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Hemograma veterinário e seus principais aspectos e interpretação

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CYNTHIA FROTA
GILIARDE SANTANA
MYLENA CAZELATO
RAFAELA DE OLIVEIRA CUNHA
TALITA ROSA
HEMOGRAMA VETERINÁRIO E SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS E
INTERPRETAÇÃO
DISCIPLINA DE PROPEDÊUTICA MÉDICO VETERINÁRIA – Pequenos Animais
Varginha, junho de 2021.
CYNTHIA FROTA
GILIARDE SANTANA
MYLENA CAZELATO
RAFAELA DE OLIVEIRA CUNHA
TALITA ROSA
HEMOGRAMA VETERINÁRIO E SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS E
INTERPRETAÇÃO
DISCIPLINA DE PROPEDÊUTICA MÉDICO VETERINÁRIA – Pequenos Animais
Trabalho apresentado ao curso de
Medicina Veterinária do Centro
Universitário do Sul de Minas como
requisito para aprovação na disciplina de
Propedêutica Médico Veterinária.
Prof. M.Sc. Sávio Tadeu Almeida Júnior
Varginha, junho de 2021.
RESUMO
O sangue é um elemento essencial para a vida, ele é o responsável pelo
carreamento de gases e nutrientes para que todos os tecidos continuem seu
funcionamento adequado, mantendo a homeostasia. O sangue é composto por
plasma, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, que possuem papel fundamental
na defesa do organismo. O hemograma é um exame laboratorial que permite
avaliar os componentes sanguíneos, sendo responsável por demonstrar os
parâmetros relacionados a eritrócitos e leucograma e, através da sua correta
interpretação pode-se obter informações a respeito de infecções, parasitoses,
anemias, desidratação, dentre várias outras enfermidades, auxiliando no
diagnóstico, tomada de decisões para tratamentos e procedimentos cirúrgicos,
sendo um dos exames laboratoriais mais utilizados pelos médicos veterinários, por
isso, saber interpretar um hemograma é um requisito indispensável na clínica
médica. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica
sobre o hemograma veterinário e suas principais alterações, desta forma,
auxiliando na interpretação desse exame laboratorial tão requisitado nas clínicas e
hospitais veterinários.
Palavras-chave: Propedêutica, eritrograma, exame laboratorial, clínica de
pequenos
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o médico veterinário conta com vários tipos de exames
complementares, que se tornaram essenciais para a elucidação e mesmo para a
confirmação de diagnósticos, dando subsídios para a saúde pública e animal, onde são
necessárias informações com a máxima certeza possível, a fim de esclarecer o quadro
clínico do paciente (MACEDO et al, 2015). Dentre esses exames, o hemograma é
amplamente utilizado na medicina veterinária.
O sangue é um tecido que flui pelo sistema circulatório entre os diversos órgãos,
transportando nutrientes, hormônios, eletrólitos, células de defesa, fatores da
coagulação, resíduos do metabolismo celular e diversas outras substâncias (MACEDO
et al, 2015), devido a sua função vital, a realização de exames que permitam avaliar seu
funcionamento, como por exemplo o hemograma, é essencial. A avaliação dos
elementos celulares do sangue, quantitativamente ou qualitativamente é frequentemente
utilizada como método auxiliar para diagnóstico de várias doenças, como também para
monitorar a resposta ao tratamento destas doenças, para avaliar as condições
metabólicas do animal, além de fornecer informações indispensáveis ao controle
evolutivo das doenças (RIBEIRO, 2005).
O hemograma é um exame laboratorial realizado com o sangue periférico
colhido com anticoagulante, com o objetivo de obter-se informações acerca do que está
se passando no organismo do animal no momento da colheita (LOPES et al, 2008). O
hemograma é composto pelo eritrograma, que é responsável por avaliar hemácias ou
eritrócitos e o leucograma responsável por avaliar as células brancas (leucócitos), ele
descreve quantitativa e qualitativamente as células sanguíneas, permitindo detetar
muitas alterações e condições patológicas (WEISS e TVEDTEN, 2012), sendo um
exame indicado na avaliação de qualquer paciente doente, sendo solicitado
rotineiramente nas clínicas médicas e de extrema importância pois auxilia no
estabelecimento de diagnósticos, prognósticos, acompanhamento da saúde ou terapia do
animal (GONZÁLEZ; FÉLIX; SANTOS, 2005), controle evolutivo de doenças
infecciosas, parasitárias, doenças crônicas em geral, em emergências médicas e
cirúrgicas e entre outras (SIQUEIRA & BASTOS, 2020). Além de ser essencial para
avaliação de doação de sangue e exames pré anestésicos.
2. OBJETIVO GERAL
Explanar acerca da composição do hemograma e sua importância como
ferramenta de auxílio para elaboração de diagnóstico na clínica de animais de
companhia.
