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Livro Epidemiologia

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Prévia do material em texto

EPIDEMIOLOGIA
Professora Dra. Izabel Galhardo Demarchi
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; DEMARCHI, Izabel Galhardo. 
Epidemiologia. Izabel Galhardo Demarchi. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
224 p.
“Graduação - EaD”.
1. Epidemiologia. 2. Gestão. 3. Hospitalar 4. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 614.4
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Executiva de Ensino
Janes Fidélis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Operações
Chrystiano Minco�
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Silvio Cesar de Castro
Designer Educacional
Bárbara Neves
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Ana Eliza Martins
Qualidade Textual
Produção de Materiais
Ilustração
Bruno de Camargo Pinhata
Marta Kakitani
Marcelo Goto
ISBN 978-85-459-1143-2
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CU
RR
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U
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Professora Dra. Izabel Galhardo Demarchi
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Marin-
gá-UEM (2015) e graduação em Farmácia (2005) com habilitação em 
Análises Clínicas (2006) pela Universidade Estadual do Oeste do Pa-
raná-UNIOESTE. Atualmente, é professora assistente na Universidade 
Estadual de Maringá. Tem experiência em Saúde Pública, Epidemio-
logia e Imunologia Clínica, desde 2009. Desenvolve projetos de pes-
quisa, extensão e de ensino nas áreas de Epidemiologia e Imunologia 
Clínica, com ênfase em doenças infecciosas.
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4267 
101H6>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro (a) aluno (a), este livro nasceu da necessidade de um texto adequado para o ensino 
dos princípios básicos de epidemiologia para o curso de graduação em Tecnologia em 
Gestão Hospitalar à distância da UNICESUMAR, mas poderá ser utilizado por qualquer 
outro acadêmico ou profissional de saúde.
A disciplina de epidemiologia pode ser considerada uma ciência nova, que foi incorpo-
rada recentemente aos currículos de graduação e pós-graduação. Você perceberá que 
a epidemiologia é uma ferramenta fundamental para os profissionais de saúde e possui 
interfaces com outras disciplinas, como a estatística, a demografia, a geografia, a ecolo-
gia, a ética, a sociologia e a clínica. A partir deste livro, você compreenderá o papel da 
epidemiologia para a saúde pública, e como ciência prática é instrumento para a toma-
da de decisão, planejamento e gestão em saúde.
A abrangência deste livro se limita à epidemiologia geral. Este livro está estruturado em 
cinco capítulos, que fornecem o aprendizado de conceitos, de princípios, de técnicas e 
da utilização da epidemiologia. Trata-se de uma obra básica, que apresenta os conceitos 
fundamentais de forma clara e concisa, facilitando o primeiro contato do acadêmico 
com a disciplina, interessando a todos os alunos de diversos cursos da área da saúde.
Na Unidade I, apresentamos os conceitos, objetivos e perspectivas históricas da epide-
miologia. Você irá compreender como se dá o processo saúde-doença, conhecido como 
história natural das doenças, a investigação dos fatores etiológicos (preditores), a causa-
lidade e a aplicação das medidas preventivas.
A Unidade II conceitua os métodos epidemiológicos utilizados para a compreensão da 
distribuição das doenças, assim como descreve a coleta de dados das populações ou 
de indivíduos que geram informações e medidas de doença e saúde. Nessa mesma uni-
dade, os principais indicadores de saúde também são descritos e interpretados, permi-
tindo uma visão crítica da situação de saúde das populações. Também são descritas a 
estrutura e funções da Vigilância Epidemiológica, permitindo a identificação das fontes 
de dados e o conhecimento dos sistemas de informação em saúde.
As medidas de frequência, prevalência e incidência, também conhecidas como medidas 
de ocorrência, são detalhadasna Unidade III, permitindo que você compreenda a distri-
buição dos casos de acordo com a duração e tempo da doença. Além disso, também são 
definidas e interpretadas as medidas de associação, principalmente Odds ratio e risco 
relativo, para a identificação de preditores associados aos desfechos em saúde, como 
doenças, óbitos, sequelas e outros.
Na Unidade IV, definimos os principais desenhos de estudos epidemiológicos, iniciando 
com os estudos descritivos, que são os mais utilizados para descrever a distribuição de 
doenças numa população. A seguir, são descritos os principais estudos analíticos utiliza-
dos em saúde para a identificação de fatores etiológicos ou causas de diferentes desfe-
chos do processo saúde-doença. Esses estudos utilizam-se da estatística para a geração 
APRESENTAÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
de hipóteses ou a confirmação de causalidade. São apresentados os estudos do tipo 
transversal, caso-controle, coorte e ensaios clínicos humanos e não humanos (os 
ditos experimentais).
Por fim, na Unidade V, descrevemos algumas das aplicações da epidemiologia na 
saúde, como a Epidemiologia Moderna, Genética, Ambiental, Clínica baseada em 
evidências, Social, e Hospitalar. Além disso, abordamos a aplicação da epidemiolo-
gia para o planejamento e gestão em saúde que subsidiam as tomadas de decisões 
das políticas públicas ou privadas, e para a avaliação dos serviços de saúde ofereci-
dos à população.
A epidemiologia é uma disciplina complexa e que está em constante construção; 
portanto, não podemos considerar que este livro esgote os temas epidemiológicos, 
mas que traga uma seleção abrangente da epidemiologia, que trará consequências 
positivas para a formação de novas gerações de epidemiologistas. Espero que você 
explore todos os recursos pedagógicos propostos neste livro e suas referências. 
Uma boa aprendizagem e um ótimo curso!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS 
HISTÓRICAS
15 Introdução 
16 Conceitos Epidemiológicos 
20 Perspectiva Histórica 
38 Aplicações da Epidemiologia 
48 História Natural da Doença 
57 Medidas Preventivas 
61 Considerações Finais 
67 Referências 
69 Gabarito 
UNIDADE II
INDICADORES DE SAÚDE E A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
73 Introdução 
74 Métodos Epidemiológicos: Conceitos 
77 Dados Epidemiológicos: da Coleta à Informação 
82 Resultados Epidemiológicos 
85 Principais Indicadores de Saúde 
90 Vigilância Epidemiológica 
SUMÁRIO
10
94 Considerações Finais 
100 Referências 
101 Gabarito 
UNIDADE III
MEDIDAS DE FREQUÊNCIA E DE ASSOCIAÇÃO
105 Introdução 
106 Medidas de Frequência (Ocorrência) 
110 Prevalência 
114 Incidência 
118 Medidas de Associação para Estudos Retrospectivos 
128 Medidas de Associação para Estudos Prospectivos 
132 Considerações Finais 
139 Referências 
140 Gabarito 
UNIDADE IV
PRINCIPAIS DESENHOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
145 Introdução 
146 Epidemiologia Descritiva 
157 Epidemiologia Analítica e Estudo Transversal 
SUMÁRIO
11
161 Estudo Caso-Controle
166 Estudo de Coorte 
170 Ensaio Clínico/Estudo Experimental (Humanos e Não Humanos) 
177 Considerações Finais 
183 Referências 
184 Gabarito 
UNIDADE V
EPIDEMIOLOGIA APLICADA EM SAÚDE
187 Introdução 
188 Epidemiologia Molecular e Genética 
194 Epidemiologia Clínica (Medicina Baseada em Evidência) 
199 Epidemiologia Ambiental e Social 
204 Epidemiologia Hospitalar 
208 Epidemiologia: Planejamento em Saúde, Gestão e os Serviços de Saúde 
213 Considerações Finais 
219 Referências 
220 Gabarito 
221 Conclusão 
U
N
ID
A
D
E I
Professora Dra. Izabel Galhardo Demarchi
EPIDEMIOLOGIA: 
DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar uma visão geral da Epidemiologia e compreender os seus 
conceitos, elementos fundamentais e temas básicos;
 ■ Abordar a perspectiva histórica da Epidemiologia, destacando a 
evolução, utilização atual até a Epidemiologia moderna; 
 ■ Apresentar as principais aplicações da Epidemiologia;
 ■ Compreender a história natural da doença integrando os conceitos 
de saúde e doença. Entender a Etiologia nas fases pré-patológicas 
e patológicas. Compreender a correlação entre preditor e desfecho 
para explicar o processo de saúde-doença;
 ■ Compreender e classificar a prevenção em saúde.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Conceitos epidemiológicos
 ■ Perspectiva histórica
 ■ Aplicações da Epidemiologia
 ■ História Natural da Doença
 ■ Medidas preventivas
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo à disciplina de Epidemiologia! Nesta unidade, você com-
preenderá que a Epidemiologia é uma disciplina básica e fundamental para os 
cursos da área de saúde, uma vez que a aplicação de seus conceitos e métodos 
permitem estabelecer ou hipotetizar a situação de saúde de uma população, assim 
como define os preditores (fatores de risco ou de proteção) associados aos mais 
diversos desfechos encontrados em saúde. 
