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ÉTICA, DIVERSIDADE E DIREITOS HUMANOS Jussara Parada 2 SUMÁRIO 1. ÉTICA .............................................................................................................................................. 2-8 2. CIDADANIA ..................................................................................................................................... 2-7 3. DIREITOS HUMANOS ...................................................................................................................... 2-7 4. DIVERSIDADE .................................................................................................................................. 2-8 5. DIVERSIDADE E EQUIDADE DE GÊNERO ......................................................................................... 2-6 6. DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL .................................................................................................... 2-6 ÉTICA 2 1. ÉTICA Introdução Chegou a hora de aprimorar ainda mais seu conhecimento sobre ética. Para isso, veremos alguns conceitos importantes que a constituem. Primeiramente, veremos como o conceito de ética, ao longo do tempo, perpassa por filósofos gregos e pensadores que refletem o nosso próprio século, o século XXI. E como a ética se relaciona com a política? Na entrevista com o professor Dr. Fernando Amed, você pôde entender essa relação. Então vamos compreender melhor como os dilemas de nosso comporta- mento se ajusta às diferentes sociedades e leis. Quando abordamos o tema ética e as relações sociais, nos focamos na inclusão social daqueles que possuem alguma deficiência física ou mental, procurando entender os direitos e as leis conquistadas por este segmento bastante significativo de nossa sociedade. Vamos então reforçar a relevância do debate da ética no trabalho para compreender melhor este tema. 3 1.1 Conceito de Ética Definição: de origem grega, a palavra ethos significa costumes, hábitos. Conceito: investigação dos princípios que agem no comportamento humano, como normas, valores e prescrições presentes em qual- quer realidade social. Onde a ética aparece? A ética está presente nas mais variadas relações humanas, como o trabalho, a religião, leis, família, sexo/gênero, diversidade étnica e na política. 1.2. A contribuição da filosofia clássica e contemporânea Para Sócrates, as virtudes morais visam ser coerentes. Para Platão, a verdade e o bem podem ser alcançados através da busca da verdade. Para Aristóteles, o ato de agir bem consiste na real finalidade da ação humana – todos têm que buscar o bem para si próprio. Ainda antes de Cristo, os estoicos destacavam o viver em harmonia com a natureza. Percebia-se mais claramente que tudo tem um início, meio e fim. Sócrates Com o Cristianismo, o eixo mudou para o campo subjetivo, se assim podemos dizer. Surge a ideia de amar o outro como a si próprio, sendo possível alcançar tal paradigma colocando-se no lugar do outro. 4 Damos um salto no tempo e encontramos, no Renascimento, o polê- mico Maquiavel, que afirma que a ética estava nos fins, que por sua vez justificavam os meios. Ou seja, havia aqueles que pretendiam ganhar, não importando de que forma. Já o inglês Thomas Hobbes afirma que o homem é o lobo do homem, dado a necessidade de haver controle do ser humano. Na França do século XVIII, Rousseau acreditava que o ser humano nascia bom, mas que a sociedade é que o corrompia. No mesmo século, na Alemanha, Kant advertia que agir bem é o que devemos fazer. Dentro do racionalismo alemão, a questão que se fazia era a de que, se conhecemos o bem, por que fazer o mal? Chegando ao século XX e XXI, o utilitarismo se ajusta ao homem contemporâneo, observando que o que nos torna feliz é o que não nos deixa sofrer, daí a necessidade de se afastar de todo o sofrimento. 1.3. Ética e política Em entrevista com o professor Dr. Fernando Amed, este nos falou sobre questões envolvendo a política, a democracia e a corrupção. Em tempos de muitas turbulências no cenário político contem- porâneo, é muito importante refletirmos sobre a ética na política mediante tantos casos de corrupção. Afinal, é possível haver ética na política diante desse cenário? O professor destaca que a ética é uma questão comportamental. Assim, cada sociedade acolhe os comportamentos que julga melhores. Dessa forma, é possível haver ética na política. 5 E por que é preciso ética na democracia? Para o professor, sem a existência de regras ou normas de compor- tamento, nenhum sistema político funciona, inclusive a democracia. A ética entendida como comportamento aceito sempre existirá, seja qual for o governo, para o bem ou para o mal. Sobre a existência das leis, o professor afirma que, sem elas, vive- ríamos num caos. As leis refletem o comportamento desejado por uma sociedade de acordo com seus valores. 