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NECESSIDADE DE SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA

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ROGÉRIO BRENICCI 
 
 
 
 
 
 
 
NECESSIDADE DE SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM 
JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
NÚCLEO DE APÓIO : CAMPUS EAD CONSTANTINO NERY 
 MANAUS – AM 
 2021 
 
 
 ROGÉRIO BRENICCI 
 
 
 
 
NECESSIDADE DE SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM 
JURÍDICA 
 
 
 
 
Trabalho solicitado pela orientadora: Prof•Karla 
Regina Peiter , com o objetivo da nota parcial 
Referente a Disciplina Linguagem Jurídica. 
 
 
 
 
 
 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 NÚCLEO DE APÓIO : CAMPUS EAD CONSTANTINO NERY 
 MANAUS – AM 
 
 2021 
 
 RESUMO 
 
 Este trabalho procura demonstrar que existe uma 
necessidade de simplificação da linguagem jurídica, já que os 
textos jurídicos frequentemente são obscuros e de dificultoso 
entendimento para a maioria dos leitores, sejam eles 
operadores do Direito ou não. 
 Objetivamos, com este trabalho, demonstrar que embora 
exista uma necessária tecnicidade da linguagem jurídica, o 
uso excessivo de palavras e expressões rebuscadas pode 
dificultar e até impossibilitar a comunicação. 
 Para a realização desse estudo, analisaremos livros, artigos 
de revistas jurídicas e sites da internet que tratam do tema. 
O trabalho será estruturado da seguinte forma: Introdução, 
capítulo sobre comunicação e linguagem, capítulo sobre 
linguagem técnica ou jargão jurídico, capítulo sobre 
dissertação, capítulo acerca de vícios encontrados em textos 
jurídicos, capítulo sobre exemplos de expressões que poderiam 
ser simplificadas e conclusão. 
 
Palavras-chave: simplificação, linguagem, jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 Sumário 
 
 
 INTRODUÇÃO ........... ............. ......... .................... .......... ......... . 9 
1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM .... ............... ............. ........... 10 
1.1 Comunicação ...................... ............. ............ ................ . 10 
 1.2 Linguagem ............ ............. ............ .............. ......... .... ...... 11 
 
2 LINGUAGEM TÉCNICA OU JARGÃO JURÍDICO ... ........... ........ 14 
 2.1 Linguagem jurídica ... ............ ......... ............. ............ ........ 14 
2.2 Vocabulário jurídico ....... ............ ............. ............ ............ 16 
2.2.1 Vocabulário unívoco ... ............ ............. ............ ............ 17 
2.2.2 Vocabulário equívoco . ............ ............. ............ ............ 17 
2.2.3 Vocabulário análogo ...... ............ ............. ......... ............ 17 
 
3 DISSERTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO ...... ............ ............. ..... 21 
 3.1 Coesão e coerência ............. ............ ............. ......... ........... 22 
3.1.1 Coesão ................ ............. ............ ............. ......... .......... 22 
3.1.2 Coerência ............. ............ ......... ............. ............ ........ . 23 
 
 
4 VÍCIOS NA LINGUAGEM JURÍDICA ............ ............ ............... 24 
 4.1 Arcaísmos .............. ............. ......... ............. ............ ........ 25 
4.2 Neologismos ........ ............. ......... ............. ............ .......... 26 
4.3 Estrangeirismos .......... ............ ............. ............ .......... ....26 
 4.4 Latinismos ........... ............. ............ ............. ......... .......... 27 
 
5 EXEMPLOS DE PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE PODERIAM SER 
 
SIMPLIFICADA....... ............. ............ ............. ............ ......... .... . 29 
 5.1 “Parquet Federal” ............. ............ ............. ......... .............30 
5.2 “Peça vestibular” .................. ............ .......... ...................... . 30 
5.3 “Preparo” . ......... ............. ............ ............. ............ ......... ...30 
5.4 “Recebo a apelação em seus regulares e jurídicos efeitos” ..30 
5.5 “Vistos, etc” ............. ............. ......... ............. ............ ...........30 
 
 CONCLUSÃO. ............ ............. ......... ............. ............ ............. .. 31 
 
 REFERÊNCIAS ....... ............. ............ ............. ......... ........ ...........32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
 
 Este trabalho procura demonstrar que existe uma 
necessidade de simplificação da linguagem jurídica, já que os 
textos jurídicos frequentemente são obscuros e de dificultoso 
entendimento para a maioria dos leitores, sejam eles 
operadores do Direito ou não. 
 Objetivamos , com este trabalho, demonstrar que embora 
exista uma necessária tecnicidade da linguagem jurídica, o 
uso excessivo de palavras e expressões rebuscadas pode 
dificultar e até impossibilitar a comunicação. Procuraremos 
demonstrar que a linguagem jurídica deve ser democrática e 
para isso, deve ser inteligível, minimamente, por qualquer pessoa 
do povo. Para a realização desse estudo, analisaremos livros, 
artigos de revistas jurídicas e sites da internet que tratam do 
tema. 
O trabalho será estruturado da seguinte forma: Introdução, 
capítulo sobre comunicação e linguagem, capítulo sobre 
linguagem técnica ou jargão jurídico, capítulo sobre 
dissertação, capítulo acerca de vícios encontrados em texto s 
jurídicos, capítulo sobre exemplos de expressões que 
poderiam ser simplificadas e conclusão. 
 
