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60 Unidade III Unidade III 5 BENEFÍCIOS EM ESPÉCIES O RGPS prevê no artigo 18 da Lei n. 8.213/91 as prestações previdenciárias devidas em razão de eventos decorrentes, inclusive de acidente do trabalho. São prestações (benefícios) expressas no mencionado artigo de lei, não sendo possível a criação de implemento de qualquer outra, senão em virtude de lei. A Previdência Social é encarregada de oferecer aos segurados e aos seus dependentes prestações que são classificadas em benefícios e serviços. Os benefícios são prestações mensais pagas em dinheiro em montante previamente definido por lei. Já os serviços são atividades práticas realizadas pela Previdência, como, por exemplo, o serviço de reabilitação profissional (SERAU JR., 2020). O rol de benefícios e serviços a cargo da Previdência contempla as contingências sociais previstas na CF/88 e seu artigo 201. Portanto, os eventos-contingência abarcados pela lei devem ser observados para que então a prestação correlata agregada aos requisitos específicos se concretize e, portanto, seja o benefício implementado. As contingências definidas por lei são: • Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada. • Proteção à maternidade, especialmente à gestante. • Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário. • Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda. • Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. Os benefícios-prestações definidos em lei são os elencados no artigo 18 da Lei n. 8.213/91. Em relação ao segurado, há previsão dos seguintes benefícios: • Aposentadoria por invalidez (incapacidade permanente). • Aposentadoria por idade. 61 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA • Aposentadoria por tempo de contribuição. • Aposentadoria especial. • Auxílio-doença. • Auxílio-acidente. • Salário-maternidade. • Salário-família. O RGPS ainda prevê determinadas prestações exclusivas para dependentes, quais sejam: • Pensão por morte. • Auxílio-reclusão. Já para os segurados e dependentes, a lei prevê: • Reabilitação profissional. • Serviço social. 5.1 Aposentadoria por invalidez Trata-se de aposentadoria por incapacidade permanente, assim chamada por determinação da reforma da Previdência, por meio da Emenda Constitucional n. 103/2019 que inovou o inciso I do artigo 201 da CF/88. Trata-se de um benefício decorrente da incapacidade do segurado para o trabalho, sem perspectiva de reabilitação para o exercício laboral capaz de manter o seu próprio sustento. É um benefício de pagamento contínuo, de risco imprevisível, decorrente da incapacidade de exercer suas atividades. A aposentadoria por incapacidade permanente, a antiga aposentadoria por invalidez, é garantida ao segurado que está impossibilitado de trabalhar e insuscetível de reabilitação para a atividade garantidora da subsistência (CASTRO, 2020). Ela será paga enquanto o segurado permanecer incapaz para o exercício da atividade laboral, portanto, trata-se de benefício provisório com nítida tendência a se tornar definitivo, podendo ser concedido em decorrência de auxílio-doença. 62 Unidade III Figura 19 Lembrete A aposentadoria por incapacidade permanente não é prestação vitalícia, ou seja, se o segurado recuperar a sua capacidade laborativa, cessará o benefício. Todos os segurados do RGPS são beneficiários da aposentadoria permanente por incapacidade em decorrência de doença ou de acidente do trabalho. Somente o segurado empregado, o empregado doméstico, o trabalhador avulso e o segurado especial têm garantida a aposentadoria por incapacidade permanente oriunda de acidente do trabalho. Um dos requisitos para o implemento desse benefício é a chamado carência, ou seja, o segurado deve ter um número de contribuições mensais para que o benefício seja implementado. No caso da aposentadoria por incapacidade permanente oriunda de acidente do trabalho e de doenças especificadas como graves, contagiosas ou incuráveis, determinadas por lei, não se exige carência. Já para os demais casos, isto é, não sendo acidente do trabalho, doença do trabalho ou profissional e doenças tipificadas no artigo 151 da Lei n. 8.213/91, a carência é de 12 contribuições mensais para que seja implementado o benefício. Assim que implementada, só cessará com a recuperação da capacidade laborativa, podendo ser cancelada a qualquer momento ou com a morte do segurado. Em face do dispositivo do artigo 46 do Decreto n. 3.048/99 e 101 da Lei n. 8.213/91, o beneficiário está obrigado, a qualquer tempo, independentemente de sua idade, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência, bem como ao processo de reabilitação profissional por ela prescrito, sob pena de suspensão do benefício. Tais serviços são garantidos pela Previdência Social. Vale destacar que se o aposentado retornar voluntariamente à atividade profissional, o benefício será imediatamente cancelado, como atesta o artigo 46 da Lei n. 8.213/91. 