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Apostila-Biologia-Geral

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1 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biologia Geral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 
2 O QUE É A BIOLOGIA? ............................................................................................ 5 
3 TEMAS UNIFICADORES DO ESTUDO DA VIDA ..................................................... 7 
4 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA ............................................................... 12 
5 UNIVERSO, SISTEMA SOLAR E PLANETA TERRA ............................................. 15 
5.1 Origem do planeta terra ........................................................................................... 17 
6 ORIGEM DA VIDA ................................................................................................... 19 
6.1 Abiogênese versus biogênese ................................................................................. 24 
6.2 Evolução das espécies ............................................................................................ 27 
7 SELEÇÃO NATURAL E EVOLUÇÃO ...................................................................... 34 
7.1 Tipos de Seleção ................................................................................................... 35 
7.2 Adaptação ................................................................................................................ 36 
8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS ................................................................ 37 
9 ECOLOGIA .............................................................................................................. 39 
9.1 Histórico da Ecologia Humana ................................................................................. 42 
9.2 Abordagens da Ecologia Humana ........................................................................... 44 
10 RELAÇÕES ENTRE A BIOLOGIA, SOCIOLOGIA E ECOLOGIA ........................... 46 
11 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS ........................................... 48 
12 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES ................................ 49 
12.1 Interações ecológicas ............................................................................................ 51 
13 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA ............................................................... 53 
14 DIFERENTES ECOSSISTEMAS DENTRO DA BIOSFERA .................................... 57 
15 NÍVEIS TRÓFICOS NOS ECOSSISTEMAS ............................................................ 64 
 
3 
 
 
16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 66 
16.1 Bibliografia Básica ................................................................................................. 66 
16.2 Bibliografia Complementar ..................................................................................... 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
 
O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala 
de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se 
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para 
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno 
faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço 
virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os 
cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina 
é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações 
propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe 
convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência 
a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
2 O QUE É A BIOLOGIA? 
 
Para começar a refletir sobre o tema deste capítulo, você deve se questionar o que 
é a biologia. 
A palavra biologia deriva de bio, que significa “vida”, e logos, que significa “estudo”; 
portanto, a biologia é o ramo da ciência que estuda os seres vivos. Os seres vivos são 
definidos como organismos descendentes de um ancestral comum, que surgiu há cerca 
de 3,5 milhões de anos devido à sua ancestralidade comum, os organismos vivos 
compartilham muitas características, apesar de serem incrivelmente variados. 
Mas, afinal, o que é vida? Essa questão, quando voltada à biologia, é traduzida 
para “Quais são as características dos seres vivos? Pois os biólogos reconhecem a vida 
em função das propriedades e dos processos dos organismos vivos. 
Veja, a seguir, algumas propriedades e processos que estão associados à vida. 
 
Célula: são todos os organismos vivos constituídos por uma ou mais células, 
alguns organismos vivos são unicelulares, constituídos por uma única célula, que realiza 
todas as funções da vida, ao passo que outros são multicelulares, formados por um 
conjunto de células especializadas, que realizam funções diferenciadas (SADAVA et al., 
2009). 
 
Adaptação evolutiva: os organismos vivos são geneticamente relacionados, ou 
seja, possuem um ancestral comum essa é a Teoria da Evolução, proposta por Charles 
Darwin, segundo a qual os organismos têm a capacidade de evoluir, ou seja, qualquer 
população de organismos apresenta variações genéticas, por meio da seleção natural, 
essas variações aumentam a probabilidade de um organismo se adaptar e sobreviver a 
determinadas condições ambientais. 
 
6 
 
 
Regulação: os organismos vivos podem regular o seu ambiente interno, ou seja, 
milhares de reações bioquímicas ocorrem dentro e entre as células, as quais devem ser 
precisamente controladas para que essas células realizem de maneira eficiente suas 
funções. 
 
Processamento de energia: os organismos vivos adquirem nutrientes a partir do 
ambiente para fornecer energia e construir novas estruturas, ou seja, alimentar-se 
fornece energia e nutrientes ao organismo, o que o mantém organizado e funcionando. 
Tendo diferentes organismos, obtêm energia de diferentes fontes, e são classificados 
como produtores e consumidores. 
Os produtores adquirem energia a partir do ambiente, produzindo seu próprio 
alimento. Por exemplo, as plantas são exemplos de produtores, uma vez que, a partir 
da energia solar, realizam a fotossíntese para produzir açúcares, que é a fonte de 
energia (alimento) da planta. Os consumidores obtêm energia e nutrientes ao 
alimentarem-se de outros organismos; um exemplo são os gafanhotos, que se 
alimentam de folhas (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011). 
 
Resposta ao ambiente: capacidade de reagir de acordo com as condições do 
meio em que o organismo vivo está inserido os organismos interagem continuamente e 
de muitas formas diferentes. Há interações com os fatores ambientais (solo, 
temperatura, umidade, entre outros) e interações entre organismos da mesma espécie 
(iguais) ou entre organismos de diferentes espécies (SADAVA et al., 2009). 
 
Crescimento, desenvolvimento e reprodução: os organismos vivos contêm 
informações genéticas para se reproduzir e perpetuar a própria espécie, e a informação 
genética herdada controla o padrão de crescimento de desenvolvimento de cada 
organismo vivo. Assim, o DNA é considerado a molécula característica da vida, pois é 
a base do crescimento, da sobrevivência e da reprodução de todos os organismos vivos. 
A reprodução refere-se aos mecanismos pelos quais os pais transmitem DNA aos 
 
7 
 
 
descendentes,o qual contém as informações que guiam o crescimento e o 
desenvolvimento do organismo. 
Para a biologia, essas são as características comuns a todos os organismos vivos 
assim, a cada novo organismo descoberto, essas características são avaliadas, a fim 
de compreender acerca da vida desse organismo. No entanto, algumas formas de vida 
podem não dispor de todas essas propriedades e processos ao mesmo tempo. Por 
exemplo, os vírus, embora não possuam células, provavelmente evoluíram de 
organismos celulares, e muitos biólogos os consideram organismos vivos (SADAVA et 
al., 2009). 
 
 
Fonte:www.pinterest.com/biologiag.com.br 
 
3 TEMAS UNIFICADORES DO ESTUDO DA VIDA 
 
 
8 
 
 
A biologia é um tema extremamente amplo, de modo que, diariamente, novas 
descobertas biológicas são realizadas, assim, as informações relacionadas ao estudo 
da vida devem ser ordenadas e concentradas de forma acessível em poucos e 
importantes tópicos. A partir disso, cinco temas unificadores foram definidos (REECE et 
al., 2015): 
 
 Organização; 
 Informação; 
 Energia e matéria; 
 Interações 
 Evolução. 
 
O tema organização consiste em uma organização hierárquica em níveis, e em 
cada nível é possível estudar a vida a partir de uma escala ampla (biosfera, 
ecossistema, comunidade, população, organismo, órgãos/sistema de órgãos) ou em 
uma escala micro (tecidos, células, organelas e átomos), observando a relação e a 
interação entre cada nível (REECE et al., 2015): 
A informação demonstra que os processos da vida envolvem a expressão e a 
transmissão de informação genética. A informação genética é codificada nas 
sequências de nucleotídeos do DNA, o qual transmite a informação hereditária dos pais 
para a prole. Sequências de DNA, denominadas gene, programam a produção proteica 
de uma célula, que, então, é traduzida em proteínas específicas, em um processo 
denominado expressão gênica (Figura 1). 
 
9 
 
 
 
Figura 1. O código genético é o protótipo da vida. As instruções para a vida estão contidas na 
sequência de nucleotídeos nas moléculas de DNA. Sequências de DNA específicas constituem os 
genes, e a informação em cada gene fornece à célula as informações de que ela necessita para 
produzir uma proteína específica. Fonte: Sadava et al. (2009, p. 7). 
Energia e matéria, como tema, demonstram que a vida requer a transferência e a 
transformação de energia e matéria. Todos os organismos devem desempenhar 
funções, o que requer energia. Por exemplo, os produtores convertem energia solar em 
energia química, parte da qual é passada aos consumidores. (REECE et al., 2015): 
Compostos químicos são ciclados entre os organismos e o ambiente, o que faz a 
energia fluir pelo ecossistema (Figura 2). 
 
10 
 
 
 
Figura 2. O fluxo de energia e a ciclagem química. O fluxo de energia segue uma direção única dentro 
de um ecossistema — por meio dos produtores e, depois, por meio dos consumidores. Fonte: Reece 
et al. (2015, p. 7). 
 
As interações, como tema unificador, são fundamentais para os sistemas 
biológicos, pois os organismos interagem continuamente com fatores físicos. Por 
exemplo, as plantas captam nutrientes do solo e compostos químicos do ar e utilizam a 
energia solar, ao passo que os organismos interagem uns com os outros, interação esta 
que pode ser tanto entre membros da mesma espécie como entre membros de espécies 
distintas (Figura 3) (REECE et al., 2015). 
 
11 
 
 
 
Figura 3. Interações de uma árvore de acácia africana com outros organismos e o ambiente físico. 
Fonte: Reece et al. (2015, p. 8). 
A evolução é o tema central da biologia, a qual consiste nos processos de 
mudanças que têm transformado a vida na Terra (REECE et al., 2015). 
É responsável pela uniformidade e a diversidade da vida, além de explicar as 
adaptações evolutivas e o ajuste de organismos aos seus ambientes (Figura 4). 
 
Figura 4. Evolução: modelo atual da evolução dos tentilhões nas Ilhas Galápagos. Observe os 
diferentes bicos, adaptados para as distintas fontes de alimento das diferentes ilhas. Fonte: Reece et 
al. (2015, p. 15). 
 
