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legislação previdenciaria Livro-Texto Unidade I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Carla Batista Baralhas
Colaboradores: Prof. Ricardo Calasans
 Profa. Angélica Carlini
Legislação Previdenciária
Professora conteudista: Carla Batista Baralhas
E formada em Direito pela Universidade São Francisco (USF/SP) e mestra em Direito pela UniFieo. Soma alguns 
títulos de especialista em nível de pós-graduação na área jurídica, em especial nas esferas do direito civil, seguridade 
social e direito previdenciário. É advogada atuante e palestrante nas áreas do direito do consumidor e previdenciário 
e da responsabilidade civil, e avaliadora do MEC/INEP nos cursos superiores em EaD. É professora de disciplinas como 
Processo Civil, Processo do Trabalho, Direito Previdenciário e Direito do Trabalho na Universidade Paulista (UNIP). 
Além disso, é professora conteudista no Curso Superior de Tecnologia em Segurança do Trabalho em ambiente 
virtual nas disciplinas de Legislação Previdenciária, Legislação e Normas Técnicas de Segurança do Trabalho (NR’s) 
e Organização Internacional do Trabalho na também na UNIP; e no curso de graduação em Direito, nas disciplinas: 
Direito Previdenciário, Ética e Legislação em ambiente Moodle. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B224l Baralhas, Carla Batista.
Legislação Previdenciária / Carla Batista Baralhas. – São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
108 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Seguridade social. 2. Previdência social. 3. Benefícios. I. Título.
CDU 341.67(81) 
U508.91 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Muscovick
 Lucas Ricardi
Sumário
Legislação Previdenciária
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 SEGURIDADE SOCIAL .......................................................................................................................................9
1.1 Evolução legislativa no Brasil .............................................................................................................9
1.1.1 Assistência pública ................................................................................................................................. 13
1.1.2 Seguro social ............................................................................................................................................. 14
1.1.3 Seguridade social .................................................................................................................................... 15
1.1.4 Visão geral da proteção social na CF/88 ........................................................................................ 16
1.2 Seguridade social na CF/88 .............................................................................................................. 19
1.3 Organização e princípios constitucionais ................................................................................. 22
1.3.1 Princípios informadores da seguridade social ............................................................................ 23
2 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA .................................................................................................................. 29
2.1 Noções gerais ......................................................................................................................................... 29
2.2 Conteúdo, autonomia e fontes da legislação previdenciária ............................................. 30
2.2.1 Conteúdo .................................................................................................................................................... 30
2.2.2 Autonomia ................................................................................................................................................. 31
2.2.3 Fontes .......................................................................................................................................................... 31
2.3 Aplicação das normas previdenciárias: vigência, hierarquia,
interpretação e integração ...................................................................................................................... 33
2.3.1 Aplicação ................................................................................................................................................... 33
2.3.2 Vigência ...................................................................................................................................................... 33
2.3.3 Hierarquia .................................................................................................................................................. 35
2.3.4 Interpretação ........................................................................................................................................... 36
2.3.5 Integração ................................................................................................................................................. 37
Unidade II
3 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................................................................ 41
3.1 Princípios ................................................................................................................................................ 42
3.1.1 Princípio da universalidade de participação nos planos previdenciários ........................ 42
3.1.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais .................................................................................................................... 42
3.1.3 Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios ....................... 42
3.1.4 Correção monetária dos salários de contribuição ..................................................................... 43
3.1.5 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios............................................................... 44
3.1.6 Garantia do pagamento de benefício substituto do salário de contribuição
ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo .................... 44
3.1.7 Previdência complementar facultativa .......................................................................................... 44
3.1.8 Princípio do caráter democrático e descentralizado da gestão da
Previdência Social .............................................................................................................................................. 44
3.2 Atores do RGPS: contribuintes, segurados, beneficiários e dependentes ..................... 45
3.2.1 Contribuintese segurados ................................................................................................................. 45
3.2.2 Beneficiários e dependentes ............................................................................................................. 47
3.3 Filiação e inscrição ............................................................................................................................... 48
3.4 Manutenção e perda de qualidade de segurado .................................................................... 50
3.5 Trabalhadores excluídos do RGPS .................................................................................................. 52
4 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL ........................................................................................................... 53
4.1 Contribuição ao sistema .................................................................................................................... 53
4.2 Salário de contribuição ...................................................................................................................... 56
Unidade III
5 BENEFÍCIOS EM ESPÉCIES ............................................................................................................................ 60
5.1 Aposentadoria por invalidez ............................................................................................................ 61
5.2 Aposentadoria por idade ................................................................................................................... 63
5.3 Aposentadoria por tempo de contribuição ............................................................................... 64
5.4 Aposentadoria especial ...................................................................................................................... 66
5.5 Auxílio-doença ...................................................................................................................................... 68
5.6 Auxílio-acidente .................................................................................................................................... 70
5.7 Salário-maternidade ........................................................................................................................... 71
5.8 Salário-família ....................................................................................................................................... 72
6 PRESTAÇÕES EXCLUSIVAS PARA DEPENDENTES E SERVIÇOS DISPONÍVEIS ........................... 73
6.1 Benefícios aos dependentes ............................................................................................................. 73
6.1.1 Pensão por morte ................................................................................................................................... 73
6.1.2 Auxílio-reclusão ....................................................................................................................................... 75
6.2 Serviços ao segurado e dependentes ........................................................................................... 76
Unidade IV
7 PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ACIDENTÁRIAS ............................................................................... 81
7.1 Aspectos jurídicos do acidente do trabalho .............................................................................. 81
7.2 Benefícios previdenciários decorrentes de acidente do trabalho ..................................... 86
7.3 Principais consequências do reconhecimento do acidente do trabalho ....................... 87
7.4 Emissão da comunicação de acidente do trabalho ................................................................ 88
8 DOCUMENTO HISTÓRICO-LABORAL E OUTROS .................................................................................. 91
8.1 Perfil profissiográfico previdenciário ............................................................................................ 91
8.2 Fator acidentário de prevenção: instituição e regulamento .............................................. 92
8.3 Indenização civil contra o empregador ....................................................................................... 95
8.4 Infrações à legislação previdenciária ........................................................................................... 96
7
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto pretende abordar conceitos básicos e fundamentais da área do direito previdenciário, 
estabelecendo relações entre eles e os de segurança do trabalho. A legislação previdenciária é organizada 
sobre alguns pilares, quais sejam: a seguridade social, alocando a Previdência Social e, especificamente, 
como o papel das pessoas físicas e jurídicas dentro da sociedade e as devidas relações entre elas e o Estado 
proporcionam garantias constitucionais, previstas como direitos sociais, entre eles o da Previdência 
Social. Discutiremos a inter-relação entre os princípios constitucionais e previdenciários, sobretudo 
aqueles que permeiam o universo trabalhista, especialmente na relação empregado, empregador e 
demais trabalhadores não considerados empregados nos termos da lei. 
O conteúdo deste material procura aproximar a formalidade que configura os princípios inerentes à 
área do direito previdenciário, respeitando a disciplina Legislação Previdenciária e dando a possibilidade 
de compreensão clara ao aluno, de modo a fazê-lo um apreciador estudioso da disciplina envolvida. 
Por meio de um conteúdo amplo e suficiente para que possa apreender e flexionar as informações 
nele contidas durante a progressão de seu curso, a aluno perceberá que a lei previdenciária é o foco 
dessa disciplina.
Este livro-texto, pois, tem como objetivo primeiro elucidar algumas diretrizes que se compreendem 
como basilares à temática da Previdência Social – como as reflexões técnico-jurídicas que regulamentam 
o conjunto de normas que a sustentam – assim como, e principalmente, suas abrangências sociais. 
Isso é feito, entretanto, partindo-se de pressupostos que permitam ao estudante, por meio de uma 
metodologia própria e satisfatória, edificar a estrutura de seu conhecimento, levando-o à ponderação 
crítica, contemplada por inferências próprias que conjuguem as habilidades e competências esperadas 
para essa disciplina, cujo fulcro é compreender a importância da legislação previdenciária, obviamente 
sob as luzes dos fundamentos jurídicos.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
A seguridade social é um sistema de ampla proteção social que visa amparar as necessidades básicas 
e de sobrevivência da sociedade como um todo, pois assim estende-a a todos, respeitando alguns 
requisitos exigidos por lei – um mínimo vital para a sua preservação.