Nesta unidade, serão apresentados os principais conceitos, objetivos e perspec-
tivas históricas da Epidemiologia, fornecendo informações conceituais essenciais 
para a compreensão das próximas unidades. Aqui, conceituamos a Epidemiologia 
e outras terminologias, e descrevemos os seus objetivos e aplicações para a saúde. 
Em perspectivas históricas, contamos a base do surgimento desta disciplina até 
a Epidemiologia Moderna, destacando a sua importância para a descoberta dos 
agentes causadores de doenças, óbitos ou outras consequências. A Epidemiologia 
não só está relacionada às doenças ou outros desfechos desfavoráveis, mas tam-
bém com a descoberta de vacinas ou medidas preventivas que promovem a saúde 
do indivíduo ou do coletivo, assim como explora a pesquisa de medicamentos, 
novos métodos de diagnóstico e de recuperação da saúde.
Considerando que a Epidemiologia estuda a distribuição das doenças e outros 
desfechos em saúde em uma população, é importante que todo o processo em 
que o indivíduo saudável se torna um doente seja compreendido desde a raiz. 
Portanto, aqui nesta unidade o aluno poderá compreender o processo saúde-do-
ença, também descrito como História Natural das Doenças.
A base das doenças ou outros desfechos, como o óbito, sequelas ou até a 
cura, está na investigação dos fatores etiológicos (preditores de risco ou de pro-
teção) e na causalidade, que são definidos e interpretados na Unidade I. Aqui, 
você também poderá compreender como se dá a aplicação das medidas preven-
tivas para a promoção, proteção e recuperação à saúde. Tenha uma boa leitura 
e um bom aproveitamento da nossa disciplina.
Introdução
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EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS
Bem-vindo (a) ao primeiro tópico de Epidemiologia! Caro (a) aluno (a), neste 
tópico você aprenderá alguns conceitos teóricos da nossa disciplina para poder-
mos dar continuidade aos próximos conteúdos. 
Nesta Unidade, nós estudaremos a definição de Epidemiologia e outros temas 
importantes para padronizarmos a nossa linguagem. Espero que você adquira a 
base teórica da Epidemiologia para avançarmos para os conteúdos mais complexos.
O QUE É EPIDEMIOLOGIA?
Primeiramente, você deve estar se perguntando, mas o que é Epidemiologia? 
Atualmente, Epidemiologia é a principal ciência da informação em saúde, 
base da medicina, da saúde coletiva e das outras formações profissionais de 
saúde (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011). Pode ser considerada o eixo 
da saúde pública e uma disciplina essencial para todas as disciplinas clínicas 
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Em termos etimológicos (origem da palavra), “Epidemiologia” significa 
o estudo do que afetaa população ou estudo sobre populações (epi=sobre; 
Conceitos Epidemiológicos
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demo=população; logos=estudo) Atualmente, considerando que a Epidemiologia 
tem uma complexidade crescente e que sua abrangência partiu do individual 
para um conceito de coletividade, existem muitas definições para este termo 
(PEREIRA, 2002). 
O conceito original se restringia ao estudo de epidemias de doenças transmis-
síveis, o que prevaleceu por um longo período (PEREIRA, 2002). No dicionário 
Oxford (English Dictionary), Epidemiologia se trata de um ramo da ciência 
médica que trata das epidemias. E o que é epidemia? A epidemia ocorre quando 
o número de casos de uma doença ou óbito (ou ainda outro desfecho) excede o 
número de casos esperados para aquele período e localidade (GORDIS, 2009). 
No entanto, esse conceito é muito básico e atualmente não contempla a magni-
tude dessa disciplina, de modo que o conceito evoluiu para abranger todos os 
eventos relacionados com a saúde das populações (PEREIRA, 2002).
A Epidemiologia tem sido definida tradicionalmente como a ciência 
que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas 
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011). Leon Gordis (2009) define Epidemiologia 
como a ciência que estuda a distribuição das doenças nas populações e os fatores 
que determinam ou influenciam esta distribuição. A Associação Internacional 
de Epidemiologia (IEA, International Epidemiological Association), em 1973, 
definiu essa disciplina em seu Guia de Métodos de Ensino como o estudo dos 
fatores determinantes para a frequência (número e porcentagem) e a distri-
buição das doenças nas coletividades humanas . A ciência clínica tem como 
foco o estudo da enfermidade no indivíduo, observando caso a caso, enquanto 
que a Epidemiologia estuda os problemas de saúde de um grupo de pessoas 
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
O conceito mais completo de Epidemiologia pode ser encontrado na referên-
cia de Almeida Filho e Rouquayrol (2006, p. 15), na qual ela é conceituada como: 
ciência que estuda o processo saúde-enfermidade na sociedade, ana-
lisando a distribuição populacional e fatores determinantes do risco 
de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas 
específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, da-
nos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da 
saúde individual ou coletiva, produzindo informação e conhecimento 
para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e ava-
liação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A Epidemiologia questiona Qual, Onde, Quando e Porquê alguma doença ou 
outro evento em saúde acomete um indivíduo ou uma população? Portanto, a 
doença, a moléstia, o agravo, o óbito e ausência de saúde não são distribuídas 
ao acaso em uma população (GORDIS, 2009). 
Atualmente, sabe-se que a Epidemiologia não estuda somente as epidemias 
e que as áreas temáticas se concentram no estudo de doenças infecciosas (por 
exemplo: sarampo, malária, infecção pelo vírus da imunodeficiência adqui-
rida/HIV, entre outras), doenças não infecciosas (diabetes, hipertensão arterial, 
depressão e outras), e agravos à integridade física (acidentes, homicídios, suicí-
dios, óbito) (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). Pode ainda ser definida 
como a ciência que estuda os fatores etiológicos na gênese das enfermidades 
(JÉNICEK, 1995), que quantifica os fenômenos de saúde e doença, usando cál-
culos matemáticos e técnicas estatísticas (GORDIS, 2009). Podemos inferir que 
a Epidemiologia é uma ciência aplicada e dirigida para a solução de problemas 
de saúde, e se trata de uma ferramenta poderosa e de grande utilidade para a 
área da saúde. Atualmente, ela ocupa cada vez mais um lugar privilegiado como 
fonte de desenvolvimento metodológico para todas as ciências da saúde e subsi-
diando as práticas de saúde (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Resumindo, a Epidemiologia é a disciplina que analisa a situação de saúde 
das populações a partir do levantamento da frequência e distribuição dos fenô-
menos associados à saúde humana, animal e ambiental; identifica os fatores 
determinantes (preditores) das doenças, agravos ou óbito; e auxilia no planeja-
mento e gestão em saúde a partir de seus resultados e interpretações. Agora que 
você já entendeu o conceito da Epidemiologia, vamos compreender melhor os 
seus objetivos para a saúde coletiva e individual.
OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA
Como pudemos ver no tópico anterior, o alvo da Epidemiologia, no passado, era 
voltado para a detecção de epidemias, como as de cólera, pestes, varíola e febre 
amarela, que afetam a população. Com o passar do tempo, observou-se que a 
epidemia era apenas uma fase aguda de uma fase do processo de morbidade 
Conceitos Epidemiológicos
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(doença). Os estudiosos passaram a observar continuamente a ocorrência e a 
distribuição das doenças agudas e a buscar agentes etiológicos específicos para 
as doenças. A partir disso, o estudo de doenças infecciosas crônicas também se 
tornaram alvo das pesquisas (PEREIRA, 2002).
Ao longo dos anos, os pesquisadores e epidemiologistas observaram que 
houve uma redução do número de óbitos e doentes por doenças infecciosas, 
enquanto aumentaram os casos de doenças crônicas (como o câncer, diabetes 
e hipertensão arterial). O estudo de doenças crônicas dirigiu as pesquisas para 
investigações de condições etiológicas pré-existentes (presentes antes do apareci-
mento das alterações clínicas ou anatomopatológicas), como os fatores de risco e 
os estados fisiológicos. Assim, a Epidemiologia passou a estudar qualquer evento 
relacionado a saúde das populações, não só a doença, mas também os fatores de 
risco e de proteção aos quais os indivíduos se expõem, e outros fatores que afe-
tam os índices de morbidade e mortalidade (PEREIRA, 2002).
 A partir da assistência aos doentes e da prática de medidas preventivas, 
destacou-se o papel dos serviços de saúde para a detecção da distribuição e ocor-
rência das doenças, e esses serviços passaram a ser utilizados como referência 
para obtenção de dados e informações para a Epidemiologia, assim como a dis-
ciplina Epidemiologia passou a ser utilizada pelos serviços como um método de 
avaliação dos serviços prestados, como por exemplo, a auxiliar as instituições de 
saúde a verificar a cobertura populacional dos serviços, a qualidade do atendi-
mento e outros (PEREIRA, 2002).