1.4. Ética e relações sociais: a inclusão de deficientes físicos e/ ou mentais Para deixar bem claro: o termo deficiente foi uma exigência esta- belecida pelo próprio grupo. Anteriormente, este era denominado como portadores de necessidades especiais, termo que o próprio grupo veio a rejeitar. Quem são os deficientes? São aqueles que têm suas capacidades limitadas por conta de seus impedimentos físicos, mentais ou senso- riais, de longo prazo, e que podem dificultar a convivência. O Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com alguma deficiência visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. Apesar de repre- sentar 23% da população brasileira, estas pessoas não vivem em uma sociedade adaptada. 6 A relevância do tema está na inclusão do conjunto dessas pessoas à sociedade, assegurando-lhes seus direitos de cidadão. Igualmente importante é a conscientização da população sobre a necessi- dade de se oferecer a esse grupo uma vida de qualidade e dignidade, impedindo que ocorra restrição de participação. Nossa Constituição prevê a “educação como direito de todos, dever do Estado e da família com a colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Para a inclusão daqueles que têm dificuldades para a mobilidade física, o Estado aplicou isenções no pagamento de alguns impostos, como IPI, ICMS e IPVA. Tivemos assim a oportunidade de verificarmos juntos a importância de se inserir na sociedade um grupo relevante: o dos deficientes, percebendo que é um grupo numericamente significativo, que tem direito à educação, trabalho, saúde, deslocamento e isenção de impostos. Não por assistencialismo, mas pela humanização da socie- dade brasileira como um todo. 1.5. Ética no trabalho A ética no trabalho está vinculada aos seus direitos e deveres neste campo. É fundamental ter conhecimento sobre seus direitos e observar o tratamento respeitoso, que reserve a igualdade entre os indivíduos independentemente de seu sexo/gênero, ideologia, idade, religião ou raça. É relevante trabalhar eticamente de acordo com as escolhas profissionais, respeitando os princípios norteadores das ações em respeito à vida. Temos que estar atentos às questões presentes no universo de nosso trabalho. A corrupção e o corruptor desvirtuam a materialização e orientação da construção social. Os exemplos disso são numerosos, como: explorar o trabalho de um colega, mentir para o colega a fim de ter os elogios dos resultados alcançados pela equipe etc. 7 Conclusão A ética é como um termômetro de uma sociedade que mede seus costumes e comportamentos, e que ao longo da história foi adap- tando-se às necessidades humanas. Portanto, a democracia ou qual- quer outro sistema político espelha a sua sociedade, ajustando-se às suasnormas e dentro do ambiente de trabalho, podendo ser uma forma de alerta para a existência de direitos sequer percebidos como existentes. 8 REFERÊNCIAS COLABORATIVISMO. CGU | Campanha combate pequenas corrupções. 2015. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=kR3nW9fsWmU>. Acesso em: 06 jun. 2018. CORTELLA, Mario Sergio; BARROS FILHO, Clovis de. Ética e vergonha na cara. Campinas: Ed. Papirus/ Sete Mares. 2014. JORNAL DE BRASÍLIA. Falsificação de atestados médicos no DF. 2015. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=14fbzJTv148>. Acesso em: 06 jun. 2018. CIDADANIA 2 2. CIDADANIA 2.1. O que é cidadania Ao longo da história ocidental, a cidadania se configurou de acordo com as necessidades e normas de cada povo. Sendo assim, a cida- dania espelha os direitos e deveres dentro de uma sociedade, garan- tindo a dignidade de cada cidadão. A cidadania é um conjunto de ideias e práticas que expressam os direitos e deveres do cidadão e do Estado, por exemplo: a coleta de lixo, a água tratada, saneamento básico, guia rebaixada para maior acessibilidade de deficientes, ou ainda a inclusão digital. Tais práticas nos propiciam melhor qualidade de vida e convívio social. 2.2. Cidadania na história Ao longo da história, a cidadania foi se organizando de forma dife- rente. Passamos por Atenas, onde havia os direitos com sua corre- lação com os deveres; em Roma, os direitos foram conquistados pelos plebeus após muitas lutas. Já no Cristianismo, declarava-se que todos eram iguais perante Deus. Portanto, a lei maior seria a religião e a fé, e não a lei escrita, como a que os romanos idealizaram. Atenas 3 Roma Com a Declaração dos Direitos do Homem, a ideia é de que todos são iguais perante a lei. Não existe o privilégio de sangue nem a proteção divina. Na lei todos nascemos iguais e livres. 