 
 
 
 
1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 
 
1.1 Comunicação 
 
 Em virtude de sua vocação social, desde o princípio 
de sua existência, o ser humano teve a necessidade de se 
comunicar. 
 
 A socialização e a comunicação asseguraram ao 
homem grande vantagem em relação a outros seres 
vivos, o que o ajudou a se tornar o mais “evoluído” de 
todos nesse Planeta. 
 
 A comunicação humana compreende milhares de 
formas, através das quais os homens transmitem e 
recebem ideias, impressões e imagens de toda ordem. 
 
Alguns desses símbolos, em bora Compreensíveis, jamais 
conseguem expressar-se por palavras. 
 
 Assim, são formas de comunicação o repicar do sino 
na igreja; os sinais de trânsito, e a escrita. Observe-se 
que nesses exemplos, a comunicação ocorre através do 
som (o barulho do sino anuncia o horário da missa), 
sinal luminoso (o semáforo determina: Pare.) e a escrita 
(sistema de transcrição dos sinais da fala em grafia). 
 
 A comunicação, portanto, ocorre em nosso dia-a-dia, 
de diversas formas e maneiras e é perceptível desde o 
momento em que acordamos, até o momento em que 
vamos dormir. 
 
 
 Comunicação é a capacidade de intercâmbio ou troca de 
mensagens entre pessoas. É a potencialidade que os s eres 
humanos têm de emitir e receber mensagens dentro de um 
determinado grupo . 
 
 A palavra comunicar vem do latim comunicare e significa 
por em comum. Comunicação pressupõe troca, intercâmbio 
no contexto do convívio comunitário. Comunidade é o 
agrupamento caracterizado por grande coesão, baseada no 
consenso dos indivíduos. Consenso significa acordo, 
consentimento, convergência de intenções, de vontades, que 
constroem a compreensão, que constitui fator decisivo n a 
Comunicação Humana. Para que haja compreensão,é 
necessário 
por idéias ‘em comum’. 
O objetivo da comunicação é o entendimento entre os 
homens. Para que exista entendimento é necessário mútua 
compreensão entre os indivíduos envolvidos no processo 
comunicacional. Comunicar, portanto, é o processo de 
partilhar as idéias com outros seres humanos de um 
determinado grupo social. 
 
 
 
 
 
1.2 Linguagem 
 
 Com a sofisticação da comunicação, surgiu a linguagem. 
A linguagem é um processo mais evoluído de comunicação 
no qual todo um sistema de palavras e signos é utilizada para 
por ideias em comum. 
 
A finalidade da linguagem é servir como substrato para a 
transmissão de uma mensagem, que, por sua vez, contém 
alguma informação. 
 A linguagem foi concebida para ser compartilhada com 
outros seres humanos. 
Se não há esse compartilhamento, a comunicação pode não 
ocorrer. 
 É o que acontece quando a linguagem se apresenta 
demasiadamente elevada, com expressões que extrapolam a 
compreensão do homem médio, o que pode torná-la 
incompreensível. 
 
 A linguagem, nesses casos, transforma-se algo em si mesma. O 
objetivo de “por em comum” uma informação se perde. Pelo fato 
de “linguagem” constituir elemento central do tem a 
proposto, convém investigar o seu conceito. 
 
 
 
 
 
 
 Para o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – 
Michaelis, linguagem é o conjunto de sinais falados (glótica), 
escritos (gráfica) e gesticulados (mímica), de que se serve o 
homem para exprimir suas ideias e sentimentos. Ou , ainda, 
qualquer meio para exprimir sensações ou ideias. 
 
 Uma linguagem é um sistema (conjunto articulável) de 
signos que combinados entre si, podem produzir uma 
multiplicidade infinita de significados. 
 Linguagem é o objeto de estudo da linguística. 
Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal 
humana. 
 Tal ciência funda-se em observações conduzidas por meio de 
metodologia, em basada em uma teoria. 
 Portanto, a função da linguística é estudar toda e 
qualquer manifestação linguística como um fato merecedor de 
descrição e explicação dentro de um quadro científico 
adequado. 
 É fundamental ter uma noção do que vem a ser linguagem 
e de sua ciência, a linguística para analisarmos a linguagem 
jurídica, q eu é um tipo muito específico de linguagem. 
 Se a linguagem (com um) é estudada pelo linguista, o 
campo de ação do jurista é a linguagem jurídica. 
 Retomando, a linguagem é uma modalidade sistematizada do 
processo Mas, se para nos comunicarmos através da 
linguagem, não estiverem presentes as condições p ara por 
em comum as ideias q eu pretendemos compartilhar, não 
haverá comunicação. Para que haja essa comunicação, uma 
equação simples deve estar sempre presente: O “emissor” 
transmite uma “mensagem” ao “receptor”, utilizando-se de 
um “meio”. 
 