O sistema da seguridade social está previsto no artigo 194 a 204 da Constituição Federal de 1988 
(CF/88) e compreende o conjunto integrado de ações dos poderes públicos e sociedade. Ela engloba a 
saúde, previdência e assistência sociais. Em tese, e de forma simplificada, pode-se dizer que a previdência 
fornece benefícios, a saúde fornece serviços e a assistência fornece benefício assistencial e saúde.
Ao tratar-se de seguridade social é providencial, primeiramente, pensarmos sobre alguns 
conceitos mais fundamentais e universais, tais como aqueles sobre Previdência Social e sua origem e 
evolução, resgatando a importância da dignidade da pessoa humana e aplicando de fato os direitos 
humanos fundamentais.
8
Iniciam-se os estudos com apontamentos sobre a seguridade social, porque a Previdência Social 
é uma alça dela, e aqueles só fortalecem o entendimento desta, que será estudada nos termos da lei 
que, de antemão, oferece ao aluno entendimentos necessários sob a ótica dos estudos da gestão de 
segurança do trabalho.
9
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Unidade I
1 SEGURIDADE SOCIAL 
1.1 Evolução legislativa no Brasil
Importante para o desenvolvimento dos nossos estudos é introduzir a evolução histórica e legislativada seguridade social brasileira, aprofundando-se em sua substância e do que ela se ocupa.
Primeiro deve-se observar que a evolução da condição socioeconômica é responsável pela desigualdade 
social, quer brasileira, quer internacional e, quando se fala em desigualdade social, pensa-se em pobreza, 
que deve ser considerada além de um problema individual – e, principalmente, um problema social. 
A origem da seguridade social no mundo está atrelada à dignidade da pessoa humana, como garantia 
dos direitos fundamentais inerentes ao próprio cidadão/indivíduo que intui seus próprios direitos, os 
chamados direitos naturais. Faz parte da essência humana se defender e prover seu próprio sustento e 
também de sua família.
Sabe-se que o ser humano, durante sua evolução, tem-se preocupado e, mais ainda, se adaptado às 
condições de adversidades da vida, quer seja fome, desemprego, doenças e velhice. 
A precariedade dessas adversidades justifica sua preocupação em manter o seu próprio sustento 
e de sua família – no sentido de manutenção de um mínimo existencial – marcando a primeira etapa 
da proteção social fundada na caridade entre os seus, por vezes conduzida pela Igreja. Portanto, o 
necessitado aceitava a caridade dos demais membros da comunidade para manter-se alimentado – 
amparado em seu mínimo possível – para a manutenção de sua vida e, também, de membros de sua 
família, sendo esta o instituto basilar da proteção social.
Importante esclarecer que Elizabeth I instituiu na Inglaterra, em 1601, a primeira lei que versou 
sobre a assistência social, conhecida como a Lei dos Pobres (Poor Laws). A obrigatoriedade era de que as 
autoridades locais proporcionassem auxílio ao necessitado que, por conta de enfermidade, incapacidade 
para o trabalho e desemprego não conseguia manter e promover o seu próprio sustento. Esse período 
também foi marcado pelo surgimento da obrigatoriedade de contribuições para fins sociais. 
Segundo Marisa Santos (2017, p. 29), “a desvinculação entre o auxílio ao necessitado e a caridade 
começou na Inglaterra, em 1601, quando Isabel I editou o Act of Relief of the Poor – Lei dos Pobres. 
A lei reconheceu que cabia ao Estado amparar os comprovadamente necessitados”.
Somente a partir da Primeira Revolução Industrial, no século XVIII, fato histórico considerado base 
axiológica da legislação trabalhista e previdenciária, é que a proteção social tomou força e se pensou em 
10
Unidade I
manter o sustento mediato das pessoas. Assim, surgiu a ideia da caixa, hoje conhecida como Previdência 
Social. Foi nesse período também que se criou as caixas de socorro de natureza mutualista. 
No entanto, em meio à Revolução Industrial na Inglaterra, enquanto a economia crescia, ocorria um 
retrocesso que afrontava a dignidade da pessoa humana, tendo em vista as condições desumanas a que 
os trabalhadores eram submetidos. Estudos demonstraram que a ideia de seguridade social, chamada à 
época de seguro social, já era praticada pelos trabalhadores em forma de caridade, pois, em consequência 
da Revolução Industrial, trabalhavam em condições sub-humanas, necessitando de apoio um dos outros, 
sem a intervenção do Estado. Também em resposta ao afrontamento da dignidade da pessoa humana, 
em 1789 surge com a Revolução Francesa a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que 
determinava que a seguridade social era direito de todos e que todos também deveriam contribuir para 
as ações públicas dentro de suas possibilidades. Nesse momento criou-se também uma organização dos 
seguros e um cadastro nacional de beneficiários de seguro social e extinguiu-se a mendicância. 
A gênese da proteção social conferida pelo Estado originou-se, contudo, na Alemanha, com 
a aprovação, em 1883, do projeto do chanceler Otto Von Bismarck – estadista prussiano e primeiro 
chanceler do Império Alemão – por meio da Lei do Seguro Doença, que criou o seguro de enfermidade. 
Destaca-se que essa lei foi a primeira legislação sobre a Previdência Social no mundo.
 Lembrete
Em 1883, na Alemanha, foi promulgada a primeira lei previdenciária do 
mundo, obra de Otto von Bismarck. 
A Lei do Seguro Doença sofreu alterações e regrou o seguro contra acidentes de trabalho, em 1884, 
e o seguro de invalidez e velhice, em 1889. O financiamento desses seguros era mantido por prestações 
do empregado, do empregador e do Estado.
A partir de Bismarck e, principalmente, da Segunda Guerra Mundial, o seguro social deveria 
ser obrigatório e não mais restrito aos trabalhadores da indústria, ao mesmo tempo em que a 
cobertura foi estendida a riscos como doença, acidente, invalidez, velhice, desemprego, orfandade e 
viuvez (SANTOS, 2017).
Diante disso, a Constituição de Weimar, de 1919, foi pioneira na garantia de direitos fundamentais 
sociais. Era caracterizada pela ideia de assistencialismo, por meio da representante estatal, empresas e 
trabalhadores, agindo de forma contributiva e igualitária. Em consequência dessa normatização, vieram 
as de seguro-doença, proteção acidentária, seguro-invalidez e auxílio-velhice.
Outros países também começaram a implantar o sistema social bismarckiano, estendendo-se pela 
Europa até meados do século XX. 
Destaca-se, ainda, que a primeira carta política de um Estado a incluir os direitos trabalhistas como 
direitos fundamentais foi a mexicana, em 1917, juntamente com as liberdades individuais e os direitos 
políticos dos cidadãos. A importância desse precedente histórico deve ser salientada, pois na Europa a 
11
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
consciência de que os direitos humanos possuiriam uma dimensão social só veio a se firmar depois da 
Primeira Guerra Mundial.
Posteriormente, foi acompanhada pelos Estados Unidos, que em 1935 revolucionou inovando o 
conceito de seguro social, que passou a ser conhecido como seguridade social, cuja premissa básica é o 
amparo geral ao cidadão.
Em se tratando de legislação nacional brasileira, a primeira ideia sobre a aposentadoria deu-se pelas 
primeiras manifestações que surgiram na época do Império, com a criação de montepios (primeiras 
instituições garantidoras de pensões por morte, mediante pagamento de cotas pelos membros) e Montes 
Socorro, a fim de garantir os direitos aos funcionários públicos e seus familiares.
Figura 1
Para fazer parte de um montepio, o interessado pagava uma taxa de adesão e passava a arcar com 
as anuidades. Ao assinar o contrato, ele escolhia se o dinheiro despendido ao longo da vida se reverteria 
em aposentadoria ou em pensão (ROBL FILHO, 2017).