2.3. Cidadania no mundo: movimentos sociais Mais uma vez, contamos com a história para nos demonstrar que em tempos já passados, Moisés, como líder dos hebreus, lutava pelo direito de possuir terras e combater a escravidão. Em Roma, os irmãos Graco (século II a.C.) lutaram pela reforma agrária, reconhecendo a importância do cultivo e comércio. Ainda em Roma, Espartacus luta contra os maus tratos que os romanos aplicavam aos escravos, contribuindo assim para uma revolta de escravos no século I a.C. No século XVIII, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa foram os marcos da história Moderna, os quais ainda se refletem em nossa contemporaneidade. Ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, a luta pelo direito dos trabalha- dores, das mulheres, dos afrodescendentes, de gênero, refugiados, entre tantos outros movimentos, marcam nossas buscas e novos arranjos sociais. 4 2.4. Cidadania no Brasil: movimentos sociais Explicamos os movimentos sociais a partir das lutas da população por direitos. Muitas dessas manifestações acabaram sendo repri- midas pelo governo de sua época, mas este, diante dos movimentos sociais, se viu na obrigação de rever suas normas arbitrárias. A Revolta da Chibata, por exemplo, foi um movimento muito representativo de marinheiros que reivindicavam a retirada dos castigos corporais e a melhora do salário. Na década de 60, assistimos a diferentes movimentos contra o governo da Ditadura Militar. Eram jovens, velhos, homens, mulheres, negros, brancos e pardos se mobilizando contra um governo que se arrogava legítimo, mas que alterou a Constituição e retirou direitos identificados com a democracia. Eram músicos, intelectuais, traba- lhadores e sindicatos se mobilizando ao longo de mais de 20 anos para conquistar a redemocratização do Brasil. Mais recentemente, em 2013, vimos a tomada das ruas em dife- rentes cidades do Brasil. Um movimento que se iniciou pelo não aumento das passagens de ônibus e que incorporou questões mais amplas, como a intolerância à corrupção e à impunidade dos polí- ticos. Também se reivindicou melhor distribuição de renda, a fim de diminuir as desigualdades sociais. 5 2.5. Inclusão dos deficientes Quem são os deficientes físicos, quantos são e que direitos eles têm? Os deficientes são aqueles que têm suas necessidades limitadas por conta de seus impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais. Desde 2009, o termo deficiente foi promulgado no Brasil pelo decreto n. 6.949, portanto, algo recente. Apesar de representarem 24% da população brasileira, estas pessoas não vivem em uma sociedade ajustada ou adaptada. Quando os números revelam que 1/4 da população brasileira possui alguma deficiência, apontamos algumas delas, como a síndrome de Down. Estima-se que em cada 700 pessoas, 1 venha a nascer com Down. Vendo com outros números a mesma questão, são 270 mil pessoas no Brasil com Down. Tivemos alguns avanços constitucionais para aqueles que são defi- cientes auditivos, como a regulamentação da profissão de tradutor intérprete da Língua Brasileira de Sinais, que denominamos de LIBRAS, atendendo a um grupo de deficientes auditivos e assim possibilitando sua inclusão. Quanto ao mercado de trabalho, as empresas com 100 ou mais empregados, por exemplo, devem preencher de 2% a 5% das vagas por beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência. 6 Conclusão Quando verificamos que a cidadania é algo que conquistamos ao longo do tempo, não deixamos de verificar o quanto nossa socie- dade se humanizou, trazendo para si aqueles que foram excluídos, chamando a responsabilidade de todos que vivem em sociedade. 7 REFERÊNCIAS CUNHA, Sérgio Sérvilo da. Ética. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012. Diário da Inclusão Social. Disponível em: <https://diariodainclusaosocial.com/>. Acesso em: 07 jun. 2018. Instituto Rodrigo Mendes. Disponível em: <https://institutorodrigomendes.org.br>. Acesso em: 07 jun. 2018. SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Ed. Martins Fontes. 2002. DIREITOS HUMANOS 2 3. DIREITOS HUMANOS Como foi constituído o conceito de direitos humanos a partir da Independência dos EUA e da Revolução Francesa? Este será um dos temas que veremos nesta etapa de nossa disciplina. Estudaremos também as organizações internacionais, como a ONU e as ONGs, além da Constituição de 1988 no Brasil. 