 
 Se houver interferências nesse trajeto, não haverá comunicação. 
 EMISSOR → MENSAGEM → RECEPTOR 
 (Meio de comunicação) 
 
São importantes os vetores: O emissor procura transmitir 
uma mensagem ao receptor. 
 Tal percurso da mensagem _ do espírito do emissor para o 
receptor, através de um meio _ pode aparentemente ser 
simples mas eventualmente não se completa. 
 Isso ocorre quanto há interferência no processo 
comunicacional e a mensagem não é transmitida. 
 Estabelecendo-se um paralelo, a questão da comunicação 
através da linguagem, o processo ocorre exatamente com o a 
transmissão de um programa de rádio. 
 Há um emissor, um rádio receptor e o conteúdo do que se 
transmite, que é a mensagem. Quando há interferências, a 
transmissão não se completa 
 
 
 
 
 
 2 LINGUAGEM TÉCNICA OU JARGÃO JURÍDICO. 
 
 
2.1 Linguagem Jurídica 
 
 Linguagem jurídica é o modo peculiar do uso da Língua 
Portuguesa, para comunicar, tornar comum, os fenômenos 
do Direito. 
 Quem se utiliza desse recurso linguístico, normalmente, são 
os operadores do direito. Assim, como toda ciência, a Ciência 
do Direito possui palavras específicas para nominar fatos e 
fenômenos próprios do seu objeto de estudo. 
 A crítica comum que se faz à linguagem jurídica é a de que 
ela é excessivamente rebuscada e propositadamente faz uso 
de expressões difíceis ou termos em latim. 
 Mas, a linguagem jurídica não foi criada para ser um 
invólucro hermético que contém uma mensagem obscura 
somente inteligível por “iniciados”. 
Ocorre que a linguagem jurídica contém uma complexidade 
em si m esma. 
Diferentemente do que se pode pensar, os textos legais não 
estão acessíveis àqueles que simplesmente saibam ler. 
 É claro que a interpretação gramatical, que é uma das 
modalidades mais simples de ( interpretação), resolve grande 
parte dos problemas hermenêuticos. 
Mas não todos. Assim, sempre haverá a necessidade de um 
técnico para resolver os problemas jurídicos. 
 
 A forma mais simples de interpretação é a gramatical. 
Mas há outras: sistemática, lógica, integrativa, etc. 
Cumpre a o operador do Direito “ enxergar” a norma no 
contexto total do sistema jurídico. 
 É isso que causa a dificuldade, justificada, no 
entendimento da linguagem jurídica pelas pessoas do povo. 
 Por exemplo: A norma jurídica está organizada num sistema 
jurídico em forma de pirâmide, onde o ápice é preenchido pela 
Constituição Federal. 
 Dentro da própria constituição, alguns mandamentos são 
mais importantes que outros, já que há normas formalmente 
constitucionalizadas e normas materialmente constitucionais. 
 Mas se as normas constitucionais são hierarquizadas, como 
um cidadão comum poderá entender o texto em sua 
plenitude? Aí é que está o problema. 
 Por ser a linguagem jurídica um a linguagem técnica, e lá 
não pode ser totalmente compreendia pela população. 
Tal tecnicismo, porém, deve ser “traduzido” para os não 
bacharéis pelos profissionais do direito. 
 Quando vamos ao médico e ele nos fala que estamos 
doentes, naturalmente, queremos saber de que mal sofremos, 
se tem cura, e qual o remédio que deveremos tomar. 
 Se o médico diz: Gripe; É curável; e tome alguns 
comprimidos se tiver febre, isso está dentro de nossa 
compreensão. Se, porém , ele disser que fomos acometidos 
pelo vírus Influenza B; que em alguns raros casos, pode ser 
mortal; e que será preciso medidas para tangenciarmos os 
sintomas periféricos, seguramente sairemos do consultório mais 
doentes do que entramos. 
 No campo da Ciência do Direito, das leis e de sua 
respectiva criação; nos processos administrativos e judiciais; 
sem contar nas incontáveis formas de documentos internos 
que circulam na administração pública e no Judiciário, a 
linguagem jurídica deve ser o mais clara possível. Do 
contrário, ocorrerá o mesmo desentendimento do exemplo do 
médico. 
 
