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capítulo 1 13
Sistemas processuais penais 
A determinação de qual sistema processual – inquisitivo, acusatório ou 
misto – prevalece depende dos princípios informadores do processo penal em 
sua estrutura.
EXEMPLO
Se o réu, respondendo ao processo penal, é tratado como mero objeto do processo, 
sendo de antemão considerado presumidamente culpado, sem as garantias para sua defesa, 
o sistema processual adotado é o inquisitivo. 
Sistema inquisitivo
No sistema inquisitivo ou inquisitório, os direitos e garantias individuais 
são deixados de lado em prol de um suposto interesse da coletividade, ou seja, de 
acordo com Nestor Távora (2013, p.40) “os direitos de um indivíduo não podem 
se sobrepor ao interesse maior, o coletivo”, que seria a punição do acusado. 
Nosso Código Penal de 1941 seguiu essa linha de pensamento. Na exposição 
de motivos do referido diploma processual, o então Ministro da Justiça, Francisco 
Campos, destaca que “Urge que seja abolida a injusti cável primazia do interesse 
do indivíduo sobre o da tutela social. Não se pode continuar a contemporizar com 
pseudodireitos individuais em prejuízo do bem comum”. 
COMENTÁRIO
Ao longo dos séculos, as estruturas do processo penal variaram de acordo com a ideo-
logia (punitiva ou libertária) adotada. Até meados do século XII prevaleceu o sistema acu-
satório que foi, aos poucos, sendo substituído pelo sistema inquisitivo que predominou até 
o final do Século XVII e início do Século XIX. Por isso, Francisco Campos, trata de abolir as 
garantias individuais dos acusados, para instituir maior eficiência e energia à ação repressiva 
do Estado.
capítulo 1 14
Em sua essência o sistema inquisitivo, concentra nas mãos do juiz as funções 
de acusar, defender e julgar. Para Lopes Jr., com base em Goldschimidt, trata-se 
de um “erro psicológico: crer que uma mesma pessoa possa exercer funções tão 
antagônicas como investigar, acusar, defender e julgar”. (LOPES JR., 2016, p. 42)
Nesse sistema, para a prevalência da ideologia repressivo-punitiva do Estado, 
o processo é sigiloso; o juiz (ator do processo) pode gerir a prova (sistema da prova 
tarifada) e o acusado, pelo simples fato de ser acusado, é presumidamente culpa-
do, sendo tratado como mero objeto do processo, sem direito ao contraditório e 
à ampla defesa.
Sistema acusatório
A Carta de 1988, ao estabelecer em seu art. 129, I que compete privativa-
mente ao Ministério Público promover a ação penal, afastou o princípio in-
quisitivo (juiz ator + ativismo judicial = princípio inquisitivo), adotando uma 
ideologia garantista / libertária. 
No sistema acusatório todos os direitos e garantias fundamentais previstos na 
Constituição devem ser assegurados ao acusado que deixa de ser mero objeto do 
processo e passa a sujeito de direitos, devendo ser considerado presumidamente 
inocente, nos termos do art. 5º, inciso LVII, CF. 
Nesse sistema, do ponto de vista probatório, o magistrado deve manter-se im-
parcial e equidistante, já que que as provas são produzidas pelas partes (acusador 
e acusado) e todas devem ser submetidas ao crivo do contraditório, possibilitando 
a ampla defesa do acusado, já que no sistema acusatório vigora a publicidade dos 
atos processuais. 
REFLEXÃO
Como você viu anteriormente, é necessário que se faça uma interpretação dos dispositi-
vos legais conforme à Constituição. Assim, o referido artigo 156, I, CPP pode ser considera-
do passível de inconstitucionalidade? O Magistrado pode/deve aplicá-lo?