3.1. Conceito de direitos humanos O conceito de direitos humanos está na essência da preservação da vida do homem. Todos temos direito à vida, ao direito de ir e vir, de ser livre, de pensar livremente, de escolher uma religião etc. A partir da preservação destes direitos, constrói-se a dignidade humana, o respeito às diferenças e às orientações sexuais e políticas. A Revolução Francesa foi o primeiro passo dado neste sentido na história do Ocidente, o de garantir direitos e liberdade a todos perante a lei. Posteriormente, foram criadas organizações internacionais, como a ONU, em razão das barbaridades cometidas na Segunda Guerra Mundial. O uso de armas químicas e de alta letalidade usadas 3 intensamente contra civis chamaram a atenção daqueles que eram contra tamanha atrocidade. Então surgiu a necessidade de se criar uma instituição que tivesse uma representação internacional. Com a criação da ONU em 1945, criou-se ao menos a perspectiva de dar suporte àqueles povos, etnias ou minorias que se encontravam sem proteção pela fragilidade em que se encontravam, por dife- rentes motivos. No Brasil, nosso avanço foi dado com a Constituição de 1988, também chamada de Constituição Cidadã, pois garantiu maior dignidade aos trabalhadores e às minorias, e trouxe a democracia que durante 21 anos ficou subjugada pela ditadura militar. A democracia resguardada pela Constituição preserva a liberdade de ir e vir, mantém a liberdade dos costumes (consuetudinária), do pensamento e da livre expressão. A cidadania é garantida quando a Constituiçãoé preservada. Caso contrário, o que verificamos é a perseguição a minorias, como ciganos ou indígenas, e em casos internacionais, a falta de proteção a fugitivos de guerra ou problemas políticos. 3.2. Construção dos direitos humanos a partir da Independência dos EUA e da Revolução Francesa A Independência dos EUA também foi um passo importante em relação às garantias dos direitos humanos. Isso se deu por conta da influência das ideias iluministas de igualdade, liberdade e fraterni- dade que os norte-americanos e o restante da América Latina reali- zaram em suas respectivas independências. 4 A Revolução Francesa também deixou heranças para a nossa contem- poraneidade. Foi a partir dela que se pôs em prática os novos direitos humanos e do cidadão, colocando um fim à monarquia absoluta e iniciando a República. Foi a partir deste momento que os cidadãos passaram a ter direitos e deveres em relação ao Estado, e o Estado passou a ter limites em suas práticas, os quais eram estabelecidos pela Constituição. Os direitos fundamentais são os direitos jurídicos, os quais são insti- tucionalmente garantidos e limitados no tempo e espaço, como por exemplo: todos são iguais perante a lei. 3.3. Organizações internacionais Como já apontamos, a ONU foi criada a partir do fim da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de garantir a paz através do bom relacionamento entre os países. A ONU é a maior organização internacional, e seu objetivo principal é o de colocar em prática mecanismos que possibilitem a segurança internacional, desenvolvimento, respeito aos direitos humanos e ao progresso social. Em 2017 a ONU contou com a presença de 193 estados soberanos e diversas organizações autônomas. 5 EUA, China, Rússia, Reino Unido e França fazem parte do Conselho de Segurança. Este grupo tem poder de voto sobre qualquer reso- lução da ONU. A ONU é mantida com contribuições financeiras feitas pelos países membros, sendo que os países que mais contribuem são: EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. A ONU também conta com a colaboração da OMS (Organização Mundial de Saúde), PAM (Programa Alimentar Mundial) e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O Brasil integra a ONU desde 1945 e contribui em diferentes circuns- tâncias de necessidade de ajuda humanitária em locais como África, Ásia, América Latina, Europa e Caribe. 3.4. Organizações Não Governamentais - ONGs As ONGs são organizações não governamentais sem fins lucrativos, portanto consideradas autônomas. Estas organizações se caracterizam por ações solidárias no campo da política pública e são legítimas quando fazem pressão política em proveito de populações excluídas das condições de cidadania e dignidade de vida. Muitas ONGs trabalham com voluntários, e seus trabalhos, muitas vezes, atendem àqueles que dormem nas ruas. Também atuam no 6 combate à violência contra as mulheres, crianças, entre outros. Auxi- liam idosos abandonados por suas famílias e pessoas que perderam sua sanidade mental. Podemos perceber que as ONGs podem completar o trabalho do Estado, podendo receber financiamentos e doações dele, assim como de entidades privadas para tal fim. 3.5. Direitos humanos e a Constituição de 1988 no Brasil Como anteriormente apontamos, a Constituição de 1988 foi deno- minada como Constituição Cidadã. Ela foi importante porque após 21 anos de ditadura, a Constituição estabeleceu a inviolabilidade de direitos e liberdades básicas, como igualdade de gênero, crimi- nalização do racismo, proibição total da tortura e a promoção de direitos sociais, como educação, trabalho e saúde para todos. Com a Constituição de 1988, as eleições voltaram a ser universais, sem distinção de classe ou gênero, embora obrigatória para maiores de 18 anos. Conclusão Grande parte das conquistas sociais foram feitas a partir do século XVIII e XIX, mas foi efetivamente no século XX que houve uma maior organização internacional visando a paz e o bem social, lembrando também que foi por conta das guerras ocorridas ao longo do século XIX e XX que ocorreram as maiores atrocidades contra o homem. 