 
 A linguagem jurídica, por ser uma linguagem técnica, não 
pode abrir mão do tecnicismo que lhe é fundamental, m as 
os profissionais do direito deverão usá-la da maneira mais 
simples possível. 
Não há com o vivermos sem essa linguagem técnica, q eu 
sempre ser á necessária por envolver uma ciência (Ciência do 
Direito). 
 A Ciênciado Direito, como ciência superior que é, possui 
essa linguagem própria, o jargão jurídico (ou linguagem técnica). 
Uma peculiaridade sobre a Ciência do Direito é que ela é, 
no dizer de Paulo de Barros Carvalho, uma metalinguagem. No 
Dizer do renomado autor, Digníssimo Professor da P UC/SP e 
USP, a Ciência do Direito é a linguagem que estuda as 
normas jurídicas (que sã o constituídas pelo texto legal). 
 Ciência do Direito é a linguagem que estuda a linguagem 
das normas – METALINGUAGEM. 
Eis mais uma das razões pelas quais as pessoas do povo têm 
dificuldades ao se depararem com um discurso jurídico, seja 
ele, a norma, uma petição inicial, um a sentença ou um 
acórdão do tribunal: Para a interpretação do discurso 
jurídico, muitas vezes, há necessidade do domínio da linguagem e 
da metalinguagem. 
 Ora, o domínio da metalinguagem é peculiar aos técnicos 
acostumados com as sutilezas do sistema jurídico. 
 Aqueles que têm uma visão sistêmica do Direito são capazes 
de entender um determinado texto jurídico como um 
fragmento de todo o Ordenamento Jurídico Nacional como 
quem vê um fragmento à luz do todo. 
Além da Ciência do Direito, o técnico do Direito trabalha 
com um vocabulário especial chamado de jargão jurídico. 
2.2 Vocabulário Jurídico: 
 
 Ao tratar do jargão de uma ciência, é preciso tomar as 
palavras e compará-las. Às vezes pode haver alteração de 
significado em relação c om a linguagem comum. São três os 
tipos de vocabulário jurídico: Unívocos, equívocos e 
análogos. 
 
 2.2.1 Vocabuário unívoco: 
 
 O vocabulário unívoco é aquele em que as palavras têm 
um único significado na linguagem comum e na linguagem 
jurídica. 
 Por exemplo: Furto (art. 155, CP): Subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel. Está no conhecimento comum o 
sentido da palavra furto. Qualquer pessoa sabe que furtar 
significa “subtrair”, “surrupiar”, 
 Objeto que propriedade de outra pessoa. 2.2.2 Vocabulário 
equívoco: O vocabulário equívoco é aquele em que as 
palavras possuem mais de um significado, devendo ser 
identificados pelo contexto; Competência (Art. 100 e seguintes do 
CPC). 
 Júridico: Competência é a divisão da Jurisdição. 
Competência é a unidade territorial ou por matéria que delimita 
o poder de cada Juízo. Sentido comum: Competência é a 
capacidade que a pessoa tem p ara rea lizar bem uma tarefa. 
Exemplo interessante: “O juiz não tem competência para 
julgar este processo.” Evidentemente, não se está ofendendo o 
juiz. 
 
2.2.3 Vocabulário análogo: 
 
 
O vocabulário análogo é aquele em que as palavras 
pertencem a um a mesma família ideológica, tendo o mesmo 
significado apesar de ter distinções semânticas. 
 Resolução: (dissolução de um contrato ou ato jurídico). 
 
 A resolução possui duas modalidades: a resilição, que 
ocorre por vontade das partes e a rescisão que ocorre 
como pena por inadimplência de uma das partes. 
Observe-se que as três palavras significam dissolução do 
contrato, mas há sutilezas de significado entre elas. 
 Também há ocorrência do fenômeno da polissemia e 
homonímia. 
Palavras polissêmicas: são aquelas que de um mesmo significante 
extraem-se mais de um significado. 
 É a propriedade que tem um a mesma palavra de 
apresentar vários significados. 
Polissemia vem de poli = muitos + sermos = significados. 
 Às vezes, a variação de significado ocorre com o passar do 
tempo. 
 A palavra possuía um sentido m ais literal, mas com o 
tempo o vocábulo passa a ser utilizado por uma determinada 
ciência com outro sentido. 
Interessante exemplo de palavra polissêmica nos traz Antônio 
Alvares da Silva. 
 Em interessante trabalho intitulado “Etimologia e Conceito 
Histórico da Palavra ‘Vara’ ”, o autor, a partir de profunda 
pesquisa histórica na alisa a palavra “vara”, com o seu sentido 
de bastão e demonstra como tal vocábulo atualmente, na 
linguagem jurídica, passou a ter sentido diferente, de setor 
de atuação do juiz. 
 Assim, hoje, há vara cível, penal, criminar, de família, etc. 
 Segundo o autor, no período do Brasil-Reino e Brasil-
Colônia, devido à dificuldade de acesso a diversas 
comunidades remotas, o juiz comparecia periodicamente ao 
povoado viajando a cavalo. 
Para tornar visível o seu poder e o seu cargo, portava um 
longo bastão chamado de “vara”. 
Tratava-se de uma lança de madeira. Tal aparato servia para 
demonstrar poder às pessoas menos cultas, que era ele o 
representante do Estado. 
 A “vara” física, desapareceu da praxe jurídica. Mas por 
metonímia, houve uma mudança de contexto normal para 
fazer referência a outro contexto, o tipo de atuação do juiz. 
 
