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TÓPICOS ESPECIAIS Caderno de Estudos UNIASSELVI 2015 NEAD Educação a Distância GRUPO Copyright UNIASSELVI 2015 Elaboração: Ana Clarisse Alencar Barbosa Arildo João de Souza Fábio Roberto Tavares Francieli Stano Torres Graciela Márcia Fochi Grazielle Jenske Greisse Moser Luciane da Luz Lírio Ribeiro Maquiel Duarte Vidal Meike Schubert Vânia Konell Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 370 B238t Barbosa, Ana Clarisse Alencar Tópicos especiais / Ana Clarisse Alencar Barbosa [et al.] Indaial : UNIASSELVI, 2015. 291 p. : il. ISBN 978-85-7830-519-2 1. Educação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Caderno Tópicos Especiais. Este caderno está dividido em três unidades e tem o intuito de reforçar, conforme orientação do INEP, art. 3º: Elementos integrantes do perfil profissional: letramento crítico; atitude ética; comprometimento e responsabilidades sociais; compreensão de temas que transcendam ao ambiente próprio de sua formação, relevantes para a reali- dade social; espírito científico, humanístico e reflexivo; capacidade de análise crítica e integradora da realidade; e aptidão para socializar conhecimentos com públicos diferenciados e em vários contextos. A partir desta orientação, queremos apresentar o caderno, que traz conteúdos gerais para você estar bem preparado para o ENADE e para o que a vida lhe apresentar. São temas pertinentes, atuais, abrangentes e que fazem parte da vida de todos nós. Vamos começar? Na primeira unidade, que vai tratar sobre cidadania e sociedade, seremos conduzidos por um mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia, à ética e à cidadania. Desta forma, compreenderemos os significados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade. Ainda nesta unidade vamos apresentar algumas definições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais. Vamos também identificar a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, que de alguma forma, ainda não foram incluídos no contexto social. Relacionado à sociedade e suas relações, vamos trabalhar o conceito de multiculturalismo, enfatizando as origens do surgimento do movimento e os campos de conhecimento que acolhem os estudos multiculturais Para finalizar esta unidade, estudaremos a cultura e a arte como áreas que interagem entre si e com as demais áreas de conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa. iiiTÓPICOS ESPECIAIS iv UNI Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. Desejo a você excelentes estudos! UNI TÓPICOS ESPECIAIS Vamos caminhando para a segunda unidade? Começamos esta unidade adentrando nos assuntos relacionados à Ciência, Tecnologia e Sociedade. Veremos como se faz necessário entendermos os fundamentos da ciência sob diferentes óticas e também analisar definições e pensamentos acerca da tecnologia e algumas formas de interpretar a sociedade. Muito próximo dessa temática, avançaremos sobre as tecnologias da informação e comunicação como fator determinante no advento da sociedade da informação, das transformações resultantes do processo da globalização de mercados e dos avanços do uso dos processos tecnológicos na vida cotidiana dos indivíduos. Concluímos os estudos deste caderno com a terceira unidade. Nela, vamos estudar sobre as políticas públicas, sobre a vivência nos meios urbanos e rurais e a questão ecológica, temas tão importantes para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Queremos evidenciar a importância das políticas públicas para a concretização dos direitos e deveres do Estado em relação às pessoas que compõem a sociedade e, assim como o estado, gozam de seus direitos civis e políticos. Veremos também que estamos sujeitos ao conjunto de normas jurídicas e sociais, formando assim um marco regulatório previamente fixado no que diz respeito à distribuição harmônica dos elementos que formam os direitos, deveres e responsabilidades em prol do desenvolvimento educacional, político, econômico e social. Nesta via de mão dupla vamos perceber que a vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política, quer seja promovida pelo Estado ou pela sociedade. Vamos ainda tratar sobre a saúde e sua gestão, a habitação e moradia como direitos constitucionais e a segurança em âmbito nacional. Esperamos que este estudo possa auxiliá-lo na compreensão de tantos temas que compõem este caderno, preparar-se bem para o ENADE e leve para a vida as abordagens aqui feitas. Bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE 1 - CIDADANIA E SOCIEDADE ...................................................................... 1 TÓPICO 1 - DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA ......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3 2 A DEMOCRACIA EM PAUTA ........................................................................................ 3 3 A QUESTÃO DA ÉTICA ................................................................................................. 9 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA ................................................... 15 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 18 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 20 TÓPICO 2 - SOCIEDADE E A DIVERSIDADE ............................................................... 23 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 23 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL ............. 23 3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL ......................................... 24 4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE ............................................... 33 5 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE HUMANA .............................. 33 6 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO SABER APRENDIDO ............................. 39 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 41 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 42 TÓPICO 3 - MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO ........................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................45 2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO ................................................................ 45 3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO ............................................................... 47 4 ÁREAS DE CONHECIMENTO QUE ABRIGAM O MULTICULTURALISMO ............. 48 5 ESTUDOS DE GÊNERO .............................................................................................. 49 5.1 FEMINISMO .............................................................................................................. 49 5.2 A PRIMEIRA ONDA FEMINISTA ............................................................................... 