Por uma interpretação literal do artigo 156, I, CPP o magistrado poderia sim determinar 
a produção de provas. Entretanto, numa interpretação conforme a Constituição, adotando-se 
como sistema acusatório, o dispositivo não deve ser aplicado. 
capítulo 1 15
De acordo com Ferrajoli (2002, p. 451/452) , o sistema acusatório tem como 
características a separação rígida entre o juiz e acusação, a paridade entre acusação e 
defesa, e a publicidade e a oralidade do julgamento. Por outro lado, são características 
típicas do sistema inquisitivo a iniciativa do juiz em campo probatório, a disparidade 
de poderes entre acusação e defesa e o caráter escrito e secreto da instrução.
Apesar das reformas processuais para adequar o Código de Processo Penal ao 
sistema acusatório, instituído pela Constituição de 1988, algumas caraterísticas do 
sistema inquisitivo ainda se encontram no corpo do referido diploma processual, 
em especial no que tange à instrução probatória. 
EXEMPLO
O art. 156, inciso I, com redação dada pela Lei 11.690 de 2008 possibilita ao juiz, de 
ofício , a possibilidade de ordenar a produção de provas consideradas urgente e relevantes, 
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida, mesmo antes de ini-
ciada a ação penal.
ATENÇÃO
O que efetivamente distingue o sistema inquisitivo do acusatório, além da separação de 
funções, é a gestão da prova pelas partes e não pelo juiz, pois dessa forma garante-se 
a imparcialidade do juiz, fundamental no sistema acusatório.
Sistema Misto
No sistema misto há uma fase investigatória conduzida por um juiz com pode-
res inquisitivos (não se confunde, desse modo, com o inquérito policial, que possui 
natureza administrativa, e é presidido pelo delegado de polícia), seguida de uma 
fase acusatória, em que são assegurados todos os direitos do acusado como a ampla 
defesa e o contraditório e a independência entre acusação, defesa e juiz. 
Esse sistema, inaugurado, em 1908, com o Código de Processo Penal francês 
(Code d’Instruction Criminelle), por isso, também chamado de Sistema Francês, é 
na atualidade adotado em vários países da Europa e possui como característica 
capítulo 1 16
marcante a existência do Juizado de Instrução, cuja fase preliminar instrutória é 
presidida por um juiz.
Aury Lopes Jr. (2016, p. 45) critica a classi cação tradicional de sistema mis-
to, entendendo ser uma visão “reducionista, na medida em que atualmente todos 
os sistemas são mistos, sendo os modelos puros apenas uma referência histórica”. 
(grifo do autor) 
Para o referido autor, já que todos os sistemas processuais na atualidade são 
mistos, é de suma importância a análise do “núcleo fundante para de nir o predo-
mínio da estrutura inquisitória ou acusatória, ou seja, se o princípio informador é 
o inquisitivo (gestão da prova nas mãos do juiz) ou acusatório (gestão da prova 
nas mãos das partes). (LOPES JR., 2016, p. 45) (grifos do autor) 
Sistema Processual Brasileiro
PERGUNTA
Qual o sistema adotado no Brasil? O que você acha? 
Acusatório? Inquisitório?
A questão é controvertida. Não há um consenso na doutrina pátria. Alguns 
doutrinadores entendem que o Brasil adota o sistema misto, pois é inquisitivo na 
fase do inquérito policial e acusatório na fase processual. 
Outros entendem que nosso sistema processual, com o advento da Constituição 
de 1988, é o acusatório. Dentre estes doutrinadores há quem entenda, como 
Nestor Távora, que se trata de um sistema acusatório não ortodoxo, pois “o magis-
trado não é um espectador estático na persecução, tendo, ainda que excepcional-
mente, iniciativa probatória, e podendo, de outra banda, conceder habeas corpus 
de ofício e decretar prisão preventiva, bem como ordenar e modi car medidas 
cautelares”. (TÁVORA; ALENCAR, 2013, p. 41). 
