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15/05/2020 1 MANEJO NUTRICIONAL NA SÍNDROME DO INTESTINO CURTO PROF. LUANA MOTA MARTINS 1 nA síndrome do intestino curto (SIC) é o resultado de alterações da motilidade gastrintestinal, da secreção, digestão e má absorção, que ocorrem após uma ressecção extensa do intestino. DEFINIÇÃO 2 15/05/2020 2 ØDoença de Crohn; ØDerivações do trânsito intes2nal, como: 8stulas e cirurgia bariátrica; ØPor perda das células mucosas (enterócitos) devido a infecção, isquemia, quimio e/ou radioterapia. CAUSAS Pode ser definida como a presença de menos de 200 cm de intes3no delgado. 3 Anatomia normal: ØEnterocolite necrozante ØDoença inflamatória intestinal, Lesão vascular, ØDoença de Hirschsprung (com acometimento do intestino delgado) CAUSAS 4 15/05/2020 3 Anomalias congênitas: Atresia jejunal Onfalocele Gastrosquise com volvo e⁄ou duplicação Tumores abdominais Hérnias internas CAUSAS 5 v Ressecção de menos de 80% do intes2no v Ressecção do Jejuno v Intes2no remanescente sem doença associada v Presença de válvula íleo cecal e do cólon v Preservação da porção terminal do íleo v Grau de adaptação intes2nal BOM PROGNÓSTICO 6 15/05/2020 4 PRESERVAÇÃO DA VÁLVULA ILEO- CECAL 1) barreira anti-refluxo de bactérias colônicas para o intestino delgado; 2) reguladora da saída de líquidos e eletrólitos do intestino delgado MELHOR PROGNÓSTICO 7 A ressecção da válvula ileocecal pode acarretar supercrescimento bacteriano, e na passagem rápida de nutrientes e fluidos para o cólon exacerbando leva a má-absorção, aumentando sensivelmente a perda osmó2ca do intes2no delgado. MELHOR PROGNÓSTICO 8 15/05/2020 5 FISIOLOGIA INTESTINO o As proteínas são absorvidas no duodeno e no jejuno. o As gorduras e as vitaminas lipossolúveis são absorvidas no íleo. o Os sais biliares são excretados no duodeno e são necessários para a absorção dos ácidos graxos de cadeia longa. o A vitamina B12 necessita do fator intrínseco (estômago) e é absorvida no íleo terminal. o É no íleo terminal que se dá, ainda, a reabsorção dos sais biliares. o Água e eletrólitos são predominantemente absorvidos no íleo terminal e no cólon. 9 Aumento na absorção da superfície remanescente Aumento do diâmetro e na espessura da parede Alargamento de vilos Diminuição na hipersecreção gástrica e motilidade do estômago e delgado Diminuição da absorção FISIOPATOLOGIA 10 15/05/2020 6 FISIOPATOLOGIA • Sobrecrescimento bacteriano, desconjugação de sais biliares • Translocação bacteriana, Fermentação de HC e Acidose Lá>ca Mudanças na flora intes/nal • Diminuição da absorção de nutrientes específicos por unidade de área da mucosa intes>nal e presença de poucas células maduras na população das vilosidades Alterações na mucosa 11 SÍNDROME DO INTESTINO CURTO Trânsito alimentar rápido, múl?plas evacuações, perda de água e eletrólitos, distúrbios metabólicos, derma?te perineal, emagrecimento, anemia Efeitos secundários: hiperplasia e hipertrofia do intes?no residual, hipergastrinemia, hiperplasia das células parietais e G, alteração no pool de SB, hiperplasia pancreá?ca, delgadização do cólon, cálculos renais Adaptação Intes?nal relacionada: ao peso do corpo, aumento da capacidade de absorção, alterações anatômicas, modificações do intes?no grosso assumindo funções do delgado RIELA, 1993 12 15/05/2020 7 Hiperplasia da Mucosa Dilatação do segmento Aumento do turn over celular Hiperplasia das cél.gástricas ↑ secreção de hormônios gastrointestinais tróficos trofismo em alças intestinais excluídas do transito intestinal, mas mantidas com circulação sanguínea. ADAPTAÇÃO INTESTINAL 13 nVários hormônios têm sido postulados como sendo importantes nesse processo de adaptação intestinal, tais como: enteroglucagon, gastrina, secretina, colecistoquinina, fator de crescimento