Buscar

TRABALHO SUJEITOS DO PROCESSO PENAL

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU
DIREITO
Brenda Audrey Pereira Caires
Caio Penha Ribeiro
Natacha Araujo da Silva
Nathália de Palma Teodoro
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS 01/2020
Sujeitos do Processo Penal 
Direito Processual Penal – Processo de Conhecimento e Extinção da Pena
SÃO PAULO – SP
01/2020
Brenda Audrey Pereira Caires | R.A: 8963404
Caio Penha Ribeiro | R.A: 8686048
Natacha Araujo da Silva | R.A: 1831717
Nathália de Palma Teodoro | R.A: 1784809 
TURMA: 003106A02
SUJEITOS DO PROCESSO PENAL
Direito Processual Penal – Processo de Conhecimento e Extinção da Pena
Profº. Hermann Herschander
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ACUSATÓRIO 
O Sistema Acusatório é uma vertente processual penal, cuja fundamentação básica para a existência do mesmo na perspectiva atual do que é chamado de sistema acusatório reside na verificação e proteção de garantias ao acusado durante a tramitação do processo. 
Pode-se dizer que, juntamente com a vertente do garantismo penal, o sistema acusatório vislumbra a limitação do poder Estatal perante o acusado, conectando sua existência à recepção das garantias dos indivíduos e a delimitação de poderes e da discricionariedade do Estado, representado aqui pelo Poder Judiciário, pela Constituição Federal de 1988. 
É através da figura do magistrado que, em meio ao desenvolvimento do processo, é demonstrada a forma acusatória do sistema, tendo a possibilidade de determinar a aplicação das garantias asseguradas pelo garantismo penal.
O Sistema Acusatório tem suas origens na concepção jurídica grega, na qual havia a participação do povo tanto no exercício das funções de acusador como de julgador. Neste tempo o sistema baseava-se na ação popular (ou seja, qualquer pessoa podia acusar) para delitos considerados mais graves e acusação privada para os delitos menos graves. 
Com a adaptação deste sistema, surgiu no período da Alta República, a divisão cognitio e accusatio.
Alguns pontos desse sistema são tratados pelo autor Aury Lopes Jr.: 
a) a atuação dos juízes era passiva, no sentido de que ele se mantinha afastado da iniciativa e gestão da prova, atividades a cargo das partes; b) as atividades de acusar e julgar estão encarregadas a pessoas distintas; c) adoção do princípio ne procedat iudex ex officio , não se admitindo a denúncia anônima nem processo sem acusador legítimo e idôneo. d) estava apenado o delito de denunciação caluniosa, como forma de punir acusações falsas e não se podia proceder contra réu ausente (até porque as penas são [eram] corporais); e) acusação era por escrito e indicava as provas; f) havia contraditório e direito de defesa; g) o procedimento era oral; h) os julgamentos eram públicos, com os magistrados votando ao final sem deliberar. 
A partir desta concepção jurídica do princípio acusatório construiu-se novas bases processuais para formar, então, no interior na Inglaterra a partir do Século XII, o Sistema Acusatório propriamente dito, através do chamado Common Law. O Common Law se sustentou ao longo dos tempos mais efetivamente na justiça dos Estados Unidos e da própria Inglaterra.
A construção do Sistema Acusatório está fundamentada principalmente na separação total dos poderes presentes no processo judiciário, evidenciado pelo poder de acusar, de defender e de julgar. O traço mais marcante dessa forma processual consiste assim em identificar que a acusação não parte em nenhum momento da pessoa do julgador, devendo este ser apenas um espectador do litígio e garantir que a sua decisão será baseada e devidamente fundamentada no que foi exposto pelas partes ao longo do trâmite processual.
Portanto, entende-se que para se faça concreta a eficácia e a própria existência do Sistema Acusatório, deve haver o que é chamado de Juiz de garantias, ou Juiz garante, o qual configura um juiz inerte, espectador e interessado na aplicação das garantias processuais como meio para alcançar o fim chamado sentença – devidamente fundamentada através do livre convencimento. 
1. JUIZ 
O Juiz do Processo Acusatório e do Garantismo Penal é chamado de Juiz de Garantias ou Juiz Garante. Sua função é a busca das garantias processuais como base do desenvolvimento do processo em si, decorrente da necessidade da aplicação destas garantias para que se seja o litígio considerado justo para todas as partes que o formam. 
O juiz de garantias funciona como uma força protetora aos direitos inerentes ao indivíduo. Simplesmente sua presença representa a aplicação da justiça como meio efetivo das garantias, finalidade do Estado Democrático de Direito.
O surgimento da figura do juiz tem relação direta com o nascimento das civilizações, e com a ideia de que um terceiro, tido como neutro, seria essencial para a resolução de conflitos. Na Roma Antiga por exemplo, os senadores se dedicavam ao julgamento de questões, exercendo a função de magistrados. 
Ao longo da história do Brasil, o Poder Judiciário sofreu diversas mudanças de organização e funcionamento, devido aos acontecimentos sociais. A partir do século XVII, o Brasil começou a contar com tribunais, o Tribunal de relação da Bahia, instituído em 1609, foi o primeiro. Embora a organização judiciária tivesse adquirido certa estabilidade ao longo do reinado de D. Pedro II, ainda estava longe de alcançar independência e autonomia. Ela estava fortemente atrelada a uma subordinação constitucional e institucional ao poder imperial.
O Período Republicano, que vai de 1889 a 1985, ficou marcado principalmente por duas importantes medidas: a criação da Justiça Federal e a do Supremo Tribunal Federal em 1890.
O Período que vai de 1985 até hoje e tem como marco principal a Constituição de 1988 e seu processo de elaboração. Assembleia Nacional Constituinte foi um importante marco na ruptura com os resquícios ditatoriais que até então dificultavam o exercício das liberdades individuais e a atuação harmônica entre os três poderes.
