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TCC_Zaquito_Fernandes

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS MARINHAS E COSTEIRAS 
 
 
Monografia para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia Marinha 
 
 
 
Monitoramento da Evolução da Linha de Costa no Litoral da Cidade de 
Vilankulo, Província de Inhambane: Aplicação da Ferramenta DSAS 
 
 
 
Autor 
 Zaquito Fernandes Félix André Manhice 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS MARINHAS E COSTEIRAS 
 
 
Monografia para a Obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia Marinha 
 
 
 
Monitoramento da Evolução da Linha de Costa no Litoral da Cidade de 
Vilankulo, Província de Inhambane: Aplicação da Ferramenta DSAS 
 
 
 
 
Autor Supervisor 
 Zaquito Fernandes Félix André Manhice 
 (Lic. Aurio Mendes) 
 
 
 
 
Quelimane, Julho de 2021
I 
 
Dedicatória 
Dedico este trabalho a Família Manhice e Magul, em especial a minha mãe Ester Zacarias Magul 
(em memória) e irmã Josefina Amasia (em memoria), por ela ser uma fonte de inspiração para 
enfrentar os desafios da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Gestão Integrada da Zonas Costeiras (GIZC) não se limita simplesmente no que ganhamos, mas 
sim também no que as futuras gerações irão ganhar, pois se ganhamos hoje, no passado alguém 
permitiu que assim fosse também para connosco. 
O Homem, foi feito por causa da Natureza e não a Natureza por causa do Homem, isto é, a natureza 
por si só, possui uma reserva suficiente para atender as necessidades do Homem, porém os recursos 
naturais seriam inesgotáveis se e só se o Homem tirasse da Natureza o necessário. 
 
Considere Pilkey & Cooper (2014), num dos seus trabalhos 
intitulado “The Last Beachˮ quando dizem: 
• Acostume-se a viver em ambientes costeiros 
mutáveis; 
• Não lute contra a natureza com uma linha de defesa; 
• Considere temporárias todas as estruturas construídas 
pelo homem na linha de costa; 
• Apenas considere como último recurso, a construção 
de estruturas de engenharia para a proteção e 
conservação costeira; 
• Baseie as decisões de construções costeiras no 
benefício da maioria das populações, ao invés da 
minoria proprietária de imóveis na orla marítima; 
• Deixe cair o farol, a cabana de praias, o hotel ou o 
quiosque quando o seu tempo chegar. 
 
II 
 
Agradecimentos 
Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo auxílio, que durante a formação, em meio a adversidades 
da vida, me manteve firme neste projecto que hoje já é uma realidade. 
Aos meus pais (André Finiche Manhice e Ester Zacarias Magul) e aos meus irmãos (Alísio Elvino 
André Manhice e Gilberto Tones Félix André Manhice e Josefina Amasia André Manhice (em 
memória), a Fátima Açucena André Manhice e Lacina Karen Liana André Manhice) pelo amor e 
carinho. paciência, compreensão e apoio incondicional prestado durante a minha formação. 
Ao meu supervisor Aurio Mendes pelo apoio durante a elaboração deste trabalho. 
Ao Dr. Manuel Simbe pelas observações dadas durante a projeção do trabalho. 
A todo corpo docente da Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeira por ser a ‟fonte de 
suministro” do conhecimento adquirido, este que constituiu a maior percentagem do trabalho, e por 
demostrarem um afeto que vai além da escola. Sinto-me orgulhoso em saber que fazem parte do 
meu percurso académico. 
Aos meus colegas de curso, de escola, amigos o meu muito obrigado por até aqui caminharem 
comigo. 
Em geral, arisco-me a dizer que todos acima mencionados constituem a melhor equipe de 
profissionais que já tive no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III 
 
 
Declaração de Honra 
Eu, Zaquito Fernandes Félix André Manhice, declaro por minha honra que a presente 
Monografia intitulado Monitoramento da Evolução da Linha de Costa no Litoral da Cidade de 
Vilankulo, Província de Inhambane: Aplicação da Ferramenta DSAS, é da minha autoria e 
nunca havia sido apresentado ou submetido numa outra instituição para a obtenção de qualquer grau 
académico, podendo este ser submetido agora na UEM-ESCMC para a obtenção do grau de 
Licenciatura em Geologia Marinha. Asseguro que a informação contida neste trabalho é o fruto das 
pesquisas efectuadas, sendo que as contribuições dos outros autores neste trabalho foram 
devidamente citadas e referenciadas na página concernente a referências bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
O autor: 
_________________________________ 
(Zaquito Fernandes Félix André Manhice) 
 
 
IV 
 
Resumo 
As zonas costeiras tem sempre sofrido pressão de processos naturais e/ou antrópicos resultando na 
mudança da posição da linha de costa, podendo afectar dunas, praias, e costas rochosas e deste 
modo reduzindo a espessura da costa. No presente trabalho é apresentada uma estratégia de 
monitoramento de evolução da linha de costa em escalas temporais de médio (décadas) e curto 
prazo (anual), visando obter um melhor entendimento da dinâmica costeira e identificar áreas 
vulneráveis a erosão costeira no litoral da cidade de Vilankulo, Província de Inhambane. Como 
procedimento metodológico, foram georreferenciadas imagens multitemporais, adquiridas a partir 
do sensoriamento remoto, compreendendo um período total de 30 anos, onde posteriormente foram 
geradas linhas, uma de base e outras três de costa respectivas a cada imagem adquirida, para que 
estas fossem processadas no software Digital Shoreline Analysis System (DSAS). Com isso, foi 
possível efectuar cálculos estatísticos para a taxa de variação da linha de costa. No monitoramento 
foram comparados os parâmetros EPR e LRR. A comparação entre os parâmetros indicou que 
conforme uma variável aumenta o diminui seu valor em um parâmetro, ocorre variação semelhante 
em outro parâmetro. A análise dos indicadores de acreção e erosão de praia apontou que o litoral de 
Vilankulo apresenta tendências de recuo da linha de costa, com uma taxa média negativa de 0,43 
m/ano nos últimos 30 anos. A praia do pescador registou alternância entre acreção e erosão 
enquanto que as praias do Tropical e Dona Ana foram predominantemente negativas orientação do 
transporte de sedimentos no sentido Norte-Sul. 
 
Palavras-chave: Erosão costeira, Monitoramento, Linha de costa, Geoprocessamento, Digital 
Shoreline Analysis System. 
 
V 
 
Abstract 
The coastal zone has always suffered pressure from natural and/or anthropogenic processes 
resulting in a change in the position of the shoreline, which can affect dunes, beaches, and rocky 
shores, thus reducing the thickness of the coast. The work introduces a strategy for monitoring 
shoreline evolution at medium (decades) and short term (annual) time scales, aiming to obtain a 
better understanding of coastal dynamics and to identify areas vulnerable to coastal erosion on the 
coastline of Vilankulo city, Inhambane Province. As methodological procedure, multitemporal 
images were georeferenced, acquired from remote sensing, comprising a total period of 30 years, 
where lines were subsequently generated, one for the base and the other for the coastline of each 
image acquired, so that they could be processed in the software Digital Shoreline Analysis System 
(DSAS). Through this, it was then possible to perform statistical calculations for the shoreline 
change ratio. In the monitoring the EPR and LRR parameters were compared. The comparison 
between the parameters indicated that as a variable increases or decreases its value in one 
parameter, similar variation occurs in another parameter. The analysis of accretion and erosion 
indicators pointed out that Vilankulo's coastline presents trends of shoreline retreat, with a negative 
average rate of 0.43 m/year in the last 30 years. The Pescador beach recorded alternationbetween 
accretion and erosion while the beaches of Tropical and Dona Ana were predominantly negative 
orientation of sediment transport in the north-south direction. 
 
Keywords: Coastal erosion, Monitoring, Shoreline, Geoprocessing, Digital Shoreline Analysis 
System. 
VI 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Evolução da série Landsat. Fonte: (USGS, 2018) ................................................................ 9 
Figura 2: Resumo dos parâmetros NSM, EPR e SCE. Fonte: (Henderson, 2018). ............................ 10 
Figura 3: Resumo do parâmetro LLR. Fonte: (Henderson, 2018). .................................................... 11 
Figura 4: Limiar para discriminação dos fenómenos de erosão e acreção com base na análise DSAS.
 ............................................................................................................................................................ 11 
Figura 5: Mapa de Localização da Área de Estudo. ........................................................................... 13 
Figura 6: Modelação de correntes de marés na Baía do Bazaruto e nas áreas marinhas adjacente. (a) 
enchente e (b) vazante. Fonte: (DNAC, 2009). .................................................................................. 17 
Figura 7: Precipitação e Temperatura Media Mensal na Estacão Meteorológica de Inhambane no 
período entre 1980 a 2010. Fonte: (MICOA, 2012). .......................................................................... 18 
Figura 8: Ciclones e Tempestades Tropicais registrados dentro e fora do Canal de Moçambique, que 
afectaram Vilankulo entre 1970 e 2007 (Fonte: MICOA, 2012). ...................................................... 19 
Figura 9: Fluxograma da Metodologia utilizada. ............................................................................... 21 
Figura 10: Imagem bruta de Landsat-5 adquirida para o ano de 1990 (Fonte: Earth Explorer). ....... 22 
Figura 11: Recorte de imagens da área estudo (Litoral de Vilankulo). .............................................. 23 
Figura 12: Transects gerados entre a Linha de Base e suas respectivas Linhas de Costa. Do SUL 
para NORTE: Praia do Pescador (A), Praia do Tropical (B) e Praia Dona Ana (C). ......................... 25 
Figura 13: Variação espaciotemporal da Linha de Costa usando o parâmetro EPR (m/ano) para as 
Praias do Centro da Cidade de Vilankulo nos períodos 1990-2005 (A), 2005-2020 (B). ................. 25 
Figura 14: Variação espaciotemporal da Linha de Costa usando o parâmetro LRR (m/ano) para as 
Praias do Centro da Cidade de Vilankulo no período 1990-2020. ..................................................... 26 
Figura 15: Gráfico comparativo de tendência dos parâmetros EPR e LRR. ...................................... 27 
Figura 16: Erosão na falésia de Arenito Carbonático/ beachrock na praia Dona Ana. ...................... 31 
Figura 17: Estabelecimento de lazer cada vez mais migrando para zona entre-maré na Praia do 
Tropical (a esquerda) e muro derrubado e recuo costeiro na Praia de Dona Ana (a direita) ............. 31 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 2: Características das imagens Landsat usadas no estudo. ..................................................... 21 
 