50 5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA ............................................................................... 50 5.4 A TERCEIRA ONDA FEMINISTA E O SURGIMENTO DOS ESTUDOS DE GÊNERO ......................................................................................................................... 52 6 CONCEITUANDO GÊNERO ........................................................................................ 52 7 ESTUDOS DE GÊNERO .............................................................................................. 53 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 57 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 59 TÓPICO 4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR ......................................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 63 2 SETOR PRIVADO ........................................................................................................ 64 vTÓPICOS ESPECIAIS viTÓPICOS ESPECIAIS 3 TERCEIRO SETOR ...................................................................................................... 64 3.1 HISTÓRICO ............................................................................................................... 65 3.2 REALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL .................................... 67 4 AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ...................................................... 68 RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 71 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 72 TÓPICO 5 - CULTURA E ARTE ..................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 75 2 CULTURA .................................................................................................................... 76 3 ARTE ............................................................................................................................ 79 RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 87 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 88 AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 90 UNIDADE 2 - POLÍTICA, TECNOLOGIA E GLOBALIZAÇÃO: OS IMPACTOS SOBRE A SOCIEDADE .................................................................................................................. 91 TÓPICO 1 - CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE .................................................. 93 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 93 2 CIÊNCIA ....................................................................................................................... 93 3 TECNOLOGIA .............................................................................................................. 95 4 SOCIEDADE ............................................................................................................... 97 5 SOCIEDADE ENTRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ...................................................... 99 6 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) – INTERPRETAÇÕES SOBRE A NOVA FORMAÇÃO .................................................................................................. 100 6.1 CTS SOB NOVAS ÓTICAS ..................................................................................... 100 6.2 CTS SOB A ÓTICA DE MILTON SANTOS ............................................................. 101 6.3 CTS SOB A ÓTICA DE WIEBE BIJKER .................................................................. 103 7 CARACTERIZANDO O MUNDO ATUAL .................................................................. 105 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 107 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 108 TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) ................111 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................111 2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR DETERMINANTE NO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ......................111 3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TIC .................................114 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................118 AUTOATIVIDADE .........................................................................................................119 TÓPICO 3 - AVANÇOS TECNOLÓGICOS ................................................................... 121 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 121 2 TENDÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DO SÉCULO XXI ........................................... 121 viiTÓPICOS ESPECIAIS 3 COMUNIDADES VIRTUAIS ....................................................................................... 122 3.1 REDES SOCIAIS ..................................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 125 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 126 TÓPICO 4 - GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA INTERNACIONAL .................................. 129 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 129 2 GLOBALIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA .............................................. 130 2.1 O TERCEIRO SETOR ............................................................................................. 132 3 GLOBALIZAÇÃO: UM BALANÇO ............................................................................ 132 4 A POLÍTICA INTERNACIONAL ................................................................................. 134 5 O ESTADO MODERNO E O LIBERALISMO ............................................................ 234 6 O NEOLIBERALISMO E A TERCEIRA VIA .............................................................. 235 7 TENDÊNCIAS AOS GOVERNOS E À POLÍTICA INTERNACIONAL ...................... 137 RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 139 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 140 TÓPICO 5 - RELAÇÕES DETRABALHO ................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 141 2 ORIGEM/SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO ............................................... 141 3 AS MULHERES NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ......................... 146 4 O TRABALHO NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS ............................................. 147 4.1 AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO INFORMAL ............................................... 148 4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS NO BRASIL ............... 149 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 151 RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 154 AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 156 UNIDADE 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................... 157 TÓPICO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO ..................................................... 