O juiz, ou, mais precisamente, o órgão julgador, já que nos tribunais o julgamento poderá ser conduzido por um colegiado – é o sujeito processual imparcial, que terá como função precípua a condução do processo e o julgamento do pedido de tutela jurisdicional que lhe é dirigido pelo autor da demanda, Integra a relação processual em posição de destaque, acima do interesse das partes, como intermediário da relação entre elas. O juiz exerce o poder jurisdicional e a presidência dos autos, tem poderes necessários para zelar pelo processo e solucionar a lide. É apaziguador de conflitos.
No dizer de Nucci:
“Desempenha o magistrado a função de aplicar o direito ao caso concreto, provido que é do poder jurisdicional, razão pela qual, na relação processual, é sujeito, mas não parte.”
No exercício da jurisdição, o juiz precisa ser imparcial. Se o juiz se aproximar de uma das pretensões, ele poderá, inclusive, tornar-se suspeito. É obrigação da figura jurisdicional portanto: 
“(...) o poder-dever de aplicar o direito objetivo ao caso concreto, de maneira imparcial, substituindo-se à vontade das partes, pondo fim ao conflito entre a pretensão punitiva do Estado e o interesse do acusado na preservação de sua liberdade individual.” 
A lide processual desenvolve-se ao redor do jus puniendi versus o jus libertatis.
Sobre esse assunto, ordena o CPP:
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. 
Na relação processual fica evidenciada a impossibilidade de qualquer iniciativa probatória do juiz, ou de qualquer cessão de provas construídas pela defesa que acarretem no seu próprio prejuízo. Delimita-se e garante-se, assim, a separação da acusação do agente julgador.
1.2. Funções e atribuições
A principal função do magistrado é a de decidir com imparcialidade o conflito que lhe apresenta, aplicando a lei ao caso concreto. Uma adequadamente provocado, não pode eximir-se de julgar a causa apresentada, o que configura denegação de justiça, em violaçãode garantia constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional (Princípio da inafastabilidade da Jurisdição (CF/88, art. 5º, XXXV) que impõe ao juiz a obrigação de, uma vez provocado, entregar a prestação jurisdicional). 
Esta função, de certo modo, afasta a possibilidade do mesmo não decidir a causa e por outro, exige a observação do Princípio do Impulso Oficial determinado pelo artigo 251 do CPP, que estabelece os dois gêneros de poderes a serem exercidos pelo juiz no processo:
· De ordem jurisdicional – prover à regularidade da marcha processual,
seja quando determina o que deve ser feito, seja quando retifica condutas processuais levadas a termo por seus auxiliares, pelas partes ou por terceiros que intervêm no processo.
· De natureza administrativa – caracteriza-se pela manutenção da ordem
no curso dos atos processuais, podendo, para tanto, requisitar a força pública. 
A atividade administrativa, permite por deriva que o juiz possa praticar atos de polícia com o objetivo de assegurar a ordem no decorrer do processo, podendo requisitar o concurso da polícia, encarregada de manter a ordem pública. Ainda, lhe é permitido ordenar de ofício as provas que lhe parecerem úteis ao esclarecimento da verdade; (art. 156, 212, 404 CPP).
Assim sendo, duas categorias podem ser apresentadas a respeito de suas funções, a depender da corrente predominante doutrinária:
· poder jurisdicional – a imparcialidade do juiz em decidir as lides aplicando sempre a lei ao caso concreto sempre deve ser a sua principal função.
· poder de polícia – são poderes administrativos, instrumentos onde o juiz faz valer a regularidade e ordem do processo. Exemplo: quando o juiz manda buscar por força policial a testemunha intimada que se recusa a comparecer em juízo. 
No que consiste a respeito de sua atuação, sua validade depende de sua capacidade, que subdivide-se em:
· Capacidade funcional ou subjetiva especial ( INVESTIDURA) – é o procedimento que atribui ao juiz a qualidade de ocupante do cargo, apto ao exercício do poder jurisdicional, após preencher todos os requisitos legais para o ingresso na carreira da magistratura (bacharelado, aprovação em concurso público, posse, nomeação, etc). Além da prestação de concurso, no ordenamento jurídico brasileiro, é possível haver o quinto constitucional, que é a forma pela qual os membros do Ministério Público e da Advocacia compõem o quadro dos tribunais. 
· Capacidade subjetiva (IMPARCIALIDADE) – A imparcialidade, em primeiro lugar, decorre do sistema legal do processo, que adotou o chamado sistema acusatório, no qual são distintos o órgão acusador e o órgão julgador. o juiz está no processo, acima e equidistante das partes – super et inter pars.
· Capacidade objetiva (CAPACIDADE) - o juiz deve ser competente para
julgar os autos, consoante regras processuais de competência.
No que se refere à produção de provas, ao magistrado cabe o papel de destinatário. Conforme art. 370 do CPC de 2015, parágrafo único, é autorizado ao juiz indeferir diligências desnecessárias ou meramente protelatórias, desde que não implique em cerceamento de defesa da parte. Ainda, o caput do mesmo artigo, traz a possibilidade do juiz determinar provas de ofício quando verificar necessárias ao andamento do processo, observado seu caráter meramente complementar. 
Na mesma proporção que às partes lhes é assegurado a produção de provas em seu favor, também é exigido que as tragam acompanhadas de uma justificativa e propósito para que façam parte do processo. 
1.3. Vedações na atuação judicial 
O Código de Processo Penal e a Constituição Federal de 1988, prevê três grupos de situações que afastam o juiz do processo:
· voluntariamente, ou mediante apresentação de exceção
· os impedimentos, as incompatibilidades e as hipóteses de suspeição (art. 252 e 253 CPP).