LISTA DE ANEXOS 
Anexo No. 1: Praias associadas a Formações do tipo Beach-rock junto a muros de proteção costeira 
(Praia do Tropical). ............................................................................................................................ 37 
VII 
 
Anexo No. 2: Bancos de área formados na Baia, expostas em períodos de maré morta (a esquerda). 
Rua Marginal em risco devido a ineficiência das estruturas implantadas junto a praia Dona Ana (a 
direita). ............................................................................................................................................... 37 
Anexo No. 3: Gráfico de variação do parâmetro LRR em função dos Transects para o período total 
de estudo. ............................................................................................................................................ 38 
Anexo No. 4: Dados Gerados por DSAS no intervalo de 1990 a 2005 ............................................. 38 
Anexo No. 5: Dados Gerados por DSAS no intervalo de 2005 a 2020 ............................................. 40 
Anexo No. 6: Dados Gerados por DSAS no intervalo total dos 30 anos. .......................................... 43 
 
ÍNDICE 
Conteúdo Páginas 
Dedicatória ........................................................................................................................................... I 
Agradecimentos ................................................................................................................................... II 
Declaração de Honra .......................................................................................................................... III 
Resumo .............................................................................................................................................. IV 
Abstract ............................................................................................................................................... V 
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... VI 
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................... VI 
LISTA DE ANEXOS ........................................................................................................................ VI 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1 
1.1. Problematização ........................................................................................................................ 2 
1.2. Justificativa ................................................................................................................................ 2 
2. OBJECTIVOS .................................................................................................................................. 4 
2.1. Objectivo Geral ......................................................................................................................... 4 
2.2. Objectivos Específicos .............................................................................................................. 4 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................................... 5 
3.1. Geoprocessamento .................................................................................................................... 5 
3.1.1. Sensores Ópticos ................................................................................................................ 6 
3.1.2. Análise Multitemporal ........................................................................................................ 7 
3.1.3. Satélite Landsat .................................................................................................................. 8 
3.2. Digital Shoreline Analysis System (DSAS) .............................................................................. 9 
3.3. Avanço e Recuo da Linha de Costa ........................................................................................ 12 
4. METODOLOGIA .......................................................................................................................... 13 
4.1. Caracterização da Área de Estudo ........................................................................................... 13 
4.1.1. Localização .......................................................................................................................13 
4.1.2. Geomorfologia ................................................................................................................. 14 
4.1.3. Geologia ........................................................................................................................... 14 
 
4.1.4. Hidrologia ......................................................................................................................... 15 
4.1.5. Aspectos Oceanográficos ................................................................................................. 15 
4.1.6. Aspectos Climáticos ......................................................................................................... 17 
4.1.7. Aspectos Antropogênicos ................................................................................................. 19 
4.2. Materiais e Métodos ................................................................................................................ 20 
4.2.1. Coleta de Dados ............................................................................................................... 21 
4.2.2. Tratamento dos Dados ...................................................................................................... 21 
4.2.3. Processamento de Dados .................................................................................................. 24 
5. RESULTADOS .............................................................................................................................. 24 
6. DISCUSSÃO .................................................................................................................................. 28 
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 32 
7.1. Conclusão ................................................................................................................................ 32 
7.2. Recomendações ....................................................................................................................... 32 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 33 
9. ANEXOS ........................................................................................................................................ 37 
 
1 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
1. INTRODUÇÃO 
A Linha de Costa (LC) representa a interface entre os ambientes marinho e terrestre, podendo se 
mover de uma posição para outra em escalas espácio-temporais (Boak & Turner, 2005). Estas 
alterações reflectem padrões de acreção e erosão, causado por acções antrópicas e forçantes 
naturais, em uma variedade de escalas espácio-temporais (RUDORFF; BONETTI, 2010). Quando 
essas variações são rápidas podem ser medidas e determinadas com precisão e geralmente estão 
relacionadas à factores meteo-oceanográficos e o balanço sedimentar local. Contudo, as variações 
da linha de costa podem corresponder a tendências geológicas de milhares de anos, envolvendo 
movimentos da crosta terrestre e as fases de progradação e retrogradação costeira relacionadas as 
variações relativas do nível médio do mar (Nordstrom, 1980). 
É importante referir que a linha de costa não sofre erosão ou deposição, apenas é sujeita às 
mudanças em sua localização (OERTEL, 2005). Estas mudancas ocorrem em resposta a alteracoes 
fisicas na interface entre o oceano e a terra emersa (zona de praia). Contudo, a variação da linha de 
costa pode ter impactos negativos nas actividades desenvolvidas pelo homem, na medida em que as 
zonas costeiras são consideradas ambientes valiosos pelo homem, devido aos seus inúmeros 
atractivos, tendo como principais vectores indutores as actividades portuárias, de exploração 
petrolífera, pesqueiras, imobiliárias, de exploração turística e de urbanização (Sousa, 2011). 
Portanto, o desequilíbrio desses ambientes costeiros, leva a perda de espaço físico para 
desenvolvimento dessas actividades socio-econômicas. 
A perda de espaço físico ou recuo da linha de costa é considerada um problema global, visto que 
diferentes locais no mundo apresentam recuo da linha de costa, acarretando sérios prejuízos para a 
comunidade litorânea (Bird, 1993). Cerca de 20% das linhas de costa de todo mundo é formado por 
praias arenosas, das quais 70% estão em processo de erosão, 20% em acreção e 10% encontra-se em 
equilíbrio relativo (Bird, 1985). 
As zonas costeiras têm estado sujeitas a vários tipos de pressões naturais assim como antrópicas. O 
crescimento das actividades antrópicas na zona costeira altera de alguma forma, a dinâmica costeira 
natural e ecossistemas costeiros, modificando o padrão normal da alteração e recuperação espácio-
temporal da linha de costa (Farias & Maia, 2007). A acção antrópica tem-se revelado mais perigosa 
a ecossistemas costeiros ao longo dos tempos para a natureza, assim como para o próprio Homem, 
visto que a mesma modifica o padrão normal da alteração e recuperação dos ambientes costeiros. 
Estas acções como a implantação de barragens, de estruturas rígidas de engenharia transversais ou 
paralelas à linha de costa, destruição das dunas, a degradação de sistemas costeiros naturais, 
ocupação de zonas de risco geológico, a extracção de sedimentos fluviais ou de praia, dragagem 
2 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
portuária, entre outras acções, tem promovido a diminuição ou suspensão do abastecimento de 
sedimentos a ambientes costeiros (Farias & Maia, 2010). O uso desordenado na exploração das 
zonas costeiras e a fraca resposta na elaboração de planos de gestão integrada para o 
desenvolvimento sustentável, tem igualmente contribuído para o aumento da vulnerabilidade às 
zonas costeiras. 
Segundo DNPT (2000), um dos principais problemas ambientais que o distrito de Vilankulo 
enfrenta é a erosão costeira. Depois das cheias do ano 2000 foram identificados em Vilankulo sérios 
problemas de erosão costeira, onde uma área localizada no litoral centro (avenida marginal) 
apresentou um estado critico de perda de espaço, o que esta comprometendo a transitabilidade da 
rodovia (Menete & Zunguze, 2011). 
As praias arenosas de Vilankulo são utilizadas para diversos fins, com destaque para a recreação e 
prática de turismo (MITADER, 2012). A crescente demanda em uso da costa da cidade de 
Vilankulo tem induzido a um desenvolvimento sem planeamento, como a cosntrução de moradias e 
empreendimentos hoteleiros em zonas de proteção e concervação costeira (CIP, 2017). Muitas 
vezes a natureza movel das zonas costairas é desconsiderada, o que compromete tanto bens 
materiais como o valor paisagístico das praias. 
1.1. Problematização 
Vilankulo enquadra-se numa das áreas onde são recorrentes tempestades e ciclones tropicais, além 
do défice de planos de ordenamento territorial devido ao acelerado crescimento urbano e turístico 
(Consultec, 2006 & CIP, 2017). Actualmente, a zona pós-praia está cada vez mais recuando para o 
interior e os esforços desenvolvidos pelas autoridades municipais e organizações não-
governamentais na procura de melhores planos para a solução deste problema ambiental mostra-se 
ainda ineficiente. 
Segundo Palalane (2013), importa estender acções de monitoramento e estudos de evolução costeira 
para zonas com carência de dados da dinâmica costeira como zona costeiras de grande importância 
social, económica e ambiental, assim como locais altamente alvos e identificados para futuro 
desenvolvimento urbano, turístico e portuário. Neste contexto, os órgãos locais do estado e 
municipal de Vilankulo tem enfrentado desafios enormes de gerenciamento costeiro devido à falta 
entendimento do estado de alteração dosistema costeiro e das causas destas alterações. 
 
