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2018 tÓpiCos espeCiAis Prof. Kleber Renan de Souza Santos Profª. Ana Clarisse Alencar Barbosa Prof. Arildo João de Souza Prof. Fábio Roberto Tavares Profª. Francieli Stano Torres Profª. Graciela Márcia Fochi Profª. Grazielle Jenske Profª. Greisse Moser Profª. Luciane da Luz Prof. Lírio Ribeiro Profª. Maquiel Duarte Vidal Profª. Meike Schubert Profª. Vânia Konell Profª. Vera Lúcia Hoff mann Pieritz Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof. Kleber Renan de Souza Santos Profª. Ana Clarisse Alencar Barbosa Prof. Arildo João de Souza Prof. Fábio Roberto Tavares Profª. Francieli Stano Torres Profª. Graciela Márcia Fochi Profª. Grazielle Jenske Profª. Greisse Moser Profª. Luciane da Luz Prof. Lírio Ribeiro Profª. Maquiel Duarte Vidal Profª. Meike Schubert Profª. Vânia Konell Profª. Vera Lúcia Hoff mann Pieritz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657 S237t Santos, Kleber Renan Tópicos Especiais / Kleber Renan Santos et al. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 294 p. : il ISBN 978-85-515-0131-3 1. Tópicos Especiais. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III ApresentAção Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Livro Didático de Tópicos Especiais. Este livro está dividido em três unidades e tem o intuito de apresentar e reforçar temas no componente de Formação Geral, conforme orientação da Portaria Inep nº 239, de 10 de junho de 2015, art. 3º: No componente de Formação Geral serão considerados os seguintes elementos integrantes do perfil profissional: letramento crítico; atitude ética; comprometimento e responsabilidades sociais; compreensão de temas que transcendam ao ambiente próprio de sua formação, relevantes para a realidade social; espírito científico, humanístico e reflexivo; capacidade de análise crítica e integradora da realidade; e aptidão para socializar conhecimentos com públicos diferenciados e em vários contextos. A partir dessa orientação, queremos que você compreenda que aprender a questionar é tão importante quanto buscar o saber, e que ao final do estudo deste livro você seja capaz de formular novas perguntas sobre a realidade humana e consiga propor soluções responsáveis para os desafios profissionais que surgirem. Assim, este livro traz conteúdos gerais para você estar bem preparado para o ENADE e também para o que a vida lhe apresentar. São temas pertinentes, atuais, abrangentes e que fazem parte da vida de todos nós. Vamos começar?! Na primeira unidade, que vai tratar sobre cidadania e sociedade, seremos conduzidos por um mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, na qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia, à ética e à cidadania. Desta forma, abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais na relação indivíduo e sociedade. Ainda nessa unidade vamos apresentar algumas definições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais. Vamos também identificar a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, que de alguma forma ainda não foram incluídos no contexto social. Relacionado à sociedade e suas relações, vamos trabalhar o conceito de multiculturalismo, enfatizando as origens do surgimento do movimento e os campos de conhecimento que acolhem os estudos multiculturais. IV Para finalizar a Unidade 1, estudaremos a cultura e a arte como áreas que interagem entre si e com as demais áreas de conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa. Começamos a segunda unidade adentrando nos assuntos relacionados à Ciência, Tecnologia e Sociedade. Veremos como se faz necessário entendermos os fundamentos da ciência sob diferentes óticas e também analisar definições e pensamentos acerca da tecnologia e algumas formas de interpretar a sociedade. Muito próximo dessa temática, avançaremos sobre as tecnologias da informação e comunicação como fator determinante no advento da sociedade da informação, das transformações resultantes do processo da globalização de mercados e dos avanços do uso dos processos tecnológicos na vida cotidiana dos indivíduos. Concluímos os estudos deste livro com a terceira unidade. Nela, vamos estudar sobre as políticas públicas, sobre a vivência nos meios urbanos e rurais e a questão ecológica, temas tão importantes para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Queremos evidenciar a importância das políticas públicas para a concretização dos direitos e deveres do Estado em relação às pessoas que compõem a sociedade e, assim como o Estado, gozam de seus direitos civis e políticos. Veremos que estamos sujeitos ao conjunto de normas jurídicas e sociais, formando assim um marco regulatório previamente fixado no que diz respeito à distribuição harmônica dos elementos que formam os direitos, deveres e responsabilidades em prol do desenvolvimento educacional, político, econômico e social. Nesta via de mão dupla vamos perceber que a vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política, quer seja promovida pelo Estado ou pela sociedade. Vamos ainda tratar sobre a saúde e sua gestão, a habitação e moradia como direitos constitucionais e a segurança em âmbito nacional. Esperamos que este estudo possa auxiliá-lo na compreensão de tantos temas que compõem este livro de estudos, preparar-se bem para o ENADE e levar para a vida as abordagens aqui feitas. Bons estudos! V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 - CIDADANIA E SOCIEDADE ..................................................................................1 TÓPICO 1 - DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA ...................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 A DEMOCRACIA EM PAUTA ......................................................................................................4 3 A QUESTÃO DA ÉTICA ...................................................................................................................8 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA .............................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................16 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................18 TÓPICO 2 - SOCIEDADE E A DIVERSIDADE ..............................................................................21 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................21 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL ....................21 3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL .....................................................22 4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE ............................................................30 5 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE HUMANA .......................................31 6 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO SABER APRENDIDO .........................................37 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................38 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39 TÓPICO 3 - MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/ INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO ...............................................................................41 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41 2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO .............................................................................41 3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO............................................................................43 4 ÁREAS DE CONHECIMENTO QUE ABRIGAM O MULTICULTURALISMO ...................44 5 MOVIMENTO FEMINISTA .............................................................................................................45 5.1 FEMINISMO ...................................................................................................................................45 5.2 A PRIMEIRA ONDA FEMINISTA ..............................................................................................46 5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA ..............................................................................................46 5.4 A TERCEIRA ONDA FEMINISTA E O SURGIMENTO DOS ESTUDOS DE GÊNERO ......................................................................................................48 6 CONCEITUANDO GÊNERO...........................................................................................................48 7 ESTUDOS DE GÊNERO ...................................................................................................................51 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................56 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................58 TÓPICO 4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR ........................................................................................................63 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................63 2 SETOR PRIVADO ..............................................................................................................................63 3 TERCEIRO SETOR ............................................................................................................................64 3.1 HISTÓRICO ...................................................................................................................................65 3.2 REALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL ................................................66 sumário VIII 4 AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ...................................................................68 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................71 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................72 TÓPICO 5 - CULTURA E ARTE ..........................................................................................................75 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................75 2 CULTURA .............................................................................................................................................76 3 ARTE ......................................................................................................................................................79 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................86 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................87 UNIDADE 2 - POLÍTICA, TECNOLOGIA E GLOBALIZAÇÃO: OS IMPACTOS SOBRE A SOCIEDADE ..........................................................................................89 TÓPICO 1 - CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE ........................................91 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................91 2 CIÊNCIA ...............................................................................................................................................91 3 TECNOLOGIA ....................................................................................................................................93 4 SOCIEDADE .......................................................................................................................................95 5 SOCIEDADE ENTRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ....................................................................96 6 CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE (CTSA) – INTERPRETAÇÕES SOBRE A NOVA FORMAÇÃO ................................................98 6.1 CTS SOB NOVAS ÓTICAS ...........................................................................................................98 6.2 CTS SOB A ÓTICA DE MILTON SANTOS ..............................................................................98 6.3 CTSA SOB A ÓTICA DE WIEBE BIJKER ...................................................................................1017 CARACTERIZANDO O MUNDO ATUAL ...................................................................................103 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................106 TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) .......................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR DETERMINANTE NO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO..................................................................................................109 3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TIC .............................................112 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................116 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117 TÓPICO 3 - AVANÇOS TECNOLÓGICOS ......................................................................................119 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119 2 TENDÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DO SÉCULO XXI ........................................................119 3 COMUNIDADES VIRTUAIS ..........................................................................................................120 3.1 REDES SOCIAIS .............................................................................................................................124 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................125 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................126 TÓPICO 4 - GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA INTERNACIONAL ..............................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 GLOBALIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA .............................................................129 2.1 O TERCEIRO SETOR ....................................................................................................................132 3 GLOBALIZAÇÃO: UM BALANÇO ................................................................................................132 4 A POLÍTICA INTERNACIONAL ....................................................................................................134 IX 5 O ESTADO MODERNO E O LIBERALISMO ..............................................................................134 6 O NEOLIBERALISMO E A TERCEIRA VIA ................................................................................135 7 TENDÊNCIAS AOS GOVERNOS E À POLÍTICA INTERNACIONAL .................................136 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139 TÓPICO 5 - RELAÇÕES DE TRABALHO ........................................................................................