Exatamente por essa atividade judicial é que Lopes Jr. (2016, p. 47) entende 
que nosso sistema é “essencialmente inquisitório ou “neoinquisitório”.
capítulo 1 17
REFLEXÃO
Geraldo Prado, nos traz a seguinte reflexão: 
se aceitarmos que a norma constitucional que assegura ao Ministério Público a pri-
vatividade do exercício da ação penal pública, na forma da lei, a que garante a todos 
os acusados o devido processo legal, com ampla defesa e contraditório, além de lhes 
deferir, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, a presunção de inocência, 
e a que, aderindo a tudo, assegura o julgamento por juiz competente e imparcial, pois 
que se excluem as jurisdições de exceção, com a plenitudedo que isso significa, são 
elementares do princípio do acusatório, chegaremos à conclusão de que, embora não 
o diga expressamente, a Constituição da República adotou-o.[...]. Porém, se notarmos 
o concreto estatuto jurídico dos sujeitos processuais e a dinâmica que, pelas relações 
jurídicas ordenadas e sucessivas, entrelaçam a todos, de acordo com as posições pre-
dominantes nos tribunais (principalmente, mas não exclusivamente no Supremo Tribu-
nal Federal), não nos restará alternativa salvo admitir, lamentavelmente, que prevalece, 
o Brasil, a teoria da aparência acusatória, porque muitos dos princípios opostos ao 
acusatório são implementados todo dia. (PRADO, 2005, p. 195)
Esquematizando 
CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS PROCESSUAIS
SISTEMA INQUISITIVO SISTEMA ACUSATÓRIO 
A gestão da prova fica nas mãos do juiz 
(juiz ator)
A gestão da prova fica nas mãos das par-
tes – acusador e acusado (juiz espectador)
Aglutinação das funções de acusar e julgar 
nas mãos do juiz
Separação das funções de acusar e julgar 
durante todo o processo
O juiz pode atuar de ofício (violação do 
princípio ne procedat iudex ex officio)
Observância do princípio ne procedat 
iudex ex officio (o juiz deve ser provocado)
Juiz parcial Juiz imparcial
Inexistência de contraditório pleno e ampla 
defesa
Contraditório pleno e ampla defesa
Desigualdade de armas e oportunidades Paridade de armas e oportunidades
capítulo 1 18
CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS PROCESSUAIS
Sistema da prova tarifada (a confissão é a 
“rainha” das provas)
Sistema da persuasão racional (“livre” con-
vencimento motivado) todas as provas pos-
suem o mesmo valor
Presunção de culpabilidade do acusado Presunção de inocência do acusado
Sujeitos processuais 
O Código de Processo Penal elenca nos artigos. 251 a 281 os sujeitos pro-
cessuais. Os sujeitos processuais podem ser principais, indispensáveis, essenciais 
para a relação jurídico-processual e secundários, os que não são essenciais, ou seja, 
não formam o núcleo mínimo da relação processual.
CONCEITO
Sujeitos processuais são todas as pessoas que participam do processo, dentre eles o 
juiz, acusador, o acusado e seu defensor, o assistente da acusação, os auxiliares da Justiça.
ATENÇÃO
Não se deve confundir sujeitos com partes. No Processo Penal temos três sujeitos prin-
cipais: o juiz, o acusador e o acusado (réu) e apenas duas partes: o acusador e o acusado.
Esquematizando
Sujeitos 
Principais 
Sujeitos no 
Processo
Penal 
Sujeitos
Secundários 
Juiz
Partes 
Sujeito Ativo: Acusador 
(MP ou querelante)
Interessados
Assistente da Acusação
Não Interessados 
Auxiliares da Justiça
capítulo 1 19
Sujeitos Principais
Juiz 
É o sujeito que atua no processo com a missão de prestar a jurisdição. Tem por 
obrigação assegurar às partes o devido processo legal. 
Para que o juiz atue no processo deve possuir capacidade funcional – ser 
investido no cargo, que, em regra, ocorre através de concurso público de provas e 
títulos; ter competência para a causa e não estar impedido, nem suspeito.