Figura 2 
12
Unidade I
Após o decreto de outubro de 1831, outras manifestações a sucederam, provocando demais 
aquisições legislativas ligadas ao tema da Previdência Social. 
Tempos depois, em 1919, criou-se a Lei n. 3.724, medida que promulgou o seguro contra acidentes 
de trabalho, direcionada a trabalhadores que sofriam acidentes de trabalho, ficando incapacitados de 
exercer suas atividades laborativas e, consequentemente, não conseguiam se sustentar e prover o sustento 
de sua família. 
No entanto, o Brasil só conheceu efetivamente as regras da Previdência Social no século XX, com o 
Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei Eloy Chaves (BATICH, 2004). 
Portanto, o marco da Previdência Social no Brasil é convencionado pela edição de tal lei (ALENCAR, 2018).
A lei determinava a criação de caixas de aposentadoria e pensões (CAP) para os empregados 
ferroviários de nível nacional, que era gerenciada por eles próprios, que contribuíam sem a interferência 
do Estado. Isso se deu pela importância do setor naquela época, já que havia a necessidade de apaziguar 
as manifestações gerais dos trabalhadores. Ela previa aposentadoria por invalidez ordinária (equivalente 
à aposentadoria por tempo de serviço), pensão por morte e assistência médica.
Com a edição da Lei Eloy Chaves, os empregados de estradas de ferro obtiveram os benefícios da 
aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária ou por tempo contributivo, pensão por mortee 
assistência médica.
 Observação
A ordem de criação de CAP, consideradas instituições previdenciárias, 
sempre foram determinadas, definidas e instauradas pela capacidade de 
mobilização e reivindicação dos trabalhadores por melhores condições 
de trabalho, por conta da manutenção de sobrevida em caso de 
acidentes de trabalho.
Sem seguida, as CAP se expandiram para outras categorias funcionais assalariadas, chegando a ser 
instaladas cerca de 180 caixas de aposentadorias no Brasil, o que contribuiu para a efetivação da nova 
era assistencial no país (BATICH, 2004). 
 Saiba mais
O filme Germinal traz em seu bojo a ideia das relações e condições de 
trabalho; a miséria; a relação dos trabalhadores com as máquinas; a relação 
entre capitalistas e operários; o surgimento de greves e do sindicalismo, 
anarquismo e socialismo. Além disso, mostra o nascimento da ideia de caixa: 
guardar dinheiro para garantir a própria sobrevivência e de sua família.
GERMINAL. Dir. Claude Berri. França: AMLF, 1993. 160 min.
13
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Para melhor entender a evolução histórica da proteção social, é necessário dividi-la em três etapas: 
assistência pública, seguro social e seguridade social. A importância de se estudar a evolução histórica 
sob tais aspectos é que esses fundamentam até os dias de hoje o tema da seguridade social no Brasil, 
obviamente com atualizações, porém, a essência permanece. 
1.1.1 Assistência pública
A assistência foi fundada na caridade, vinculada à Igreja, e mais tarde passou a ser conduzida por 
instituições públicas. Aqueles que necessitavam de auxílio para promover o seu próprio sustento e de 
sua família socorriam-se do benfazer e do amparo dos demais membros da comunidade, totalmente 
condicionados às possibilidades de recursos dos outros para manutenção de sua sobrevivência. 
A desvinculação da necessidade da caridade iniciou-se na Inglaterra, em 1601, com a edição da Lei 
dos Pobres. Essa lei reconheceu que o Estado deveria amparar os necessitados que comprovadamente 
demonstrassem sua impossibilidade para trabalhar, fazendo assim surgir a assistência pública ou 
assistência social. 
No Brasil, a assistência pública está prevista pela Constituição de 1824, cujo artigo 179, inciso XXXI, 
garantia os socorros públicos. A partir dela é possível visualizar a figura do Estado como ator principal 
nas relações entre os necessitados e o amparo assistencial governamental. A seguir está o texto do 
artigo da Constituição, respeitando a escrita da época.
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, 
que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é 
garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.
XXXI. A Constituição tambem garante os soccorros publicos. (BRASIL, 1824).
Após a Constituição de 1824, o Estado que era coadjuvante passou-se a ser o ator principal, 
devendo garantir na época o amparo assistencial devido, sendo o responsável institucionalmente pelos 
socorros públicos.
Figura 3 – Constituição do Império do Brazil (1824)
14
Unidade I
 Saiba mais
Em 25 de março de 1824 o Brasil teve sua primeira constituição. Mesmo 
sendo uma constituição outorgada (imposta pelo governante), sua vigência 
foi de 65 anos, sendo extinta apenas com a Proclamação da República, em 
15 de novembro de 1889, que depôs o imperador Dom Pedro II. Para saber 
mais sobre o assunto, leia a reportagem a seguir:
BRESCIANINI, C. P. Senadores lembram entrada em vigor da primeira 
Constituição Brasileira. Senado Notícias, 25 mar. 2019. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/03/25/senadores-
lembram-entrada-em-vigor-da-primeira-constituicao-brasileira. Acesso 
em: 23 jul. 2020.
1.1.2 Seguro social
O seguro social foi uma criação legislativa, cuja expressão foi utilizada na Constituição de 1937 pela 
primeira vez. A busca legislativa se deu por conta de que a caridade praticada na comunidade não foi 
suficiente para garantir aos necessitados condições dignas de vida, ou seja, oferecer condições mínimas 
de sobrevivência. 
Outro mecanismo de proteção foi necessário para que os necessitados não dependessem somente 
da caridade e generosidade de seus companheiros. Por isso, foram criadas as empresas seguradoras, com 
fins lucrativos e administração baseada em critérios econômicos.
A primeira forma de seguro surgiu no século XII, com o chamado seguro marítimo, não possuindo 
as bases técnicas e jurídicas do seguro contratual. Com a criação do seguro social, surgiram novas 
modalidades de seguros: seguro de vida, contra invalidez, contra acidentes, entre outros (SANTOS, 2017). 
A Lei do Seguro Doença, nascida na Prússia em 1883, é tida como o primeiro plano de Previdência Social 
de que se tem notícia. O seguro social era organizado e administrado pelo Estado e o custeio era dos 
empregadores, dos empregados e do próprio Estado. 
Os sistemas de seguro social não resistiram às consequências da Primeira Guerra Mundial em razão 
da cobertura para o grande número de órfãos, viúvas e feridos que resultaram do combate. Tal questão 
teve que ser equacionada, e em 1919, com o Tratado de Versalhes, surgiu o primeiro compromisso de 
implantação de um Regime Universal de Justiça Social (SANTOS, 2017).
Tal compromisso fez nascer a obrigatoriedade por parte dos segurados em contribuir para o sistema 
de seguro social, posto que era facultativo somente o seguro privado. 
15
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
1.1.3 Seguridade social
A Segunda Guerra Mundial foi a responsável pela transformação na proteção social, exigindo por 
parte dos atores mundiais capitação de recursos a fim de resgatar a dignidade da população mundial, 
bem como promover a reconstrução e reestruturação nacional em busca desse resgate.
Sabe-se que o seguro social foi criado para suprir a necessidade daqueles trabalhadores, que por conta 
dos riscos do trabalho deveriam ser assegurados com tal proteção social para superar as dificuldades 
diante da incapacidade do exercício do laboral. 
A seguridade social não está fincada na noção de risco, mas sim na necessidade social, porque os 
benefícios têm natureza de indenização destinados a promover o mínimo vital. A relação jurídica de 
seguridade social só se forma após ocorrência de um fato que gera reparação de suas consequências. 
Os valores dos benefícios destinam-se a garantir o mínimo vital, o que significa o necessário à 
sobrevivência com dignidade, por isso distancia-se do conceito de seguro, pois este tem característica 
indenizatória, já a seguridade social não. 
 Lembrete
A evolução histórica da proteção social passou por três etapas: 
assistência pública, seguro social e seguridade social.