159 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 159 2 POLÍTICA PÚBLICA ATUAL ..................................................................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 172 AUTIATOVIDADE ........................................................................................................ 173 TÓPICO 2 - POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE ............................................................. 175 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 175 2 CONCEITO DE SAÚDE ............................................................................................. 177 3 SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO ............................................ 180 4 AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE ..................................................................... 181 5 DIVERSOS ATENDIMENTOS EM SAÚDE ............................................................... 184 5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS .................................... 185 viiiTÓPICOS ESPECIAIS RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 189 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 190 TÓPICO 3 - HABITAÇÃO E SANEAMENTO ............................................................... 193 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 193 2 DIREITO À MORADIA ............................................................................................... 194 3 SANEAMENTO .......................................................................................................... 200 4 SANEAMENTO BÁSICO ........................................................................................... 201 5 PRECARIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO ....................................................... 205 6 AVANÇOS NO SANEAMENTO ................................................................................. 207 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................. 210 AUTOATIVIDADE .........................................................................................................211 TÓPICO 4 - TRANSPORTES E SEGURANÇA ............................................................. 215 1 TRANSPORTES ........................................................................................................ 215 2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSPORTES ................................................................. 217 2.1 TERRESTRES ........................................................................................................ 217 2.2 AQUAVIÁRIOS ........................................................................................................ 219 2.3 AÉREO .................................................................................................................... 221 3 INFRAESTRUTURA .................................................................................................. 221 RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................. 224 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 225 TÓPICO 5 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA EM ÂMBITO NACIONAL .... 226 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 226 2 A SEGURANÇA PÚBLICA E AS CONTRIBUIÇÕES COMUNITÁRIAS ................... 228 3 SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL ..................................................... 229 4 SEGURANÇA PÚBLICA E O PAPEL DO ESTADO .................................................. 233 RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 236 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 237 TÓPICO 6 - VIDA RURAL, URBANA E ECOLOGIA .................................................... 239 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 239 2 VIDA URBANA ........................................................................................................... 239 3 VIDA RURAL ............................................................................................................. 241 4 SEMELHANÇAS OU DIFERENÇAS ......................................................................... 244 5 ECOLOGIA ................................................................................................................ 247 6 ECOSSISTEMA .......................................................................................................... 248 6.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS .................................................................... 249 6.2 EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS ......................................................................... 252 6.3 DIVERSIDADE DO ECOSSISTEMA ....................................................................... 252 7 OS GRANDES BIOMAS ............................................................................................ 253 7.1 FATORES QUE DETERMINAM OS BIOMAS ......................................................... 253 RESUMO DO TÓPICO 6 ............................................................................................... 255 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 256 TÓPICO 7 - MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................. 259 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 259 2 QUESTÕES AMBIENTAIS – UMA REFLEXÃO SOCIOAMBIENTAL ...................... 259 3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO .................................................................... 262 3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND OU “NOSSO FUTURO COMUM” ............................. 263 3.2 AGENDA 21 ............................................................................................................. 264 3.3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL– RIO+20 ............................................................................................ 264 4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO ................................................................ 265 4.1 OS PILARES DA SUSTENTABILIDADE ................................................................. 266 5 AS FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL ......................................... 268 5.1 PACTO GLOBAL .................................................................................................... 270 5.2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO - ODM ................................ 270 5.3 PROTOCOLO DE KYOTO ...................................................................................... 271 5.4 ABNT NBR 14064 – INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA ......................................................................................................................... 