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29/09/2018 1 Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Aspectos Gerais 1 A cana-de-açúcar é uma das plantas fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil, pois dela derivam o açúcar, os fertilizantes, os polímeros e o álcool (etanol) combustível. Além disso, através da queima de sua biomassa pode- se gerar energia elétrica. 2 Breve Histórico ▪ Cana-de-açúcar é originária da Nova Guiné; ▪ Foi levada para Ásia, onde foi usada, principalmente como xarope; ▪ Foi introduzida no Brasil no ano de 1532; ▪ Inicialmente como PLANTA ORNAMENTAL; ▪ Depois foi utilizada como xarope, garapa, açúcar e aguardente; ▪ Atualmente, agregam-se dezenas de produtos. 3 ▪ No Espírito Santo surgiram os primeiros engenhos de cana; ▪ Em 1605, a cultura da cana-de-açúcar já era importante também em Vitória-ES, onde se produzia açúcar e aguardente; ▪ Depois se espalhou pelas demais regiões do país. Moinho de cana-de-açúcar 5 6 Quase metade da produção mundial de cana-de- açúcar é assegurada atualmente por quatro nações das Américas: Brasil, Cuba, México e EUA. Década de 1970 crise do petróleo tornou intensa a produção de etanol a partir da cana-de- açúcar. Desde então, o álcool (etanol) combustível saído de destilarias, passou a absorver parte da matéria- prima antes destinada sobretudo à extração de açúcar. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=cana+de+a%C3%A7ucar&source=images&cd=&cad=rja&docid=EHCJfqWzo_OeTM&tbnid=7fy9YzfOsh_UTM:&ved=0CAUQjRw&url=http://clicktocantins.com.br/index.php/representante-de-industrias-de-cana-de-acucar-estara-na-agrotins/&ei=wmqBUY20I8-G0QG8s4HADg&bvm=bv.45921128,d.dmg&psig=AFQjCNGat4YJsF547azU8D_tENyULlG-Fg&ust=1367521785865480 29/09/2018 2 7 Calculo sobre a área total: 851 milhões de hectares. 2016 • 68 milhões ocupadas pela agricultura: ➢25 milhões de ha de soja; ➢15 milhões de ha de milho; ➢9,0 milhões de ha de cana; ➢3 milhões de ha de feijão; ➢2,5 milhões de ha de arroz; ➢13,5 milhões de ha de outras culturas. ❖ ~ 106 milhões de ha (ainda pode produzir). 8 Safra 2016/2017 - Conab, 2017 9 > Produtor mundial de cana-de-açúcar; Safra 2017/2018 – 633 milhões de ton.; Área plantada – 8,7 milhões de ha. Produção – 588 milhões de ton. Área plantada – 911 mil ha. Safra 2017/2018 – 70 milhões de ton. Produtividade – 77 ton ha. CONAB (2017) Safra 2018/2019 - 0,2 % 10 Safra 2018/2019 0,7 % Safra 2018/2019 0,9 % 11 Áreas de produção de cana-de-açúcar e possíveis extensão da produção ~ 75% Produção nacional Conab, 2017 29/09/2018 3 13 Fontes de Combustíveis PETRÓLEO Matéria Prima Combustível Fósseis Cana-de-açúcar Milho Trigo Outras Soja Girassol Palma Mamona Outras ETANOL BIODIESEL Matéria Prima Combustível Renováveis Gasolina Diesel Gás Querosene Derivados da Cana-de-açúcar: Vídeo Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Morfologia e Fenologia 18 http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=cana+de+a%C3%A7ucar&source=images&cd=&cad=rja&docid=EHCJfqWzo_OeTM&tbnid=7fy9YzfOsh_UTM:&ved=0CAUQjRw&url=http://clicktocantins.com.br/index.php/representante-de-industrias-de-cana-de-acucar-estara-na-agrotins/&ei=wmqBUY20I8-G0QG8s4HADg&bvm=bv.45921128,d.dmg&psig=AFQjCNGat4YJsF547azU8D_tENyULlG-Fg&ust=1367521785865480 29/09/2018 4 Classificação da Cana-de-Açúcar ▪ Família: Poaceae ▪ Divisão: Magnoliophyta ▪ Gênero: Saccharum ▪ Espécies: Saccharum officinarum, Saccharum spontaneum, Saccharum sinensis, Saccharum barberi e Saccharum robustum. 19 Saccharum officinarum ▪ Apresenta alto teor de açúcar; ▪ Baixa % de fibras; ▪ São canas tropicais; ▪ São exigentes em clima e solo; ▪ Colmos grossos (3,5 cm ou mais de diâmetro). 20 Saccharum spontaneum ▪ São canas selvagens; ▪ Possuem colmos curtos e finos (1,5 cm de diâmetro); ▪ Alto teor de fibras; ▪ Não possui valor industrial; ▪ Vegeta bem. 21 Saccharum sinensis ▪ Variedade de cana chinesa ou japonesa; ▪ Sistema radicular bem desenvolvido; ▪ Possui colmos finos (1,8 a 2,2 cm de diâmetro); ▪ Comprimento ate 5 metros de altura; ▪ Bastante fibrosa. 22 Saccharum barberi ▪ Conhecida como cana indiana; ▪ Utilizada para programa de melhoramento; ▪ Variedade precoce com alto teor de sacarose, alta % de fibras. 23 Saccharum robustum ▪ Espécies utilizada como cerca-viva; ▪ Colmos com ate 10 metros de altura; ▪ Baixo teor de sacarose; ▪ Alto teor de fibras. 24 http://www.ars-grin.gov/npgs/images/mia/saccharum/m33455p.jpg 29/09/2018 5 Morfologia ▪ Desenvolvimento em forma de touceira; ▪ Parte área formada por colmos; ▪ As raízes são fasciculadas, sendo 85% encontra-se ate 50 cm (60% de 20 a 30cm); ▪ Os rizomas são constituídos de nódios (nós), internódios (entrenós) e gemas que são responsáveis pela formação dos perfilhos; ▪ Rizoma é a extensão do caule que une sucessivos brotos; 25 ▪ As novas touceiras da soca se originam dos rizomas que rebrotarão após a colheita; ▪ O colmo é caracterizado por nós bem marcados e entrenós distintos e fica acima do solo. É responsável principalmente pela sustentação das folhas. ▪ O entouceiramento pode ser: fraco, médio ou forte. Figura. Rizoma de um tolete de cana.26 27 Perfilho 28 Formação da touceira Perfilhamento 29 Desenvolvimento dos colmos Gema: possui um poro germinativo que ao germinar emite um broto, dando origem a um novo colmo. Anel de crescimento: situa-se na base do internódio e difere das demais partes do colmo pela coloração. Cicatriz foliar: quando a base da bainha da folha se destaca do colmo forma a cicatriz, que se apresenta como um anel seco e marrom, podendo ser saliente. Zona radicular: situa-se entre o anel de crescimento e a cicatriz foliar. Abriga a gema e os primórdios radiculares. 