epidermal, IGF-1 e peptídio YY. ADAPTAÇÃO INTESTINAL 14 15/05/2020 8 A adaptação do intestino delgado remanescente é resultado do: comprimento, preservação da válvula íleo-cecal, hiperplasia da mucosa; Hormônios; nutrientes; secreção pancreática e biliar; fatores de crescimento ADAPTAÇÃO INTESTINAL 15 MÁ ABSORÇÃO GENERALIZADA ADAPTAÇÃO INTESTINAL 16 15/05/2020 9 nMenor superfície absortiva nAceleração do trânsito intestinal n↓ tempo de contato com mecanismos absortivos MÁ ABSORÇÃO GENERALIZADA CONSEQUÊNCIAS 17 GRANDES RESSECÇÕES INTESTINAIS ATIVIDADE DA LACTASE FERMENTAÇÃO DA LACTOSE P/BACTÉRIAS INTOLERÂNCIA À LACTOSE ÁCIDO LÁCTICO AGRAVA DIARRÉIA OSMÓTICA 18 15/05/2020 10 RESSECÇÕES ILEAIS EXTENSAS VOLUME DE LÍQUIDO NO CÓLON VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS COLERRÉIA E ESTEATORRÉIA VIT. B12 ANEMIA 19 RESSECÇÕES ILEAIS EXTENSAS POOL DE SAIS BILIARES DESCONJUGAÇÃO DOS SAIS BILIARES P/ BACTÉRIAS PERDA DE SAIS BILIARES DIARRÉIA COLERRÉIA INTERRUPÇÃO DA CIRCULAÇÃO ENTEROHEPÁTICA DE SAIS BILIARES 20 15/05/2020 11 RESSECÇÕES ILEAIS EXTENSAS ABSORÇÃO DAS GORDURAS SAIS CONJUGAM-SE C/ CÁLCIO SABÕES INSOLÚVEIS DE CÁLCIO ESTEATORRÉIA LITÍASE BILIAR PRESENÇA DE OXALATO SOLÚVEL COMBINA-SE C/ CÁLCIO SAIS INSOLÚVEIS DE OXALATO DE CÁLCIO 21 RESSECÇÕES COLÔNICAS RESSECÇÃO DA VÁLVULA ILEOCECAL REFLUXO COLÔNICO TEMPO DE TRÂNSITO COLONIZAÇÃO BACTERIANA NO INTESTINO AGRAVA DIARRÉIAVIT. B12 22 15/05/2020 12 CH Bactérias colônicas (Fermentação) Ác. Graxo de cadeia curta Calorias absorção Retenção de Na e H2O Redução do Volume fecal DIGESTÃO DOS HC NO CÓLON 23 REPERCUSSÕES NUTRICIONAL PERDA DE PESO Resultado da deficiência em a>ngir as necessidades energé>cas plenas do organismo, secundárias à má- absorção Desse modo, dependerá diretamente do processo de adaptação intes>nal e do balanço entre o que é ingerido e efe>vamente absorvido Este aspecto irá definir o estado nutricional dos pacientes e caracterizar a insuficiência ou falência intes>nal 24 15/05/2020 13 O comprimento remanescente do intes/no e a presença de anastomose jejunoileal se correlacionam com a suficiência intes/nal, enquanto que a jejunostomia terminal se correlaciona com a falência intes/nal A presença da junção íleo- colônica, principalmente com a válvula ileocecal, resulta: (1) no prolongamento do trânsito gástrico e intes/nal, o que indiretamente influenciará na absorção de água e eletrólitos 2) Na prevenção do supercrescimento bacteriano, pelo refluxo das bactérias colônicas para o íleo; 3) na preservação do transporte a/vo dos sais biliares no íleo distal, mantendo as reservas orgânicas, bloqueando as desconjugações e evitando a liberação de cloro na mucosa do colo, o que poderá comprometer ainda mais a absorção dos líquidos. Cumprimento crí/co do intes/no remanescente: > 35 cm nos pacientes com anastomose jejunoileal; • > 60 cm nos pacientes com anastomose jejunocólica; • > 115 cm nos pacientes com jejunostomia terminal. REPERCUSSÕES CLÍNICO METABÓLICAS 25 1ª Fase: Reanimação hidro-eletrolítica e ácido-básica Reduzir a secreção gástrica e intestinal – Omeprazol + Octreotídeo Jejum oral NPT (se estável hemodinâmicamente) Dieta enteral (assim que recuperado da fase aguda) MANEJO NUTRICIONAL 26 15/05/2020 14 1ª Fase: Pós-operatório imediato: Cuidados de rotina, administração de fluídos e correção de distrúbios hidroeletrolíticos. Nutrição parenteral precoce; A duração do tempo de NPT depende do comprimento intestinal residual e da proporção de calorias toleradas pela dieta enteral MANEJO NUTRICIONAL 27 2ª Fase: Dieta Oral (após controle da diarréia)- baixa quantidade de gorduras, lactose e fibras não solúveis NPT (complementar) MANEJO NUTRICIONAL 28 15/05/2020 15 3ª Fase: Descontinuidade do suporte parenteral Dieta oral fragmentada em 6-8 vezes ao dia, com baixo teor