12 
 
 
As descobertas biológicas sobre os organismos vivos também podem ser 
generalizadas, uma vez que toda a vida está relacionada a descendentes provenientes 
de um ancestral comum, de modo que o conhecimento obtido a partir de investigações 
de um tipo de organismo, às vezes, pode ser generalizado para outros organismos. 
Dessa forma, os biólogos podem usar sistemas-modelo de pesquisa, devido à 
possibilidade de estenderem seus achados a outros organismos (SADAVA et al., 2009). 
 
4 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA 
 
Dentro dos temas unificadores da biologia, a organização surge como o primeiro 
item. Na Figura 1, foi observada a hierarquia da vida, que ocorre na seguinte ordem 
(organização): biosfera → ecossistema → comunidade → população → organismo → 
sistema de órgãos/órgão → tecido → célula → organela → molécula → átomo (Figura 
5). 
 
Fonte: www.biologianet.com 
 
13 
 
 
Detalhando um pouco mais os níveis de organização biológica, a biosfera, como o 
nível mais inclusivo, abrange todas as regiões continentais, oceânicas e a atmosfera, 
sendo constituída pelos diversos ecossistemas do nosso planeta. 
O ecossistema é constituído de uma comunidade, que interage com os ambientes 
físico e químico. Uma comunidade consiste em todas as populações de todas as 
espécies em uma área específica. Cada população consiste em um grupo de indivíduos 
do mesmo tipo de organismo ou espécie, que vivem em uma área específica. 
Um organismo é um indivíduo constituído por uma ou mais células. A célula é a 
unidade fundamental de estrutura e função da vida e, de acordo com a sua função, pode 
conter diferentes organelas. As organelas são componentes funcionais que compõem 
uma célula, e são formadas por diferentes moléculas, as quais são formadas pela união 
de átomos. Os átomos são estruturas fundamentais de todas as substâncias (vivas e 
não vivas) (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011). 
A partir dessa organização, os conceitos biológicos podem ser reduzidos em 
componentes mais simples e mais fáceis de se estudar (reducionismo). No entanto, ao 
observar a Figura 1, partido do átomo até a biosfera, pode-se verificar novas 
propriedades que, antes, estavam ausentes no nível anterior. Essas propriedades 
emergentes resultam das interações entre os componentes dos níveis anteriores. Por 
exemplo, as moléculas não são vivas se consideradas separadamente, porém, em certa 
quantidade e organização, as elas formam uma célula viva. Assim, a vida (uma 
propriedade emergente) aparece no nível da célula, mas não nos níveis inferiores da 
organização da natureza (REECE et al., 2015). 
Assim, a fim de aprofundar os conhecimentos acerca das propriedades 
emergentes, os biólogos complementam o reducionismo com a biologia de sistemas, 
que consiste na exploração de um sistema biológico a partir da análise das interações 
entre seus componentes (SADAVA et al., 2009; REECE et al., 2015). 
Em cada nível da hierarquia, é possível identificar uma correlação entre estrutura 
e função. O estudo de uma estrutura biológica apresenta evidências sobre o que ela faz 
e como funciona, assim como o estudo da função de uma estrutura biológica possibilita 
uma compreensão sobre sua estrutura e organização. Na hierarquia estrutural da vida, 
 
14 
 
 
a célula constitui a menor unidade de organização que é capaz de desempenhar todas 
as atividades necessárias para a vida. Todas as células compartilham certas 
características, por exemplo, todas as células são envoltas por uma membrana 
plasmática, que regula a passagem de substâncias entre a célula e o ambiente. 
Contudo, existem dois principais tipos celulares: procarióticos e eucarióticos. 
As organelas das células eucarióticas são envoltas por membrana, e algumas 
organelas, como o núcleo, são encontradas em célulasde todos os eucariotos. No 
entanto, algumas organelas são específicas de grupos celulares distintos (p. ex., o 
cloroplasto é encontrado apenas em células com capacidade fotossintetizante). As 
células procarióticas não possuem o núcleo ou outras organelas envoltas por 
membrana. Outra diferença é com relação ao tamanho das células: células procarióticas 
são geralmente menores do que as células eucarióticas (Figura 6) (SADAVA et al., 
2009; REECE et al., 2015). 
 
 
Fonte: www.disciplinascom.br 
 
 
 
15 
 
 
5 UNIVERSO, SISTEMA SOLAR E PLANETA TERRA 
 
A teoria do Big Bang descreve os primeiros momentos do Universo. Presume que 
o Universo iniciou a partir de um estado extremamente quente e extremamente denso, 
em que toda a matéria e toda a radiação estavam contidas num espaço infinitamente 
pequeno. A rápida expansão que então iniciou lembra muito uma explosão, mas na 
verdade não é uma explosão que ocorre em um ponto do espaço, e sim a geração de 
espaço em todos os pontos, que se expandem com o tempo e estima-se que tenha 
ocorrido há aproximadamente 14 bilhões de anos (MENDONÇA 2016). 
A matéria então existente concentrou-se em grupos, dando origem, ao longo do 
tempo, a grandes concentrações de corpos celestes, denominadas galáxias. Uma 
dessas galáxias, formada há cerca de 8 bilhões de anos, é a Via Láctea. 
 
 
Fonte: www.revistagalileu.globo.com 
 Como todas as galáxias, a Via Láctea é formada por numerosas estrelas e por 
outros corpos celestes. São conhecidas mais de 200 bilhões de estrelas na Via Láctea, 
sendo uma delas o Sol, que se formou há mais de 5 bilhões de anos. Ao redor do Sol 
 
16 
 
 
giram oito planetas conhecidos, sendo um deles a Terra. O conjunto formado pelo Sol, 
planetas, satélites, asteroides e outros corpos celestes que orbitam essa estrela 
constitui o Sistema Solar. Estima-se que os oito planetas do Sistema Solar, inclusive a 
Terra, formaram-se há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Além dos planetas, outros 
corpos celestes orbitam o Sol, como os asteroides, os satélites naturais (como a Lua) e 
os planetas-anões (MENDONÇA 2016). 
Seis bilhões de anos entre o Big Bang e a formação da Via Láctea, três bilhões 
entre a origem da Via Láctea e a do Sol e meio bilhão entre a formação do Sol e a 
origem da Terra. Assim, o nosso planeta formou-se, aproximadamente, nove bilhões e 
meio de anos após o Big Bang. 
O Sol e todos os demais corpos do nosso Sistema Solar devem ter sido formados 
a partir da poeira cósmica e de gases, que se aglomeraram em um determinado ponto 
da Via Láctea. 
Inicialmente, ao longo de milhões de anos, essa poeira e esses gases foram se 
agregando, formando uma enorme massa, cujo elemento mais abundante era o 
hidrogênio, que deu origem ao Sol. A temperatura central dessa massa precursora do 
Sol tornou-se muito alta, desencadeando contínuas reações de fusão nuclear, que 
continuam até hoje, com formação de hélio a partir de hidrogênio. É em consequência 
dessas reações que o Sol libera enorme quantidade de energia, sob a forma de calor e 
de luz (MENDONÇA 2016). 
As reações de fusão nuclear dependem da alta temperatura que ocorre no interior 
do Sol, mas são também responsáveis por essa temperatura elevada, estimada em 
torno de 15 000 000 °C no centro da estrela e em cerca de 6 000 °C na superfície. 
 
 
17 
 
 
 
 
 
Representações artísticas da hipótese de formação do Sistema Solar. Fonte:www.observador.com.br 
5.1 Origem do planeta Terra 
Conforme MENDONÇA (2016), na evolução do Sistema Solar, o restante da poeira 
cósmica e dos gases continuou a girar em torno do Sol, inicialmente como um disco. 
 
18 
 
 
Aos poucos, esse disco foi-se fragmentando e esses fragmentos foram se fundindo em 
massas maiores, que deram origem aos planetas e aos asteroides. 
De maneira simplificada, podemos dizer ter sido assim que a Terra se formou. 
Inicialmente muito quente, a Terra se resfriou a tal ponto que sua superfície se 
solidificou. A vida foi-se tornando possível na Terra à medida que o planeta se resfriava, 
sua superfície se solidificava, formava-se água líquida sobre a superfície e, aos poucos, 
se constituía a atmosfera terrestre. A atmosfera primitiva era provavelmente composta 
pelos gases hidrogênio (H2), metano (CH4), amônia (NH3) e vapor de água. 
Desses componentes, o metano, a amônia e o hidrogênio não estão presentes na 
parte baixa da atmosfera atual (troposfera), constituída principalmente pelos gases 
nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) e quantidades menores de gás carbônico (CO2), gases 
raros e vapores de água (MENDONÇA 2016). 
No início, a delgada e frágil crosta terrestre era muito quente e através de suas 
múltiplas rachaduras era expelida água do interior da Terra. A excessiva temperatura 
da crosta não permitia que a água se acumulasse e toda ela se evaporava, formando 
numerosas e densas nuvens na atmosfera. Essas nuvens davam origem a chuvas, que 
caíam sobre a litosfera. 
Encontrando a superfície quente da litosfera, a água da chuva evaporava, 
formando novas nuvens, que originavam novas chuvas. Esse ciclo durou muito tempo, 
até que, à medida que a superfície se resfriava, a água ia se acumulando nas 
depressões da litosfera, constituindo, aos poucos, mares, oceanos, rios, lagos e demais 
depósitos de água líquida da Terra. 
Na água que se depositava na crosta terrestre estavam presentes algumas das 
substâncias existentes na atmosfera. Acredita-se que essas substâncias, nas condições 
especiais das águas aquecidas dos oceanos primitivos, tenham fornecido a matéria-
prima para que começasse a se formar a vida na Terra. 
 
