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Aula 7 Síndrome do Intestino Curto e Fístulas Síndrome do intestino curto Conjunto de sinais e sintomas que descrevem as consequências nutricionais e metabólicas de grandes ressecções do intestino delgado ou redução acentuada da superfície de absorção do intestino delgado Ressecções maciças que envolvem mais de 75% do intestino A quantidade remanescente de TGI necessária para manter a capacidade digestiva e absortiva adequadas depende de inúmeros fatores: - Idade do paciente - Motivo da ressecção - Que porções do TGI permaneceram - Saúde do TGI remanescente O comprimento mínimo de intestino delgado suficiente para a absorção adequada varia, depende da saúde e capacidade absortiva do intestino remanescente Há também uma ampla variação individual do comprimento do intestino delgado CAUSAS › Doença de Crohn › Enterites por radiação › Infarto mesentérico › Doenças malignas › Volvos › Complicações cirúrgicas › Traumatismos abdominais › Fístulas intestinais múltiplas Preservação do cólon e da válvula ileocecal Fatores importantes para uma evolução favorável Preservação da válvula ileocecal: › Previne a colonização do intestino delgado › Aumenta a absorção de líquidos e eletrólitos › Aumenta a capacidade absortiva do intestino delgado remanescente aproximadamente em duas vezes o esperado pelo mesmo comprimento de intestino delgado sem a válvula ileocecal CONSEQUÊNCIAS › Má absorção de micro e macronutrientes › Diarreia frequente › Esteatorreia › Desidratação › Desequilíbrios de eletrólitos › Perda de peso e deficiência de crescimento em crianças A adaptação do intestino remanescente gradualmente promove a compensação da perda da área absortiva, mas pode ainda permanecer a má absorção de fluidos, eletrólitos e outros nutrientes Ressecções do jejuno: Normalmente, a maior parte da digestão e absorção dos alimentos e nutrientes ocorre nos primeiros 100 cm do intestino delgado - Íleo → motilidade comparativamente mais lenta - Hormônios secretados no íleo e cólon ajudam a diminuir a velocidade do esvaziamento gástrico e as secreções Ressecções do íleo: Ressecções significativas, especialmente da porção distal, geralmente causam complicações nutricionais e clínicas importantes - Único local de absorção de vitamina B 12 e sais biliares - Absorve a maior porção de vários litros de líquidos ingeridos e secretados no TGI → má absorção de líquidos MÁ ABSORÇÃO DE SAIS BILIARES Se o íleo não consegue reciclar os sais biliares a produção hepática não consegue manter um pool de sais biliares suficiente = Má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis MÁ ABSORÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS Associação a cátions divalentes (cálcio, zinco e magnésio) → sabões de ácidos graxos minerais Oxalato livre = hiperoxalúria e cálculos renais de oxalato Aula 7 Se o paciente ainda tiver parte do cólon, a má absorção de parte dos sais biliares pode agir como irritante da mucosa, resultando em aumento de secreção de líquidos e eletrólitos e aumento da motilidade do cólon › Íleo remanescente inferior a 100 cm → reposição intramuscular de vitamina B12 e dieta hipolipídica TCM (gordura do coco e produtos industrializados) não são fontes naturais de ácidos graxos essenciais › Tamanho da ressecção intestinal = fator decisivo para prognóstico e definição da conduta nutricional - Até 50 de intestino ressecado geralmente é bem tolerado, pois a capacidade absortiva é recuperada com o processo de adaptação - 50 a 75 do intestino ressecado modificações dietéticas específicas, geralmente com NPT no POI Farmacoterapia para auxiliar no controle da diarreia - Mais de 75 do intestino ressecado NPT (dependência = capacidade adaptativa do intestino remanescente). Farmacoterapia para controle da diarreia e reposição de nutrientes. » Ressecções intestinais → alterações estruturais e funcionais no intestino remanescente → ↑ absorção de nutrientes e fluidos » Alterações estruturais hiperplasia das células dos vilos e maior profundidade das criptas → ↑ área de superfície mucosa » Adaptação funcional: > atividade enzimática da borda em escova e ↓ motilidade intestinal » A presença de nutrientes intraluminais é essencial para promover adaptação intestinal » Estímulos para adaptação intestinal nutrientes luminais, hormônios intestinais e secreções pancreáticas e biliares » Ausência de nutrientes luminais → atrofia da mucosa » Fatores tróficos fibras dietéticas, AGCC e glutamina Complicações da SIC HIPERSECREÇÃO ÁCIDA GÁSTRICA Como resultado da perda de hormônios inibitórios polipeptídeo gástrico inibitório, polipeptídeo intestinal vasoativo) secretados normalmente no jejuno, os níveis de gastrina se elevam e estimulam a hipersecreção