Os objetivos básicos da Epidemiologia são: 
 ■ descrever as condições de saúde da população, como a distribuição e a 
magnitude dos eventos, de forma a determinar a extensão da doença na 
comunidade;
 ■ investigar os fatores determinantes (preditores) da situação de saúde, ou 
seja, identificar os fatores etiológicos na gênese das enfermidades em um 
contexto coletivo.;
 ■ estudar a história natural e o prognóstico da doença, a fim de desenvol-
ver novos modelos de intervenção a partir de tratamentos ou medidas 
preventivas e, assim, comparar com os modelos de referência para veri-
ficar se foram efetivos;
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
 ■ reduzir ou eliminar a exposição aos fatores de risco a partir do desenvol-
vimento de uma base para programas preventivos;
 ■ reduzir os problemas de saúde a partir do conhecimento de sua distribui-
ção e das medidas de intervenção;
 ■ proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação 
das ações de prevenção, controlee tratamento das doenças, assim como 
estabelecer prioridades; 
 ■ proporcionar bases para desenvolver as políticas públicas de saúde rela-
cionadas aos problemas genéticos, ambientais ou de outra natureza;
 ■ avaliar o impacto das ações dos serviços de saúde, assim como, tecnolo-
gias e processos no campo da saúde. (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 
1999; PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011)
Hoje, a Epidemiologia é fundamental e a base para todas as ciências básicas, clí-
nicas e sociais da saúde (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011). Mas qual é a sua 
história? Como surgiu tão importante disciplina? Quais são os princípios éticos, 
políticos e filosóficos que tornam inegável a Epidemiologia para nossas vidas? 
Todas essas respostas você encontrará no próximo tópico.
PERSPECTIVA 
HISTÓRICA
Neste tópico, você entenderá o sur-
gimento da Epidemiologia como 
disciplina e base para as demais 
áreas da saúde, e compreen-
derá o seu desenvolvimento até a 
Epidemiologia Moderna.
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RAÍZES HISTÓRICAS DA EPIDEMIOLOGIA
As raízes da Epidemiologia estão dentro da História da Medicina e da evolu-
ção das causas das doenças, e podemos traçá-las desde a antiguidade clássica 
(PEREIRA, 2002). Segundo Almeida Filho e Barreto (2011), a Epidemiologia é 
uma ciência que busca respostas para questões transcendentes sobre a vida, a 
saúde, o sofrimento e a morte, e que se modifica sem cessar. No campo científico, 
a Epidemiologia emergiu no final do século XIX e se consolidou como ciência 
em meados do século XX. Inicialmente, abordaremos os principais elementos 
da Epidemiologia, com base na cultura ocidental moderna, e as circunstâncias 
que que fizeram emergir os três pilares fundamentais da Epidemiologia: a clí-
nica, a medicina social e a estatística (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
HIPÓCRATES DE CÓS - GRÉCIA ANTIGA (400 ANOS A.C.)
Os primeiros relatos associados à Epidemiologia são encontrados na História 
Antiga, em que existia uma tensão entre a medicina curativa e preventiva, e entre 
a medicina individual e coletiva. Esse pensamento ocidental era encontrado 
na Grécia antiga em 420 a.C. Na mitologia grega, cultuava-se o deus da saúde, 
Asclépios (também chamado de Esculápio), concomitantemente conhecido como 
deus da medicina (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009; 
BUSATO, 2016; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Esse antagonismo entre a medicina curativa e a medicina preventiva é encon-
trado na figura das filhas e herdeiras de Asclépios, Panacéia e Higéia. Este paradoxo 
entre a medicina individual/curativa e coletiva/preventiva é ainda um pensa-
mento predominante até os dias de hoje. Panacéia era considerada a “padroeira” 
da medicina individual curativa, a qual representava a prática terapêutica baseada 
em intervenções por manobras físicas, encantamentos, preces e uso de medi-
camentos (pharmakon= fármacos) em indivíduos doentes (ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009; BUSATO, 2016). A irmã, Higéia (que 
deu origem ao termo higiene), era venerada por aqueles que consideravam a 
saúde resultante da harmonia entre os homens e o ambiente. Os chamados higeus 
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buscavam promover a saúde e evitar as doenças por meio de ações preventivas, 
a partir da manutenção do equilíbrio entre os elementos fundamentais: terra, 
fogo, ar e água. A sobrevivência dessas crenças e práticas levou à derivação da 
palavra higiene e ao seu conceito no sentido de promoção da saúde, principal-
mente em âmbito coletivo (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 
2009; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
O precursor da Epidemiologia, também considerado por muitos o pai da 
Epidemiologia, foi Hipócrates de Cós. O raciocínio epidemiológico foi anteci-
pado por Hipócrates a partir de seus estudos sobre as epidemias (termo criado 
por ele) e a distribuição das enfermidades nos ambientes. No seu escrito Corpus 
Hippocraticus, fica clara a visão racional da medicina, afastando as teorias sobrena-
turais, bem diferente da concepção mágico-religiosa predominante na antiguidade 
(PEREIRA, 2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Hipócrates definiu que a saúde 
do homem dependeria da harmo-
nia entre os fluidos (bile amarela e 
negra, fleugma ou linfa, e sangue) e 
do equilíbrio destes elementos natu-
rais, ou seja, as doenças eram produto 
da relação complexa entre a consti-
tuição do indivíduo e do ambiente 
que o cerca. Em seu texto, ele orien-
tava ao médico sempre considerar os 
fatores ambientais como o clima, a 
maneira de viver, os hábitos de comer 
e de beber, durante a avaliação clínica 
do indivíduo. Ele também defendia o 
exame clínico minucioso e sistemá-
tico do pacientes, que consiste em 
base para o diagnóstico e descrição 
da História Natural das Doenças. 
Além de ser considerado o pai da medicina, muitos o consideram o pai da 
Epidemiologia, ou ainda o primeiro epidemiologista (PEREIRA, 2002). 
Figura 1 - Hipócrates de Cós, o iniciador da 
Epidemiologia, que estudou as causas das doenças 
seguindo um raciocínio lógico e não miasmático.
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Um dos seus trabalhos clássicos, denominado como Ares, águas, lugares, 
buscou apresentar explicações no racional, e não no sobrenatural, a respeito das 
doenças nas populações, ligando-as aos fatores ambientais, defendendo o conceito 
ecológico da saúde-enfermidade, utilizado até os dias de hoje. Suas observações 
não se limitavam apenas ao paciente em si, mas sim à coletividade. A partir daí, 
surgiu a ideia do miasma (emanação), em que a doença era originada de situa-
ções insalubres, como a má qualidade do ar. Essas emanações insalubres seriam 
capazes de causar doenças como malária, que vem do latim maus ares (junção de 
mal e ar), que se relaciona com a crença sobre o modo de transmissão da doença. 
As emanações passariam do doente para os indivíduos suscetíveis, o que expli-
cava a origem das epidemias de doenças contagiosas da época (PEREIRA, 2002; 
ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
A preservação dos ensinamentos de Hipócrates foi mantida principalmente 
por Galeno (138-201 a.C) na Roma antiga, por árabes na Idade Média e retomada 
por clínicos na Europa Ocidental, no período da Renascença e, posteriormente, 
por toda parte. Um dos médicos mais famosos naquele período, foi Claudius 
Galeno, natural de Bergama (Turquia). Galeno sustentou a teoria humoral de 
Hipócrates e a ampliou (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 
2009; BUSATO, 2016; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Além de Galeno, a era romana nos deixou mais um legado para a Epidemiologia, 
pelas mãos do imperador Marco Aurélio, que solicitava a realização de censos peri-
ódicos e de um registro compulsório de nascimentos e óbitos, o que mais tarde seria 
conhecido como “estatísticas vitais”. O império romano tinha o que podemos cha-
mar de infraestrutura sanitária, formada por aquedutos que levavam água de melhor 
qualidade para Roma, e de esgotos, que até hoje são preservados (ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011; BUSATO, 2016; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
IDADE MÉDIA ATÉ O SÉCULO XIX
No início da idade média, no Ocidente, predominaram o cristianismo e as práti-
cas de caráter mágico-religioso, com o propósito da salvação da alma. A prática 
clínica para os pobres era exercida por religiosos, principalmente como caridade, 
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
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ou por leigos, barbeiros, boticários e outros. Nesse contexto, não havia espaço 
para asações de cunho coletivo, alastrando-se as epidemias e as pragas, e nestas 
situações de maior risco, tornava-se a se tomar as medidas coletivas (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). 
Enquanto no mundo ocidental priorizavam-se as medidas de cunho indi-
vidual e práticas baseadas em magia, no mundo árabe destacavam-se o avanço 
tecnológico e o caráter coletivo da medicina. O apogeu desta era deu-se no século 
X, nos califados de Bagdá e Córdoba. Os médicos muçulmanos, ainda preser-
vando os princípios hipocráticos, realizavam a prática da higiene, precursora da 
saúde pública, pois foram estabelecidos os registros de informações demográfi-
cas e sanitárias e até sistemas de vigilância epidemiológica. 