Impedimentos são situações que proíbem o juiz de exercer a jurisdição em determinado processo, gerando portanto incapacidade objetiva do juiz. Os vínculos que geram impedimentos são objetivos e afastam o juiz, independentemente de seu ânimo subjetivo. Segue a redação do artigo em questão: 
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; 
Já as causas de suspeição, dispostas no art. 254, estão ligadas ao animus subjetivo do juiz quanto às partes, e geralmente são encontradas externamente ao processo. No caso de Juiz suspeito, a Doutrina entende que se trata de nulidade, sendo possível ser arguida pelas partes através de exceção (Art. 96, CPP) e pelo próprio magistrado. As hipóteses de suspeição estão elencadas no art. 254, do CPP, in verbis: 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
Essas limitações ao exercício do magistrado visam a assegurar a imparcialidade e a imaculabilidade do livre convencimento do juiz, o qual deverá proferir sentença pautada na fundamentação fática e jurídica, nos termos do art. 93, inciso IX da Constituição Federal. 
A imparcialidade do Poder Judiciário bem como a segurança contra as arbitrariedades estatais encontram como principal respaldo a própria Constituição Federal, em seu art. 5º, incisos XXXVII e LIII, onde se estabelece o princípio do juiz natural (HC 86889/SP), e consequentemente a vedação aos juízos ou tribunais de exceção.
As vedações compreendem:
· O exercício de outro cargo/função (exceto de magistério); 
· O recebimento de custas/participação em outro processo; 
· A dedicação em atividades político-partidária; 
· Além do recebimento de contribuições/auxílios (seja de pessoa física, entidades públicas/privadas), excetuando os casos previstos em lei; 
· E, ainda, o exercício da advocacia no juízo do qual se afastou, antes do decurso de três anos (chamado período de quarentena) deste afastamento, seja por aposentadoria ou exoneração. 
Desta forma, garante-se a todos o direito de ser processado, e julgado, apenas por juízes competentes, pré-constituídos, imparciais, possibilitando um julgamento conforme a sua livre convicção legal, a fim de assegurar o devido processo legal em seus aspectos material e processual. É de se ressaltar ainda, que a inovação aduzida pela Lei nº 11.719/2008, introduziu no Código de Processo Penal o princípio da identidade física do juiz. Tal disposição assegura ao juiz que presidir a instrução o dever de proferir a sentença, ou seja, o juiz que colher a prova deverá julgar a lide permitindo melhor avaliação dos fatos. 
1.4. Garantias Constitucionais 
Previstas na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 95, são conferidas as seguintes prerrogativas ao juiz: 
· Vitaliciedade: O juiz não perderá o cargo, salvo por sentença judicial transitada em julgado. A vitaliciedade é adquirida após 2 anos de exercício;
· Inamovibilidade: Prerrogativa de não ser transferido de seu cargo, senão por sua vontade (promoção ou remoção voluntária, ou em virtude do interesse público, por decisão de maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, assegurada a ampla defesa (art. 95, II e art. 93, VII, CF/88);
· Irredutibilidade de Vencimentos: Assegura que não haverá perseguição de ordem financeira por parte de superiores e governantes (art. 95, III, CF/88);· Imparcialidade: é importante a distinção de juiz imparcial de juiz neutro. A neutralidade é atribuída ao juiz como uma forma de eliminar possíveis contaminações de caráter valorativo, tais como ideologias próprias. Já imparcialidade é atribuída para descaracterizar a intervenção efetiva de poderes externos e influências pessoais.
O juiz, como aplicador do direito para dar fim aos conflitos sociais e preservar o bem comum, profere, para isso, uma decisão imparcial e coerente, que se vale dos chamados “métodos de interpretação”. Estes, servem de auxílio para que escolha a norma mais adequada e justa a fim de pôr fim a problemática apresentada a ele pela própria sociedade. Quanto melhor puder conhecer a essência da norma e o seu respectivo alcance, mais chances haverá de proferir uma decisão que respeite os limites da justiça e da razoabilidade. Também é apreciada pelo juiz toda lesão ou ameaça de lesão ao direito que a ele for dirigida, conforme o art. 5º, inc. XXXV, da Carta Magna de 1988.
1.5. Princípios norteadores 
A atuação do juiz é regida por uma série de regras e princípios constitucionais que encontram-se elencadas a partir do art. 139 do Código de Processo Civil de 2015. A igualdade de tratamento entre as partes, a duração razoável do processo, a prevenção de atos contrários à dignidade da justiça, o indeferimento de postulações meramente protelatórias, a determinação de medidas necessárias ao cumprimento da ordem judicial, a promoção da autocomposição, o exercício do poder de polícia, a dilação de prazos processuais e alteração da ordem de produção de meios de prova, de acordo com as necessidades do conflito a fim de conferir maior efetividade à tutela do direito, dentre outras, são atribuições do juiz que asseguram às partes a valorização de sua lide e garantem ao processo eficácia e legitimidade. 
Ao estar atento a estes preceitos legais, o magistrado tem a possibilidade de promover a manutenção do bem comum e satisfação da lide de forma digna. 
A Lei Complementar nº 35 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional) em seu artigo 35 define os deveres do magistrado, que são:
· Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;
· Não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar; 
· Determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais; 
· Tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência.
· Residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado; 
· Comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término; 
· Exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes; 
· Manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
Nota-se que, o juiz que atua num Estado Democrático de Direito, ao fazer o uso ponderado dos mecanismos interpretativos objetiva conceder o provimento jurisdicional mais justo possível, pois o que a sociedade atual realmente precisa é de magistrados que se preocupem não apenas com a aparente solução do caso concreto, mas, sim, com a efetivação da justiça substancial.
 
2. VÍTIMA E ACUSADO (RÉU)
Considerados sujeitos processuais principais da ação, junto ao juiz, fazem parte da relação jurídico-processual a qual fazem parte da ideia da ação. Sem estas partes, não há no que se falar em processo. Pode-se dizer que a vítima e o réu são as partes que atuam com parcialidade no processo, defendendo a aplicação do direito de forma que seja benéfica a sua satisfação. 