gástrica. - Usualmente se normaliza 3 a 6 meses após a cirurgia, mas pode ter maior duração - É maior na ressecção jejunal do que na ressecção do íleo - Uma quantidade aumentada de ácido gástrico pode aumentar a diarreia ainda mais e alterar a absorção de nutrientes por inativação da lipase pancreática e desconjugação intraluminal de sais biliares - Uso de bloqueador de bomba de prótons COLETÍASE Pacientes com SIC tem risco 2 a 3 x maior para formar cálculos de colesterol devido à concentração diminuída de sais biliares na bile, secundária à ressecção do íleo e má absorção de sais biliares NEFROLITÍASE Cálcio ácidos graxos = oxalato livre Tratamento Nutricional Os pacientes com síndrome do intestino curto necessitam de um acompanhamento nutricional bem específico, uma vez que apenas cerca de 60% da oferta nutricional é absorvida, durante o período de adaptação - Pós operatório imediato→ reposição de líquidos e eletrólitos terapia antiácida, antisecretória e antimotilidade nutrição parenteral - Adaptação intestinal - Tratamento a longo prazo A EVOLUÇÃO DO TTO NUTRICIONAL ENVOLE TRÊS FASES: 1) Nutrição parenteral - Longos períodos de NPT estão associados a uma série de limitações, que levam ao aumento da morbidade e mortalidade - Promover desmame da NPT 2) Nutrição enteral: É fundamental para estimular a adaptação intestinal Deve ser introduzida assim que possível A recomendação de energia deve ter acréscimo de 50% para compensar o déficit na absorção Fase inicial: 60 Kcal/Kg/dia Fase de manutenção: 25 - 30 Kcal/Kg/dia Recomendação protéica: 1,5 a 2,0 g/Kg/dia - Não há consenso na literatura sobre o tipo de fórmula enteral, isto é, se as oligoméricas teriam vantagem Aula 7 Suplementação com glutamina (0,5 g/Kg/dia ou 30 g/dia) Nem sempre será possível o desmame completo da parenteral → programada periodicamente para garantir a oferta de nutrientes cuja absorção está muito deficiente 3) Via oral: Introduzida gradativamente com controle rigoroso do tipo de fibra alimentar e lactose Diretrizes da terapia nutricional por via oral após cirurgias intestinais - Iniciar com dieta líquida, evoluindo gradativamente - No caso de ressecções do íleo, com remanescente <100 cm, é recomendada dieta hipolipídica com uso de TCM - Oferta abundante de líquidos - Introdução gradativa das fibras. Iniciar com dieta rica em fibras solúveis e pobre em insolúveis. Somente a partir da normalização do trânsito intestinal, introduzir as fibras insolúveis - Introduzir a lactosegradativamente - Probióticos e prebióticos auxiliam na recolonização - Evitar alimentos relacionados à formação de gases - Evitar alimentos ricos em oxalato Alimentos formadores de gases Brócolis, couve flor, couve e repolho Nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino e batata doce Grãos de leguminosas: feijão, ervilha, soja, grão de bico, lentilha Frutos do mar (especialmente mariscos e ostras) Melão, melancia e abacate Ovo cozido ou frito, especialmente consumido inteiro. Alimentos ricos em oxalato Beterraba, aipo, chocolate/cacau, ruibarbo, soja, espinafre, morango, batata doce, chá, suplementos de vitamina C e trigo integral. Fístulas gastrointestinais É uma comunicação entre um órgão e o meio externo, e/ou dois órgãos entre si, devido a um agente patológico. Ocorrem como resultado de erro do desenvolvimento pré-natal, traumas ou processos de doenças inflamatórias ou malignas. São conceituadas como sendo o estabelecimento de uma comunicação anormal entre o tubo digestivo e qualquer víscera oca intra-abdominal ou cavidade livre abdominal (fístula interna) ou com a superfície cutânea, através da qual ocorre drenagem dos líquidos digestivos As fístulas do TGI podem ser ameaças graves ao estado nutricional - Perdas de líquidos e eletrólitos - Má absorção - Infecção As consequências fisiopatológicas dependem de três aspectos principais - Local da fístula - Local para onde ocorre a drenagem do conteúdo extravasado - Volume do fluido drenado Débito da fístula Identifica pacientes que terão perdas maiores de líquidos, eletrólitos e proteínas, nos quais o índice de mortalidade é maior As de alto débito associam se a desnutrição severa, consequente da ingestão inadequada, hipercatabolismo e perda de secreções ricas em proteínas CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O DÉBITO: - Alto débito: perdas acima de 500mL/dia - Médio débito: perdas entre 200 e 500mL/dia Aula 7 - Baixo débito: perdas inferiores a 200mL/dia - O débito pode chegar a 4L/dia Desnutrição → consequência frequente Perda de fluidos, eletrólitos, energia, vitaminas e proteínas Fechamento cirúrgico ou espontâneo Fechamento espontâneo → evitar passagem de alimentos pelo trajeto da fístula
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