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MTP 01 - intervenção policial

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MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº 3.04.01/2020-CG 
 
MTP 01 
 
INTERVENÇÃO POLICIAL, PROCESSO DE 
COMUNICAÇÃO E USO DA FORÇA 
 
BELO HORIZONTE – MG 
2020 
 
 
 
 
MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL 
 Nº 3.04.01/2020-CG 
 
 
 
 
Intervenção Policial, Processo de Comunicação e 
Uso da Força 
 
 
 
BELO HORIZONTE - MG 
2020 
 
 
 
Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). 
Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG. 
Circulação restrita. 
 
 
 
 
M663m 
 
MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. 
Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01/2020: Intervenção Policial, 
Processo de Comunicação e Uso da Força / Comando-Geral. Belo 
Horizonte: Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (PM3). 2020. 
 
78p. 
 
 1. Preparo Mental. 2. Avaliação de Riscos. 3. Pensamento Tático. 
4. Intervenção Policial. 5. Processo de Comunicação. 6. Uso da Força 
 
CDD - 353.3 
CDU - 351.75(815.1) 
Bibliotecária responsável: Tatiane Krempser Gandra – CRB 6/2963 
 
ADMINISTRAÇÃO 
Comando-Geral da Polícia Militar 
Quartel do Comando-Geral da PMMG 
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, 
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde 
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 
 
SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO 
Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – PM3 
Quartel do Comando-Geral da PMMG 
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, 
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde 
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 
E-mail: pm3@pmmg.mg.gov.br 
 
 
 
GOVERNADOR DO ESTADO 
ROMEU ZEMA NETO 
 
COMANDANTE-GERAL DA PMMG 
CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES 
 
CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG 
CEL PM EDUARDO FELISBERTO ALVES 
 
CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR 
CEL PM OSVALDO DE SOUZA MARQUES 
 
CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL 
 TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS 
 
COLABORADORES 1ª EDIÇÃO (2010) 
CEL PM FÁBIO MANHÃES XAVIER 
CEL PM ANTÔNIO LEANDRO BETTONI DA SILVA 
TEN CEL PM MARCELO VLADIMIR CORRÊA 
MAJ PM ALFREDO JOSÉ ALVES VELOSO 
MAJ PM WÁGNER EUSTÁQUIO DA SILVA ALMEIDA 
MAJ PM EDUARDO DOMINGUES BARBOSA 
MAJ PM EDUARDO FELISBERTO ALVES 
MAJ PM ÉDSON GONÇALVES 
CAP PM ARNALDO AFFONSO 
CAP PM MARCO AURÉLIO ZANCANELA DO CARMO 
CAP QOS FABRÍZIA LOPES BRANDÃO PEREIRA 
CAP PM RODOLFO CÉSAR MOROTTI FERNANDES 
CAP PM RENATO SALGADO CINTRA GIL 
CAP PM WANDERSON GARCIA COSTA NEVES 
1º TEN PM ÉDSON H. RABELLO DE S. MENDES 
1º TEN PM RODRIGO SALDANHA 
1º TEN PM MOLISE Z. FONSECA DE SOUZA 
1º TEN PM LUCIANA DO CARMO S. NOMINATO 
2º TEN PM ANDERSON PEREIRA DE SOUSA 
2º TEN PM RICARDO PEREIRA DE ARAUJO GOMES 
1º SGT PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA 
 
 
 
2º SGT PM RINALDO ARAÚJO MARÇAL 
3º SGT PM RICARDO MARTINS LOPES 
3º SGT PM MÁRCIA DANIELA BANDEIRA SILVA 
3º SGT PM NADJA ALVES DE SOUSA 
3º SGT PM EDNA MÁRCIA COSTA MENDONÇA 
CB PM ELIAS SABINO SOARES 
SD PM LEONARDO GIORI DE OLIVEIRA 
SD PM ALINE VANESSA ALVES 
PROFº. HUGO DE MOURA 
PROFª. MARIA SÍLVIA SANTOS FIÚZA 
PEDAGª. ISABEL CRISTINA DE P. MOREIRA NAZARETH 
ASS. JURÍDICA MARIA AMÉLIA PEREIRA 
 
COLABORADORES 2ª EDIÇÃO (2013) 
TEN CEL PM SÍLVIO JOSÉ DE SOUSA FILHO 
MAJ PM EUGÊNIO PASCOAL DA CUNHA VALADARES 
MAJ PM CLEVERSON NATAL DE OLIVEIRA 
CAP PM RICARDO LUIZ AMORIM GONTIJO FOUREAUX 
1º TEN PM HELIVELTON SALVADOR SANTANA 
SUBTEN PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA 
2º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA 
2º SGT PM LUIZ HENRIQUE DE MORAES FIRMINO 
CB PM ELIAS SABINO SOARES 
 
COLABORADORES 3ª EDIÇÃO (2020) 
REDAÇÃO 
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS 
TEN CEL PM RODRIGO SALDANHA 
TEN CEL PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES 
MAJ PM WELVISSON GOMES BRANDÃO 
CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA 
1º TEN PM PABLO SÉRGIO DE SOUZA CORREA 
1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO 
1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS 
1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA 
1º SGT PM SANDRO GONÇALVES MAIA 
1º SGT PM CÉSAR AUGUSTO VILAÇA JÚNIOR 
 
 
 
2º SGT PM DANIEL CORDEIRO RODRIGUES 
 
FOTOGRAFIAS 
CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA 
1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO 
1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA 
 
REVISÃO DOUTRINÁRIA 
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS 
1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS 
3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA 
 
REVISÃO FINAL 
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APF - Auto de Prisão em Flagrante 
AR - Auto de Resistência 
BO - Boletim de Ocorrência 
CCEAL - Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei 
CG - Comando-Geral 
COPOM - Centro de Operações Policiais Militares 
HPM - Hospital da Polícia Militar 
IMPO - Instrumento de Maior Potencial Ofensivo 
IPM - Inquérito Policial Militar 
MG - Minas Gerais 
MTP - Manual Técnico-Profissional 
NAIS - Núcleo de Atenção Integral à Saúde 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PBUFAF - 
Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos 
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
PIDCP - Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos 
PIDSEC - Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais 
PM3 - Assessoria Estratégica de Emprego Operacional 
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais 
REDS - Registro de Evento de Defesa Social 
SIPOM - Sistema de Inteligência da Polícia Militar 
TCAF - Treinamento com Armas de Fogo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Quarteto do pensamento tático ........................................................................... 21 
Figura 2 - Etapas da intervenção policial ............................................................................. 32 
Figura 3 - Modelo do uso diferenciado da força .................................................................. 59 
Figura 4 - Local para transporte da arma portátil em viatura que não possui cabide. ......... 63 
Figura 5 - Policial militar com a arma na posição 1 (arma localizada) e suas variações ...... 64 
Figura 6 - Policial militar com a arma na posição 2 (arma em guarda-baixa) e suas 
variações ............................................................................................................................. 65 
Figura 7 - Policial militar com a arma na posição 3 (arma em guarda-alta) e suas variações
 ............................................................................................................................................ 66 
Figura 8 - Policial militar com a arma na posição 4 (arma em pronta-resposta) e suas 
variações ............................................................................................................................. 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 8 
2 PREPARO MENTAL ......................................................................................................... 11 
2.1 Estados de prontidão .................................................................................................. 12 
2.1.1 Classificação dos estados de prontidão ...................................................................... 12 
2.2 Estados de prontidão e a atuação policial-militar ..................................................... 15 
3 AVALIAÇÃO DE RISCOS ................................................................................................. 18 
3.1 Metodologia de avaliação de riscos ........................................................................... 18 
3.2 Aplicação ...................................................................................................................... 20 
4 PENSAMENTO TÁTICO ..................................................................................................21 
4.1 Quarteto do pensamento tático .................................................................................. 21 
4.1.1 Leitura do ambiente .................................................................................................... 24 
4.1.2 Alinhamento com os estados de prontidão .................................................................. 25 
4.2 Processo mental da agressão ..................................................................................... 27 
5 INTERVENÇÃO POLICIAL .............................................................................................. 30 
5.1 Níveis de intervenção .................................................................................................. 30 
5.2 Etapas da intervenção ................................................................................................. 31 
5.3 Abordagem policial ...................................................................................................... 33 
5.3.1 Fundamentos da abordagem policial a pessoa em atitude suspeita ............................ 34 
5.4 Requisitos básicos para intervenção policial-militar ................................................ 36 
6 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................................... 37 
6.1 Comunicação na intervenção policial ........................................................................ 38 
6.1.1 Verbalização durante a abordagem policial ................................................................. 41 
6.2 Considerações finais ................................................................................................... 48 
7 USO DA FORÇA .............................................................................................................. 50 
7.1 Princípios do uso da força .......................................................................................... 51 
7.1.1 Níveis de comportamento da pessoa abordada .......................................................... 54 
7.1.2 Uso diferenciado da força ........................................................................................... 55 
7.1.3 Modelo Gráfico do uso diferenciado da força .............................................................. 59 
7.1.4 Responsabilidade pelo uso da força ........................................................................... 60 
7.2 Arma de fogo ................................................................................................................ 61 
7.2.1 Regras gerais de controle ........................................................................................... 61 
7.2.2 Normas de segurança ................................................................................................. 62 
7.2.3 Usar ou empregar arma de fogo ................................................................................. 63 
7.2.3.1 Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo: ............................................. 64 
7.2.4 Atirar ou disparar arma de fogo ................................................................................... 67 
7.2.4.1 Objetivo do disparo .................................................................................................. 67 
 
 
 
7.2.4.2 Procedimentos para o disparo da arma de fogo ....................................................... 70 
7.2.4.3 Circunstâncias especiais para o disparo de arma de fogo........................................ 72 
7.2.4.4 Procedimentos após o disparo de arma de fogo ...................................................... 76 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 77 
 
8 
 
MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL Nº 3.04.01/2020 – CG 
 
Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da 
Força 
 
1 APRESENTAÇÃO 
 
Os fundamentos aplicados neste “Manual Técnico-Profissional” estão em conformidade com 
a legislação brasileira e com os documentos oriundos da Organização das Nações Unidas 
(ONU), aplicáveis à função policial, quais sejam: Princípios Básicos sobre a Utilização da 
Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
(PBUFAF), o Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL), o 
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP), o Pacto Internacional dos 
Direitos Sociais, Econômicos e Culturais (PIDSEC) e a Convenção Contra a Tortura e 
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes. 
 