63 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA O trabalhador-beneficiário somente terá direito e o dever de retornar ao trabalho se for considerado apto para a função exercida originalmente de quando foi contratado. Caso seja recuperada a capacidade laborativa desse trabalhador para outras funções, o empregador poderá recebê-lo de volta, contudo, exercendo outra função distinta da do contrato de trabalho. Quanto ao valor a ser recebido a título de aposentadoria por incapacidade permanente, antes da reforma da Previdência prevista na Emenda Constitucional n. 103/2019, o valor mensal corresponde a 100% do salário de benefício. Após a reforma, ou seja, para eventos-contingências ocorridos após sua publicação, se a aposentadoria não for proveniente de acidente do trabalho, corresponderá a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição no caso de homens e de 15 anos, no caso de mulheres. No caso de aposentadoria por incapacidade permanente por conta de acidente do trabalho, doença profissional ou doença do trabalho, o valor será de 100% do salário-benefício. As regras gerais da aposentadoria por incapacidade permanente encontram-se no artigo 201, I, da CF/88, nos artigos 42 a 47 da Lei n. 8.213/91 e nos artigos 43 a 50 do Decreto n. 3.048/99. 5.2 Aposentadoria por idade Criada pela Lei n. 3.807/60 e mantida pela reforma da Previdência, era devida ao segurado que completasse 65 anos de idade para homens e 60 anos de idade, se mulher, além do requisito carência, ou seja, de no mínimo 180 meses de contribuições mensais. Muito embora a EC n. 103/19 tenha mantido o tipo de aposentadoria a partir de sua vigência, a idade da mulher foi elevada para 62 anos de idade, permanecendo a do homem em 65 anos, para que então seja implementada a aposentadoria por idade. Além do quesito idade, o tempo mínimo de contribuição mensal, após a última reforma da previdência e para novos segurados, é de 20 anos de contribuição no mínimo. Vale destacar que para aqueles filiados antes da Reforma mantém-se os requisitos anteriores, ou seja, poderá se aposentar por idade o homem com 65 anos de idade e de no mínimo 15 anos de contribuição, para quem era filiado até a EC n. 103/2019. Quanto aos requisitos da mulher segurada, poderá se aposentar com 60 anos e 15 anos de contribuição, no entanto, após a medida, a idade foi elevada para 62 anos. A legislação também trata do trabalhador rural. Para os trabalhadores rurais de ambos os sexo e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal, a idade é reduzida para 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher. E após a Reforma, além de 15 anos de tempo de atividade rural (CASTRO, 2020). 64 Unidade III A aposentadoria por idade por ser requerida pela empresa, nos termos no artigo 49 da Lei de Benefícios,desde que o empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70 anos de idade, se homem, e 65 anos, se mulher. Nesse caso será garantida a indenização prevista na legislação trabalhista ao empregado que se aposentar compulsoriamente. Sendo assim, a empresa que toma a atitude de aposentar seu empregado com mais de 70 anos e tendo ele preenchido o quesito carência, apenas decreta a extinção do contrato de trabalho, arcando com as verbas decorrentes da dispensa (CASTRO, 2020). Quanto à carência, para os inscritos após 1991, as contribuições exigidas são de 180 contribuições mensais. Para os inscritos antes de 1991, a legislação prevê uma tabela progressiva, impondo idade e número de contribuição. O trabalhador rural deverá comprovar o exercício da atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido. Fato importante é que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por idade, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento. Ou seja, além da idade, deverá ter 15 anos no mínimo de contribuição e, após a EC n. 103/2019 para os novos segurados, 20 anos. O valor do benefício até a entrada em vigor da reforma da Previdência era proporcional ao tempo de contribuição, consistindo em uma renda mensal correspondente a 70% do salário-benefício, acrescido de 1% a cada grupo de doze contribuições mensais, até o limite de 100% do salário. Após a reforma, o valor do benefício é de 60% do valor do salário-benefício, com acréscimos de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição para homens e 15 anos para mulheres (CASTRO, 2020). 5.3 Aposentadoria por tempo de contribuição A aposentadoria por tempo de contribuição é o resultado da evolução legislativa da aposentadoria por tempo de serviço, criada pela Lei Eloy Chaves e extinta pela EC n. 20/2018. Era devida, de forma proporcional, ao segurado que completasse 25 anos de serviço, se mulher, ou trinta anos, se homem desde que cumprido o período de carência exigido. Para aposentadoria por tempo de serviço com proventos integrais, o homem necessitava comprovar 35 anos, se homem, e 30, se mulher (CASTRO, 2020). Tais requisitos eram necessários até a publicação da EC 20/2018. Para quem se filiou após a publicação dessa emenda constitucional, aplicam-se as novas regras, observando o tempo de contribuição e não mais o tempo de serviço e, além disso, não mais se fala em aposentadoria proporcional, somente de forma integral. Portanto, nasce a aposentadoria por tempo de contribuição de forma integral e com o requisito tempo de contribuição somente. 