19 
 
 
 
Representações artísticas do ambiente da Terra primitiva, antes (A) e depois da formação dos 
primeiros mares (B). Fonte:www.observador.com.br 
 
6 ORIGEM DA VIDA 
 
O tema origem da vida, apesar de polêmico, é muito interessante e mostra o 
quanto ainda necessitamos avançar em nossos conhecimentos, pois, até os dias atuais, 
não encontramos uma resposta definitiva que seja universalmente aceita para o 
assunto. 
A polêmica em questão diz respeito à diversidade de apontamentos para a origem 
da vida e também à influência das crenças sobre a origem da vida. Diante disso, vamos 
conhecer as principais teorias de origem da vida aceitas atualmente: Teoria da Criação, 
Teoria da Abiogênese e Biogênese, Teoria da Panspermia Cósmica e Teoria da 
Evolução Química ou Molecular (BRODY; BRODY, 1999; DAMINELI; DAMINELI, 2007; 
DORVILLÉ; SELLES, 2016; FERREIRA, 2008). 
A Teoria da Criação ou criacionismo, aquela apoiada pelos religiosos, foi 
sustentada por muito tempo até que se iniciasse uma vertente de pesquisas e 
evidências. No criacionismo, os seres vivos surgiram de um ser superior, e, por esse 
motivo, pode haver discordâncias entre seus crentes, pois podem existir variações na 
 
20 
 
 
crença da figura desse ser superior. Dentro da linha do criacionismo, pode-se citar três 
ramificações: a religiosa, a bíblica e a científica. O criacionismo religioso determina que 
apenas a fé é suficiente para acreditar nos escritos de determinadas religiões, isto é, 
não há uma necessidade de testar as afirmações dos escritos religiosos, apenas se 
acredita neles. 
Por exemplo, no hinduísmo, o homem foi criado por um ser supremo que também 
criou todas as criaturas. Já no islamismo toda a história da criação está presente no 
Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. O criacionismo religioso também abrange os 
mitos da criação, por exemplo, na mitologia grega, o início da vida surgiu com o caos 
primordial, do qual veio Gaia (terra) e Eros (amor). Depois, Érebo (trevas) e Éter. Vieram 
também o céu, as montanhas e o mar. Nesse ambiente, nasceram os titãs — deuses 
do início da criação do mundo (HERNANDEZ 2018). 
Os titãs Epimeteu e Prometeu foram uns dos criadores da raça humana, os quais 
formaram o homem com água e argila e, posteriormente, ganharam vidae alma por 
meio da deusa Atena (HERNANDEZ 2018). 
O criacionismo bíblico defende a Bíblia como a palavra de Deus. Segundo essa 
vertente, a vida é criada complexa e vai degenerando em consequência dos pecados 
cometidos e já descritos na Bíblia. Por exemplo, para o cristianismo, Deus foi a figura 
responsável pela criação da vida e seu habitat de uma só vez. Diante disso, segundo o 
cristianismo, as espécies se adaptariam e, portanto, não haveria evolução das espécies, 
pois Deus criou o Universo e as criaturas em semelhança a ele: perfeitos. Para os 
cristãos e judeus, a origem da vida consta na Bíblia, no livro de Gênesis, no qual o 
homem foi criado do barro e, para que viesse à vida, Deus soprou o espírito nele. 
Já o criacionismo científico utiliza métodos da ciência para identificar e analisar 
evidências de que o universo e a vida foram criados pautados em processos naturais, 
leis da natureza e modelos matemáticos. Esse ramo do criacionismo se deve 
principalmente sobre o advento do protestantismo a partir do século XX e já tendia a 
questionar os princípios pautados nos criacionismos religioso e bíblico (HERNANDEZ 
2018). 
 
21 
 
 
De maneira geral, é importante frisar que o criacionismo tem como figura um 
criador responsável pela origem da vida complexa, completa e funcional, com seres 
vivos/espécies aptos para sofrer pouca ou nenhuma diversificação e evolução ao longo 
do tempo. Essa crença na não evolução das espécies também pode ser chamada de 
fixismo. 
 
 
Fonte: www.educacao.globo.com/ 
 
No entanto, em meados do século XIV, a teoria da geração espontânea ganhava 
popularidade. Nessa vertente, os seres vivos eram oriundos de cadáveres ou de matéria 
orgânica. A teoria da geração espontânea também é conhecida como abiogênese. 
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1643-
1727), cientistas e outros pensadores da época se apoiavam nessa teoria, pois, 
segundo ela, o lodo dos rios originava as cobras e as rãs, e os vermes viriam das frutas 
e da carne. (HERNANDEZ 2018). 
Nessa época, e em contraste ao criacionismo, havia uma busca pela prova da 
existência da vida. Assim surgiram os primeiros experimentos que buscaram explicar a 
origem da vida por meio da matéria inanimada. Os principais pesquisadores dessa 
corrente de pensamento são Jan Baptista van Helmont (1580-1644), John T. Needham 
http://www.educacao.globo.com/
Douglas Marcelino
Realce
Douglas Marcelino
Realce
 
22 
 
 
(1713-1781) e Lazzaro Spallanzani (1729-1799), que buscaram provar em seus 
experimentos que a vida era oriunda da matéria inanimada, com a utilização de grãos 
de trigo em tecido e caldos preparados. 
Mas foi somente entre os séculos XVII e XIX que os cientistas começaram a 
discordar da teoria da abiogênese e foi por meio dos experimentos de Francesco Redi 
(1626-1697) e Louis Pasteur (1822-1895) que surgiu a teoria da biogênese, na qual a 
vida não teria mais sua origem na matéria inanimada, e sim a partir de organismos 
preexistentes. 
No entanto, ao mesmo tempo em que se acreditava em organismos preexistentes, 
iniciavam-se outras indagações como: de onde veio a primeira vida ou organismo vivo? 
Tais indagações deram origem e espaço a outras propostas, entre elas a panspermia 
que, embora tenha sua origem na antiguidade clássica com o filósofo grego Anaxágoras 
(510 a.C.), somente no século XIX ganhou força e novo entendimento do conceito que 
afirmava que os seres vivos teriam surgido a partir de substâncias de outros planetas. 
São os principais defensores dessa teoria: William Thomson (1824-1907) e Svante 
August Arrhenius (1859-1927). Para eles, os seres vivos vieram até a Terra por meio de 
meteoros e poeira cósmica (HERNANDEZ 2018). 
Tal afirmação continuou a ser revogada por alguns cientistas e, por meio de 
Hermann von Helmholtz (1821-1894) e outros cientistas, foram designadas outras 
teorias modernas como a nova panspermia e a panspermia dirigida. Na nova 
panspermia, acredita-se que a origem da vida veio a partir do núcleo dos cometas e 
também que os vírus vieram do espaço. Foi criada por Fred Hoyle (1915-2001) e 
Chandra Wickramasinghe (1939), na década de 1970, os quais se apoiaram na análise 
de meteoritos. Já a teoria da panspermia dirigida acredita que a vida veio de outras 
galáxias, ou que seres mais inteligentes trouxeram moléculas orgânicas e outros 
elementos, tais como o molibdênio, importante para o metabolismo dos seres vivos, mas 
raramente encontrado no planeta. Entre os principais defensores da panspermia dirigida 
estão Francis Crick (1916-2004) e Leslie Orgel (1927-2007). 
Na tentativa de explicar a origem da vida, também surgiram outras correntes 
teóricas, como a teoria da evolução química ou molecular, segundo a qual a vida se 
 
23 
 
 
originaria a partir da evolução química e da antimatéria. Nessa teoria, compostos como 
hidrogênio, carbono, oxigênio, entre outros se combinaram e formaram as moléculas 
orgânicas simples (aminoácidos, açúcares, etc.) e depois passaram a formar as 
moléculas mais complexas, como carboidratos, proteínas etc., continuando a se 
combinar até duplicarem e formarem os primeiros seres vivos (HERNANDEZ 2018). 
 
 
Fonte: www.biologiageral.epizy.com 
Já a antimatéria (significa inverso da matéria) é formada por antipartículas 
semelhantes às partículas, ou seja, possuem também massa e rotação, porém têm 
carga elétrica negativa. As antipartículas podem ser encontradas em raios cósmicos, 
acelerador de partículas e em decaimento de substâncias radioativas. Paul A.M. Dirac 
(1902-1984), ao revisar a equação de Einstein (E = mc2 ), constatou que a massa 
também poderia ser negativa. Ele criou a fórmula E = ± mc2 , e houve maior aceitação 
da presença das antipartículas no universo. A teoria da antimatéria se fundamenta por 
meio da explosão/colisão da matéria e da antimatéria resultando na origem dos corpos 
celestes 
Os experimentos de Aleksander I. Oparin (1894-1980) e John Burdon S. Haldane 
(1892-1964) buscam fundamentar a origem da vida pautados na evolução química ou 
molecular, para as quais os primeiros seres vivos surgiram a partir de moléculas 
 
24 
 
 
orgânicas que teriam se formado na atmosfera primitiva e depois nos oceanos, a partir 
de substâncias inorgânicas (HERNANDEZ 2018). 
Esses conhecimentos ganharam notoriedade após os experimentos de Stanley L. 
Miller (1930-2007) e Harold C. Urey (1893-1981), na década de 1950, cujas hipóteses 
comprovaram os experimentos de Oparin e Haldane. Esses cientistas comprovaram a 
formação de moléculas orgânicas a partir de nitrogênio, amônia, metano, dióxido de 
carbono, água e hidrogênio. Por tal comprovação, a teoria da evolução química tem sido 
amplamente aceita e difundida, embora ainda existam muitas controvérsias e novas 
teorias sendo elaboradas (HERNANDEZ 2018). 
Assim, uma das hipóteses mais aceitas é a de que os primeiros seres vivos eram 
autótrofos, ou seja, organismos que produzem o próprio alimento. Conquanto a origem 
da vida ainda não tenha sido contemplada de forma universal, é importante salientar que 
todas as teorias ainda não foram superadas visto que até agora existem adeptos e 
pesquisadores que as defendem. No entanto, as teorias mais amplamente estudas na 
atualidade, as consideradas teorias modernas, são a teoria da panspermia cósmica e a 
teoria da evolução química, as quais não entram em conflito, pois confirmam que houve 
um processo de evolução molecular, além de condições ambientais favoráveis para o 
surgimento da vida na Terra. 
Conquanto a atualidade e a modernidade tragam aporte para discussões mais 
aprofundadas e tecnológicas a respeito da origem da vida, as teorias da abiogênese e da 
biogênese continuam sendo enfatizadas diante do constructo histórico em que se 
colocaram. Ambas quebraram um paradigma por meio de experimentações e 
formulações de hipóteses, fundamentos da ciência aplicadosaté os dias atuais. Assim, a 
seguir será realizado um aprofundamento sobre essas teorias e suas importâncias para 
o avanço do conhecimento e da ciência (HERNANDEZ 2018). 
6.1 Abiogênese versus biogênese 
 