COMENTÁRIO
Como atos instrutórios, no Processo Penal, devemos entender a condução da AIJ, o 
acolhimento ou não de pedido de diligências feito pelas partes, mas jamais a produção de 
provas de ofício.
Poderes e Deveres
De acordo com Cintra, Dinamarco e Grinover (2004, p. 294), o juiz possui 
poderes de diversas ordens:
Com o objetivo de dar ao juiz as necessárias condições para o desempenho de suas 
funções, o direito lhe atribui determinados poderes a serem exercidos no processo, ou 
por ocasião dele. Tais poderes agrupam-se em duas categorias principais: a) poderes 
administrativos ou de polícia; e b) poderes jurisdicionais, que se desenvolvem no pró-
prio processo, subdividindo-se em poderes-meios (abrangendo os ordinatórios, que 
dizem respeito ao simples andamento processual, e os instrutórios, que se referem à 
formação do convencimento do juiz) e os poderes-fins (que compreendem os decisó-
rios e os de execução). (CINTRA;DINAMARCO; GRINOVER, 2004, p. 294)
Como deveres, num Processo Penal, sob o prisma Garantista, o juiz tem como 
dever primordial cumprir e fazer cumprir a Constituição, garantindo o contradi-
tório e a ampla defesa, a razoável duração do processo e de fundamentar todas as 
suas decisões, além de tratar a todos, inclusive os acusados, com urbanidade. 
capítulo 1 20
Garantias e Prerrogativas
Para que o juiz possa atuar de forma independente e imparcial, a Constituição 
de 1988, em seu art. 95 e incisos, traz o rol de garantias asseguradas aos juízes:
VITALICIEDADE
Após o estágio probatório de dois anos, o juiz só 
perde o cargo por sentença judicial transitada em 
julgado.
INAMOVIBILIDADE
O juiz titular de um órgão tem plena estabilidade no 
local onde é titular, só podendo ser removido a pedi-
do ou por motivo de interesse público e, nesta hipó-
tese, a decisão deve ser por voto da maioria absoluta 
do Tribunal ao qual está vinculado ou do Conselho 
Nacional de Justiça, estando assegurada a ampla de-
fesa, nos termos do art. 93, VIII, CRFB. 
 IRREDUTIBILIDADE DE 
SUBSÍDIOS
De acordo com o art. 95, III, CRFB, os juízes não 
podem ter sua remuneração reduzida, a não ser nas 
hipóteses legalmente previstas. 
Suspeição e Impedimento
De acordo com André Nicolitt, os juízes possuem capacidade especial, capa-
cidade esta cujo “exame está ligado aos processos em julgamento, nos quais o juiz 
não pode estar impedido ou suspeito para atuar”. (NICOLITT, 2010, p. 230)
As causas de impedimento e de suspeição estão previstas nos arts. 252 e 254 
do CPP, e serão analisadas em outro capítulo. Por ora, é importante entender que 
estas causas podem macular a imparcialidade do julgador, o que inviabiliza sua 
atuação. 
Nas hipóteses de impedimento ou suspeição, o juiz deve, ex o cio, se afastar, 
remetendo os autos ao juízo substituto ou tabelar e, caso não o faça, as partes de-
vem arguir o impedimento ou a suspeição. 
Das partes 
Como vimos anteriormente, as partes principais do processo, são o acusador 
e o acusado, ou seja, o Ministério Público e o acusado ou réu nas ações penais 
de iniciativa pública e o querelante e o querelado nas ações penais de iniciativa 
privada. 
capítulo 1 21
COMENTÁRIO
Como você pode observar, a Constituição não estabeleceu competência exclusiva ao 
MP para a propositura da ação penal pública. O que significa que, em caso de desídia ou 
inércia do Órgão Ministerial, o particular poderá propor a ação penal privada subsidiária da 
Pública, conforme art. 5º, LIX da CRFB. Por outro lado, ao conferir competência privativa, 
impediu a atuação de ofício do magistrado.