 Assim, nos dias atuais, “vara” no sentido comum significa bastão. 
Já “vara” no sentido jurídico significa área de atuação do juiz. 
Uma mesma palavra, com significados diversos. 
 No Dizer de Regina Toledo Damião e Antonio H enriques: 
“[...] O profissional do Direito, conquanto a ciência jurídica 
busque a univocidade em sua terminologia, convive com um 
sem-número de palavras polissêmicas[...]” Para se ter uma 
ideia da grandeza do problema, a própria palavra JUSTIÇA 
significa tanto o aparelhamento estatal, um dos poderes do 
Estado Brasileiro e quer dizer dar a cada um o que é seu. 
 
Homonímia: é a identidade de som ou gráfica de dois ou 
mais morfemas que não têm o mesmo significado. Exemplo de 
homônimo homófono: Cessão: Ato de ceder; Seção: Parte, 
repartição pública; Sessão: Reunião No T RF-3 há uma ses são d 
a 3ª Seção, onde se reúnem, às quintas-feiras, os 
componentes do Órgão fracionário do Tribunal. 
Além disso, há também os parônimos. 
Parônimos: São palavras de sentido diverso, mas que se 
aproximam pela forma gráfica ou pelo som. Isso pode gerar 
confusões e equívocos. 
Exemplos: Mandato: Instrumento procuratório ou período 
em que um agente público desempenhará determinada 
função; 
 
 Mandado: Ordem do juiz. Algo que manda, ordena. Lide: 
demanda, ação; Lida: trabalho. 
Emenda: Uma correção; Ementa: É o resumo do julgamento. Pelo 
que vimos até aqui, a linguagem jurídica sempre existir á por 
dizer respeito a uma ciência e por conter características 
técnicas. 
Devido à grande ocorrência de polissemias, homonímias e 
parônimas, somando-se o fato desenvolver metalinguagem e 
interpretação em diversos níveis, sempre haverá linguagem 
jurídica. 
 Por se referira uma ciência superior que é o Direito, pode-
se dizer que a linguagem jurídica é absolutamente necessária. 
 
 
 
 
 
 
 
2 DISSERTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO 
 
 
 DISSERTAÇÃO 
 
 Os textos jurídicos, normalmente são dissertações. 
Dissertar significa expor, apresentar ideias e um raciocínio 
através de palavras. 
 A dissertação é uma modalidade textual onde ocorre a 
fundamentação do ponto de vista de quem escreve. 
 Para isso, o autor do texto lança mão das relações de 
causa-consequência e de pontes de vista favoráveis à 
conclusão a que se pretende chegar. 
 
 Na dissertação, nunca deve ser utilizada a primeira pessoa. 
O texto tem início, desenvolvimento e conclusão. 
No início, o assunto que será tratado é identificado e 
delimitado. 
Nesse momento, pode-se propor uma tese, que deverá serdiscutida no decorrer do desenvolvimento. 
 
 Desenvolvimento é o momento em que aquilo que foi 
proposto, será analisado e apresentado progressivamente. 
 Conclusão é o momento em que se faz um resumo 
forte de tudo o que foi anteriormente dito e deve expor uma 
avaliação final do tema. 
 Note-se que a dissertação, que também é usa da no 
discurso jurídico, compõe-se de um silogismo, cujo esquema 
lógico é: 
 
1.Premissa maior. 
 2. Premissa menor. 
 3. Conclusão. 
 
 Embora simples esse esquema lógico seja poderoso e fugir 
muito dele pode significar navegar pelas águas perigosas da 
perplexidade de quem lê o texto jurídico. 
 
 
3.1 Coesão e Coerência: 
 
 Para a formação do texto como vimos, possui a 
estrutura dissertativa, 
 devem-se ter presentes a coesão e a coerência. 
Há um encadeamento lógico de palavras que compõe um 
enunciado. 
 Ao se associar este enunciado, com outros enunciados 
complementares, dentro de uma sequência coerente, lógica, 
alcança-se uma relação de conteúdo semântico que forma o 
texto ou o discurso jurídico. 
É comum encontrar-se petições iniciais com mais de 1 00 
(cem) folhas. 
Não pense que isso ocorre quando a matéria é complexa por 
tratar de outros campos do conhecimento humano como a 
engenharia, a medicina, ou a contabilidade. 
As petições iniciais são recheadas de cópias de 
jurisprudências, citações de doutrina, que devido ao volume 
de papel e à extensão do texto, fica difícil, senão impossível 
ler tal documento. 
Tais delongas desnecessárias prejudicam a coesão e a coerência 
do texto. Vejamos o que constitui coesão e coerência: 
 
 
3.1.1 Coesão: 
 
 O texto tem uma lógica intrínseca entre as palavras que 
compõe dada frase. Sem essa lógica, não se há falar em frases, 
mas em palavras desconexas. 
 A coesão é um fenômeno microtextual, ou seja, refere-se às 
palavras e à ligação destas dentro da frase. 
 