 
25 
 
 
Diante do tópico anterior, foi possível observar que, basicamente, a abiogênese se 
caracteriza pela defesa da origem da vida por meio da matéria inanimada, enquanto a 
biogênese defende que a vida só pode existir a partir de outra vida, ainda que a 
abiogênese surja num contexto histórico em que se pensava em contestar o 
criacionismo e, por sua vez, a biogênese em contestar a abiogênese (HERNANDEZ 
2018). 
A seguir, vamos entender como é que os pensadores e cientistas dessas correntes 
defendem essas ideias (AMABIS; MARTHO, 1990). A abiogênese foi pautada por 
alguns experimentos, como o de Jan Baptista van Helmont (1580-1644), que tentou 
provar a origem de camundongos por meio de grãos de trigo e tecidos (em verdade, os 
camundongos eram atraídos pelo trigo, e não criados por ele), e o experimento de John 
T. Needham (1713- 1781), em 1745, que verificou a criação de microrganismos vivos 
em um caldo preparado e posteriormente fervido. 
No entanto, tempos depois, em 1770, o mesmo experimento de Needham foi 
repetido por Lazzaro Spallanzani (1729-1799), mas, dessa vez, o caldo preparado foi 
fervido por mais tempo, o que resultou em um ambiente não propício para a vida; 
consequentemente, Spallanzani concluiu que Needham não havia fervido o caldo o 
suficiente para matar os microrganismos presentes nele (o caldo não criou vida, mas já 
continha microrganismos vivos nele). Esse experimento, contrário ao de Needham, foi 
um importante marco para a criação de uma nova vertente da origem da criação da vida. 
Os experimentos de Francesco Redi (1626-1697) e de Louis Pasteur (1822- 1895), 
em 1860, buscavam quebrar o conceito da abiogênese. 
Redi colocou pedaços de cadáver animal em dois fracos, sendo um deles fechado 
e outro aberto. Após algum tempo, a carne que estava no vidro aberto apresentava 
larvas, enquanto o vidro que estava fechado não. O pesquisador conclui que as larvas 
não eram provenientes da carne, mas sim das moscas que deixavam ovos na carne. 
Pasteur tinha convicção de que a vida não era gerada pela matéria inorgânica e, 
para provar sua hipótese, realizou um experimento com um caldo nutritivo chamado 
experimento do Pescoço de Cisne. Primeiro ele ferveu o caldo para refutar as hipóteses 
levantadas por Needham e Spallanzani deixando o ambiente estéril, posteriormente 
 
26 
 
 
tampou o vidro que continha o caldo com uma tampa em formato de pescoço de cisne, 
isto é, havia passagem de ar, mas não havia possibilidade da entrada de 
microrganismos externos pelo formato da tampa (Pasteur já hipotetizava a existência 
de microrganismos vivos não visíveis ao olho nu no ar) (HERNANDEZ 2018). 
Os resultados de Pasteur evidenciaram nenhuma “vida” no pote com tampa em 
formato de pescoço de cisne, provando que não havia vida proveniente da matéria 
inanimada. Para comprovar sua hipótese de que microrganismos estavam presentes no 
ar, quebrou a tampa do pote sem vida e, com o passar do tempo, sugiram ali as 
manifestações da colônia de fungos e bactérias (HERNANDEZ 2018). 
A Figura 1 apresenta o experimento de Jan Baptista Van Helmont pautado na 
abiogênese. Já a Figura 2 evidencia os experimentos de Spallanzani e Needham, 
respectivamente. Os experimentos de Redi e Pasteur pautados na biogênese podem ser 
vistos na Figura 3, e, por fim, a Figura 4 apresenta o experimento de Pasteur. 
 
 
 
Fonte: Bittencourt (2015). Fonte: Spontaneous (2011). 
 
27 
 
 
 
 Fonte: Souza (2013). Fonte: Adaptada de Experimento (200). 
 
Depois de todo esse momento de experimentação sobre a ótica da história da origem 
da vida, muitos pesquisadores e cientistas começaram a se indagar a respeito de como 
a vida evoluiu até a formação dos seres mais complexos e completos (HERNANDEZ 
2018). 
Uma nova onda de experimentações e hipóteses eram lançadas na ciência. Assim, 
no próximo tópico serão abordadas as principais teorias sobre a evolução das espécies. 
6.2 Evolução das espécies 
Desde as primeiras proposições para o primeiro ser vivo da Terra, muito já se 
avançou em conhecimento. Inicialmente, diante das proposições sobre a origem da vida 
e tomando em consideração a teoria mais aceita entre os pesquisadores, cientistas e 
estudiosos do assunto (evolução química), os primeiros seres vivos da Terra foram as 
moléculas orgânicas, como os aminoácidos, que, ao se combinarem, formaram as 
proteínas, moléculas mais complexas. Ao longo de milhões de anos, acredita-se que 
essas proteínas tenham se acumulado nos mares primitivos formando os coacervados, 
que, por sua vez, também se tornaram mais complexos com a junção de substâncias 
dos oceanos primitivos (HERNANDEZ 2018). 
 
28 
 
 
A ciência atual admite que o aumento da complexidade dos coacervados 
compreendeu reações que ao longo de milhões de anos resultaram em ácidos 
nucleicos. Os ácidos nucleicos organizam o material genético de uma célula e 
comandam suas atividades e, assim, perante a presença e a formação dos ácidos 
nucleicos, os coacervados passaram a ser seres unicelulares no fundo do mar. 
Portanto, os primeiros seres vivos da Terra eram unicelulares, heterótrofos (não 
produziam o próprio alimento) e anaeróbios. Com o passar do tempo (milhões de anos), 
esses seres primitivos sofreram modificações no material genético (o que se deu por 
um número muito grande de seres para uma oferta/capacidade alimentícia cada vez 
menor), e passaram a ser pluricelulares, o que resultou em seres capazes de produzir 
clorofila e fazer fotossíntese. Esse importante marco na evolução das espécies garantiu 
a capacidade de os organismos fabricarem o próprio alimento a partir do gás carbônico, 
da água e da luz. As algas asseguram assim sua sobrevivência, bem como a de todas 
as formas vivas que delas se alimentam. 
A partir desses seres marinhos mais complexos, surgiram os primeiros 
invertebrados aquáticos, os quais classificamos como filos inferiores de invertebrados: 
protozoários, poríferos (esponjas), celenterados, moluscos, equinodermas e diversas 
espécies de vermes. 
Ao mesmo tempo, a dispersão de certas plantas aquáticas já alcançava o meio 
terrestre, realizando a adaptação externa. Mediante essas constantes adaptações e 
modificações, foram surgindo espécies cada vez mais complexas e organizadas. 
Apareceram animais ainda mais complexos, com aparelho digestivo e sistema nervoso 
bem desenvolvidos, frequentemente protegidos por um esqueleto rígido. A evolução dos 
artrópodes prossegue com o surgimento da trilobita, antepassado distante dos 
camarões e das lagostas (HERNANDEZ 2018). 
Enquanto nas águas aparecem os primeiros vertebrados e peixes de esqueleto 
interno cartilaginoso, fora das águas surgem as algas revestidas de uma carapaça que 
lhes permite manter a umidade; em seguida, as primeiras plantas propriamente de terra 
firme, os musgos. Os primeiros animais que saíram da água foram os escorpiões, 
também protegidos por couraças. 
 
29 
 
 
Iniciam-se as primeiras florestas, e, junto delas, aranhas, centopeias e escorpiões; 
surgem os primeiros insetos e proliferam várias espécies de peixes ainda fortemente 
couraçados. 
As adaptações e modificações continuam intensamente, desenvolvem-se as 
formas mais rudimentares de pulmões em alguns peixes (tal característica propiciou 
mais tempo fora d’água), surgem os primeiros anfíbios (seres que se adaptam tanto na 
água quanto no ar seco). 
Após essas conquistas, originam-se os primeiros vertebrados terrestres. As 
florestas têm dimensões gigantes, com árvores de até 30 m, e, assim como os animais 
que ali vivem, como centopeias de meio metro de comprimento, inúmerasespécies de 
anfíbios continuam a proliferar-se nas regiões de lagos e pântanos (uma vez que seus 
ovos necessitam de água). Em contrapartida, os primeiros répteis colocam ovos em 
lugares secos (os ovos são envoltos por uma casca calcária), e esse marco perpetua 
os vertebrados em terra firme. 
Mudanças climáticas desfavorecem os anfíbios e permitem maior 
desenvolvimento dos répteis, tornando algumas espécies gigantes. Uma era de 
dinossauros inicia-se com as mais variadas formas e tamanhos que vivem em terra 
firme, na água e no ar (HERNANDEZ 2018). 
Posteriormente a essa era, dá-se início a vez dos mamíferos, mastodontes e tigres 
já habitavam a terra, enquanto nos mares predominavam mamíferos gigantes como 
as baleias e cachalotes; inicia-se um grupo de primatas, os driopitecos, que deram 
origem a chimpanzés, gorilas, orangotangos e ramapitecos, sendo esses últimos 
ligados à família do homem assim como os australopitecos e o Homo. 
Novas mudanças climáticas extinguem várias espécies, enquanto outras como os 
mamíferos demonstram grande capacidade adaptativa multiplicando-se em vários 
ambientes. 
As novas adaptações geraram grande quantidade de pelos pelo corpo, como em 
rinocerontes, ursos, bois e elefantes lanudos. 
 