Do Ministério Público
No Brasil, embora o Ministério Público represente o Estado na função de acu-
sar, este não faz parte do Poder Judiciário. De acordo com o art. 127 da CRFB/88, 
o Ministério Público é uma instituição permanente e essencial à função jurisdicio-
nal do Estado, a quem compete a defesa da ordem jurídica, do regime democráti-
co e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. A Constituição determina, 
em seu art. 129, I que compete, privativamente, ao Ministério Público promover 
a ação penal pública. 
CURIOSIDADE
Parquet é uma palavra da Língua Francesa que significa “assoalho”. No Direito, a desig-
nação “Parquet”, referindo-se ao Ministério Público tem origem na França, pois os procura-
dores do rei ficavam sobre o assoalho da sala de audiências e não sobre o estrado ao lado 
do magistrado, como acontece atualmente.
Destaca-se que o Ministério Público embora, pela ótica processual, se asseme-
lhe às partes privadas:
Não é uma parte qualquer, porquanto age animado não por interesses privados, mas 
por interesses públicos, coincidentes com os escopos da atividade jurisdicional (atua-
ção do direito material, pacificação social e asseguramento da autoridade no orde-
namento jurídico). Por isso se diz, com propriedade, que o Ministério Público exerce 
acusação Pública, não mera acusação de parte. (CAPEZ, 2014, p. 227-228). 
Apesarde ser parte deve possuir uma certa imparcialidade. 
capítulo 1 22
EXEMPLO
Ao final da instrução probatória, se o Parquet entender que ficou demonstrado que o réu 
não é o autor do fato criminoso que lhe foi imputado, não está obrigado a pedir a condenação, 
embora tenha proposto a ação. 
 9 Princípios Institucionais
UNIDADE
Os membros do Ministério Público integram um único 
órgão, trabalham sob uma mesma direção e agem em 
nome da Instituição, e não em nome próprio.
INDIVISIBILIDADE
Como se trata de um único órgão, membros podem ser 
substituídos uns pelos outros, sob designação do Procu-
rador-Geral, na forma estabelecida em lei, sem que ocor-
ra prejuízos para o processo. 
INDEPENDÊNCIA 
FUNCIONAL
O membro do MP atua segundo sua convicção pessoal, 
de forma independente, ou seja, “o chefe do Ministério 
Público não tem poder hierárquico em termos funcionais 
sobre os membros inferiores, restando-lhe apenas a hie-
rarquia administrativa. Suas orientações não são vincu-
lativas”. Porém, administrativamente, nada impede que 
os membros estejam sujeitos a fiscalizações, correções, 
punições etc.
Você deve entender que, no Processo Penal, o Ministério Público possui re-
levante atuação, tendo em vista que não atua apenas como órgão acusador, que 
expõe ao Estado-juiz a pretensão acusatória, mas também como scal da lei 
(custus legis), pois é da nobre Instituição a função de zelar pela ordem jurídica, 
preservando as garantias e direitos individuais. Dessa forma, não há Processo Penal 
sem que haja a intervenção do Ministério Público, seja como órgão acusador, seja 
como scal da lei.
Do Acusado e seu defensor 
a) Do Acusado 
O Acusado é o sujeito passivo da relação processual. Aquele contra quem se 
propõe a ação penal.
capítulo 1 23
Na Ação Penal Pública, quando já recebida a denúncia é denominado réu ou 
acusado. Na Ação Penal Privada é chamado de querelado. Já no Inquérito Policial 
é tratado como suspeito, investigado ou indiciado.