 3.1.2 Coerência: 
 
 Coerência é a consistência lógica de um determinado 
enunciado tomado em si mesmo e dentro de todo o texto. 
O encadeamento lógico e a não-contradição entre segmentos 
de um determinado texto chama-se coerência. 
 Em verdade, não se deve produzir um texto jurídico que 
foge ao entendimento do homem médio, que é o receptor do 
ato comucacional (jurídico). 
 O advogado, quando chega a ser pernóstico, com o uso de 
expressões antiquadas, latim, citações de jurisprudências e 
doutrina, o texto de sua petição fica “carregado”, perde-se a 
linearidade do raciocínio empregado. 
Nunca se deve esquecer que a petição contém, ou pelo 
menos deveria conter, silogismos que induzem o leitor a 
percorrer um determinado raciocínio. 
No texto jurídico, sempre haverá premissa primária, premissa 
secundária e conclusão. 
 Mas com o é possível concluir alguma coisa se a petição faz 
intermináveis rodeios, muitas vezes com a simples finalidade de 
demonstração de cultura? 
O texto jurídico possui uma finalidade prática e não se 
justificam as citações doutrinárias e jurisprudenciais em 
excesso. A final, quando se redige um a petição inicial, não se 
está produzindo um trabalho acadêmico. 
 
 Como vimos, a linguagem jurídica é absolutamente necessária. 
 Mas será necessária que a linguagem jurídica existe como 
forma de comunicação exclusiva entre operadores do direito? 
Foi ela criada e desenvolvida para tornar o povo alienado 
quanto ao seu conteúdo? 
Se o Direito é a cidadania em sua concretude plena, como é 
possível a existência de linguagem especial para ele. 
 Ao examinarmos tais questões, que são importantíssimas, 
aparentemente, vislumbramos um afastamento dos desígnios 
democráticos previstos na Constituição Federal de 1988. 
 Vejamos: Os processos judiciais contêm pretensões das 
pessoas do povo. 
 Por lei, tais processos são todos, exceto casos especiais, 
públicos. 
Assim, um idoso, por exemplo, pode ir até o fórum conferir 
o andamento de seu processo de aposentadoria a qualquer 
tempo. Entretanto, ele dificilmente entenderá o seu conteúdo. 
O resultado é frustração e perplexidade. 
 Se estivéssemos falando de um caso isolado, o problema 
estaria com a pessoa em questão, com o receptor da 
mensagem. 
 
Mas estamos tratando de um problema que se transformou 
numa verdadeira “praga” nacional. 
A perplexidade do leitor comum é grande. A situação 
chegou a tal ponto que problemas de comunicação já se faz 
sentir entre os próprios advogados e os juízes. 
 
 
 Com o fito de amenizar esse problema, a associação dos 
Magistrados Brasileiros (AMB) editou um pequeno 
manual, endereçado ao cidadão comum que, de modo 
leve e compreensível busca desfazer o mito de que 
escrever bem é escrever difícil. 
 Ironizando as dificuldades da linguagem jurídica, a 
apresentação está escrita em castiço “juridiquês”: 
 
 “ENTENDEU? 
Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o 
poliglotismo. A solvência, a nosso sentir, divorcia-se de 
qualquer iniciativa legiferante. Viceja n a dialética 
meditabunda, ao inverso da almejada simplicidade 
teleológica, semiótica e sintática, a rabulegência 
tautológica, transfigurada em pluringuismo ululante 
indecifrável. Na esteira trilhada, somam -se aberrantes 
neologismos insculpidos por arremedos do insigne 
Guimarães Rosa, espalmados com o latinismo vituperante. 
 Afigura-se até mesmo ignomismo o emprego da liturgia 
instrumental, especialmente por ocasião de sole nidades 
presenciais, hipótese em que a incompreensão reina. 
 A oitiva dos litigantes e das vestigiais por eles arroladas 
acarreta intransponível óbice à efetiva saga da obtenção 
da verdade real. A d argumentando tantum, os pleitos 
inaugurados pela Justiça pública, preceituando a 
estocástica que as imputações e defesas se escudem 
de forma ininteligível, gestando obstáculo à 
hermenêutica. 
 Portanto, o hercúleo despendimento de esforços par a 
o desaforamento do ‘juridiquês’ deve contemplar 
igualmente a magistratura, o ínclito Parquet, os doutos 
patronos das partes, os corpos discentes e docentes dos 
magistérios das ciências jurídicas “ O texto acima (de 
modo exagerado?) m ostra como a linguagem jurídica se 
tornou hermética e como o conteúdo do que se 
escreve está distante do leitor, que se sente perplexo. 
 
