no Brasil, entre 1972 e 1983. Onde psicologia social é uma disciplina (teórica/prática) referendada em pesquisas empíricas sobre os problemas sociais brasileiros. Os textos desenvolvidos por professores e autores escolhidos são adotados como bibliografia básica na maioria dos cursos de Psicologia do Brasil e, também, em concursos públicos na área da saúde e educação. Receberam o prêmio outorgado pela Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP), em julho de 2001. Lane fez seguidores famosos e muito estudados na atualidade: Antonio da Costa Ciampa (precursor nos estudos sobre identidade em perspectiva materialista histórica, cuja referência de estudos inscrevem eminentes trabalhos de pesquisas inovadoras em diferentes àreas do conhecimento, favorecendo a amplitude da categoria de estudo identidade enquanto elementar para discussões nas ciências humanas e da saúde de modo geral) Ana Bock e outros (mais ligados a Vigotski), como Bader Sawaia (que descreve minuciosamente as artimanhas da Exclusão social e o quanto é falso e hipócrita a inclusão, encarada como "maquiagem" que cala a voz do oprimido); Wanderley Codo (que estuda grupos minoritários, sofrimentos e as questões de saúde dos professores e professoras); Maria Elizabeth Barros de Barros e Alex Sandro C. Sant'Ana (que se associam as idéias de Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo Ferraço (que se associa com Boaventura de Sousa Santos e Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o existencialismo quanto o marxismo de Paulo Freire) etc. O psicólogo bielorrusso Vygotsky - um fervoroso marxista sem perder a qualidade de psicólogo e educador - foi resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome Bruner nos Estados Unidos, país que marcou - e marca - a psicologia brasileira. Em 1962 é publicado nos EUA, e após a saída dos militares do governo brasileiro, tornou-se inevitável sua publicação no Brasil. Os psicólogos sociais sócio-históricos, produzem artigos criticando o Estado e o modo neo-liberal de produção que tem um forte impacto na produção de subjetividades. As práticas são mais ativas e menos desenvolvidas em consultórios, e a noção de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo como saudáveis as táticas e estratégias de enfrentamento da classe proletária. Críticas à Psicologia Social Hoje em dia, a teoria da psicologia social tem recebido inúmeras críticas. Apontamos agora as principais: a) Baseia-se num método descritivo, ou seja, um método que se propõe a descrever aquilo que é observável, fatual. É uma psicologia que organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros sociais. b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra, que precisava de conhecimentos e de instrumentos que possibilitassem a intervenção na realidade, de forma a obter resultados imediatos, com a intenção de recuperar a nação, garantindo o aumento da produtividade econômica. Não é para menos que os temas mais desenvolvidos foram a comunicação persuasiva, a mudança de atitudes, a dinâmica grupal etc., voltados sempre para a procura de "fórmulas de ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao contexto social". c) Parte de uma noção estreita do social. Este é considerado apenas como a relação entre pessoas – a interação pessoal -, e não como um conjunto de produções humanas capazes de, ao mesmo tempo em que vão construindo a realidade social, construir também o indivíduo. Esta concepção será a referência para a construção de uma nova psicologia social. Uma nova Psicologia Social e Institucional Com uma posição mais crítica em relação à realidade social e à contribuição da ciência para a transformação da sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia social, buscando a superação das limitações apontadas anteriormente, A psicologia social mantém-se aqui como uma área de conhecimento da psicologia, que procura aprofundar o conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico. O que quer dizer isso? A subjetividade humana, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões, são construídas nas relações sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos homens com a Natureza. Assim, a psicologia social, como área de conhecimento, passa a estudar o psiquismo humano, objeto da psicologia, buscando compreender como se dá a construção deste mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo homem. O mundo objetivo passa a ser visto, não como fator de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo. Numa concepção como essa, o comportamento deixa de ser "o objeto de estudo", para ser uma das expressões do mundo psíquico e fonte importante de dados para compreensão da subjetividade, pois ele se encontra no nível do empírico e pode ser observado; no entanto, essa nova psicologia social pretende ir além do que é observável, ou seja, além do comportamento, buscando compreender o mundo invisível do homem. Além disso, essa psicologia social abandona por completo a diferença entre comportamento em situação de interação ou não interação. Aqui o homem é um ser social por natureza. Entende-se aqui cada indivíduo aprende a ser um homem nas relações com os outros homens, quando se apropria da realidade criada pelas gerações anteriores, apropriação essa que se dá pelo manuseio dos instrumentos e aprendizado da cultura humana. O homem como ser social, como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. Estamos sempre nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos iguais. Isso porque nosso mundo interno se alimenta dos conteúdos que vêm do mundo externo e, como nossa relação com esse mundo externo não cessa, estamos sempre como que fazendo a "digestão" desses alimentos e, portanto, sempre em movimento, em processo de transformação. Ora, se estamos em permanente movimento, não podemos ter um conjunto teórico onde os conceitos paralisam nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das atitudes, da percepção, dos papéis sociais e acreditarmos que com isso compreendemos o homem, não estaremos percebendo que, ao desempenhar esse papel, ao perceber o outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem estará em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso corpo teórico devem ser capazes de captar esse homem em movimento e intervir nas políticas públicas que organizam e re-organizam a vida social aumentando ou diminuindo os efeitos da desigualdade social e miséria do mundo. E, superando esse conceitual da antiga psicologia social, a nova irá propor, como conceitos básicos de análise, a atividade, a consciência e a identidade, modo de vida que são as propriedades ou características essenciais dos homens e expressam o movimento humano. Esses conceitos e concepções foram e vêm sendo desenvolvidos por vários autores soviéticos que produziram até a década de 1960. Ver também Agressão Criminologia Crime organizado Escola de Chicago Estilos de vida Psicologia cultural-histórica Psicologia comunitária Antropologia da saúde Antropologia e psicanálise Psicologia de Grupo e a Análise do Ego Religião Saúde mental Hipergamia Interacionismo simbólico Bibliografia FARR, ROBERT. M. As raízes da psicologia social moderna. RJ, Vozes. 2008 FURTADO, O.; BOCK, A.M. e TEIXEIRA, M.L. Psicologias : uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Saraiva, 2002. LANE, S. & SAWAIA, B. (orgs.). Novas veredas da psicologia social. São Paulo: Brasiliense: EDUC, 1995. LANE, S. T. M e CODO, W. (orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. LAPLANTINE, FRANÇOIS. Aprender etnopsiquiatria. SP, Brasiliense, 1998 McDAVID, J. W. e HARARI, H. Psicologia e comportamento social. Rio de Janeiro: Interciência, 1980 PIAGET, JEAN. A psicologia. Lisboa, Livraria Bertrand, 1970 PARIGUIN, B.D. A psicologia social como ciência. RJ Zahar, 1972 RAMOS ARTHUR. Introdução à psicologia social. RJ, Casa do estudante do Brasil, 1957 RODRIGUES, A., ASSMAR, E. M. L., & JABLONSKI, B. Psicologia