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Alisson Rocha O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição, e tem como objetivo permitir a preservação ou o pronto para o restabelecimento da ordem pública ou da paz social que estejam ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional, ou que tenham sido atingidas por calamidades naturais de grandes proporções. Novelino (2016, p. 775) indica a existência de pressupostos materiais e formais para sua instauração. Segundo o autor, [o]s pressupostos materiais são as condições fáticas exigíveis para a decretação do estado de defesa. A instauração desse estadode legalidade extraordinária depende, alternativamente, 'da existência de grave e iminente instabilidade institucional ou de calamidade de grandes proporções na natureza (CF, art. 136). Os pressupostos formais dizem respeito aos procedimentos exigíveis para a legitimidade das medidas a serem adotadas. Com relação aos pressupostos formais, ou seja, ao procedimento em si, a decretação do estado de defesa consiste em um ato privativo do Presidente da República, que deve ser precedido pela audiência do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional. O Conselho da República, cujas composição e função estão previstas nos artigos 89 e 90 da Constituição, é o órgão superior de consulta do Presidente da República, enquanto o Conselho de Defesa Nacional, cujas composição e funções estão previstas no artigo 91 da Constituição, embora também seja um órgão de consulta do Presidente da República, tem sua atuação restrita a assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. Assim, ouvidos os órgãos e presentes os requisitos previstos no caput do artigo 136 com relação à grave e iminente instabilidade institucional ou calamidades de grandes proporções na natureza que ameace ou atinja a ordem pública ou à paz social, o decreto que institui o estado de defesa poderá ser editado pelo Presidente. Fique de olho O Conselho da República, cujas composição e função estão previstas nos artigos 89 e 90 da Constituição, é o órgão superior de consulta do Presidente da República, enquanto o Conselho de Defesa Nacional, cujas composição e funções estão previstas no artigo 91 da Constituição, embora também seja um órgão de consulta do Presidente da República, tem sua atuação restrita a assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. Esse decreto deve determinar o tempo de duração do estado de defesa, bem como especificar as suas áreas de abrangência. O tempo de duração, no entanto, não pode ser superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez por igual período se persistirem as razões que justificaram a sua decisão. Segundo Tavares (2012, p. 1193), [s]ó se admite o estado de defesa quando a instabilidade ou calamidade puderem ser individualizadas em locais restritos e determinados. Consoante o disposto no art. 84, IX, da CF, a decretação do estado de defesa é ato político, privativo do Presidente da República. O processo de decretação do estado de defesa, assim como o de sua prorrogação, depende da apreciação do Congresso Nacional. Uma vez decretado, o Presidente deve submeter o ato e a sua respectiva justificativa ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. Se estiver em recesso, o Congresso Nacional deve ser convocado de forma extraordinária no prazo de cinco dias. De qualquer forma, o Congresso deve apreciar o decreto que institua o estado de defesa dentro do prazo máximo de dez dias de seu recebimento. Caso o decreto seja rejeitado, o estado de defesa cessará, já, no caso em que seja aceito, o Congresso não deixa de funcionar durante o estado de defesa. Com relação às medidas coercitivas que vigorarão com a instauração do estado de defesa, a Constituição admite que nessa hipótese é possível haver restrições aos direitos de: ❖ reunião, ainda que exercida no seio das associações; ❖ sigilo de correspondência; ❖ sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Além disso, admite-se a ocupação e o uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública. Com relação às prisões que venham a ocorrer na vigência do estado de defesa, a Constituição estabelece regras específicas. Dentre elas, o texto constitucional dispõe, por exemplo, que a prisão por crime contra o Estado que seja determinada pelo executor da medida coercitiva deverá ser comunicada imediatamente ao juiz competente. O juiz, por sua vez, poderá relaxar a prisão, no caso de falta de legalidade, e o preso pode requerer o exame de corpo de delito à autoridade policial. No estado de defesa, a comunicação da prisão deve ser acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação. Ademais, a prisão ou a detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo mediante autorização judicial e, mesmo na hipótese de estado de necessidade, é vedada a incomunicabilidade do preso.
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