3. JUSTIFICATIVA
A indicação da realização de hemograma dos pacientes é frequente na prática
clínica e é indispensável para elucidação de diagnósticos,acompanhamento de doenças,
emergências médicas ou cirúrgicas, entre outras situações. Por isso, é essencial que o
médico veterinário saiba interpretar os resultados.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. COMPOSIÇÃO DO SANGUE
O sangue é composto por plasma e elementos celulares: hemácias, leucócitos e
plaquetas. O plasma sanguíneo tende a ter uma coloração amarelada e é constituído de
íons, como o sódio, potássio, cálcio e magnésio; proteínas, lipídeos, carboidratos,
anticorpos; e várias substâncias que são transportadas para o corpo, como glicose,
vitaminas, hormônios, gases respiratórios e resíduos do metabolismo. As hemácias ou
eritrócitos são unidades morfológicas da série vermelha do sangue, responsáveis por
transportar os gases sanguíneos, os leucócitos participam da defesa orgânica e as
plaquetas atuam no processo de hemostasia. O sangue circula no corpo através das
artérias, veias e capilares sanguíneos e tem como principal objetivo, levar o sangue rico
em O2e nutrientes aos diversos tecidos do corpo. A principal função do sangue é carrear
gases e substâncias para os diferentes tecidos para que os mesmos possam funcionar
adequadamente, e em segundo plano tem a função de proteção e regulação do corpo,
para que ele sempre esteja em completa hemostasia (GONZÁLEZ & SILVA, 2008).
Este sistema recebe o nome de sistema circulatório.
O volume sanguíneo total, também chamado de volemia, equivale a
aproximadamente 7,5% do peso corporal, variando com a espécie, a idade e a ingestão
ou perda de água. As alterações de volemia possuem importante significância clínica. A
hipovolemia pode ocorrer em situações nas quais ocorre um decréscimo do volume
sanguíneo como nos casos de hemorragia, problemas renais e desidratação (SILVA.,
2016). A hipervolemia ocorre em situações de ingestão, administração ou retenção de
líquidos e sódio em excesso e o choque hipovolêmico ocorre quando cerca de 70 a 80%
do sangue é perdido, caracterizando uma emergência, podendo levar o paciente ao óbito.
4.2. HEMATOPOIESE
A hematopoiese é o nome dado ao processo de produção das células sanguíneas.
A produção sanguínea ocorre na medula óssea, que é encontrada no canal medular dos
ossos longos e cavidades dos ossos esponjosos. Diferencia-se em medula óssea
vermelha, devido a presença de numerosos eritrócitos em diversos estágios de
maturação e, em medula óssea amarela, rica em células adiposas e que não produz
células sanguíneas (BACKSCHAT, 2017; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004.) A
célula responsável por dar origem aos tipos celulares do sangue é a célula tronco, que
fica localizada na medula óssea. Essa célula é considerada a “célula mãe”, já que pode
dar origem a qualquer um dos tipos celulares do sangue, sendo por isso denominada de
célula com capacidade pluripotencial. Ela se diferencia em precursores linfóides, que
originam os linfócitos T e B e mielóides, que originam hemácias, granulócitos,
monócitos e plaquetas. A hematopoiese pode ser dividida em duas fases, a hematopoiese
pré-natal e a hematopoiese pós natal. A pré natal ocorre durante a vida intrauterina, o
primeiro local de produção das células sanguíneas é o saco vitelínico e, posteriormente,
essa função é assumida pelo fígado, baço e medula óssea (SILVA, 2016). Já a
hematopoiese pós-natal ocorre após o nascimento e limita-se exclusivamente à medula
óssea. Eritrócitos,granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas originam-se a partir de
células-tronco da medula óssea vermelha (CAR, 2010).
A medula vermelha, com o tempo vai desaparecendo e deixa de ser
hematopoiética, sendo substituída por tecido gorduroso, o qual forma a medula inativa
ou amarela (LOPES et al, 2008). Quando a medula óssea é incapaz de suprir a demanda
corporal de células sanguíneas, ou seja, em casos de necessidade, fisiologicamente o
organismo inicia um processo de compensação e a medula amarela pode se regenerar e
voltar a ser vermelha e a hematopoiese pode voltar a ser realizada pelo fígado, baço e
linfonodos, esse processo é denominado de hematopoiese extramedular. Inúmeras
doenças podem estar correlacionadas a hematopoiese extramedular, como doenças
infecciosas crônicas (piometra), anemia hemolítica e trombocitopenia, e diversas
neoplasias malignas (COUTO, 2014).