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 ORIGEM/SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO .............................................................141 3 AS MULHERES NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .....................................146 4 O TRABALHO NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS .............................................................147 4.1 AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO INFORMAL ..............................................................148 4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS NO BRASIL ...............................148 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................153 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154 UNIDADE 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS .............................................................................................157 TÓPICO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO .......................................................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 POLÍTICA PÚBLICA ATUAL ..........................................................................................................159 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................172 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................175 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................176 TÓPICO 2 - POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE ................................................................................177 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177 2 CONCEITO DE SAÚDE ....................................................................................................................179 3 SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO ...........................................................182 4 AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE ..........................................................................................183 5 DIVERSOS ATENDIMENTOS EM SAÚDE ................................................................................186 5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS ......................................................187 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................191 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................192 TÓPICO 3 - HABITAÇÃO E SANEAMENTO .................................................................................195 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195 2 DIREITO À MORADIA ....................................................................................................................195 3 SANEAMENTO ..................................................................................................................................202 4 SANEAMENTO BÁSICO .................................................................................................................203 5 PRECARIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO .......................................................................207 6 AVANÇOS NO SANEAMENTO .....................................................................................................210 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................212 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................213TÓPICO 4 - TRANSPORTES E SEGURANÇA ...............................................................................217 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................217 2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSPORTES .....................................................................................219 2.1 TERRESTRES ..................................................................................................................................219 2.2 AQUAVIÁRIOS ..............................................................................................................................221 2.3 AÉREO .............................................................................................................................................223 X 3 INFRAESTRUTURA ..........................................................................................................................224 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................226 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................227 TÓPICO 5- POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA EM ÂMBITO NACIONAL ..............229 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................229 2 A SEGURANÇA PÚBLICA E AS CONTRIBUIÇÕES COMUNITÁRIAS ..............................230 3 SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL ......................................................................231 4 SEGURANÇA PÚBLICA E O PAPEL DO ESTADO ....................................................................235 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................238 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................239 TÓPICO 6 - VIDA RURAL, URBANA E ECOLOGIA....................................................................241 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................241 2 VIDA URBANA ..................................................................................................................................241 3 VIDA RURAL ......................................................................................................................................243 4 SEMELHANÇAS OU DIFERENÇAS ..............................................................................................245 5 ECOLOGIA ..........................................................................................................................................248 6 ECOSSISTEMA ...................................................................................................................................249 6.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS .......................................................................................250 6.2 EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS ...............................................................................................253 6.3 DIVERSIDADE DO ECOSSISTEMA ...........................................................................................254 7 OS GRANDES BIOMAS ...................................................................................................................254 7.1 FATORES QUE DETERMINAM OS BIOMAS ..........................................................................254 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................256 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................257 TÓPICO 7- MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .............................259 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................259 2 QUESTÕES AMBIENTAIS – UMA REFLEXÃO SOCIOAMBIENTAL ...................................259 3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO ......................................................................................261 3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND OU “NOSSO