Quanto à evolução legislativa da seguridade social no Brasil, são muitos os acontecimentos que 
marcaram diversas legislações e, por conta de números de decretos, leis e portarias, constarão aqui as 
principais e constitucionais. 
Na Constituição de 1891, o artigo 75 regeu que “a aposentadoria só poderá ser dada aos funcionários 
públicos em caso de invalidez no serviço da Nação” (BRASIL, 1891). Na Carta Política de 1824, o artigo 179, 
inciso XXXI, garantiu o direito aos socorros públicos. Na Carta Magna de 1934, foram apresentadas 
várias disposições sobre a proteção social, como as elencadas no artigo 121, § 1º, letra h, entre outras, 
que previa: 
Assistência médica e sanitária ao trabalhador e a gestante, assegurando a 
esta descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, 
a instituição de previdência, mediante contribuição igual à da União, do 
empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade 
e nos casos de acidentes do trabalho ou da morte (BRASIL, 1934). 
Em 1937, ocorre na Constituição a consagração da expressão seguro social; na Carta de 1946, o 
instituto retorna com a roupagem como Previdência Social; já nas Constituições de 1967 e 1969, poucas 
alterações ocorreram, a não ser pelo parágrafo único do artigo158 da Carta de 1967, que versava sobre 
o custeio da Previdência Social. 
16
Unidade I
As relevantes inovações constitucionais sobre o tema aconteceram com a promulgação da CF/88, 
atual e vigente, como será estudado a seguir.
1.1.4 Visão geral da proteção social na CF/88
Com a promulgação da CF/88, várias mudanças e/ou inovações legislativas estabeleceram o sistema 
de seguridade social formado por subsistemas que atuam simultaneamente entre as áreas da saúde, 
assistência social e Previdência Social. 
Previdência 
Social
Seguridade 
Social
Assistência 
SocialSaúde
Figura 4 
De uma forma objetiva e sucinta, trataremos da saúde e da assistência social, e daremos enfâse ao 
contéudo da legislação previdenciária. 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
As atividades de saúde são de relevância pública, e sua organização obedecerá aos seguintes 
princípios e diretrizes: 
I - acesso universal e igualitário; 
II - provimento das ações e serviços mediante rede regionalizada e 
hierarquizada, integrados em sistema único; 
III - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
IV- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas; 
V - participação da comunidade na gestão, fiscalização e acompanhamento 
das ações e serviços de saúde; e 
VI - participação da iniciativa privada na assistência à saúde, em obediência 
aos preceitos constitucionais (BRASIL, 1988). 
17
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
A assistência social é a política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas 
em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de 
deficiência, independentemente de contribuição à seguridade social. 
A organização da assistência social obedecerá às seguintes diretrizes: 
I - descentralização político-administrativa; 
II - participação da população na formulação e controle das ações em 
todos os níveis;
III – proteção à família, a maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
IV – amparo às crianças e adolescentes carentes;
V – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
VI – a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária; e
VII – a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou tê-la provida por sua família, conforme dispuser a Lei 
(BRASIL, 1988).
Os benefícios assistenciais podem se dar de forma continuada ou eventual, por meio do pagamento 
de um salário mínimo ao idoso e ao portador deficiente que não consiga prover sua existência nem 
quando ajudados por familiares; ou por meio do auxílio-natalidade ou por morte. 
Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para atender necessidades advindas de 
situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa com 
deficiência, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade pública.
 Observação
A Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) determina o benefício 
da assistência social no valor de um salário mínimo pago à pessoa com 
deficiência e ao idoso que comprovar não possuir meios de prover a própria 
manutenção ou tê-la provida por sua família. Esse benefício também é 
conhecido como renda mensal vitalícia, conforme artigo 203, V, da CF/88, 
Lei n. 8.742/96, e o Decreto n. 6.214, de 26 de setembro de 2007. 
18
Unidade I
Os beneficiários da assistência social tratada no artigo 203, inciso V, da CF/88 são as pessoas com 
deficiência e os idosos com 65 anos ou mais, que comprovem que não possuam meios de prover a sua 
própria manutenção ou tê-la provida por sua família (MEDINA, 2014).
A regulamentação do preceito constitucional mencionado anteriormente adveio com a Lei n. 8.742/93 
(Lei Orgânica da Assistência Social), em seus artigos 20, 21 e 21-A, e com o Decreto n. 6.214/2007.
 Saiba mais
Para concessão do benefício assistencial são necessários alguns 
requisitos que poderão ser consultados na lei a seguir:
BRASIL. Decreto n. 6.214, de 26 de setembro de 2007. Regulamenta o 
benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa 
com deficiência e ao idoso de que trata a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 
1993, e a Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 
162 do Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. 
Brasília, 2007. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?ti
po=DEC&numero=6214&ano=2007&ato=b81k3ZU9ENRpWT7d1. Acesso 
em: 25 jul. 2020. 
Para se ter direito à proteção da Previdência Social, é necessário ser segurado, isto é, ser contribuinte, 
pois funciona semelhante ao antigo seguro social (SANTOS, 2017). No Brasil, a Previdência Social é 
dividida em pública e privada, podendo ser aberta ou fechada. Neste livro-texto, o tipo a ser estudado 
é a pública, que possui duas subdivisões:
• Regime geral de Previdência Social (RGPS).
• Regime próprio de Previdência Social (RPPS).
O RGPS tem como objetivo assegurar benefícios e serviços às pessoas tidas como seus segurados 
e/ou beneficiários, na sua grande maioria, atreladas aos trabalhadores da iniciativa privada.
Já o RPPS tem como objetivo assegurar aos servidores públicos titulares de cargos efetivos da 
União, dos estados-membros, dos municípios e do Distrito Federal, civis ou militares, os benefícios e 
serviços contratados. 
No entanto, se os servidores ou aqueles a eles equiparados, se regidos pela relação de trabalho do 
tipo Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estarão automaticamente atrelados ao RGPS.
19
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Diante disso, deve-se dar a devida importância à CF/88, que determinou direitos sociais em 
seu artigo 6º, quais sejam: a educação, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a 
Previdência Social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. 
Sabe-se que a CF/88 em se tratando de alterabilidade de texto normativo é considerada rígida, 
ou seja, há a previsão complexa de alteração de texto constitucional, exigindo requisitos específicos 
para que ela ocorra, como, por exemplo, a maioria dos atores legislativos presentes para votação. Tal 
afirmação nos leva a apontar a emenda constitucional das reformas da seguridade social n. 20, de 1988, 
que modificou profundamente o sistema previdenciário brasileiro. 
Com a criação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o exercício de sua função estatal, 
de forma explícita, deixa de existir um Estado preocupado só com o trabalhador, haja vista ser a fonte 
material da existência da seguridade social, passando a existir efetivamente uma preocupação em 
atender o idoso, o desamparado, o menor etc. Enquanto a Previdência Social cuida exclusivamente 
do trabalhador que contribui para o sistema, a seguridade social se preocupa com todos os cidadãos, 
cabendo ao INSS avaliar requerimentos e efetivar implementos dos benefícios a todos, seja segurado 
(aquele que contribui), dependentes (daqueles que contribuem) e desemparados, como os idosos e as 
pessoas com deficiência.
 Saiba mais
A reportagem a seguir fala sobre a pensão especial vitalícia a crianças 
com microcefalia, decorrente do vírus Zika, nascidas entre 2015 e 2018, 
concedida pelo Ministério da Cidadania. 
GARCIA, R. Ministério da Cidadania concede pensão vitalícia a crianças 
com microcefalia. Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, set. 
2019. Disponível em: http://mds.gov.br/area-de-imprensa/noticias/2019/
setembro/ministerio-da-cidadania-concede-pensao-vitalicia-a-criancas-
com-microcefalia. Acesso em: 25 jul. 2020. 
1.2 Seguridade social na CF/88
A partir da leitura do artigo 194 da CF/88, pode-se concluir que a seguridadesocial é sistema no qual 
se articulam ações dos poderes públicos e da sociedade, a fim de certificar e realizar direitos atinentes 
à saúde, à previdência e à assistência social (MEDINA, 2014).