1.2. Justificativa 
Os potenciais impactos da alteração da linha de costa podem se tornar uma questão muito séria para 
a sociedade, particularmente em áreas onde a resiliência é reduzida. Considerando que a linha de 
costa deve fazer parte dos planos de ordenamento territorial ou de uso e ocupação de áreas 
3 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
costeiras, o conhecimento do seu estado de alteração ou possíveis riscos associados a sua alteração 
torna-a importante sob ponto de vista de gerenciamento costeiro. 
Do ponto de vista científico, várias técnicas são utilizadas para melhor compreender a dinâmica 
costeira e suas causas, podendo com essas informações prever possíveis senários futuros da linha de 
costa, impactos para o Homem assim como para a própria natureza. Para estudos em ambientes 
costeiros com o uso de imagens multi-temporais como e o caso desta pesquisa, é possível obter 
informações em um contexto mais amplo possibilitando o entendimento do histórico da evolução 
costeira (Chu et al., 2006). A ideia do uso do geoprocessamento é antiga, porém ao longo do tempo 
com o avanço tecnológico, as técnicas de maneio destas ferramentas vêm sendo melhoradas, dando 
mais fiabilidade, facilidade e flexibilidade no acesso aos dados e ferramentas. É notória nos últimos 
tempos a tendência de reduzir o tempo de trabalho do homem, melhorando e flexibilizando o 
processamento de dados, assim ajudando a tomar medidas de resiliências em tempo útil. 
O presente trabalho, apresenta uma estratégia de avaliação da evolução da linha de costa a partir da 
análise de imagens aéreas históricas obtidas através do sensoriamento remoto. A pesquisa permitiu 
compreender até que nível a linha de costa no litoral mudou de sua forma (real situação da erosão e 
acreção) e, contudo, estas informações poderão ajudar na elaboração de planos de gestão integrada 
para um desenvolvimento sustentável desta zona costeira. 
4 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
2. OBJECTIVOS 
2.1. Objectivo Geral 
Monitorar a dinâmica da linha de costa da Cidade de Vilankulo nos últimos 30 anos utilizando 
imagens do satélite Landsat. 
 
2.2. Objectivos Específicos 
• Mapear a linha de costa de longo prazo, em intervalos de 15 anos: 1990, 2005 e 2020; 
• Determinar a taxa de acreção e erosão costeira no litoral da cidade de Vilankulo nos ultimos 30 anos; 
• Comparar resultados dos parâmetros EPR e LRR da Ferramenta utilizada. 
 
5 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
3.1. Geoprocessamento 
As imagens de sensoriamento remoto refletem dados característicos de corpos físicos encontrados a 
superfície terrestre. Estes corpos podem ser identificados através do processo de classificação de 
comportamentos espectrais dos corpos, onde no final é extraída informação da área desejada. Este 
processo associado a um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e ao Sistema de Posicionamento 
Global (GPS), servem como base para o geoprocessamento (Farias & Maia, 2010). 
O geoprocessamento é uma forma de obter informações de situação ambiental de uma determinada 
área, podendo acompanhar a sua evolução e são usados geoindicadores para controlar estas 
alterações ambientais harmonizando o processo de uso e aproveitamento de terra e a preservação 
ambiental (Espinoza & Abraham, 2009). 
Segundo (Albuquerque, et al., 2013) em literaturas tem mais se discutido na confiabilidade dos 
métodos ou ferramentas que podem quantificar taxas de acreção ou erosão em trechos específicos e 
não em geral. Dois métodos bem conhecidos são o Digital Shoreline Analysis System - DSAS 
(Thieler et al., 2009) e o Change Polygon Method (Smith & Cromley, 2012). A primeira ferramenta 
desenvolvida pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) no início da década 90 e serve de 
base para a análise da taxa de variação das posições da linha de costa em diferentes datas históricas 
usando imagens georreferenciadas. O Método do Polígono de Mudança baseia-se na elaboração de 
polígonos e na álgebra poligonal: duas linhas de costa (uma linha de base e a de interesse) são 
usadas para determinar áreas erodidas e taxas de recuo em uma área específica. 
Os resultados de ambos métodos em uma área especifica erodida, fornecem subsídio para 
identificação de áreas de alto risco, quantificação da perda de sedimentos e determinação de trechos 
de proteção no caso de construções futuras (Albuquerque et al., 2013). 
Sensoriamento remoto é uma tecnologia de colecta de dados característicos de uma área sem estar 
em contacto directo com o alvo, a sua vantagem é de permitir uma abrangência em escala global. 
Sendo a radiação eletromagnética, a forma de interação entre o alvo e o sensor, pela sua capacidade 
de se transportar pelo espaço, uma base científica foi estabelecida para o sensoriamento remoto, a 
ausência de matéria no espaço entre o alvo e o sensor, visto que é possível transportar o alvo pelo 
espaço vazio. Deste modo, o Sensoriamento Remoto é uma ciência que visa o desenvolvimento da 
obtenção de imagens da superfície terrestre por meio da detecção e medição quantitativa das 
respostas das interações da radiação eletromagnética com os materiais terrestres (Meneses & 
Almeida, 2012). 
6 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
O sensoriamento remoto é uma técnica que pode ser controlada e é considerada não intrusiva, visto 
que os sensores podem ser programados especificamente para obtenção de dados de informação 
sem causar interferência em um determinado alvo. Após o processamento de dados em imagens e 
representações digitais de padrões de energia derivados de sistema de sensores em softwares, essas 
informações podem utilizadas em modelagem de processos naturais (mudanças climáticas, 
variações na linha de costa, desertificação, etc.) ou antrópicos (poluição, desmatamento, expansão 
urbana, etc.) (Souza, 2010). 
Além da luz visível os sensores podem “enxergar” regiões de diferentes comprimentos de onda 
como o infravermelho e o micro-ondas. Sendo esta técnica baseada na radiação eletromagnética 
(REM) que emite um comportamento similar ao da luz solar, sempre que for analisada uma imagem 
de sensoriamento remoto deve ser considerada a coexistência da REM na forma de onda e de 
energia para melhor explicar as características dos objectos observados (Meneses & Almeida, 
2012). 
Alguns elementos são fundamentais para a geração de dados ou informações usando o 
sensoriamento remoto como a existência de uma fonte de energia, podendo ser o Sol ou o próprio 
sensor, radiação eletromagnética e atmosfera, alvo, base para o registro da energia pelo sensor; base 
de transmissão, recepção, processamento dos dados e análise e interpretação dos resultados (Souza, 
2010). 
Nas últimas décadas o sensoriamento remoto tem registado avanços significativos acompanhadas 
do avanço tecnológica. Esta técnica pela sua facilidade no acesso a dados de superfície terrestre a 
escala global e na rapidez de monitoramento da dinâmica ambiental, é a mais utilizada 
mundialmente e reúne a maior diversidade de usuários e pesquisadores. O avanço tecnológico e as 
exigências dos usuários ou pesquisadores, constituem um factor importante na melhoria dos 
serviços desta tecnologia. Actualmente, a resolução espectral das imagens obtidas por esses 
sensores já ultrapassa centenas de bandas e a resolução espacial já é maior que 1m, possibilitando 
aplicações nas áreas de levantamentos de recursos naturais, monitoração ambiental, detecção dedesastres naturais, desmatamentos florestais, previsões de safras, cartografia de precisão, defesa e 
vigilância, entre outras (Meneses & Almeida, 2012). 
3.1.1. Sensores Ópticos 
Sensores ópticos são dispositivos acoplados aos satélites, a partir dos quais é capturada a REM, 
convertendo essa energia em sinais electrónicos que podem ser registrados e armazenados. Esses 
sinais podem ser convertidos em informações compreensíveis e eficientes para descrever objetos ou 
eventos que ocorrem à superfície do planeta (Moraes, 2002). 
7 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
Os primeiros testes desses dispositivos foram nos finais da década 60, em aeronaves para a 
posterior instalação em satélites. A forma de varredura linear do terreno para captura do alvo desses 
sensores e não instantânea como as câmeras fotográficas, levou que fossem designados como 
sensores imageadores. A capacidade de alcance de várias faixas do espetro eletromagnético e 
alcance de toda superfície terrestre em curto tempo deu mais vantagem e importância a técnica de 
sensoriamento remoto em relação a outras técnicas. Sendo esses sensores acoplados aos satélites 
que orbitam sistematicamente a Terra, propiciaram detectar e monitorar mudanças ecológicas e 
climáticas, tornando as imagens de satélite uma das ferramentas mais eficientes para a utilização em 
análises ambientais dos ecossistemas terrestres (Meneses & Almeida, 2012). 
Actualmente, existem sensores que orbitam no espaço com várias faixas espetrais e resoluções 
espácio-temporal, de entre eles os sensores hiper-espectrais com mais de centenas de bandas e de 
alta resolução espacial capazes de detectar objectos menores de 50cm (Meneses & Almeida, 2012). 
Alguns sensores são utilizados para optimização de imagem pela interferência de alguns corpos 
encontrados entre o alvo e o sensor, como a opacidade criada pelas nuvens optimizada por sensores 
de radar este que usam fontes artificias transformam as nuvens em objectos transparentes. 
Os sensores orbitais podem ser divididos em três classes: os sensores ópticos que utilizam a luz 
solar como fonte de radiação eletromagnética; os sensores termais que usam a radiação emitida pela 
Terra como fonte; e os sensores de radar que usam fontes artificiais, podendo ser uma fonte própria 
de REM, a qual é emitida para o objeto, refletida e registrada pelo mesmo, ou fontes artificiais 
construídas pelo homem (Meneses & Almeida, 2012). 
3.1.2. Análise Multitemporal 
Trata-se de análise de mais de uma imagem de um determinado alvo, possibilitando o 
monitoramento da dinâmica ambiental ao longo do tempo, permitindo visualizar entender os 
eventos da evolução de uma área assim como estimar as alterações decorrentes destes eventos, 
como a dinâmica costeira (Ranieri & El-Robrini, , 2015). 
Ao longo do tempo, as zonas costeiras, tem sofrido constantes alterações sejam elas causadas por 
eventos naturais ou aliado ao crescimento populacional, industrialização, entre outros agentes 
antrópicos. A análise multitemporal permite entender estas alterações ao longo do tempo e causas 
pontuais destas alterações em uma determinada área, neste contexto, a existência de mais dados de 
longa escala de tempo, permite um esclarecimento exaustivo destes eventos de alteração (Alves, 
2018). 
Utilizando imagens de sensoriamento remoto nos trabalhos de deteção da linha de costa, sugerem-se 
três possíveis parâmetros de deteção, como: a Linha Limite de Vegetação (LLV), a Linha de 
8 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
Contato Água/Solo (LCAS) e a Linha de Deixa (LD) ou Linha de Humidade, esta última é definida 
pela marca da humidade de uma praia (Moore, 2000). A vegetação tende a se manter inalterável 
com o tempo em relação a LCAS que depende muito da posição da maré no momento da captura de 
imagem, pode induzir o pesquisador ao erro devido a batimetria ou a alta quantidade de material em 
suspensão ou mesmo a falta de dados para alguns anos e a LD pode não ser detectável em imagens 
com pixel superior a 10m o caso do Landsat que o seu máximo é de 15m. 
 