2.1. VÍTIMA - polo ativo
A vítima é aquela à qual sofreu de forma direta os danos, sejam eles físicos, morais, psicológicos ou materiais decorrentes da ação delituosa do acusado. Considera-se vítima: 
“(...) toda pessoa física ou jurídica e ente coletivo prejudicado por um ato ou omissão que constitua infração penal, levando-se em conta as referências feitas no conceito de crime pela criminologia”. Ana Sofia Schmidt Oliveira - A vítima e o direito penal, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 87 . 
Também, é possível a distinção da terminologia conforme o crime praticado: vítima seria para os crimes contra a pessoa; ofendido, para os crimes contra a honra e contra os costumes; lesado, nos crimes patrimoniais; vítima e prejudicado, nos crimes de homicídio, sendo vítima o morto e prejudicado aquele que dependia financeiramente do morto. 
Para que a parte possua capacidade processual e possa atuar em juízo, o art. 33 e 34 do Código de Processo Penal traz a exigência de requisitos como a maioridade (18 anos) e não haver qualquer tipo de retardamento ou enfermidade mental. Não havendo a presença destas condições, a parte passa a ser representada por um responsável legal ou curador. 
 É possível a distinção do tipo de ação penal, conforme sua titularidade. São possíveis classificá-las como:
a) Públicas, quando promovidas pelo Ministério Público, subdivididas em: 
a.1) incondicionadas, quando propostas sem necessidade de representação ou requisição; 
a.2) condicionadas, quando dependentes da representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça;
b) Privadas, quando propostas com a necessidade de representação pela vítima (queixa-crime). 
Junto ao Ministério Público, poderá a vítima ainda, intervir no processo corroborando a função acusatória ocupando o cargo de assistente da acusação, estabelecendo um “litisconsórcio criminal”. Portanto, o assistente de acusação é a vítima que intervém na ação penal pública, seja esta incondicionada ou condicionada à representação, no intuito de buscar a reparação do interesse jurídico violado, além de auxiliar a forma mais adequada de aplicação da lei penal ao acusado. É o próprio ofendido, ou seu representante legal, ou, as pessoas elencadas no art. 31, do CPP, que auxiliarão o órgão na função acusatória. 
2.2. ACUSADO - polo passivo 
Conforme Nucci (p. 522, 2016): 
“É o sujeito passivo da relação processual. Enquanto transcorre a investigação, deve-se denominá-lo de indiciado, se, formalmente, apontado como suspeito pelo Estado. No momento do oferecimento da denúncia, o correto é chamá-lo de denunciado ou imputado. Após o recebimento da denúncia, torna-se acusado ou réu. Tratando-se de queixa, denomina-se querelado.” 
Assim como o autor da ação, e portanto lesado ou vítima, o acusado deve possuir legitimidade e capacidade para configurar polo passivo da relação processual. É necessário o entendimento de que a condição do acusado no processo é personalíssima, ou seja, somente a ele estenderá seus efeitos. A individualização portanto, é elemento essencial da qualificação do acusado. 
Algumas das hipóteses que retiram a legitimidade da parte a configurar polo passivo na relação jurídico processual: 
 “a) Os entes que não possuem capacidade para serem sujeitos de direitos e obrigações, (...), pessoas já falecidas. b) Menores de 18 anos de idade, por faltar-lhes o requisito da legitimidade passiva ad causam. (...) c) Pessoas que gozem de imunidade diplomática, o que abrange os chefes de Estado e os representantes de governos estrangeiros, que estão excluídos da jurisdição criminal dos países em que exercerem suas funções. (...) d) Pessoas que estiverem ao abrigo de imunidade parlamentar material, como a estabelecida constitucionalmente aos deputados e senadores, que são invioláveis, civil e penalmente, em quaisquer manifestações proferidas no exercício ou desempenho de suas funções.” 
Pessoas jurídicas podem ocupar o polo passivo em se tratando de crimes de ordem financeira, economia popular e crimes ambientais (art. 173, § 5º e art. 225, § 3º da CF). Já aos portadores de doença mental, não existem impedimentos observadasua condição na data do fato, sendo possível a instauração de incidente de insanidade mental conforme art. 151 do CPP e ainda, medida de segurança conforme artigos 97 e 98, do Código Penal (CP), se necessário. 
Acusado portanto é a pessoa natural, maior de 18 anos, quem se imputa a prática de uma infração penal. É a pessoa contra quem é proposta a ação penal, sendo a parte passiva da relação processual. Poderá ser acusado, também, pessoa jurídica nos termos do art. 3º da Lei no 9.605/98, que instituiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica na prática dos crimes ambientais, de acordo com o art. 255 da CF/88. Menores de 18 anos não possuem legitimidade passiva, visto que são considerados inimputáveis. Já os inimputáveis portadores de doenças mentais, desenvolvimento mental incompleto ou retardado possuem legitimidade passiva, pois a eles pode ser aplicada medida de segurança. 
Observação: O acusado menor de 21 anos, antes da entrada em vigor do Código Civil de 2002, necessitava de curador - vide art. 262, CPP. Na legislação atual, o maior de 18 anos não necessita mais da figura do curador decorrente da redução da maioridade civil - art. 2043, Código Civil. 
