quantidade de informações que devem ser evidenciadas, deve-se fazer uma reflexão sobre os conceitos de evidenciação adequada, evidenciação justa e evidenciação plena. “Partindo do pressuposto de que esses conceitos não se diferenciam entre si, embora com significados distintos, devemos levar em 32 consideração que o usuário necessita de informações e que essas sejam, ao mesmo tempo, justas, plenas e adequadas” (Hendriksen e Van Breda, 1999. p. 515). Uma das discussões que envolvem a evidenciação está relacionada ao tema: “para quem a contabilidade está informando, o que está informando e como o faz”, para que possa ser utilizada no processo de gestão das organizações, satisfazendo seus usuários. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 511) afirmam que sempre haverá discordâncias sobre o que deve ser divulgado e qual a forma adotada. Uma divulgação apropriada deve estabelecer para quem a informação é dirigida, qual a finalidade e quanta informação é necessária. De acordo com a AICPA – American Institute of Certified Public Accountants (1961 apud IUDÍCIBUS, 2004, p. 123), “os demonstrativos contábeis deveriam evidenciar o que for necessário, a fim de não torná-los enganosos”. Ainda em relação a evidenciação Iudícibus (2004, p. 129) faz a seguinte afirmação: Evidenciação é um compromisso da Contabilidade com seus usuários e com os próprios objetivos. As formas de evidenciação podem variar, mas a essência é sempre a mesma: apresentar informação quantitativa e qualitativa de maneira ordenada, deixando o menos possível para ficar de fora dos demonstrativos formais, a fim de propiciar uma base adequada de informação para o usuário. Ainda de acordo com o autor acima as informações contábeis podem ser evidenciadas de várias formas, tais como: “forma e apresentação das demonstrações contábeis; informação entre parênteses; notas explicativas; quadros e demonstrativos suplementares; comentários do auditor e o relatório da administração”. De acordo com a Lei 4.320/64 as informações contábeis das unidades governamentais devem ser demonstradas (evidenciadas) por meio dos balanços: Orçamentário, Financeiro, Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais. O art. 102, da Lei reza que o Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. Pires (2002, p. 346) acrescenta que “pela 33 definição que a lei deu a este Balanço, este demonstrativo está preocupado com a comparação da receita prevista com sua realização ou execução e da despesa prevista ou fixada com sua realização ou execução”. Mota (2005, p. 386) esclarece que: Neste balanço, do lado das receitas, a disposição dos itens será efetuada por categoria econômica (corrente e de capital) e, do lado das despesas, inicialmente por tipo de crédito (orçamentário/suplementar, especial e extraordinário) os quais por sua vez são desdobrados também em função da categoria econômica da despesa (correntes e de capital). O art. 103 determina que o Balanço Financeiro demonstrará as entradas e saídas de recursos financeiros referentes às receitas e às despesas orçamentárias, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte. Mota (2004. p. 23) comenta que o balanço financeiro “é elaborado a partir das contas do sistema financeiro e tem a finalidade de servir de instrumento de prestação de contas da gestão financeira da Administração Pública. Ele demonstra o resultado financeiro do ano, pelo confronto entre os ingressos e dispêndios de natureza orçamentária e extra- orçamentária”. O art. 104 define que a Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. Reis e Teixeira (1997, p. 167) afirmam que esta demonstração informa as alterações efetivas sofridas pelo patrimônio durante o transcorrer de um período, que vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro. O Balanço Patrimonial têm por objetivo evidenciar a posição patrimonial em determinado momento. 34 Pires (2002, p. 401) afirma que o Balanço Patrimonial demonstrará a situação estática dos bens, direitos e obrigações e indicará o valor do Patrimônio Líquido num determinado momento. Em 2000, com a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, foi exigida da Contabilidade Pública maior evidenciação e transparência dos recursos públicos. Os instrumentos definidos nesta lei são abordados no capítulo seguinte. 4.- ASPECTOS CONTÁBEIS ABORDADOS NA LRF E SEUS IMPACTOS NA CONTABILIDADE PÚBLICA 4.1 - A Lei de Responsabilidade Fiscal A Lei de Responsabilidade Fiscal, editada em 4 de maio de 2000, é um marco no controle dos recursos públicos. Por meio dela os administradores dos três poderes e das três esferas de governo são obrigados a observar normas e limites estabelecidos para as finanças públicas, bem como a prestar contas dos recursos despendidos pelos entes públicos. A LRF foi elaborada com o intuito de melhorar a administração das contas públicas no Brasil e ainda de dar maior transparência aos gastos públicos. Esta Lei exige dos governantes maior compromisso com o orçamento e com as metas apresentadas e aprovadas pelos órgãos competentes. A obrigatoriedade de elaboração e publicação por parte dos governantes, inclusive por meio eletrônico, de relatórios e demonstrativos contábeis, busca assegurar aos eleitores, aos credores, aos investidores e aos cidadãos acesso a informações essenciais ao controle e avaliação dos gastos públicos. Como instrumentos de transparência, que são elaborados por informações produzidas pela contabilidade governamental, a Lei estabeleceu, dentre outros, o Relatório de Gestão Fiscal, o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e as Prestações de Contas. 35 O Relatório de Gestão Fiscal conterá: a) despesa total com pessoal; b) dívidas consolidada e mobiliária; c) concessão de garantias; d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita. O RGF indicará, também, as medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites. E no último quadrimestre, o relatório deverá conter os seguintes demonstrativos: a) do montante das disponibilidades de caixa em 31 de dezembro; b) da inscrição em Restos a Pagar das despesas liquidadas, das empenhadas e não-liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa e das não-inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados; c) do cumprimento do disposto na LRF, no que se refere à liquidação da operação de crédito por antecipação de receita, com juros e outros encargos incidentes, até o dia 10 de dezembro de cada ano, além do atendimento à proibição de contratar tais operações no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal. O Relatório Resumido de Execução Orçamentária deve conter as informações básicas sobre a execução orçamentária da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, servindo com isso de instrumento de transparência na administração pública à medida que evidencia à sociedade informações relevantes sobre a arrecadação e os gastos governamentais, facilitando sobremaneira a atuação dos controles interno e externo. Compõem o Relatório Resumido da Execução Orçamentária o Balanço Orçamentário e o Demonstrativo de Execução de Receitas e Despesas, devendo também ser acompanhado dos demonstrativos da Receita Corrente Líquida; das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social; das Despesas Previdenciárias do Regime Próprio dos Servidores Públicos; do Resultado Nominal; do Resultado Primário; dos 36 Restos a Pagar por Poder e Órgão; das Receitas