Para gurar como sujeito passivo da relação processual é preciso o preenchi-
mento de alguns requisitos:
CAPACIDADE PARA SER 
PARTE-ADQUIRIDA
Por toda e qualquer pessoa “pelo simples fato de ser 
sujeito de direitos e obrigações”; 
CAPACIDADE 
PROCESSUAL 
(LEGITIMADO AD 
PROCESSUM)
“Que no processo penal advém com a idade de 18 
anos", não estando excluída a pessoa com deficiên-
cia mental, embora necessite de curador; “pois a ele 
poderá ser imposta, ao final do processo, medida de 
segurança”;
LEGITIMIDADE PASSIVA 
AD CAUSAM
Determinada pela pertinência da imputação de 
determinado crime a alguém, ou seja, deve existir 
“coincidência entre a pessoa apontada na peça ini-
cial como o autor do fato e o suspeito da prática do 
crime, indicado no inquérito ou nas peças de infor-
mação”. (CAPEZ, 2014, p. 231)
PERGUNTA
Quem pode ser réu no processo penal?
Como você pode observar, pode gurar como sujeito passivo no processo pe-
nal qualquer pessoa física maior de 18 anos. 
PERGUNTA
A pessoa jurídica pode ser parte no processo penal?
Apesar de não haver um consenso entre os doutrinadores brasileiros acerca 
da responsabilidade penal das Pessoas Jurídicas, a Constituição Federal, em dois 
dispositivos estabelece a possibilidade de punição das pessoas jurídicas.
capítulo 1 24
O parágrafo quinto do artigo 173, § 5º estabelece que “A lei, sem prejuí-
zo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá 
a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua nature-
za, nos atos praticados contra a ordem econômica e nanceira e contra a econo-
mia popular”.
Já o artigo 225, § 3º traz a possibilidade de sanção penal em crimes ambien-
tais: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, indepen-
dentemente da obrigação de reparar os danos causados”
No mesmo sentido, a Lei de Crimes Ambientais, Lei 9605/98, em seu artigo 
3ª, parágrafo único. A referida Lei, inclusive, elenca em seus artigos 22, 23 e 24 
as penas restritivas de direito a que está sujeita a pessoa jurídica pela prática de 
conduta lesiva ao meio ambiente. 
 9 Direitos do acusado
No sistema acusatório o acusado é um sujeito de direitos e não mero objeto do 
processo. Sendo assim, “o sistema processual tem como pilar o princípio do favor 
rei, que vai nortear o estatuto do imputado a m de protegê-lo diante da Estrutura 
do Estado que contra ele se volta”. (NICOLLIT, 2010, p. 242).
Com base na dignidade da pessoa humana, pilar do Estado Democrático de 
Direito, a Constituição, em seu art. 5º, LVII estabelece o princípio da não culpa-
bilidade ou presunção de inocência.
Por ser presumidamente inocente, todo e qualquer acusado tem o direito de 
permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII, CF/88); de não produzir provas contra si 
mesmo (Nemo tenetur se detegere), ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LV, 
CF/88) entre outros.
ATENÇÃO
Em decorrência da ampla defesa o acusado tem o direito de estar presente em todos os 
atos processuais, e não o dever.
capítulo 1 25
REFLEXÃO
O art. 260 do CPP estabelece que “se o acusado não atender à intimação para o in-
terrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a 
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”.
Pergunto a vocês: Podemos admitir a condução coercitiva do acusado?
Devemos entender que o referido dispositivo não foi recepcionado pela Constituição, 
como bem esclarece Aury Lopes Jr. (2016, p. 578):
Ora, mais do que nunca, é preciso compreender que o estar presente no processo é 
um direito do acusado, nunca um dever. Considerando que o imputado não é objeto 
do processo e que não está obrigado a submeter-se a qualquer tipo de ato probatório 
(pois protegido pelo nemo tenetur se detegere), sua presença física ou não é uma op-
ção dele. Há que se abandonar o ranço inquisitório, em que o juiz (inquisidor) dispunha 
do corpo do herege, para dele extrair a verdade real...O acusado tem direito de silêncio 
e de não se submeter a qualquer ato probatório, logo, está logicamente autorizado a 
não comparecer. (LOPES JR., 2016, p. 578)
Quanto à condução do suspeito para prestar declarações em sede policial, a situação con-
figura-se mais grave, pois a pessoa se vê privada da liberdade de ir e vir sem ordem judicial. 