Expressar toda a complexidade da atividade policial-militar em um conjunto de textos é 
desafiador. Cada intervenção é singular e exige flexibilidade do profissional. Mas é 
necessário ter parâmetros bem definidos que deem sustentação às ações policiais militares, 
mesmo considerando essa versatilidade. Diante dessa realidade, caracterizada por tantas 
variáveis, é imprescindível respeitar os princípios legais e éticos que conferem identidade e 
legitimidade à profissão policial-militar e aplicar técnicas e procedimentos consolidados pela 
experiência de seus integrantes. A construção do escopo doutrinário declara o que esta 
atividade tem de essencial, constante e estável; uma estrutura sólida que servirá de guia 
sobre a atividade operacional da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). 
 
Registra-se ainda que o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência devem se 
mostrar no esforço e energia diária desprendidos por todos os policiais militares na garantia 
da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício profissional deve traduzir-se 
também, individualmente, na disciplina militar, lealdade, honestidade, espírito de corpo, 
iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem, abnegação, vigor físico, civismo e 
patriotismo. 
 
A PMMG apresenta um conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais que estabelecem 
métodos, técnicas e parâmetros que propiciam suporte à sua prática profissional e, por isso, 
consistem em instrumentos educativos e de proteção, tanto para o policial quanto para o 
cidadão. 
 
9 
 
Este Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01 (MTP 01) – Intervenção Policial, Processo 
de Comunicação e Uso da Força tem como finalidade apresentar orientações básicas para 
a efetividade das intervenções policiais e deve ser tomado como referencial obrigatório para 
os demais Manuais Técnicos-Profissionais. 
 
A Seção 2 deste manual, trata do Preparo Mental e dos Estados de Prontidão, 
ressaltando a importância de o policial militar ensaiar possibilidades para antecipar 
respostas e observar sua capacidade de reação para as diferentes situações do cotidiano 
operacional. 
 
A Seção 3 traz a metodologia para proceder à Avaliação de Riscos, ferramenta necessária 
para diagnosticar as diversas situações de ameaça e as condições de segurança para uma 
intervenção. 
 
O Pensamento Tático é outro recurso importante para o diagnóstico de cada ocorrência. 
Ele fornece elementos para analisar e controlar as diferentes áreas do “teatro de operações” 
e buscar interferir no processo mental do agressor, subsidiando o planejamento da 
intervenção. Será desenvolvido na Seção 4, em complemento à seção anterior. 
 
A Seção 5 aborda o tema Intervenção Policial-Militar, suas etapas e classificação em três 
níveis diferentes, em função dos objetivos e riscos avaliados. A Abordagem Policial, como 
exteriorização da intervenção, também é tratada nesta seção, contudo, de forma introdutória, 
pois será retomada mais detalhadamente nos outros Manuais Técnicos, devido à sua 
importância na atividade policial-militar. 
 
O Processo de Comunicação é tema da Seção 6, destacando a importância dos 
elementos verbais e não verbais do processo de comunicação, como instrumento facilitador 
em qualquer intervenção, aplicável em todos os níveis de uso da força pela Polícia Militar.Finalizando, a Seção 7 dispõe sobre o Uso da Força, seus diferentes níveis, além de trazer 
considerações e orientações sobre o Uso da Arma de Fogo e de Força Potencialmente 
Letal, consistindo num referencial para que o policial militar tenha segurança em utilizá-la, 
desde que em conformidade com os princípios éticos e legais que regem seu emprego. 
 
 
 
 
 
10 
 
Este conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais operacionais denomina-se Prática 
Policial-Militar Básica e será composto pelos seguintes documentos: 
 
a) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01 – Intervenção Policial, Processo de Comunicação 
e Uso da Força (MTP - 01); 
 
b) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02 – Abordagem a Pessoas (MTP - 02); 
 
c) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03 – Blitz Policial (MTP - 03); 
 
d) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.04 – Abordagem a Veículos (MTP - 04); 
 
e) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.05 – Escoltas Policiais e Conduções Diversas (MTP - 
05). 
 
11 
 
2 PREPARO MENTAL 
 
É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a torna única. Cada 
intervenção é singular, exigindo que o policial militar seja versátil e capaz de adaptar-se às 
peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional. Nesse contexto, a segurança do 
policial militar, na execução das suas tarefas, está diretamente relacionada ao seu preparo 
mental. 
 
Considera-se preparo mental o processo de pré-visualizar os prováveis problemas a serem 
encontrados em cada tipo de intervenção policial-militar e ensaiar mentalmente as 
possibilidades de respostas. Essa antecipação desencadeia um conjunto de alterações 
fisiológicas e psicológicas, colocando o policial militar num estado de prontidão que 
ampliará sua capacidade de resposta a cada situação. 
 
A falta do preparo mental do policial militar durante uma intervenção prejudicará o seu 
desempenho, levando a um aumento de seu tempo de resposta à agressão e, assim, o uso 
da força poderá ser inadequado (excessivo ou aquém do necessário para contê-la). Num 
cenário mais grave, o policial militar pode ser levado a uma paralisia ou a um bloqueio na 
sua capacidade de reagir, comprometendo, consequentemente, a segurança e o resultado 
da ocorrência. 
 
Visualizar as situações e respostas possíveis prepara o policial militar para a tomada de 
decisões. Mesmo em circunstâncias adversas (por exemplo, ferido ou sob estresse), o 
policial militar bem treinado terá como responder, adequadamente, dentro dos padrões 
técnicos, legais e éticos. 
 
O treinamento policial-militar baseado em situações práticas que se aproximam do cotidiano 
profissional, somado à análise crítica de erros e acertos vivenciados na experiência real, 
contribuem para o desenvolvimento da habilidade do policial militar pensar sobre como ele 
agiria nas diversas situações, visualizando mentalmente suas respostas e definindo 
previamente o seu procedimento básico. Dessa forma, ele criará rotinas seguras para sua 
atuação. 
 
Por isso, o treinamento policial-militar deve ser contínuo, valorizando o preparo mental, 
tanto quanto todas as atividades da capacitação profissional. 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Estados de prontidão 
 
Na atividade profissional, o policial militar lida com diversas situações caracterizadas por 
diferentes níveis de risco e complexidade. Cada momento exigirá dele uma habilidade de 
antecipar e reagir ao perigo e atuar em um estado de prontidão diferente. 
 
Os estados de prontidão são definidos por um conjunto de alterações fisiológicas 
(frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das funções mentais (concentração, 
atenção, pensamento, percepção, emotividade) que influenciam na capacidade de reagir às 
situações de perigo. É importante destacar que os estados de prontidão dependem de 
fatores subjetivos, tais como experiências anteriores, domínio técnico e relacionamento com 
a equipe de trabalho, que influenciam no modo como cada policial militar percebe e 
responde a um mesmo estímulo. 
 
2.1.1 Classificação dos estados de prontidão 
 
Os diferentes estados de prontidão são classificados da seguinte forma: 
 
a) Estado Relaxado 
 
É caracterizado pela distração em relação ao que está acontecendo ao redor, pelo 
pensamento disperso e pelo relaxamento psíquico do policial militar. Pode ser ocasionado 
por uma percepção errônea da ausência de perigo ou mesmo por cansaço. É representado 
pela cor branca. 
 
O policial militar encontra-se despreparado para um eventual confronto e, caso uma 
intervenção seja necessária, aumentará consideravelmente os riscos e comprometerá a sua 
segurança individual e a de sua guarnição. 
 
Exemplo: o policial militar de folga, em casa, almoçando com sua família, pode se encontrar 
no estado relaxado. Por outro lado, em patrulhamento, escutar uma música com fone de 
LEMBRE-SE: Ao desenvolver o preparo mental, o policial militar 
antecipa-se, fazendo uma avaliação preliminar das ameaças e 
considera as possibilidades de atuação. 
 