7 REFERÊNCIAS COLOMBO, Artur. Voluntariado cresce em Porto Alegre. 2017. Disponível em: <https://medium.com/ betaredacao/voluntariado-cresce-em-porto-alegre-714471cc3ca8>. Acesso em: 08 jun. 2018. Nações Unidas do Brasil. Disponível em: <http://nacoesunidas.org/conheca/historia>. Acesso em: 08 jun. 2018. ONU Brasil. Brasileira foi essencial para menção à igualdade de gênero na Carta da ONU. 2016. Dispo- nível em: <http://www.youtube.com/watch?time_continue=131&v=UfJhUisAQJo>. Acesso em: 08 jun. 2018. DIVERSIDADE 2 4. DIVERSIDADE Vamos compreender agora o que vem a ser a diversidade social, os fundamentos da diversidade na religião, xenofobia e imigração, e o que se compreende por minorias sociais. 4.1. O que é diversidade A diversidade social é o conjunto de diferenças e valores comparti- lhados pelos seres humanos na vida social. São expressões sociocul- turais, étnicos, religiosas, físicas, modo de vida etc., ou seja, trata-se da pluralidade daqueles que compõem a sociedade. No entanto, sabemos que existem aqueles que não toleram aquilo que é “diferente”, ou seja, o que pertence ao grupo da diversidade. Os intolerantes são aqueles que compõem correntes xenofóbicas, homofóbicas e misóginas. Quando a intolerância se faz presente, aprofundam-se os problemas das minorias, e estas experimentam o exílio em sua própria sociedade. No Brasil, temos a presença da miscigenação, mas também temos a presença do mito da democracia racial. 3 4.2. Fundamentos e princípios da diversidade na religião Um dos nossos principais temas aqui abordados é o da diversidade religiosa, e nossa convidada para responder nossas questões foi a professora Dra. Danit Pondé. Verificamos que o Brasil é um país de muitas religiões, as quais foram introduzidas desde os tempos coloniais. Assim, presenciamos as religiões indígena, africana e católica existindo simultaneamente. Percebemos que há uma diversidade religiosa entre o povo brasi- leiro, e esta religiosidade está presente desde os primórdios de nossa colonização, quando europeus se deparavam com indígenas, africanos e mesmo outros europeus, e todos adotavam religiões diferentes daquelas que os portugueses eram adeptos. Nossa diversidade religiosa pode ser verificada pela presença, no meio urbano, de diferentes templos religiosos, como cristãos, judeus, muçulmanos e terreiros de umbanda e candomblé. No Brasil, as pessoas podem exercer suas religiões ou credos livre- mente, o que não quer dizer que foi sempre assim. Sabemos que há regiões no Brasil em que as tradições religiosas possuem uma carac- terística mais tradicional, sendo assim, nestes lugares mais conser- vadores, percebemos que não há uma diversificação tão intensa quanto nos grandes centros urbanos. Percebemos que ao longo de nossa história, poucos foram os conflitos religiosos, e quando não há respeito à diversidade, sem dúvida estamos desrespeitando outras culturas também, abrindo mão das diferenças. 4 4.3. Correntes migratórias e xenofobia Por que as pessoas migram? As pessoas migram porque querem buscar melhores condições de vida nos setores econômico, político ou social. Também há os casos em que são obrigadas a fugirem de guerras, catástrofes naturais, perseguições religiosas, crises financeiras ou por decisão pessoal. No Brasil, um tipo de migração muito comum é o êxodo rural, em que as pessoas migram do campo em direção à zona urbana. Esse processo migratório se intensificou no país depois do aparecimento das indús- trias na região Sudeste, para onde diversas pessoas, principalmente nordestinos, se deslocaram em massa em busca de emprego. Em muitos países, aspolíticas para receber imigrantes são muito rígidas. Dessa forma, muitas pessoas migram ilegalmente, passando a serem imigrantes clandestinos e se sujeitando a péssimas condi- ções de vida. Temos como exemplo os mexicanos nos EUA, mas há também os africanos na Europa e, mais recentemente, os sírios, por conta das guerras em seu país de origem. Diante desse cenário, surge um tipo de preconceito chamado de xenofobia, caracterizado pela aversão, hostilidade, repúdio ou ódio aos estrangeiros, e pode estar fundamentada em fatores históricos, culturais, religiosos, dentre outros. 