272 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 272 RESUMO DO TÓPICO 7 ............................................................................................... 276 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................ 277 AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 279 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 280 iixTÓPICOS ESPECIAIS xTÓPICOS ESPECIAIS T Ó P I C O S E S P E C I A I S UNIDADE 1 CIDADANIA E SOCIEDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Esta unidade tem por objetivos: compreender diferentes conceitos de democracia, ética, cidadania e sociodiversidade; verificar a evolução da conduta moral e do multiculturalismo ao longo dos anos; identificar a importância da responsabilidade social e os três setores: público, privado e terceiro setor para uma sociedade equânime; entender a importância da cultura e da arte no desenvolvimento da sociedade. TÓPICO 1 – DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA TÓPICO 2 – SOCIODIVERSIDADE E INCLUSÃO TÓPICO 3 – MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO TÓPICO 4 – RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR TÓPICO 5 – CULTURA E ARTE PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles você encontrará um resumo e atividades que reforçarão o seu aprendizado. T Ó P I C O S E S P E C I A I S T Ó P I C O S E S P E C I A I S DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 Entraremos no mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania. Para tanto, abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade. UNIDADE 1 2 A DEMOCRACIA EM PAUTA Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira? Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos? Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu representante para legislar em nome desta mesma população. UNIDADE 1TÓPICO 14 T Ó P I C O S E S P E C I A I S Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade”. (PIERITZ, 2013, p.133) Deste modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta. QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA FORMAS DE DEMOCRACIA D e m o c r a c i a direta Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua localidade, Estado ou país. D e m o c r a c i a indireta Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome do povo que o elegeu. FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133) Este conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda massa populacional brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de democracia, é este conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular, que aparece nos discursos da população de nosso país. Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”. Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988, já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil. Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de cada localidade”. Resumidamente, a Figura 1, a seguir, apresenta o primeiro entendimento da definição e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito: UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 T Ó P I C O S E S P E C I A I S FIGURA 1 - DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO FONTE: Os autores Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que: existem outras perspectivas que ampliam a compreensão do conceito, incluin- do tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da democracia, como também os seus resultados práticos esperados no terreno da economia e da sociedade. Por uma parte, acompanhando a abordagem minimalista de Schumpeter (1950) e a procedimentalista de Dahl (1971), vários autores defi- niram a democracia em termos de competição, participação e contestação pacífica do poder. Neste sentido, no que tange a esta conotação que a democracia tem de competição, participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de democracia também está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não, além da competição entre partidos políticos e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais. Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia, que é a questão da “participação do povo”, no qual cada cidadão brasileiro é elemento fundamental no processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente é parte doprocesso democrático UNIDADE 1TÓPICO 16 T Ó P I C O S E S P E C I A I S instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao sistema vigente de democracia daquele determinado Estado. Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou- se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”. Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa expondo que: o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí- ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento. No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo, os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento. No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade com os demais. Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda. Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação, pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário, todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório, pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo. Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa, demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva. Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto a seguir. UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 T Ó P I C O S E S P E C I A I S QUADRO 2 - CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO Disponível em: <http:// rafaelsilva.over-blog.es/ article-objetivo-demo- cracia-iv-124370354. html> 1. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREM GOVERNOS por meio de eleições com a participação de todos os membros adultos da comunidade política. 2. ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e significa- tivas. 3. GARANTIA DE DIREITOS de expressão, reunião e organiza- ção, em especial, de partidos políticos para competir pelo poder. 4. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a ação de governos e a política em geral. FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277) Estas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático são de fundamental importância para que haja a participação democrática de um povo em prol dos objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia vai muito além da simples representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se com a participação, com a competição e a contestação dos processos pacíficos da busca do poder no Estado Democrático de Direito. Sucintamente, a Figura 2 apresenta a ampliação da compreensão do entendimento do significado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado: UNIDADE 1TÓPICO 18 T Ó P I C O S E S P E C I A I S FIGURA 2 - CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA FONTE: Os autores IMP OR TAN TE! � Caro aluno, para colaborar com seus estudos, veja que a junção das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é democracia. UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 T Ó P I C O S E S P E C I A I S 3 A QUESTÃO DA ÉTICA O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que vivemos? Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do errado, do bem e do mal. Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que “a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração. Mas, o que são valores? Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor). Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller: UNIDADE 1TÓPICO 110 T Ó P I C O S E S P E C I A I S QUADRO 3 - ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS OBJETIVAÇÃO - que se expressa prioritariamente por intermédio do trabalho; - que proporciona sair do subjetivo e passar para o real e concre- to. SOCIALIDADE - que se expressa com a convivência com o outro, em grupo; - aprendizagem com o outro; - assimilação de normas sociais. CONSCIÊNCIA - tomar ciência dos fatos ou de alguma coisa; - reconhecimento da realidade; - descoberta de algo; - capacidade de perceber as coisas. UNIVERSALIDADE - universal; - o todo; - fazer parte de um determinado grupo. LIBERDADE - livre-arbítrio. FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23) Então, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são os elementos constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos valores morais. Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos dos valores e virtudes do ser humano, que vive e convive em sociedade. QUADRO 4 - EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS AMIZADE JUSTIÇA OBEDIÊNCIA RESPEITO SIMPLICIDADE LEALDADE COMPREENSÃO SINCERIDADE PUDOR GENEROSIDADE PACIÊNCIA ORDEM HUMILDADE AUTOESTIMA LIBERDADE FONTE: Os autores UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 T Ó P I C O S E S P E C I A I S Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57) Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4) São estas regras e normativasjurídicas e sociais que determinam o nosso agir em sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois, independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e princípios de forma diferente ao longo de nossa existência. Segundo Valls (2003, p. 8), costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo, os problemas específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética etc. Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. Neste sentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constituiu o que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa”. (PIERITZ, 2013, p. 4) Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o mal a alguém? São muitas indagações! Neste sentido, podemos observar que: os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente for- muladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90) Então, podemos expor que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que UNIDADE 1TÓPICO 112 T Ó P I C O S E S P E C I A I S a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”. Logo, conforme Pieritz (2012, p. 58, grifo nosso): A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente de cada grupo social. Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade”. (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou seja, a ética está para regular o nosso comportamento em sociedade. Complementando, Vázquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens [...]”, ou seja, “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral”. (PIERITZ, 2013, p. 7, grifo nosso) Devemos compreender as diferenças conceituais de ética e moral, pois “podemos afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos”. (PIERITZ, 2013, p. 19) Porém, o que é a moral? Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do latim mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de moralis, morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas épocas ou por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes determinam o seu comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo”. (PIERITZ, 2013, p. 35) Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38), UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 T Ó P I C O S E S P E C I A I S A moral sugere, constantemente, a valorização de nossas ações e de nossos comportamentos em sociedade, mas é a moral que determina quais são os nossos direitos e deveres perante a sociedade em que vivemos. Estes deve- res são conectados ao nosso modo de ser e conviver em sociedade, gerando certas responsabilidades com relação a si próprio e aos outros, tais como: • sentimentos; • escolhas; • desejos; • atitudes; • posicionamentos diante da realidade; • juízo de valor; • senso moral; • consciência moral. Sob estas concepções de ética e moral, apresentamos as suas principais diferenças na figura abaixo: FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90) UNIDADE 1TÓPICO 114 T Ó P I C O S E S P E C I A I S Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos, no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir: FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23) Assim sendo, podemos concluir que a moral Vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes prin- cípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos morais. (PIERITZ, 2013, p. 21) Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”. Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo. Salientando ainda que neste processo de transformação social devemos respeitar a permanência de alguns valores socialmente construídos, como, por exemplo, a solidariedade, a igualdade e a fraternidade, para que todos possamos construir uma sociedade mais justa, ética, democrática e cidadã. UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 T Ó P I C O S E S P E C I A I S 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA No que tange às questões pertinentes à cidadania, partiremos de sua concepção advinda do Título I – “Dos Princípios Fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual assim expressa: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociaisdo trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado? Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e fundamentam as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 132) Neste sentido, Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade, para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação, para o bem-estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas as outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...], até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país. ‘A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos’. Juarez Távora - Militar e político brasileiro. (WEB CIÊNCIA, 2009, apud PIERITZ, 2013, p. 132) Então, podemos observar que a cidadania possui três dimensões, que estão descritas no Quadro 5. UNIDADE 1TÓPICO 116 T Ó P I C O S E S P E C I A I S QUADRO 5 - DIMENSÕES DA CIDADANIA DIMENSÕES DA CIDADANIA Cidadania civil São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indiví- duo, como, por exemplo: • o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; • o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou serviço); • entre outros. Cidadania política Podemos considerar que a cidadania política se legitima quan- do os homens exercem seu poder político de ELEGER e SER ELEITOS para o exercício do poder político, independentemente da instituição pública ou privada na qual venham exercer suas atribuições. Cidadania social Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômi- ca e social, ou seja, do seu bem-estar social. FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133) Assim, podemos observar que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. Além de que a cidadania é participação nos espaços públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia e ética de toda a população daquele determinado grupo social, político ou econômico. Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos ‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, Estado ou Federação. Neste sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania, ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”. (MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”. UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 T Ó P I C O S E S P E C I A I S Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de nossa vida em sociedade e na vida pública. UNIDADE 1TÓPICO 118 T Ó P I C O S E S P E C I A I S RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico vimos: • A compreensão do significado mais usual da democracia denota que a democracia é com- preendida como um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria socie- dade. • Vimos que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta. • Observamos que a democracia é compreendida popularmente como a escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular. • Estudamos sobre o Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e opera democraticamente. • Vimos que a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil. • Falamos que a democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, princi- palmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não. • É importante relembrar que o elemento fundamental da democracia, é a “participação do povo”. • Verificamos que a ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convi- vência com os outros. • Vimos que a ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em so- ciedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade. • Estudamos que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. • Vimos que a consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. UNIDADE 1 TÓPICO 1 19 T Ó P I C O S E S P E C I A I S • Vimos que os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. • Estudamos que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. • A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. • O valor de ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral. • Vimos que um dos princípios fundamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania. • Estudamos que a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determi- nando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade. • Vimos que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange o respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. • A cidadania é sinônimo de participação. • Vimos que cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços demo- cráticos do seu município, Estado ou Federação. • A participação é compreendida como um mecanismo do exercício da cidadania. UNIDADE 1TÓPICO 120 T Ó P I C O S E S P E C I A I S AUT OAT IVID ADE � 1 (ENADE 2010, FormaçãoGeral, Questão 09) As seguintes acepções dos termos democracia e ética foram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. democracia. POL. 1 governo do povo; governo em que o povo exerce a soberania 2 sistema político cujas ações atendem aos interesses populares 3 governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstan- cial, mas segundo princípios permanentes de legalidade 4 sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equita- tiva de poder entre todos os cidadãos 5 governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias. ética. 1 parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. 2 p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Considerando as acepções acima, elabore um texto dissertativo, com até 15 linhas, acerca do seguinte tema: Comportamento ético nas sociedades democráticas Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: a) conceito de sociedade democrática; b) evidências de um comportamento não ético de um indivíduo; c) exemplo de um comportamento ético de um futuro profissional comprometido com a cidadania. 2 (ENADE 2010, Formação Geral, Questão 02) UNIDADE 1 TÓPICO 1 21 T Ó P I C O S E S P E C I A I S A charge acima representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as alternativas que se seguem. I- A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um terá que escolher por si mesmo os seus valores e ideias, isto é, praticar a autoética. II- A ética política supõe sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. III- A ética pode se reduzir ao político, do mesmo modo que o político pode se reduzir à ética, em um processo a serviço do sujeito responsável. IV- A ética prescinde de condições históricas e sociais, pois é no homem que se situa a decisão ética, quando ele escolhe os seus valores e as suas afinidades. V- A ética se dá de fora para dentro, como compreensão do mundo, na perspectiva do fortalecimento dos valores pessoais. Estão corretas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e V. c) ( ) II e IV. d) ( ) III e IV. e) ( ) III e V. UNIDADE 1TÓPICO 122 T Ó P I C O S E S P E C I A I S T Ó P I C O S E S P E C I A I S SOCIEDADE E A DIVERSIDADE 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 Vamos iniciar o nosso tópico apresentando algumas definições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais. Vamos reconhecer a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, o que significa apenas uma concepção criada para diferenciar pessoas ou grupos sociais que, de alguma forma, ainda não foram incluídos no contexto social. UNIDADE 1 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade cultural e a desigualdade social, apesar de terem conceitos