13 
 
ouvido ou usar o celular para assuntos diversos que desviem sua atenção do policiamento 
executado, colocará a sua segurança e a de seu grupo em risco, caso tenha que fazer uma 
intervenção inesperada. 
 
 
 
 
 
b) Estado de Atenção 
 
Neste estado de prontidão, o policial militar está atento, precavido, mas não está tenso. 
Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos lugares, das coisas 
e ações ao seu redor por meio de uma observação multidirecional e da atenção difusa (em 
360º). É representado pela cor amarela. 
 
No Estado de Atenção, o policial militar estará preparado para empregar ações de 
respostas adequadas às situações de normalidade. Não há identificação de um ato hostil e, 
embora não haja um confronto iminente, o policial militar está ciente de que uma agressão é 
possível. Percebe e avalia constantemente o ambiente, atento a qualquer sinal que possa 
indicar uma ameaça em potencial e a necessidade de intervenção. 
 
Exemplos: o policial militar, realizando patrulhamento em sua área de responsabilidade e 
interagindo com comerciantes, orientando-os quanto a dicas de segurança e, ao mesmo 
tempo, estando atento a toda a movimentação de pessoas dentro e fora do estabelecimento 
comercial; Qualquer deslocamento do policial militar fardado ou à paisana durante sua folga. 
O mesmo se aplica aos Policiais Militares do Sistema de Inteligência da Polícia Militar 
(SIPOM). 
 
c) Estado de Alerta 
 
Neste estado de prontidão, o policial militar detecta um problema e está ciente de que um 
confronto é provável. Embora ainda não haja necessidade imediata de reação, o policial 
militar se mantém vigilante, identifica prováveis riscos que exijam uso da força e calcula o 
nível de resposta adequado. É representado pela cor laranja. 
 
ATENÇÃO! Na atividade operacional ou em deslocamento fardado 
ou à paisana, em ambientes não controlados, o policial militar NÃO 
deve estar no estado relaxado (branco). 
 
14 
 
Manter-se no estado de alerta diminui os riscos do policial militar ser surpreendido, 
propiciando a adoção de ações de resposta, conforme a situação exigir. Deve-se avaliar a 
necessidade de pedir apoio de outros policiais militares e, concomitantemente, identificar 
prováveis abrigos (proteções) que possam ser utilizados. 
 
Exemplos: o policial militar acionado pelo rádio por meio do Centro de Operações Policiais 
Militares (COPOM) para atender a uma ocorrência em um local considerado zona quente de 
criminalidade ou a um chamado de um roubo à mão armada ocorrido na sua região de 
patrulhamento, e desloca-se a fim de tentar realizar a prisão dos agentes. 
 
d) Estado de Alarme 
 
Neste estado de prontidão, o risco é real e uma resposta do policial militar é necessária. É 
importante focalizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e ter em mente a ação 
adequada paracontrolá-la, aliando a intervenção verbal ao uso das demais técnicas 
(inclusive de menor potencial ofensivo), ou da força potencialmente letal, conforme as 
circunstâncias exigirem. É representado pela cor vermelha. 
 
O preparo mental e o treinamento técnico recebido possibilitarão ao policial militar condições 
de realizar sua defesa e a de terceiros e, mesmo em situações de emergência, decidir 
adequadamente. 
 
Exemplos: o policial militar intervindo no atendimento de uma ocorrência, como num conflito 
entre vizinhos, e um deles ameaça o outro com uma arma de fogo; ou quando se depara 
com um veículo que acaba de ser tomado de assalto, iniciando-se uma perseguição ao 
veículo em fuga. 
 
e) Estado de Pânico 
 
Quando o policial militar se depara com uma ameaça para a qual não está preparado ou 
quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo muito prolongado, seu 
organismo entra num processo de sobrecarga física e emocional. É representado pela cor 
preta. 
 
Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação, comprometendo sua 
capacidade de reagir adequadamente à ameaça enfrentada. Isso caracteriza o estado de 
pânico . 
 
15 
 
O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma reação desproporcional, 
portanto ineficaz. É chamado assim porque a mente entra em uma espécie de “apagão”, o 
que impossibilita ao policial militar dar respostas apropriadas ao nível da ameaça sob a qual 
estaria exposto. 
 
Durante o estado de pânico, poderá ocorrer o retorno parcial e momentâneo ao estado de 
alarme, o que até poderá propiciar alguma capacidade de reação. Contudo, é importante 
interpretar essas oscilações dos estímulos mentais (percepção, atenção ou pensamento) 
como um grave sinal de perigo e esgotamento mental, e não como indicativos de que o 
policial militar suporta bem o estresse oferecido pela situação. 
 
Exemplos: o policial militar que abandona um abrigo e atraca-se fisicamente com um 
agressor ou que utiliza a arma de fogo sem controle, atirando de maneira instintiva ou, até 
mesmo, entrar em uma situação de letargia física ou paralisia momentânea, deixando de 
acompanhar sua guarnição, quando em deslocamento no local da ocorrência. 
 
2.2 Estados de prontidão e a atuação policial-militar 
 
O estado de atenção (amarelo) é o estado de prontidão no qual o policial militar deve 
operar durante uma situação de normalidade (exemplo: patrulhamento ordinário), dando 
prioridade para a identificação de possíveis riscos. 
 
Durante uma intervenção, policiais militares podem ser feridos em decorrência de situações 
de risco que não anteciparam, não viram ou não estavam mentalmente preparados para 
enfrentar. No transcorrer da ação, quando uma mudança de estado de prontidão é exigida, 
aumentando o nível de concentração do policial militar (para o estado de alerta - laranja 
ou alarme - vermelho), a partida do estado de atenção (amarelo) é muito mais fácil do que 
um salto do estado relaxado (branco). 
 
Como já foi dito anteriormente, nesse último caso, partindo do estado relaxado (branco), o 
policial militar estaria tão despreparado que poderia até entrar numa situação de pânico 
(preto). 
 
Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um período mais 
prolongado sem sobrecarregar as funções físicas e mentais. Contudo, o estado de alerta 
(laranja) e o estado de alarme (vermelho) podem ser mantidos pelo organismo e pela mente 
apenas por períodos de tempo relativamente curtos, pois exigem um dispêndio maior de 
 
16 
 
energia. Operar continuamente nesses avançados níveis de prontidão pode desencadear 
reações adversas, tanto no âmbito físico quanto psicológico, levando a síndromes de 
esgotamento (estresse crônico). 
 
Caso a ocorrência tenha exigido atuação no estado de alarme (vermelho), quando cessada 
a situação de ameaça, é importante incentivar o policial militar a retornar ao estado de 
atenção (amarelo), se as condições de segurança do ambiente assim permitirem. Essa 
medida favorece o retorno do organismo às condições de funcionamento normal, sem muito 
desgaste. 
 
Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo próprio 
comandante da guarnição ou pelo comandante do turno, incentivando o grupo a conversar 
sobre a experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e da confiança entre líder e 
liderados são fatores importantes para minimizar o desgaste do profissional. 
 
Posteriormente, durante os horários de folga, em ambientes controlados, os policiais 
militares devem ser incentivados a buscar um repouso (estado relaxado – branco). A 
participação em atividades junto à família ou amigos, a prática de esportes, atividades 
culturais, ou outros hábitos de vida mais saudáveis devem fazer parte da rotina durante as 
folgas. 
 
Caso o policial militar sinta os efeitos do estado de pânico, mesmo durante as folgas, é 
extremamente recomendado buscar apoio na sua unidade e incentivado o contato com 
profissionais da área de saúde, (psicólogos, terapeutas, etc) seja nos Núcleos de Atenção 
Integral à Saúde (NAIS), diretamente no Hospital da Polícia Militar (HPM) ou profissionais de 
saúde da rede de conveniados. 
 
Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial militar estará mais propenso a 
desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de irritabilidade, intolerância e 
impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre os efeitos deste quadro, o policial militar 
poderá responder de forma impulsiva quando se deparar com situações de ameaça e perigo, 
ou ainda, com reações exageradas mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e 
complexidade (nível de força incompatível com a análise de risco e reação do abordado). 
 
Tudo isso pode favorecer o surgimento do estado de pânico (preto) durante o serviço 
operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco) são, portanto, 
estratégias que contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do profissional de 
 
17 
 
segurança pública quanto para evitar a banalização de atos de violência nas intervenções 
policiais militares. 
 
O acompanhamento com o profissional de saúde promoverá uma melhora na qualidade de 
vida do policial militar, e permitirá um resultado positivo na atividade profissional, além de 
evitar atingir graus de estresse mais elevados que o serviço exige. 
 
Assim, o estado de prontidão do policial militar é considerado tão fundamental quanto os 
equipamentos e armamentos colocados à sua disposição no serviço ou patrulhamento, pois, 
juntamente com o domínio técnico e o condicionamento físico, é ele que determinará sua 
condição de resposta à situação apresentada. 
 
Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial militar terá para: 
 
a) detectar sinais de riscos e de ameaças; 
b colocar-se no estado de prontidão apropriado para cada situação; 
c) ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de prontidão, de 
acordo com a evolução da intervenção. 
 