Neste período, destacamos o médico persa Avicena (989-1037), autor da 
obra Cânon da Medicina, que trata dos princípios gerais da medicina, adotando 
os termos Etiologia, sintomas, diagnose, prognose e terapêutica. Nessa obra, 
foi preconizado o uso sistemático do registro da ocorrência de doenças, anteci-
pando a Epidemiologia (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 
2009; BUSATO, 2016; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
O avanço no campo cultural, filosófico e social, articulado à emergência de 
um novo modo de produção, resultou na constituição das ciências modernas. O 
novo entendimento do mundo superou a metafísica religiosa medieval e, entre 
os séculos XVI e XVIII, houve um enorme e complexo esforço para a produção 
de dados, informações e conhecimento em todos os níveis do saber e localida-
des em que se expandia a civilização ocidental (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011). No século XVI, o médico espanhol Angelério descreveu um estudo sobre 
as pestes, denominado Epidemiologia, tendo então criado o termo. No final do 
século XVIII e início do século XIX, iniciando com a Revolução Francesa, as 
epidemias como cólera, febre tifóide e febre amarela eram graves problemas de 
saúde nas cidades, aumentando as preocupações com higiene, o aprimoramento 
da legislação sanitária e a criação de estruturas administrativas para controle e 
prevenção das doenças (PEREIRA, 2002).
Todos esses avanços e o impacto dos movimentos renascentistas na forma-
ção da Epidemiologia permitem dizer que ela surgiu da consolidação de um tripé 
de elementos conceituais (saberes sobre a doença), metodológicos (diretrizes 
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quantitativas) e ideológicos (práticas de transformação da sociedade): Clínica, 
estatística e Medicina Social, respectivamente (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011; BUSATO, 2016).
A seguir, você aprenderá sobre as raízes epidemiológicas em cada um dos 
três eixos.
EPIDEMIOLOGIA NA CLÍNICA
O fundador da clínica médica foi Thomas Sydenham (1624-1689), segundo os 
anglo-saxões. Sydenham era um médico de Londres e um precursor da ciência 
epidemiológica que estabeleceu uma teoria sobre epidemias e elaborou o conceito 
“História Natural das Enfermidades” (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Para os franceses, o precursor da medicina científica moderna foi Michel 
Focault (1926-1984). Foucault conta que a Sociedade de Medicina de Paris fundou 
a clínica moderna no século XVIII, e organizou-se a partir da Ordem Real para 
que os médicos investigassem uma epizootia que dizimou rebanhos e que gerou 
grandes perdas para a indústria têxtil francesa. Nessa investigação estava incluída 
a contagem do número de casos, mesmo que não humanos, o que contribuiu gran-
demente para a Epidemiologia metodológica (ALMEIDA FILHO E BARRETO, 
2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; MEDRONHO, 2009).
Com a teoria microbiana e a fisiopatologia, a medicina científica passou a 
desempenhar um papel importante na institucionalização da prática médica 
contemporânea. No século XVII, o microscópio já era conhecido nos Países 
Baixos e, inicialmente, não era utilizado por médicos ou outro profissional das 
ciências biológicas, mas sim por comerciantes para examinar a qualidade dos 
tecidos que compravam e vendiam. A curiosidade do homem foi além, e pas-
sou a visualizar tudo que estivesse à sua volta (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011). Com os aperfeiçoamentos técnicos e a vidraria, foi possível a confecção 
de instrumentos óticos de razoável potência, portanto foi possível reconhecer 
os microrganismos e relacionar o seu papel na gênese das doenças (PEREIRA, 
2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
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A partir daí, um dos clínicos mais conhecidos por explorar problemas de maior 
relevância clínica e de saúde pública na época foi Ignaz Semmelweis (1818-1865). 
Semmelweis comandava a maternidade do hospital geral de Viena (Áustria), 
que na época tinha duas clínicas obstétricas. A clínica, constituída por médicos 
e estudantes de medicina, registrou 16% de taxa de óbito de parturientes, quase 
dez vezes maior que no setor das parteiras (7%). Após um aluno de Semmelweis 
ferir-se acidentalmente durante uma necropsia e morrer de infecção maciça, 
detectaram lesões e pus que se assemelhavam aos encontrados nas parturien-
tes mortas por febre puerperal. Observou-se que os médicos e estudantes, que 
todos os dias realizam as necropsias nas pacientes falecidas e depois iam fazer os 
partos, poderiam transmitir as tais partículas a partir das mãos. A partir disso, 
Semmelweis determinou que antes dos partos os profissionais deveriam lavar 
as mãos com uma solução de soro e escovar as unhas após as autópsias e antes 
de entrar em contato com qualquer paciente. No ano seguinte, a mortalidade 
da clínica médica foi semelhante a das parteiras, reduzindo de 12,2% para 2,4% 
(GORDIS, 2009; ALMEIDA FILHO E BARRETO, 2011). 
Outras contribuições foram surgindo a 
partir da emergência da fisiologia moderna 
e da microbiologia, principalmente com 
Louis Pasteur (1822-1895). A pedido da 
indústrias de vinho, Pasteur, químico e não 
médico ou biólogo, estudou a fermenta-
ção alcoólica evidenciando a presença de 
leveduras como causa do processo. Ele tam-
bém iniciou a teoria da pasteurização, na 
qual alguns microrganismos eram destru-
ídos pelo aquecimento (GORDIS, 2009; 
ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; 
PEREIRA, 2002).
Um outro exemplo importante da clí-
nica médica é Robert Koch (1843-1910), 
que em 1882 descobriu o agente causador 
da tuberculose e escreveu os postulados da 
Figura 2 - Louis Pasteur, famoso pelos estudos de 
fermentação alcoólica e pasteurização.
Fonte: Wikimedia (2016, on-line)¹.
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teoria microbiana da doença (“teoria do germe”). Koch postulou que o microrga-
nismo deveria ser isolado em cultura de cada caso da doença. Uma vez isolado, 
deveria ser inoculado em um animal para reproduzir a doença experimental-
mente. Aplicando-se os métodos de Koch, em 1880 e 1989 foram descobertos 
os agentes da febre tifóide, hanseníase, malária, cólera, erisipela, difteria, bruce-
lose, pneumonia e outros (ALMEIDA FILHO, BARRETO, 2011).
Como podemos ver, na segunda 
metade do século XIX e na primeira do 
século XX ocorreu uma reorientação do 
pensamento médico e uma alteração dos 
conceitos de doença e contágio. A partir 
da comprovação de seres microscópicos 
e seu papel na gênese da enfermidades, a 
clínica e a patologia tornaram-se subor-
dinadas aos laboratórios, que também 
ditavam as normas de higiene e legisla-
ção sanitária. As escolas de saúde pública 
passaram as formas aos sanitaristas, e os 
ensinos passaram a se concentrar em 
laboratórios. Foram fundados diversos 
institutos de pesquisas aplicadas à prática 
clínica, como o Instituto Pasteur e, con-
sequentemente,aumentou-se o número 
de produções científicas com progresso da ciência e tecnologia. Não somente 
os avanços da bacteriologia; houve uma significativa consolidação dos métodos 
de prevenção de doenças, como as imunizações e a promoção da saúde ambien-
tal (PEREIRA, 2002). 
Em relação às imunizações, destaca-se Edward Jenner (1749), que teve um 
grande interesse na varíola, considerada um problema de saúde universal para a 
época. Sabia-se que os sobreviventes à doença estariam imunes, e tornou-se uma 
prática comum infectar indivíduos saudáveis administrando um material retirado 
de pacientes com varíola. Esse procedimento ficou conhecido como varioliza-
ção, e tornou-se um método preventivo muito comum na prática médica. No 
Figura 3 - Robert Koch, o descobridor do agente 
etiológico da tuberculose.
Fonte: Wikimedia (2016, on-line)².
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entanto, muitos indivíduos foram a óbito, ou alguns desenvolveram a doença 
ou ainda outras infecções (GORDIS, 2009). Com o objetivo de encontrar uma 
prática mais segura para prevenir a varíola, Jenner passou a estudar a varíola 
bovina, e observou que as mulheres ordenhadoras de vacas desenvolviam a varí-
ola mais branda e que após surtos da doença essas mulheres não desenvolviam 
a infecção. Então, Jenner decidiu testar a hipótese de que a varíola bovina pode-
ria prevenir a doença nos homens. Somente em 1967 a Organização Mundial 
da Saúde (OMS) realizou uma intensa campanha internacional para erradicar 
a varíola, usando vacinas contendo o vírus da varíola bovina. Em 1980, a OMS 
emitiu um certificado de erradicação da doença (GORDIS, 2009).