CONCEITO
Herege - A origem da palavra se remete ao grego haíresis (α ρεσις) e que tem uma 
variação em latim haeresis, cujo significado é “capacidade de escolher”. Porém, a palavra 
tomou a acepção de que ser herege é o mesmo que contrário a uma doutrina, ou seja, aquele 
que não concorda com suas ideias e regras e que assim questiona certas crenças. O conhe-
cimento e uso da palavra herege e heresia ficou popularmente conhecida na Idade Média 
durante o período da Inquisição implantado pela Igreja Católica. Disponível em: <https://
www.significadosbr. com.br/herege>.
capítulo 1 26
b) Do Defensor
No Processo Penal para que a ampla defesa se concretize, faz-se necessária a 
defesa técnica, exercida por um pro ssional habilitado tecnicamente. 
Por ser a defesa técnica imprescindível, o STF editou a Súmula 523 com o se-
guinte enunciado: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade ab-
soluta, mas a sua de ciência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
A defesa técnica pode ser exercida por defensor constituído ou nomeado 
pelo juízo.
O defensor constituído é aquele contratado pelo réu, cujo mandato é ou-
torgado por meio de procuração. Uma vez constituído, o advogado não pode 
abandonar a causa a não ser por motivo imperioso, comunicando previamente ao 
juiz – art. 265,CPP. 
O defensor nomeado é tanto o Defensor Público quanto o advogado dati-
vo. Com a implantação da Defensoria Pública, a gura do advogado dativo só 
ocorre nos Estados em que a Defensoria Pública não se faz presente em todas as 
Comarcas. No Processo Penal não há a necessidade de comprovação da hipossu-ciência econômica para que o acusado seja patrocinado pela Defensoria Pública. 
Pela leitura do art. 261, CPP podemos a rmar que a defesa técnica é indispo-
nível, por isso o defensor pode atuar no interesse de defesa do réu mesmo contra 
sua vontade. 
Sujeitos Secundários 
Do Assistente da Acusação
Posição ocupada pelo ofendido ou seu representante legal (art. 268, CPP) 
quando intervém no feito, ao lado do MP, no polo ativo da relação processual. 
Sua atuação está atrelada à capacidade postulatória, ou seja, se o ofendido não 
for advogado deverá estar assistido por um. Trata-se de um sujeito coadjuvante 
interessado, pois tem interesse em assegurar seu direito à indenização pela prática 
do crime. 
capítulo 1 27
COMENTÁRIO
Apesar de não haver disciplina no CPP, acerca do “ Assistente de defesa”, deve-se en-
tender pela sua admissibilidade no processo penal , alicerçado no princípio da paridade de 
armas, pois para que se possa assegurar um processo penal justo, imprescindível além da 
igualdade a paridade de armas, daí a necessidade à defesa, de poderes similares àqueles 
previstos em favor da acusação.
Somente se admite assistente da acusação na ação penal pública - promovida 
pelo MP. 
ATENÇÃO
Excepcionalmente pode-se admitir a assistência por pessoas jurídicas de direito público 
ou privado, diante de interesse público.
EXEMPLO
 A OAB poderá intervir como assistente quando advogado figurar como réu e o caso 
desperte o interesse da classe de forma geral ou associações que atuem em defesa 
do consumidor
MOMENTO 
PROCESSUAL PARA 
O INGRESSO
A partir do recebimento da denúncia, estendendo-se até o 
trânsito em julgado, conforme art. 269, CPP. 