65 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Então, os segurados inscritos a partir 1998, inclusive os oriundos de outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida, terão direito à aposentadoria por tempo de contribuição desde que comprovem 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher. A referida aposentadoria por tempo de contribuição se trata de benefício de trato continuado, devido mensal e sucessivamente, para o segurado que completar 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos de contribuição, se mulher. Quanto ao segurado especial (o rural), se contribuísse somente com base na comercialização de produção rural, não teria direito à aposentadoria por tempo de contribuição, exceto se optasse por efetuar contribuições mensais, de forma voluntária. No caso de contribuinte individual e segurado facultativo, a legislação estabelece forma diferenciada quanto à alíquota sobre seus rendimentos, possibilitando recolher/contribuir com um percentual de 11% sobre o valor mínimo mensal do salário de contribuição, ou seja, sobre o salário mínimo. Nesse caso, o contribuinte individual que optasse por recolher sobre o salário mínimo e no percentual de 11%, bem como os segurados facultativos na mesma condição, não poderiam desfrutar da aposentadoria por tempo de contribuição. A exemplo daqueles segurados que contribuem de forma reduzida, temos também a figura do microempreendedor individual (MEI), que tem a contribuição reduzida a 5% do salário mínimo. Nesse sentido, temos também a do segurado facultativa, sem renda própria, possibilitando também o recolhimento de 5% sobre o salário mínimo. Entretanto, todos sem direito à aposentadoria por tempo de contribuição. Nos casos tratados anteriormente, os de segurados de contribuição reduzida, poderão ser beneficiários da aposentadoria por tempo de contribuição desde que efetuem a complementação dos valores devidos a título de contribuição mensal. Tal complementação se dará mediante o recolhimento sobre o valor correspondente ao limite máximo mensal do salário de contribuição em vigor, observando a competência a ser complementada. Pagará a diferença entre o percentual pago e 20%, acrescidos dos juros equivalentes à taxa Selic (CASTRO, 2020). Vale destacar que a perda da qualidade de segurado não é considerada para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. Após a emenda 103/2019 da reforma da Previdência, deixa de existir a aposentadoria por tempo de contribuição para os novos segurados, sendo mantida aos já filiados antes da publicação da emenda. No entanto, deve-se observar a regra de transição imposta pela lei. Temos a partir de então somente a possibilidade de concessão de aposentadoria voluntária com cumprimento de tempo de contribuição e de idade mínima, de forma concomitante ou por pontuação. A aposentadoria por pontuação mínima é aquela que somados a idade e o tempo de contribuição, se totalizar os pontos exigidos por lei, a pessoa pode se aposentar. Ela significa hoje que a pontuação 66 Unidade III requerida será de 87 para mulheres e de 97 para homens. A soma da idade mais o tempo de contribuição deverá atingir a pontuação mínima para se ter direito à aposentadoria. A cada ano, subirá um ponto para as mulheres e homens até o limite de 100 e 105, respectivamente. Deve-se observar que independentemente da soma, a exigência mínima de contribuição, ou de tempo de contribuição, é de 30 anos (mulheres) e de 35 anos (homens). Tabela 2 Pontos progressivos Homem Mulher 2019 96 2019 86 2020 97 2020 87 2021 98 2021 88 2022 99 2022 89 2023 100 2023 90 2024 101 2024 91 2025 102 2025 92 2026 103 2026 93 2027 104 2027 94 2028 105 2028 95 2029 105 2029 96 2030 105 2030 97 2031 105 2031 98 2032 105 2032 99 2033 105 2033 100 Diante das novas regras impostas pela reforma, foi prevista a regra de transição para aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima, para homens e mulheres que faltam cumprir até dois anos de contribuição na data da publicação da EC n. 103/2019, exigindo contribuição no importe de 50% sobre o tempo faltante (CASTRO, 2020). A reforma da Previdência operou uma mudança paradigmática no sistema previdenciário brasileiro, extinguindo-se a aposentadoria por tempo de contribuição e passando a adotar, unicamente, a aposentadoria por idade para o RGPS (SERAU JR., 2020). 