Inovando os direitos fundamentais sociais, a CF/88, em seu artigo 194, que traz o conceito de 
seguridade social, visa garantir ao cidadão certa segurança e proteção ao longo de sua existência, tendo 
por fundamento a tutela da dignidade humana. 
20
Unidade I
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a 
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em 
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas 
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado 
o caráter contributivo da previdência social; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 103, de 2019);
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, 
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional n. 20, de 1998) (BRASIL, 1988). 
Em uma última análise, a seguridade social é um instrumento por meio do qual se busca alcançar 
os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, apontados em seu artigo 3º: construir uma 
sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional e, especificamente, quando se 
trata de seguridade social, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação (ROCHA, 2018).
Título I
Dos princípios fundamentais:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
21
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988).
É importante destacar que a seguridade social é um direito expresso na Carta Internacional de 
Direitos Humanos, que diz explicitamente:
Art. 22. Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança 
social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional 
de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre 
desenvolvimento da sua personalidade (ONU BRASIL, 2018).
 Lembrete
A seguridade social foi criada para garantir os mínimos direitos 
necessários para sobrevivência, servindo como instrumento de bem-estar, 
justiça social e redutor das desigualdades sociais quando, por alguma razão, 
faltam recursos financeiros no orçamento individual e/ou familiar.
É importante esclarecer que para se ter direito às prestações da seguridade social, deve-se observar 
o preenchimento de requisitos específicos, no caso da previdência e assistência social; quanto à saúde, 
pode-se observar no quadro a seguir que se trata de direito universal e igualitário a toda a população nacional.
Quadro 1
Contributivo Não contributivo
Previdência
Regime geral: trabalhadores 
urbanos e rurais
Regimes próprios: 
servidores públicos
Regime complementar: 
previdência privada
Assistência social
Políticas assistenciais: benefício 
de prestação continuada aos idosos 
com mais de 65 anos e pessoas com 
deficiência de baixa renda
Bolsa Família
Saúde
Atividades preventivas e 
de recuperação
Acesso universal e igualitário
Sistema Único de Saúde (SUS)
Ministério da Previdência Social Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ministério da Saúde
Seguridade Social
22
Unidade I
Dessa forma, conclui-se que a seguridade social é um direito fundamental social, garantido pela 
CF/88, que visa buscar a proteção social de qualquer pessoa física contra riscos sociais que possam 
gerar miséria e impactos sociais prejudiciais, capazes de desequilibrar a ordem social, garantida pelo 
ordenamento jurídico. Compõem a seguridade social três subsistemas: Previdência Social, assistência 
social e saúde. 
Para que o indivíduo tenha direito a qualquer benefício da Previdência Social, ele deve contribuir 
para o sistema. Já para utilizar o sistema público de saúde, qualquer pessoa tem o direito de acessá-lo, 
independentemente de sua condição social, e não requer por parte da pessoa física qualquer contribuição 
para que a utilize. Quanto à assistência social, ela está relacionada aos benefícios específicos aos 
necessitados idosos, desamparados e pessoas com deficiência que não contribuíram para o sistema.
1.3 Organização e princípios constitucionais 
Conforme já tratado, a seguridade social é dividida em subsistemas. A CF/88 dispõe, além do artigo 6º, 
de capítulos individualizando os temas correspondentes a ela.
 Observação
A CF/88 é a primeira do Brasil a trazer a terminologia seguridade social, 
por isso é importante conhecer o seu artigo 194. 
A figura a seguir ilustra o enquadramento constitucional da seguridade social. 
Previdência Social – art. 201 e 202 da CF/88
Assistência social – art. 203 e 204 da CF/88
Saúde – art. 196 a 200 da CF/88
Seguridade social
Figura 5 
A Previdência Social (o antigo seguro social) é organizada sob a forma de regime geral, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e 
atuarial, e garante: 
• A cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada.
• A proteção à maternidade, principalmente à gestante.
• A proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário. 
• O salário-família e o salário-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda.
23
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
• A pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
A Previdência Social é contributiva pela razão de que apenas terão direito aos benefícios e serviços 
previdenciários aqueles que contribuem para o regime pagando contribuições previdenciárias, 
estendendo-se aos seus dependentes. Então, como a saúde e a assistência não são contributivas, não há 
que se falar em arrecadação de contribuição específica dos beneficiários, ao contrário do que se exige 
a Previdência Social, na qual o segurado/beneficiário deve concorrer em forma de pagamento para o 
sistema (AMADO, 2015).
Isso posto, a Previdência Social é de filiação obrigatória quase que instantaneamente no momento que 
se contribui. Filiação obrigatória significa que quem trabalha e, portanto, aufere rendas deverá contribuir 
para a Previdência, não de forma opcional e independentemente de registro na carteira de trabalho no 
programa, haja vista que o autônomo, mesmo sem registro na CTPS, deverá obrigatoriamente contribuir. 
Portanto, se a pessoa física começou a trabalhar e auferir rendas, mesmo que informalmente, deverá 
contribuir para Previdência, e a partir da primeira contribuição, a filiação que é obrigatória se concretiza. 
A partir dessa filiação, a pessoa física passa a ser chamada de segurado da Previdência Social. 
A CF/88 dispõe em seu artigo 201 que a Previdência Social será organizada sob a forma de regime 
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial. 
A preservação do equilíbrio atuarial significa que a Previdência manterá seus benefícios com base 
na fonte de custeio, ou seja, é a garantia de que as despesas serão plenamente financiadas com as suas 
próprias receitas; e de que as receitas previdenciárias cobrirão as despesas considerando um longo prazo. 
Para que a seguridade social (proteção social em todas as espécies) se efetive, deve-se observar 
os princípios constitucionais específicos, ou seja, as proposições teóricas que norteiam a aplicação e 
a interpretação de seu sistema de normas. Obviamente, os princípios gerais de direito também são 
plenamente aplicáveis ao direito da seguridade social. Entender os princípios da seguridade social é 
fundamental para estudar os institutos jurídicos sobre a proteção social no Brasil. 
1.3.1 Princípios informadores da seguridade social
A seguridade social tem seus princípios específicos normatizados na CF/88, no artigo 194. Os princípios 
passam à categoria de normas jurídicas ao lado das próprias regras. Portanto, devem ser observados e 
aplicados como regras e não mais ausentes de regras regulatórias. Eles são dotados de coercibilidade 
e funcionam como alicerce para o ordenamento jurídico (AMADO, 2015).
A maioria dos princípios informadores da seguridade social encontra-se nos incisos do artigo 194 
da CF/88, sendo apresentados como objetivos do sistema. Eles devem ser interpretados a depender do 
subsistema de que se trata, ou seja, se contributivo, quando se tratar de Previdência Social, ou não 
contributivo, quando se tratar de assistência social e saúde. 
24
Unidade I
A seguir está a relação dos princípios da seguridade social que serão estudados neste livro-texto:
• Universalidade da cobertura e do atendimento.
• Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.
• Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
• Irredutibilidade do valor dos benefícios.
• Equidade na forma de participação no custeio. 
• Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas 
para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência 
social, preservado o caráter contributivo da Previdência Social (redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 103/19).
• Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com 
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos 
colegiados (redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998). 
Universalidade da cobertura e do atendimento 
Este princípio impõe que a seguridade social deve assegurar direitos a todos que necessitarem 
de cobertura e atendimento decorrente de fatos relacionados a sua vida, quer pela previdência e 
assistência social, quer por questões relacionadas à saúde. Quando se tratar de atendimento e cobertura 
sob a Previdência, a universalidade é mitigada, haja vista que só serão beneficiários aqueles que 
contribuem para ela. 
Este princípio busca conferir a maior abrangência possível às ações da seguridade social no Brasil, 
de modo a garantir direitos não só aos brasileiros, mas também aos estrangeiros que residem no país, a 
depender da situação e de qual subsistema estes necessitarão, relevando a saúde que se trata de direito 
fundamental, garantindo toda a coletividade (AMADO, 2015).