2.3. Garantias do acusado 
Aquele que confere o polo passivo sente-se em situação de desvantagem na relação processual posto que o seu direito de liberdade está em risco. Durante a relação processual à ele são observadas garantias de ordem constitucional descritas no art. 5º, incisos XLIX, LV, LVI, LVII, LVIII, LXI, LXII, LXIII e LXXVIII da CF, e no próprio Código de Processo Penal: 
– Respeito à integridade física e moral (art. 5º., XLIX, CF); 
– Ser processado e sentenciado pela autoridade competente (art. 5º., LIII, CF); 
– Devido processo legal (art. 5º., LIV, CF); 
– Contraditório e ampla defesa (art. 5º., LV, CF); 
– Presunção de inocência até o trânsito em julgado da condenação (art. 5º., LVII, CF);
 – Não ser submetido à identificação criminal, excetuando as hipóteses legais (art. 5º., LVIII, CF e Lei 10.054/2000); 
– Processo e julgamento público, salvo se necessário o sigilo a fim de preservar a intimidade ou envolver interesses sociais (arts. 5º., LX, e 93, IX, CF); 
– Não ser preso, exceto se em flagrante delito ou por ordem escrita emanada da autoridade judiciária competente, salvo demais casos estabelecidos pela lei (art. 5º., LXI, CF e art. 282,CPP);
– Informação de seus direitos quando for preso (de permanecer calado, assistência à família e advogado) (art. 5º., LXIII, CF e art. 306, § 2º., CPP); 
– Não ser preso ou ser mantido na prisão se a lei possibilitar a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5º., LXVI, CF); 
– Ciência quanto à identidade dos responsáveis pela sua prisão ou interrogatório policial, quando for preso (art. 5º., LXIV, CF e arts. 288 e 291, CPP); 
– Inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos em seu desfavor (art. 5º., LVI, CF);
 – Assistência jurídica integral e gratuita, se não dispuser de recursos financeiros à constituição de advogado (art. 5º., LXXIV, CF e Lei 1.060/1950); 
– Indenização por erro judiciário ou pelo tempo que permanecer preso indevidamente (art. 5º., LXXV, CF);
 – Razoável duração do processo e meios céleres à sua tramitação (art. 5º., LXXVIII, CF); 
– Entrevista prévia e reservada com advogado, seja este constituído ou nomeado, antes do interrogatório em juízo (art. 185, § 2º., CPP); 
– Que o seu silêncio não seja interpretado como confissão ficta ou ser utilizado pelo juiz em seu desfavor (art. 186, parágrafo único, CPP);
– Possibilitar tradutor ou intérprete, se vier a desconhecer o idioma nacional ou se não puder se comunicar por deficiência auditiva ou vocal (arts. 192 e 193, CPP); 
– Defesa técnica fundamentada, se for assistido por defensor dativo ou público (art. 261, parágrafo único, CPP). 
Ainda, ao acusado que esteja foragido ou ausente será garantido um defensor nomeado pelo juiz. Na impossibilidade de identificação do acusado, por falta de alguma qualificativa, a ação penal não será prejudicada pois, uma vez descoberta a qualificação ausente, seja em qualquer tempo no curso do processo, julgamento ou execução da sentença, os autos serão retificados sem prejuízo da validade dos atos que antecederam (vide art. 259, CPP).
3. MINISTÉRIO PÚBLICO 
3.1. Origem 
A expressão Parquet, conforme explica Paes (2012, texto digital), possui origem francesa e significa assoalho, sendo normalmente utilizada como sinônimo de Ministério Público, visto que “na Idade Média os procuradores do rei ainda não dispunham das garantias dos magistrados e assim, diante de uma audiência, recebiam determinação expressa para se sentarem no assoalho das salas ao invés de acomodarem-se no estrado”.
O Ministério Público é um órgão público e dotado de autonomia, a qual não está vinculado a nenhum dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Esse órgão não pode ser extinto, e através da autonomia administrativa, orçamentária e funcional, acaba se tornando responsável por seus gerenciar seus recursos pessoais e financeiros.
Sua independência é primordial para poder exercer assim, a função fiscalizadora. A imparcialidade do Ministério Público divide a doutrina, pois alguns doutrinadores acreditam que ele é parcial. Isso ocorre, porque alguns doutrinadores coloca o parquet como órgão de acusação, mas na verdade o órgão legítimo para acusação nas ações penais públicas é o Ministério Público. 
O Ministério Público busca o equilíbrio social, sendo assim, um órgão imparcial. Já o parquet não representa a si próprio e sim a sociedade.
3.2. Estrutura do Ministério Público
O art. 128 da Constituição Federal estruturou o Ministério Público igual ao desenho federativo de Estado:
 Art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
Prevendo assim, um Ministério Público da União, incluindo o Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar, e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Além disso, em cada estado há um Ministério Público Estadual.
O Ministério Público estadual tem suas divisões administrativas internas, às Promotorias de Justiça e as Procuradorias de Justiça.
3.3. Funções do Ministério Público
O Ministério Público foi criado para a defesa da ordem jurídica, regime democrático e aos interesses sociais e individuais indisponíveis.
As funções do Ministério Público, estão previstas no art. 129 da Constituição, em um rol exemplificativo. Dentre elas, se destacam a “promover privativamente a ação penal pública, na forma da lei” e “exercer o controle externo da atividade policial” (art. 129, I e VII).
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
Nesse dispositivo legal, também é previsto a atribuição de “expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los” e de “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial” (art. 129, VI e VIII):
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
Por fim, dispõe o inciso IX, do mesmo artigo da CF que cumpre ao Ministério Público: 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
3.4. Atuação e ônus processuais
	A atuação do Ministério Público podese iniciar antes da ação penal, podendo ser no inquérito policial e nas diligências investigatórias.
No momento em que atua como parte, se vincula aos princípios obrigatoriedade ou da legalidade e da indisponibilidade, exercendo a ação penal, quando vislumbrar provas de autoria e fato criminoso.
Sendo a parte, arcará com o ônus processual, zelando pelo exercício de direito de ação, após o oferecimento da denúncia, pela produção de provas para o convencimento do magistrado, acompanhando os atos processuais, e se necessário interpor recurso ou ação de impugnação, até mesmo em favor do réu.
Em relação a função na ação penal privada subsidiária da pública e da imprescindibilidade na atuação do Ministério Público, expõe-se, tal hipótese que é mediante adesivo obrigatório.