4.3. ERITROPOIESE
As hemácias têm vida útil muito curta, por isso, precisam ser repostas
frequentemente e isto é conseguido através da produção e liberação de novas células
pela medula óssea, processo conhecido como eritropoiese (MACEDO et al, 2015). A
eritropoiese tem como objetivo a formação de eritrócitos maduros, que têm função
primária de conduzir oxigênio para os tecidos (BACKSCHAT, 2017). Os precursores
das hemácias maduras são os chamados eritroblastos, células nucleadas que se
encontram, normalmente, apenas na medula óssea; tais células só passam ao sangue
periférico em condições de estímulo aumentado à gênese da série vermelha, como por
exemplo na anemia hemolítica.
A eritropoiese se inicia na medula óssea a partir de uma célula pluripotencial de
origem mesenquimal chamada célula tronco ou célula mãe (LOPES et al, 2008). O fator
estimulante para a produção de eritrócitos é a eritropoietina, um hormônio produzido
principalmente pelo fígado fetal e pelo rim adulto (BACKSCHAT, 2017), este hormônio
atua sobre a célula tronco da medula óssea, determinando a sua divisão e a produção da
unidade formadora de colônia eritróide (UFCe), que irá se diferenciar em rubriblasto,
pró-rubrícito, rubrícito, metarrubrícito, reticulócito e eritrócito respectivamente. A
eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de rubriblasto,
outra no estágio de pró-rubrícito e duas no estágio de rubrícito basofílico. O rubrícito
basofílico matura-se em rubrícito policromático, que se transformará em metarrubrícito.
Ocasionalmente o rubrícito policromático pode se dividir. A denucleação do
metarrubrícito leva à formação de reticulócito, o qual finalmente matura-se, dando
origem ao eritrócito (LOPES et al, 2008). Segundo Lopes (2008) esse processo leva em
torno de sete a oito dias para se completar.
4.4. HEMOGRAMA
O hemograma é o exame laboratorial realizado para avaliar os componentes
sanguíneos, é composto por eritrograma, leucograma e plaquetograma. As análises são
demonstradas de forma quantitativa, mostrando os valores de referência de cada um dos
parâmetros, assim, identificando qualquer alteração que possa haver nos valores óbitos
(VERRASTRO, 2005). Segundo MORI et al. (2004) os valores de referência para
hematócrito, hemoglobina e número de hemácias podem apresentar variações
dependendo da nutrição, fisiologia do animal, idade, sexo, alimentação, localização
geográfica, exercício físico e características raciais. Excitação, dor ou exercício vigoroso
resultam na mobilização eritrocitária do baço para a circulação (RIBEIRO, 2005).
Através do hemograma também é possível ter resultados para pesquisa de
hematozoários. A pesquisa de hemoparasitas é utilizada amplamente para diagnóstico de
doenças virais, bacterianas e protozoóticas, por meio da visualização de inclusões
citoplasmáticas desses parasitas sanguíneos.
4.4.1. ERITROGRAMA
O eritrograma é parte do hemograma que avalia a série vermelha do sangue e é
realizado em quase todos os pacientes com doença de difícil diagnóstico clínico, pois
detecta alterações quantitativas e qualitativas das hemácias, sendo útil para avaliação de
prognósticos e da eficácia terapêutica de diversas enfermidades, que possam alterar o
quadro eritrocitário como, por exemplo, anemia e desidratação. O eritrograma é uma
ferramenta importante na clínica veterinária, oferecendo subsídios para conclusão do
diagnóstico e avaliação do paciente (LOPES, 2007). Ele compreende a contagem do
número total de hemácias (He) através da contagem de eritrócitos (E), volume globular
ou hematócrito (HT), concentração de hemoglobina (Hb), dimensão de amplitude da
hemácia (RDW), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média
(HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) (LOPES, 2007).
4.4.1.2. ERITRÓCITOS/HEMÁCIAS (He)
As hemácias estão relacionadas principalmente com o transporte de oxigênio
para todas as células do corpo. Entretanto, elas também atuam no transporte de dióxido
de carbono e no tamponamento dos íons de hidrogênio. O tempo médio de vida de uma
hemácia é de 120 dias, após esse período, ela é destruída no baço, onde
aproximadamente dez milhões de hemácias são destruídas por segundo. Os eritrócitos
possuem formato de disco bicôncavo e são anucleadas quando maduras. Seu diâmetro é
de aproximadamente sete micrômetros. Alterações morfológicas dos eritrócitos podem
ocorrer em resposta a doenças sistêmicas, intoxicações, alterações vasculares,
parasitoses ou por má técnica de processamento da amostra (REED et al., 2004; SILVA,
2011).
A contagem de eritrócitos é realizada para se detectar a quantidade desta célula
por milímetro cúbico presente no sangue total, a principal função dos eritrócitos é
transportar O2 dos alvéolos pulmonares para os tecidos e remover destes o CO2,
levando-o para ser eliminado nos pulmões. A contagem possibilita o diagnóstico de
redução ou aumento do seu número, respectivamente anemia ou policitemia (MACEDO
et al, 2015).