30 29/09/2018 6 31 33 Internódio ou Entrenó É parte do colmo que se situa entre dois nódios, apresentando-se de forma variável (cilíndrica, barril, carretel). O diâmetro pode medir menos de 2 cm, ou estar entre 2 e 3 cm, ou ainda ter mais de 3 cm e são denominados, respectivamente de internódios de diâmetro fino, médio e grosso. 34 Pode conter rachaduras, as quais variam em tamanho e profundidade dependendo da variedade. A exposição ao sol pode modificar a cor da casca podendo mostrar-se com coloração variando do amarelo ao vermelho. A polpa pode ser branca, castanha ou creme. 35 Folha A folha completa é constituída pela lâmina foliar, bainha e colar. As características morfológicas da lâmina foliar são variáveis de acordo com o genótipo, podendo ser ereta e rígida ou flácida e arqueada com e sem manchas cloróticas, sardas e pêlos. O comprimento, a largura e a cor das folhas são variáveis de acordo a variedade e com as condições do meio ambiente. 29/09/2018 7 37 Inflorescência É uma panícula aberta, denominada bandeira ou flecha. As flores muito pequenas formam espigas florais agrupadas em panículas e rodeadas por longas fibras sedosas congregando-se em enormes pendões terminais de coloração cinza-prateada. 38 É formada por um eixo principal, de onde partem ramificações secundárias e terciárias, onde se encontram pares de espiguetas. Em cada espigueta encontra-se uma flor que produzirá um fruto. 42 Fenologia A cana-de-açúcar é uma planta C4 que se adaptada as condições de alta intensidade luminosa, altas temperaturas e tolera escassez de água. Aproximadamente 30% de seu peso é de massa seca e 70% de água. 43 ▪ As folhas tem grande capacidade de absorver água; ▪ O orvalho da madrugada e os chuviscos são absorvidos pelas folhas; ▪ Espécie ideal para cultivo em regiões tropicais; ▪ Sua produção vegetal é fundamentada na interação: Planta X Ambiente X Manejo 44 O processo produtivo canavieiro visa três objetivos básicos, de acordo com Câmara (1993): ▪ Produtividade: alta produção de fitomassa por umidade de área; ▪ Qualidade: riqueza em açúcar dos colmos industrializados, caracterizando matéria prima de qualidade; ▪ Longevidade do canavial:visa aumentar o número de cortes econômicos. 45 Cana Planta e Cana Soca Cana Planta (12 meses): O plantio é realizado no início da estação chuvosa e sua colheita é feita 12 meses depois do plantio. Cana Ano e Meio (13 a 20 meses): O plantio é realizado no meio da estação chuvosa e sua colheita em média é feita aos 18 meses depois do plantio. Cana Soca: É a segunda colheita ou mais da cana-de- açúcar, sendo de 12 meses o seu período. 29/09/2018 8 46 47 48 Figura. Fases do desenvolvimento da cana. Fonte: Gascho & Shih (1983). 1ª 2ª 3ª 4ª 49 Figura. Ciclo de uma cultura de cana-de-açúcar com três cortes. 50 Figura. Ciclo da cana-de-açúcar na Região Centro-Sul do Brasil. Fonte: Casagrande (1991). FENOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 51 Época de Plantio Período de crescimento 13 a 20 meses Período de crescimento 12 a 16 meses Período de crescimento 12 meses 29/09/2018 9 EXIGÊNCIA DE SOLOS Muito exigentes SP77-5181, SP87-396, SP87-344, SP83-5073, RB85-5546. Exigentes RB85-5453, RB85-5036, SP80-1816, SP80-1842, SO87-365, SP80-3280, RB85-5536, SP86-155, SP79-1011, SP81-320, SP-911049. Pouco exigentes RB85-5156, RB83-5053, RB83-5486, RB84-5210, RB85-5113, SP86-42. Não exigentes RB72-454, RB92-8064, RB83-5089, RB86-7515, RB86-5230, SP83-2847, RB85-5035, SP85-5077. MATURAÇÃO Super-precoce RB85-5156, SP87-396. Precoce RB83-5054, RB85-5453, SP77-5181, RB85-5035, RB83-5486, SP83-5073, SP80-1842, SP86-155, IAC86-2210. Média SP81-3250, SP80-1816, RB84-5210, RB85-5536, SP87-365, RB86-5230, RB85-5113, RB92-8064, SP85-3877, SP86-42, SP83-2847. Tardia RB72-454, RB83-5089, RB86-7515. COLHEITA MECÂNICA Péssimo RB83-5054, RB85-5156, RB83-5089. Ruim RB83-5486. Boa SP79-1011, RB85-5453, SP80-3280, SP80-1816, SP81-3250, RB85-5113, RB72-454, SP-2233, RB86-7515, RB92-8064. BROTAÇÃO DE SOCA Sem restrição RB82-5336, RB82-5536, RB85-5156, SP79-1011, SP79-2233, SP80-1842, SP80-1816, SP80-3280, SP81-3250, RB86, 5230, SP86-155, SP83- 2847, RB92-8064. Boa RB84-5210, RB85-5113, RB83-5486, RB83-5089, RB85-5453, RB85-5546, RB86-7515, RB85-5035, SP87-365. OBS: RB72-454: Não colher em épocas secas (solos pesados) e em épocas frias se queimar. SP77-5181: Lenta e irregular. Não suporta pisoteio. FLORESCIMENTO Todos os anos RB85-5035, RB85-5156, RB85-5453, RB84-5197, RB86-5230, SP83-2847. Regularmente SP80-1842, SP80-3280, RB83-5486, SP81-3250, SP87-365. Raro RB83-5089, RB80-6043, RB72-454, SP80-1816, RB86-7515, SP85-3877. Não floresce RB83-5054, RB85-5113, RB85-5536, RB84-5210, RB92-8064, SP79-1011, SP83-5073. 52Tabela. Características das variedades de cana-de-açúcar mais plantadas na região Centro-Sul do Brasil. 53 Qual o manejo agronômico da cana-de-açúcar? ÉPOCA DE PLANTIO MUDAS AMBIENTES DE PRODUÇÃO AMBIENTES DE PRODUÇÃO POTENCIAL DE PRODUÇÃO POTENCIAL DE PRODUÇÃO + MANEJOS e TECNOLOGIAS MANEJOS e TECNOLOGIAS 120 t/ha120 t/ha ÉPOCA DE CORTE HERBICIDA CULTIVO ADUBAÇÃO CANA-DE-ANO MATURADOR CANA-CRUA Solo CONTROLE PRAGAS Clima IRRIGAÇÃO PREPARO SOLO Planta 54 O cultivo após a cana planta pode ser realizado de 2 a 4 cortes (cana soca), e em alguns casos pode atingir até 8 cortes. A cana-de-açúcar perfilha abundantemente na fase inicial do desenvolvimento, mas depois de estabelecida, o auto- sombreamento induz a inibição do perfilhamento e provoca a aceleração do crescimento do colmo principal, até a ocorrência de alguma limitação quanto à disponibilidade de água, de baixas temperaturas ou devido ao florescimento. (RODRIGUES, 1995; DOORENBOS; KASSAM, 1994). 