As principais áreas de atuação do Ministério Público são: Cidadania, Cível, Consumidor, Criminal, Direitos Humanos, Educação, Eleitoral, Idoso e Pessoa com Deficiência, Infância e Juventude, Urbanismo, Meio Ambiente e Saúde.
3.5. Impedimentos e suspeição do Ministério Público
Os impedimentos e suspeição previsto para os juízes, também se abrangem para os membros Ministério Público, encontrada no art. 258 do CPP, a qual estabelece que "não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive". 
Deste modo, o juiz se está impedido no caso em que seu cônjuge ou parente atuou, como membro do Ministério Público, o promotor também estará impedido.
3.6. Promotor natural
Assim como a constituição prevê no art.5°, LII, da CF, sobre o princípio do juiz natural, estabelece também o direito, do acusado, de ser julgado por um órgão imparcial.
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
 
3.7. Princípios e garantias institucionais do Ministério Público
A carta política estabeleceu princípios institucionais ao Ministério Público, a quais estão previstos no art. 127, §1°, sendo eles:
a) Princípio da Unidade – quando os seus membros atuam, fazem em nome do órgão, e não em nome próprio;
b) Princípio da Indivisibilidade – os membros do Ministério Público, são substituíveis uns pelos outros, sem qualquer prejuízo no processo;
c) Princípio da Independência funcional – a qual ele só deve obediência a Constituição.
Além disso, também estabeleceu garantias e vedações institucionais, descritas no art.127 §2° e 128 §5° da CF/88.
3.8. Vedações ao Ministério Público
As proibições destinadas aos membros do Ministério Público são as mesmas dos magistrados, previsto no art. 128, §5, II da CF/88.
Art. 128. O Ministério Público abrange:
(...)
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:
(...)
II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei.
e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
4. DEFENSOR DATIVO E PÚBLICO 
Conforme texto dos artigos 261, caput e parágrafo único:
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. 
E art. 134, da Constituição Federal de 1988:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
E, ainda, art. 265 CPP: 
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. 
Elucidam, que ninguém pode ser julgado na inobservância da aplicação efetiva do princípio constitucional do contraditório, exercido através de defesa através de um advogado. Na impossibilidade da parte obter por si mesma, caberá ao Estado garantir assistência jurídica como decorrência da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa, descritos no art. 261 do Código de Processo Penal. 
4.1 Atuação e estrutura
A Defensoria Pública atua prestando orientação jurídica, defendendo os mais necessitados, em todos os graus de jurisdição. Porém, a Defensoria Pública nem sempre dispõe de serviços competentes para atender a procura por assistência jurídica gratuita, quando isso ocorre é feita a nomeação do Defensor Dativo. O defensor (também denominado procurador) é o profissional habilitado (advogado, defensor público ou procurador do estado, onde não houver defensoria pública); com função indispensável à administração da justiça, dotado de conhecimento técnico a serem utilizados no processo penal, para a defesa do acusado. 
Em razão da indisponibilidade do direito de defesa, a sua atuação é sempre obrigatória, ainda que seja feita contra a vontade do réu ou na sua ausência, sob pena de nulidade do processo. Nesse sentido, a Súmula 523 do STF determina: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 
4.2. Espécies de defensoria 
 
a) Defensor constituído – é aquele escolhido pelo próprio acusado (mesmo que seja revel), por meio da outorga de procuração (art. 36 e ss. Do CPP), para que promova a sua defesa técnica em juízo. Poderá ser feita em qualquer momento do processo, inclusive na fase do inquérito policial, ainda que apenas para acompanhar o indiciado ou examinar os elementos de prova colhidos durante as investigações, podendo o acusado constituir oralmente o defensor na ocasião do interrogatório, independentemente de instrumento de mandato (procuração). 
b) Defensor Dativo – é aquele nomeado pelo juiz em virtude de o acusado não possuir ou não indicar um defensor técnico de sua confiança. 
Obs: Nada impede que o acusado a qualquer tempo, nomear outro de sua confiança, ou defender-se sozinho, caso tenha habilitação (art. 263, CPP).
c) Defensor ad hoc – é o nomeado pelo juiz para atos processuais determinados na hipótese de o defensor, constituído ou dativo, apesar de regularmente intimado, e ainda que motivadamente, não comparecer (nova redação dada pela Lei 11.719/08, o artigo 265 e parágrafos, foram inseridos os §§ 1º e 2º, disciplinando que passa o processo penal a admitir expressamente a redesignação de audiência por impossibilidade de o defensor comparecer ao ato, desde que por motivo justificado e comprovado até o início dela, sob pena de nomeação de defensor ad hoc). 
d) Curador – é o defensor especial, nomeado pelo juiz ao incapaz ou suspeito de incapacidade mental, ou ao índio no regime de sua legislação. A finalidade da nomeação é a especial atenção que merece o acusado nessas circunstâncias, devendo haver defesa por advogado de confiança do juiz, que possa suprira situação de inferioridade em que se encontra o acusado. 
Sobre a questão do pagamento dos honorários não implica a associação do vínculo empregatício com o Estado e muito menos assegura ao advogado dativo nomeado, os direitos agraciados ao servidor público. Caso não haja no Estado a assistência jurídica, que deve ser por ele Estado mantido caberá a Ordem dos Advogados a nomeação por suas seções estaduais ou subseções.
A lei ainda estabelece que os municípios que não possuir subseções da OAB, o próprio juiz ficará responsável por designar um advogado que patrocinará a causa do acusado.