Na saúde ambiental, destacou-se 
o meio ambiente como propagador de 
doenças, relacionando o seu papel na 
transmissão das enfermidades, como 
a presença de vetores e reservatórios 
de agentes. Com a saúde ambiental, 
foi possível estabelecer ciclo de vida 
de parasitos e o papel de mosquitos 
na transmissão de doenças infeccio-
sas. A partir destes conhecimentos de 
transmissibilidade, abandonou-se a 
teoria centrada nos germes e passaram 
a aplicar a teoria da multicausali-
dade para a ocorrência de doenças, 
ou seja, as doenças são resultantes da 
interação entre o agente, o homem e 
o meio ambiente. A doença resultaria 
em qualquer perturbação dessa complexa interação de múltiplos fatores, e não 
só de um fator unificado (PEREIRA, 2002).
A partir de todos os resultados clínicos, a quantificação da doença passou a 
ser um elemento metodológico importante para avaliar a distribuição das doen-
ças e a efetividade das medidas preventivas. A quantificação das enfermidades 
passou a ser uma nova ciência da saúde, surgindo a estatística (PEREIRA, 2002; 
Figura 4 - Edward Jenner (1749-1823), pioneiro da 
vacinação. Nesta figura, está o menino James Phipps de 8 
anos de idade sendo imunizado contra varíola, 1796.
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ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011, MEDRONHO, 2009). Desta maneira, a 
clínica contribui para a descrição das doenças, diagnóstico e tratamento de doen-
ças, agravos e outros eventos de saúde que acometem pessoas ou populações, 
sendo importante para o avanço das pesquisas e desenvolvimento da tecnolo-
gia médica (BUSATO, 2016).
EPIDEMIOLOGIA NA ESTATÍSTICA
Segundo Busato (2016, p. 24), “a articulação entre a clínica, medicina social e a 
estatística, resulta na evolução da Epidemiologia, ressaltando a sua vocação de 
ciência aplicada no diagnóstico e na solução de problemas de saúde”. A estatís-
tica é um método capaz de analisar os riscos, os fatores de risco e os desfechos 
em saúde, promovendo maior confiabilidade nos resultados obtidos pelas pesqui-
sas. Além disso, com a computadorização, a avaliação de causa e efeito tiveram 
maior precisão na análise estatística. 
Os métodos numéricos já eram utilizados para o estudo da situação de saúde 
já no século XVII. As pesquisas e os registros populacionais de John Graunt 
(1620-1674) são mencionados como precursores da demografia, da estatística e da 
Epidemiologia. Graunt foi um membro da Royal Society (Londres) que realizou 
os primeiros estudos analíticos de estatística vital utilizando dados de obituários 
(mortalidade por sexo e região). Graunt foi o pioneiro em utilizar os coeficientes 
(óbito em relação à população) e é considerado o pai das estatísticas vitais ou o 
pai da demografia (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011, MEDRONHO, 2009; 
PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Em 1747, James Lind (1716-1794), um médico escocês e pioneiro da higiene 
naval, realizou o primeiro estudo de ensaio clínico (experimentação em seres 
humanos). Lind observou que marinheiros possuíam sintomas como dentes sol-
tos, sangramento de gengivas e hemorragias. Assim, ele selecionou 12 homens 
do navio que sofriam de escorbuto e dividiu os dois grupos, com seis indivíduos 
cada. Os grupos receberam adições diferentes à sua dieta básica: alguns recebe-
ram sidra (fermentado alcoólico de suco de maçã), e outros água do mar, uma 
mistura de alho, mostarda e rabanete. O outro grupo recebeu vinagre, laranjas e 
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
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limões. Os indivíduos alimentados com cítricos tiveram uma recuperação notá-
vel. Lind estabeleceu definitivamente a superioridade das frutas cítricas sobre 
todos os outros tratamentos (BBC, 2017; PEREIRA, 2002).
O estudo de Pierre-Charles Alexandre Louis (1787-1872) inaugurou a 
Epidemiologia. Louis foi um médico e matemático precursor da avaliação da 
eficácia de tratamentos clínicos utilizando métodos estatísticos, que realizou 
estudos para investigar a mortalidade por diversas doenças. Um desses estudos 
avaliou a letalidade da pneumonia após o tratamento com a sangria, e reve-
lou também seu poder prejudicial para o tratamento da doença (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009; PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999).
William Farr (1807-1883) criou o registro anual de mortalidade e morbidade 
para a Inglaterra e o País de Gales. Essa criação foi o marco da institucionalização 
dos sistemas de informação em saúde. Farr foi influenciado pelo enfoque social, 
e analisou os dados de mortalidade com dados específicos (ocupações, sexo, esta-
ção e outros fatores). Juntamente dos dados disponibilizados pelo escritório, foi 
possível o acesso a um manancial de informações sobre saúde, até então não dis-
ponível (MEDRONHO, 2009, ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; PEREIRA, 
2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
O método de aritmética médica de Louis e a estatística de Farr permiti-
ram a integração entre a clínica e a estatística, faltando apenas o campo político 
para o surgimento de uma nova ciência da saúde de caráter coletivo. Para isso, 
também foi preciso atribuir a saúde aos aspectos sociais e políticos e aliar este 
princípio à preocupação e ao compromisso com o processo de transformação 
da situação de saúde na sociedade . No final do século XVIII, com a burguesia já 
consolidada, ocorreram muitas intervenções do Estado na saúde das populações 
(MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999). 
Na França, esse processo ficou conhecido como Medicina urbana, com o 
objetivo de sanear as cidades e os seus espaços, ventilar as ruas e as construções 
e isolar áreas consideradas miasmáticas. Na Inglaterra e na Alemanha também 
houve intervenção do Estado para o controle e vigilância das enfermidades, e 
havia o movimento hospitalário e o assistencialismo. Com a urbanização e a 
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formação de um proletariado, abriu-se um processo de luta política por uma 
medicina coletiva, ou medicina social, dando início a um movimento de poli-
tização da saúde (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; 
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
MEDICINA SOCIAL
Também conhecida como medicina urbana ou ainda medicina social (termo 
cunhado por Jules Guérin em 1838). A medicina social designa modos de abordar 
a questão da saúde de modo coletivo (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011). Muitos relatórios de discípulos de Louis Pasteur, tanto na 
França como na Inglaterra, demonstraram que as condições inadequadas de vida 
da classe trabalhadora resultaram na deterioração dos níveis de saúde. Em 1842, 
na Alemanha, Edwin Chadwick (1800-1890) escreveu o relatório As condições 
sanitárias da população trabalhadora da Grã-Bretanha, voltado para a medicina 
dos pobres. Essa publicação impressionou o Parlamento, que ficou encarregado 
de propor medidas de saúde pública e de recrutamento de médicos sanitaristas 
para solucionar os principais problemas de saúde coletiva (ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Em meados do século XIX, o médico sanitarista Rudolf Ludwing Karl Virchow 
(1821-1902) destacou-se como um dos principais personagens da medicina 
social. O legislativo de Berlim enviou Virchow para a Alta Silésia, onde vivia 
uma população de origem polonesa (da mesma origem da família de Virchow), 
para estudar um surto de tifo. O seu relatório constatou que as pessoas viviam 
em condições deploráveis e denunciou o capitalismo, pois descreveu que a 
prevenção das epidemias não dependia somente de remédios ou medidas de 
higiene, mas dependia de uma ampla reforma das condições sócio-econômicas 
(MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999). 
Em 1850, os jovens idealistas médico-sociais, oficiais de saúde pública e mem-
bros da Royal Medical Society organizaram na Inglaterra a London Epidemiological 
Society. Dentre os membros mais importantes destacou-se John Snow (1813-1858), 
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considerado o fundador (pai) da Epidemiologia. Snow desenvolveu numerosos 
estudos para esclarecer a origem das epidemias de cólera ocorridas em Londres 
(MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; GORDIS, 2009; 
PEREIRA, 2002; BUSATO, 2016; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Naquele período, Londres era uma mega-
lópole de 2,5 milhões de habitantes, e que tinha 
uma precária condição de higiene e de sanea-
mento. Os dejetos eram acumulados por toda 
parte da cidade e jogados no rio Tâmisa, cuja 
água era utilizada para abastecimento por duas 
companhias de distribuição. Para Snow, a teo-
ria do miasma não explicava a transmissão de 
cólera. Em 1849, no segundo ano da epidemia, 
Snow publicou o panfleto intitulado ‘Sobre a 
Maneira de Transmissão da Cólera’ (On the 
Mode of Communication of Cholera), defen-
dendo a ideia de que a doença era transmitida 
pela água (contaminação hídrica) (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011; BUSATO, 2016). 
