mudança de classe. No nono capítulo, “Sufixação sem mudança de classe”, trata da expressão do grau (aumentativo e principais processos de formação; o diminutivo e seus valores e principais processos de formação; aspectos morfológicos; prefixos diminutivos; superlativo) e nomes de agente denominais (formações em -ista, formações em -eiro, além de outras formações). A gradação é uma figura de linguagem relacionada com a enumeração, onde são expostas determinadas ideias de modo crescente ou decrescente. Na Nomenclatura Gramatical Brasileira, o grau é considerado como flexão, mais ainda por influência da gramática clássica. De acordo com o critério clássico, o grau seria uma categoria gramatical, que expressa um significado acidental. Entretanto, a maior parte dos gramáticos hoje em dia tendem a considerar o grau como derivação, visto que a expressão do grau não se correlaciona a mecanismos gramaticais. Dentro dessa perspectiva, o grau se coloca dentro da formação de palavras. No final do capítulo, a autora mostra outras formações, como facada, dentada, machada. Em todos os casos, o afixo denota algo geral.
No décimo capítulo, “Adjetivo ou substantivo?”, sobre conversão e derivação imprópria, adjetivo e substantivo: as dificuldades de classificação; nomes pátrios e nomes de cores; os três critérios de classificação e sua relação com a flutuação substantivo/adjetivo; adjetivos substantivados; substantivos com função adjetiva: nomes de agente, casos típicos e casos marginais, substantivos podem qualificar substantivos?, substantivos como qualificadores, substantivos como complementos de substantivos, substantivos como especificadores. Neste capítulo, a autora trata como as duas classes são distintas. Apesar dessa distinção, muitas vezes há dúvida na análise de casos específicos. Isso acontece porque, o critério predominante de definição nas gramáticas – semântico para o substantivo e sintático para o adjetivo – não é o mesmo para as duas classes. Além disso, há mecanismos de conversão entre as duas classes, assim como há a possibilidade de extensão de propriedades de uma classe para outra. Quando há conversão plena, ou seja, quando a palavra de uma classe apresenta também todas as propriedades de outra classe, temos duas palavras distintas, uma em cada classe, como por exemplo em doce, que pode ser tanto substantivo quanto adjetivo. Então, neste capítulo, não só os processos derivacionais atuam na expansão lexical; há várias outras possibilidades nas estruturas lexicais do português, de extensão de propriedades e funções de itens de uma classe, assim como situações de conversão. Por isso, dá-se a importância de focalizarmos em conjunto a formação e as classes de palavras, com suas propriedades e funções, na constituição do léxico. 
Este livro tem uma grande importância para mostrar para alunos de ensino tanto fundamental quanto médio o porquê de ser tão importante estudar processos de formação da língua portuguesa e como as classes de palavras trabalham de forma conjunta, nenhuma delas anda sozinha. Mais ainda, é importante para os alunos de nível de graduação entender como ministrar as aulas e saber como estruturar seus próprios textos e trabalhos. 
Margarida Basílio também é autora de "Teoria Lexical" (São Paulo: Ática, 1987) e "Estruturas Lexicais do Português: Uma Abordagem Gerativa" (Petrópolis: Vozes, 1980).
Referência bibliográfica
BASILIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. – 3ª ed. – São Paulo: Contexto, 2011.

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