FUTURO COMUM” .........................................263 3.2 AGENDA 21 ...................................................................................................................................263 3.3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO+20 ..................................................................264 4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO ..................................................................................264 4.1 OS PILARES DA SUSTENTABILIDADE ...................................................................................265 5 AS FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL .........................................................267 5.1 PACTO GLOBAL ..........................................................................................................................268 5.2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO - ODM .............................................269 5.3 PROTOCOLO DE KYOTO ...........................................................................................................270 5.4 ABNT NBR 14064 – INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA ........................................................................................................271 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................272 RESUMO DO TÓPICO 7......................................................................................................................276 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................277 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................281 1 UNIDADE 1 CIDADANIA E SOCIEDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • compreender diferentes conceitos de democracia, ética, cidadania e socio- diversidade; • verificar os padrões de conduta moral ao longo do tempo e em diversas culturas; • identificar a importância da responsabilidade social e os três setores: pú- blico, privado e terceiro setor para uma sociedade equânime; • entender a importância da cultura e da arte no desenvolvimento da sociedade. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA TÓPICO 2 – SOCIODIVERSIDADE E INCLUSÃO TÓPICO 3 – MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTO- LERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO TÓPICO 4 – RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRI- VADO E TERCEIRO SETOR TÓPICO 5 – CULTURA E ARTE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 1 INTRODUÇÃO Entraremos no mundo do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania. Esses conceitos estão previstos na Portaria INEP nº 493 de 6 de junho de 2017, em seu Art. 1º, que destaca: O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), parte integrante do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), tem como objetivo geral avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizescurriculares, às habilidades e competências para atuação profissional e aos conhecimentos sobre a realidade brasileira e mundial, bem como sobre outras áreas do conhecimento (BRASIL, 2017, grifos nossos). A mesma portaria, em seu Art. 5º, indica como referência do perfil do concluinte, no âmbito da Formação Geral, as seguintes características: I. ético e comprometido com as questões sociais, culturais e ambientais; II. humanista e crítico, apoiado em conhecimentos científico, social e cultural, historicamente construídos, que transcendam o ambiente próprio de sua formação; III. protagonista do saber, com visão do mundo em sua diversidade para práticas de letramento, voltadas para o exercício pleno de cidadania; IV. proativo, solidário, autônomo e consciente na tomada de decisões pautadas pela análise contextualizada das evidências disponíveis; V. colaborativo e propositivo no trabalho em equipes, grupos e redes, atuando com respeito, cooperação, iniciativa e responsabilidade social. E no Art. 6º é indicado que a prova ENADE avaliará se o concluinte desenvolveu, no processo de formação, competências para: I. fazer escolhas éticas, responsabilizando-se por suas consequências; II. ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência; III. compreender as linguagens como veículos de comunicação e expressão, respeitando as diferentes manifestações étnico-culturais e a variação linguística; IV. interpretar diferentes representações simbólicas, gráficas e numéricas de um mesmo conceito; V. formular e articular argumentos consistentes em situações sociocomunicativas, expressando-se com clareza, coerência e precisão; VI. organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de decisões; VII. planejar e elaborar projetos de ação e intervenção a partir da análise de necessidades, de forma coerente, em diferentes contextos; UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 4 QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133) FORMAS DE DEMOCRACIA Democracia direta Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/ plebiscito, se aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua localidade, Estado ou país. Democracia indireta Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome do povo que o elegeu. VIII. buscar soluções viáveis e inovadoras na resolução de situações- problema; IX. trabalhar em equipe, promovendo a troca de informações e a participação coletiva, com autocontrole e flexibilidade; X. promover, em situações de conflito, diálogo e regras coletivas de convivência, integrando saberes e conhecimentos, compartilhando metas e objetivos coletivos. Para tanto, abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade. 2 A DEMOCRACIA EM PAUTA Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Será que todos nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira? Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos? Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de eleições”, ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual quanto federal, no qual a população dessas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu representante para legislar em nome dessa mesma população. Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 133, grifos do original). Deste modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta (Quadro 1). O conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda massa populacional brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de democracia, é este conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular, que aparece nos discursos da população de nosso país. TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 5 Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. [é um] Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”. Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988, já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil. Assim, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de cada localidade”. Vale salientar que a democracia vai muito além desse discurso sintético de representação e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que: existem outras perspectivas que ampliam a compreensão do conceito, incluindo tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da democracia, como também os seus resultados práticos esperados no terreno da economia e da sociedade. Por uma parte, acompanhando a abordagem minimalista de Schumpeter (1950) e a procedimentalista de Dahl (1971), vários autores definiram a democracia em termos de competição, participação e contestação pacífica do poder. Neste sentido, no que tange à conotação que a democracia tem de competição, participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de democracia também está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não, além da competição entre partidos políticos e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais. Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia, que é a questão da “participação do povo”, em que cada cidadão brasileiro é elemento fundamental no processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente é parte do processo democrático instaurado neste país. Ao proferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao sistema vigente de democracia daquele determinado Estado. Resumidamente, a Figura 1 apresenta o primeiro entendimento da definição e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito. UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 6 FIGURA 1 – DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO FONTE: Os autores Maciel (2012, p. 73, grifos do original) complementa expondo que a democracia “tornou-se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”. Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos comuns a ele mesmo. Assim, Beethan(2003, p. 110 apud MACIEL, 2012, p. 73, grifos nossos) complementa expondo que: O direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a políticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento. No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo, os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento. “No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade com os demais”. Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda. Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação, pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento em relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou apenas não quis participar não fez parte do TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 7 QUADRO 2 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277) Disponível em: <http:// rafaelsilva.over-blog.es/arti- cle-objetivo-democracia- -iv-124370354.html>. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREM GOVERNOS por meio de eleições com a participação de todos os membros adultos da comunidade política. A isso se dá o nome de sufrágio universal (direito ao voto). ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e significativas. GARANTIA DE DIREITOS de expressão, reunião e organização, em especial, de partidos políticos para competir pelo poder. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a ação de governos e a política em geral. Essas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático são de fundamental importância para que haja a participação democrática de um povo em prol dos objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia vai muito além da simples representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se com a participação, com a competição e a contestação dos processos pacíficos da busca do poder no Estado Democrático de Direito. Sucintamente, a Figura 2 apresenta a ampliação da compreensão do entendimento do significado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado: FIGURA 2 – CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA FONTE: Os autores processo democrático de um país, pelo contrário, todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório, pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo. Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa, demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva. Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar um regime governamental pautado na democracia. UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 8 3 A QUESTÃO DA ÉTICA O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente, compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que vivemos? Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios éticos e morais, e esses princípios são norteadores de consciência moral do certo e do errado, do bem e do mal. De modo mais abrangente, a ética pode ser conceituada como a área da filosofia que investiga o agir humano, tanto aqueles com repercussão social, quanto aqueles sem maiores impactos na sociedade, ou seja, não somente os atos relativos à convivência com os outros, mas também consigo mesmo. Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que “a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que esses valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração. O que são valores? Pedro (2014, p. 490) faz um resgate etimológico da palavra Axiologia, de origem grega, que significa estudo dos valores ou ciência do valor, e aponta para um significado, o da vivência do valor, independentemente do valor que for, pois este é experienciado como um fenômeno que se apresenta à consciência como tal e como um acontecimento que nos é imediatamente dado. Para a filósofa húngara Agnes Heller (1972, p. 4), “valor é tudo aquilo que faz parte do ser genérico do homem e contribui, direta ou mediatamente para a explicação desse ser genérico”. Vejamos no Quadro 3 quais são os atributos dos valores humanos na perspectiva de Heller: QUADRO 3 – ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS OBJETIVAÇÃO - que se expressa prioritariamente por intermédio do trabalho; - que proporciona sair do subjetivo e passar para o real e concreto. Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a junção das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é democracia. ATENCAO TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 9 FONTE: Adaptado de Bonetti et al. (2010, p. 23) FONTE: Os autores QUADRO 4 – EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS SOCIALIDADE - que se expressa com a convivência com o outro, em grupo; - aprendizagem com o outro; - assimilação de normas sociais. CONSCIÊNCIA - tomar ciência dos fatos ou de alguma coisa; - reconhecimento da realidade; - descoberta de algo; - capacidade de perceber as coisas. UNIVERSALIDADE - universal; - o todo; - fazer parte de um determinado grupo. LIBERDADE - livre-arbítrio. Portanto, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são os elementos constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos valores morais. Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos dos valores e virtudes do ser humano, que vive e convive em sociedade. Amizade Justiça Obediência Respeito Simplicidade Lealdade Compreensão Sinceridade Pudor Generosidade Paciência Ordem Humildade Autoestima Liberdade Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a esses valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal” (PIERITZ, 2012, p. 57). Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras e normas de nossa sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 4). São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois, independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e princípios de forma diferente ao longo de nossa existência. Agora, acadêmico, raciocine o seguinte: se é um fato que nossa consciência moral é construída no seio de uma sociedade e com a influência do meio e das pessoas com asquais convivemos, há ainda outros fatores que concorrem para a constituição da consciência moral, e esse elemento é chamado de Lei natural UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 10 – pelos jusnaturalistas – e tem caráter universal, pois perpassa as sociedades políticas, é algo mais profundo que elas, constitui-se na própria natureza humana em sua universalidade (ROHLING, 2012). Segundo Valls (2003, p. 8): costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo, os problemas específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética etc. Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. Neste sentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constitui o que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa” (PIERITZ, 2013, p. 4). Então, como desvelar esta situação? Como saber se estamos no caminho certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o mal a alguém? São muitas indagações! Para auxiliar a reflexão sobre essas questões, Finnis (filósofo e jurista australiano) identifica sete valores básicos, os quais são os seguintes: I) vida; II) o conhecimento; III) o jogo; IV) a experiência estética; V) a sociabilidade; VI) a razoabilidade prática; e, VII) a religião. Esses valores, contudo, não são os únicos, pois existem, evidentemente, muitos outros, os quais, segundo propõe o autor, são modos ou combinações de modos de buscar – embora nem sempre com sensatez – e de realizar – nem sempre exitosamente – uma das sete formas básicas de bem, ou alguma combinação delas (ROHLING, 2012, p. 163). Neste sentido, podemos observar ainda que: os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente formuladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta forma, pautar o comportamento moral (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90). Podemos expor que deste ponto de vista existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do original) complementam expondo que “a palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”. Logo, conforme Pieritz (2012, p. 58, grifos nosso): TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 11 A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente de cada grupo social. Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade” (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou seja, a ética está para regular o nosso comportamento em sociedade. Complementando, Vázquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens [...]”, ou seja, “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral” (PIERITZ, 2013, p. 7, grifo nosso). Devemos compreender as diferenças conceituais de ética e moral, pois “podemos afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos” (PIERITZ, 2013, p. 19). Todavia, o que é a moral? Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos do original), “a MORAL vem do latim mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de moralis, morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim, a moral é compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas épocas ou por um grupo de pessoas, ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes determinam o seu comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo” (PIERITZ, 2013, p. 35). Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38): A moral sugere, constantemente, a valorização de nossas ações e de nossos comportamentos em sociedade, mas é a moral que determina quais são os nossos direitos e deveres perante a sociedade em que vivemos. Estes deveres são conectados ao nosso modo de ser e conviver em sociedade, gerando certas responsabilidades com relação a si próprio e aos outros, tais como: • sentimentos; • escolhas; • desejos; • atitudes; • posicionamentos diante da realidade; • juízo de valor; • senso moral; • consciência moral. UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 12 Sob estas concepções de ética e moral, apresentamos as suas principais diferenças na Figura 3: FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90) FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23) Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos, no entanto, ainda devemos compreender que: TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 13 Assim, concluímos que a moral: Vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes princípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos morais (PIERITZ, 2013, p. 21). Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”. Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo. Salientando ainda que nesse processo de transformação social devemos respeitar a permanência de alguns valores socialmente construídos, como a solidariedade, a igualdade e a fraternidade, para que todos possamos construir uma sociedade mais justa, ética, democrática e cidadã. 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA No que tange às questões pertinentes à cidadania, partiremosde sua concepção advinda do Título I – “Dos Princípios Fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual assim expressa: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania, mas você sabe o seu significado? UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 14 Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e fundamentam as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 132). Neste sentido: Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade, para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação, para o bem-estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas as outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...], até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país. ‘A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos’. Juarez Távora - Militar e político brasileiro (WEB CIÊNCIA, 2009 apud PIERITZ, 2013, p. 132). Portanto, podemos observar que a cidadania possui três dimensões. QUADRO 5 – DIMENSÕES DA CIDADANIA FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133) DIMENSÕES DA CIDADANIA Cidadania civil São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indivíduo, por exemplo: • o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; • o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou serviço); • entre outros. Cidadania política Podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os homens exercem seu poder político de ELEGER e SER ELEITOS para o exercício do poder político, independentemente da instituição pública ou privada na qual venham exercer suas atribuições. Cidadania social Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômica e social, ou seja, do seu bem-estar social. A cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. Além de que a cidadania é participação nos espaços públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia e ética de toda a população daquele determinado grupo social, político ou econômico. TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 15 Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos ‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, Estado ou Federação. Nesse sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania, ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende a simples lógica da garantia de direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo” (MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”. Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de nossa vida em sociedade e na vida pública. 