55 As variedades comerciais determinam: ▪ O número de colmos por planta; ▪ A altura e o diâmetro do colmo; ▪ O comprimento e a largura das folhas; ▪ A arquitetura da parte aérea da planta; ▪ O teor de sacarose. (RODRIGUES, 1995). 56 Sendo que estas características são influenciadas pelas condições climáticas, pelo manejo da cultura, bem como pelas práticas culturais utilizadas. 58 FATORES QUE AFETAM O CICLO FENOLOGICO DA CANA-DE-AÇÚCAR 29/09/2018 10 59 • Sanidade das mudas; • Intervalo de tempo entre o corte e o plantio; • Quantidade de terra sobre a muda; • Tratamento térmico de toletes; • Quantidade de palha sobre o solo (cana crua); • Tratamento com reguladores vegetais. • Temperatura; • Umidade; • Doenças; • Pragas; • Plantas daninhas; • Textura e estrutura do solo. • Idade da muda; • Genética (variedade); • Posição da gema; • Concentração de nutrientes e açucares. Figura. Fatores da planta, do ambiente e do manejo que afetam a brotação, o enraizamento e a emergência da cana-planta. Planta AmbienteManejo Brotação Enraizamento Emergência 60 Planta AmbienteManejo Perfilhamento • Adubação; • Controle de plantas daninhas; • Espaçamento; • Época de plantio ou colheita da cana. • Luz; • Temperatura; • Umidade; • Vento; • Doenças; • Pragas; • Plantas daninhas. • Genética (variedade). Figura. Fatores relacionados com a planta, o ambiente e o manejo que afetam o perfilhamento cana- de-açúcar. 61 Planta AmbienteManejo Florescimento • Época de plantio (variedade floríferas); • Topografia; • Reguladores vegetais; • Adubação. • Fotoperíodo; • Temperatura; • Umidade. • Genética (variedade). Figura. Fatores relacionados com a planta, o ambiente e o manejo que afetam o florescimento da cana-de-açúcar. 62 Planta AmbienteManejo Maturação • Adubação; • Maturadores (reguladores vegetais). • Temperatura; • Umidade; • Vento; • Pragas; • Doenças; • Solo. • Genética (variedade). Figura. Fatores relacionados com a planta, o ambiente e o manejo que afetam a maturação da cana- de-açúcar. Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Condições edafoclimáticas 63 64 Condições climáticas para a cana-de-açúcar A cana de açúcar é fortemente influenciada pelas condições climáticas, especialmente quando é destinada à produção de açúcar, sendo mais exigente. 29/09/2018 11 CO2CO2 Mn N P K Ca Mg S Fe Zn Cu B Mn ClMo 66 A produção de sacarose depende de um período com T°C e UR% adequados (quente e úmido) na fase vegetativa, seguindo de um período com restrições hídricas e/ou térmicas para forçar o repouso vegetativo e o enriquecimento da sacarose na época do corte. 67 TEMPERATURA A cana-de-açúcar tem um ciclo vegetativo longo sofrendo influências das condições climáticas. A planta precisa encontrar condições de temperatura mais baixas e umidade adequada para permitir elevada produção de sacarose. (ALFONSI et al., 1987; RODRIGUES, 1995; VAREJÃO-SILVA; BARROS, 2001; BUCENE, 2002; WALDHEIM et al., 2006) 68 A planta apresenta desempenho melhor quando ocorre um período quente e úmido, com alta radiação solar durante a fase de crescimento, seguido de um período seco, ensolarado e mais frio durante o período da maturação e colheita. (ALFONSI et al., 1987; DOORENBOS; KASSAM, 1994). 69 O plantio da cana-de-açúcar é realizado por propagação vegetativa normalmente por toletes (parte do colmo), que contêm uma ou mais gemas (densidade de plantio de 12 a 20 gemas/m) que também se desenvolverão para produzir novos colmos, chamados de perfilhos. (CASAGRANDE, 1991) 70 O desenvolvimento da cana-de-açúcar está diretamente relacionado com a temperatura ambiente, sendo um dos fatores climáticos mais importantes no contexto da produção. (ALFONSI et al., 1987; BISWAS, 1988). 29/09/2018 12 71 Temperatura Crescimento 30 a 34°C Máximo < 25°C Lento Acima de 35°C Lento > 38°C Nulo Temperatura base para crescimento: 20°C; Temperatura germinação (ótima): 32°C sendo 21°C (base). Fauconier (1975) Barbieri et al. (1979) 72 A cultura não suporta condições de temperatura muito baixas. Folhas jovens, gemas apicais e laterais jovens, congelam e morrem quando as temperaturas são < 0°C. Na fase de maturação são desejáveis temperaturas relativamente baixas, que variem entre 10°C a 20°C. (DOORENBOS; KASSAM, 1994) 73 O florescimento da cana-de-açúcar situação indesejável Transformandoos açúcares do colmo em inflorescência. 74 O florescimento é dependente da: ▪ Temperatura; ▪ Comprimento do dia; ▪ Umidade do solo; ▪ Variedade. Causa menor produção de sacarose ocasionado a isoporização 75 A condição de indução ao florescimento da cultura ocorre quando o fotoperíodo estiver entre 12 e 12,5 horas e se a temperatura do ar for menor do que 31°C, ou maior que 18°C. 76 O florescimento, apresenta os seguintes prejuízos básicos: ▪ No florescimento, o crescimento vegetativo do colmo é paralisado, com evidente perda do rendimento de açúcar; ▪ Os colmos florescidos diminuem seu rendimento em açúcar, devido à formação da folha bandeira ou flecha; http://www.jornalcana.com.br/noticia/Jornal-Cana/51474+Florescimento-da-cana-e-tema-de-debate 29/09/2018 13 77 ▪ Os prejuízos do florescimento são maiores, quando o colmo ainda se encontra em fase de crescimento; ▪ Colmos florescidos não podem ser armazenados no campo, por muitos meses. 