5 A xenofobia corresponde a um problema social baseado na intole- rância e/ou discriminação social frente a determinadas nacionali- dades ou culturas. A xenofobia também gera violência entre as nações, e também está associada à humilhação, constrangimento, agressão física, moral e psíquica. Tudo isto promovido principalmente pela não aceitação das diferentes identidades culturais. 4.4. Homofobia e misoginia De acordo com o professor Luiz Mott, doutor em antropologia pela UFBA, a homofobia inclui tanto o ódio contra o homossexual quanto o medo de ter emoções ou desejos homoeróticos. Segundo ele, o brasileiro é um povo grotescamente contraditório, pois sendo o mesmo que escolheu Roberta Close (transexual famosa) como um dos modelos de beleza da mulher brasileira de uma época, é no Brasil onde mais gays e travestis são assassinados, com uma média de 1 homicídio a cada 26 horas. Quanto maior é a visibilidade homoafetiva, maior é a reação dos homofóbicos. Em relação à misoginia, que é o ódio ou aversão às mulheres, nos dias de hoje, da mesma forma que ocorre com a homofobia e o racismo, a misoginia é estruturada como um distúrbio de comporta- mento que pertence à esfera individual, e não coletiva. 6 4.5. As minorias As minorias sociais abrangem os homossexuais, idosos, negros, mulheres, indígenas, deficientes etc. São chamadas de mino- rias não em razão de seu número, mas sim pela situação de desvantagem social, fazendo com que exista comportamento discriminatório e preconceituoso. Os direitos humanos como Direitos Fundamentais devem ser consi- derados pela legislação de uma nação e garantidos a todos os indi- víduos. No caso das minorias, tal consideração é especialmente importante, posto que se tratam de grupos já discriminados. Na democracia, há o direito à expressão para as minorias e realização de leis políticas públicas que atendam aos seus interesses, mesmo que estes não correspondam aos desejos da maioria da população. Na legislação brasileira raramente se utiliza o termo “minoria” para caracterizar a situação de vulnerabilidade de grupos minoritários. Na Constituição Federal, são encontrados artigos que colaboram para que os direitos sejam assegurados, por exemplo: O Estado protegerá as manifestações culturais populares, indígenas e afro- -brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civiliza- tório nacional. 7 Lei 7716/89 Estabelece punições para crimes resultantes de discriminação rela- cionados à raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Alguns crimes são: impedir acesso ao serviço público, negar contratação, impedir acesso aos cargos públicos, deixar de atender clientes, impedir acesso a transporte público etc. Conclusão Neste bloco percebemos que as minorias sofrem ações de desprezo, dificultando suas vidas dentro da sociedade. Também aprendemos que imigrantes/emigrantes podem ser objeto de ódio xenofóbico. E vimos que a diversidade é algo inerente do processo civilizatório. 8 REFERÊNCIAS ALVES, Mariana Castro. Xenofobia na Europa: Onda migratória de refugiados reacende preconceito contra estrangeiros. Revista Pré Univesp. Dez. 2016/Jan. 2017. Disponível em: <http://pre.univesp.br/ xenofobia-na-europa#WuDZWqQvy00>. Acesso em: 12 jun. 2018. OLIVEN, Rubens George. A parte e o todo: A diversidade no Brasil Nação. São Paulo: Ed. Vozes. 1992. Xenofobia. Toda matéria. Disponível em: <http://www.todamateria.com.br/xenofobia>. Acesso em: 12 jun. 2018. WHITE, Leslie A. Conceito de cultura. São Paulo: Contraponto. 2009. DIVERSIDADE E EQUIDADE DE GÊNERO 2 4. DIVERSIDADE E EQUIDADE DE GÊNERO Nesta etapa da nossa disciplina, tratamos de temas que estão rela- cionados a algumas minorias. Abordamos a violência que muitas mulheres brasileiras sofrem, tanto de ordem psíquica como física. Nesse contexto, a Lei Maria da Penha passou a ser um tema, pois foi um caso emblemático de nossa sociedade. O caso de Maria da Penha tomou repercussão por ter havido várias denúncias junto a diferentes instâncias de nosso Judiciário, porém suas denúncias nunca eram levadas à cabo, até o caso ir parar na esfera dos direitos humanos, só então o Estado brasileiro passou a se posicionar de forma diferente quanto à violência sofrida pelas mulheres. Também tratamos sobre como os transexuais e homossexuais lidam com o mercado de trabalho em nosso país, e em que medida a educação poderia ser um meio de debates e esclarecimentos sobre esse assunto. 