16 Neste tópico, você aprendeu que: • A compreensão do significado mais usual da democracia denota que a democracia é compreendida como um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade. • A democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta. • A democracia é compreendida popularmente como a escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular. • O Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e opera democraticamente. • A Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil. • A democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não. • É importante relembrar que o elemento fundamental da democracia é a “participação do povo”. • A ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convivência com os outros. • A ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade. • Todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. • A consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. • Os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. RESUMO DO TÓPICO 1 17 • Existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. • A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. • O valor da ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral. • Um dos princípios fundamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania. • A cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade. • A cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. • Cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, Estado ou Federação. A participação é compreendida como um mecanismo do exercício da cidadania. 18 democracia. POL. 1 governo do povo; governo em que o povo exerce a soberania2 sistema político cujas ações atendem aos interesses populares 3 governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade 4 sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos 5 governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias. ética. 1 parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. 2 p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Considerando as acepções acima, elabore um texto dissertativo, com até 15 linhas, acerca do seguinte tema: Comportamento ético nas sociedades democráticas. Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: a) conceito de sociedade democrática; b) evidências de um comportamento não ético de um indivíduo; c) exemplo de um comportamento ético de um futuro profissional comprometido com a cidadania. AUTOATIVIDADE 2 (ENADE-2010, Formação Geral, Questão 2) 1 (ENADE-2010, Formação Geral, Questão 9) As seguintes acepções dos termos democracia e ética foram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 19 A charge acima representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as alternativas que seguem. I- A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um terá que escolher por si mesmo os seus valores e ideias, isto é, praticar a autoética. II- A ética política supõe sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. III- A ética pode se reduzir ao político, do mesmo modo que o político pode se reduzir à ética, em um processo a serviço do sujeito responsável. IV- A ética prescinde de condições históricas e sociais, pois é no homem que se situa a decisão ética, quando ele escolhe os seus valores e as suas afinidades. V- A ética se dá de fora para dentro, como compreensão do mundo, na perspectiva do fortalecimento dos valores pessoais. Estão corretas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e V. c) ( ) II e IV. d) ( ) III e IV. e) ( ) III e V. 20 21 TÓPICO 2 SOCIEDADE E A DIVERSIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Vamos iniciar o nosso tópico apresentando algumas definições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais. Vamos reconhecer a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, o que significa apenas uma concepção criada para diferenciar pessoas ou grupos sociais que, de alguma forma, ainda não foram incluídos no contexto social. 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade cultural e a desigualdade social, apesar de terem conceitos distintos, desempenham uma ampla relação entre seus termos, isto é, quanto maior for a diversidade cultural, maior será a desigualdade social. Neste sentido, Gomes (2012, p. 678) afirma que “a diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e internacional”. A diversidade cultural brasileira se deu pelo processo de miscigenação entre brancos, índios e negros e foi marcada por uma série de crenças, hábitos, costumes e conceitos contraditórios, alimentando assim uma discussão permanente a respeito dos direitos e deveres dos seres humanos. Principalmente no combate aos preconceitos remanescentes e oriundos dessa relação, que perdurou por séculos, trazendo sérias consequências a uma imensa população de oprimidos, incluindo-se aí os negros, os índios, os pobres, os portadores de algum tipo de deficiência, tipos de preferências, relações e diferenças sexuais, doenças crônicas, dentre outras formas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável. UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 22 3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade no contexto cultural significa uma grande quantidade de coisas, ações, pensamentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discórdia e geralmente acabam em conflitos, chegando até às desigualdades sociais. Por isso, a presença da diversidade no acontecer humano nem sempre garante um trato positivo dessa diversidade. Os diferentes contextos históricos, sociais e culturais, permeados por relações de poder e dominação, são acompanhados de uma maneira tensa e, por vezes, ambígua de lidar com o diverso. Nessa tensão, a diversidade pode ser tratada de maneira desigual e naturalizada (GOMES, 2007, p. 19). No entanto, existem pontos de vista convergentes e pontos de vista divergentes, ambos discriminatórios, um no sentido positivo e outro no sentido negativo, isto é, no primeiro caso, trata-se daquilo que já foi estipulado pela sociedade como regras relacionadas com bom senso; já no segundo caso, são ações que não condizem com a ordem preestabelecida através das leis, normas e regras que regulam e inibem o que podemos definir como procedimentos absurdos. Portanto, a desigualdade social tem os seus princípios pautados nas tendências e nas diferenças de cada indivíduo. Vejamos: A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia, alimentação, situação financeira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identifica como um fator ou um elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social. Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência física pessoas que não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de diferentes religiões ou, até mesmo, por causa de seu comportamento sexual. A discriminação racial diz respeito à raça/cor/fenótipo, que é um fator inerente à pessoa. Tal discriminação é abominável, assim como a discriminação a deficientes físicos ou idosos, pois tratam-se de aspectos involuntários e que, ademais, revelam a riqueza multifacetada da ordem criada, da diversidade natural. Outro tipo de discriminação é a avaliação dos atos e comportamentos, seja na escolha de uma religião e suas práticas ou nas ações que envolvem a sexualidade, entre outros aspectos do comportamento humano, pois nesses casos não se trata de aspectos inerentes ou involuntários, mas de opções sobre as quais podemos [e devemos] fazer juízos morais. Do contrário, por que estaríamos discutindo isso? Será que o ser humano, com toda capacidade de raciocínio e reflexão sobre si mesmo, reconhece a riqueza da pessoa? Haveria alguma etnia “melhor” que outra? TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE 23 Podemos citar como exemplo o que aconteceu com os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), que significa separaçãoentre negros e os brancos das classes dominantes. DICAS Sugerimos que você assista ao filme Mandela, que fala sobre a vida do ex- presidente da África do Sul e líder da luta contra o Apartheid. O filme tem como diretor Justin Chadwick. Como podemos perceber, o preconceito, a discriminação e o descaso com algumas pessoas têm ocasionado uma série de sofrimento e dor, principalmente para aquelas que são rejeitadas por uma grande parte da sociedade, em que as mesmas são julgadas e condenadas ao mesmo tempo, após serem classificadas como diferentes, porém, diferentes no sentido tendencioso e pejorativo, e muitas vezes essas pessoas são taxadas e rotuladas como pervertidas, no caso dos homossexuais, e frágeis, no caso das mulheres. Vejamos: Mulher: infelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes, no caso específico da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher brasileira contra casos de violência doméstica, ainda existem casos absurdos de desrespeito à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social. Homossexualidade: é o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, e para alguns indivíduos esse tipo de comportamento fere as normas de conduta universal. No entanto, já existem projetos no Congresso Nacional que criminalizam certas atitudes discriminatórias contra essa parcela da sociedade, o que significa um avanço na busca de um espaço alternativo, o que é perfeitamente compreensivo em uma sociedade cultural democrática. De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais ampla”. Assim, é fundamental que percebamos as diferenças e desigualdades não de forma natural, mas como uma construção histórica possível de ser desestabilizada em sua forma rígida, para ser transformada em algo que possa ser identificado e reconhecido como base para a construção de relações interpessoais mais democráticas dentro da sociedade, isto é, devemos pensar e repensar o seu conceito histórico e a sua trajetória futura, pois, de acordo com Gomes (2007, p. 22): UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 24 A diversidade cultural varia de contexto para contexto. Nem sempre aquilo que julgamos como diferença social, histórica e culturalmente construída recebe a mesma interpretação nas diferentes sociedades. Além disso, o modo de ser e de interpretar o mundo também é variado e diverso. Por isso, a diversidade precisa ser entendida em uma perspectiva relacional. Ou seja, as características, os atributos ou as formas ‘inventadas’ pela cultura para distinguir tanto o sujeito quanto o grupo a que ele pertence dependem do lugar por eles ocupado na sociedade e da relação que mantêm entre si e com os outros. Portanto, o caráter multicultural de nossas sociedades revela-se hoje temática quase obrigatória nas discussões sobre sociedade e sobre educação. Porém, refletir sobre a diversidade exige um posicionamento crítico diante de uma realidade cultural e racialmente miscigenada, assunto que, apesar de já ter sido discutido anteriormente, achamos prudente e viável inserir neste parágrafo outra opinião, que confirma as anteriores a respeito do processo de miscigenação. “Não podemos esquecer que a sociedade é construída em contextos históricos, socioeconômicos e políticos tensos, marcados por processos de colonização e dominação. Estamos, portanto, no terreno das desigualdades, das identidades e das diferenças” (GOMES, 2007, p. 22). E ainda segundo Gomes (2003, p. 73): O reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural (negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, homossexuais, entre outros) coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à diferença. Coloca-nos também diante do desafio de implementar políticas públicas em que a história e a diferença de cada grupo social e cultural sejam respeitadas dentro das suas especificidades, sem perder o rumo do diálogo, da troca de experiências e da garantia dos direitos sociais. A luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar de forma separada e isolada e nem resultar em práticas culturais, políticas e pedagógicas solidárias e excludentes. No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que podem ser vistos a olho nu, mas também àqueles que são construídos socialmente ao longo de um processo histórico, tendo os seus pontos divergentes e convergentes, que são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa forma. Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê- lo inimigo”. Aprofundando essa reflexão, tomamos como exemplo a Constituição Federal de 1988, que trata no Artigo 5º dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE 25 II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] (BRASIL, 1988, s.p.). Neste sentido, surgem algumas perguntas relacionadas à diversidade humana e seus direitos: se “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, tendo reconhecidas suas individualidades de homem e mulher como cidadãos, por que tanto se discute sobre as “questões de gênero”? Será que essa ideologia propõe a valorização da pessoa humana? Ou está disposta a trazer divisão, confusão de ideias ou até mesmo a negação da ordem natural? Ao privilegiar determinados grupos em detrimento de outros, não estaria contrariando a própria Constituição? Acadêmico, são muitos os questionamentos, e conforme destacado na apresentação deste livro, “aprender a questionar é tão importante quanto buscar o saber”. Por isso, nosso propósito é estimular o seu raciocínio crítico sobre a realidade em que vivemos, em um tempo de profundas e rápidas mudanças culturais, um tempo de aumento do individualismo, da comunicação quase que exclusivamente on-line, em que pouco se ouve, vê, toca ou sente. O diálogo é o caminho que nos une, revela nossa capacidade de aprender com o próximo e permite que as diferenças favoreçam a complementariedade promotora da paz. Pensar na diversidade cultural é pensar em sociedade, que envolve pensamento, ideia, ação e mudanças, isto é, significa pensar não apenas no reconhecimento do outro, mas pensar na relação entre o eu e o outro, pois, quando consideramos o outro estamos também considerando a nossa história, o nosso grupo e o nosso povo, mas não apenas como um simples padrão de comparação, e sim em sua totalidade. FIGURA 5 – DIVERSIDADE CULTURAL FONTE: Disponível em: <http://educacaobilingue.com/2010/01/17/indigena/>. Acesso em: 12 fev. 2014. UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE 26 Nessa perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns com os outros” (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para ser útil, participativo, democrático, ético, moral e solidário para com os seus semelhantes. Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem como estímulo na adaptação do ser humano,
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