A anemia é caracterizada por uma redução na massa de eritrócitos circulantes,
causada por um desbalanço entre a taxa de perda e/ou destruição e a taxa de produção
pela medula óssea (REED et al., 2004). Elas podem ser regenerativas ou não
regenerativas. As regenerativas geralmente são decorrentes de hemorragia ou pela
destruição acelerada dos eritrócitos e caracterizam-se pelo aumento efetivo na produção
dessas células pela medula óssea. As anemias arregenerativas, ocorrem a partir de
anormalidades sistêmicas ou específicas da própria medula óssea, e tem como
consequência uma eritropoiese inadequada em resposta a senescência ou destruição de
eritrócitos (SANTOS, 2013).
Já as policitemias são o contrário da anemia, sendo caracterizadas pelo aumento
do número de eritrócitos, concentração de hemoglobina e hematócrito em relação aos
valores considerados normais para cada espécie, raça, sexo, idade (THRALL, 2007).
Pode ser classificada como relativa ou absoluta. A relativa não ocorre uma verdadeira
elevação nos índices eritrocitários (CGH, Ht e Hb), ela geralmente ocorre em
decorrência de uma diminuição do volume plasmático resultante de desidratação ou
contração esplênica que ocorre geralmente em animais em exercício. (SILVA, 2016;
MACEDO et al, 2015). A perda de líquidos resulta em aumento dos valores da série
vermelha do hemograma e também na concentração de proteínas. Os leucócitos e
plaquetas não são alterados nos casos de desidratação. (SILVA, 2016). A absoluta
corresponde ao verdadeiro aumento da massa eritrocitária, resultando em elevação nos
valores de He, Ht e Hb, podendo ser primária (aquela em que ocorre distúrbio
mieloproliferativo bem diferenciado, ocorrendo eritropoiese independente da
concentração de eritropoietina, é uma doença rara) ou secundária (aquela em que há
produção excessiva de eritrócitos por consequência do aumento de eritropoietina que,
por sua vez, ocorre devido à hipoxia generalizada, hipóxia renal localizada ou produção
excessiva de eritropoietina causada por neoplasia) (MACEDO et al, 2015).
4.4.1.3. HEMOGLOBINA(Hb)
A hemoglobina é a quantidade em gramas de Hb por 100ml de sangue. Define a
deficiência nutricional de maior prevalência nos países em desenvolvimento, que é a
anemia (SZARFARC et al., 2004). De acordo com MACEDO et al (2015), às
concentrações de hemoglobina podem reduzir por dois motivos: anemia fisiológica que
ocorre na gestação quando há diminuição de hemoglobina resultado de expansão do
volume plasmático que é maior que a expansão da eritrocitária, com declínio
subsequente na concentração de hemodiluição (Hb) e a patológica pode ser decorrente
de deficiência nutricional, como carência de vitaminas do complexo B, ácido fólico e
minerais como o ferro, supressão da medula óssea, doenças hemolíticas, hemorragias e
neoplasias (DAL PIZZOL, 2006).
4.4.1.4. HEMATÓCRITO (Ht)/ VOLUME GLOBULAR
O hematócrito é a porcentagem de volume sanguíneo preenchido pelos
eritrócitos, ou seja, é a porcentagem do sangue total composta pelos eritrócitos, portanto,
uma medida da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue (BACKSCHAT,
2017).
O hematócrito, em geral, irá aumentar com um aumento do número de células
vermelhas no sangue ou uma diminuição do volume plasmático e, irá diminuir em casos
de aumento do volume plasmático ou diminuição do número de eritrócitos. De acordo
com Navarro (2005), nos animais a forma mais rápida e simples de diagnóstico de
anemia é o hematócrito, que nesse caso revelaria valores abaixo do normal. Porém,
deve-se ter atenção com falsas alterações causadas por fatores externos. De acordo com
Bicalho & Carneiro (2017), existem ocasiões em que o hematócrito pode estar
falsamente aumentado. A principal destas são os casos de desidratação, pela perda de
líquidos do organismo. Neste caso, as proteínas plasmáticas totais estarão também
aumentadas, diferenciando a desidratação de outra situação na qual haverá um aumento
real do hematócrito. E também existem situações em que o hematócrito pode estar
falsamente diminuído, como por exemplo uso de amostras velhas, o uso de anestésicos
ou contenção química que podem fazer com que aconteça o "encarquilhamento celular",
isto é uma diminuição do tamanho dos glóbulos.
4.4.1.5. V.C.M
Volume Corpuscular Médio, corresponde ao volume médio das hemácias, ou
seja, como está o tamanho das hemácias. Os tamanhos podem ser classificados como
normal, aumentado (padrão macrocíticas), ou diminuído (padrão microcítico), esses
dados auxiliam a diagnosticar o tipo de anemia. De acordo com Soares et al (2012), os
eritrócitos dos cães possuem o V.C.M de 60 a 77 um^3 e tem um formato discoide com
uma depressão central que na lâmina aparece como uma região mais pálida e os gatos
possuem V.C.M. menores do que os do cão, 39 a 55 um^3, a depressão central não é tão
evidente já que eles tem a forma mais esférica.