 
18 
 
3 AVALIAÇÃO DE RISCOS 
 
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo 
policial militar. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e 
bens. 
 
Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com a 
gravidade dos riscos que identificar, podendo migrar de um estado de prontidão para outro 
que a situação exigir. Uma ponderação prévia irá orientar o policial militar sobre a 
necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-
lo. 
 
Toda ação policial-militar deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos envolvidos, que 
consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de todos os aspectos de 
segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão em uma intervenção, 
formando um componente importantedo diagnóstico provável da intervenção. 
 
O risco é incerto, mas é previsível e em sua avaliação o policial militar deverá ter em mente 
que, em qualquer processo de tomada de decisão em ambiente operacional, a Polícia Militar 
tem o dever funcional de preservar vidas, de servir e proteger a sociedade, preservar a 
ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantindo o cumprimento da 
lei1. 
 
3.1 Metodologia de avaliação de riscos 
 
Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo elas: 
 
a) Etapa 1 - identificação de direitos e garantias2 sob ameaça: consiste em identificar 
qual direito ou garantia está exposto ao risco, os bens móveis e imóveis sujeitos a algum 
tipo de dano, as circunstâncias e o histórico dos fatos, o comportamento das possíveis 
vítimas envolvidas, o tipo de delito e a possibilidade de evolução do problema. 
 
b) Etapa 2 - avaliação das ameaças: consiste em avaliar as características dos fatores que 
ameaçam direitos e garantias. Para tanto, o policial militar deve obter informações do infrator 
em potencial (idade, sexo, compleição física, estado emocional e psicológico, motivação 
 
1 Inciso V do art. 144 da Constituição Federal Brasileira. 
2 Os direitos e garantias são os previstos na Constituição Federal de 1988. 
 
19 
 
para o ato, armas empregadas, trajetória criminal, registro anterior de agressão ou da ação 
contra policiais, entre outros); 
 
c) Etapa 3 – classificação de risco: a classificação de risco permite ao policial militar agir 
dentro de padrões de segurança, auxilia na escolha do comportamento tático mais 
adequado, além de lhe propiciar melhores condições para assegurar os direitos e proteger 
todos os envolvidos. A classificação de risco está estruturada em 3 níveis: 
 
 Risco nível I - caracterizado pela reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças que 
comprometam a segurança. Este nível de risco está presente em situações rotineiras do 
patrulhamento e intervenções de caráter preventivo, educativo e assistencial. O estado de 
prontidão coerente com o risco de nível I é o estado de atenção (amarelo); 
 
 Risco nível II - caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que 
comprometam a segurança. São situações nas quais existe fundada suspeita, mas que a 
intervenção policial-militar consiste numa averiguação preventiva. O estado de prontidão 
coerente com o risco de nível II é o estado de alerta (laranja); 
 
 Risco nível III - caracterizado pela concretização do dano ou pelo risco real e iminente. 
São situações nas quais a intervenção policial-militar é de caráter repressivo3. O estado de 
prontidão coerente com o risco de nível III é o estado de alarme (vermelho). 
 
d) Etapa 4 – análise das vulnerabilidades: consiste em analisar os recursos que existem 
para responder à ameaça, dentre eles: 
 
 Competências profissionais dos policiais militares para agir no cenário em função das 
técnicas e táticas adequadas aos tipos de ameaças; 
 
 Efetivo policial-militar suficiente para atuar com supremacia de força; 
 
 Meios que o policial militar dispõe para intervir de forma efetiva e segura (armamento, 
colete balístico, equipamento para comunicação, veículos, entre outros). 
 
 
3 A palavra “repressivo” admite conotação depreciativa relacionada, principalmente, a fatores históricos, políticos, 
culturais e ideológicos referentes à tríade classe, raça e gênero. Contudo, no âmbito da atividade policial-militar, 
o termo é empregado para caracterizar ações de cunho técnico e profissional voltadas a coibir atos ilícitos que 
ameaçam direitos fundamentais. 
 
20 
 
e) Etapa 5 – avaliação dos possíveis resultados: é a análise da relação custo-benefício 
da intervenção policial-militar diante de cada situação de risco. Cabe ao policial militar 
estimar quais serão os resultados de suas ações e seus reflexos na defesa da vida e das 
pessoas, no reforço de um cenário de paz social e na imagem da PMMG. 
 
3.2 Aplicação 
 
A Avaliação de Riscos possibilita o uso de técnicas e táticas adequadas às diversas formas 
de intervenção policial (ver Intervenção Policial – Seção 5). 
 
Para cada nível de risco determinado, haverá condutas operacionais pré-estabelecidas 
como referência para a ação policial-militar, cabendo-lhe selecionar os procedimentos mais 
adequados a cada situação. 
 
Cada atuação da Polícia Militar é cercada de particularidades. Não existem ocorrências 
iguais, contudo é possível desenhar um conjunto de “situações básicas” que podem servir 
de modelos aplicáveis ao treinamento. 
 
A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e classificação de riscos 
em uma intervenção policial-militar viabiliza a seleção e a aplicação de procedimentos 
adequados à solução de problemas, como será visto na seção seguinte. 
 
 
LEMBRE-SE: não é possível afastar completamente o risco em uma 
intervenção policial militar, mas o preparo mental, o treinamento e a 
obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior 
de sucesso. 
 
21 
 
4 PENSAMENTO TÁTICO 
 
Pensamento tático é o processo de análise do cenário da intervenção policial-militar (leitura 
do ambiente). Consiste em mapear as diferentes áreas do “teatro de operações” em função 
dos riscos avaliados, identificar perímetros de segurança para atuação, priorizar os pontos 
que exijam maior atenção e tentar interferir no processo mental do agressor, limitando sua 
ação. 
 
Enquanto o preparo mental ocorre antes da intervenção, o pensamento tático ocorre 
concomitantemente com a avaliação de riscos, sendo importantes componentes do 
diagnóstico provável da intervenção. Num processo dinâmico, atualiza-se em função da 
evolução da ocorrência. 
 
 
 
 
 
4.1 Quarteto do pensamento tático 
 
O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de segurança, área de risco, ponto 
de foco e ponto quente. 
 
Figura 1 - Quarteto do pensamento tático 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
AVALIAÇÃO DE RISCOS + PENSAMENTO TÁTICO = 
DIAGNÓSTICO PROVÁVEL DA INTERVENÇÃO 
 
22 
 
Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá melhores condições para avaliar e reagir 
adequadamente aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo sob estresse. 
 
O emprego do pensamento tático permite ao policial militar: 
 
 Dividir em diferentes níveis de perigo o local onde se encontra ou para onde se dirige 
(“teatro de operações”); 
 
 Formular um plano de ação; 
 
 Estabelecer prioridade para dirigir a atenção e determinar pontos que devam ser 
controlados; 
 
 Manter segurança individual e da equipe no desenrolar da ocorrência; 
 
 Controlar ameaças que possam surgir. 
 
Os conceitos que se seguem devem ser entendidos de maneira ampla e sistêmica, sendo 
adaptáveis às diversas situações operacionais: 
 
a) Área de segurança 
 
É a área na qual a Polícia Militar tem o domínio da situação, não havendo, presumidamente, 
riscos à integridade física e à segurança dos envolvidos. É o espaço onde o policial militar 
deve, primeiramente, se colocar durante a intervenção, evitando se expor a perigos 
desnecessários. 
 
Exemplo: Manter-se abrigado nos arredores de uma residência já cercada por policiais 
militares, devidamente protegidos onde, no interior da edificação, se encontra o suspeito da 
prática de um delito, armado. 
 
b) Área de risco 
 
Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro de operações”, onde há maior 
probabilidade de existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo a integridade 
física e a segurança dos envolvidos. Via de regra, o policial militar não deve estar neste 
espaço sem controlá-lo. É a área na qual o policial militar não detém o domínio da situação, 
 
23 
 
por ainda não ter realizado buscas, torna-se, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e 
por isso requer que os riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados (ver Avaliação de 
Riscos – seção 3).Exemplo: o interior de uma residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito, 
considerando que os policiais militares já dominaram os arredores da edificação. 
 
 
 
 
c) Ponto de foco 
 
Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem monitoramento 
específico e demandam imediata atenção do policial militar, uma vez que deles podem 
surgir ameaças que representem risco à segurança dos envolvidos, ou seja, elementos no 
ambiente para os quais há a convergência do pensamento, acerca do risco real ou potencial 
que representa para a atuação policial, e que demandam cautela na conduta operacional. 
Portas, janelas, escadas, corredores, partes dos veículos, obstáculos físicos, escavações, 
uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de atuação que possa oferecer ameaça, 
mesmo que não imediatamente visível ou conhecida. 
 
Exemplo: Uma porta que dá acesso a um dos cômodos do interior da residência, 
considerando que os policiais encontram-se no interior da residência executando um 
adentramento tático. 
 
d) Ponto quente 
 
Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior potencial de se 
tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente monitorados 
para garantir a segurança de todos os envolvidos. O policial militar direcionará sua atenção, 
energia e habilidade para essas fontes a fim de responder adequadamente, considerando os 
princípios e as regras para o uso da força. 
 