Snow observou que os casos mais frequen-
tes estavam entre as pessoas que usavam água 
fornecida por empresas que a recolhiam de um poço na Broad Street. A captação 
da água era realizada em pontos muito poluídos do rio pelas companhias Lambeth 
Company e Southwark and Vauxhall Company. Naquela época, por motivos técnicos 
e não de saúde, a companhia Lambeth transferiu o lugar de captação da água para 
um local menos poluído do rio Tâmisa, mas a outra companhia não moveu o local 
de captação da água. Snow raciocinou que a transferência do lugar de captação da 
água deveria reduzir a taxa de mortalidade por cólera naqueles que recebiam água 
pela companhia Lambeth em relação aos que recebiam água pela outra empresa. 
Snow encontrou uma taxa de mortalidade de 315 casas por 10.000 casas quando 
a água era distribuída pela Southwark and Vauxhall Company. Naquelas abasteci-
das pela Lambeth Company, a taxa era de apenas 38 casos de óbito a cada 10.000 
casas (GORDIS, 2009; PEREIRA, 2002; BUSATO, 2016).
Figura 5 - John Snow, o pai da Epidemiologia, 
realizou estudos sobre o cólera em Londres 
durante o período de 1849-1856.
Fonte: Wikimedia (2015, on-line)³.
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O número de casos de cólera era quase 14 vezes maior na área que recebia 
água da companhia Southwark and Vauxhall em relação à região abastecida pela 
Lambeth Company. Então, ele propôs ao conselho administrativo que fosse remo-
vida a bomba do poço de Broad Street, e os casos de cólera começaram a diminuir. 
A partir disso, ele publicou a segunda edição de On the Mode of Communication 
of cholera, acrescentando esses resultados. Em 1884, Robert Kock isolou e cul-
tivou a bactéria (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Na Inglaterra, na França e na Alemanha, surgiu o movimento conhecido 
como sanitarismo, no qual a maioria dos funcionários era de agências oficiais 
que realizavam o controle de doenças. Os sanitaristas faziam discursos e prati-
cavam as questões de saúde baseados na aplicação de tecnologia e em atividades 
profiláticas, como a imunização, o saneamento e o controle de vetores. As ações 
eram destinadas principalmente aos pobres e a setores excluídos da sociedade. 
Além do sanitarismo, a estatística, a patologia e as pesquisas microbianas apli-
cadas no campo social da saúde (Saúde Pública) contextualizaram a constituição 
da Epidemiologia como campo científico (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
EPIDEMIOLOGIA ATUAL
Neste tópico, nós abordaremos a consolidação da Epidemiologia como disci-
plina, as atualidades e o seu desenvolvimento no Brasil.
No Mundo 
Em 1918, a escola pioneira de saúde pública foi inaugurada em Baltimore (EUA), 
Johns Hopkins School of Hygiene and Public Health, a qual serviu de modelo 
de “escola de saúde pública” e foi difundida pelo mundo todo, com o apoio 
da Fundação Rockefeller. Wade Hampton Frost (1880-1938), sanitarista do 
National Public Health Service, assumiu a nova cátedra de Epidemiologia na 
escola John Hopkins e foi o primeiro professor da disciplina no mundo. Frost 
utilizou novas técnicas estatísticas para estudar a prevalência e a incidência de 
doenças transmissíveis (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 
2009; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
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Em 1928, a fusão da antiga Escola da Medicina Tropical com o Departamento de 
Higiene da University College formou a London School of Hygiene and Tropical 
Medicine. O primeiro professor de Epidemiologia e Estatística Vital foi Major 
Greenwood (1880-1949), conhecido também como o fundador da estatística 
moderna. Ele foi o principal responsável em introduzir a estatística na pesquisa 
epidemiológica (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009; 
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Em 1929, com a crise econômica mundial e social, o avanço tecnológico e 
a especialização da prática médica levaram à elevação dos custos e da elitização 
da assistência à saúde, reduzindo o seu alcance social. Nesse período, o caráter 
social das doenças foi resgatado a partir da Epidemiologia. Em 1936, o clínico 
britânico John Ryle (1889-1950), o primeiro diretor do Instituto de Medicina 
Social da Universidade de Oxford, propôs a sistematização do modelo de História 
Natural das Doenças, essencial para a crescente medicina preventiva. Nesse 
modelo, a saúde poderia ser alcançada pelas ações intervencionistas realiza-
das antes do aparecimento da doença. Posteriormente, a noção de prevenção 
se estendeu em muitos países que internacionalizaramo movimento ideológico 
da Medicina Preventiva como prática médica (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011; MEDRONHO, 2009; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). 
Nas décadas de 1930 e 40, muitos países passaram a incorporar os aspec-
tos de prevenção nos conteúdos de formação de profissionais de saúde. Foram 
criados departamentos de medicina preventiva que abordavam os conteúdos de 
Epidemiologia, administração em saúde e ciências da conduta, que eram minis-
trados pelas escolas de saúde pública somente. O conceito de prevenção foi 
ampliado para prevenção primária, secundária e terciária (descritos ainda nesta 
unidade), incorporando toda a prática médica (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011; MEDRONHO, 2009).
Com a Segunda Guerra Mundial, houve uma necessidade de desenvolver 
métodos eficientes para medir a saúde física e mental dos exércitos, abrindo 
a possibilidade de aplicação dos métodos epidemiológicos à população civil. 
No período pós-guerra, grandes inquéritos epidemiológicos foram realiza-
dos, principalmente de doenças não-infecciosas, como pretendia a nova ciência 
(MEDRONHO, 2009; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). 
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Em 1954, a institucionalização da disciplina levou à fundação da 
International Epidemiological Association (IEA), à transformação do tradi-
cional American Journal of Hygiene em American Journal of Epidemiology 
em 1964. Na década de 1950, novos desenhos de investigação começaram 
a ser desenvolvidos por programas de investigação e departamentos de 
Epidemiologia (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009; 
PEREIRA, 2002; ROTHMAN; GREENLAND; LASH, 2011; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999).
Na teoria, foram definidos os indicadores básicos da saúde, prevalência e inci-
dência, e formalizado o conceito de risco. Também foi introduzida a Bioestatística 
como ferramenta de análise dos estudos para a identificação das causas das 
enfermidades. Neste campo, destacou-se Jerome Cornfield (1912-1979), que 
desenvolveu os estimadores do risco relativo (risco de desenvolver uma deter-
minada doença quando exposto a um fator de risco) e introduziu as técnicas de 
regressão logística (análise estatística) na Epidemiologia (ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009).
Na década de 1960, houve um grande avanço tecnológico e científico com 
o desenvolvimento e difusão da computação eletrônica. Isso levou à matema-
tização cada vez maior da disciplina. Com a computação, foi possível criar e 
utilizar os bancos de dados, que aliados às ferramentas e softwares (programas) 
de estatística, expandiram a investigação epidemiológica. Na década de 1970, a 
matemática passou a validar as investigações científicas dos riscos, fatores e efei-
tos, ou seja, ela passou a ser indispensável para a confrontação da experiência 
clínica ou da demonstração experimental (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; 
MEDRONHO, 2009; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). 
Na década de 80, foi consolidada a Epidemiologia clínica, aquela fora do 
contexto coletivo, com ênfase em procedimentos de identificação de caso e na 
avaliação da eficácia terapêutica, conforme o que recentemente é conhecido 
como medicina baseada em evidência. Nos anos de 1990, houve uma amplia-
ção do objetivo de conhecimento da disciplina, surgindo novos horizontes de 
pesquisa, destacando-se a Epidemiologia Molecular, a Epidemiologia Genética, 
a Farmacoepidemiologia e a Epidemiologia de Serviços de Saúde (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009).
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No Brasil
No Brasil, o início da Epidemiologia deu-se com a Medicina Tropical e os natura-
listas, que descreveram a ocorrência de muitas doenças infecciosas, seus agentes 
e vetores. Em 1903, o médico Oswaldo Cruz (1872-1917), egresso do Instituto 
Pasteur de Paris, ocupou o cargo de diretor Geral de Saúde Pública. Oswaldo Cruz 
tinha como tarefa, sanear a capital (Rio de Janeiro, naquela época), e combater as 
principais endemias da cidade, como a febre amarela, varíola e peste bubônica. 
Oswaldo Cruz impôs a notificação compulsória e medidas rigorosas para controle 
das doenças, como a aplicação de multas e vacinação nos moldes militares. Em 
1904, a capital sofreu uma grave epidemia de varíola, e obrigou a vacinação con-
tra a doença a partir de um projeto de lei do Congresso, a qual previa sanções para 
quem a desobedecesse. O autoritarismo da vacina levou à insatisfação popular que 
deu origem à Revolta das Vacinas. No início do século XX, em Manguinhos, no 
Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz fundou um Instituto de pesquisa, que hoje leva o 
seu nome e se tornou um dos laboratórios mais importantes do país (PEREIRA, 
2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; MEDRONHO, 2009).