78 LUZ Como a cana-de-açúcar é uma planta do tipo C4, quando maior intensidade luminosa, mais fotossíntese realizada e maior desenvolvimento e acúmulo de açúcar. 79 Períodos de 10 a 14 horas de luz, ocorre o aumento do comprimento dos colmos. Períodos de 16 a 18 horas de luz, ocorre a redução do comprimento dos colmos. 80 UMIDADE RELATIVA Alta umidade (80 - 85%) favorece um alongamento de cana rápido durante o período de crescimento. Valor moderado de 45 - 65% junto com um suprimento de água limitado é favorável durante a fase de amadurecimento. 81 NECESSIDADES HÍDRICAS A cana-de-açúcar para obter produtividade máxima, necessita dependendo do clima, que a evapotranspiração máxima da cultura – ETm, seja de 1.500 a 2.500 mm distribuídos de forma uniforme durante todo o ciclo. (DOORENBOS; KASSAM, 1994) 82 O déficit hídrico durante as primeiras fases de crescimento tem efeito negativo maior na produtividade do que quando comparado com o déficit hídrico nos últimos períodos de desenvolvimento. Isso provoca, na fase inicial, o retardamento da brotação e o perfilhamento, resultando em número menor de perfilhos. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=colmos+de+cana+de+a%C3%A7ucar+longos&source=images&cd=&cad=rja&docid=-FjJQOxoHjvCSM&tbnid=Y7TmJcnL05KeyM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.interural.com/interna.php?referencia=revistas&materia=751&ei=1TSVUavJLIGs9AT20YHABQ&psig=AFQjCNH-e4AEwHcgKuLdc6sjRIY9yYfvIw&ust=1368819245320342 29/09/2018 14 83 Para a produção de 1 ton de cana-de-açúcar no plantio de “cana de ano”, a demanda de evapotranspiração é de 10 a 12 mm de água. Sendo assim, para a produção de 100 ton da cana são necessários no mínimo de 1.000 a 1.200 mm de precipitação. (DEMATTÊ, 2004; MACEDO, 2005) 84 Tabela. Valores de Kc para a cultura da cana-de-açúcar. Doorenbos & Pruitt (1975) 85 Em condições de campo, a cana planta consome entre 2,3 a 4,5 mm/dia de água. A cana soca consome em média 2,3 mm/dia. Esse valor pode ser alterado de acordo com as fase da cultura. (SCARDUA, 1979). 92 CONDIÇÕES EDÁFICAS O conhecimento das características de cada solo é importante para avaliar a sua capacidade produtiva. A cultura da cana-de-açúcar é plantada em diversos tipos de solo, mas em determinados caso, não havendo respostas desejada a cultura. 93 As características que podem influenciar o desenvolvimento da cana-de-açúcar mais importantes são: ▪ Relevo; ▪ Características físicas; ▪ Características químicas. 94 Relevo As terras devem possuir declives suaves de 2 a 5%. Porém, o valor de 5% deve ser aplicado em solos mais argilosos. Entretanto, esse tipo de declive pode trazer maiores custos decorrentes do preparo do solo. 29/09/2018 15 95 Características físicas ▪ Solos profundos; ▪ > exploração das raízes ▪ Boa capacidade de infiltração; ▪ Boa capacidade de armazenamento (150 mm); ▪ Solos areno-argilosos ou argilosos; ▪ Baixa compactação do solo. 96 Características químicas ▪ A cultura é bastante tolerante à acidez e alcalinidade; ▪ pH entre 4 e 8,5, sendo o ideal 6,5; ▪ Fertilidade média a alta. Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Material de Plantio 97 Materiais utilizados para plantio 99 A importância das plantas sadias A escolha de mudas sadias tem influência durante todo o ciclo da cana-de-açúcar. ▪ Os talhões são renovados 5 ou mais anos. ▪ É preciso atentar para a utilização de mudas sadias, livres de pragas e doenças. Tamanho dos rebolos (toletes): Dominância apical – Rebolos com 3 gemas formam touceiras mais vigorosas e com maior n° de colmos (Rocha, 1984). Idade da gema: gemas mais novas > brotação. Concentração de glicose > do ápice para a base. Reserva energética: Bacchi (1983) Casagrande (1991) – nos primeiros 30 dias a planta vive da redistribução da reserva do rebolo. Posição da gema no sulco: Gemas voltadas para cima germinam + rapidamente. FATORES QUE INTERFEREM NA BROTAÇÃO 29/09/2018 16 Variedade: Existe diferenças varietais quanto a capacidade de brotação. Período de Armazenamento: Quanto maior o armazenamento do corte ao plantio menor é a capacidade de brotação. Demais fatores: Clima, solo, época de plantio. 102 Pegamento da cana Cortes ou secções no caule dos talos são chamados de “pegamento” ou pedaços de semente. ▪ Utiliza-se três pegamentos de gema. ▪ O material tem que ser frescos, geneticamente puros e livres de pragas e doenças. 103 Figura. Pegamento de três gemas (Fonte: Verma, 2004) 104 A gema do meio tem uma vantagem na germinação por que, seus recursos de umidade são protegidos melhor do que aqueles com gemas terminais. 105 Mudas Pegamentos de cana com raízes e brotos são chamados de mudas. As mudas podem ser cultivadas em camas ou sacos de polietileno. Figura. Muda de gema única (Fonte: Verma, 2004) 106 Pedaços de gemas ▪ É uma pequena porção de caule com uma gema; ▪ Os pedaços de gemas são usados para cultivar mudas em viveiros; ▪ A vantagem principal dos pedaços de gemas é a economia substancial em semente. 29/09/2018 17 107 Cultivo da semente de cana A prática normal em muitas partes do mundo é usar cana de açúcar comercial para semente. As características para uma boa semente são raramente levadas em consideração. Figura. Cápsulas contendo de três a cinco gemas cada Figura. Plantas desenvolvidas. Figura. Mudas produzidas em tubetes. 