3.1.3. Satélite Landsat 
Foi na década 70 que o sensoriamento remoto deu um marco importante, quando no ano 1972 é 
lançado o primeiro satélite de sensoriamento, o qual foi denominado ERTS-1, posteriormente 
renomeado para Landsat-1. Já era possível nesse tempo imagear simultaneamente quatro faixas 
espectrais, como, o visível, o infravermelho próximo e o termal a uma escala de 185 km de largura 
da área, além do que já era possível com o uso de filmes fotográfico. Isto permitia uma visão mais 
ampla, além de cobrir toda a orbita da terra em apenas 18 dias (Meneses & Almeida, 2012). 
Após o lançamento do Landsat-1, sucedeu uma série de satélites Landsat (Land Remote Sansing 
Satelite), os quais tiveram a sequência Landsat 2, 3, 4, 5,7 e Landsat 8 (Figura-1), o último a ser 
lançado em orbita. Os satélites Landsat 1-4 lançados entre os anos 1972 a 1982, serviram de base 
para o lançamento do satélite Landsat 5, o qual perdurou e foi revolucionário por possuir mais duas 
bandas em relação aos satélites anteriores (de cinco para sete bandas) e por cobrir a orbita em 
menos de 16 dias. Por conseguinte, foi lançado o Landsat 6 em 1993, o qual não alcançou a orbita 
da terra, e não há seu registro. Em 1999, é lançado o Landsat 7, que funcionou em simultâneo com 
o Landsat 5 durante 5 anos, porém com upgrades. O Landsat 7, possuía um sistema de sensor 
imageador com oito (8) bandas do espectro eletromagnético, com uma resolução espacial de 30m, 
menos para as bandas 6 e 8 que possuem 60 e 15 metros respectivamente. Em 2013, foi lançado o 
Landsat 8, este satélite com dois imageadores, e consegue reportar informações mais precisas em 
uma resolução espacial melhor de entre 15 a 30 metros, possui 9 bandas multiespectrais. 
Actualmente programa-se o lançamento do Landsat 9, um satélite com um design semelhante ao do 
Landsat 8. Este satélite, ira replicar amplamente as funções do Landsat 8. O Landsat 9 substituirá o 
Landsat 7, funcionando concomitante com o Landsat 8. O lançamento deste satélite que tinha sido 
previsto para 2020, foi adiado varia vezes devido a pandemia e até então espera-se o seu 
lançamento em setembro do corrente ano (Forest, 2021; USGS, 2018). 
9 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 1: Evolução da série Landsat. Fonte: (USGS, 2018) 
 
3.2. Digital Shoreline Analysis System (DSAS) 
Vários estudos indicam o uso de diversidades de técnicas para o estudo da evolução costeira, e essas 
técnicas podem consistir na obtenção de dados directamente com o alvo (in situ) ou indirectamente 
quando os dados são obtidos remotamente, ou seja, sem estar em contacto directo com o alvo. Essas 
técnicas como a comparação cartográfica, medição de perfis de praia, comparação de fotografias 
áreas, etc, permitem modelar e prever as tendências do comportamento da dinâmica da linha de 
costa (Callaghan et al., 2009). 
O Digital Shoreline Analysis System (DSAS) é uma ferramenta que veio ampliar as 
funcionalidades do software ArcGIS desenvolvida por Thieleret e seus colaboradores. Esta 
ferramenta gratuita do ArcGIS, foi desenvolvida pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos 
(USGS) no início da década 90 e serve de base para a análise da taxa de variação das posições da 
linha de costa, permitindo assim entender as tendências acreção e erosão por meio da posição de 
linha de costa em imagens de diferentes datas históricas (Thieler et al., 2005). Esta ferramenta tem 
como objectivo estender as funcionalidades normais do ArcView Gis tornando a sua interface mais 
actrativa e organizada, trazendo aousuário ou pesquisador, eficiência nas principais etapas de 
análise da dinâmica costeira. 
 Por tanto, para permitir este cálculo são geradas linhas perpendiculares a linha de costa (transects) 
equidistantes uma das outras, e estas são desenhadas em uma linha base (baseline), uma linha 
paralela as linhas de costa, cuja a posição pode ser em terra firme (onshore), no mar (offshore) e 
entre as linhas de costa (midshore), essa baseline serve como referência para as várias posições da 
linha de costa (shoreline), obtidas por meio de imagens de satélite multitemporais. As taxas de 
acreção e erosão são mostradas em tabelas de atributos de acordo com distintos métodos estatísticos 
(Thieler et al., 2005). 
O DSAS possui os seguintes métodos de cálculos estatísticos (Thieler et al., 2018): 
10 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
➢ Net Shoreline Movement (NSM) - expõe uma distância entre duas LC, a mais antiga e a mais recente. 
Isso representa a distância total entre as linhas de costa mais longínqua e mais atual, descriminando 
as posições ocorridas entre as LC mais antiga e a mais recente. 
➢ End Point Rate (EPR) - permite calcular a taxa de variação da linha de costa considerando o 
NSM em função do tempo decorrido. A vantagem deste método é a sua simplicidade de 
calculo, como ilustra a equação na figura abaixo. 
 
 
➢ Shoreline Change Envelope (SCE) - descreve a distância entre os extremos das linhas de 
costa em relação a linha de base (recuo e avanço), não levando em consideração a ordem do 
tempo (datas) e representando a largura total realizada pela costa. 
 
 
Figura 2: Resumo dos parâmetros NSM, EPR e SCE. Fonte: (Thieler, 2018). 
 
➢ Linear Regression Rate (LRR) – permite estimar um valor condicional levando em 
consideração os valores de outras variáveis e é optimizado pelo método dos mínimos 
quadrados. O princípio de funcionamento assemelha-se a uma representação gráfica, onde o 
eixo y representa a distância entre a LB e a LC, e o eixo x o tempo (ano) da LC, traçando 
uma recta a partir dos valores médios otimizados desses dados, a qual a sua inclinação 
define o LRR. A vantagem deste método embora complexo é de incluir todas as linhas de 
costa disponíveis. 
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Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 3: Resumo do parâmetro LLR. Fonte: (Thieler, 2018). 
 