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Significa a efetivação do princípio da isonomia no sistema de seguridade social. Uniformidade 
significa que os mesmos benefícios têm que ser oferecidos tanto para os segurados urbanos como 
para os rurais. Prevalece o tratamento isonômico entre a população urbana e rural na concessão de 
benefícios da seguridade social. 
Os valores pagos a título de benefícios e os serviços prestados pela seguridade social devem ser os 
mesmos destinados à população urbana e à rural. Isso não quer dizer que não possa existir um tratamento 
diferenciado, desde que haja um fator discriminado justificável para o tratamento considerado desigual. 
25
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
É o que acontece, por exemplo, com benefícios previdenciários da população rural de contribuição 
previdenciária diferenciada, baseada na produção comercializada. As normas levam em consideração as 
dificuldades que a população rural enfrenta em suas vidas, essas que trabalham em regime de economia 
familiar para manter a sua subsistência.
Conclui-se, em regra, que os eventos cobertos pela seguridade social em favor a população de rural 
e urbana devem ser os mesmos, com ressalvas ao tratamento diferenciado diante da razoabilidade, sob 
pena de não cumprimento das normas constitucionais. 
Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços
A seletividade diz respeito à escolha do legislador dos benefícios e serviços integrantes da seguridade 
social, bem como os requisitos para a sua concessão, observando as necessidades sociais. Trata-se do 
princípio da seletividade e, com base nele, o legislador escolhe as pessoas destinatárias das prestações da 
seguridade social, mediante o interesse público e as necessidades sociais. A seletividade é a determinação 
de eventos (seleção de contingências) acobertadas pela seguridade social. 
A distributividade significa que a seguridade social tem a missão de distribuição de renda no 
país. Ela coloca a seguridade social como o sistema realizador da justiça social, sendo o instrumento 
de desconcentração de riquezas, pois os segurados devem ser agraciados com as prestações da 
seguridade social, atendendo especialmente os mais necessitados. Trata-se da distribuição de proteção 
social fundamental. 
Marisa Santos (2017) afirma que o legislador deve buscar na realidade social e selecionar os eventos 
geradores das necessidades que a seguridade social deve cobrir. Precisa considerar também a prestação 
que garanta a maior proteção e bem-estar. A escolha deve recair sobre as prestações que, por sua 
natureza, tenham maior potencial para reduzir a desigualdade, concretizando a justiça social. Quanto à 
distributividade, deve escolher aqueles que mais necessitam de proteção.
Irredutibilidade do valor dos benefícios
Como o próprio nome diz, a irredutibilidade do valor dos benefícios não deve sofrer achatamento, ou 
seja, o valor inicial do benefício não pode ser reduzido. Esse valor, ao longo de sua existência, deve suprir 
e garantir o mínimo necessário para sobrevivência com dignidade, por isso não pode sofrer qualquer 
redução em sua prestação mensal.
O artigo 201 da CF/88 garante a irredutibilidade em seu texto constitucional ao afirmar no parágrafo 4º 
que é assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor 
real, conforme critérios definidos em lei.
Equidade na forma de participação de custeio 
O objetivo desse princípio é o de garantir que o custeio do sistema seja o mais amplo possível e ser 
ainda isonômico. Significa que aqueles que dispuserem de mais recursos devem contribuir de maneira 
26
Unidade I
mais acentuada para o sistema. O mesmo acontece com quem mais provoca os eventos acobertados 
pelo sistema da seguridade social. 
O conceito de equidade está intimamente ligado à ideia de justiça, mas não a justiça em relação à 
possibilidade de contribuir e sim à capacidade de gerar contingências (eventos) que terão cobertura pela 
seguridade social (SANTOS, 2017).
A equidade na participação do custeio significa que a atividade exercida pelo sujeito passivo deve 
ser considerada, bem como a sua capacidade econômica em contribuir. A atividade ainda é considerada 
na medida em que a probabilidade de provocar o evento-contingência com cobertura da seguridade 
social seja maior.
Diversidade da base de financiamento com identificação para cada subsistema
Após a reforma da Previdência que ocorreu por meio da EmendaConstitucional n. 103, de 12 de 
novembro de 2019 (BRASIL, 2019), a qual alterou o sistema de Previdência e estabeleceu regras de transição 
e disposições transitórias, o princípio da diversidade da base de financiamento em seu texto constitucional 
ganhou uma nova disposição.
Conforme a transcrição na íntegra do artigo 194 da CF/88, dispõe-se que o princípio deverá observar 
um detalhamento no que diz respeito ao custeio, observando a indicação das contribuições específicas 
para cada subsistema da seguridade social. São trâmites contábeis que de fato deverão observar tal 
comando constitucional capaz de preservar o caráter contributivo da previdência.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a 
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
(Revogado)
27
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em 
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas 
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado 
o caráter contributivo da previdência social; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 103, de 2019)
VII caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, 
com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, 
empresários e aposentados.
(Revogado)
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, 
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988).
Nos termos do artigo 195 da CF/88, o financiamento da seguridade social é de responsabilidade de 
toda a comunidade. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e 
das seguintes contribuições sociais
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, 
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem 
vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo 
ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de 
contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão 
concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei 
a ele equiparar;
28
Unidade I
[...]
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador 
artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades 
em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão 
para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o 
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos 
termos da lei (BRASIL, 1988). 
A seguridade social deverá ter múltiplas fontes a fim de garantir o pagamento e o cumprimento de 
suas coberturas, sem comprometer a arrecadação, com participação de toda a sociedade e dos atores 
políticos, como se verifica na figura a seguir.
– O custeio provém Diretamente De toda a sociedade
– O custeio provém Indiretamente 
União
Estados-membros
Município
Distrito Federal
Figura 6 – Financiamento da seguridade social 
A diversidade no custeio da seguridade social demostrada na figura anterior significa que no Brasil 
há diferentes sujeitos contributivos, como: trabalhadores, empregados, empresas, empregadores e entes 
políticos. Assim, há uma diferente base de cálculo sobre as quais incidirão as contribuições.
Caráter democrático e descentralizado da administração.
Tal princípio deve ser interpretado como gestão da seguridade social com participação de 
representantes dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Poder Público. Por isso, 
chama-se gestão quadripartite, como mostra a figura a seguir. 
Gestão quadripartide Representantes 
Trabalhadores
Empregadores
Aposentadores
Poder Público
Figura 7 
A participação desses representantes se dá por meio de órgãos colegiados de deliberação, chamados 
Conselho de Assistência Social, Conselho Nacional de Saúde e Conselho Nacional da Previdência Social. 
Assim, o Estado democrático de direito garante que haverá representantes dos trabalhadores, dos 
empresários e dos aposentados, além do governo (de todos os entes públicos), com direito a voto 
nas deliberações.
29
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
A descentralização significa que a seguridade social tem um corpo distinto da estrutura do Estado. 
No campo previdenciário, é nítida a descentralização quando se tem INSS, autarquia federal encarregada 
da execução legislativa previdenciária (SANTOS, 2017).
2 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
2.1 Noções gerais
O direito previdenciário é um ramo autônomo do direito que visa estudar os princípios e institutos 
jurídicos da Previdência Social, por isso está inserido nos estudos de legislação previdenciária. 
Sabe-se que necessitamos de um conjunto de normas ditadas pelo Estado, que estabelece a 
obrigatoriedade de filiação dos trabalhadores em RGPS, e que as algumas legislações configuram-se sob 
caráter sociológico e outras sob caráter político (CASTRO, 2020).
A partir de então, o Estado tem um papel importante a desempenhar, não só no que diz respeito 
a garantir a segurança material objetivando os direitos sociais, mas também o de promover o 
desenvolvimento econômico. A intervenção do Estado, especialmente sobre matérias de direitos sociais, 
busca restaurar e/ou manter a dignidade da pessoa humana.
Os fenômenos que levaram a existir uma preocupação maior do Estado e da sociedade com a questão 
da subsistência no campo previdenciário são de matiz específico. São aqueles que englobam indivíduos 
que exercem alguma atividade laborativa, no sentido de assegurar direitos mínimos na relação de 
trabalho, ou de garantir ou sustento, temporário ou permanentemente, quando da incapacidade em 
manter o seu próprio sustento e o de sua família.