Seguindo o exemplo da alínea “c) Ponto de foco”, o ponto quente será o suspeito da prática 
de um delito, que está posicionado na porta que dá acesso a um dos cômodos. 
É necessário compreender que a definição do que será ponto de foco e ponto quente ocorre 
de maneira contínua e dinâmica, decorrente da avaliação de riscos. Isso permite ao policial 
ATENÇÃO! O policial militar para adentrar a área de risco deve 
considerar os perigos que ali se encontram. 
 
24 
 
militar reclassificá-los à medida que os locais de onde podem partir as ameaças vão sendo 
identificados e/ou controlados, mais especificamente. 
 
No exemplo anterior, no primeiro momento, o suspeito na porta foi definido como um ponto 
quente. Contudo, quando o policial militar identifica que ele está com uma arma de fogo, a 
partir de então, o abordado será considerado como um ponto de foco e suas mãos passam 
a ser o ponto quente. 
 
Outro exemplo: um veículo suspeito será considerado ponto de foco e um indivíduo que está 
em seu interior o ponto quente. Esse mesmo indivíduo poderá tornar-se o ponto de foco e 
suas mãos serão definidas como o ponto quente. Igual atenção deverá ser dada às janelas, 
portas e porta-malas, pois são locais prováveis para o surgimento de ameaças (pontos 
quentes). 
 
4.1.1 Leitura do ambiente 
 
Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que levam à 
identificação dos riscos presentes numa intervenção policial: 
 
 Onde estão os riscos potenciais nesta situação? 
 
Ao se aproximar de uma residência para atendimento de uma ocorrência, uma mulher sai 
correndo de dentro da casa na direção ao policial militar. Considere, a mulher, em si mesma, 
é uma ameaça? 
 
Onde estão as portas e janelas das quais o policial militar pode ser visto ou atingido por 
alguém que se encontre dentro da residência? Que outros locais podem abrigar um 
agressor que não foi visto? 
 
 Esses riscos estão controlados? 
 
Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial militar ainda não controla. 
Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle visual de pelo menos um policial 
militar é um risco que não se controla. No exemplo, o policial militar não deve se colocar 
parado no passeio em frente à residência, exposto a tais pontos de foco, pois aumenta o 
perigo potencial de sofrer um ataque. 
 
 
25 
 
 Se esses riscos não estão controlados, como fazer para controlá-los? 
 
Nesse exemplo, o policial militar pode considerar os possíveis abrigos próximos: uma 
grande árvore, uma coluna de varanda, um carro estacionado, uma caçamba ou outro meio 
de proteção. Abrigado numa área de segurança, o policial militar utiliza a verbalização para 
identificar e direcionar a mulher para uma posição segura e, simultaneamente, checa, 
periodicamente, o ambiente em sua volta, avalia a área de risco, identifica os pontos de foco 
e visualiza os pontos quentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1.2 Alinhamento com os estados de prontidão 
 
É possível alinhar os conceitos do pensamento tático com o estado de prontidão. Quando o 
policial militar se aproxima da área de risco e começa a analisá-la, o seu estado de 
prontidão deve ser o de alerta (laranja), precavendo-se contra situações adversas e estando 
consciente de que o perigo pode estar presente. 
 
Ao chegar ao local de intervenção, é necessário avaliar a área de risco, procedendo à 
identificação dos pontos de foco e seus pontos quentes. O policial militar deve questionar se 
é possível controlar todos os pontos (todas as pessoas e suas mãos, casas e suas janelas e 
portas, dentre outros). 
 
Ao identificar um ponto de foco, o policial militar deverá esforçar-se ainda mais para manter 
o controle visual da situação. O estado de prontidão poderá subir para o estado de alarme 
(vermelho), conforme o caso. O policial militar deverá estar atento e preparado para fazer 
uso da força diante de uma possível agressão. 
 
Quando o policial miliatar localiza um risco real no ponto quente, o estado de prontidão 
deverá atingir, definitivamente, o estado de alarme (vermelho), contribuindo para que o 
policial militar esteja em condições de controlar a ameaça. 
 
LEMBRE-SE: ao se colocar num estado de prontidão adequado, 
passando do estado de atenção (amarelo) para o estado de alerta 
(laranja) ou para o estado de alarme (vermelho), quando necessário, 
o policial militar estará melhor preparado para identificar os pontos 
de foco e seus pontos quentes. 
 
26 
 
Em algumas situações, a avaliação de riscos leva o policial militar à conclusão de que não 
possui condições suficientes (efetivo de policiais, armamento, treinamento, entre outros) 
para agir imediatamente (etapa 4 da avaliação de riscos). Nesse caso, recomenda-se ao 
policial militar algumas ações de primeiro interventor4: 
 
a) não adentrar a área de risco; 
b) conter a crise, ou seja, impedir que outras pessoas ou áreas sejam envolvidas; 
c) isolar o local; 
d) solicitar apoio via rede de rádio; 
e) iniciar a verbalização. 
 
O objetivo do policial militar em uma ocorrência é, de modo geral, impedir o agravamento de 
qualquer situação e solucionar os problemas. Quando o policial militar não se expõe a 
perigos desnecessários e trabalha sem invadir a área de risco, identificando e controlando 
os pontos de foco, ele possui mais chances de evitar confronto direto e terá mais tempo e 
maior segurança para decidir quando e como agir. 
 
Em situações em que há mais de um policial militar, é possível dividir os pontos de foco de 
uma área de risco. O número de policiais militares empregados em uma intervenção deve 
ser, sempre que possível, capaz de proporcionar o controle de todos os pontos de foco e 
seus pontos quentes. 
 
Algumas vezes, policiais militares se concentram em um mesmo ponto de foco deixando 
outros sem controle. Todos os pontos de foco devem estar sob vigilância e, para isso, 
deverá ocorrer uma ação coordenada por parte dos policiais. Jamais um ponto de foco pode 
ser desconsiderado. 
 
O policial militar que verbaliza manterá contato visual com o abordado, sempre olhando para 
ele. Isso interferirá no processo mental do agressor, reduzindo sua capacidade de reação. 
 
Se uma ameaça real surge de um ponto de foco, a habilidade e o preparo mental para 
entender e controlar os seus pontos quentes serão os suportes para a resposta correta do 
policial militar. Nesse sentido, duas consideraçõessão importantes: 
 
 
 
4 Primeiro interventor é o primeiro policial que chega no local da ocorrência e inicia o protocolo de solução de 
crise, quando esta extrapola o atendimento rotineiro. 
 
27 
 
 Não dispersar e não dividir a atenção! 
 
Pode ser possível monitorar mais de um ponto de foco, ao mesmo tempo, pelo policial 
militar, dependendo da situação, da distância em que se encontram e do tempo necessário 
para a reação. Mas ele não conseguirá controlar, plenamente, mais de um ponto quente por 
vez. O estado de alarme (vermelho) demanda muita atenção quando um ponto quente é 
identificado, sendo necessário avaliar qual ameaça é a mais séria e imediata e nela 
concentrar esforços. Estando ela dominada, a probabilidade de agressão diminui. 
 
 Não confundir atenção concentrada com visão em Túnel; 
 
Em uma situação de risco iminente, o policial militar deve concentrar toda a sua força e 
energia para controlar a ameaça o mais rápido possível. Por outro lado, a “visão em túnel” 
ocorre quando o policial militar fixa seu olhar e sua atenção em apenas um ponto, perdendo 
a capacidade de percepção do que se encontra à sua volta. Como consequência, poderá 
eleger um objetivo incorreto ou um conjunto de ações inadequadas para atingi-lo. 
 
O policial militar, na sua prática operacional diária, deve lidar com a probabilidade de riscos, 
preparando-se para enfrentar ameaças onde quer que elas possam ocorrer. Não é possível 
eliminar todos os riscos da sua atividade, mas, usando corretamente os princípios do 
pensamento tático, haverá uma redução substancial do perigo. 
 
4.2 Processo mental da agressão 
 
Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o policial militar, da 
seguinte maneira: 
 
 Identificar: captar o estímulo por meio da visão, dos sons ou de outra forma de perceber 
a presença do policial militar; 
 
 Decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para o ataque ou ocultar-se; 
 
 Agir: colocar em prática aquilo que decidiu. 
 
Conhecer esse processo é identificar os estágios de pensamento que uma pessoa seguirá 
para agredir o policial militar. Utilizar essa informação no contexto das ações e operações 
possibilita minimizar ou evitar uma ameaça direta. 
 
28 
 
Usualmente, as etapas do processo mental da agressão percorridas pelo suspeito ocorrem 
nesta sequência (IDENTIFICAR, DECIDIR E AGIR), porém, ocasionalmente, podem não 
ocorrer nesta ordem. Exemplo: o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar, 
apontada para a esquina de um beco em um aglomerado urbano, antes mesmo de 
identificar um alvo. 
 
Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo de 
pensamento para percorrer. Isso coloca o policial militar em desvantagem, pois, enquanto o 
agressor passa por TRÊS fases para executar o ataque, o policial militar passa por 
QUATRO fases, a fim de responder a ameaça. 
 