➢ Weighted Linear Regression (WLR) – este representa a distância de incerteza da LC e é 
determinada pela equação 𝒲 = 1 𝑒2⁄ ; onde ‟𝑒” representa o valor da incerteza da LC. 
 
Em analise dos resultados dos parametros EPR e LRR desta ferramenta é considerada erosão ou 
variação negativa quando a taxa de variação dos parâmetros é menor que -0,5 e, é considerada 
acreção ou variação positiva quando a taxa de variação dos parâmetros é maior que 0,5. Logo 
quando a taxa de variação estiver entre 0,5 e -0,5 pode considerar-se a linha de costa como estável 
(Thieler et al., 2018). 
 
Figura 4: Limiar para discriminação dos fenómenos de erosão e acreção com base na análise DSAS. 
 
 
 
12 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
3.3. Avanço e Recuo da Linha de Costa 
O balanço sedimentar é o principal fator condicionante do processo de progradação ou 
retrogradação no ambiente costeiro (Souza & Suguio, 2003). Quando o volume de sedimentos 
transportados e depositados para uma área é inferior do volume que é retirado, a linha de costa de 
costa tende a recuar (retrogradação ou erosão). Por outro lado, quando a deposição é maior que a 
retirada de sedimentos, a linha de costa tende a avançar (progradação ou acreção). No caso em que 
o volume de entrada de sedimentos é igual ao de saída, a linha de costa tende a ficar estável. 
Dos dois processos de alteração da linha de costa a erosão é a que constitui um problema, embora 
que, para praias em zonas remotas seja apenas um simples processo, este gera graves riscos em 
zonas urbanas. 
Segundo (Pilkey & Thieler, 1992) definir a erosão no ambiente costeiro é difícil. Vários são os 
termos usados para descrever este processo, incluindo afogamento, erosão costeira, erosão da linha 
de costa, erosão da praia, recuo da linha de costa, recuo da praia, e recessão da linha de costa. 
 
 
13 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
4. METODOLOGIA 
4.1. Caracterização da Área de Estudo 
4.1.1. Localização 
A área de estudo localiza-se no Litoral do Centro da Cidade de Vilankulo, envolvendo as Praias do 
Pescador, Tropical e Dona Ana, entre o aeroporto (Sul) e Hotel Dona Ana (Norte). A faixa de praia 
estudada é de aproximadamente 5km de comprimento. Em termos de coordenadas ela estende-se 
entre os paralelos 21° 59’ 00” e 22° 01’ 00” de latitude Sul e entre os meridianos 35° 19’ 00” e 35° 
19’ 30” de longitude Este (Figura-2). 
 
Figura 5: Mapa de Localização da Área de Estudo. 
14 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
4.1.2. Geomorfologia 
Em Moçambique, o sistema costeiro pode ser classificado em Costas de Dunas, Costas de Corais, 
Costas de Mangal e Costa de Delta (Langa, 2007). Entretanto, algumas destas características do 
sistema costeiro, podem encontrar-se associadas em determinadas regiões. 
A costa de Vilankulo é caracterizada por um sistema dunar (velhas dunas parabólicas vermelhas e 
jovens dunas brancas), com praias arenosas, em algumas faixas associadas a formações de beach-
rock (Anexo No. 1) e um sistema de recifes de coral. 
4.1.2.1. Faixa de Praia 
A faixa de praia de Vilankulo é variável, no que concerne a sua largura, podendo ser estreita a larga. 
O uso e ocupação no litoral são caracterizados, pela actividade de turismo e ocupação urbana. Na 
praia é praticada a actividade de lazer e banho, e, na zona pós-praia são praticadas, em geral, 
actividades de restauração, podendo encontrar também encontradas residências e/ ou pousadas. 
Algumas alterações do ambiente são visíveis sazonalmente, como o acúmulo de sedimentos e 
formação de bancos de areia e a remoção dos sedimentos em diferentes partes da faixa de praia. 
4.1.2.2. Campo de Dunas 
A costa de Vilankulo, apresenta grandes campos de cordoes dunares, sendo estas fixas (dunas 
interiores vermelhas) cobertas por vegetação e estáveis e outras incipientes logo após a pós-praia. 
Em alguns casos as dunas interiores vermelhas encontram-se expostas a agitação marinha em 
(Anexo No. 1). Tratando-se de uso e ocupação, algumas dunas são usadas para actividades de 
recreação, para construção de instâncias hoteleiras, entre outras actividades que de certo modo 
contribuem para a vulnerabilidade erosiva deste tipo de feição costeira. 
4.1.2.3 Formações Rochosas e Mangal 
São encontradas em alguns trechos, formações rochosas tipo beach-rock, que sofrem influencia das 
acções abrasivas do mar. Algumas planícies e canais de marés encontradas, caracterizados pela 
presença de vegetação de mangual, são utilizadas pela comunidade local para extração da madeira 
para construção de bascos de pesca, para a produção de carvão, entre outras actividades de renda 
familiar. 
4.1.3. Geologia 
Vilankulo é caracterizado por rochas do tipo sedimentares, com mais de (52%) de sua área ocupada 
por rochas do Terciário de Formação de Jofane, na parte central do Distrito, e a área restante do 
distrito correspondente a (48%) é constituída por rochas do Quaternário, essencialmente na zona do 
litoral, nas ilhas e na fronteira com os distritos de Mabote e Massinga, entretanto cerca de 0,3 (%) 
da área do distrito é constituído por margas,silte, calcário e gesso do Cretácico (MICOA, 2012). 
15 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
No litoral, o qual constitui o objecto de estudo, ocorre um sistema de dunas vermelhas mais para o 
interior, com dunas intercaladas por aluviões recentes, com areias de duna costeira e argilas fluvio-
marinha nos sistemas fluviais. A geologia local é similar a geologia regional costeira, com 
sedimentos de origem granítica, com metamorfismo de alto grau nas terras do interior, descrita por 
(Greig, 2001), que consta no (Assane, 2013). Presume-se que tenham sido constituídas a partir do 
Pleistoceno (entre 1,8 milhões de anos e 11,500 anos) até o Holoceno (menos de 10,000 anos). 
 
4.1.4. Hidrologia 
O distrito não possui rios que desaguam no Oceano Índico com a excepção dum pequeno rio (com 
menos de 10 km de extensão) que nasce em algumas lagoas a sul dentro do distrito e desagua na 
Baía de Vilankulo. O Rio Govuro que atravessa o distrito no sentido Sul-Norte tem a sua nascente 
no distrito e depois atravessa o Distrito de Inhassoro para ir desaguar em Govuro. O distrito tem 
muitas lagoas costeiras (entre estas a Manhale e a Zevane) (DNAC, 2009). 
 
