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Psicoterapia breve: Planejamento do tratamento- foco, objetivo, estratégias Introdução: A psicoterapia breve se utiliza da técnica focal e a partir dessa técnica ela alcança o objetivo planejado que, privilegia um campo a ser tratado, diante de tantos outros que existem no indivíduo. É necessário um planejamento acurado, e isso diz muito da atividade por parte do terapeuta (ele precisa ser mais ativo no processo). Objetivos e focalização: Tem objetivos claros e limitados que propõem a modificar os sintomas apresentados, aliviá-los ou mesmo suprimi-los Há de se eleger conflitos a serem trabalhados. A eleição pelo trabalho focal é o que confere precisão e maior rapidez a esta técnica, e o que limita o alcance. A técnica de focalização busca um foco que traduza o centro do conflito do sujeito, e a ele se investe toda atenção, desprezando-se o que dele não faz parte. A focalização Traduz-se por dirigir toda a atenção consciente ao foco escolhido e dele extrair o seu significado transferido para o comportamento do sujeito. O foco se mantém como principal centro do conflito do cliente. Ele pode ter vários conflitos, mas o que está mais incomodando e afligindo ele naquele momento? Isso será o centro de conflito dele. O foco é composto de material tanto a nível consciente quanto inconsciente e, portanto, algo desta instância será abordado durante o processo terapêutico, sem que se fixe o trabalho nesta área, palco da psicanálise. A manutenção do foco O terapeuta dirige sua atenção e sua ação em uma determinada área do conflito, e leva o cliente a debruçar-se nesta área, através de interpretações seletivas, assim como de “negligência seletiva”, quando deixa de lado material que não tenha ligação com o foco determinado, como sendo o objetivo do trabalho psicoterápico que se estabeleceu no contato inicial, posterior à 1º Entrevista, base do sucesso de qualquer tratamento. Naturalmente o cliente tende à focalização. Percebe-se isso ao observar que o cliente traz para a sessão seus relatos organizados em torno de um tema a tratar, geralmente mantendo uma linha diretriz, onde se observam imagens e recordações selecionadas, guiadas pela dinâmica interna que tende a organizar e hierarquizar tarefas, com claro intuito de resolver conflitos prioritários. Planejamento do tratamento- estratégias A elaboração de um plano terapêutico é uma das características que diferenciam as psicoterapias breves. Este consiste no projeto de uma estratégia terapêutica, efetuado com o fim de alcançar os objetivos propostos. O que devemos considerar para traçar essas estratégias? o Observar a questão do paciente, do terapeuta e também da instituição. Ao que se refere ao paciente: a avaliação inicial é importante, deve se considerar os dados colhidos, pela avaliação diagnostico-prognostica, a perspectiva futura desse paciente... Planejaremos nossa ação terapêutica com base no foco terapêutico, com as questões que foram avaliadas no processo terapêutico inicial. Ao que se refere ao terapeuta e à instituição: deve-se considerar a questão da sua experiência no campo da psicoterapia breve, sua habilidade e manejo dos recursos (fatores que devem ser levados em conta em relação a toda a equipe terapêutica), assim como as possibilidades que oferece a instituição Planejamento do tratamento: Um programa terapêutico deve surgir, necessariamente, da recolocação das distintas questões técnicas que são suscitadas em cada caso particular. Inclui a determinação do tipo de psicoterapia a ser aplicada (em que predomine o insight, de fortalecimento egóico ou de apoio), Os conflitos que vamos abordar, aqueles que serão deixados de lado e a provável sequência de tal abordagem; Estabelecer-se-á muito especialmente a atitude terapêutica a ser assumida diante dos distintos mecanismos defensivos do paciente (incisiva ou pelo contrário de abstenção, ou inclusive de reforçamento desses); Organizar-se-á tudo o que se refere às condições temporais (duração, número e periodicidade das sessões, duração total do tratamento, etc.) e espaciais do enquadramento. Outros aspectos a serem considerados serão: Funcionamento do paciente durante o tratamento. A atitude geral do terapeuta ante o paciente (cálida, muito ativa, diretiva, cautelosa, etc.) que, logicamente, irá sendo regulada pelos indicadores que aparecerem no decorrer das sessões. Os diversos tipos de intervenção do terapeuta (interpretações em suas distintas variantes, assinalamentos, perguntas, informações, sugestões, etc.). O uso de outros recursos terapêuticos (psicofármacos, inclusão de familiares e/ou pessoas que lhe são próximas, técnicas dramáticas, serviço social, etc.). É interessante pensar também em possíveis inconvenientes terapêuticos que podem surgir durante o tratamento e, qual seria a melhor forma de enfrentá-los. Ainda em tarefas a realizar se a evolução do paciente o permitir (a abordagem de determinado conflito subjacente, por exemplo). O planejamento deve, além disso, tender para a previsão dos possíveis rumos e das características que pode tomar o processo terapêutico em seus aspectos mais gerais. A experiência demonstra que é conveniente contar desde o começo com uma ideia antecipada, ainda que elementar e provisória, do princípio do desenvolvimento e do final da terapia. Sobretudo não omitir nada que se refira à conclusão do tratamento. Isso deve ser claro ao paciente, deve ser algo planejado, será necessário observar a reação do paciente diante dessa possibilidade de conclusão, que poderá reviver cada paciente na ocasião de enfrentar o luto pela separação do terapeuta (aí ele sabendo que vai ter um final você pode trabalhando essas questões ao longo das sessões). Pode-se projetar alguma tarefa em relação ao tal luto que até em sua mínima expressão inclua sempre o assinalamento da situação de perda, envolvendo detalhes, tais como o número de sessões semanais a se estabelecerem nas últimas etapas do tratamento. Trata-se em suma que a terapia não fica entregue exclusivamente a intuição e a improvisação sobre o seu andamento. Pois a psicologia é uma ciência. Mas essas alternativas só podem ser previstas até certo ponto, porque de nenhum modo pode-se entender que todas essas medidas possuem um caráter rígido e inalterável, já que, pelo contrário, o terapeuta deverá ser dotado de uma flexibilidade tal que lhe permita modificar seus planos quando circunstâncias o exijam, para poder enfrentar com eficácia as situações mutáveis e inesperadas que podem apresentar-se no decorrer do tratamento. Precisa ter flexibilidade o tempo inteiro O planejamento costuma ser facilitado e enriquecido pela participação, ao lado do terapeuta e dos demais profissionais que eventualmente intervenham no tratamento (no caso das equipes multiprofissionais). O paciente é muito contemplado através dessa forma de atendimento em equipe, fica mais integral, de qualidade e humanizada. O intercâmbio de dados e ideias frequentemente possibilita uma elaboração mais minuciosa, profunda e definitivamente mais adequada do projeto terapêutico, que além disso será compartilhado precisamente por aqueles, que devem colocá-lo em pratica em seguida, o que resulta essencial para se obter eficácia terapêutica.
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