 
 
30 
 
 
 
Fonte: www.aventurasnahistoria.uol.com.br 
 
Nesse período, o homem completa a sua evolução: surge o Homo habilis, em 
seguida o Homo erectus e, finalmente, o Homo sapiens, espécie à qual pertence, com 
outras subespécies já extintas, o homem atual. Cabe salientar que todo esse processo 
ocorreu de forma gradual, contínua e num longo espaço de tempo marcado por bilhões 
de anos, aproximadamente 2,7 bilhões de anos. 
A respeito das teorias que fundamentam a evolução das espécies, isto é, tentam 
explicar por que as espécies se modificariam e se adaptariam tanto ao longo do tempo, 
podemos destacar dois grandes autores: Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) e Charles 
Darwin (1809-1882) (AMABIS; MARTHO, 1990; WYHE, 2002) 
Para Lamarck, a evolução das espécies estava relacionada a basicamente dois 
fundamentos: lei de uso e desuso e lei de transmissão de caracteres adquiridos. 
Segundo Lamarck, as partes do corpo de um organismo que não eram utilizadas 
atrofiavam, enquanto as que eram amplamente usadas se desenvolviam (HERNANDEZ 
2018). 
Por exemplo, Lamarck acreditava que o pescoço das girafas era pequeno, mas, 
para que pudessem comer as folhas das árvores, o pescoço acabou se desenvolvendo, 
 
31 
 
 
e tal característica já seria passada para as próximas gerações por meio da lei de 
transmissão de caracteres adquiridos. 
Já Darwin propôs uma teoria que impactou toda a ciência e o estudo dos seres vivos. 
Sua teoria defendia duas proposições: a existência de um ancestral comum do qual os 
seres vivos teriam evoluído e a teoria da seleção natural. De acordo com Darwin, os 
indivíduos que se tornavam aptos tinham mais chances de sobreviver e deixar 
descendentes. 
Para ele, o exemplo da girafa era visto da seguinte maneira: existiam girafas com 
pescoço grande e pequeno, mas somente aquelas com pescoço grande eram capazes 
de se alimentar, pois chegavam até as árvores, assim, perpetuariam a espécie, pois 
eram mais aptas; desse modo, deixariam descendentes. 
Os princípios básicos de Darwin constituem: 
 
1) auxílio da seleção natural (lei de adaptação); 
2) os indivíduos que conseguem se adaptar ao ambiente têm mais chances de 
sobreviver e gerar descendentes; 
3) há uma luta pela vida, pois são poucos os seres que conseguem atingir a 
maturidade; 
4) o número de indivíduos de uma espécie é quase o mesmo de geração em 
geração. 
5) indivíduos da mesma espécie não são idênticos. 
 
Em influência aos conceitos implementados por Darwin surgiram novas teorias: 
evolucionismo teísta — que uniu o criacionismo com o evolucionismo, uma vez que 
muitos evolucionistas acreditavam em Deus, e evolucionismo teísta — não acreditavam 
em Deus, mas sim nos processos evolucionistas caracterizando os organismos 
(HERNANDEZ 2018). 
A ciência atual baseia-se na teoria do evolucionismo proposta por Darwin diante 
dos seguintes argumentos: 
 
 
32 
 
 
 Evidências embriológicas: embriões de espécies diferentes podem ter o 
desenvolvimento embrionário semelhante. 
 Órgãos homólogos: são órgãos que surgiram de forma semelhante durante o 
desenvolvimento embrionário, porém podem executar funções diferentes. Um 
exemplo disso pode ser o membro superior de alguns vertebrados que ora 
podem ser usados ou não, sendo que apresentam funções diferentes. 
 Órgãos análogos: são órgãos com origem e estrutura diferentes durante o 
desenvolvimento embrionário, mas com mesma função. Podem ser uma 
evidência da adaptação de um ser a determinado ambiente. 
 Órgãos vestigiais: órgãos que possuem estruturas que podem não ser 
importantes para um indivíduo, mas utilizadas em outros. Um exemplo disso é 
o apêndice, que no homem não é utilizado, mas nos herbívoros é importante 
para a digestão da celulose. Esse critério pode ser uma evidência da 
ancestralidade. 
 Bioquímicos: o estudo das proteínas e dos ácidos nucleicos também 
representa argumentos para as relações de parentesco entre os seres vivos. 
Quanto mais parecidos em sua evolução, maior serão as proteinas idênticas. 
No chimpanzé e no homem, os aminoácidos da hemoglobina são os mesmos. 
 Paleontológicos: os fósseis, estudados pela paleontologia, são responsáveis 
por manter petrificadas algumas características dos indivíduos. Seu estudo é 
fundamental para entender as alterações que uma determinada espécie sofreu 
ao longo do tempo. 
 
Aliada a esses conhecimentos surge uma nova teoria sobre a evolução das espécies: 
A teoria moderna da evolução ou neodarwinismo. Cientistas agregaram novas 
concepções àquelas já propostas por Darwin baseados principalmente nos avanços no 
conhecimento de genética, mutação gênica, recombinação genética e seleção natural. 
São princípios do neodarwinismo (HERNANDEZ 2018). 
 
 as mudanças dos indivíduos dependem das mutações; 
 
33 
 
 
 as mutações acontecem de modo aleatório; 
 para sobreviver, os indivíduos precisam enfrentar os desafios do 
próprio meio ambiente; 
 os indivíduos mais adaptados e preparados são aqueles que 
conseguem enfrentar a seleção natural. 
 
Diante disso, é importante salientar que o neodarwinismo combina as causas da 
variabilidade com a seleção natural. Estudos genéticos mostram que os fenótipos 
(formas características) dos indivíduos resultam da ação do meio sobre os respectivos 
genótipos (combinação gênica). Um genótipo é capaz de originar vários fenótipos, 
porém esses fenótipos só vão se manifestar caso encontrem um ambiente adequado. 
Assim, por exemplo, ocorre com as bactérias resistentes aos antibióticos, ou seja, 
o uso inadequado desses remédios elimina as bactérias mais sensíveis, mas propicia e 
reforça as bactérias mais resistentes, as quais se proliferam promovendo a sua 
adaptação ao ambiente (ao antibiótico). 
Outro conceito interessante é o da especiação, no qual mecanismos que ocorrem 
com o tempo e isolamento geográfico impedem o processo evolutivo e resultam em 
formação de uma nova espécie, ou seja, o distanciamento geográfico impede os 
cruzamentos, assim, geram nas populações originais acúmulos de diferenças 
adaptativas que, por sua vez, originam novas espécies (HERNANDEZ 2018). 
O princípio da irradiação adaptativa consiste em basear a evolução dos 
organismos a partir de um ancestral comum, cujos componentes, por meio do processo 
de especiação, possibilitaram o surgimento de espécies relacionadas. 
Por toda essa complexidade e razoabilidade, essa é a teoria mais difundida 
atualmente pelos estudiosos e cientistas a respeito da explicação da evolução das 
espécies. 
Diante disso, é relevante refletir que, apesar dos enormes conhecimentos 
adquiridos relacionados com a origem da vida, por meiode diferentes correntes teóricas, 
bem como teorias que baseiam a evolução dos organismos, ainda há muito o que se 
descobrir. 
 
34 
 
 
Sendo assim, ainda hoje são formuladas novas teorias e hipóteses testadas 
mediante critérios científicos a fim de aprimorar as teorias propostas ou até mesmo 
formular novas. 
 
7 SELEÇÃO NATURAL E EVOLUÇÃO 
 
Apesar da seleção natural não ser um conceito de difícil explicação, ele é 
frequentemente confundido. Uma confusão comum é que a seleção natural é sinônimo 
de evolução. A evolução se refere a mudanças temporais de qualquer tipo, não-
direcionais, enquanto a seleção natural especifica a direção particular em que estas 
mudanças ocorrem. 
A origem da variabilidade que permite o processo evolutivo é normalmente a 
mutação ou a recombinação gênica, que são processos aleatórios (ao acaso), o que 
reforça a ideia do não direcionamento do processo de evolução biológica. Existem ainda 
outros mecanismos possíveis de evolução além da seleção natural, como o fluxo gênico, 
a direção meiótica e à deriva genética. 
Outra confusão frequente é que a seleção natural opera principalmente por meio 
de diferenças nas taxas de mortalidade dos organismos, a chamada mortalidade 
diferencial. Sabe-se que a seleção natural opera de formas muito mais sutis e 
inconspícuas (KREBS, 1994). 
Quando um organismo deixa, com mais sucesso, sua prole que outro organismo, 
seus genes tornam-se dominantes no pool genético daquela população. Eventualmente, 
o genótipo que deixou menor prole pode tornar-se extinto numa população estável, a 
não ser que existam mudanças concomitantes que lhe conferem certa vantagem à 
medida em que ele se torna mais raro. 
 