4.1.5. Aspectos Oceanográficos 
4.1.5.1. Batimetria 
Com cerca de 150 km de linha de Costa, que encurva a sul do distrito, no Cabo Sebastião onde 
desagua um pequeno rio com mangais, faz um sistema de baia com três (3) das cinco (5) ilhas que 
constituem o Arquipélago de Bazaruto (bangue, Magaruque e Benguerra), perfiladas a 
aproximadamente 10 km da costa. A situação batimétrica nesta baia é de pouca navegabilidade por 
ser uma zona muito rasa. Em geral, Vilankulo enquadra-se na classe batimétrica mais superficial, 
com profundidades menores que 50 m, onde a profundidade média é de cerca de 20 m que se 
estende por quase 20 km da faixa litoral (MICOA, 2012). 
4.1.5.2. Salinidade e Temperatura 
A distribuição da temperatura e salinidade na baia apresenta mesma tendência, diminuindo da costa 
para o mar, tanto da forma transversal quanto longitudinal. Durante a estacão seca (Maio a 
Outubro), a salinidade varia 35 a 36 PSU e durante a estacão chuvosa varia entre 33 a 35 PSU 
(Malauene, 2005). 
A temperatura é mais elevada na zona Sul da baía chegando a atingir 31.5º C em relação a zona 
Norte onde chega a atingir 29º C (Malauene, 2005). Nesta baia, o perfil vertical da temperatura 
assim como da salinidade apresenta homogeneidade e são horizontalmente heterogéneas, sugerindo 
mistura na coluna de água, o que favorece a produtividade primária (Malauene, 2005). 
16 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
4.1.5.3. Circulação e Massas de Água 
A circulação das massas de água da Baia de Bazaruto é governada grandemente pelo sistema de 
circulação do Canal de Moçambique, com as suas correntes superficiais em direção ao sul durante 
todo ano, com velocidade variando sazonalmente. Esta Baia é caracterizada por uma circulação 
ciclónica (horaria), sendo esta, mais forte a sul onde o gradiente de densidade é mais intenso. 
Salienta-se a importância desta corrente por ser consistente embora seja fraca (Malauene, 2005). Há 
indicação da existência de contracorrentes costeiras locais intermitentes predominantemente 
direccionadas para norte com velocidades de cerca de 0,8 m/s (Malauene, 2005). 
A baia de Bazaruto é composta por duas bacias, uma do mesmo nome, localizada no centro da baia 
e a outra a norte de profundidade máxima de 24 m e 33 m, respectivamente. A parte sul 
remanescente da baia é composta por uma vasta área de planos elevados, normalmente seca durante 
as marés baixas do início do verão. Na baia as formas mais frequentes de circulação são de marés, 
fazendo um ciclo de enchimento e vazamento incompleto a cada maré. A circulação geostrófica é 
ciclónica, a água é transportada de Oeste para Este, a Norte (boca) e de Este para Oeste, a Sul 
(Malauene, 2005). 
Dado ao facto de a baia ser fechada a sul, a água do fundo toma um comportamento inverso da água 
superficial. A batimetria e a evaporação fazem com que a circulação nesta baia seja tipo estuarina 
inversa (alta salinidade no fundo em relação a boca), onde o fluxo para o interior da baia a 
circulação é superficial com salinidade relativamente baixa, e o fluxo para fora da baia é sub-
superficial (circulação do fundo) com salinidade relativamente alta (Malauene, 2005). 
17 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 6: Modelação de correntes de marés na Baía do Bazaruto e nas áreas marinhas adjacente. (a) enchente e (b) 
vazante. Fonte: (DNAC, 2009). 
4.1.5.4. Ondas e Marés 
Na baia as ondas geradas por ventos assim como os próprios ventos, são predominantemente do 
quadrante Sudeste, e produzem correntes em direção ao Norte. Por outro lado, as ilhas do 
Arquipélago de Bazaruto e o Cabo de São Sebastião servem de barreira a acção das ondas 
provenientes do mar aberto. As ondas ao passarem pelos canais de ligação entre as duas bacias da 
baia sofrem difração e as cristas diminuem a sua amplitude, e mudando de direção radiando para 
dentro dela (DNAC, 2009). 
O ciclo de marés é semi-diurno, com maré viva variando a sua amplitude ate aproximadamente 3 m 
e 4.4 m na mare de sizígia. Na baia a corrente de mare é para dentro durante a enchente e para fora 
na vazante. Esta corrente é mais forte na maré viva e fraca na maré morta e no período estável do 
mar, a corrente é muito fraca, quase nula e muda de direção. Na enchente a corrente é mais forte a 
Norte da baia, enquanto que, na vazante a corrente é mais forte a Sul concretamente no canal entre a 
ilha de Magaruque e do Cabo de São Sebastião (DNAC, 2009). 
4.1.6. Aspectos Climáticos 
4.1.6.1. Precipitação, Temperatura e Ventos 
Predominam na região dois sistemas climáticos, nomeadamente o sistema de Monções do Este 
Africano na ponta Sul e o sistema Anticiclónico do Oceano Indico de ventos SE desde o Sul do Z 
ambeze, com a queda de chuvas associada à passagem de baixas pressões (Dutton & Zolho, 1990). 
18 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
Na região de Vilanculos a precipitação é típica da zona tropical, com altas variações anuais e inter-
anuais. Foram registrados dados de precipitação média anual de 802.9 mm em Vilankulo, entre os 
anos 1975 a 2005. Os meses de maior precipitação registrados são de Dezembro à Março (109,9mm 
a 191,3 mm), enquanto que Julho e Setembro são meses mais secos (DNAC, 2009). 
Os dados referidos acima mostram o mesmo padrão com os dados apresentados por (MICOA, 
2012) da Estacão Meteorológica de Inhambane no período entre 1980 a 2010 (Figura-2), estacao a 
sul mais próxima a área de estudo. A precipitação media mensal neste preiodo apresenta uma 
variação sazonal, assim como a temperatura. O período húmido compreende os meses de Novembro 
a abril, sendo o mês mais chuvoso fevereiro e um período seco entre Maio a Outubro. A evaporação 
media anual tem uma variação inter-anual significativa e a evapotranspiração é superior a 
precipitação em todos os meses do ano. 
A temperatura media anual é de 24 oC, sendo Janeiro o mês mais quente com 28,6 oC e Julho o mês 
mais frio com 19 oC. 
Os ventos da região são predominantemente do quadrante Sudeste a Este, sendo mais fortes durante 
a tarde. Estes, entre os meses de Janeiro a Agosto, são predominantemente de Sul enquanto, 
mudando para Este entre nos meses de Setembro e Dezembro. Na região ocorre um sistema de 
brisas terra-mar devido ao gradiente térmico terra-mar, associado a mudanças de direção dos ventos 
durante o dia, onde, durante a manhã predominam os ventosdo Sul e durante a tarde mudam de 
direção para Este (DNAC, 2009). 
 
Figura 7: Precipitação e Temperatura Media Mensal na Estacão Meteorológica de Inhambane no período entre 1980 a 
2010. Fonte: (MICOA, 2012). 
 
19 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
4.1.6.3. Ciclones e Tempestades Tropicais 
Vilankulo é muito atreito aos ciclones e tempestades tropicais. Estes eventos, já foram registradas 
dentro e fora do canal de Moçambique desde os anos 70. Foram estabelecidas pelo INAM 5 
categorias de intensidade de ciclones, nomeadamente, Categoria1 - Tempestade Tropical Moderada 
(63-88 km/h), Categoria2 - Tempestade Tropical Severa (89-117 km/h), Categoria3 - Ciclone 
Tropical (118-165 km/h), Categoria4 - Ciclone Tropical Intenso (166-212 km/h) e categoria5 - 
Tempestade Tropical Muito Intenso (mais de 212 km/h). Favio foi o único ciclone a atingir a 
categoria 5 (Figura-8) que resultou danos em infraestruturas, perdas humanas e mudanças 
significativas nos ambientes marinho e terrestre, assolou toda a região tendo provocado grandes 
danos materiais jamais registados em Vilankulo (DNAC, 2009). 
 
Figura 8: Ciclones e Tempestades Tropicais registrados dentro e fora do Canal de Moçambique, que afectaram 
Vilankulo entre 1970 e 2007 (Fonte: MICOA, 2012). 
 
4.1.7. Aspectos Antropogênicos 
A ocupação na região de Vilankulo é contada através das estações que representam um património 
histórico (Manyikeni e Chibuene, a 52 km e 5 km da Cidade de Vilankulo, respectivamente), 
datadas dos anos 1000 a 1600, que representavam Postos de trocas comerciais com outros povos 
que se faziam a este ponto via marítima (MARK WOOD CONSULTANTS & IMPACTO, 2001). 
20 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
O nome Vilankulo provem da palavra “Nyivelakudi”, que significa “venho de longe”, em resposta 
aos povos que se faziam aquelas terras refugiando-se da guerra civil que estava a decorrer (MAE, 
2005). Foi elevada a categoria de Vila a 18 de Abril de 1964, município em 1998 e cidade em 2019. 
 Actualmente a população residente em Vilankulo consta de habitantes nativos, provenientes de 
outros municípios, províncias ou mesmo do exterior. A indústria petrolífera, o turismo, a pesca, a 
agricultura, a construção civil constitui o leque de actividade económicas praticadas nesta região da 
província de Inhambane (MICOA, 2012). 
A pesca é uma das actividades praticadas pela população e constitui fonte de rendimento familiar e 
suplemento da dieta para famílias do distrito. O distrito enquadra-se na região 
Vilankulo/Bazaruto/Inhassoro que corresponde uma das três áreas de investimentos em turismo da 
categoria A e geralmente os operadores turísticos de acomodação e lazer localizam-se nas praias e 
nas ilhas, onde oferecem para alem de acomodação actividades recreativas como, pesca desportiva, 
mergulho, passeio as ilhas que compõem o Arquipélago de Bazaruto, entre outras actividades 
recreativas. O distrito enquadra-se dentro da área de exploração do gás natural de Pande-Timane, 
onde operam as companhias como a Sasol Petroleum Temane, a Companhia Moçambicana de 
Hidrocarbonetos e a Corporação Financeira Internacional. são exploradas, no distrito algumas 
arvores nativas como fontes de combustível (lenha usada pela população para cozinha e iluminação) 
e para construção. O que de algum modo contribui para o aumento de problemas de erosão e 
desflorestamento. 
4.2. Materiais e Métodos 
Para a realização deste trabalho foi usada a metodologia especificada no fluxograma abaixo (Figura 
9) 
21 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 9: Fluxograma da Metodologia utilizada. 
4.2.1. Coleta de Dados 
A aquisição das imagens foi através da fonte Earth Explorer do Serviço Geológico dos Estados 
Unidos (USGS), utilizando o seu site gratuito https://earthexplorer.usgs.gov/, acessível apenas por 
meio de um cadastro, abilitado para assessar em todas usuais internet explorer. Os dados foram 
adquiridos no formato GEOTIFF, projeção UTM, zona 36S e datum WGS-1984, para os anos 1990, 
2005 e 2020. O site disponibilizou para cada ano, várias imagens, das quais foram escolhidas as que 
apresentavam baixo nível de cobertura de nuvens (-10%) (Tabela 1). 
 
Tabela 1: Características das imagens Landsat usadas no estudo. 
 
4.2.2. Tratamento dos Dados 
As três imagens foram recortadas a partir do software ArcGIS, descriminando a restante área fora 
da área de estudo, por se tratar de imagens adquiridas em quadrantes (Figura-10). Primeiramente 
fez-se a composição das bandas de cada GEOTIFF, depois foi criada uma marcara da área de 
interesse (Shape-polígono), para padronizar as imagens e posteriormente fazer o corte da área do 
litoral de Vilankulo para todas imagens. 
 