 
 
 
Após identificar a provável agressão, o policial militar deve se certificar para depois decidir e 
agir em consonância com os princípios do uso da força (legalidade, necessidade, 
proporcionalidade), e com os parâmetros éticos. A interpretação da execução do ato policial 
varia de acordo com a situação fática. 
 
O conhecimento do processo mental do agressor propicia a construção de ideias em um 
pequeno espaço de tempo para antecipar o perigo, identificar e entender o ato de agressão 
que está ocorrendo. Sabendo que o tempo para reagir é curto, a melhor maneira de 
trabalhar com essa desvantagem é alongar e manipular o processo mental do agressor. 
 
Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as possíveis desvantagens entre os 
processos mentais do agressor e do policial militar: 
 
a) ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o policial militar está, ele terá 
dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque. Assim, poderá atirar ou atacá-lo a esmo, 
em um “esforço cego” para atingi-lo, mas, muito provavelmente, sua tentativa será inútil, 
caso o policial militar se encontre devidamente abrigado e coberto (oculto) na área de 
segurança. 
 
b) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado em 
relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito, surpreendendo-o 
e reduzindo seu tempo de reação. 
 
IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR 
 
 
29 
 
c) distância: de uma maneira geral, o policial militar deverá manter- se a uma distância que 
dificulte qualquer tipo de ação por parte do abordado. Certamente, se um ataque físico é a 
preocupação, quanto maior a distância a ser percorrida pelo agressor para atacar, mais 
tempo ele demorará para atingir o policial militar que, por sua vez, terá mais tempo para 
identificar, certificar, decidir e repelir a ameaça. 
 
Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as chances do policial militar ser atingido. 
O policial militar estará mais seguro, quando permanecer a uma distância adequada e sob a 
proteção de um abrigo. Principalmente considerando se tratar de infratores com armas 
brancas, onde o policial poderá usar a regra de Tueller5 ou regra dos 21 pés (6,4 metros). 
 
d) autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os policiais militares, 
frequentemente, abreviam boas táticas ou se lançam dentro da área de risco na presença 
de um suspeito potencialmente hostil. Por outro lado, se o policial militar faz com que ele 
venha até a área de segurança, que está sob seu controle, estará provavelmente 
interferindo em todo o processo de pensamento do agressor, desarticulando, desse modo, 
suas ações. 
 
e) proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre todos. Se o policial militar 
pode posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente o proteja dos tiros e, ao movimentar-
se, utiliza abrigos, um agressor terá muita dificuldade em atacá-lo com sucesso. O abrigo 
também lhe dará mais tempo para identificar qualquer outra ameaça que se apresente. 
 
Em resumo, o policial militar deve procurar aumentar o tempo de decisão do agressor, 
enquanto simplifica e encurta o seu próprio processo mental. Entender este processo 
ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecendo perímetros de segurança e determinando 
corretamente as prioridades, segundo os respectivos pontos de foco que se apresentarem. 
 
5 Sargento Dennis Tueller, do Departamento de polícia de Utah (Estados Unidos) criou a Regra de Tueller ou 
regra dos 21 pés (6,4 metros). A regra estabelece que esta distância é a mínima para ter possibilidades de se 
defender com uma arma de fogo, diante de uma agressão com arma branca, considerando a arma no coldre em 
condições de disparo. 
 
30 
 
5 INTERVENÇÃO POLICIAL 
 
Entende-se por intervenção policial, a ação ou a operação que empregam técnicas e táticas 
policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo prioritário a promoção e a 
defesa dos direitos fundamentais da pessoa. Toda intervenção policial deve ser 
transformadora da realidade, objetivando, de modo geral, a prevenção e a resolução de 
conflitos, o combate ao crime e à violência, a preservação da ordem e a garantia do 
cumprimento da lei. 
 
Uma intervenção da Polícia Militar pode ter como objetivos: o esclarecimento de dúvidas ou 
o fornecimento de informações junto a um transeunte; a realização de uma busca pessoal, 
em um veículo ou em uma edificação; uma ação de auxílio a uma pessoa acidentada ou 
perdida; o cumprimento de mandado de prisão; a imobilização, a algemação e a condução 
de pessoas; disparar arma de fogo de acordo com os princípios do uso da força e outras 
formas de contato do policial militar com a sociedade. 
 
Ao iniciar uma intervenção, o policial militar deve observar os aspectos éticos, normativos e 
técnicos que regulam e orientam a sua execução. O conhecimento do conjunto normativo, 
somado ao treinamento diuturno, garantirá o sucesso dessas ações. 
 
5.1 Níveisde intervenção 
 
Os Níveis de intervenção são classificações em função da respectiva avaliação de risco 
(ver Avaliação de Riscos – seção 3), que podem ser adotadas como referência para a 
atuação policial-militar. Estão estruturados em três níveis: 
 
a) Intervenção nível I: adotada nas situações de caráter preventivo, educativo e 
assistencial. A finalidade das ações policiais militares neste nível é promover um ambiente 
seguro por meio de patrulhamento ordinário e contatos com a comunidade, para prevenir, 
educar e assistir (risco de nível I). No entanto, é sempre necessário lembrar que as 
situações rotineiras não podem provocar diminuição no nível de atenção do policial militar. O 
estado de prontidão, neste tipo de intervenção, deverá iniciar no estado de atenção 
(amarelo). O policial militar deve estar preparado para o caso da situação evoluir e ser 
necessário fazer o uso da força. 
 
b) Intervenção nível II - adotada nas situações em que haja a necessidade de 
verificação preventiva. Neste caso, a avaliação de riscos indica que existe indício de 
 
31 
 
ameaça à segurança (do policial militar ou de terceiros). Assim, o policial militar deverá 
manter-se em condições de respondê-la. (Risco nível II e estado de alerta - laranja). Neste 
tipo de intervenção, além das ações descritas no nível 1, podem ser realizadas buscas em 
pessoas, veículos ou edificações, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações com algum 
risco já conhecido (indício) e o policial militar deverá estar pronto para enfrentá-lo. 
 
Exemplo: abordagem a pessoa ou veículo com características semelhantes às de 
envolvidos em delitos; execução de patrulhamento e verificações em locais com histórico de 
violência. 
 
c) Intervenção nível III: adotada nas situações em que há certeza do cometimento da 
infração, caracterizando ações repressivas. Neste caso, a avaliação de riscos indica a 
iminência de algum tipo de agressão (Risco de nível III e estado de alarme - Vermelho). Os 
policiais militares deverão estar prontos para o emprego de força, quando assim a situação 
exigir, sempre com segurança, e observando os princípios da legalidade, necessidade e 
proporcionalidade. (ver Uso da força - Seção 7). 
 
Exemplo: um infrator avistado no momento de uma ameaça direta à vítima ou que, logo 
após, empreende fuga e é perseguido pela polícia; um agente de crimes procurado pela 
Justiça e que é identificado pelo policial militar. 
 
5.2 Etapas da intervenção 
 
Uma intervenção policial-militar deve ser dividida em etapas para garantir o seu sucesso: 
 
a) Etapa 1 - DIAGNÓSTICO: elaborado a partir das informações sobre o motivo, o abordado 
e o ambiente, obtidas por meio da avaliação de risco e do pensamento tático. 
 
b) Etapa 2 - PLANO DE AÇÃO: consiste na decisão, acerca das atribuições de cada policial 
militar, dos métodos e procedimentos para alcançar objetivos da intervenção. Os policiais 
militares, trabalhando em equipe, devem ter atitudes coerentes entre si, fruto de uma 
mesma avaliação de risco e um consequente escalonamento da força. É imprescindível 
considerar os dados que subsidiaram o diagnóstico, os fundamentos da abordagem, os 
princípios do uso da força e os recursos disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de 
ação pode ser elaborado de forma simples e verbal, ou exigir maior estruturação, conforme 
a avaliação da complexidade. 
 
 
32 
 
O policial militar precisa responder às seguintes perguntas: 
 
- Porque estamos intervindo? 
- Quem ou o quê iremos abordar? 
- Onde se dará a intervenção? 
- O que fazer? 
- Como atuar? 
- Qual a função e a posição de cada policial militar? 
- Quando intervir? 
 
c) Etapa 3 - EXECUÇÃO: é a ação propriamente dita, resultante das fases anteriores. 
Consiste na aplicação prática do plano de ação, bem como da adoção de medidas 
decorrentes da própria intervenção (prestação de auxílio ou orientação, busca pessoal, 
prisão e/ou condução do agente e o registro do fato em Boletim de Ocorrência/Registro de 
Evento de Defesa Social(BO/REDS). 
 
d) Etapa 4 - AVALIAÇÃO: as condutas individuais e do grupo, os resultados alcançados e 
as falhas notadas em cada intervenção devem ser, posteriormente, discutidas e analisadas, 
e possíveis correções devem ser apresentadas, visando aperfeiçoar as competências 
profissionais. 
 
Figura 2 - Etapas da intervenção policial 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
 
33 
 
5.3 Abordagem policial 
 
Na relação cotidiana entre a Polícia Militar e a comunidade, a abordagem policial é a forma 
de intervenção policial mais comum, sendo executada em todos os níveis, como veremos a 
seguir. 
 