5.1. Conceito de gênero O gênero, por ser um conceito construído socialmente, pode ser construído e desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mutável, e não limitado como define a ciência biológica, em que as definições se restringem a sexo feminino e masculino. Podemos assim pensar que a identidade de um gênero, ou identi- dade social, é um sentimento individual que atende às necessidades daquele indivíduo. Para uma simples demonstração do conceito de identidade de gênero, podemos pegar como exemplo uma pessoa que biologicamente nasceu com o sexo masculino, mas se identifica com o papel social do gênero feminino, portanto, passa a ser social- mente reconhecida como mulher. Essa pessoa é denominada trans- gênera, pois possui uma identidade de gênero diferente da biológica. 3 5.2. Violência de gênero: violência contra a mulher Por meio das estatísticas, fica evidente como as mulheres no Brasil, ainda hoje, são vítimas da violência. Os dados são alarmantes tanto nos centros urbanos como em locais de um Brasil mais “distante”. Números apontam a ocorrência de 1 estupro a cada 11 minutos; todos os dias há notificações de 10 estupros coletivos junto ao sistema de saúde do país; e ainda há a violência doméstica, como foi o caso de Maria da Penha. Esta reali- dade muitas vezes vem acompanhada de assassinatos praticados por pessoas próximas às vítimas. Estas estatísticas conferem uma frágil segurança das mulheres em nosso país. 4 5.3. Gênero e mercado de trabalho Em muitas profissões, principalmente nos cargos executivos de grandes corporações, as mulheres são remuneradas de maneira diferente que os homens, seus salários são menores ou dificilmente são oferecidas tais posições. Transexuais e homossexuais também são vítimas de preconceito dentro de nossa sociedade, pois ainda existe uma resistência na compreensão da diversidade, e muitas vezes, por conta deste compor- tamento, para além do preconceito há o assédio, que também cons- trangem homens e mulheres em seus ambientes de trabalho. Por fim, nossa herança conservadora é um dos geradores de compor- tamento intolerante contra quem se mostra diferente das expecta- tivas comportamentais, e tal intolerância não permite a inclusão nem a diversidade. 5.4. Gênero e educação É necessário compreender que os indivíduos têm o direito de esco- lher o seu papel social, isto é, o seu gênero. Pelo fato de a estrutura de nossa sociedade ser conservadora, há paradigmas que precisam ser questionados ou, ao menos, debatidos. Não basta existir nas instituições de ensino um espaço para o debate, é preciso que os professores sejam melhor orientados a respeito do tema para não reproduzirem um entendimento aleatório e sem fundamento aosseus alunos. 5.5. Lei 11.340/60. Lei Maria da Penha Observamos que a Lei Maria da Penha representa uma conquista coletiva das mulheres, dada a violência que elas sofrem dentro de seus lares ou fora deles. Além disso, a violência também se fazia presente de forma abstrata, já que as instâncias que trabalhavam com as leis no Brasil não reconheciam que as mulheres eram vítimas de violência em diferentes circunstâncias. Podemos afirmar que houve uma conquista muito grande para as mulheres, mas não apenas para elas, houve uma conquista para todos aqueles que passam por violência doméstica, e aí podemos incluir também homens que sofrem maus tratos por suas companheiras. spierro Carimbo 5 O que hoje se observa é um crescimento de aparatos que permitem às vítimas denunciarem os agressores, estabelecendo inclusive leis que em outros momentos não existiam. Conclusão Procuramos estabelecer ao longo deste bloco o conceito de gênero e refletir sobre ele. Tratamos também de temas como a violência contra a mulher, homossexuais e transexuais. Vimos que a lei Maria da Penha veio dar suporte àqueles que passam por agressões privadas ou públicas, mas que antes não tinham meio de denunciá-las, pois as estruturas jurídicas e mesmo de suporte comportamental e cultural de nosso país não propiciavam tal espaço para uma maior reflexão ou diálogos acerca da diversidade presente. 6 REFERÊNCIAS COLOMBO, Artur. Voluntariado cresce em Porto Alegre. 2017. Disponível em: <https://medium.com/ betaredacao/voluntariado-cresce-em-porto-alegre-714471cc3ca8>. Acesso em: 08 jun. 2018. Nações Unidas do Brasil. Disponível em: <http://nacoesunidas.org/conheca/historia>. Acesso em: 08 jun. 2018. ONU Brasil. Brasileira foi essencial para menção à igualdade de gênero na Carta da ONU. 2016. Dispo- nível em: <http://www.youtube.com/watch?time_continue=131&v=UfJhUisAQJo>. Acesso em: 08 jun. 2018. DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL 2 6. DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL O conceito de raça foi criado ao longo dos séculos XV e XVI. Portan- to, ele é uma elaboração sócio histórica que vinculou muitas pessoas ao preconceito a partir de então, principalmente a partir do século XIX, quando a antropologia física vai dar suporte a teorias raciais através do Darwinismo Social. Os negros tiveram uma herança pesada da escravidão ao longo da história. No Brasil, além dos negros, os índios também foram vitima- dos por esse processo. Os negros se organizaram e conquistaram avanços na Constituição brasileira e em projetos como as ações afirmativas. Quanto aos ín- dios, alguns avanços também foram estabelecidos, mas sabemos muito bem as diferenças das teorias e das práticas sociais. 