110 Tratamento da semente de cana O tratamento térmico, cujo custo é bastante acessível, pode ser feito em mini toletes ou em gemas isoladas com o objetivo de controlar o raquitismo-da- soqueira. O tratamento consiste em submeter os colmos a uma temperatura de 50,5°C, por duas horas em ar quente úmido. 111 Outros tratamentos são recomendados como a utilização de inseticidas e fungicidas, onde são mergulhados em tanques com calda. Após a realização dos tratamentos o material pode ser levado ao campo para ser realizado o plantio. 112 29/09/2018 18 Figura. Plantio de mudas de cana-de-açúcar provenientes de cultura de tecidos. Figura. Plantio da cana inteira. Figura. Plantas em tubetes. Dr. Cleiton Gredson Sabin BenettDr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri – GOIpameri – GO Adubação da Cana-de-AçúcarAdubação da Cana-de-Açúcar 115 A agricultura mundial e brasileira atravessa por uma fase em que a produtividade, a eficiência, a lucratividade e a sustentabilidade dos processos produtivos são aspectos da maior relevância. VAZQUEZ e SANCHES (2010) Ficou nítido para a agricultura que a adubação é um dos fatores que determinam a produtividade. As plantas necessitam tanto de macro quanto de micronutrientes. A carência de micronutrientes pode levar a reduções na produtividade e até morte de plantas. ORLANDO FILHO (1993) Ambientes de Produção de Cana- de-açúcar CLIMA PRAGAS DOENÇAS CULTIVAR FERTILIDADE PROFUNDIDADE PLANTAS INVASORAS Figura 2. Componentes do ambiente de produção. 118 29/09/2018 19 119 VARIEDADES EXIGENTES EM FERTILIDADE Muito exigentesSP77-5181, SP87-396, SP87-344, SP83-5073, RB85-5546. Exigentes RB85-5453, RB85-5036, SP80-1816, SP80-1842, SO87-365, SP80-3280, RB85-5536, SP86-155, SP79-1011, SP81-320, SP-911049. Pouco exigentes RB85-5156, RB83-5053, RB83-5486, RB84-5210, RB85-5113, SP86-42. Não exigentes RB72-454, RB92-8064, RB83-5089, RB86-7515, RB86-5230, SP83-2847, RB85-5035, SP85-5077. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO A adubação é um dos fatores que determinam a produtividade. K? P? N? Ca? Mg? B? Cu? Zn? Mn? Fe? Mo? S? Necessidade da Planta ✓ Nutrientes a serem fornecidos; ✓ Quantidades necessárias para um determinado nível de produtividade; ✓ Época de aplicação e localização de nutrientes. Nutrição Mineral da Cana-de-Açúcar ✓ O que aplicar ? ✓ Quanto aplicar ? ✓ Quando aplicar ? ✓ Como aplicar ? MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO ✓ Calagem; ✓ Gessagem; ✓ Adubação nitrogenada; ✓ Adubação fosfatada; ✓ Adubação potássica; ✓ Adubação verde. 29/09/2018 20 Sistema Radicular Resistência a Seca > Absorção de Nutrientes > Produtividade A calagem é a correção da acidez do solo e a reposição do cálcio e magnésio. Calagem Tabela 6. Profundidade do sistema radicular de milho, feijão e cana-de- açúcar no Brasil e em outros países (KOFFLER, 1986). Calagem Benefícios da calagem ▪ Fornece Cálcio e Magnésio; ▪ Aumenta a disponibilidade de nutrientes (principalmente o fósforo); ▪ Aumenta sistema radicular; ▪ Aumenta a longevidade do canavial; ▪ Aumenta a produtividade. Calagem Calagem Demattê, 1992 Gessagem ADUBAÇÃO NITROGENADA 29/09/2018 21 A cana-planta apresenta normalmente baixas respostas à adubação nitrogenada. A cana-soca reagem ao N com maior freqüência, principalmente em solos de elevada fertilidade. Adubação Nitrogenada Figura 3. Curva de regressão polinomial média de dois experimentos para as doses de nitrogênio nas soqueiras das variedades SP 80-1842 e SP 81-3250. Fonte: COPERSUCAR (2001). Adubação Nitrogenada ADUBAÇÃO FOSFATADA A fosfatagem trata-se de prática corretiva, com o objetivo de se corrigir (elevar) o teor de P, potencializando a adubação fosfatada de plantio. Adubação Fosfatada Tabela 13. Produções de colmos de cana-de-açúcar obtidos com a utilização de P2O5 em área e no sulco, em solos arenosos. Morelli et al., (1991). Adubação Fosfatada ADUBAÇÃO POTÁSSICA 29/09/2018 22 Quanto ao potássio, a cana-de-açúcar responde intensamente à sua aplicação. Quanto às formas de aplicação de potássio, no sulco ou em área total, tem sido mais frequente sua aplicação localizada no sulco de plantio. Adubação Potassica MICRONUTRIENTES A aplicação de micronutrientes na cultura da cana é uma prática pouco utilizada, principalmente pelo fato de se ter baixo número de trabalhos e poucos resultados conclusivos. Micronutrientes Por outro lado, o uso de subprodutos como vinhaça, torta de filtro, cinzas de caldeiras, etc., apresentam micronutrientes em sua composição, além de resíduos destes elementos em adubos e calcário. Micronutrientes 162 Benett et al. (2011) Tabela. Valores médios do diâmetro de colmo (DC) e tonelada de cana por hectare (TCH), em função de fontes e doses de manganês na cultura da cana-de- açúcar. Suzanápolis-SP, 2009 e 2010. ADUBAÇÃO VERDE 29/09/2018 23 Adubação Verde É uma prática agrícola milenar de rotação de culturas, cujo objetivo é melhorar a capacidade produtiva do solo. Pode ser realizada com diversas espécies vegetais, porém a preferência pelas leguminosas devido a sua capacidade de fixar nitrogênio direto da atmosfera. 