Trata-se de um conjunto de ações policiais militares ordenadas e qualificadas para que o 
policial militar possa se aproximar de pessoas, veículos ou edificações com o intuito de 
orientar, identificar, advertir, realizar buscas e efetuar detenções. Para tanto, utiliza-se de 
técnicas, táticas e meios apropriados que irão variar de acordo com as circunstâncias e com 
a avaliação de risco. 
 
Qualquer contato do policial militar com as pessoas, decorrente da atividade profissional, é 
considerada abordagem. Exemplos: orientações diversas, coleta de informações, contatos 
comunitários, medidas assistenciais, buscas pessoais, imobilizações físicas, prisão e 
condução. 
 
O contato físico, necessário e inevitável em alguns tipos de abordagem (aquelas que geram 
busca pessoal, principalmente), se torna um momento crítico, tanto para os policiais 
militares quanto para os envolvidos. Por um lado, o abordado pode se sentir constrangido 
pela intervenção à qual foi submetido e, por outro, pode oferecer riscos ao policial militar. 
Por isso, ao realizar este procedimento, deve-se atuar, respeitando a dignidade e os direitos 
fundamentais, sem descuidar-se das medidas de segurança. 
 
Na abordagem policial, a busca pessoal, prevista e fundamentada no art 244 do Código de 
Processo Penal, é realizada de ofício a partir de circunstâncias de fundada suspeita e que 
se impõe, independentemente, de concordância da pessoa (ver MTP 02). 
 
A posição em que o policial militar sustenta sua arma durante a abordagem dependerá da 
avaliação de riscos da intervenção. O policial militar deve manter-se sempre atento ao 
comportamento do abordado e não descuidar da sua segurança. 
 
Quando, inicialmente, o abordado não apresentar indícios de suspeição, como nos casos de 
orientação ou assistência, a abordagem poderá ser iniciada com a arma no coldre ou 
localizada. 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.3.1 Fundamentos da abordagem policial a pessoa em atitude suspeita 
 
Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar deverá observar a sigla SSRAU6, 
indicativa dos fundamentos da abordagem elencados abaixo, para potencializar suas ações 
e assegurar que o objetivo proposto seja alcançado: 
 
a) Segurança: caracteriza-se por um conjunto de medidas adotadas pelo policial militar para 
controlar e mitigar os riscos da intervenção policial. Antes de agir, o policial militar deverá 
identificar a área de segurança e a área de risco, monitorar os pontos de foco, controlar os 
pontos quentes e certificar-se de que o perímetro está seguro. Sempre que possível, o 
policial militar deverá agir com supremacia de força; 
 
 
6 SSRAU é um processo mnemônico, descrito no Manual Básico de Policiamento Ostensivo Geral. 
ATENÇÃO! Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e 4, descritas na 
seção 7.2.3 sobre o uso de arma de fogo, LEMBRE-SE SEMPRE: 
 
ARMA LOCALIZADA: Adotada em casos de possibilidade de ruptura da 
normalidade com a percepção de que a situação pode agravar-se – RISCO 
NIVEL I ou II; 
 
ARMA EM GUARDA-BAIXA: Adotada em deslocamentos táticos e 
situações nas quais existem fundada suspeita, mas que a intervenção 
policial-militar consiste numa averiguação preventiva(análise subjetiva) – 
RISCO NIVEL II; 
 
ARMA EM GUARDA-ALTA: Adotada em deslocamentos táticos e situações 
onde há risco potencial ou real à segurança do policial militar e terceiros 
(análise subjetiva) – RISCO NIVEL II ou III de acordo com a avaliação de 
risco; 
 
ARMA EM PRONTA-RESPOSTA: Adotada em situações onde está 
ocorrendo risco real à segurança do policial militar e terceiros (percepção 
objetiva) – RISCO NÍVEL III. 
 
35 
 
b) Surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado em 
relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito, surpreendendo-o 
e reduzindo seu tempo de reação. 
 
c) Rapidez: é a velocidade com que a ação policial-militar é processada, o que contribui 
substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não se pode confundir rapidez com 
afobamento ou falta de planejamento. Em uma abordagem que resulta em busca pessoal, o 
policial militar deve usar todo o tempo necessário para uma verificação exaustiva por objetos 
ilícitos ou indícios de crime; 
 
d) Ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do policial militar na ação, por meio de uma 
postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não se confunde com truculência. O 
policial militar deve ser firme e direto, porém cortês, sereno, demonstrando segurança, 
educação e bom senso adequado às circunstâncias da intervenção; 
 
e) Unidade de comando: é a coordenação centralizada da intervenção policial-militar que 
garante o melhor planejamento, fiscalização e controle. Da mesma forma, cada policial 
militar envolvido na abordagem deve conhecer sua tarefa e qual a sua função específica 
naquela intervenção, interagindo de forma harmônica, sabendo a quem recorrer, 
respeitando a cadeia de comando. 
 
 
 
 
 
 
A aplicação dos conceitos apresentados nesta seção e a observação das etapas da 
intervenção e dos fundamentos da abordagem são essenciais para o resultado satisfatório 
das intervenções policiais. 
 
A educação e a polidez devem sempre ser observadas nas abordagens, uma vez que 
alguns desfechos são agravados pela postura inadequada adotada pelo policial militar. 
 
 
 
 
LEMBRE-SE: O treinamento constante propicia condições ao policial 
militar para agir com rapidez, sem descuidar dos princípios da 
segurança. 
 
36 
 
5.4 Requisitos básicos para intervenção policial-militar7 
 
a) Conhecimento da missão: o desempenho das funções de Policiamento Ostensivo 
impõe, como condição essencial para eficiência operacional, o completo conhecimento da 
missão, que tem origem no prévio preparo técnico-profissional, decorre da qualificação geral 
e específica e se completa com o interesse do indivíduo. 
 
b) Conhecimento do local de atuação: compreende o conhecimento dos aspectos físicos 
do terreno, do interesse policial-militar, assegurando a familiarização indispensável ao 
melhor desempenho operacional. 
 
c) Relacionamento: compreende o estabelecimento de contatos com os integrantes da 
comunidade, proporcionando a familiarização com seus hábitos, costumes e rotinas, de 
forma a assegurar o desejável nível de controle policial-militar, para detectar e eliminar as 
situações de risco, que alterem ou possam alterar o ambiente de tranquilidade pública. 
 
d) Postura e compostura: a atitude, compondo a apresentação pessoal, bem como, a 
correção de maneiras no encaminhamento de qualquer ocorrência influem decisivamente no 
grau de confiabilidade do público em relação à Corporação e mantém elevado o grau de 
autoridade do policial militar, facilitando-lhe o desempenho operacional. 
 
e) Comportamento na ocorrência: o caráter impessoal e imparcial da ação policial-militar 
revela a natureza eminentemente profissional da atuação, em qualquer ocorrência, requer 
que seja revestida de urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, sobretudo, 
isenção. 
 
 
7 Conforme "Procedimentos Básicos" do Manual Básico de Policiamento Ostensivo. 
 
37 
 
6 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO 
 
A comunicação é um grande facilitador para o sucesso da atuação policial nas diversas 
interações com o público, como um dos fatores mais importantes das intervenções policiais 
militares, se bem realizado propiciará a melhoria da sensação de segurança e facilitará, 
entre outros aspectos, as ações durante a abordagem propriamente. Por isso, o policial 
militar deve dar atenção a este processo, para maximizar resultados positivos na sua 
atividade profissional. 
 
A comunicação é um processo de interação estabelecida no mínimo entre duas pessoas, 
construindo entre ambas um intercâmbio de sentimentos e ideias. Este processo, por si só, 
já remete a uma série de interpretações diferenciadas, pois, com características únicas que 
temos, podemos entender distintamente as mensagens. Isso significa que, cada pessoa, 
que se passa a considerar como interlocutor, troca informações baseadas em seu repertório 
cultural, sua formação educacional, vivências, emoções e toda a "bagagem" que traz 
consigo, assim como, o receptor agirá da mesma maneira, segundo o seu próprio filtro 
cultural. 
 
A maior dificuldade de interpretação está em fatores como a escolha de palavras utilizadas 
na fala e na escrita, gestos e postura corporal, bem como o meio pelo qual a mensagem é 
transmitida e estabelecida. Este canal também pode estar sujeito aos ruídos (celulares que 
tocam em hora errada, barulho do trânsito, tom de voz alto ou baixo demais) e tantos outros 
problemas que atrapalham a compreensão da mensagem enviada. A falta de clareza e a 
adequação para o tipo de público, a impropriedade da técnica, a urgência com que a 
mensagem é transmitida, e outros fatores, podem dificultar ou mesmo impossibilitar a 
compreensão. 
 
A escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis devem ser 
observadas de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de ruídos possível. O 
sucesso na comunicação não depende só da forma como a mensagem é transmitida, a 
compreensão dela é fator fundamental, lembre-se que vivemos em sociedade de cultura 
diversificada, e o que às vezes parece óbvio para você para seu interlocutor não é. 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: Para que a comunicação atinja o seu objetivo, o melhor 
caminho é a simplicidade. 
 
38 
 
Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o receptor de forma 
clara, fácil e possível de ser entendida. 
 