4.4.1.6. H.C.M.
Hemoglobina Corpuscular Média, que é a quantidade de hemoglobina média por
eritrócito, calculada dividindo-se a hemoglobina pelo número de eritrócitos. Ou seja, é o
valor absoluto da média da quantidade de hemoglobina, definindo se há uma
hipercromia, normocromia ou hipocromia;
4.4.1.7. C.H.C.M.
Referente a concentração de hemoglobina corpuscular média, que é a
concentração de hemoglobina celular média por eritrócito. A CHCM e o VCM são
utilizados para classificar as anemias (HARVEY, 2012).
4.4.1.8. PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TOTAIS
As principais proteínas plasmáticas são a albumina, as globulinas e o fibrinogênio. As
proteínas sanguíneas são sintetizadas principalmente pelo fígado, sendo que a taxa de síntese
está diretamente relacionada com o estado nutricional do animal, especialmente com os níveis
de proteína e de vitamina A, e com a funcionalidade hepática (GONZÁLEZ et al, 2009). Elas
têm como função a manutenção da pressão osmótica e da viscosidade do sangue; transporte
de nutrientes, metabólitos, hormônios e produtos de excreção, regulação do pH sanguíneo e
participação na coagulação sanguínea.
A concentração de proteínas totais pode estar aumentada na desidratação, por
hemoconcentração. Também encontra-se aumentada em casos de falhas hepáticas, transtornos
intestinais e renais, hemorragia, ou por deficiência na alimentação. De acordo com Silva
(2016) é sempre muito importante avaliar a concentração de albumina e globulinas pois, em
doenças inflamatórias crônicas, o valor das proteínas podem permanecer inalterados, mesmo
com baixa produção albumina; este valor é compensado pela produção de globulinas.
4.4.1.10. PLAQUETOGRAMA
O plaquetograma é a parte do hemograma que quantifica e avalia morfologicamente as
plaquetas. A principal função das plaquetas é a formação de coágulos, participando da
hemostasia primária, interrompendo momentaneamente a hemorragia antes da estabilização
do coágulo. Outras funções importantes são: manter a integridade vascular, modular a
resposta inflamatória e promover a cicatrização das feridas após uma lesão tecidual (SILVA,
2016). A redução no número de plaquetas é tecnicamente denominada trombocitopenia
(plaquetopenia), enquanto o aumento é dito trombocitose (plaquetose).
As trombocitopenias são alterações hematológicas muito comuns na veterinária
(SILVA, 2016). Doenças infecciosas também podem resultar em trombocitopenia, são
exemplos de doenças que resultam em trombocitopenia erlichiose, babesiose, peritonite
infecciosa felina (PIV), panleucopenia felina, leptospirose, salmonelose. As plaquetas também
podem ser destruídas em doenças autoimunes como na anemia hemolítica autoimune (SILVA,
2016). Alterações em alguns órgãos também podem causar alterações. Na insuficiência renal
pode ocorrer trombocitopenia, pois a trombopoietina é produzida no tecido renal. Na
esplenomegalia pode ocorrer trombocitopenia. O baço é um órgão importante no
armazenamento e destruição de células sanguíneas. Dessa forma, o aumento no volume ou
função esplênica pode resultar em citopenias (redução no número de células sanguíneas)
como trombocitopenias, anemia e leucopenias. Alguns fármacos como quimioterápicos,
antibióticos também podem causar redução na produção de plaquetas, como exemplo:
fenilbutazona, por isso, deve-se ter atenção ao avaliar o resultado do hemograma, pois se o
animal fez o uso de algum desses fármacos é esperado que haja uma variação.
Em relação a sua morfologia, apesar de sua aparência simples no esfregaço de sangue
periférico, onde se mostram como fragmentos citoplasmáticos de aspecto granular, as
plaquetas possuem uma estrutura discóide complexa. Medem de 1,5 - 3,0 micrômetros de
diâmetro e circulam no sangue com o formato de disco achatado quando não estão
estimuladas.
4.4.1.11. ASPECTO DO PLASMA
O plasma sanguíneo é a porção líquida do sangue que serve de matriz para hemácias,
células brancas (do sistema imune) e nutrientes serem transportados através dos vasos
sanguíneos. Ele representa mais da metade do volume total do sangue e possui um aspecto
amarelado quando separado da porção celular. Cerca de 95% do plasma é água, sendo o
restante formado por proteínas (como a albumina), glicose, eletrólitos (Na+, Mg+ e K+),
hormônios e fatores de coagulação, CO2 e O2 dissolvidos. O plasma é essencial para manter a
homeostase corporal.