Como doutrinador sigo a linha de raciocínio de Guilherme Nucci palavras do próprio doutrinador:
“Não se encaixa propriamente como um sujeito processual. Revela-se, em verdade, como representante do réu atuando em seu nome e no seu interesse. Exerce a defesa técnica do acusado e constitui múnus público, devendo ser necessariamente advogado e podendo ser levada a efeito mesmo contra a vontade do acusado ou na sua ausência. A todos os litigados é assegurada a faculdade de constituir defensor de sua confiança. Mas, caso o réu não possua condições ou não queira contratar advogado, será nomeado um pelo juiz (defensor dativo). Pode ainda o réu em seu interrogatório indicar ao juiz quem é o seu defensor (constituição apud acta, Cf., art. 266, CPP).”
Concluindo o entendimento do próprio Nucci:
 “Não pode haver ausência de defesa, pois isso fere o direito de liberdade.”
5. ASSISTÊNCIA À ACUSAÇÃO 
Conforme o entendimento de Fernando Tourinho Filho apud Petek (2010): 
“Entendemos que a razão de se permitir a ingerência do ofendido em todos os termos da ação penal pública, ao lado do Ministério Público, repousa na influência decisiva que a sentença da sede penal exerce na sede civil. (...) Conclui-se, pois, que a função do assistente não é a de auxiliar a Acusação, mas a de procurar defender seu interesse na indenização do dano ex delicto.”
Portanto, a vítima, ao intervir no processo crime, na forma de assistente de acusação atua na manutenção da tranquilidade social, representando o cidadão de direitos que possui a faculdade de participar e intervir nos processos decorrentes de atos ilícitos que lhe causarem ofensa e agressão aos seus bens jurídicos. A vítima contribuirá à aplicação correta da lei penal, além de proporcionar a reparação dos danos causados pelo acusado, visando, restabelecer a paz social. 
É a função ocupada pelo ofendido, com o Ministério Público atuando como seu defensor no polo ativo, exercendo um interesse de agir, para buscar pretensões contraposta à do acusado. É uma forma de buscar a reparação do dano.
 “Pensamos, porém, que o assistente também intervém no processo com a finalidade de cooperar com a justiça, figurando como assistente do MP ad coadjuvandum’’. ADA PELLEGRINI GRINOVER, ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO e ANTONIO SCARANCE FERNANDES: 
Se o direito de punir é unicamente do ESTADO e legitimado, na ação penal pública o Ministério Público como representante, entretanto, há um litisconsórcio ativo entre o polo ativo a vítima do crime. Ação penal privada ou subsidiária da pública o MP pode ingressar obrigatoriamente para confiscar e atua como parte, caso não seja assistente do querelante. Na ação penal privada exclusiva não há hipótese de cabimento para intervenção, portanto, o polo ativo tem a posição de dominus litis. Em relação do representante legal, ingressa caso a vítima seja incapaz.
Destarte, o artigo 31 do CPP aponta que: 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
5.1 Função e atribuições 
A Função do assistente é auxiliar a acusação para que com isso obtenha, por meio da condenação, um título executivo que servirá de base para a propositura de uma futura ação civil ex delicto. Além disso, conforme a doutrina moderna, o acusado atuará, também, na aplicação da lei penal. Guilherme Nucci apresenta que a assistência à acusação é a posição ocupada pelo ofendido ao ingressar no feito, de forma a atuar no polo ativo, juntamente do Ministério Público. A vítima, destarte, mostra-se como sujeito e parte secundária na relação processual, não sendo obrigatória a sua intervenção. 
Portanto, é a própria vítima, seus representantes ou as pessoas elencadas no art. 31, do CPP, que intervém na ação penal pública, corroborando o agente ministerial na acusação. Por outro lado, cita-se o art. 270, do mesmo diploma legal, que proíbe o corréu de intervir como assistente de acusação no mesmo processo. 
5.2. Habilitação 
Para a prática de atos processuais, o assistente, devidamente representado por advogado, deverá requerer ao Juiz que o declare habilitado a intervir na acusação. Sendo o respectivo requerimento presente aos autos, o magistrado deverá, primeiramente, ouvir o agente ministerial, conforme art. 272, do CPP. Os aspectos que serão apreciados para a habilitação consistem em: 
1º. Tratar-se o requerente de um dos legitimados previstos no art. 268 do CPP, documentando-se o vínculo de parentesco ou a representação legal no caso de ser a vítima incapaz, declarada ausente ou morta;
2º. Encontrar-se o requerente assistido por advogado munido de instrumento procuratório, salvo se ele próprio possuir essa capacitação profissional; 
3º. Não se tratar de corréu no mesmo processo (art. 270 do CPP). 
Estando presentes todas estas condições, o Juiz deverá deferir a habilitação, sob pena de violar direito líquido e certo dos legitimados em participar da lide penal. A decisão que admitir ou não o assistente é irrecorrível, podendo ser impetrado mandado de segurança para eventual impugnação. 
5.3. Faculdades 
As faculdades do assistente de acusação vêm previstas no art. 271, do CPP, que assim traduz de forma taxativa: 
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598.
§1º. O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.
§2º. O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
Guilherme Nucci (2014, p. 509) entende que o assistente de acusação possui o direito de reperguntar e propor perguntas às testemunhas e pessoas ouvidas.
O poder conferido é para propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, participar de debates orais e alegar os recursos interpostos pelo MP ou por si próprio. Podemos ter intervenção deste órgão federal, estadual e municipal caso as partes citadas queiram acompanhar o feito, contra algum determinado réu. 
O assistente também poderá interpor e arrazoar os seguintes recursos: 
· Apelação contra decisão que impronuncia o réu (art. 584, § 1o, 1a parte, do CPP, aplicável por analogia, tendo em vista que até a edição da Lei 11.719/2008, a decisão de impronúncia desafiava recurso em sentido estrito – art. 581, IV). 
· Recurso em sentido estrito contra decisão que declara extinta a punibilidade do acusado (art. 584, § 1o, 2a parte, do CPP); 
· Apelação supletiva contra a sentença proferida nas causas de competência do juiz singular ou do Tribunal do júri (ou seja, apelar independentemente da apelação do MP - art. 598 do CPP); 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
§ 1o. - Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598; 
§ 2o. - O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. 