165 Benefícios da Adubação Verde ▪ Aumento da capacidade de armazenamento de água no solo; ▪ Controle de nematóides; ▪ Descompactação, estruturação e aeração do solo; ▪ Diminuição da variação térmica do solo; ▪ Fornecimento de nitrogênio fixado direto da atmosfera; ▪ Intensificação da atividade biológica do solo; ▪ Melhoria do aproveitamento da adubação e corretivos; 166 ▪ Produção de fitomassa para formação da cobertura morta; ▪ Proteção do solo contra os agentes da erosão e radiação solar; ▪ Rápida cobertura do solo e grande produção de massa verde em curto espaço de tempo; ▪ Recuperação de solos de baixa fertilidade; ▪ Redução da infestação de ervas daninhas; ▪ Suprimento de matéria orgânica ao solo. 167 Alelopatia Entende-se por alelopatia qualquer efeito causado, direta ou indiretamente, através da liberação no meio ambiente de substancias químicas, ocorrendo efeitos positivo ou negativos sobre as plantas. Algumas leguminosas utilizadas como adubo verde possuem efeito alelopatico sobre plantas invasoras e/ou patógenos. 168 Tabela. Efeito alelopático de algumas plantas. Plantas com efeito alelopático Invasoras controladas e patógenos Mucuna, crotalária, feijão de porco Tiririca Mucunas (preta e cinza) Picão preto, picão branco, capim carrapicho Ervilhaca comum Capim marmelada Crotalária Diversas invasoras Crotalária, labe-labe e mucuna preta Nematóides 169 ➢ Guandu (Cajanus cajam); ➢ Milheto (Pennissetum sp.); ➢ Labe-Labe (Lablab purpurum); ➢ Mucuna (Mucuna sp.); ➢ Crotalária (Crotalária sp); ➢ Feijão-de-porco ( Canavalia ensiformis); ➢ Tremoço (Lupinus sp.); ➢ Nabo forrageiro (Rophanus sativus); ➢ Aveia (Avena sativa); ➢ Ervilhaca Peluda (Vicia villosa). Mais utilizadas Princípais Espécies Utilizadas Como Adubo Verde 170 29/09/2018 24 171 172 173 Métodos de adubação verde • Adubação verde em rotação/sucessão; • Adubação verde em consórcio; • Adubação verde intercalada com culturas; • Adubação verde em faixas; • Adubação verde em áreas de pousio temporário. 174 Figura. Semeadura em linha. Figura. Semeadura a lanço (pendular). Figura. Semeadura a lanço (disco). Figura. Semeadura incorporada (cultivador).176 Manejo da Adubação Verde As leguminosas são cortadas na épocas de floração e posteriormente incorporadas ao solo ou deixadas sobre o mesmo. 177 29/09/2018 25 Figura. Incorporação ao solo (grade). Figura. Sobre o solo (triturado). Figura. Sobre o solo (rolo-faca). Figura. Sobre o solo (uso de poste). 179 A lavoura da cana-de-açúcar permite de três a seis colheitas consecutivas, dependendo de vários fatores como: • Variedades; • Manejo de solo e de água; • Condições climáticas. 180 A dois sistemas utilizados na renovação do canavial: • Plantio novamente do canavial; • Rotação de cultura. 181 O sistema mais comum de utilização de culturas em rotação ou reforma envolve operações como: • Retirada da cana • Destruição da soqueira, • Preparo do solo, calagem e adubação; • Plantio da cultura anual; • Colheita; • Novo plantio do canavial. 182 Adubação Verde Algumas vantagens da rotação de culturas (adubo verde) em cana-de-açúcar são: • Economia na reforma do canavial; • Conservação do solo (cobertura vegetal); • Controle de plantas daninhas ; • Controle de pragas hospedeiras de plantas daninhas; • Aumento da produtividade da cana-de-açúcar e produção de alimentos. 183 Adubação Verde Cana-de-açúcar X Crotalaria juncea Cana-de-açúcar X Soja Cana-de-açúcar X Amendoim Cana-de-açúcar X Girassol Espécies utilizadas na rotação de culturas na cana-de-açúcar: 184 Adubação Verde 29/09/2018 26 185 Adubação Verde Tabela. Quantidade de nutrientes em fitomassa verde de leguminosas a ser incorporada ao solo. 186 Adubação Verde Quadro. Resultado de açúcares total recuperável (ATR) e de produtividade da cana-planta variedade SP80-1842, em função da utilização de adubos verdes nos sistemas de plantio direto e convencional em Campos dos Goytacazes-RJ. 187 Adubação Verde ADUBAÇÃO ORGÂNICA Os dois principais resíduos orgânicos da cana-de- açúcar são a torta de filtro e a vinhaça. A torta, mais rica em P2O5 e CaO Cana-planta (dosagem 30 t/ha no sulco e 60 t/ha área total Substituindo parcial ou totalmente a adubação fosfatada, dependendo da dose de P2O5 recomendada Adubação Orgânica A vinhaça é empregada principalmente em cana-soca, fornecendo Todo o K2O e partedo N, sendo este último complementado Por adubos fluidos ou adubos sólidos Adubação Orgânica 29/09/2018 27 Embora as plantas necessitam de macro e micronutrientes para seu desenvolvimento e produção, geralmente há preocupação apenas com os três macronutrientes principais (N, P e K). A manutenção da fertilidade do solo, não depende apenas da adubação, mas outras práticas são igualmente importantes como: correção do solo em profundidade, práticas de conservação do solo, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e descompactação do solo. Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Plantio 207 208 Preparo do solo melhorar as condições físicas e químicas Brotação e crescimento radicular mais desenvolvido 209 A cultura da cana-de-açúcar é altamente mecanizada, prevê-se que mais de 30 operações ocorrem em um mesmo talhão ao longo de cinco anos. A reforma do canavial ocorre, em média, a cada cinco anos, mas, dependendo da produtividade do talhão, pode ser adiada para sete, oito ou mais anos. 210 O preparo do solo é uma questão de máxima importância, pois a próxima operação dessa prática agrícola levará alguns anos. A alta produtividade e longevidade está relacionadas com o sucesso no preparo do solo. 29/09/2018 28 211 Todas as etapas no preparo do solo são importantes. As práticas que visam a correção do solo como calagem, gessagem e fosfatagem, que propiciarão boas condições para o crescimento radicular, o controle de plantas daninhas, as operações de sulcação-adubação, o preparo da muda, entre outros, colaboram para o sucesso do plantio, do estabelecimento e da produtividade da cultura. 