4.4.2. LEUCOGRAMA
O leucograma é a parte do hemograma que analisa as células brancas sanguíneas, que
permite avaliar as possíveis alterações numéricas (quantitativas) e morfológicas (qualitativas).
As alterações numéricas do leucograma são designadas por termos técnicos específicos para
cada leucócito. Os sufixos “filia” e “citose” são indicativos de aumento, enquanto o sufixo
“penia” é indicativo de redução.
4.4.2.1. LEUCÓCITOS
Os leucócitos são responsáveis por participar na defesa do hospedeiro contra os
patógenos e na vigilância e remoção dos antígenos não-próprios. São formados em
parte, na medula óssea e no tecido linfóide. São células que estão em constantes
alterações numéricas e morfológicas para poderem desempenhar suas funções na
resposta inflamatória e na defesa orgânicacontra diferentes patógenos (SILVA, 2016).
Leucocitose é o termo utilizado quando há aumento de leucócitos. A leucocitose
patológica ocorre em resposta a doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes,
parasitárias, alérgicas ou neoplásicas, nessas situações a medula óssea é estimulada a
produzir leucócitos (SILVA, 2016). A utilização de fármacos corticoides também pode
resultar em leucocitose. Em situações de estresse agudo (mediado por adrenalina) ou
crônico (aumento do cortisol) também pode ocorrer leucocitose no hemograma (SILVA,
2016). Os felinos domésticos são animais mais suscetíveis ao estresse, por isso, deve-se
ter cautela no momento da coleta para evitar o estresse que poderia resultar em uma
leucocitose mais marcante.
Leucopenia é o termo utilizado quando há diminuição de leucócitos, pode
https://www.infoescola.com/sangue/
https://www.infoescola.com/sangue/hemacias/
https://www.infoescola.com/bioquimica/proteinas/
https://www.infoescola.com/bioquimica/albumina/
https://www.infoescola.com/bioquimica/glicose/
https://www.infoescola.com/fisiologia/homeostase/
indicar falha nas defesas orgânicas ou que a medula óssea pode estar com sua atividade
suprimida, o que é comum em doenças imunomediadas. Pode ser observado no
hemograma a leucopenia em doenças virais, como por exemplo cinomose, parvovirose,
leucemia felina, dentre outras. Em infecções bacterianas severas, como nas septicemias,
é frequente a ocorrência de leucopenia associada à neutropenia e outras citopenias
(SILVA, 2016).
4.4.2.2. NEUTRÓFILOS
São produzidos na medula óssea e liberados na corrente sanguínea após
completarem o período de maturação. Migram dos vasos sanguíneos para tecidos.
Posteriormente, liberados da medula em ordem, das células mais maduras primeiro e
menos maduras depois A média de vida dos granulócitos é de aproximadamente nove
dias. Os neutrófilos participam da resposta inflamatória aguda e são a primeira linha de
defesa do organismo contra agentes bacterianos (SILVA, 2016), sendo sua função
primária a fagocitose e a morte de microorganismos (LOPES & CUNHA, 2002).
Normalmente no hemograma os neutrófilos aparecem subdivididos em
bastonetes e segmentados. Os bastonetes são os precursores dos neutrófilos,
normalmente são encontrados no sangue quando há infecções em fase aguda. Processos
inflamatórios frequentemente resultam em aumento de bastonetes, sendo essa situação
denominada desvio de neutrófilos à esquerda (SILVA, 2016). Já os segmentados são os
neutrófilos maduros, quando o paciente não está doente ou já está em fase final de
doença, praticamente todos os neutrófilos são segmentados, ou seja, células maduras.
Uma das causas do aumento de segmentados é a elevação nas concentrações de
corticosteróides endógenos ou exógenos (SILVA, 2016).
A neutrofilia é o aumento de neutrófilos no sangue periférico. Pode ser
fisiológica, sendo nesse caso comum após as refeições, na gestação, após exercícios
violentos ou prolongados, após vômitos ou convulsões e no estresse., sendo esse efeito
mais comum nos gatos do que nos cães (RASKIN, 1998). E também pode ser
patológica, ocorre devido ao aumento da produção ou liberação da medula óssea em
decorrência de estresse ou em resposta à inflamação ou infecção moderada a grave
(SILVA, 2016). Algumas afecções são caracterizadas por extrema neutrofilia, como por
exemplo a piometra na cadela e na gata (BICALHO & CARNEIRO, 2017). A liberação
endógena de cortisol pelo córtex adrenal ou a administração exógena de corticosteróide
ou ACTH, pode causar neutrofilia (LATIMER & MEYER, 1992).