 Vejamos alguns vícios de linguagem comumente 
encontrados no discurso jurídico: 
 
 
4.1 Arcaísmos: 
 
 Arcaísmos são palavras caí das em desuso, mas que são 
inseridas no texto jurídico sob pretexto de demonstrar erudição. 
 Uma pessoa que costumava lançar mão de arcaísmos era o 
falecido Presidente Jânio Quadros. 
 Na época em que foi prefeito, alguns cidadãos referiam-se a 
ele como o “alcaide” de São Paulo. Tal palavra é um arcaísmo da 
palavra prefeito. 
 
 
 Linguagem jurídica, os arcaísmos léxicos são os mais 
comuns devido a seu caráter conservador. A expressão “teúda 
e manteúda”, em português arcaico significam “tida e 
mantida”; A palavra “lídimo” significa “legítimo”; “Usança”, 
equivale a “uso”. 
Por mais incrível q eu pareça, é extremamente comum 
encontrarmos tais palavras e expressões do passado nos textos 
jurídicos. 
 
 
 
 
 4.2 Neologismos: 
A linguagem jurídica, como toda linguagem, é viva, estáem 
constante mutação e evolução. 
O aparecimento de novas palavras e de novas expressões, 
fenômeno chamado neologismo também ocorre na linguagem 
jurídica. 
 Não se trata, na verdade, de criação de novas palavras, mas de 
transformação e composição. 
 Em linguagem jurídica, fala-se em “MS”, quando queremos dizer 
“mandado de segurança”; “HC” é “habeas corpus”; decisão 
“monocrática” é aquela proferida por um único magistrado. 
Haverá evidente dificuldade de entendimento de tais 
expressões se o leitor/receptor for pessoa leiga. 
 
 
4.3 Estrangeirismos: 
 
Estrangeirismos são influências de outras culturas ao nosso 
idioma. 
 O fenômeno da globalização promoveu um intercâmbio de 
culturas sem precedentes. 
Há algumas palavras em linguagem jurídica que vieram do 
inglês e por nós é tratada sem tradução. 
 Exemplo: “draw back” (regime especial aduaneiro). 
Outras palavras embora provenham de outra língua, têm 
tradução: Exemplo: factoring : faturização; e franchising: franquia. 
 Tais expressões, quando usadas com exagero tornam a 
linguagem jurídica, literalmente, outra língua. 
 
4.4 Latinismos: 
 
O uso de expressões em latim tem utilização exagerada na 
linguagem jurídica. 
 É evidente que o uso discreto de algumas palavras pode se 
fazer necessário. 
O exemplo disso é expressão “habeas corpus”. 
 O termo que significa tomada de corpo ou tomada do 
próprio corpo tem o uso tão arraigado na cultura jurídica 
que não há como utilizar equivalente. 
Mas o que se dizer de palavras e expres sões como: Cláusula 
rebus sic stantibus; data venia; venia conecessa; mandamus; in 
cansu etc. 
 O latim, na linguagem jurídica, para alguns, é usado com o 
jóias espalhadas no texto. 
 Servem para lhe dar brilho. 
 Mas será documentos mais claros não comunicariam melhor? 
Ora, a função do texto é a comunicação e não a pirotecnia. 
O uso indiscriminado do latim constitui u m dos m ais sérios 
problemas d a linguagem jurídica, pois a pretexto de 
demonstrar erudição, conhecimento, os operadores do direito 
indiscriminadamente têm lançado mão desse recurso. 
 O problema começa nos bancos universitários. 
 Lembro-me que o latim era incentivado. Não como 
conhecimento de um idioma, mas como repertório de frases 
 soltas para serem distribuídas. 
Ao escrever um texto jurídico, usávamos as frases sem ter 
conhecimento absoluto de seu conteúdo e sem nenhuma 
noção da estrutura da língua latina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 EXEM PLOS DE PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE 
PODERIAM SER SIMPLIFICADOS: 
 