212 O preparo do solo visa atenuar ou eliminar os seguintes fatores: ▪ Físicos: compactação, adensamento e encharcamento; ▪ Químicos: aumento dos teor de nutrientes e abaixar teor de alumínio (Al); ▪ Biológicos: nematóides, cupins, entre outros. 213 A escolha do sistema de preparo dependerá do adequado diagnóstico dos fatores limitantes ao desenvolvimento radicular. Os tipos de preparo do solo são: ▪ Cultivo mínimo; ▪ Preparo convencional; ▪ Plantio direto. 214 Cultivo Mínimo Consiste em um preparo mínimo do solo: a soqueira da cana-de-açúcar é eliminada com o uso de herbicida e, em seguida, é feita a sulcação do solo para o novo plantio, nas entrelinhas e linhas antigas. É importante fazer a subsolagem nesse sistema. 215 As vantagens do cultivo mínimo em relação ao tradicional são: ▪ Possibilidade de plantio em épocas chuvosas, podendo antecipar o plantio em até alguns meses; ▪ Utilização mais intensa da área de plantio; ▪ Redução da erosão; ▪ Redução do uso de máquinas, implementos e combustível; ▪ Controle de plantas daninhas. 216 Preparo Convencional Consiste no revolvimento de camadas superficiais para reduzir a compactação, incorporar corretivos e fertilizantes, aumentar os espaços porosos e, com isso, elevar a permeabilidade e o armazenamento de ar e água. 29/09/2018 29 217 No preparo do solo, é preciso considerar duas situações distintas: ▪ Se a cana será implantada pela primeira vez: ▪ Se o terreno já está ocupado com cana: 218 Se a cana será implantada pela primeira vez: Pode-se fazer uma aração profunda, com bastante antecedência ao plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem; 219 Se o terreno já está ocupado com cana: Primeiro deve-se destruir a soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração de 15 a 20 cm nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida. 220 No sistema convencional de plantio são feitas, geralmente, as seguintes operações: ▪ Uma aração ou gradagem pesada; ▪ Uma subsolagem ou mais uma gradagem; ▪ Uma gradagem de destorroamento; ▪ Uma gradagem de nivelamento. 221 Plantio Direto As práticas de plantio direto na cana-de-açúcar são de difícil aplicação, por ser uma cultura semi perene, cujo preparo do solo ocorre só a cada cinco anos. Mas há período sem movimentação do solo (cana- planta e soqueiras) e a manutenção da palhada no campo (sem queima) fazem com que as perdas por erosão na cultura da cana sejam reduzidas. 222 Etapas de Plantio Sulcamento + Adubação Plantio Preparo da área Cobrimento do Sulco 29/09/2018 30 223 Fig. Sulcos de plantio em área de cana crua. Foto: Raffaella Rossetto. Fig. Preparo do solo com grade e trator de esteira. Foto: Paulo Magalhães. Fig. Sulcamento. Foto: Cleiton Benett. Fig. Equipamento de sulcamento. Foto: Cleiton Benett. 224 Fig. Sistema de abastecimento de adubo. Foto: Cleiton Benett. Fig. Abastecimento de adubo. Foto: Cleiton Benett. Fig. Abastecimento de adubo. Foto: Cleiton Benett. Fig. Sistema de aplicação de adubo. Foto: Cleiton Benett. 225 Fig. Repicagem das mudas. Foto: Cleiton Benett Fig. Tolete com 3 gemas. Foto: Cleiton Benett Fig. Distribuição das mudas. Foto: Cleiton Benett Fig. Distribuição das mudas. Foto: Cleiton Benett 226 Fig. Sulcos prontos para o fechamento . Foto: Cleiton Benett. Fig. Equipamento utilizado para o fechamento de sulco. Foto: Cleiton Benett. Fig. Sulcos de plantio já fechado. Foto: Cleiton Benett. Fig. Fechamento do sulco e aplicação de fungicida. Foto: Cleiton Benett. 227 Plantadora de Cana Picada Fonte: DMB Plantadora de Cana Picada Fonte: Servspray 228 Fig. Germinação da cana-de-açúcar. Foto: Cleiton Benett. Fig. Período inícial de perfilhamento. Foto: Cleiton Benett. Fig. Operação quebra lombo. Foto: Cleiton Benett. Fig. Área já realizada a operação quebra lombo. Foto: Cleiton Benett. 29/09/2018 31 229 Fig. Quebra lombo. Foto: Usina São Carlos Fig. Quebra lombo. Foto: Jumil Prof. Dr. Cleiton Gredson Sabin Benett Ipameri - GO Cana-de-açúcar: Colheita 230 Introdução A cultura da cana-de-açúcar é uma das atividades que mais geram empregos diretos e indiretos na agricultura e está entre as culturas mais importantes do agronegócio brasileiro. 231 Colheita de cana-de-açúcar Sistemas de colheita 1. Manual 2. Semi-mecanizada 3. Mecanizada Operações 1. Corte 2. Carregamento 3. Transporte Ripoli (1996) 232 Época de Colheita Normalmente tem inicio em abril, maio e prolonga- se até novembro. O uso de maturadores permite antecipar o início de colheita para março. 233 A aplicação de maturadores tem sido adotado como técnica de manejo para alcançar maiores produtividades de açúcar e álcool por tonelada de cana, além de proporcionar uma maior flexibilidade no gerenciamento da colheita. Os maturadores são produtos químicos que possuem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana, incrementando no teor de sacarose e armamento dos açucares. 234 29/09/2018 32 No Brasil os maturadores mais utilizados são: • Glifosato (sistêmico); • Fluazifop-butil (contato); • Sulfometuron-metil (contato); • Etefon (contato); • Diquat (contato). A aplicação desses produtos é realizada através de aplicação aérea. 