5.4 Aposentadoria especial Esta modalidade de benefício é uma das mais importantes para os nossos estudos, uma vez que trata da aposentadoria de espécie de tempo de contribuição, com redução do tempo necessário para a concessão desse benefício. A CF/88 veda a adoção de critérios diferenciados para a concessão de aposentadorias, ressalvando os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física 67 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA dos trabalhadores, ou seja, trabalhadores que desenvolvem atividades insalubres e perigosas. Por isso os critérios diferenciados e perfeitamente justificáveis. A finalidade da aposentadoria especial é a de amparar o trabalhador que laborou em condições nocivas e perigosasa sua saúde e integridade física, reduzindo o tempo de serviço e contribuição para ser detentor do direito de se aposentar. Figura 20 O tempo mínimo de exercício previsto no artigo 57 da Lei n. 8.213/91 dispõe que ao trabalhador sujeito a condições especiais que prejudiquem sua saúde ou integridade física durante 15, 20 ou 25 anos será devida a aposentadoria especial. As condições degradantes são impostas por lei e a partir desse enquadramento é que se pode afirmar o direito do trabalhador a se aposentar com 15, 20 ou 25 anos, a depender da atividade exercida. Este benefício constitui uma modalidade de aposentadoria por tempo de serviço, com redução desse tempo em função das peculiares condições sob as quais a atividade é exercida, presumindo a lei que seu desempenho não poderia ser efetivado pelo mesmo período das demais atividades profissionais (ROCHA, 2018). Quanto à carência mínima, equipara-se à exigida pela aposentadoria por idade, enfatizando que o requisito específico nesse caso é o de tempo de exercício em atividade laboral em condições insalubres e/ou perigosas. No entanto, a reforma da Previdência alterou substancialmente a aposentadoria especial. Para os filiados, a partir da publicação, se estabelece a possibilidade de previsão por lei complementar de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes nocivos, como químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associações desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação (CASTRO, 2020). 68 Unidade III Lembrete Além da carência, que diz respeito ao número de contribuições mensais feitas pelo segurado, é necessário também a comprovação do tempo mínimo exigido em atividades prejudiciais à saúde ou à integridade física. A aposentadoria especial será devida somente ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, sendo que este último só será beneficiário se filiado à cooperativa de trabalho ou de produção. As condições de trabalho que geram direito à aposentadoria especial são comprovadas por prova documental específica que, por sua vez, traz demonstrações ambientais que caracterizam a efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos (CASTRO, 2020). Em se tratando do valor dos benefícios, a partir da entrada da EC n. 103/2019, aqueles que não preencheram os requisitos antes da entrada em vigor terão seu valor de aposentadoria especial em 60% do valor do salário-benefício, que é a média integral de todos os salários de contribuição, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição para homens e de 15 anos para as mulheres. 5.5 Auxílio-doença O auxílio-doença é um tipo de benefício por incapacidade laboral concedido ao segurado que temporariamente está incapacitado de exercer suas atividades de trabalho por doença ou acidente. Enquadra-se também quando por prescrição médica, a exemplo de gravidez de risco, deverá permanecer em repouso, não exercendo suas atividades laborais por um período superior ao de responsabilidade do empregador. Figura 21 69 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Entende-se por incapacidade laborativa a impossibilidade de desempenhar funções específicas de atividades que habitualmente exerciam o segurado, por motivo de doença ou acidente. Saiba mais Para acessar as alterações morfopsicofisiológicas reconhecidas pelo INSS, leia o manual a seguir: INSTITUTO Nacional do Seguro Social (INSS). Manual técnico de perícia médica previdenciária. Brasília: INSS, 2018. Disponível em: https:// www.saudeocupacional.org/v2/wp-content/uploads/2018/03/Manual- T%C3%A9cnico-de-Per%C3%ADcia-M%C3%A9dica-2018.pdf. Acesso em: 6 ago. 2020. Todos os segurados do RGPS podem ser beneficiários do auxílio-doença previdenciário. Cabe esclarecer que se o auxílio é proveniente de acidente do trabalho, ele caberá somente aos segurados empregados, inclusive o doméstico, o trabalhador avulso e o segurado especial. O auxílio-doença, em regra, não exige carência, desde que seja proveniente de acidente do trabalho, doenças ocupacionais e situações equiparadas, ou acidente de outra natureza. Não se exige também, em caso de doenças tipificadas como graves, contagiosas ou incuráveis, nos termos do artigo 151 da Lei n. 8.213/91. Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada (BRASIL, 1991b). Nos demais casos de doenças que não se enquadram nas especificadas anteriormente, a carência exigida é de 12 meses, ou seja, 12 contribuições mensais anteriores ao evento-contingência. Observação Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao RGPS já portador da doença. Porém, se a doença for agravada pela atividade laborativa ele terá direito ao benefício. 