35 
 
 
Assim, a seleção natural opera somente por sucesso reprodutivo diferencial. A 
mortalidade diferencial pode ser seletiva somente no nível em que cria diferenças entre 
os indivíduos no número de descendentes que eles produzem. 
Por muitas vezes a seleção natural pode ser vista em termos de taxas de 
mortalidade diferenciais e os indivíduos mais fortes e rápidos são considerados como 
tendo vantagens seletivas sobre os indivíduos mais fracos e mais lentos. 
Mas, se este fosse o caso sempre, cada espécie iria, continuamente, ganhar em 
força e velocidade. Como isto não está acontecendo continuamente, a seleção contra o 
aumento crescente de força e velocidade (contraseleção) deve estar ocorrendo e 
limitando o processo (CEZAR 2018) 
Um animal, por exemplo, que é por natureza muito agressivo pode despender 
muito tempo e energia agredindo outros animais, e desta forma despende, em média, 
menos tempo e energia no acasalamento, deixando assim menos descendentes. 
Da mesma forma, um indivíduo pode ser tão submisso que despende muita 
energia e muito tempo fugindo de outros animais assim, sob condições estáveis, os 
indivíduos intermediários em uma população deixam mais descendentes que os 
fenótipos extremos. 
7.1 Tipos de Seleção 
Três tipos de seleção podem atuar nos caracteres fenotípicos de um organismo: a 
seleção direcional, a estabilizadora e a disruptiva (CEZAR 2018) 
A seleção direcional é a forma mais simples, na qual os fenótipos de um extremo 
são eliminados a seleção direcional produz mudanças genotípicas mais rapidamente 
que qualquer outra, de modo que a maioria das seleções artificiais operam desta forma. 
 A seleção direcional foi, provavelmente, a responsável pela maioria das 
mudanças fenotípicas que ocorreram durante a evolução, em populações cultivadas, a 
resistência de pragas a inseticidas ou herbicidas é produzida por seleção direcional. 
A seleção estabilizadora é muito comum em populações atuais. Neste tipo, os 
fenótipos mais próximos ao fenótipo médio da população são mais aptos que os 
 
36 
 
 
fenótipos em cada um dos extremos e, desta forma, os valores médios da população 
não se modificam. Um exemplo pode ser visto no peso dos bebês no nascimento. A 
mortalidade é menor em torno de 3,3Kg, um valor bem próximo ao peso médio 
observado nos bebês ao nascimento (3,2Kg). 
O processo de seleção natural é o resultado final de um processo ecológico em 
ação. Os ambientes nos quais os organismos vivem moldam a forma em que a evolução 
ocorre. A atual distribuição, abundância e diversidade de plantas e animais são 
determinadas por processos evolutivos passados, mas que influenciam no ambiente 
presente (KREBS, 1994). 
7.2 Adaptação 
As adaptações – aquelas características que, como disse Darwin, “com tanta 
justiça promovem nossa admiração” – são centrais no estudo da ecologia. Desde a 
teoria evolutiva, dois grandes temas permeiam a explicação para as características 
observáveis de um dado organismo: a genealogia (pela qual a explicação é encontrada 
na ancestralidade de um organismo) e a adaptação (pela qual ela é encontrada nas 
condições de vida de um organismo). 
Na fisiologia, a palavra adaptação é empregada com frequência para descrever o 
ajuste fenotípico de um organismo ao seu ambiente. Na biologia evolutiva, uma 
adaptação é uma característica que, devido ao aumento que confere no valor 
adaptativo, foi moldada por forças específicas de seleção natural atuando sobre a 
variação genética. 
A chamada coloração críptica – ocorre quando o organismo possui coloração ou 
forma bastante semelhante a do meio ou substrato onde ele se encontra – é 
normalmente uma adaptação para diminuir as chances de predação (CEZAR 2018). 
 
Douglas Marcelino
Realce
 
37 
 
 
8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS 
 
A invenção do microscópio possibilitou a descoberta das células, as unidades que 
constituem os seres vivos (AMABIS e MARTHO, 2006). 
Leeuwennhoek fabricou dezenas de microscópios, com isso ele observou diversos 
tipos de material biológico, como embriões de plantas, glóbulos vermelhos e 
espermatozoides de animais (AMABIS e MARTHO, 2006). 
No século XIX generalizou-se a noção de que todos os organismos são 
constituídos por uma ou mais células, a chamada Teoria Celular (CÉSAR e SEZAR, 
2005). 
 A Teoria Celular admite que, apesar das diferenças quanto à forma e à função, 
todos os seres vivos têm em comum o fato de serem constituídos por células (AMABIS 
e MARTHO, 2006). 
 
As três premissas da Teoria Celular são: 
 
 Toda forma de vida é constituída por uma ou mais células e pelas estruturas 
que por elas são produzidas. 
 As células são unidades morfológicas e funcionais dos seres vivos. 
 Toda célula origina-se de uma célula preexistente, ou seja, elas sofrem 
divisão. 
 
 
38 
 
 
 
Fonte: www.estudopratico.com.br 
 
 
Admite-se que as primeiras células que surgiram na terra foram os procariontes. 
Isto deve ter ocorrido a cerca de 3 bilhões de anos. Naquela época a atmosfera 
provavelmente continha vapor d‘água, amônia, metano, hidrogênio, sulfeto de 
hidrogênio e gás carbônico, o oxigênio livre só apareceu muito depois. 
O registro fóssil da primeira célula eucariótica data de 1,7 bilhão de anos, mas 
supõem-se que os eucariontes tenham surgido um pouco antes. As primeiras células 
eucarióticas teriam surgido a partir das células procarióticas que passaram a 
desenvolver evaginações e invaginações da membrana plasmática. 
Esses dobramentos teriam dado origem às várias estruturas citoplasmáticas 
delimitadas por membrana e a carioteca ou envelope nuclear, que separa material 
genético do citoplasma, formando o núcleo (AMABIS e MARTHO, 2006). 
 
http://www.estudopratico.com.br/
 
39 
 
 
 
Fonte: www.todoestudo.com.br 
 
A célula procariótica é muito mais simples do que a eucariótica e encontra-se 
apenas nas bactérias. Dependendo do tipo de célula que apresentam, os organismos 
são classificados em procariontes e eucariontes (CÉSAR e SEZAR, 2005). 
Basicamente, a diferença entre procariontes e eucariontes é: as células 
procarióticas têm seu material genético ― solto‖ no interior da célula, e as células 
eucarióticas tem seu material genéticoenvolvido por uma membrana chamada 
carioteca, o que separa o DNA do citoplasma. 
 
9 ECOLOGIA 
 
A ecologia é a ciência que procura entender os organismos e suas relações com 
o meio ambiente, as populações, as comunidades, os ecossistemas e a biosfera 
(LOPES, 2006). As raízes da ecologia levam aos estudos ligados à história natural, algo 
que, em essência, é tão antigo quanto o homem. 
 
40 
 
 
Os egípcios e os babilônios, por exemplo, já aplicavam métodos ecológicos para 
combater as pragas que assolavam suas culturas de cereais no vale do rio Nilo e na 
Mesopotâmia (PINTO-COELHO, 2007). 
Mesmo sendo um campo da ciência distinto e reconhecido desde os anos 1900, 
aproximadamente, foi somente nas últimas décadas que a ecologia se tornou parte do 
vocabulário geral da população mundial. 
 Ela se popularizou muito devido à crescente preocupação com questões 
relacionadas ao meio ambiente; após o homem ir ao espaço e tirar as primeiras 
fotografias da Terra, ele teve a real noção do tamanho do nosso planeta e de quão 
solitário e frágil ele é, pairando no espaço (Figura 1). 
Principalmente após a década de 1970, houve uma maior preocupação com 
questões como poluição, áreas naturais, crescimento populacional, consumo de 
alimentos e energia e diversidade biótica (ODUM; BARRETT, 2015). 
 
 
Fonte: www.best-backgroumds/Shuttertock.com 
Atualmente, a ecologia é uma das ciências de maior interesse público e científico, 
e seu estudo é fundamental para a preservação do meio ambiente e de todos os 
organismos vivos. 
 
41 
 
 
Para a área da ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inanimado 
onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente, existem vários fatores 
externos que influenciam os organismos. 
A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre os organismos e o 
ambiente envolvente. É importante não confundir os termos meio ambiente e ecologia. 
O meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um 
sistema natural, e inclui toda a vegetação, animais, microrganismos, solo, rochas, 
atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites (STEIN 2017). 
 
 
Fonte: www.demonstre.com.br 
Também compreende recursos e fenômenos físicos, como, por exemplo, ar, água 
e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo. De acordo com 
Pinto-Coelho (2007), os enfoques da ecologia moderna são dois: 
 
 Enfoque descritivo (história natural): consiste em levantamentos da fauna e 
da flora. 
 Enfoque experimental: baseia-se em testes de hipóteses por meio de uma 
abordagem experimental, que pode conter experimentos tanto de laboratório 
quanto conduzidos no campo. 
 
A questão central em ecologia é determinar as causas da distribuição e da 
abundância de organismos. Isso pode ser avaliado em nível da comunidade e em nível 
http://www.demonstre.com.br/
 
42 
 
 
das populações, por isso, a ecologia pode também ser dividida segundo seu objeto 
central de estudo (STEIN 2017). 
 
 Autoecologia: ecologia de populações. 
 Sinecologia: ecologia de comunidades. 
 
Por razões históricas e metodológicas, bem como por limitação de conhecimentos, 
o estudo ecológico esteve inicialmente restrito ao estudo de associações de plantas ou 
de animais, como segue: 
 
• Ecologia vegetal: apresenta o problema da restrição a apenas um 
nível trófico. 
• Ecologia animal: neste caso, os produtores autótrofos não são 
considerados. 
 
9.1 Histórico da Ecologia Humana 
O termo “Ecologia Humana” foi usado pela primeira vez por sociólogos da Escola 
de Chicago de Sociologia, em 1921. Durante o século XX, as interpretações e definições 
de Ecologia Humana foram as mais diversas, não só entre as ciências sociais e os 
naturais, como dentro de disciplinas sociais, como a Geografia, a Antropologia, a 
Psicologia e a Sociologia (Amaro, 1981; Borden, 2008; Lawrence, 2003; entre outros). 
O zoólogo alemão Ernest Haeckel (discípulo de Charles Darwin,1886) foi o 
primeiro cientista a empregar palavra Ecologia nos finais do século XIX. Na análise 
epistemológica da palavra Ecologia Humana, temos: 
 
 
 
 
43 
 
 
A Ecologia Humana é a ciência que estuda o ambiente, as relações dos seres 
vivos no meio em que vivem e como ocorrem as interferências antrópicas neste 
ambiente; a Ecologia Humana só começa a ganhar contornos mais específicos durante 
a segunda metade do século XX, embora o termo tenha sido pela primeira vez usado 
no início da década de 1920 ( WILSON 2018) 
A Ecologia Humana tomou forma como ciência a aproximadamente 40 anos, com 
o início das discussões em torno dos problemas ocasionados pelo crescimento 
econômico sem limites, auxiliando num posicionamento frente a utilização de recursos 
naturais ou ainda, de deixar a natureza intocada. Segundo sua definição, a Ecologia 
Humana surge como uma área de conhecimentos que analisa as interações do homem 
com o meio em que vivem. 
 