A proteção aos previdentes (segurados da Previdência Social), ou seja, os beneficiários, é pautada 
em premissas nas quais o legislador previdenciário, para estabelecer a filiação obrigatória capaz de 
sustentar a Previdência Social, cria para todos os trabalhadores ou indivíduos economicamente ativos 
uma proteção a sua renda. Uma vez que todo o sistema é calcado no ideal de solidariedade, se apenas 
os mais previdentes resolvessem fazer a contribuição para a previdência, os demais, ao necessitarem da 
tutela estatal por incapacidade laborativa, causariam ônus ainda maior a estes trabalhadores previdentes 
(CASTRO, 2020). 
 Lembrete
O legislador previdenciário prevê a filiação obrigatória para todos os 
trabalhadores ou indivíduos economicamente ativos, cujas contribuições 
são capazes de sustentar a Previdência Social. Significa uma proteção de 
sua renda, em caso de incapacidade para o trabalho, reforçando a ideia 
de que o sistema é pautado na solidariedade, assim assegurando a tutela 
estatal dos necessitados.
30
Unidade I
O modelo brasileiro de previdência se divide da seguinte maneira:
• RGPS: regime obrigatório destinado a todos os trabalhadores não enquadrados no regime próprio,diretamente ligado ao setor privado, e gerido pelo INSS. Suas principais normas são estudadas 
pelo direito previdenciário. Legislação: Leis n. 8.212/91 e n. 8.213/91, além do Decreto n. 3.048/99 
e artigo 201 da CF/88.
• RPPS: regime obrigatório destinado aos servidores públicos da União, estados, Distrito Federal, 
municípios, autarquias e fundações públicas. Gerido pelos órgãos da administração pública, 
tem suas regras gerais previstas pelo artigo 40 da CF/88. As leis principais são: Lei n. 8.112/90, 
n. 9.717/98 e n. 10.887/04.
• Complementar (previdência privada): regime facultativo de natureza complementar aos 
regimes obrigatórios anteriormente mencionados. Pode ser público ou privado. É previsto pelas 
Leis Complementares n. 108 e n. 109/01, artigo 202 c/c artigo 40, §§ 14 a 16 da CF/88. Estudado 
pelo direito civil/empresarial (direito dos seguros privados).
Sistema de 
previdência 
brasileiro
Regime geral de 
previdência 
social (INSS)
Regimes 
próprios de 
previdência
Previdência 
complementar
Complementar 
aberta (planos 
individuais ou 
coletivos)
Complementar 
fechada 
(planos coletivos)
Patrocinador 
(empresa)
Instituidor 
(entidades 
associativas)
Figura 8 
2.2 Conteúdo, autonomia e fontes da legislação previdenciária
2.2.1 Conteúdo
O conteúdo da legislação previdenciária contém os próprios preceitos da seguridade social, ou seja, a 
legislação previdenciária disciplina como funciona o sistema da seguridade social no Brasil, justamente 
por ser seu subsistema de caráter contributivo e de filiação obrigatória.
31
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
2.2.2 Autonomia
As normas de direito previdenciário são importantes, já que é necessário estabelecer critérios de 
análise das relações jurídicas específicas que ocorrem nesse âmbito tão complexo de atuação estatal que 
é a segurança social. Para que isso ocorra, é necessário reconhecer seus próprios princípios, específicos e 
diferenciados, do direito e demais ramos, bem como as relações jurídicas a serem normatizadas. Portanto, 
justifica-se ser o direito previdenciário um ramo autônomo dos demais ramos do direito.
A CF/88 tem um capítulo próprio destinado à seguridade social (capítulo II, título VIII) porque a 
relação na seguridade social é formada entre particulares e Estado, enquanto no direito do trabalho, por 
exemplo, é formada entre particulares. É autônoma porque a relação na seguridade social depende de 
lei, e no direito do trabalho, por exemplo, depende da vontade das partes. Há diversas leis específicas 
que tratam da seguridade social, fortalecendo a ideia de que se trata de um direito autônomo, 
independentemente dos demais ramos do direito. 
No direito contemporâneo, todos os ramos do direito defluem da CF/88, assim, a autonomia dos 
ramos é, nesse aspecto, relativa. A maioria dos autores reconhece a autonomia do direito previdenciário, 
que tem normas, princípios e objeto próprios e institutos e métodos específicos, isto é, reúne os requisitos 
necessários para poder ser tratado como um ramo do direito público social.
Da mesma maneira, há conceitos próprios, que não são utilizados em outros ramos do direito, como 
salário de contribuição, segurados, aposentadorias, auxílio-acidente, reconhecimento de insalubridade 
e periculosidade etc. 
2.2.3 Fontes
Quanto às fontes do direito, elas são responsáveis pelo surgimento das normas jurídicas, capazes de 
fundamentar seu nascimento, e são classificadas como materiais e formais.
As fontes materiais são variáveis sociais, econômicas e políticas que, em um determinado momento, 
relevando a evolução histórica, justificam a produção de certas normas. São fontes que interferem na 
produção de normas jurídicas. Então, fontes materiais são fatos sociais, econômicos e políticos que 
motivam a criação da lei ou norma. 
Já as fontes formais são meios de exteriorização do direito. A CF/88 e seus princípios-objetivos são as 
fontes formais de maior hierarquia. Ela nada mais é do que as normas constitucionais, infraconstitucionais, 
decretos, regulamentos, portarias etc. Além da CF/88 e seus princípios, temos as principais fontes formais 
no direito previdenciário.
A seguir estão as principais fontes formais: 
• Constituição: nas constituições brasileiras, sempre houve menção à seguridade social – a 
começar pela Carta Imperial de 1824, que tratava dos socorros públicos. Na CF/88, há um grande 
número de previsões sobre seguridade social. Exemplos: o artigo 7º, que consagra o direito ao 
32
Unidade I
salário-família, salário-maternidade, aposentadoria, seguro contra acidentes de trabalho etc.; 
e o capítulo II, título VIII, denominado Da ordem social, que versa a organização e os princípios da 
seguridade social (artigos 194 a 204). 
• Leis ordinárias e complementares, medidas provisórias e leis delegadas: 
—― Lei n. 8.212/91 (Plano de Custeio da Seguridade Social): trata do custeio da seguridade 
social, estabelecendo quais receitas são a ela destinadas, quem são seus contribuintes e o 
conceito de salário de contribuição (base de incidência das contribuições previdenciárias) etc.
—― Lei n. 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social): trata dos benefícios da 
Previdência Social – beneficiários, condições para obtenção, conceito de dependentes etc. 
—― Lei n. 8.742/93 (Loas): trata da assistência social – objetivos, princípios, financiamento, 
benefícios (benefício de prestação continuada), serviços etc.
—― Lei n. 8.080/90: trata da saúde – Serviço Único de Saúde (SUS), serviços privados de 
atendimento à saúde, financiamento do sistema etc.
—― Lei Complementar n. 7/70: regulamenta o Programa de Integração Social (PIS), estabelecendo 
regras sobre contribuições, quotas e rendimentos etc.
—― Lei Complementar n. 8/70: regulamenta o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor 
Público (Pasep), estabelecendo regras sobre contribuições, quotas e rendimentos etc.
—― Lei Complementar n. 109/01: regime da previdência privada ou complementar.
• Atos do Poder Executivo: atos normativos secundários fundamentais, haja vista a necessidade 
de regulação in concreto da matéria previdenciária. 
—― Decretos e regulamentos: destaque para o Decreto n. 3.048/99, que institui o Regulamento 
da Previdência Social (RPS), e para o Decreto n. 6.214/07, que regulamenta o benefício de 
prestação continuada (Loas). 
—― Portarias: frequentemente expedidas pelo Ministério da Previdência Social ou interministeriais, 
contêm instruções para a execução de leis, decretos e regulamentos. Exemplos: portarias que 
tratam da revisão do valor de benefícios.