3 6.1 Teorias raciais As teorias raciais estabelecidas no século XIX buscavam tipificar uma determinada raça e classificá-la como inferior, mostrando os quesitos pelos quais uma raça seria considerada superior em relação a outra. Com forte influência europeia, as raças arianas eram sempre consi- deradas superiores em detrimento das raças africanas. A partir da presença da teoria do Darwinismo Social, a antropologia física tam- bém reforçou as teorias arianas naquele momento, de forma a esta- belecer o preconceito racial “justificado” pela ciência. No Brasil, ao longo do século XIX, as correntes europeias lançaram grande influência no que se refere à “salvação” do país, diante de tamanha miscigenação. Com o suporte de cientistas da época, como o médico baiano Nina Rodrigues, houve o apoio da imigração euro- peia para o branqueamento do povo brasileiro e a defesa da esteri- lização de mulheres negras. Os antropólogos chegaram a conclusão de que uma sociedade vista pelos seus valores internos, ou seja, sem influências exter- nas, era o seu verdadeiro objeto de estudos. Assim, surge a an- tropologia moderna, que busca entender a cultura e estudá-la sem tipificar ou classificar como superior ou inferior os seres hu- manos. As culturas dos povos simplesmente diferem entre si, não há superioridade. Apesar das mudanças realizadas dentro da antropologia, a socieda- de não tomou o mesmo rumo. Tanto a sociedade brasileira como a mundial são extremamente enraizadas nos preconceitos advindos da sociedade do século XIX. As minorias são uma realidade, sofrem discriminação e ainda encon- tram dificuldades de inserção na sociedade e no mercado de trabalho. Em 2001, temos no Brasil o movimento de ações afirmativas, o qual exigia a criação de leis que condenassem o racismo e o regime de cotas para os negros e indígenas no ensino superior público e em empregos públicos. 6.2 Negro A desigualdade no Brasil abrange o âmbito econômico, social e, prin- cipalmente, o da educação e das oportunidades. Negros e pardos representam 53,6% de toda a população brasileira e, mesmo sendo 4 maioria, ocupam a minoria de espaços considerados importantes, como cargos de relevância social. 6.3 Indígena A efetivação de direitos de cidadania para povos indígenas pressu- põe o reconhecimento de sua autonomia enquanto coletividade di- ferente. Assim, a participação indígena na construção de políticas públicas diferencia-se de outros grupos sociais à medida que é re- presentativa de coletividades com especificidades que distinguem da sociedade nacional. A proposta de criação de um Conselho Nacional de Política Indígena para consolidar o espaço de participação indígena nacional e confe- rir caráter deliberativo à atual Comissão Nacional de Política Indíge- na consiste numa das principais reivindicações dos povos indígenas na atualidade. 6.4 Identidade cultural: indígena e negro A presença da cultura indígena e africana está incorporada em nossa dinâmica e expressão cultural através da religião, música, dança, co- mida e um número enorme de palavras que estão em nosso vocabu- lário e nos permitem expressar com tamanha riqueza um universo enorme de ideias e sentimentos. Mais de 500 anos de história nos fez adotar um comportamento próprio, um caldeirão cultural, uma ética própria que compõe um quadro nacional de diversidade sem igual. 5 6.5 Políticas públicas e cotas Em dados objetivos, houve maior inclusão dos negros com a política de cotas. Em 1997 era 1,8% da população negra que ingressou no ensino superior. Em 2011, saltou para 11,9%, em 2014, 30,9% das vagas em institutos federais e 22,4% nas universidades foram desti- nadas a pretos, pardos e indígenas. O salto no número de ingressos se deve às cotas raciais e também à capacidade dos estudantes. 6 REFERÊNCIAS Cultura. Disputas por território continuam a massacrar indígenas no brasil. Disponível em: <http://tvcul- tura.com.br/videos/18642_disputas-por-territorio-continuam-a-massacrar-indigenas-no-brasil.html>. Acesso em: 13 jun. 2018. Politize! Cotas raciais no Brasil: entenda o que são! Disponível em: <http://www.politize.com.br/cotas- -raciais-no-brasil-o-que-sao>. Acesso em: 13 jun. 2018.
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