 
Fonte: www.brasileducacao.com 
Com a Ecologia Humana surge uma nova perspectiva sobre tudo o que nos rodeia 
e pode ser usada, por exemplo, para aprendermos a lidar com os problemas ambientais 
causados pelo próprio ser humano, fato que atualmente é de extrema importância, já 
que o planeta atravessa uma grave crise ambiental. 
Esta crise tem mobilizado gradualmente vários segmentos da sociedade em busca 
da compreensão das suas causas profundas e das dimensões reais do problema, assim 
como de alternativas para a redução da degradação ambiental e dos seus impactos na 
qualidade de vida humana (WILSON 2018). 
http://www.brasileducacao.com/
 
44 
 
 
Nesse contexto, duas frentes de posicionamento se solidificam: a primeira com a 
visão que defende a continuidade do modelo de crescimento como forma de 
proporcionar aos países em desenvolvimento os mesmos benefícios alcançados pelos 
desenvolvidos; e a segunda apresenta-se totalmente contrária a anterior, pregando o 
famoso “vamos parar tudo” como forma de garantir a manutenção dos recursos do 
planeta (WILSON 2018). 
Para responder a estes questionamentos sugerimos que você analise o esquema 
abaixo: 
 
 
Fonte: Fonte: www.brasileducacao.com 
 
9.2 Abordagens da Ecologia Humana 
Terminamos a aula passada inserindo mais alguns conceitos importantes sobre o 
papel do homem na complexidade do meio ambiente e do papel que a Ecologia Humana 
http://www.brasileducacao.com/
 
45 
 
 
desempenha nesta questão, porém quais as abordagens exploradas neste sentido? A 
Ecologia Humana apresenta diferentes possibilidades de abordagens sobre o papel do 
homem no meio em que vivem (WILSON 2018). 
Abordagens voltadas para o estudo da adaptabilidade do Homem às variações 
ambientais: 
 
 
Fonte: Fonte: www.brasileducacao.com 
Ecologia Humana Evolutiva 
 Influenciados por um “determinismo ambiental” 
Exemplos: Antropologia ecológica, sociobiologia, etnobiologia 
Abordagens voltadas para o estudo dos impactos do Homem sobre o ambiente: 
 
 
 
 Ecologia Humana Aplicada 
 Exemplos: Ecologia de ecossistemas, ecologia aplicada. 
http://www.brasileducacao.com/
 
46 
 
 
Neste curso de Ecologia Humana adotaremos a abordagem da Ecologia Humana 
Aplicada, considerando que o Homem faz parte do sistema. Incluindo os impactos 
sobre o Homem de uma escala de tempo não-evolutiva. (WILSON 2018) 
 
 
 
A abordagem da ecologia aplicada se interessa mais pelo Homem "moderno" (não-
tradicional), Homo sapiens: espécie generalista, onívora de borda (transicional). É uma 
espécie chave que determina a evolução do sistema e sofre as consequências de sua 
deterioração (WILSON 2018). 
 
10 RELAÇÕES ENTRE A BIOLOGIA, SOCIOLOGIA E ECOLOGIA 
 
Quando analisamos as questões que permeiam a Ecologia Humana é possível 
dimensionar realidade socioambiental e ampliar seu foco a outras áreas do saber, 
criando maior poder de ação e de discussão das populações envolvidas nos processosabordados neste contexto. 
A evolução do ecologismo primitivo para a ecologia multidisciplinar tem 
demonstrado uma grande influência sobre novos conhecimentos, que vão além do 
antropocentrismo primitivo e possibilita a geração de novos questionamentos sobre 
progresso, desenvolvimento, justiça, distribuição de valores e sobre o determinismo 
 
47 
 
 
ambiental. Assim surge a Ecologia Humana e associada a ela as ciências sociais como 
a Sociologia (WILSON 2018). 
A Sociologia estuda/compreende a realidade social, que é o nome dado ao 
conjunto das diferentes relações entre os indivíduos no seu dia a dia, o que implica em 
uma rede de informações que define e assegura a vida de um grupo de indivíduos em 
um determinado tempo e espaço. 
 
 
 
 
 
 
Neste contexto percebe-se uma conexão entre diferentes áreas do saber, como a 
Biologia, que aborda o estudo da vida num contexto mais amplo e contundente, a 
Sociologia que aborda conceitos relativos à sociedade Humana e a Ecologia que aborda 
questões sobre o homem, os seres vivos e suas interpelações com eles próprios e com 
o meio ambiente em que vivem. 
De um lado a crise nos paradigmas das ciências, em particular das ciências 
humanas, decorrente das mudanças profundas e rápidas na sociedade atual, movidas 
pela era industrial-capitalista; de outro, a crise nas relações entre o homem e a natureza, 
permitem uma maior integração entre a Sociologia e a Ecologia. 
A necessidade de mudança de valores e quebra de paradigmas aproxima ainda 
mais as diferentes ciências, que se unem para proporcionar a transferência de 
conhecimentos de forma mais integrada e através de uma visão holística e não 
puramente ecológica. A quebra de paradigmas é uma questão complexa e que deve ser 
explorada de forma interdisciplinar e multidisciplinar para obter os resultados positivos 
que se espera quanto a mudança de postura da espécie humana frente a complexidade 
do meio ambiente (WILSON 2018). 
 
“O efeito determinante da natureza sobre a sociedade e sobre a 
cultura humana, a adaptação humana à natureza, e a natureza 
como um fator limitante para as possibilidades humanas”. Moran 
(1994) p.47. 
 
 
48 
 
 
11 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS 
 
No primeiro semestre conhecemos a ecologia, que é a área da Biologia que 
estuda a relação entre os organismos e o ambiente, em conjunto com os fatores 
ambientais. Na aula de hoje vamos observar algumas das aplicações da Ecologia. 
É incontestável que nenhuma espécie vive isolada, de algum modo, essa se 
relacionará com outras espécies pertencentes ou não à mesma comunidade 
(FORATINI, 1992). Quando identificamos e interpretamos estas relações podemos 
intervir de forma a melhorar a qualidade de vida humana. 
 Para compreender melhor a importância do conhecimento das interações entre 
os organismos, através de exemplos do nosso cotidiano, vamos tomar como exemplo 
os cupins, que são pragas que infestam nossas casas. No Brasil, são conhecidas cerca 
de 290 espécies de cupins, que vivem em sociedades com diferentes morfotipos 
adaptados ao trabalho que desempenham. Nas florestas estes insetos são importantes 
no processo de ciclagem de nutrientes, mas, nas cidades, são pragas e destroem 
objetos e construções. 
 
 
Fonte: www.portalmacauba.com.br 
 
49 
 
 
 
O aumento dos problemas entre o homem e os cupins vem crescendo a cada ano, 
provavelmente isso se deve a alta plasticidade biológica dos cupins e aos impactos 
ambientais causados pelo homem. O controle de cupins é um grande desafio técnico 
enfrentado pelos profissionais do ramo do mundo inteiro (WILSON 2018). 
O sucesso no controle de qualquer praga está associado ao conhecimento sobre 
a Biologia da espécie e a devida interpretação das alterações comportamentais sofridas 
pela espécie em diferentes condições, ou seja, uma análise ecológica da população em 
questão. Não existe uma receita para o combate deste tipo de praga, as interações das 
populações e o local onde elas agem podem ser muito complexos. Isto exige um 
profissional com experiência na área, conhecimento da biologia e do comportamento 
das espécies de cupim e também da construção civil. 
Uma outra praga urbana e agrícola que traz muitos prejuízos ao ser humano são 
os ratos. Estes diminuem o rendimento e a qualidade dos produtos agrícolas, além de 
danos a estruturas das instalações industriais e residenciais. Não podemos esquecer 
que são importantes portadores de uma série de enfermidades como a peste negra, 
peste bubônica, salmonelose, leptospirose, tifo, hantavirose, dentre outras. 
O combate dessa praga é feito de forma semelhante aos cupins, é necessário em 
primeiro lugar a identificação da espécie, o conhecimento dos seus hábitos de vida, 
como os locais de formação de ninhos, alimentação etc, para posterior ação de combate 
(WILSON 2018). 
Como você pôde perceber o combate de pragas só é efetivamente realizado a 
partir do momento que você conhece um pouco da ecologia da espécie em questão. 
 
12 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES 
 
 
50 
 
 
O estudo das interações entre as espécies e destas com o meio ambiente é 
fundamental para implementação de futuros planos de manejo e conservação de 
espécies animais que estão sob ameaça de extinção ou não. 
 Atualmente, os meios de comunicação divulgam principalmente as pesquisas que 
tem foco em espécies de apelo popular como tubarões, golfinhos, baleias e tartarugas, 
ou aquelas que estudam espécies de importância econômica como ostras, crustáceos 
e peixes (WILSON 2018). 
 