Ano Sensor Data de
Captura
Resolução
Espacial
Período Estado Provável
da Maré
1988 Landsat 5 22/07 30 m Seco Seca
2002 Landsat 7 11/10 30 m Seco Cheia
2016 Landsat 8 16/05 30 m Chuvoso Seca
Ano
1990
2005
2020
Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS)
Imagens 
Landsat LT05 1990
Landsat LT05 2005
Landsat LC08 2020
Composição de bandas 
Baselines
Delimitação da Shoreline Fusão
Reprojeção
Recorte
Sigma Plot
Polylines 
DSAS
Universal transversal Mercator – UTM
Zona 36S
Datum WGS-1984
EPR LRR
Ano Satélite Data de Captura Resolução Espacial Período
1990 Landsat 5 15-Sep 30 Seco
2005 Landsat 5 22-Jul 30 Seco
2020 Landsat 8 25-Mar 30 Chuvoso
https://earthexplorer.usgs.gov/
22 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 10: Imagem bruta de Landsat-5 adquirida para o ano de 1990 (Fonte: Earth Explorer). 
Para cada imagem, foi aplicado o processo de aumento de contraste e composição das bandas 
coloridas em RGB (Red, Green e Blue) usado neste trabalho na combinação de bandas para melhor 
visualização das feições existentes junto a linha de costa. Nas imagens Landsat 5 de 1990 e 2005, 
foi utilizada a composição colorida das bandas 3, 4 e 5 em 5R4G3B. Na imagem Landsat 8 de 2020, 
foi utilizada a composição colorida das bandas 4, 5 e 6 em 6R5G4B, pois as mesmas correspondem 
as bandas 3, 4 e 5 dos Landsat 5 e 7. As imagens Landsat no seu padrão normal possuem 30 metros 
de resolução espacial, porém o lançamento do landsat 8, trouxe aumento do número de bandas, 
onde uma das novidades foi a banda pan-cromática, a qual foi usada para aumentar a resolução 
espacial de 30 metros para 15 metros para a imagem capturada por este satélite (Figura-11). 
Após o tratamento as imagens foram correlacionadas a partir do uso da técnica pontos de controle, 
que usa feições morfológicas ou estruturas presentes na área de estudo que não mudam com o 
tempo para que fosse obtida uma sobreposição precisa das imagens. 
23 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 11: Recorte de imagens da área estudo (Litoral de Vilankulo). 
Dos três possíveis parâmetros de detecção da linia de costa sugeridos por (Moore, 2000) 
nomeadamente: a Linha Limite de Vegetação (LLV), a Linha de Contato Água/Solo (LCAS) e a 
Linha de Deixa (LD) ou Linha de Humidade, foi escolhido para este estudo o parâmetro LLV, por 
24 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
ser uma variável cuja mudança é fácil detectar, normalmente com o uso das bandas pancromáticas. 
Esta variável apresenta um padrão de alteração a médio e longo prazo (mais de 10 anos), 
mostrando-se aplicável para este estudoem relação a outras variáveis, tomando em consideração a 
resolução espacial das imagens adquiridas. 
Para traçar as linhas de costa, foram criados apartir do Arcgis uma base de dados do tipo linha 
(Shapepolines) representando a linha de costa para cada ano (1990, 2005 e 2020) e posteriormente 
foram fundidos em um único Shapefile. Em seguida foi digitalizada a linha de base (Baseline) na 
região offshore (no mar), a qual constituiu um referencial fixo para análise da variação da LC em 
todo periodo (Ranieri & El-Robrini, 2015). 
4.2.3. Processamento de Dados 
Nesta fase foi criado um projecto no DSAS a partir da linha de base como referência em relação 
com as três linhas de costa traçadas, para o cálculo da taxa de variação da linha de costa (Thieler et 
al., 2003). A partir do projecto foram geradas linhas ortogonais (transects) a linha de base, com 
ojectivo de cruzar a totalidade das linhas de costa, assim, os pontos de cruzamento de cada transect 
em relação a cada linha de costa, constituíram a base para cálculo das taxas de variação da linha de 
costa ao longo do tempo. Esta técnica de cálculo assume essas mudanças como processos lineares, o 
tempo decorrido entre as linhas e a sua distância. 
Dos distintos métodos estatísticos calculados pela ferramenta DSAS foram escolhidos os 
parâmetros EPR e LRR para análise da taxa de variação da linha de costa. É importante referir que 
esta ferramenta permite ao usuário ou pesquisador fazer cálculos com maior confiabilidade, e os 
seus resultados são convertidos em uma tabela de atributos composta por uma série de parâmetros 
quantitativos que são de fácil manipulação em outras ferramentas de análise. 
Neste trabalho os dados da tabela de atributos de todo período, foram transportados ao Sigma-Plot 
para a construção de um gráfico analítico. Todos os valores negativos foram considerados como 
processos de erosão ou recuo da linha de costa e, os valores positivos como processos de acreção ou 
avanço da linha de costa, com excepção de valores no intervalo de 0,5 a -0,5 que foram definidos 
como zonas de equilíbrio. 
 
 
5. RESULTADOS 
Para as LCs traçadas nos anos em estudo (1990,2005 e 2020), foram gerados 103 transects numa 
extensão de aproximadamente 5 km de linha de costa, e para a sua melhor representação, a área foi 
dividida em faixas A, B e C como ilustra a figura abaixo (Figura 12), que correspondem as praias 
do Pescador, Tropical e Dona Ana, respectivamente. 
25 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 12: Transects gerados entre a Linha de Base e suas respectivas Linhas de Costa. Do SUL para NORTE: Praia do 
Pescador (A), Praia do Tropical (B) e Praia Dona Ana (C). 
 
Figura 13: Variação espaciotemporal da Linha de Costa usando o parâmetro EPR (m/ano) para as Praias do Centro da 
Cidade de Vilankulo nos períodos 1990-2005 (A), 2005-2020 (B). 
26 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 14: Variação espaciotemporal da Linha de Costa usando o parâmetro LRR (m/ano) para as Praias do Centro da 
Cidade de Vilankulo no período 1990-2020. 
A Figura (13-A) representa o resultado do cálculo do parâmetro EPR para o período de 1990-2005. 
Nas três figuras acima, nomeadamente Figuras (13-A, 13-B e 14), as cores dos transects gerados 
que variam nas faixas vermelho, amarelo e verde representam erosão, equilíbrio e acreção de 
sedimentos de praia, respectivamente. na parte Sul da paria do Pescador registrou-se um grande 
avanço da linha de costa, enquanto que nas praias do Tropical e Dona Ana foi registrada uma 
tendência de um recuo. As taxas médias de variação da linha de costa calculadas pelo parâmetro 
EPR para este período de 15 anos foram de 0,70 m/ano e -0,62 m/ano para o avanço e recuo 
costeiro respectivamente. No período 2005-2020, o padrão foi predominantemente negativo com 
taxas médias de 0,06 e -0,51 m/ano (Figura 13-B), mostrando o domínio do recuo da linha de costa, 
pode também se observar episódios de equilíbrio costeiro em alguns sectores da praia do pescador. 
Para o período total do estudo (1990-2020), aplicando o parâmetro LRR, o litoral, apresenta um 
padrão típico do segundo período analisado, caracterizado por um recuo do espaço praial, ou seja, 
os valores negativos dominaram todo período estudado, embora que separadamente foram 
registrados valores positivos no primeiro período, não foram tão significativos a ponto de 
caracterizar a área como de acreção. Neste período de 30 anos as taxas medias mais altas e baixas 
registradas foram de 0,40 e -0,58 m/ano, e uma variação média total de -0,43 m/ano (Figura-14). 
As taxas médias negativas e positivas resultam do cálculo da média dos valores positivos e 
negativos respectivamente. 
27 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
A figura 15 abaixo, apresenta em forma de gráfico de linhas as variações ocorridas ao longo do 
litoral onde o azul e laranja representam o parâmetro End Point Rate (EPR) e o Linear Regression 
Rate (LRR) é representado pela cor cinzenta. 
 