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interpostaapelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. 
Uma vez que a vítima pode atuar como papel de assistente de acusação, observadas as limitações em seus poderes, demonstra um interesse de agir da acusação, para garantir uma dosimetria da pena mais severa ao acusado e apurando na finalidade do injusto que sofreu. 
6. FUNCIONÁRIOS E AUXILIARES DA JUSTIÇA 
Segundo Nucci (2016, p. 538), são os sujeitos que ocupam cargos públicos criados por lei, com remuneração paga pelo Estado e à serviço do Poder Judiciário. São escreventes, auxiliares judiciários, escrivães, etc. 
6.1. Impedimento, suspeição e crimes previstos no Código Penal
Os casos de impedimento e suspeição são individualizados, uma vez que, no caso da suspeição não há como aplicá-la a sujeitos que não tem poder decisório no processo. No processo, são agentes que seguem ordens estritamente delegadas pelo magistrado que preside o processo, sem possibilidade de agirem por deliberação própria. Estes, passam pela corregedoria do magistrado titular da Vara, razão pela qual qualquer desvio nessa função representará a instauração de processo administrativo. São aplicáveis aos funcionários públicos as mesmas regras de suspeição ao juiz (art. 254, CPP).
Os crimes passíveis de serem cometidos por funcionários públicos enquadram-se como crimes contra a administração pública, e estão descritos no CP, como prevaricação (art. 319), peculato (art. 312), corrupção passiva (art. 317) e concussão (art. 316). 
Tratando-se de seus impedimentos, aqueles que: 
 “(...) estiverem cumprindo pena restritiva de direitos (art. 47, I e II, CP), impeditiva do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de profissão, atividade ou ofício que dependa de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público. O mesmo se dá caso o perito já tenha participado do processo como testemunha ou tenha dado sua opinião sobre o caso em oportunidade anterior (art. 112 c/c art. 252, II e III, e art. 254, IV, CPP). São inviabilizados para atuar como peritos os analfabetos e os menores de 21 anos (art. 279, III, CPP). A disposição, atualmente, é praticamente vazia de conteúdo e aplicabilidade. Os peritos oficiais são concursados e, como regra, preenchem os requisitos legais para o exercício de sua função. Os não oficiais devem, no mínimo, possuir curso superior (art. 159, § 1.º, CPP), condição que analfabetos não preenchem e, raramente, os menores de 21 anos.” (Nucci, p.541, 2016). 
É de relevância o destaque aos funcionários que tratam de matérias específicas no processo, fazendo parte da análise concreta da lide a ser apreciada. Estes denominam-se perito e intérprete. O primeiro refere-se ao funcionário encarregado de auxiliar a justiça deixando de forma mais clara pontos específicos que exijam maior técnica e especialidade, portanto, são aqueles especialistas em determinadas áreas que tornaram mais sólido o conhecimento a ser aplicado pelo Juiz. Pode ele ser oficial ou nomeado pelo magistrado. 
O intérprete pode ser considerado perito pois atua com as mesmas funções, sua especialidade é a tradução de linguagens e idiomas servindo de ponte entre o magistrado e as partes. 
De ambos exige-se total imparcialidade, e ao magistrado, é vedada a atuação como perito ainda que tenha especialização em matéria específica. 
CONCLUSÃO 
Foi possível identificar que, cada sujeito processual possui sua função, direitos, impedimentos, garantias, suspeições, bem como, expor sua relevância na busca pelo maior alcance da aplicação mais justa da lei ao caso concreto. Através do processo criminal, também denominado persecução penal, o Estado demonstra sua soberania, uma vez que busca restaurar a ordem jurídica baseado na aplicação legal através destes sujeitos, observados os princípios que os norteiam. 
Sendo assim, ao conferir o manuseio da legislação penal à juizes, promotores, advogados, funcionários auxiliares e inclusive, a própria vítima (quando atuando como assistência da acusação), espera o Estado que sejam exercidas suas funções da maneira mais eficaz e justa, punindo de forma sensata o acusado pelo ilícito cometido, bem como, se for o caso, absolvê-lo uma vez observada sua inocência. Toda a atuação destes sujeitos implica no alcance efetivo da segurança jurídica que traduz-se pelo restabelecimento da paz social, objetivo almejado pelo Estado Democrático de Direito. 
Observados os mecanismos legais, o respeito aos direitos, garantias e princípios constitucionais, os sujeitos processuais deve atuar de forma a efetivar os ideais de justiça que tanto são idealizados na Constituição Federal. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
· NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
· BRASIL, Decreto-lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 17 abr. 2020. 
· BRASIL, Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 17 abr. 2020. 
· NASCIMENTO, Luiz Sales. Ministério Público: aspectos gerais. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito Administrativo e Constitucional. Vidal Serrano Nunes Jr., Maurício Zockun, Carolina Zancaner Zockun, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/121/edicao-1/ministerio-publico:-aspectos-gerais.; 
· CONAMP. ENTENDA O QUE É O MINISTÉRIO PÚBLICO E COMO FUNCIONA. Jurídico, [s. l.], 31 out. 2017. Disponível em: https://www.conamp.org.br/blog/entenda-o-que-e-o-ministerio-publico-e-como-funciona/. Acesso em: 20 abr. 2020.
· CONAMP. VOCÊ SABE O QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO FAZ? CONHEÇA AS ÁREAS DE ATUAÇÃO!. Jurídico, [s. l.], 31 out. 2017. Disponível em: https://www.conamp.org.br/blog/voce-sabe-o-que-o-ministerio-publico-faz-conheca-as-areas-de-atuacao/. Acesso em: 20 abr. 2020.	BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 26 abr. 2020.
 
· LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2013
· AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal esquematizado. 5. ed. São Paulo: Método, 2013, texto digital.

Continue navegando