70 Unidade III Destaca-se que o auxílio-doença é devido mesmo que a enfermidade seja diagnosticada dentro do período de graça que trata o artigo 15 da Lei n. 8.213/91. Após a cessação do benefício do auxílio-doença decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, tendo o segurado retornado ao trabalho ou não, se houver agravamento ou sequela que resulte na reabertura do benefício, a renda mensal inicial será igual a 91% do salário de benefício do auxílio cessado, corrigido até o mês anterior ao da reabertura do benefício (CASTRO, 2020). Quanto ao prazo para recebimento do auxílio-doença, nos termos da lei é indeterminado, cessando com a recuperação da capacidade laborativa ou na transformação em aposentadoria e até mesmo com a morte do segurado. No entanto, sempre que possível, por ato administrativo do INSS ou até mesmo por ordem judicial, deverá fixar um prazo estimado de duração do auxílio. Na ausência de prazo fixado, o benefício cessará após 120 dias, contado da concessão ou de reativação do benefício, exceto se o segurado providenciar requerimento de prorrogação perante o INSS. O segurado que sofreu acidente do trabalho garante a estabilidade e a manutenção de seu contrato de trabalho pelo prazo mínimo de 12 meses, após a cessação do auxílio-doença acidentário. Observação Há estabilidade de 12 meses no caso de acidente do trabalho após a cessação do auxílio-doença independentemente da percepção de auxílio-acidente. O segurado em gozo do auxílio-doença está obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se: a exame médico pericial junto à Previdência; ao processo de reabilitação profissional; e ao tratamento de reabilitação. Exceção: o segurado pode se negar a processo que venha sofrer intervenção cirúrgica e a transfusão de sangue, igualmente como acontece na aposentadoria por incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez). Enfatiza-se que o auxílio-doença acidentário será devido ao empregado urbano ou rural, ao trabalhador avulso, ao segurado especial, todos esses que exercem trabalho remunerado, quando sofrem acidente do trabalho e são considerados incapazes para o exercício de suas atividades. 5.6 Auxílio-acidente Trata-se do benefício (indenização) previdenciário devido ao segurado que após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza resultar em sequela definitiva, a qual implique em redução da capacidade laborativaque habitualmente desempenhava. O auxílio-acidente é um benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado como forma de indenização, sem caráter substitutivo do salário, pois é recebido cumulativamente como este, quando, após a consolidação das lesões decorrentes do acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem na redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (CASTRO, 2020). 71 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Esse auxílio é devido após verificar a consolidação das lesões por conta de acidente de qualquer natureza e não somente de acidente do trabalho. Por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência, exceto com aposentadoria. Portanto, será devido até que o beneficiário se aposente ou quando falecer. Ele integra o cálculo do salário de qualquer aposentadoria, no entanto, não contará para concessão de pensão por morte. No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente que tenha dado causa ao auxílio-acidente, ele será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaberto. Quanto aos beneficiários contribuintes individuais e segurados facultativos, eles não fazem jus a esse benefício, segundo a interpretação dominante na jurisprudência, por não estarem enquadrados na proteção acidentária (CASTRO, 2020). A sua concessão independe de números de contribuições mensais pagas, contudo, é preciso manter a qualidade de segurado. Quanto à renda mensal inicial do auxílio-acidente, após a reforma da Previdência, para os acidentes que ocorreram a partir de então, após a média aritmética dos seus salários de contribuição de todo o período contributivo ou a partir de julho de 1994, equivale a 50% do salário-benefício correspondente à aposentadoria por invalidez à qual teria direito. Ainda, por determinação das novas regras, o auxílio-acidente deixou de ser vitalício e será devido enquanto persistirem as sequelas. Tal alteração permite que o INSS convoque os beneficiários para revisões periódicas de seus benefícios a fim de verificar e certificar a condição de sequela permanente. 5.7 Salário-maternidade Trata-se de um benefício criado por lei para garantir a proteção à trabalhadora gestante, tanto na esfera do direito do trabalho quanto na do direito previdenciário. Especificamente no campo previdenciário evidencia-se a proteção da gestante pela concessão do benefício salário-maternidade com duração em regra geral de 120 dias. Figura 22 72 Unidade III A CF/88 garantiu a proteção à maternidade, em especial à gestante, estendendo a duração da licença para 120 dias, sem prejuízo de emprego e do salário, nos termos do artigo 7º, XVIII. A legislação previdenciária impõe regras para a concessão desse benefício, disciplinadas pelos artigos 71 a 73 da Lei n. 8.213/91, em que será concedido inicialmente às seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas e empregadas domésticas, sem exigência de carência, podendo ter início