de gordura (máx de 30% do VCT) Reposição parenteral de vitaminas lipossolúveis e oral das hidrossolúveis. Reposição de nutrientesespecíficos (ex. Fe, Cu, B12, Zn, Mg) MANEJO NUTRICIONAL 29 Ressecção intestinal - > 70-75% do ID - 200 cm de intestino funcionante Pós operatório Estabilização hemodinâmica não Reposição hidroeletrolítica. Repor níveis séricos de K, Ca, P e Mg sim Inicio imediato de NPT: - 30 kcal/kg/d - 1 - 1,5 g prot./kg/d -Balanço hidroeletrolitico estabilizado - Retorno de sons intestinais - diarréia < 2L /d Inicio de alimentação via enteral (até 0,67kcal/ml em crianças) Tolerou bem? sim não Descontinuar o uso.Continuar com NPT Adulto:começar c/ formula enteral polimerica. Elementar se não tolerar. Criança: iniciar c/ formula não elementar Evoluir p/via oral em 6 ref. sólidas /dia Déficit de macro e micro nutrientes sim Suplem. Parenteral permanente não V.O com ou sem restrição 30 15/05/2020 16 Quando a perda líquida tiver diminuído, a infusão enteral contínua é iniciada Se as perdas fecais aumentarem mais que 50% ou forem maiores que 40-50ml/kg/dia ou se as secreções da ostomia são positivas para substâncias redutoras, o progresso na nutrição enteral deverá ser controlado até a melhora destes parâmetros. Quando iniciar o SE? 31 Recomendações iniciais para a NE: Volume diminuído Fracionamento: administração contínua (BI) Fórmula - Hidrolisado protéico / SEMI- ELEMENTAR . RECOMENDAÇÕES P/ NE 32 15/05/2020 17 Mesmo que a oferta calórica seja mínima, deve ser mantida para: Estímulo trófico da mucosa intestinal, Prevenção da sepse por translocação bacteriana. Após o período de adaptação: evoluir gradualmente a dieta; Observando diarréia, distúrbios hidroeletrolíticos, distensão abdominal. RECOMENDAÇÕES P/ NE 33 Hidrolisado protéico: Adulto: Peptamen, El diet, Vivonex; Pediatria: Alfaré, Pregestimil, Pregomin, Peptamen Jr. Conforme adaptação, evoluir para fórmulas poliméricas, sem lactose e sem sacarose, juntamente com alimentação VO adaptada. Evitar alimentos hiperosmolares. RECOMENDAÇÕES P/ NE 34 15/05/2020 18 nAlimentos sólidos podem ser iniciados e dados através de sonda nasogástrica sem dificuldade. Pequenos bolos de alimentos podem ser tolerados e são importantes para preservar o mecanismo de sucção e deglutição. . Quando iniciar o SO? 35 Hipercalórica: cálculo das necessidades energéticas por Harris Benedict ou Hollyday (pediatria), considerando peso atual. Hiperprotéica Lipídios: apesar da menor absorção, os lipídios são bem tolerados pelos pacientes com SIC. Usar em torno de 30% do VCT, dando preferência ao TCM, pela melhor absorção. METAS NUTRICIONAIS 36 15/05/2020 19 Vitaminas e sais minerais: suplementação de vitaminas e sais minerais que têm sua absorção prejudicada, via alimento ou medicamento, dependendo do grau de adaptação do intestino. METAS NUTRICIONAIS 37 Volume: após o período de adaptação, aumentar o volume gradualmente, atingindo o suficiente para o aporte nutricional e hídrico. Fracionamento: aumentado, com no mínimo, 6 refeições diárias. METAS NUTRICIONAIS 38 15/05/2020 20 Consistência: de acordo com a idade, e condições de mastigação, deglutição e absorção do paciente. Fibras: evitar as insolúveis. Suplementos de fibras solúveis são benéficos no controle da diarréia. METAS NUTRICIONAIS 39 Nutrição parenteral Agentes antidiarréicos Antiácidos Colestiramina Antibióticos Glutamina OUTRAS MEDIDAS 40 15/05/2020 21 Distensão abdominal Motilidade intestinal comprometida Ação bacteriana no cólon. Colelitíase Falta de estimulação da vesícula biliar COMPLICAÇÕES 41 Cálculo renal sais biliares no cólon aumentam a absorção de oxalato de CA. Colite Não infecciosa pode surgir no primeiro mês de reanastomose Intestinal ou na Transição NP e NE COMPLICAÇÃO 42
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