 
Figura 15: Gráfico comparativo de tendência dos parâmetros EPR e LRR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
6. DISCUSSÃO 
1 Com base nos resultados obtidos através do parâmetro EPR: 
a) Para o período de 1990 a 2005, embora, em alguns trechos do litoral tenha-se 
observado recuo, notou-se uma tendência de avanço da linha de costa em toda área 
estudada. O destaque da cor verde em relação a outras cores neste período (Figura 
13-A), indica um aumento da faixa de praia, caracterizando acreção de sedimentos. 
Por outro lado, a cor vermelha se destaca na ponta Norte da praia Dona Ana, 
caracterizando erosão. Observa-se que este sector se encontra em forma de cabo, e é 
evidente que se trata de uma escarpa de arenito carbonático (Figura-16). Este é um 
processo erosivo natural e está relacionado a elevação do nível médio do mar 
(Muehe & Neves, 2008). A acção das ondas neste processo visa adaptar a costa a 
elevação relativa do nível do mar por meio de colapsos graduais da costa. 
Segundo DNAC (2009), na baia de Vilankulo a acção das correntes mostra-se mais 
intensa no inverno, nos períodos de marés astronómicas, e com passagens de 
depressões tropicais, sendo mais forte na entrada (Norte) reduzindo a sua intensidade 
em direcção a sul. Assim sendo, a circulação marinha nesta baia mostra-se mais 
induzida a factores de alteração climáticos. Neste sentido, os resultados e a 
interpretação encontram-se correlatas as evidencias propostas, a DNAC (2009) e 
Muehe & Neves (2008). 
Outro aspecto importante a destacar é da provável influência de um imput externo, 
por ter se registado maior abrandamento da linha de costa ao sul, logo junto ao canal 
de ligação entre rio e mar. Sabe-se que as cheias de 2000 influenciaram na subida de 
caudal de vários canais fluviais incluindo este rio intermitente, criando condições 
fluviais anómalas. Este pode ter contribuído no abastecimento de sedimentos em 
zonas adjacentes ao canal. 
b) No período 2005-2020, o padrão verificado foi predominantemente negativo (Figura 
13-B), mostrando o domínio de tendência do recuo da linha de costa, característico 
da erosão. Observa-se este processo erosivo, em forma de sectores para todo litoral: 
• Para as praias de Tropical e Dona Ana, é evidente o aparecimento e 
prolongamento dos beachrock (Figura 17 e anexos 1 e 2) e o recuo da zona 
pós-praia em relação aos muros de protecção costeira e empreendimentos 
hoteleiros e de restauração construídos junto a estas praias (figura 17 e 
anexos1 e 2). O lógico perceber que a colocação de muros na zona costeira é 
para efeitos de proteger a costa de algum processo erosivo o que é também 
evidente em anexo 1. Estas interpretações estão de acordo com os trabalhos 
29 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
de Guerra & Manso (2004), Turner (2005), Martins et al. (2005) e Vieira & 
De Ros (2006), que apontam os beachrock como sendo representantes de 
estágios na evolução costeira de recuo da linha de costa, assim como no 
dicionário de geologia marinha é significado (Suguio, 1992). Acrescenta-se 
mais que os beachrock são como indicadores de flutuações relativas do nível 
do mar, estando relacionado a eventos transgressivos do litoral e os blocos 
contínuos destas rochas próximos à praia, representam antigas linhas de costa 
(Hopley, 1986 apud MEIRELES et al., 2002; Cavalcanti, 2000). Souza & 
Luna (2009) afirmam também que a ocupação inadequada da orla e da 
planície costeira, e a implantação de estruturas rígidas na linha de costa, 
resultando em modificações no sistema de drenagem e no balanço sedimentar 
costeiro, também resultam em erosão de praia, de médio a longo período. 
• Para a praia do Pescador, a erosão verificada está localizada no canal de 
comunicação entre o rio e o mar (Figura 13-B). A circulação do fluxo hídrico 
do rio em causa é dependente de uma lagoa localizada a norte do distrito, 
onde o rio é periódico durante o ano, sendo que em anos mais secos o rio é 
seco quase em todo ano (MICOA, 2012). Assim sendo, a acção marinha 
mostra-se mais dominante na dinâmica deste sector da praia. 
 
2 Com base nos resultados obtidos através do parâmetro LRR: 
Para o período Total de estudo (1990 - 2020) da linha de costa no litoral da Cidade de 
Vilankulo, apresentou-se típico do segundo período estudado (Figura-14). A forte tendência 
de recuo da linha de costa neste litoral durante os 30 anos estudados, pode ser observada por 
meio da taxa média global que se apresenta negativa na ordem dos 0,43 m/ano de recuo da 
linha de costa. O gráfico construído para parâmetro LRR pode melhor elucidar essa 
tendência negativa, visto que a linha que descreve o parâmetro é mais consistente nos 
valores negativos em relação aos positivos. 
O trabalho realizado por Moreira (2005), na Ponta Bartolomeu Dias, uma zona próxima de 
Vilankulo, aponta uma taxa média de recuo da linha de costa na ordem dos 0,56 m/ano 
durante 26 anos estudados. Houve, portanto, uma diferença de redução de 0,13 m/ano. O 
litoral da Ponta Bartolomeu Dias está situado fora das ilhas barreira que compõem o 
arquipélago de Bazaruto. Este é governado por ondas mais energéticas (swell) (Moreira, 
2005). Por outro lado, o litoral da Cidade de Vilankulo encontra-se cercado pelas ilhas 
barreira. As ondas são reduzidas sua energia pelas ilhas e ao passarem pelos canais de 
ligação entre as duas bacias da baia sofrem difracção e as cristas diminuem a sua amplitude, 
30 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
e mudando de direcção radiando para dentro dela (DNAC, 2009). Sendo assim, a energia 
das ondas oceânicas é reduzida antes de chegar a este litoral e esta diferença na taxa média, 
mostra que o factor localização do litoral altera a forma de actuação dos agentes de alteração 
da linha de costa. Embora tenha havido alteração da linha de costa, com fortes tendências de 
recuo do litoral, as ondas oceânicas mostram menor actuação em relação a outras áreas 
próximas. 
Observando a Figura-14, nota-se a acreção sendo muito ínfima comparado a erosão. Sendo 
assim, importa considerar o facto de o litoral estar numa baia de profundidades muito rasas 
não superiores a 5 metros (DNAC, 2009), o que condiciona que os sedimentos sejam 
conduzidos por canais para o interior da baia formando bancos de areia (Anexo No. 2). 
O trabalho feito por Menete & Zunguze (2011), de análise da influência dos factores que 
concorrem a erosão de praias (uso e ocupação de terra, cobertura vegetal, erosividade da 
chuva e declividade da praia), constatou-se sérios riscos de erosão na costa em Vilankulo na 
avenida marginal um troço que compreende as praias de tropical e Dona Ana as quais neste 
trabalho foi constatada a tendência de recuo da linha de costa. 
 
3 O gráfico de comparação dos parâmetros usados neste trabalho para o litoral centro da 
cidade de Vilankulo (Figura 15), apresentou para o EPR e LRR mesma orientação de linhas. 
No geral, observa-se em ambos parâmetros alternâncias entre acreção e erosão costeira, 
tendo variações positivas e negativas, prevalecendo o domínio do recuo da linha de costa 
nos mesmos sectores, em todo período estudado. Assim sendo a ferramenta mostra se 
eficiente nos cálculos da diferença da posição da linha de costa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
 
Figura 16: Erosão na falésia de Arenito Carbonático/ beachrock na praia Dona Ana. 
 
 
Figura 17: Estabelecimento de lazer cada vez mais migrando para zona entre-maré na Praia do Tropical (a esquerda) e 
muro derrubado e recuo costeiro na Praia de Dona Ana (a direita) 
 
32 
 
Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do continente em direção ao mar. 
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 
7.1. Conclusão 
De acordo com os objectivos propostos e resultados obtidos, chegou-se as seguintes conclusões 
sobre a evolução da linha de costa do litoral da Cidade de Vilankulo: 
➢ O geoprocessamento das imagens Landsat num intervalo de 30 anos (1990-2020), 
juntamente com a utilização da ferramenta DSAS, permitiu estimar em metros e 
localizar sectores mais susceptíveis a erosão e acreção de sedimentos. De acordo 
com essas informações verificou-se uma taxa média anual de recuo da linha de 
costa na ordem de -0,43 m/ano no litoral. 
➢ O litoral experimentou nos primeiros 15 anos de estudo um engordamento praial no 
sector sul da Praia do Pescador, porem no período seguinte a erosão foi se 
mostrando mais intensa na mesma praia junto ao canal de comunicação entre o mar 
e o rio. Portanto, a praia do pescador mostra uma dinâmica diferente das praias do 
Tropical e Dona Ana que apresentam um padrão predominantemente de recou nos 
dois períodos estudados. 
➢ Considerando os parâmetros utilizados o parâmetro EPR apresenta-se eficiente para 
detalhar eventos ocorridos ao longo do tempo. Para o parâmetro LRR os resultados 
encontrados mostram a sua eficácia quando se trata de um número considerável de 
linhas de costa caracterizadas por sucessivos avanços e recuos. 
➢ A utilização da Ferramenta DSAS neste trabalho, apresentou-se bastante eficiente, 
pois os resultados mostram-se coerentes as evidencias e com outro trabalho 
realizado na mesma área por Menete & Zunguze (2011). Esta ferramenta mostrou-
se ágil, prática e econômica em estudos da dinâmica costeira. 
7.2. Recomendações 
Tendo em vista o problema de erosão identificado e a magnitude de alteração da linha de costa do 
litoral da Cidade de Vilankulo nos últimos 30 anos, para futuros estudos na mesma área, o autor 
recomenda estudos referentes ao analise de sedimentos de praia para de forma mais detalhada se 
conheça a distribuição e características dos sedimentos de praia deste litoral, assim como o estudo 
dos factores que influenciam na dinâmica costeira para a identificação da potencial forca que cada 
um exerce sobre a costa. Contudo, visando a elaboração de mapas de risco geológico para melhor 
controlo ambiental e criar ferramentas de gestão do litoral. 
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Recuo da linha de costa - avanço do mar em direção ao continente. 
Avanço da linha de costa - avanço do

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