Já a neutropenia é a diminuição de neutrófilos no sangue periférico. Pode ocorre
basicamente por dois mecanismos 1: diminuição da produção de neutrófilos seja ela de
origem infecciosa (parvovirose, erlichiose), uso de drogas como estrógeno e sulfas nos
cães e ainda intoxicações por plantas ou fungos. 2: excesso de consumo dos neutrófilos,
em processos infecciosos graves e demorados (BICALHO & CARNEIRO, 2017).
4.4.2.3. LINFÓCITOS
Os linfócitos são produzidos na medula óssea, nos órgãos linfóides como o
timo, linfonodos e baço, além dos tecidos linfóides viscerais, que incluem as placas de
Peyer, tonsilas e apêndices (LOPES et al, 2008). Os linfócitos são divididos em sub
populações, destacando-se duas: Linfócitos B que são as únicas células com capacidade
de produzir anticorpos, e Linfócitos T exercendo papel de regular as respostas imunes
aos antígenos protéicos e servir como células efetoras para eliminação dos
microrganismos intracelulares. Ressalta-se a existência de uma terceira classe onde não
expressam receptores de antígenos, as células exterminadoras naturais (Natural Killer)
exercendo capacidade de lisar certas linhagens de células tumorais sem prévia
sensibilização.
Linfocitose é o termo utilizado quando há aumento de linfócitos. Em animais
jovens, menores de seis meses é comum observar linfocitose fisiológica, pois neles a
atividade imunogênica é mais intensa. O mesmo ocorre após vacinações ou
imunizações, independentes da natureza do antígeno. A linfocitose patológica ocorre
quando o agente agressor é antigênico, como por exemplo nas erlichioses e de modo
especial nas viroses; infecções crônicas; linfadenopatias inespecíficas, locais ou
generalizadas. (BICALHO & CARNEIRO, 2017). Ocorre também em casos de medo e
ansiedade em felinos; na fase crônica da inflamação; em protozoonoses; em fase de
convalescença; em casos de linfoma e leucemia linfocítica (SILVA, 2016).
A linfopenia é o termo utilizado quando há diminuição de linfócitos. A
linfopenia ocorre na fase aguda das inflamações, em viroses imunodepressoras e em
processos infecciosos graves (SILVA, 2016; BICALHO & CARNEIRO, 2017). O
leucograma de estresse ocorre devido aos corticosteróides endógenos e exógenos, sendo
a causa mais comum de linfopenia. Severas infecções bacterianas e virais podem causar
leucopenia associada com neutropenia e linfopenia, ou ambas e também podem reduzir
o número de outros leucócitos (LOPES, 2008).
4.4.2.4. MONÓCITOS
Segundo MEYER et al (1995) os monócitos desempenham um importante papel
na defesa contra microorganismos intracelulares (fungos, vírus e certas bactérias) e no
processamento de antígenos para apresentação aos linfócitos. São importantes também
na inflamação porque contêm ou secretam diversas substâncias biologicamente ativas e
são responsáveis pela remoção e processamento das células senescentes e debris, e pela
filtração de bactérias e toxinas do sangue portal
Monocitose é o termo utilizado quando há aumento dos monócitos, sendo as
principais causas incluem efeitos de esteróides (no cão) como hiperadrenocorticismo,
administração de esteróides, estresse grave, infecções e inflamações agudas e crônicas,
distúrbios imunomediados sendo um exemplo a anemia hemolítica auto-imune (BUSH,
2004), idade avançada, neoplasias, leucemias monocítica ou mielomonocítica.A resposta
ao estresse também pode causar uma monocitose, particularmente em cães. A
monocitose frequentemente acompanha ou segue a neutrofilia, embora o aumento no
número de monócitos não seja tão rápido ou pronunciado como o dos neutrófilos.
Monocitopenia termo utilizado quando há diminuição dos monócitos. Os
intervalos de referência podem baixar à zero, não apresentando significado clínico
(SILVA, 2016).
4.4.2.5. BASÓFILOS
São células pouco estudadas porque são raras no sangue e medula óssea. Não
obstante, os basófilos e os mastócitos contêm várias substâncias de importâncias
biológicas, e podem sintetizar inúmeras substâncias imunológicas e não imunológicas
(LOPES et al, 2008). Os basófilos liberam heparina no sangue, uma substância que
impede a coagulação sanguínea assim como acelera a remoção de partículas de gordura
do sangue após uma refeição gordurosa. Cães sadios apresentam um valor mais baixo.
Basofilia é o termo utilizado quando há presença de qualquer basófilo, sendo um
achado raro. Suas principais causas incluem distúrbios alérgicosacompanhados de
eosinofilia e quando não associados aos eosinófilos podem ser observados na doença
mieloproliferativa crônica, leucemia basofílica (muito rara) e também pode ocorrer
basofilia em casos de dirofilariose, lipemia e tuberculose (SILVA, 2016).