—― Ordens de serviço e instruções (ou orientações) normativas: expedidas pelo Ministério da 
Previdência Social, complementam as portarias, visando uniformizar procedimentos em matéria 
de seguridade social (normas de execução). Exemplos: ordens de serviços para construção de 
APS ou procedimento para arrecadação de contribuições.
33
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
—― Enunciados: os demais órgãos julgadores do CRPS devem observar o entendimento (efeito 
vinculante: artigo 15, § 1º da Portaria MPS 323/07). 
• Convenções e acordos coletivos de trabalho: trazem conteúdo determinando a relação 
de emprego e criam complementações de benefícios previdenciários, como, por exemplo, o 
reconhecimento de atividade insalubre e/ou perigosa. 
• Tratados, convenções e acordos internacionais que versem sobre matéria previdenciária 
(artigo 85-A, Lei n. 8.212): tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado 
estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria 
previdenciária, serão interpretados como lei especial. 
 Observação
A fonte formal do direito previdenciário é composta por normas de 
direito público que regem as suas relações e emanam do Estado. 
2.3 Aplicação das normas previdenciárias: vigência, hierarquia, interpretação 
e integração
2.3.1 Aplicação 
Se um ordenamento jurídico é composto de mais de uma norma, disso advém que os principais 
problemas quedizem respeito à existência de um ordenamento são os que nascem das relações das 
diversas normas entre si (CASTRO, 2020). 
Na aplicação das normas que envolvem a relação de seguro social, que tratam tanto da filiação 
ao sistema, da concessão, manutenção e irredutibilidade de benefícios, deve-se recordar que se trata 
de direito fundamental social com a intenção de buscar e interpretar as normas com os devidos fins 
sociais (CASTRO, 2020). Portanto, sua aplicabilidade pretende efetivar os direitos sociais fundamentais 
e que são, portanto, constitucionais.
2.3.2 Vigência
De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Lindb), as leis têm vigência a 
partir de 45 dias após sua publicação, período esse chamado de vacatio legis. Porém, é possível que 
outro prazo seja determinado pela lei, considerando a data da publicação.
Não há previsão legal que impeça que leis – exceto imperativos constitucionais – venham disciplinar 
de modos diversos, ou até mesmo de modos inéditos, questões relacionadas ao direito previdenciário. 
34
Unidade I
Normalmente, no direito da seguridade social, as normas entram em vigor quando de sua publicação, 
porém, deve-se atentar para o caso da instituição ou modificação de contribuições previdenciárias. 
Deve-se também observar o princípio da anterioridade nonagesimal, que só poderá ser exigida após 
decorridos noventa dias de sua publicação. Vislumbra-se também que não se aplica ao exercício 
financeiro, como rege o artigo 195, § 6º da CF/88. 
As contribuições sociais de que trata esse artigo só poderão ser exigidas depois de decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando 
o disposto no artigo 150, III, b.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou 
aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II – instituir tratamento desigual 
entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida 
qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles 
exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, 
títulos ou direitos; III – cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei 
que os houver instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada 
a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b 
(BRASIL, 1988).
A eficácia pode ser analisada em relação ao tempo e ao espaço e diz respeito ao momento em que 
a norma passará a ser aplicada.
Segundo regra da Lindb, a lei é eficaz após o período de vacatio legis. Portanto, a lei previdenciária tem 
eficácia imediata a partir de sua vigência e alcança todas as situações em curso, desde que respeitados 
o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. 
Vigência é a qualidade daquilo que está em vigor. Diz respeito à validade formal da lei. Já eficácia 
diz respeito à incidência da norma legal sobre o fato, resultando na produção de um efeito jurídico. 
A eficácia pressupõe sempre a vigência da lei. A lei vigente nem sempre pressupõe a possibilidade de sua 
aplicação imediata.
35
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
2.3.3 Hierarquia
Hierarquia é a ordem de graduação entre as normas, estudada pelo direito constitucional. Em síntese, 
pensando-se de forma decrescente, tem-se a seguinte hierarquia entre normas: constituição, emendas 
constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções, 
decretos regulamentares, normas internas como portarias e normas individuais como contratos. 
As normas previdenciárias também se submetem a essa hierarquia. Para melhor visualizarmos a 
questão da hierarquia das normas, inclusive as normas de direito previdenciário, vejamos o quadro a seguir:
Constituição
Emendas constitucionais
Lei complementar
Lei ordinária
Lei delegada
Decreto legislativo
Decreto presidencial
Portaria
Instrução normativa, resolução, ato normativo, 
ato administrativo, portaria, aviso
Figura 9 
Devido ao fenômeno da migração de pessoas, produto da globalização da economia e do próprio 
capitalismo, que se trata de movimentos populacionais que buscam oportunidade de trabalho, têm-se 
adotado para tais questões os tratados internacionais, que celebram acordos de reciprocidade de 
tratamento da matéria de proteção social, tendo o Brasil aderido e firmado vários deles. 
 Observação
Em se tratando das duas leis específicas sobre Previdência Social 
(Leis n. 8.213/91 e n. 8.212/91), é importante destacar que não há entre 
elas hierarquia e, em caso de conflito entre elas, prevalecerá o critério 
da especificidade.
36
Unidade I
2.3.4 Interpretação 
A aplicação de qualquer norma ao caso concreto, entretanto, envolve atividade prévia de 
interpretação, é preciso delimitar os contornos da lei para determinar a que hipóteses ela se aplica. Para 
tanto, a doutrina aponta métodos tradicionais de interpretação (também aplicáveis às normas de direito 
da seguridade social):
• Método gramatical ou literal: busca o sentido da norma por meio da análise de seus termos 
(palavras, expressões, pontuação etc.).
• Método histórico: busca o sentido da norma por meio da análise de seus antecedentes, bem 
como de seu processo de formação (discussões legislativas, ambiente histórico de produção etc.).
• Método lógico ou sistemático: busca o sentido da norma em face do documento no qual ela se 
insere de maneira global (título em que está inserida, plano da lei etc.).
• Método teleológico: busca o sentido da norma com base em sua finalidade – não apenas na 
vontade do legislador, mas no problema que a norma deseja resolver.
A interpretação da lei, texto genérico e abstrato, visa determinar o sentido e a abrangência 
das normas jurídicas, de modo que seu aplicador alcance a correta mens Iegis. É sabido que a lei, 
em regra, apresenta um leque de possibilidades interpretativas, todas compatíveis com as palavras 
empregadas no texto. 
Friedrich Carl von Savigny foi um dos mais respeitados e influentes juristas alemães do século XIX. 
Seu pensamento teve grande influência no direito alemão, bem como no direito dos países de tradição 
romano-germânica, especialmente no direito civil. Os critérios de interpretação sugeridos por Savigny são: 
• Gramatical: interpretação na qual há grande apego à forma, ou seja, busca-se o sentido da lei 
mediante a análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador. 
• Teleológico: método no qual o intérprete busca o fim almejado pelo legislador. É o objetivo a ser 
atingido com o dispositivo legal. 
• Sistemático: uma lei não pode ser um corpo estranho dentro do ordenamento jurídico, mas sim 
parte de um todo homogêneo, desprovido de contradições internas. 
• Histórico: interpretação que busca a análise do momento histórico da aprovação da lei. São as 
discussões elaboradas à época, as alterações e inserções feitas em seu texto etc.
37
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
2.3.5 Integração 
Integrar significa preencher uma lacuna existente no ordenamento jurídico. Lacuna é a ausência de 
norma específica para solucionar uma lide ou aplicar a uma determinada relação jurídica. Para tanto, o 
intérprete se utilizará de técnicas jurídicas diversas e seguem as principais:
• Analogia: ampliação da abrangência de uma norma jurídica para abarcar situação semelhante 
àquela originalmente tutelada pela norma (por exemplo, companheiro homoafetivo). 
• Equidade: justiça no caso concreto – aplicar a lei de maneira a assegurar a maior igualdade 
possível (por exemplo, julgados que estenderam benefício da pensão por morte ao companheiro, 
mesmo antes de a regra ser estabelecida em lei).
• Princípios gerais do direito: utilizados para conferir coerência à norma. Não englobam apenas 
os princípios

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