235 Determinação do estádio de maturação ▪ As variedades de cana são classificados como precoce, média e tardia; ▪ Procura-se fazer a colheita em talhões que estejam com o ponto máximo de acumulo de sacarose; 236 ▪ O estado de maturação do talhão pode ser feito através da determinação do Brix. Usando-se o equipamento refratômetro, o qual fornece a concentração de sólidos solúveis do caldo (Brix). ▪ O Brix está estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana. 237 O índice de maturação (IM) é o critério mais racional para estimar a maturação, sendo: colmodobasedaBrix colmodopontadaBrix IM = IM Estágio de maturação < 0,60 Cana imatura 0,60 – 0,85 Cana em maturação 0,85 – 1,00 Cana madura > 1,00 Cana em declínio de maturação 238 Segundo Cesnik e Miocque (2004) IM Estágio de maturação < 0,70 Cana verde 0,71 – 0,80 Cana com maturação baixa 0,81 – 0,90 Cana com maturação média 0,91 – 1,00Cana madura > 1,0 Maturação ultrapassada 239 Colheita A queima da palhada de cana tem como objetivo facilitar as operações de colheita. A colheita mecanizada sem queima fica restrita às áreas mecanizáveis e, do ponto de vista agronômico, apresenta aspectos positivos, como maior proteção do solo contra erosão e redução da poluição ambiental. 240 29/09/2018 33 ▪ Condições de campo; ▪ Tipo de carregamento; ▪ Disponibilidade de mão-de-obra; ▪ Aspectos tecnológicos; ▪ Sócio econômicos. Os tipos de colheita da cana de açúcar são: ▪ Colheita manual em cana queimada ou cana crua (facão + máquinas); ▪ Colheita mecanizada em cana crua (colhedora). 241 Corte Manual (cana queimada “Permissão” ) Aspectos a serem considerados ▪ Capacidade de corte; ▪ Carregamento e transporte; ▪ Capacidade e tempo de estocagem na indústria; ▪ Área do talhão; ▪ Estádio da cultura; ▪ Localização da área; ▪ Condições climáticas ▪ Aspectos ambientais. 242 ▪ Antes da cana ser queimada é feito IM e planejamento de safra, depois o talhão é liberado para queima. ▪ A área de queima é calculada de acordo com a capacidade industrial. ▪ A queima é realizada em período com T°C mais baixas e > UR%. ▪ O processamento industrial da cana (moagem) deve ser realizada preferencialmente até 24h após a queima, podendo ocorrer perdas de peso, de açucares, além de desenvolvimento de microrganismos. 243 ▪ A prática da queima exige equipe treinada, alem de equipe de combate a incêndios. ▪ Após a queima é realizado o corte, utilizando a “frente de corte”, com número variável. ▪ Após o corte existe as frotas de carregamento e transporte. ▪ O corte é realizado através de facões ou podões de diferentes tipos, formatos e tamanhos. ▪ Geralmente cada cortador corta 5 linhas de cana, formando montes, para posterior carregamento. 244 245 Vídeo 29/09/2018 34 Proíbe-se a queima da cana: Conforme Leis Federais, Estaduais e Municipais. ▪ a 1 km do perímetro urbano e de área indígenas; ▪ a 100 m de subestações de energia elétrica; ▪ a 50 m ao redor de estação ecológica, reserva, parque e demais unidades de conservação; ▪ a 25 m ao redor de estações de telecomunicações; ▪ a 15 m de linhas de transmissão de energia; ▪ a 15 m de áreas de domínio de ferrovias e rodovias federais e estaduais; ▪ Proíbe-se também em áreas superiores a 500 ha. 247 O corte é procedido em corte da base da cana, desponte do palmito e amontoamento. O rendimento médio de corte da cana queimada é de 6 a 8 toneladas. 248 Malefícios da queimada 249 Corte Manual (cana crua) ▪ Reduz a eficiência do trabalhador, devido a palhada; ▪ Ocorre aumento do índice de perdas e impurezas; ▪ Maior risco de acidentes com ferramentas; ▪ Maior risco de ataque por animais. Fig. Corte manual de cana crua. Foto: Raffaella Rossetto. Fig. Corte da cana crua. Foto: Efraim Albrecht Neto. O rendimento médio de corte manual da cana crua é de 3 a 4 toneladas. 250 251 Colheita Mecanizada A colheita mecanizada da cana-de-açúcar intensificou- se na década de oitenta como alternativa de substituição parcial da colheita manual, ainda queimando-se o canavial. 252 29/09/2018 35 ▪ A colheita da cana pode ser feita com ou sem a queima prévia da palha. A queima facilita o corte e a limpeza e conseqüentemente a colheita. ▪ A altura de corte é próximo ao solo. ▪ A colheita mecanizada pode interferir muito na qualidade da matéria-prima a ser processada na usina. ▪ Os materiais que pode contaminar são: ▪ Folhas; ▪ Palhas; ▪ Solo. 253 ▪ A declividade de trabalho não pode ultrapassar 12 a 14% para colhedoras de pneus e até 15 a 18% nas colhedoras de esteira. ▪ Os colmos são fracionados em rebolos (15 a 40 cm) que são descarregados sobre o transbordos. ▪ No momento da colheita tem que ter cuidado com os danos causados na cana pelo sistema mecanizado. O rendimento médio da colhedora mecânica pode chegar a 600 ton/dia. 254 255 Vídeo 257 258 29/09/2018 36 Fig. Colhedora de cana Fonte: John deer 259 Para se determinar os danos causados na cana, foi adaptada uma tabela construída por Kroes (1997). 260 Fig. Desperdício de cana devido à colheita incorreta. Foto: Daniel Nassif. Fig. Colheita mecanizada sem utilização do despontador. Foto: Daniel Nassif 261 Fig. Descrição das composições mais comuns do transporte de cana. Fonte: Silva (2006). Fig. Tranferência de cana picada para o caminhão. Foto: Patrícia Lopes. Fig. Carregamento de cana picada. Foto: Patrícia Lopes. 262 Descarregamento Fig. Amostrador de cana para análise e cálculo de preço para o produtor. Foto: Raffaella Rossetto. Fig. Guindaste Hilo para cana inteira. Fonte: Ripoli & Ripoli (2005). Fig. Guindaste Hilo para cana picada. Fonte: Ripoli & Ripoli (2005). Fig. Ponte rolante com garras para cana inteira. Fonte: Ripoli & Ripoli (2005). 263 Fig. Descarga lateral em mesa rebaixada. Fonte: Ripoli & Ripoli (2005). Fig. Descarregamento de cana estocada em mesa alimentadora. Fonte: Ripoli & Ripoli (2005). 264 29/09/2018 37 FIM 267
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