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As raízes ou antecedentes históricos da psicologia da libertação, apesar de genuinamente latino-americanos, não são originários da psicologia, pelo menos não da psicologia acadêmica oficial. As duas principais teorias presentes na constituição dos pressupostos básicos da psicologia da libertação são a Educação Popular, de Paulo Freire, no Brasil, e a Sociologia Critica, ou militante, de Fais Borda, na Colômbia. Essas teorias possuem em comum uma pratica transformadora, e seus aplicadores se definem como agentes de mudança social ao invés de uma posição absolutista, de detentores do poder do saber. Ignácio Martin Baró A psicologia da libertação possui uma figura pioneira: Ignacio Martin Baró , nascido em 1942 na Espanha. Formou-se em filosofia em 1964. O marxismo e a psicanalise seriam, posteriormente duas fontes que nutririam seu currículo intelectual antes de chegar à Psicologia da Libertação, essa psicologia social que tem seu fundamento epistemológico no realismo crítico. A influência dinâmica foi se diluindo, dando espaço a uma postura claramente instalada no materialismo histórico. Martin- Baró insistiu em que a psicologia devesse enfrentar os problemas nacionais e ser desenvolvida desde as condições sociais e as aspirações históricas das maiorias populares. Ignacio Martin Baró foi assassinado em 1989. texto: psicologia da libertação. Adolfo Pizzinato A libertação, nestas perspectivas, começa desde uma concepção que reconhece a liberdade do outro, deixando de ser um sujeito “sujeitado” para ocupar um lugar de igualdade, ativo, enquanto ator social fundamental, proprietário de habilidades e conhecimentos específicos, de uma índole particular. Chomsky (1998) utiliza-se da própria história do assassinato de Martin- Baró em plena guerra civil salvadorenha para reforçar uma das principais ideias que permeiam a Psicologia da Liberação: a questão do terrorismo, a temorização da população, através de ações sistemáticas levadas a cabo por aquelas que deveriam ser as próprias forças maiores de segurança pública e comunitária (política, exercito, o estado...), marcam claramente o terrorismo de estado. O terrorismo de estado pode configurar-se como uma das partes centrais de um projeto sociopolítico imposto pelos governos (formais ou de fato), com objetivo de satisfazer as necessidades de grupos privilegiados. fundamentos teóricos As bases praticas da Psicologia da Libertação na América Latina são cientificas e religiosas. Tentam abranger os novos conhecimentos produzidos pela Psicologia Latino- Americana a partir do início da década de 1970, além do incremento da forma da pratica dos profissionais da psicologia influenciada pelas bases praticas postuladas pela Teologia da Libertação, que emergiam na época como uma nova forma de a igreja católica interagir e assistir seus fiéis. Estas novas práticas estiveram vinculadas as comunidades de base e as novas formas de evangelização, vinculadas à conscientização e à mobilização frente à opressão social vivida na américa latina da época. A Teologia da Libertação tem suas origens nas conferencias do episcopado latino americano em Medellín, e em Puebla, que marcaram um rumo definitivo em boa parte do clero latino americano, e seus ecos não deixaram de ser ouvidos pelo grupo de jesuítas em El Salvador. A experiencia humana e crista da situação de opressão e indignidade em que viviam os povos latino americanos abre as portas a uma “indignação ética ” frente à pobreza e à miséria coletivas. A igreja engajada na américa latina (e principalmente através de sua nova teologia) pôs-se a clamar por uma mudança radical nas estruturas latino americanas, que naquele momento precisavam, como hoje, passar por uma maior equidade na distribuição da riqueza, facilitar o acesso aos bens da cultura e da saúde , propiciar a criação de mecanismos de participação política, por limite à violência institucionalizada, reduzir as abismais desigualdades entre ricos e podres e entre poderosos e exploras. “[...] por libertação entendemos a emancipação daqueles grupos sociais que sofrem opressão e carência, daquelas maiorias populares marginalizadas dos meios e modos para satisfazer dignamente as necessidades, tanto básica quanto complementárias e para desenvolver suas potencialidades, para se autodeterminar” epistemologia A corrente principal do planeamento de formas libertadoras, de consciência e de emancipação social nas ciências sociais, de um modo geral, foi a teoria marxista e seus derivados. Entretanto, embora os construtos marxistas tenham exercido muita influência na psicologia social latino- americana, a Psicologia da Libertação supõe uma ontologia, uma epistemologia, uma metodologia, uma posição ética e uma posição política próprias. Outra pedra angular da epistemologia e da pratica da libertação é, mais uma vez, a questão da historicidade. Segundo Blanco (1993), as consequências de uma ação ou conceituação marcadas pela historicidade são: produção socio- histórica do conhecimento; crítica à assepsia; rechaço a verdades absolutas e muito menos “naturais”; negação de leis e princípios psicossociais universalmente validos. Para Martin Baró, as condições de vida, a estrutura social e a ideologia se encontram imbricadas num determinado regime político, compreendido como algo mais do que um sistema de governo ou conjunto de leis e disposições. Martin-Baró compreende uma ideologia como constituída num sistema, que organiza e regula as formas de vida, de um conglomerado social em um determinado tempo e circunstância. Neste sentido, o regime político forma-se a partir de três componentes essenciais: a ideologia, a organização e regulação e a historicidade. As pessoas incorporam psiquicamente a ideologia social, em forma de atitudes, como um conjunto psicológico de crenças sobre o mundo, nas quais três instituições funcionam como catalisadores: a família, a escola e a moral A compreensão fatalista da existência, de um modo geral, que se atribui a amplos setores da população latino-americana pode entender- se como uma atitude básica, como uma maneira de situar-se frente à própria vida, como uma matriz de atitudes. Dada tal configuração, o fatalismo põe em evidencia uma relação de sentido muito peculiar que as pessoas estabelecem consigo mesmas e com os fatos de sua existência, que se traduzira em comportamentos de conformismo e resignação frente à circunstancia de qualquer natureza, inclusive as mais negativas. O fatalismo latino americano é uma atitude de resignação diante dos acontecimentos, baseada na ideia de que o destino da existência humano já está predeterminado e não se pode modifica-lo de maneira significativa, não se atribui a um traço de personalidade, mas as estruturas psicossociais, economias e políticas do sistema social. A conscientização, também denominada desideologização dentro do campo teórico da psicologia da libertação, é um conceito chave. As principais características deste conceito são: processo dialético; entrelaçamento dos âmbitos sociais e pessoas; processos de decodificação: fazer consciente a práxis humano/humano e humano/natureza; novo saber da realidade circundante; recuperação da memória histórica.
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