entre 28 dias antes do parto e da data do nascimento. Para as seguradas especiais, contribuintes individuais e facultativas, este benefício foi estendido por força lei, publicada respectivamente em 1994 e 1999, exigindo carência mínima de 12 meses imediatamente anteriores ao nascimento. A Lei n. 11.770/08 possibilitou a extensão desse benefício para 180 dias às seguradas empregadas cuja empresa faça adesão ao Programa de Empresa Cidadã. Para as empresas que aderirem voluntariamente a esse programa, em troca receberá incentivos fiscais. O salário-maternidade consiste em uma renda mensal igual à remuneração integral da segurada empregada e da trabalhadora avulsa. Para as demais seguradas, o valor do benefício corresponde ao do último salário de contribuição. 5.8 Salário-família Trata-se de um benefício previdenciário pago mensalmente ao trabalhador de baixa renda, filiado na condição de segurado empregado, doméstico e trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos até 14 anos de idade ou inválidos. A finalidade desse benefício é colaborar com o desenvolvimento normal da família, com o aporte de uma contribuição regular e permanente para a manutenção das pessoas cujo encargo é assumido pelo chefe de família (CASTRO, 2020). É devido por cotas, de modo que o segurado (homem e mulher) perceba tantas cotas quantos sejam os filhos, enteados ou afilhados com idade até 14 anos incompletos ou inválidos de qualquer idade. Esse valor independe de carência, ou seja, de contribuições pagas pelo segurado, pois tem caráter nitidamente alimentar, não sendo justo exigir contribuições para fazer jus ao benefício. Figura 23 73 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Os beneficiários são todos os segurados de baixa renda, observando o valor previsto à época da concessão do benefício. Estende-se aos aposentados por invalidez ou idade, urbanos ou rurais e demais aposentados com mais de 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher. 6 PRESTAÇÕES EXCLUSIVAS PARA DEPENDENTES E SERVIÇOS DISPONÍVEIS 6.1 Benefícios aos dependentes O RGPS prevê determinadas prestações exclusivas para dependentes, como pensão por morte e auxílio-reclusão. 6.1.1 Pensão por morte Quanto à pensão por morte, é pago aos dependentes do segurado homem ou mulher que falecer, aposentado ou não, conforme o artigo 201, V, da CF/88. Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019) V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998) (BRASIL, 1988). A terminologia “pensão por morte” está reservada para benefício pago aos dependentes, cônjuge ou companheiro em virtude de falecimento do segurado (ROCHA, 2018). Trata-se de prestação previdenciária de pagamento continuado, de caráter contributivo, destinado a suprir ou minimizar a falta daqueles que proviam a manutenção econômica familiar. O benefício da pensão por morte é pago ao conjunto de dependentes do segurado: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave. Para o implemento desse benefício, é importante destacar o requisito genérico, que é o da qualidade de segurado no momento do evento morte. Quanto ao requisito específico, portanto, é o óbito do segurado. O termo inicial do benefício, ou seja, o início do pagamento, se dá a partir da data do óbito, desde que requerido até trinta dias a contar da data do falecimento. Caso ultrapassado esse prazo, a data de início do pagamento é a partir da data do requerimento. 74 Unidade III A pensão por morte pode ser considerada de origem comum ou acidentária. Importante destacar essa diferença, porque em caso falecimento do segurado em decorrência de acidente do trabalho há reflexos indenizatórios a serem exigidos dos causadores do acidente. Lembrete Os reflexos da pensão por morte acidentária geram reflexos indenizatórios em desfavor ao causador e/ou responsável pelo acidente do trabalho que teve como consequência o óbito do segurado. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004, como diz a súmula vinculante n. 22 do STF. Saiba mais Para saber mais sobre acidente do trabalho e indenização por danos morais, acesse o site a seguir e consulte porProcesso Aq-RR – 136500- 30.2012.5.17.0010: https://jurisprudencia.tst.jus.br/ A partir da reforma da Previdência em 2019, caso o segurado não esteja aposentado, a definição da causa do óbito (se comum ou se acidentária) tem relação com o cálculo do valor da renda mensal da pensão. Se o óbito for em decorrência de acidente do trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho, a aposentadoria que serve de base será equivalente a 100% do salário-benefício. Em se tratando de óbito decorrente de doença ou causa diversa, a aposentadoria que servirá de base será o equivalente a 60% do salário-benefício, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano trabalhado de contribuição que exceder 20 anos se o segurado falecido for homem e, se mulher, 15 anos. Requisitos para concessão de pensão por morte: • Qualidade de segurado do falecido. • Prova da dependência econômica do requerente. A EC n. 103/2019 ainda estabeleceu a equiparação a filho