LIMITES DE 
ATUAÇÃO
O art. 271, CPP estabelece de que forma o assistente de 
acusação pode atuar no processo, ou seja, o que pode ele 
fazer. O referido artigo deve ter uma interpretação restriti-
va, pois apesar do assistente poder propor provas, no que 
tange à prova testemunhal, isso não seria possível já que 
ingressa no processo após o oferecimento da denúncia 
que é o momento oportuno para a acusação indicar as 
testemunhas.
capítulo 1 28
EXEMPLO
No processo de rito ordinário, a acusação pode arrolar até 08 testemunhas. No entanto, 
ao oferecer a denúncia, o Ministério Público indicou apenas 05. Mesmo nessa hipótese, o as-
sistente não poderia arrolar as 03 testemunhas para completar o número máximo permitido, 
pois o que importa não é o quantum, mas sim a via preclusiva, pois se um ato não é praticado 
no momento oportuno, ocorre a preclusão do direito de praticar o ato. 
Admissibilidade
 O art. 272, CPP estabelece que o MP deve ser ouvido previamente sobre 
a admissibilidade do assistente da acusação. Por sua vez, o art. 273, CPP traz a 
possibilidade de não admissão. 
O entendimento que prevalece é de que a não admissibilidade só seria cabível 
diante da falta de legitimidade. 
ATENÇÃO
 
O art. 270, CPP veda a admissibilidade de corréu no mesmo processo como assistente 
da acusação. Esta é uma regra necessária para se evitar a confusão processual de se ter 
uma mesma pessoa ocupando posições antagônicas, pois há evidente risco de manipulações 
ou fraudes. 
EXEMPLO
Angorá, Caranguejo e Mineirinho praticam um roubo em determinado Caixa Eletrônico 
de uma Agência Bancária. Visando obter maior lucro, Mineirinho e Caranguejo agridem, vio-
lentamente, Angorá com intenção de matá-lo. Mas o comparsa sobrevive. Posteriormente, é 
oferecida a denúncia e os processos de roubo e tentativa de homicídio, por força da conexão, 
são reunidos. Poderia Angorá se habilitar como assistente da acusação? 
A resposta é negativa, pois com a unificação dos processos, Angorá é corréu no crime 
de roubo e, nessa hipótese, incide a vedação constante do art. 270, CPP. 
capítulo 1 29
Dos Auxiliares da Justiça 
São sujeitos secundários que atuam no processo, mas não possuem interesse 
na causa. São servidores públicos que exercem funções como as de escrivão, escre-
vente, o cial de justiça, dentre outros.
Há também aqueles que desempenham função pública em auxílio ao juiz 
como os peritos e intérpretes.
Princípios informadores do Processo Penal 
Noções sobre princípios 
O Direito se expressa por meio de normas. As normas se exprimem por meio 
de regras ou princípios. 
CONCEITO
Princípios são as ideias fundamentais que constituem o arcabouço do ordenamento ju-
rídico, são os valores básicos da sociedade que podem, ou não, se constituir em normas 
jurídicas. (CARVALHO, 2006, p.5).
Para Alexy (2012 p.90), princípios são mandamentos de otimização, pois or-
denam que “algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilida-
des jurídicas e fáticas existentes”. Isso signi ca que a distinção entre princípios 
e regras é qualitativa, pois os princípios podem ser satisfeitos em graus variados, 
enquanto as regras são sempre satisfeitas ou não satisfeitas, ou seja, a regra traz a 
determinação de se fazer exatamente o que ela determina.
Princípio da Dignidade da Pessoa humana
O princípio da dignidade da pessoa humana serve como princípio reitor de 
muitos outros. O legislador constituinte concedeu um status normativo ao princí-
pio da dignidade da pessoa humana, entendendo-o como um dos fundamentos do 
Estado Democrático de Direito – art. 1º, III, CRFB. Como você pode observar, 
a dignidade da pessoa humana é o pilar que sustenta nosso ordenamento jurídico 
e dela derivam os demais princípios.

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