Após Oswaldo Cruz, 
destacou-se Carlos Chagas 
(1879-1934), médico sanita-
rista e campanhista. Em 1909, 
em Lassance (Minas Gerais), 
enquanto combatia o surto 
de malária, Chagas descobriu 
o agente da tripanossomí-
ase americana (mundialmente 
conhecida como Doença 
de Chagas), o protozoário 
Trypanosoma cruzi, nome dado 
em homenagem ao Oswaldo 
Cruz (MEDRONHO, 2009; PEREIRA, 2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 
2011). Do Instituto Manguinhos, também merece destaque o protozoologista 
Adolfo Lutz (1855-1940), que trabalhou com febre amarela e outras endemias. 
Figura 7: Revolta das Vacinas, ocorrida em 1904 no Rio de Janeiro, 
contra o autoritarismo da vacinação comandado por Oswaldo Cruz 
e seu exército
Fonte: Wikimedia (2017, on-line)4.
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Lutz ocupou o cargo de diretor do Instituto Bacteriológico em São Paulo, e 
descobriu a relação do vetor Aedes aegypti como transmissor da febre amarela 
(PEREIRA, 2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Em meados de 1950, foram criados os departamentos de Medicina Preventiva 
(ou Social) em faculdades de Medicina, e a disciplina de Epidemiologia foi inserida 
nos cursos de medicina. Em 1960, foram realizadas campanhas de vacinação para 
a erradicação da varíola, e em 1970, contra a poliomielite. Juntamente com a epi-
demia de doença meningocócica, as campanhas e a epidemia contribuíram para a 
consolidação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica do Brasil. Ainda 
em 1970, foram criados núcleos de saúde coletiva, e em 1979 criou-se a Associação 
Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), atuando também nos 
serviços de saúde (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
O ápice do movimento de reforma sanitária deu-se na VIII Conferência 
Nacional de Saúde, considerada o marco da criação do Sistema Único de Saúde 
(SUS). Em 1898, durante o Seminário Estratégias para o Desenvolvimento 
da Epidemiologia no Brasil, foi elaborado o I Plano Diretor, que abordava 
questões sobre o desenvolvimento da disciplina no Brasil para a graduação, 
pós-graduação, pesquisas e serviços de saúde (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011). 
Em 1990, foi realizado o I Congresso Brasileiro de Epidemiologia (Campinas, 
SP) e criado o Centro Nacional de Epidemiologia, órgão vinculado ao Ministério 
da Saúde (criado em 1953). Esse órgão era responsável por promover e dis-
seminar o uso de Epidemiologia para todos os níveis de atenção na saúde do 
SUS. Posteriormente, foram realizados outros congressos de Epidemiologia, 
com cada vez mais trabalhos científico apresentados e maior número de partici-
pantes, e também atualizado o Plano Diretor (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011).
Desde 2005, a Comissão de Epidemiologia da ABRASCO lançou o IV Plano 
Diretor de Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil, que afirma o uso da 
Epidemiologia na saúde pública, refletindo um grande aumentodas pesquisas 
epidemiológicas com impacto social e as relações com os diversos determinantes 
de saúde (social, econômico, político e cultural) (MEDRONHO, 2009; ALMEIDA 
FILHO E BARRETO, 2011).
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APLICAÇÕES DA 
EPIDEMIOLOGIA
Neste tópico, você compreenderá como 
podemos aplicar a Epidemiologia nas 
ações de saúde individual e coletiva, 
assim como, atividades do passado, 
presente e futuro.
Tradicionalmente, a Epidemiologia 
é utilizada como método de verificação 
da situação de saúde de uma popu-
lação, estudando a distribuição das 
doenças e outros problemas de saúde e as razões para que esta distribuição ocorra. 
Além disso, com essa base racional, a Epidemiologia pode ser utilizada para a deci-
são das intervenções em saúde e empregada para avaliar o sucesso das tomadas 
de decisão para o bem individual e da coletividade (PEREIRA, 2002; FRANCO; 
PASSOS, 2011). Bem como a Epidemiologia é um campo de ação tecnológica que 
pode ser utilizada no planejamento e gestão em saúde, também é um campo de prá-
tica social que promove a saúde (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011). A seguir, 
as aplicações da Epidemiologia serão melhor descritas complementando o tópico 
I desta unidade.
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE
O diagnóstico da situação de saúde de uma população é baseada na identificação 
dos problemas de saúde que afetam um ou mais indivíduos, e é uma das principais 
aplicações da disciplina, senão a mais importante. Essa investigação gera dados 
quantitativos que são obtidos diariamente, como em laboratórios de análises clíni-
cas (diagnóstico e notificação de casos de dengue, por exemplo), ou em situações 
especiais, como em inquéritos realizados por graduandos ou pós-graduandos. 
Todos os dados coletados podem ser analisados em conjunto e fornecer um diag-
nóstico da população (ROTHMAN et al., 2011; PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009).
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Os dados coletados podem ser a ocorrência de uma condição única, como 
um agravo à saúde (uma doença, uma sequela pós-traumática, um efeito adverso 
e outros); um fator de risco (por exemplo, exposição ao fumo ou álcool); uma 
característica populacional, como raça e condições econômicas, ou outro evento 
de interesse; grupo de condições, como doenças infecciosas ou cardiovascula-
res, por exemplo (PEREIRA, 2002).
Com a geração de informações em saúde, é possível:
a) direcionar as ações em saúde; por exemplo, focar as ações saneantes 
para áreas com maior taxa de infecções gastrointestinais. A distribuição 
de casos apontará as camadas da população em que o dano é dano mais 
frequente ou onde é raramente encontrado. Com esses dados é possível 
acompanhar as intervenções e observar se os processos de desigualdade 
persistem ou foram sanados. 
Desta forma, uma das ações da Epidemiologia, além de identificar os problemas 
de saúde, é de propor medidas preventivas dos riscos e os danos a fim de evitar a 
ocorrência das doenças, agravos, ou complicações, como a vacinação do exem-
plo acima (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA 
FILHO, 1999; GORDIS, 2009).
b) formular explicações ou gerar hipóteses do porque esses eventos são mais 
frequentes em determinados grupos.
A distribuição de eventos em uma população nos leva a questionar: quais são 
os fatores que influenciaram ou que causaram essa distribuição? Uma variável 
de exposição constitui um fator de risco ou não para uma determinada patolo-
gia? A resposta para esta questão se torna muito importante do ponto de vista da 
saúde coletiva, para que se possa tomar decisões para a resolução de problemas de 
saúde (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999; GORDIS, 2009). No entanto, o maior desafio da 
Epidemiologia consiste na correta produção de hipóteses e no processo de valida-
ção destas para a busca de soluções para os problemas identificados (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; GORDIS, 
2009; ROTHMAN et al. 2011).
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Você já pensou como a Epidemiologia está relacionada com a sua rotina e 
suas relações individuais e coletivas? Avalie a importância da Epidemiologia 
no seu cotidiano.
IDENTIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DOS PROBLEMAS DE SAÚDE
A identificação etiológica significa identificar a causa de uma doença, de um 
agravo ou de qualquer outro problema de saúde, o que constitui um grande desa-
fio científico. Como podemos ver na história da Epidemiologia, a investigação das 
causas das doenças tiveram início no sobrenatural. Posteriormente, atribuiu-se 
aos fatores físicos e miasmas, depois aos germes ou contágio e, então, à múltipla 
causalidade (multifatorial, a teoria utilizada até os dias de hoje). Nesta fase da cau-
salidade múltipla, os eventos de saúde dependem da interação dos fatores físicos, 
biológicos, sociais e outros na coletividade (PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 1999; GORDIS, 2009; ROTHMAN et al., 2011).
No caso das investigações epidemiológicas, podemos ter abordagens uni-
causais ou multicausais (PEREIRA, 2002):
 ■ unicausal: relaciona-se uma causa a um efeito. Por exemplo, a incidên-
cia e mortalidade por câncer de pulmão é reduzida significativamente 
com a diminuição do hábito de fumar. Porém, esse princípio da unicau-
salidade não se aplica a muitas doenças, como as crônico-degenerativas 
(diabetes, por exemplo);
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Pulmão Saudável Pulmão de Fumante
EFEITOS DO TABACO SOBRE A SAÚDE
Figura 8. O hábito de fumar pode levar ao câncer de pulmão. Consequentemente, reduzir o consumo de 
cigarros diários ou adotar a medida de parar de fumar pode reduzir o risco de se ter câncer de pulmão.
 ■ ulticausal: múltiplas causas estão envolvidas com um evento ou uma 
única causa está envolvida com muitos danos à saúde. Exemplo: as doen-
ças coronarianas estão associadas a múltiplos fatores, como a obesidade, 
nível sérico (sanguíneo) de colesterol aumentado (acima do considerado 
normal), ao sedentarismo, tabagismo, estresse e outros. Múltiplos fatores 
também requerem múltiplos esforços para controle e prevenção do evento.