para fins de recebimento da pensão por morte, exclusivamente o enteado e o menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica. 75 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA É possível a perda do direito à pensão se for comprovada simulação e/ou fraude no casamento ou na união estável com o cônjuge e/ou companheiro, ou a formalização desses para fins exclusivos apendas de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa (CASTRO, 2020). Para finalizar os apontamentos sobre pensão por morte, após a reforma da Previdência não é mais permitida acumulação de pensão por morte com outro benefício previdenciário, devendo optar pelo recebimento de opção mais vantajosa. Outrossim, é vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro, no âmbito do mesmo regime, ou seja, no RGPS, ressalvadas as pensões do mesmo instituidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis previsto no artigo 37 da CF/88 (CASTRO, 2020). 6.1.2 Auxílio-reclusão Quanto ao outro benefício devido aos dependentes, tem-se o auxílio-reclusão. A Previdência Social é um sistema que garante o benefício não só ao segurado, mas também aos seus dependentes, por conta de evento-contingência que impossibilita o mantenedor da subsistência (econômica) familiar o aporte necessário para que – na ausência desse mantenedor-segurado – essa família possa continuar a se manter com o mínimo existencial possível. Sabe-se que o condenado recolhido à prisão fica sob a responsabilidade do Estado. Diante do enclausuramento, seus dependentes ficam sem o apoio econômico que o segurado oferecia antes de ser recolhido. Figura 24 O auxílio-reclusão está previsto no artigo 201, inciso IV, da CF/88, e é destinado aos dependentes dos segurados de baixa renda. 76 Unidade III Lembrete Segurado é todo trabalhador que contribui mensalmente para a Previdência Social. Por isso, tem direito aos benefícios e serviços oferecidos pelo INSS, inclusive auxílio-reclusão aos dependentes. Após a Emenda Constitucional n. 103/2019, o critério de baixa renda foi mantido com limitação de um salário mínimo. Os segurados de baixa renda são aqueles que têm renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43, que serão corrigidos nos termos da lei. Para o implemento de tal benefício, é necessário observar os requisitos. Primeiramente, a reclusão deve ter ocorrido enquanto o preso mantinha a qualidade de segurado; e, segundo, ser o segurado de baixa renda. 6.2 Serviços ao segurado e dependentes A lei de benefícios previdenciários prevê serviços como uma das espécies do gênero prestações, ao lado dos benefícios, dos quais se diferenciam por não terem natureza pecuniária e dispensarem carência (ROCHA, 2018). Além dos serviços, a Previdência também proporciona a habilitação e/ou a reabilitação do segurado incapacitado para o trabalho. Nos termos do artigo 89 da Lei n. 8.213/91, a habilitação está destinada aos beneficiários que jamais tiveram a capacidade laborativa. A reabilitação, por outro lado, é destinada aos beneficiários que perderam a capacidade laboral. Por exemplo, a pessoa com deficiência, que nos termos do Estatuto da Pessoa com Deficiência tem direito a um processo de habilitação e/ou de reabilitação, apoiado em uma avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e potencialidades de cada pessoa. Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa com deficiência. Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas. (Estatuto da Pessoa com Deficiência). [...] Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e potencialidades de cada 77 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA pessoa, observadas as seguintes diretrizes: I - diagnóstico e intervenção precoces; II - adoção de medidas para compensar perda ou limitação funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões; III - atuação permanente, integrada e articulada de políticas públicas que possibilitem a plena participação social da pessoa com deficiência; IV - oferta de rede de serviços articulados, com atuação intersetorial, nos diferentes níveis de complexidade, para atender às necessidades específicas da pessoa com deficiência (BRASIL, 2015c). Segundo Rocha (2018), a reabilitação profissional é um serviço destinado a proporcionar aos beneficiários, incapacitados total ou parcialmente, os meios necessários para facilitar o reingresso no mercado de trabalho e uma adequada participação no contexto em que vivem. A reabilitação é mantida pela Previdência Social e deverá o segurado, quando convocado, comparecer ao INSS para iniciar o processo sob a indicação de tratamento indicado pelo perito médico especializado. Quanto aos serviços, também considerado uma forma de serviço prestado pela Previdência, é definido como uma atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao beneficiário orientação e apoio no que concerne à solução dos problemas pessoais e familiares e à melhoria da sua inter-relação com a Previdência, a fim de solucionar questões referentes a benefícios e/ou obtenção de recursos sociais da comunidade (ROCHA, 2018). Resumo