Basopenia é o termo utilizado quando há diminuição, porém é comum não
encontrarmos basófilos no esfregaço sanguíneo. Eventualmente não tem relevância em
casos clínicos (KERR, 2003). Pode-se relacionar administração de glicocorticóides
endógenos ou exógenos que podem causar uma diminuição no número de basófilos
circulantes (RABER et al, 2003).
4.4.2.6. EOSINÓFILOS
Os eosinófilos apresentam função e origem semelhante aos neutrófilos,
possuindo ação fagocítica e bactericida, porém, menos eficazes. Esses granulócitos são
importantes na ação contra parasitas multicelulares e participam das reações alérgicas e
anafiláticas (SILVA, 2016).
Eosinofilia é o termo utilizado quando há aumento dos eosinófilos, sendo as
principais causas: Parasitismo (vermes pulmonares e gastrintestinais, dirofilariose,
demodicose e ectoparasitismo), onde a eosinofilia ocorre devido a uma sensibilidade a
uma proteína estranha do parasita, mas nem todos os animais parasitados irão
demonstrar eosinofilia; hipersensibilidade, que segundo KERR (2003) é a causa mais
comum de eosinofilia vista na clínica de pequenos animais; casos de neoplasia dos
mastócitos e linfossarcoma (LATIMER & MEYER, 1992); predisposição racial:
Algumas raças grandes, especialmente Pastor Alemão, mostram evidências de
eosinofilia. A incidência relativamente grande de enterite eosinofílica, miosite
eosinofílica e panosteíte nesta raça sugere predisposição racial aos distúrbios hiper
eosinofílicos, e o achado da eosinofilia em indivíduos aparentemente normais podem
denotar doença subclínica (BUSH, 2004; KERR, 2003); Estro: Algumas cadelas
desenvolvem eosinofilia apenas durante o estro, aparentemente como uma resposta à
liberação de histamina pelos mastócitos na parede uterina sob a influência de estrógenos
(BUSH, 2004; KERR, 2003); gestação/ parto recente: A placenta canina contém grande
quantidade de eosinófilos e, às vezes, observa-se eosinofilia na circulação associada
com a presença de placentas in útero (KERR, 2003). A eosinofilia não é diagnóstico de
uma única doença, mas é vista em várias situações em que ocorre degranulação crônica
de mastócitos (KERR, 2003).
Eosinopenia é o termo utilizado quando há diminuição dos eosinófilos. Em
muitos laboratórios, o limite inferior para os valores absolutos de eosinófilos é zero ou
um número muito pequeno. Dessa forma, a eosinopenia é detectada mais eficientemente
em hemogramas seriados (REBAR et al, 2003). Quando presente, as principais causas
da eosinopenia são: Iatrogênica: Os pacientes em tratamento com corticosteróides irão
naturalmente apresentar uma eosinopenia. Ao solicitar um hemograma, é importante
informar que o animal está recebendo este tipo de tratamento, para que o laboratório
saiba como interpretar os resultados (KERR, 2003); Estresse agudo: A liberação de
adrenalina (epinefrina) por medo e excitação (por exemplo, estresse emocional
decorrente de contenção ou viagem) ou atividade muscular violenta (incluindo
convulsões) causa, primeiramente, leve eosinofilia, seguida de um pico moderado de
eosinopenia depois de aproximadamente quatro horas (BUSH, 2004); Estresse Crônico:
Isto provoca a liberação de glicocorticóide endógenos, principalmente cortisol, que
causa eosinopenia com neutrofilia, linfopenia e monocitose; Síndrome de Cushing: A
eosinopenia segue a produção excessiva e a liberação de cortisol por neoplasia adrenal
(BUSH, 2004); Infecção e inflamação aguda: A opinião atual sobre estes casos é que há
a probabilidade de um outro mecanismo responsável pela eosinopenia – um mecanismo
que seja independente da liberação de adrenalina e glicocorticóides por estresse (BUSH,
2004).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise e o diagnóstico de um hemograma na clínica veterinária, interfere
diretamente na conduta a ser tomada com o paciente, sendo dessa forma de extrema
importância, uma forma certeira da avaliação dos parâmetros trazidos no exame. Tendo
inclusive como as principais vantagens, a possibilidade de um diagnóstico precoce, uma
vez que a realização de check-ups na vida de um animal permite ao médico veterinário e
ao tutor a descoberta de uma doença antes de que a mesma se agrave. Bem como o
acompanhamento do paciente em casos de tratamentos em andamento, com a devida
avaliação da eficácia do que está sendo feito, verificando a evolução do paciente e em
casos necessários para que saiba os ajustes a serem feitos. Desta forma, o hemograma
pode auxiliar na obtenção de um diagnóstico preciso de alguma eventual doença em
curso, direcionando o profissional ao tratamento adequado. Evidenciando sempre que
não se deve levar em consideração somente um dado do hemograma, e sim o conjunto
da análise a fim de diagnosticar a verdadeira causa do problema do animal em questão.
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