Para se confirmar um caso (uma doença, ou qualquer outro evento em saúde) é 
necessário evidenciar os fatos, como um diagnóstico clínico e laboratorial que 
confirmem o caso. Até uma nova intervenção deve ter seu efeito comprovado. 
Esse tipo de ciência é denominada medicina baseada em evidência. Essas evidên-
cias podem ser obtidas de diferentes fontes, como as experiências em animais, 
observações clínicas adquiridas com os anos, achados laboratoriais, análises com-
parativas de estatísticas e inquéritos populacionais (PEREIRA, 2002; FRANCO; 
PASSOS, 2011; BENSEÑOR; LOTUFO, 2005). 
Caso as evidências apontem uma relação causal, gera-se uma hipótese, e 
procura-se confirmar essa causa ou descartá-la por uma simples coincidência 
(PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; GORDIS, 2009). 
Não são todos os métodos epidemiológicos que permitem diferenciar uma 
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
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coincidência de uma verdadeira relação causal, e os estudos mais adequados 
que inferem causalidade são os ensaios clínicos randomizados e controlados 
(PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009; BENSEÑOR; LOTUFO, 2005). Nas unidades 
III e IV, você estudará os métodos epidemiológicos utilizadospara verificar a 
associação entre um preditor e um desfecho, assim como os estudos que geram 
hipóteses e aqueles que afirmam a causalidade.
APRIMORAMENTO DE UM DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO
A Epidemiologia, ao descrever a distribuição da doença na população, contribui para 
o diagnóstico clínico realizado pelos médicos. A descrição de quadro clínico inicia-
-se a partir da observação de um caso, ou de poucos casos. O clínico reconhece os 
principais aspectos daquela afecção (PEREIRA, 2002), acompanhado das evidências 
laboratoriais, e é confirmado baseado na literatura especializada e pelos estudiosos da 
matéria (PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS, 2011). Além disso, a Epidemiologia 
contribui para a identificação de síndromes e a classificação de doenças ao reunir 
pessoas com os mesmos sinais e sintomas, reconhecendo-se padrões clínicos em 
grupos que tenham as mesmas características (PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS, 
2011), como ocorre na Classificação Internacional de Doenças (CID) (Pereira, 2002).
Os valores de referência de exames laboratoriais também estão subordinados 
aos estudos epidemiológicos, uma vez que a precisão do valor está associada à 
soma dos valores individuais que geram resultados coletivos (PEREIRA, 2002). 
Para isso, podem ser calculados os valores de sensibilidade e especificidade, abor-
dadas nos livros de análises clínicas. Além disso, pode-se selecionar o melhor 
teste de diagnóstico para uma região com alta ou baixa prevalência a partir dos 
cálculos e da interpretação do valor preditivo positivo e negativo (GORDIS, 2009; 
BENSEÑOR; LOTUFO, 2005).
Ao mesmo tempo em que a Epidemiologia contribui para a avaliação do 
curso clínico da doença, descrevendo melhor suas características, ela fornece 
elementos para quantificar o prognóstico. Este, por sua vez, representa se o indi-
víduo afetado pela enfermidade terá maior probabilidade ou não de apresentar 
uma complicação ou um menor tempo de sobrevida. Os desfechos resultantes 
Aplicações da Epidemiologia
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da patologia como o tempo de sobrevida, surgimento de complicações, seque-
las, óbito, e até a cura ou melhora clínica são considerados fatores de prognóstico 
(PEREIRA, 2002; MEDRONHO, 2009; GORDIS, 2009; BENSEÑOR; LOTUFO, 
2005). Alguns coeficientes podem ser utilizados para se calcular o prognóstico , 
como a taxa de letalidade, as taxa de mortalidade e de sobrevivência e a mediana 
do tempo de sobrevivência (GORDIS, 2009) (veja mais na Unidade II). 
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Uma vez que a Epidemiologia dispõe de instrumentos adequados para determinar 
o impacto das medidas e intervenções em saúde, as informações epidemiológi-
cas deveriam ser utilizadas para as tomadas de decisão na fase de planejamento e 
de organização dos serviços de saúde (MEDRONHO, 2009). Algumas informa-
ções epidemiológicas podem ser utilizadas para subsidiar as decisões relativas à 
prioridade e ao melhor destino dos recursos. Dentre essas informações, encon-
tram-se a magnitude e a distribuição dos problemas de saúde, que são os fatores 
de risco e os agravos à saúde, e das características da população; as relações cau-
sais entre as características populacionais e os recursos humanos, financeiros e 
materiais (PEREIRA, 2002).
Para a adequação da oferta de serviços, da orientação e da reorganização, é 
preciso analisar a necessidade de saúde, a demanda, a oferta, o acesso, o uso e a 
equidade. O conceito de necessidade de saúde pode ser visto do aspecto clínico 
(necessidade individual, clínica, voltada para a opinião médica) e a necessidade 
percebida pelo indivíduo. Não basta o problema ser identificado como neces-
sidade, para a saúde coletiva é importante que esse problema também tenha 
demanda. As informações de morbidade e mortalidade são os indicadores que 
mais refletem a necessidade populacional. Ainda, a Epidemiologia pode colaborar 
para a elaboração de novos indicadores e parâmetros de avaliação da qualidade 
dos serviços (MEDRONHO, 2009)
Os serviços devem estar disponíveis (acessíveis) em quantidade e quali-
dade suficientes para atender todos aqueles que dele necessitem. No entanto, é 
comum observarmos discrepâncias na oferta de serviços de acordo com a região 
EPIDEMIOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E44
ou localidade, muitas vezes uma prioridade da lei do mercado e não da necessi-
dade de atenção à saúde. A organização e a distribuição dos serviços dependem 
da forma de financiamento (público, privado) e da demanda de necessidade tec-
nológica (MEDRONHO, 2009).
A oferta do serviço é medida pelas quantidades de recursos físicos (número 
de consultórios e leitos), humanos (médicos, dentistas, enfermeiros e etc.), de 
equipamentos ou ainda de horas semanais de disponibilidade e o volume de pro-
dução que se é capaz de oferecer. O acesso aos serviços depende, em todos os 
níveis de atenção à saúde, não só da disponibilidade dos recursos, mas também 
da distância, das barreiras geográficas, culturais, econômicas, e até funcionais. 
Também depende do tempo, do transporte, e até mesmo das filas, salas de espera, 
horários e outras condições que viabilizam o uso do serviço por diferentes grupos 
populacionais (MEDRONHO, 2009). Assim, a Epidemiologia faz o levantamento 
desses dados, quantificando a frequência e a distribuição da demanda, da oferta e 
do acesso, facilitando ao gestor e à população decidirem onde os recursos devem 
ser mais bem aplicados.
AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS E PROGRAMAS ASSIM COMO 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A preocupação em avaliar a assistência à saúde é mais antiga quanto a medicina, 
mas somente no início deste século a avaliação de qualidade na área da saúde 
como um conjunto de conhecimentos organizados passou a ser praticada. O 
conceito de qualidade deve abranger os aspectos de acesso, adequação, efetivi-
dade, equidade, custos e a satisfação do paciente. Inclui também o desempenho 
do profissional de saúde, a qualidade e a utilização de insumos (vacinas, diagnós-
ticos, medicamentos e outros), e o adequado abastecimento e desenvolvimento 
dos sistemas de informação (MEDRONHO, 2009).
Os mesmos princípios utilizados para a identificação etiológica também 
podem ser aplicados para a avaliação epidemiológica dos serviços e progra-
mas (PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS, 2011). Observa-se se um recurso 
(material, humano ou financeiro) ou um processo foi bem empregado na saúde 
Aplicações da Epidemiologia
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(PEREIRA, 2002). Os resultados observados geralmente são os indicadores de 
saúde (veja a Unidade II). Por exemplo: observa-se se os índices de morbimorta-
lidade de uma população melhoraram após o investimento financeiro destinado 
ao treinamento de pessoal (PEREIRA, 2002). A partir da obtenção dos resulta-
dos dos indicadores, deve-se comparar aos padrões, os quais são especificações 
numéricas precisas consideradas como grau aceitável de qualidade. Essas espe-
cificações podem ser obtidas em revisões de literatura, opinião de especialistas, 
consensos e resultados de ensaios clínicos, principalmente os randomizados 
(MEDRONHO, 2009). 
Os hospitais têm utilizado crescentemente os indicadores e padrões para 
suas bases administrativas, principalmente o indicador de mortalidade, o tempo 
de permanência e a taxa de readmissão. Em relação à taxa de mortalidade, a 
identificação das mortes evitáveis deve ser um objetivo fundamental, pois pode 
representar o uso inadequado de tecnologias, falhas nas supervisões, altas ina-
propriadas, infecção hospitalar, erros cirúrgicos e procedimentos invasivos 
(MEDRONHO, 2009; GORDIS, 2009).
Nesse sentido, podem ser avaliados

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