 
Fonte: www.tudosobremaldivas.com 
Muitos outros trabalhos de igual importância ecológica são desenvolvidos todos os 
anos no território brasileiro e não chegam ao conhecimento da população. 
 Espécies de fungos ou bactérias e pequenos invertebrados como os insetos e 
aranhas desempenham papel importantíssimo na manutenção do ecossistema de forma 
geral. A conservação de espécies ameaçadas ou mesmo a recolocação de animais 
apreendidos pela fiscalização pública necessita de dados sobre a ecologia das 
espécies, para aumentar a chance de sobrevivência destas no ambiente ou mesmo 
espécies que não estão ameaçadas podem ser vítimas de acidentes ambientais e os 
dados ecológicos disponíveis podem auxiliar a resolver possíveis problemas. 
Para exemplificar podemos citar espécies que não são conhecidas pela população 
como os ermitões, que são caranguejos que protegem o seu corpo se escondendo 
dentro de uma concha de caracol e utilizando essa para se locomover. Ermitões da 
 
51 
 
 
espécie Clibanarius vittatus (Bosc, 1802) são organismos marinhos que vivem na região 
entre marés de praias estuarinas ou costões rochosos e dependem de conchas de 
caracóis para sobreviver, quando desprotegidos pelas conchas estes animais ficam 
totalmente vulneráveis no ambiente, sendo predados por peixes e outros caranguejos 
facilmente (WILSON 2018). 
 Suponha que houve um derramamento de petróleo no mar que não atingiu a 
região entre marés, ou seja, que os ermitões não foram afetados, e que o óleo 
derramado atingiu muitas espécies animais, dentre estas, a população de caracóis que 
foi totalmente dizimada. 
Diretamente os ermitões não foram afetados e em curto prazo não se pode 
diagnosticar nenhum efeito sobre estes animais, mas conhecendo um pouco da 
ecologia e do comportamento e vida destes animais sabemos que a médio e longo prazo 
estes animais serão afetados drasticamente, deixando de existir neste local por extinção 
ou por migração para outras áreas onde existam recursos de conchas disponíveis. 
Quando se trata de uma espécie que está sob forte ameaça de extinção, o 
conhecimento ecológico é mais importante ainda, pois, medidas de manejo e proteção, 
com demarcação de áreas de proteção ambiental podem ser subsidiadas por dados 
referentes à ecologia trófica, distribuição e ocorrência das espécies. 
 Como pudemosobservar na aula de hoje, o estudo da interação entre as espécies 
e destas com o ambiente é fundamental, independente da importância econômica desta. 
Em sua casa, observe as formigas carregando um pedaço de alimento quando estão 
subindo a parede e perceba que na sua casa estes organismos podem ser considerados 
como pragas, mas, na natureza elas estariam cumprindo um importante papel dentro 
do ecossistema (WILSON 2018). 
12.1 Interações ecológicas 
A ecologia estuda os processos, as dinâmicas e as interações entre todos os seres 
vivos de um ecossistema. As interações ecológicas são caracterizadas pelo benefício 
de todos os seres vivos (harmônicas) ou pelo prejuízo de um deles (desarmônicas), e 
 
52 
 
 
podem ocorrer entre seres da mesma espécie (intraespecíficas) ou espécies diferentes 
(interespecíficas). 
 Relações intraespecíficas harmônicas: sociedade (organização de 
indivíduos da mesma espécie) e colônia (agrupamento de indivíduos da mesma 
espécie com graus de dependência entre si). 
 Relações intraespecíficas desarmônicas: canibalismo e competições intra e 
interespecíficas (seleção natural). São relações entre espécies iguais, porém 
há um prejuízo para pelo menos um dos lados. 
 Relações interespecíficas harmônicas: mutualismo (ou simbiose), 
protocooperação, inquilinismo (ou epibiose) e comensalismo. 
 Relações interespecíficas desarmônicas: amensalismo (ou antibiose), 
herbivoríssimo, predatismo, parasitismo e esclavagismo intra e interespecífico. 
Os elementos que compõem os ecossistemas estão intimamente relacionados 
entre si, de modo que um interfere nas propriedades do outro e cada um é necessário 
para a manutenção da vida na Terra. Os ecossistemas são, portanto, unidades 
funcionais básicas em que os componentes bióticos e abióticos interagem e estão 
inseparavelmente relacionados (LOPES, 2006). 
Cada espécie pertence a um determinando ecossistema, fazendo parte de uma 
biocenose ou de uma comunidade, e pode sofrer efeitos distintos, como: 
 Fatores bióticos: de um ecossistema são os seres vivos, como as plantas, 
animais e micro-organismos. Podemos dividir esses componentes em dois 
grupos principais: os organismos autotróficos e os heterotróficos. Os primeiros 
 
53 
 
 
produzem seu próprio alimento através de processos de fotossíntese e 
quimiossíntese, já os heterotróficos são os consumidores e os decompositores. 
 Fatores abióticos: são aqueles fatores não vivos, como a luz, a temperatura, 
os nutrientes, o solo e a água. Dentre esses componentes, podemos destacar 
a radiação solar, que permite o processo de fotossíntese pelos seres 
fotossintetizantes. Além disso, a água e a temperatura também exercem um 
importante papel na sobrevivência de organismos. 
 
Fonte:www.todamateria.com.br 
 
13 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA 
 
A ecologia busca compreender a importância de cada espécie na natureza e a 
necessidade de preservar os vários ambientes naturais que a Terra abriga. Barsano e 
Barbosa (2013) descrevem que não são apenas a fauna e a flora que merecem 
 
54 
 
 
cuidados: há outros fatores que também devem ser observados visando ao equilíbrio 
da natureza, entre eles o espaço físico, a temperatura e a localização. 
O termo biodiversidade (ou diversidade biológica) refere-se à riqueza e à 
variedade de plantas e animais que são encontrados nos mais diferentes ambientes. As 
plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da 
matéria-prima industrial consumida pelo ser humano (STEIN 2017). 
Para melhor compreensão do mundo vivo, a biologia, a ecologia e muitas outras 
áreas utilizam níveis de organização biológica em seus estudos. As estruturas 
biológicas organizam-se hierarquicamente desde o nível de organização mais baixo até 
ao nível de organização mais elevado, ou seja, da célula até a biosfera. Os níveis mais 
elevados (acima do nível “população”) são frequentemente referidos como organização 
ecológica. De acordo com Begon (2007), Townsend, Begon e Harper (2010), Cain, 
Bowman e Hacker (2011) e Nicolau (2017), cada nível de organização biológica é 
composto, principalmente, pelas unidades estruturais do nível organizacional 
imediatamente inferior, somado a um aumento da complexidade organizacional (STEIN 
2017). 
Um conceito básico associado à organização biológica é o da emergência, 
surgimento, de caraterísticas e funções novas nos níveis organizacionais 
sucessivamente mais elevados, não presentes nos níveis de organização mais baixos. 
Isso significa que, na hierarquia, os níveis sucessivamente mais elevados apresentam 
caraterísticas e funções novas, que resultam do respectivo aumento de complexidade 
(STEIN 2017). 
Assim, teoricamente, uma alteração na organização da estrutura biológica de um 
nível inferior acarreta alterações na organização das estruturas biológicas superiores 
por exemplo, alterações na estrutura de um átomo conduzem, ou podem conduzir, a 
alterações na organização biológica de níveis superiores, indo da célula para o 
organismo até a biosfera. Os níveis de organização biológica são uma das melhores 
formas de delimitar a ecologia moderna, segundo Odum e Barrett (2015). Veja uma 
representação dos níveis de organização na Figura 2. 
 
55 
 
 
 
Fonte: Adaptada de Odum e Barrett (2015) 
Os níveis de organização biológica iniciam pela célula, a qual é definida como a 
unidade básica, estrutural e funcional da vida. Ela é a menor unidade dos níveis de 
organização biológica que se classifica como ser vivo. 
Alguns seres vivos são constituídos por uma única célula (seres unicelulares como 
bactérias, fungos, algas, entre outros), e outros são constituídos por conjuntos de 
células (seres multicelulares, como animais, plantas e o homem), conforme ressalta 
Nicolau (2017). 
Os tecidos são formados pela união de células especializadas. Eles estão 
presentes em apenas alguns organismos multicelulares, como as plantas e os animais. 
Quando organizados e juntos, os tecidos formam os órgãos, que são formados por 
vários tipos de tecidos — por exemplo, o coração é formado por tecido muscular, 
sanguíneo e tecido nervoso (nervos). 
Já os sistemas, por sua vez, são formados pela união de vários órgãos que 
trabalham em conjunto para desempenhar determinada função corporal — por exemplo, 
o sistema digestivo, que é formado por vários órgãos como boca, estômago, intestinos, 
entre outros. 
 
56 
 
 
O conjunto de órgãos que constituem um ser vivo é denominado organismo. As 
características principais dos organismos são a capacidade de extrair energia a partir 
de nutrientes, de se adaptar às mudanças ambientais e de se reproduzir. 
A ecologia se preocupa de forma ampla, mas não total, com os níveis de sistema 
além do organismo. O termo população, originalmente cunhado para um grupo de 
pessoas, foi ampliado para incluir grupos de indivíduos de qualquer tipo de organismo. 
A população corresponde ao conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que 
ocorrem juntos em uma mesma área geográfica no mesmo intervalo de tempo (LOPES, 
2006; ODUM; BARRETT, 2015). 
Já a comunidade (também denominada biocenose ou biota), inclui todas as 
populações que ocupam uma certa área. Sobre a comunidade atuam vários fatores 
físicos, químicos e geológicos do ambiente, como a luz, a umidade, a temperatura, os 
nutrientes, o solo e a água. Esses são os componentes abióticos, enquanto que os seres 
vivos são os componentes bióticos. 
A comunidade e o ambiente não vivo (abiótico) funcionam juntos, que eles 
correspondem ao ecossistema — também denominado biocenose ou biogeocenose em 
algumas bibliografias. Em relação à paisagem, ela se refere à área heterogênea 
composta de um agregado de ecossistemas em integração, que se repetem de maneira 
similar por toda a sua extensão. Uma bacia hidrográfica é um bom exemplo de unidade 
de paisagem, porque geralmente tem limites naturais identificáveis.

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