 Emissor é aquele que fala, escreve, desenha, faz mímica; é o ponto de onde parte a 
mensagem; 
 Receptor é aquele que quer ou precisa ouvir e aprender; é o destinatário da mensagem; 
 Mensagem é o conteúdo do que se quer dizer e comunicar. 
 
6.1 Comunicação na intervenção policial 
 
Para potencializar o uso da comunicação nas intervenções policiais militares, serão 
apresentadas, a seguir, algumas orientações baseadas em áreas específicas do 
conhecimento (fonoaudiologia, psicologia e neurolinguística). 
 
O primeiro contato com o abordado é de fundamental importância, haja vista que irá 
construir mentalmente uma imagem do policial militar (e da Polícia Militar), por meio da 
análise da postura, apresentação pessoal e, principalmente, da fala e gestos. Esses fatores 
contribuem para a credibilidade, legitimidade e confiança na autoridade. Mesmo quando não 
está realizando um contato, ou fora do serviço, sua postura deve ser exemplar, porque esse 
é o primeiro aspecto que se avalia. 
 
O processo de comunicação decorre dessa avaliação prévia do cidadão e é moldado pela 
maneira como o policial conduz a interação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o alcance dos objetivos 
institucionais e, consequentemente, para a boa imagem e a legitimidade de suas 
intervenções. Dentre elas, o policial militar deve ser: 
 
A APRESENTAÇÃO PESSOAL É O CARTÃO DE VISITA DO POLICIAL MILITAR. 
 
Uma boa imagem é representada por detalhesimportantes como: fardamento limpo e 
adequado e cuidados com a higiene pessoal, dentro dos padrões estabelecidos pelas 
normas da PMMG. Outros comportamentos como o uso irregular de cobertura e de 
acessórios exóticos ou extravagantes transmitem a ideia de descaso e relaxamento. 
 
39 
 
 firme: agir de forma segura, estável, constante, comunicando de maneira polida e sem 
truculência; 
 
 justo: atuar de acordo com o ordenamento jurídico e em conformidade com os princípios 
éticos, respeitando a dignidade da pessoa; 
 
 cortês: o policial militar deve ser educado, atencioso e solícito. A seriedade e a firmeza 
necessárias não podem ser confundidas com indiferença ou grosseria. 
 
O diálogo entre o policial militar e o abordado pode ser prejudicado e sofrer interferências 
diante de uma postura que denote agressividade, arrogância ou descaso. 
 
Exemplo: o policial militar que aponta o dedo indicador para o abordado, ou se lhe apresenta 
com os braços cruzados ou com o rosto sisudo. 
 
Ao dirigir-se às pessoas, o policial militar não deve fazer uso de gírias ou palavras 
vulgares porque transmitem uma má impressão e afetam a credibilidade junto aos 
envolvidos. Mantendo uma linguagem firme e cordial, o policial militar demonstra 
profissionalismo e controle da situação. 
 
Outro aspecto importante da comunicação é o volume da voz. O policial militar deve atentar 
para este aspecto, a fim de facilitar sua comunicação, adequando-o às diversas situações, 
podendo modificá-lo para alcançar melhor seu objetivo. O volume da voz deve se adaptar ao 
nível de cooperação do abordado, devendo aumentar ou diminuir, conforme o nível de força 
empregado. O som da voz deve chegar claramente ao ouvinte, para que ele possa entender 
e interagir com o policial militar. 
 
Cabe ao policial militar fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso da voz a cada 
situação, lembrando que o volume muito baixo inviabiliza a comunicação, por dificultar o 
entendimento, e o volume muito alto, quando desnecessário, pode se tornar agressivo, 
incômodo e deseducado. Devem ser levadas em consideração as possíveis interferências 
sonoras (ruídos) presentes em um determinado ambiente. 
 
Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de uma pessoa), a 
dicção (pronúncia correta dos sons das palavras) e a velocidade com que se fala são 
determinantes para a qualidade da comunicação estabelecida. Nos treinamentos, o policial 
militar deve buscar o timbre em que sua voz fique mais clara, pronunciar as palavras com 
 
40 
 
calma e correção e em velocidade que possibilite ao interlocutor compreender exatamente o 
que está sendo dito. A fala confusa ou vagarosa causa a impressão de indecisão ou 
desânimo, gera descrédito e insegurança. Em contrapartida, falar muito rápido denota 
ansiedade, dúvida e desatenção. 
 
O silêncio também pode transmitir mensagens não verbais. O policial militar, ao se 
comunicar, deve utilizar-se de pausas em suas falas, verificando o nível de cooperação do 
abordado, proporcionando tempo para que este entenda e cumpra o que lhe foi determinado. 
Pausas eficazes na interlocução e um processo de perguntas e respostas logicamente 
ordenadas podem ser determinantes para o sucesso da verbalização. 
 
Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física em seu 
entorno) que considera psicologicamente reservado para aqueles que são íntimos a ela. Ao 
aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, o policial militar invade este “espaço 
pessoal” e pode provocar, no abordado, o desejo inconsciente de afastar, fugir, ou defender-
se. Qualquer palavra dita nessa situação poderá soar agressivamente. 
 
Assim sendo, o policial militar deverá estabelecer o contato inicial com o abordado, a uma 
distância segura (ver MTP 02), para criar um vínculo verbal e de confiança. Por exemplo, 
numa intervenção nível I, pode “quebrar o gelo” com o uso do “aperto de mão”, 
demonstrando interesse ao também olhar diretamente nos olhos do interlocutor sorrindo. 
 
Numa intervenção nível II, explicando o que será realizado, antes de se aproximar, exemplo: 
 
“— Fique Parado! Vamos realizar uma busca pessoal. Você me 
entendeu?” 
Numa intervenção nível lII, dando comandos imperativos, como: 
“— Deite-se! Coloque as mãos sobre a cabeça!” 
 
É importante ressaltar que os elementos não verbais utilizados na comunicação durante a 
abordagem influenciam na percepção que policial militar e o abordado constroem um do 
outro. Por isso, os policiais militares devem estar atentos aos efeitos que suas mensagens 
não verbais provocam e, ao mesmo tempo, observar e retirar conclusões dos elementos 
emitidos pelo abordado. 
 
A comunicação bem trabalhada pode evitar o emprego de níveis de força superiores, 
facilitando o desenrolar das intervenções policiais. O policial militar passa a ter um maior 
 
41 
 
controle da situação, minimizando, em grande parte dos casos, a possibilidade de uma 
reação indesejada. 
 
O modo de agir, de se postar e falar com o abordado interfere diretamente na sua reação, 
auxilia no nível de cooperação e no acatamento das ordens. Dessa forma, a postura do 
policial militar, durante a abordagem, pode evitar manifestações de descontentamento que 
exijam a adoção de medidas coercitivas pela polícia, como os controles de contatos e os 
controles físicos, as técnicas de menor potencial ofensivo e, como medida extrema, o uso da 
arma de fogo. 
 
6.1.1 Verbalização durante a abordagem policial 
 
Uma das formas da comunicação é a verbalização. Verbalizar 8 significa expressar ou 
exprimir algo na forma de palavras. Na técnica policial-militar, o conceito de verbalização diz 
respeito ao uso da fala e de comandos verbais que, apesar de constituírem um dos níveis 
de uso da força, conforme seção 7, estarão presentes em todo tipo de intervenção policial-
militar. 
 
Nas teorias de comunicação, diz-se que, uma informação somente é eficaz quando 
apresenta, dentre outras, duas características fundamentais: 
 
 clareza: utilização de linguagem de fácil compreensão; 
 
 precisão: grau de detalhamento suficiente para produzir o resultado desejado (ser prático, 
objetivo, direto). 
 
As técnicas de comunicação estabelecem que antes mesmo de haver a troca de palavras 
propriamente dita entre as pessoas, existem elementos verbais e não verbais que interagem 
entre o emissor e receptor. 
 
O policial militar não deve alimentar a expectativa de que o abordado sempre se disponha a 
colaborar de forma espontânea. Assim, deve buscar o controle da situação por meio de uma 
verbalização adequada, emitindo ordens legais, claras, objetivas e pertinentes. 
Durante a abordagem, o policial militar deve explicar os motivos da intervenção e o 
comportamento que se espera do abordado. 
 
8 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
1993. 
 
42 
 
 
Ao abordar, não aponte o dedo indicador para a face do abordado, nem toque no seu corpo, 
salvo nos casos em que se faz necessário o controle de contato, o controle físico e a busca 
pessoal. Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua cooperação. 
 
 
 
 
 
 
 
O policial militar deve manter o equilíbrio e o autocontrole, mesmo se o abordado não 
obedecer, se fizer comentários ofensivos, ignorar a sua presença ou atrair a atenção de 
pessoas em volta. A linguagem que deve prevalecer é a do policial militar e não a do 
abordado. Manter um diálogo claro, direto, não emocional e sem abusos, demonstra 
profissionalismo e domínio da situação. Dessa forma, o policial militar ganha credibilidade 
junto à população e atrai a confiança de testemunhas, que poderão confirmar que foram 
dadas todas as chances ao abordado para cooperar, sem utilizar a força, mas que ele se 
recusou a acatar. 
 
O policial militar deve transmitir ao abordado

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