 A simplificação da linguagem jurídica é inadiável no dizer 
de José Ricardo Alvarez Vianna. 
A mentalidade de que a escrita arcaica, prolixa e rebuscada 
traduz alto grau de cultura de seu autor está fadada à extinção. 
 Vianna, citando artigo de Alexandre Vidigal de Oliveira 
intitulado “Processo virtual e morosidade real” afirmou que: 
“o mal maior do Judiciário não está na morosidade do 
tramitar e sim no atraso em se julgar. 
43 milhões de processos aguardam julgamento em todo país, 
segundo dados recentes do Conselho Nacional de Justiça 
(fevereiro/2008).” 
O maior problema da linguagem jurídica talvez esteja nas mãos 
do emissor. 
É ele que, conscientemente eleva a linguagem, escreve e fala 
termos difíceis, o que afasta o conteúdo da compreensão do 
cidadão comum e, frequentemente, dificulta o entendimento 
pelo juiz e pelos outros profissionais do Direito. 
Em Excelente artigo publicado na Revista Circulus, Novéli Vila 
Nova da Silveira Reis, Juiz Federal da Seção Judiciária do 
Distrito Federal, critica a linguagem utilizada pelos advogados, 
juízes e demais operadores do Direito. 
Ressalta que uma das conclusões aprovadas no Fórum de 
Debates sobre a Justiça Federal e sua Importância Política, 
promovido pelo Centro de Estudos Judiciários da Justiça 
Federal no período de 4 a 5 de março de 1994, em Brasília foi: 
“Recomendar aos juízes que utilizem, nos atos judiciais, 
linguagem acessível aos jurisdicionados ”. Aponta diversos 
exemplos de expressões usadas no dia-a-dia dos fóruns, que 
podem causas confusão: 
 
 
 
 5.1 “Parquet Federal” 
 Por que usar essa expressão em francês? Não seria melhor 
dizer o nome em português? 
Diga-se apenas Ministério Público Federal, que todo mundo 
entende. Os autos estão com o Parquet Federal. 
Seguramente seria melhor dizer simplesmente: O processo está 
com o Ministério Público. 
 
 5.2 “Peça vestibular” 
Peça vestibular, exordial ou peça preambular, todos significam 
petição inicial. Petição inicial é a nomenclatura determinada 
pelo artigo 282, do Código de Processo Civil. Usemos a lei: 
Petição inicial. 
 
5.3 “Preparo” 
Preparo é o pagamento das custas do processo em primeiro 
ou em segundo grau. Custas é um a palavra mais fácil, mais 
acessível para quem não é do ramo. Deveria, pois, ser mais 
utilizada. 
 
 
 
 
5.4 “Recebo a apelação em seus regulares e jurídicos 
efeitos” 
 
O que se pretende dizer é: recebo a apelação nos efeitos 
suspensivo e devolutivo. 
O artigo 520 do Código de Pro cesso Civil utiliza-se dessa 
linguagem simples. Regulares e jurídicos soam como algo 
muito vago, que confunde o entendimento do leigo e dos 
jovens profissionais. 
 
5.5 “Vistos, etc.” 
 
Não há conteúdo semântico nessa expressão e também não há 
determinação legal para que isso conste em qualquer ato judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONCLUSÃO 
 
 
 A linguagem jurídica é peculiar a um a ciência, a Ciência do 
Direito . 
Constitui-se, portanto, de linguagem técnica. Por envolver uma 
ciência superior que é o Direito, pode-se dizer que a 
linguagem jurídica é absolutamente necessária. 
 Sempre haverá linguagem jurídica devido à grande 
ocorrência de polissemias, homonímias e parônimas. Além 
disso, envolve metalinguagem e interpretação sistêmica do 
Direito. 
 A utilização excessiva de termos difíceis, arcaísmos, 
estrangeirismos e latim, podem prejudicar a comunicação, que é 
a finalidade do discurso jurídico. 
O texto jurídico, para ter aptidão comunicacional deve ter 
coesão e coerência. 
O texto jurídico deve ter as características de uma dissertação. 
Deve haver um esforço por parte de t odos os operadores 
do Direito, sejam eles advogados, juízes ou servidores do 
Poder Judiciários, no sentido de utilizar linguagem acessível ao 
jurisdicionado. 
 
 
 
 
 
 
 REFERÊNCIAS 
 
Associação dos Magistrados Brasileiros. 
O Judiciário ao alcance de todos: noções básicas de 
juridiquês. Brasília, AMB, 2005. 76p. 
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário. São Paulo: 
Saraiva, 2004. CHERRY, Colin. 
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São Paulo; Cultrix - Ed. Da Universidade de São Paulo, 1974. 
 DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES Antonio. Curso de 
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PENTEADO, R. Wintaker. Técnica da Comunicação Humana. São 
Pa ulo: Pioneira, 1964. 
 REIS, Novéli Vila Nova da Silveira Reis. O que não se deve 
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Justiça Federal do Amazonas, Manaus, v.2, n.4, p. 198-203, jul-
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004, p.27-42. 
W ITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus. 
Tradução Luiz Henrique Lopes dos Santos. 2ª ed. São Paulo: 
EDUSP, 1994. 
VIANNA, José Ricardo Alvarez Vianna. Simplificação da 
linguagem jurídica. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1768, 
04 maio 208. Disponível em: 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11230 Acesso em 
03 abr. 2010. XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito 
(Linguagem Forense). Rio d e Janeiro: Forense, 1982. 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11230

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