Nesta unidade, foram estudados os benefícios em espécies e apresentados aqueles que envolvem situações ligadas à segurança do trabalho. Transitamos por alguns tópicos essenciais para o estudo que permeia as questões prementes à segurança do trabalho, tais quais: aposentadoria por invalidez; auxílio-doença por conta de acidente do trabalho; doença profissional ou doença do trabalho; auxílio-doença por natureza diversa; auxílio-acidente; pensão por morte; e processo de reabilitação. Destacamos também a importância dos reflexos do evento-contingência do acidente do trabalho na Previdência Social. Exercícios Questão 1. Orinalde Reborn sofreu um grave acidente na fábrica de laminados em que trabalhava, que ocasionou sérias sequelas em sua mobilidade. Foi afastado com direito à aposentadoria por incapacidade permanente decorrente do acidente de trabalho sofrido. Durante o período de afastamento fez um Curso Superior Tecnológico em Gestão de Tecnologia da Informação e se apresentou ao seu antigo empregador com novas habilidades e competências profissionais, sendo contratado de imediato 78 Unidade III como supervisor da área de segurança da informação, com salário até superior ao que ele recebia anteriormente. Em razão dessa nova contratação ele terá direito a: A) Receber cumulativamente a aposentadoria por acidente de trabalho e o salário da nova função. B) Receber apenas a aposentadoria enão receber salário. C) Receber o salário da nova contratação. D) Receber cumulativamente a aposentadoria e 70% do salário da nova contratação. E) Receber cumulativamente o salário da nova função e 70% da aposentadoria decorrente do acidente de trabalho. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o empregado não poderá receber cumulativamente os dois valores, de aposentadoria e de salário, porque a legislação não permite. B) Alternativa incorreta. Justificativa: se o trabalhador retornou à condição de capacidade laborativa para exercício de atividade, é justo que receba a remuneração decorrente de seu trabalho e deixe de receber a aposentadoria que era decorrente da incapacidade laborativa que foi superada. C) Alternativa correta. Justificativa: comprovado que o empregado recuperou sua capacidade laborativa, é correto que ele receba o salário mensal, deixando de receber a aposentadoria porque já não se encontra mais incapacitado, embora tenha mudado sua atividade laborativa. D) Alternativa incorreta. Justificativa: não há possibilidade de acumular aposentadoria por acidente de trabalho e salário por contratação para nova atividade laborativa. E) Alternativa incorreta. Justificativa: não há possibilidade de acumular aposentadoria por acidente de trabalho e salário por contratação para nova atividade laborativa. 79 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Questão 2. Pedro Perigo era escriturário em uma financeira e praticou o crime de desvio de dinheiro privado, de propriedade da empresa. Foi julgado e condenado à pena de reclusão. Ele é casado e pai de dois filhos, com 4 e 6 anos, respectivamente. Sua esposa pretende pedir o auxílio-reclusão porque eles se qualificam no conceito de baixa renda. Avalie as afirmativas e assinale a alternativa correta. I – A esposa e as crianças têm direito ao auxílio-reclusão porque Pedro era segurado. II – O auxílio-reclusão é polêmico, mas é uma medida que contribui para a concretização dos objetivos constitucionais de construção de uma sociedade livre, justa e solidária. III – O auxílio-reclusão leva em conta que o criminoso era segurado, recolhia contribuições à seguridade social e seus dependentes têm direito ao mínimo vital. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): A) I, somente. B) II, somente. C) III, somente. D) I e III. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: conforme consta do enunciado da questão, Pedro era empregado, contribuinte do sistema de seguridade social e, portanto, com direito aos benefícios previstos em lei para os segurados. II – Afirmativa correta. Justificativa: no Brasil, nos últimos anos, o auxílio-reclusão tem sido bastante discutido e muitas notícias falsas foram publicadas a respeito do tema. É um tema polêmico, sem dúvida, mas concretiza a solidariedade social que a Constituição Federal determina como objetivo da República Federativa do Brasil, na medida em que as famílias dos condenados que eram segurados da Previdência Social têm direito a receber o valor do auxílio-reclusão, de forma a não aumentar os problemas econômicos decorrentes da prisão da pessoa que contribuía para o sustento da família. O segurado preso será sustentado pelo Estado e seus familiares contarão com o auxílio-reclusão composto pela contribuição de todos os segurados que contribuem para o sistema, concretizando, desse modo, o princípio constitucional da solidariedade social. 80 Unidade III III – Afirmativa correta. Justificativa: a garantia do mínimo vital para a família do segurado que foi condenado pela prática de crime é o pressuposto essencial do auxílio-reclusão.
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