distintos, desempenham uma ampla relação entre seus termos, isto é, quanto maior for a diversidade cultural, maior será a desigualdade social. A diversidade cultural brasileira se deu pelo processo de miscigenação entre brancos, índios e negros e foi marcada por uma série de crenças, hábitos, costumes e conceitos contraditórios, alimentando assim uma discussão permanente a respeito dos direitos e deveres dos seres humanos. Principalmente no combate aos preconceitos remanescentes e oriundos dessa relação, que perdurou por séculos, trazendo sérias consequências a uma imensa população de oprimidos, incluindo-se aí os negros, os índios, os pobres, os portadores de algum tipo de deficiência, tipos de preferências, relações e diferenças sexuais, doenças crônicas, UNIDADE 1TÓPICO 224 T Ó P I C O S E S P E C I A I S dentre outras formas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável. 3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade no contexto cultural significa uma grande quantidade de coisas, ações, pensamentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discórdia e geralmente acabam em conflitos, chegando até às desigualdades sociais. Por isso, a presença da diversidade no acontecer humano nem sempre garante um trato positivo dessa diversidade. Os diferentes contextos históricos, sociais e culturais, permeados por relações de poder e dominação, são acompanhados de uma maneira tensa e, por vezes, ambígua de lidar com o diverso. Nessa tensão, a diversidade pode ser tratada de maneira desigual e naturalizada (GOMES, 2007, p. 19). No entanto, existem pontos de vista convergentes e pontos de vista divergentes, ambos discriminatórios, um no sentido positivo e outro no sentido negativo, isto é, no primeiro caso, trata-se daquilo que já foi estipulado pela sociedade como regras relacionadas com bom senso; já no segundo caso, são ações que não condizem com a ordem preestabelecida através das leis, normas e regras que regulam e inibem o que podemos definir como procedimentos absurdos. Portanto, a desigualdade social tem os seus princípios pautados nas tendências e nas diferenças de cada indivíduo. Vejamos: A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia, alimentação, situação financeira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identifica como um fator ou um elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social. Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência física pessoas que não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de diferentes religiões ou, até mesmo, por causa de seu comportamento sexual. Esses indivíduos, apesar de viverem no século XXI, onde existe um processo de evolução tecnológica e humana, mesmo assim são discriminados e violentados por sua maneira de ser, principalmente por grupos radicais. Podemos citar como exemplo o que aconteceu com os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), o que significa separação entre negros e os brancos das classes dominantes. UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 T Ó P I C O S E S P E C I A I S DIC AS! Sugerimos que você assista ao filme Mandela, que fala sobre a vida do ex-presidente da África do Sul e líder da luta contra o Apartheid. O filme tem como diretor Justin Chadwick. Como podemos perceber, o preconceito, a discriminação e o descaso com algumas pessoas têm ocasionado uma série de sofrimento e dor, principalmente para aquelas que são rejeitadas por uma grande parte da sociedade, onde as mesmas são julgadas e condenadas ao mesmo tempo, após serem classificadas como diferentes, porém, diferentes no sentido tendencioso e pejorativo, e muitas vezes essas pessoas são taxadas e rotuladas como pervertidas, no caso dos homossexuais, e frágeis, no caso das mulheres.Vejamos: Mulher: infelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes, no caso específico da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher brasileira contra casos de violências domésticas, ainda existem casos absurdos de desrespeito à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social. Homossexualidade: é o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, e para alguns indivíduos esse tipo de comportamento fere as normas de conduta universal. No entanto, já existem projetos no Congresso Nacional que criminalizam certas atitudes discriminatórias contra essa parcela da sociedade, o que significa um avanço na busca de um espaço alternativo, o que é perfeitamente compreensivo em uma sociedade cultural democrática. De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais ampla”. Assim, é fundamental que percebamos as diferenças e desigualdades não de forma natural, mas como uma construção histórica possível de ser desestabilizada em sua forma rígida, para ser transformada em algo que possa ser identificado e reconhecido como base para a construção de relações interpessoais mais democráticas dentro da sociedade, isto é, devemos pensar e repensar o seu conceito histórico e a sua trajetória futura, pois, de acordo com Gomes (2007, p. 22): A diversidade cultural varia de contexto para contexto. Nem sempre aquilo que julgamos como diferença social, histórica e culturalmente construída recebe a mesma interpretação nas diferentes sociedades. Além disso, o modo de ser e de interpretar o mundo também é variado e diverso. Por isso, a diversidade precisa ser entendida em uma perspectiva relacional. Ou seja, as características, os atributos ou as formas ‘inventadas’ pela cultura para distinguir tanto o sujeito quanto o grupo a que ele pertence dependem do lugar por eles ocupado na sociedade UNIDADE 1TÓPICO 226 T Ó P I C O S E S P E C I A I S e da relação que mantêm entre si e com os outros. Portanto, o caráter multicultural de nossas sociedades revela-se hoje temática quase obrigatória nas discussões sobre sociedade e sobre educação. Porém, refletir sobre a diversidade exige um posicionamento crítico diante de uma realidade cultural e racialmente miscigenada, assunto que, apesar de já ter sido discutido anteriormente, achamos prudente e viável inserir neste parágrafo outra opinião, que confirma as anteriores a respeito do processo de miscigenação. Não podemos esquecer que essa sociedade é construída em contextos históricos, socioeconômicos e políticos tensos, marcados por processos de colonização e dominação. Estamos, portanto, no terreno das desigualdades, das identidades e das diferenças (GOMES, 2007, p. 22). E ainda segundo Gomes (2003, p. 73): O reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural (negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, homossexuais, entre outros) coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à diferença. Coloca-nos também diante do desafio de implementar políticas públicas em que a história e a diferença de cada grupo social e cultural sejam respeitadas dentro das suas especificidades, sem perder o rumo do diálogo, da troca de experiências e da garantia dos direitos sociais. A luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar de forma separada e isolada e nem resultar em práticas culturais, políticas e pedagógicas solidárias e excludentes. No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que podem ser vistos a olho nu, mas também aquelas que são construídas socialmente ao longo de um processo histórico, tendo as mesmas os seus pontos divergentes e convergentes, que são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa forma. Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”. Pensar na diversidade cultural é pensar em sociedade, que envolve pensamento, ideia, ação e mudanças, isto é, significa pensar não apenas no reconhecimento do outro, mas pensar na relação entre o eu e o outro, pois, quando consideramos o outro estamos também considerando a nossa história, o nosso grupo e o nosso povo, mas não apenas como um simples padrão de comparação, e sim em sua totalidade. UNIDADE 1 TÓPICO 2 27 T Ó P I C O S E S P E C I A I S FIGURA 5 - DIVERSIDADE CULTURAL FONTE: Disponível em: <http:// educacaobilingue.com/2010/01/17/ indigena/>. Acesso em: 12 fev. 2014. Nesta perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns com os outros”. (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para ser útil, participativo, democrático, ético, moral e solidário para com os seus semelhantes. Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem como estímulo na adaptação do ser humano, bem como no seu processo de desenvolvimento pessoal frente às diversidades existentes no universo, que poderíamos denominá-las de um conjunto de atos e fatos diferentes entre si que formam a sociedade como um todo. Para Saji (2005, p. 13), “o tema diversidade é bastante amplo. Sua abordagem vai desde definições restritas às questões de raça, etnia e gênero, até as mais abrangentes, que consideram como diversidade qualquer diferença individual entre as pessoas”. AUT OAT IVID ADE � Chegou sua vez! Escreva o seu conceito para Diversidade. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ UNIDADE 1TÓPICO 228 T Ó P I C O S E S P E C I A I S Assim, a diversidade faz parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a diversidade relacionada com a situação socioeconômica, com a diversidade cultural, onde as mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente em se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações culturais, incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de fazer parte da cultura original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender a uma demanda econômica. Como foi o caso da cultura da cana-de-açúcar, explorada pelos grandes latifundiários, gerando um longo período de uma relação conflitante e tumultuada entre o poder destes grupos de exploradores e a submissão dos negros, dos índios, das mulheres, das crianças e adolescentes. Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos, seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada emnós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria (RIBEIRO, 1995, p. 120). Então, caro acadêmico! Existe uma diversidade de coisas diferentes e uma diversidade de pessoas diferentes em todos os seus aspectos. A esse tipo de diversidade denominamos de diversidade cultural, o que significa na prática o relacionamento comunitário, ou melhor, o relacionamento em diferentes comunidades, podendo este relacionamento contribuir significativamente no sentido cooperativo ou na geração de conflitos, que são chamados de conflitos sociais. Portanto, são essas diferenças que geram o princípio da desigualdade social, que vão além das características humanas, ultrapassando o bom senso, descaracterizando o princípio da igualdade e do amor ao próximo, modificando ou alterando outros princípios considerados de grande importância para as questões relacionadas com o respeito, a dignidade, a reciprocidade e as boas práticas das relações humanas no contexto social. UNIDADE 1 TÓPICO 2 29 T Ó P I C O S E S P E C I A I S AUT OAT IVID ADE � Qual o seu conceito para desigualdade social? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Acadêmicos! É preciso que haja um basta nesta triste trajetória de descaso e discriminação entre os seres humanos, principalmente frear os impulsos daqueles mais exaltados, que ferem com palavras e atos e cada vez mais maculam a imagem e obscurecem a identidade do indivíduo, como pessoa e como cidadão com direitos e deveres. Dessa forma, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. Isso é cidadania, isso é respeito e é também uma forma de inclusão social. Sendo assim, a desigualdade significa não só a diferença existente entre pessoas ou coisas que compõem o universo, mas significa também a diferença no tratamento e no respeito para com o outro. Nesse caso, estamos nos referindo à desigualdade humana, que na maioria das vezes está caracterizada pelo preconceito e pelos diversos tipos de violências e pelas suas relações conflitantes dentro do contexto social. Exemplo: a desigualdade socioeconômica, as desigualdades raciais, a falta de segurança, a falta de acesso à moradia, ao saneamento básico, dentre outras formas de exclusão social. Muitas vezes, essas diferenças são ocasionadas pela falta de oportunidade, excluindo até o mais digno do ser humano, o que não deixa de ser uma forma preconceituosa de relação e convivência social. Aquino et al. (2002, p.34-35) afirmam que: Toda vez que julgamos uma pessoa, um grupo ou mesmo um povo sem co- nhecê-los, estamos usando de preconceito. [...]. O termo preconceito significa o conjunto de opiniões formadas antecipadamente sobre o outro, sem levar em conta suas qualidades ou suas capacidades. Os preconceituosos têm atitudes intolerantes com as pessoas que são diferentes deles. Julgam-se superiores e, por isso, desvalorizam e desrespeitam outras pessoas. Preconceito e into- lerância andam sempre juntos. São atitudes que acontecem no dia a dia, por meio de atos, gestos ou pala- vras que tentam diminuir, rebaixar os modos de ser, agir e sentir dos outros. E, algumas vezes, elas ocorrem sem que as percebamos com clareza, até senti-las na própria pele – por exemplo, quando não somos aceitos por alguém ou por um grupo. Neste caso, somos vítimas de um preconceito aberto, direto UNIDADE 1TÓPICO 230 T Ó P I C O S E S P E C I A I S e explícito. E isso já aconteceu com todos nós, de um modo ou de outro. Mas há também o preconceito indireto, implícito, como as piadas de mau gosto, que ofendem as pessoas só por causa de sua raça, nacionalidade, sexo e outras características. Ainda com relação aos preconceitos, segundo a denominação de inclusão e exclusão social, estas são pautadas e divididas em grupos ou classes sociais, que, por sua vez, são classificadas hierarquicamente de acordo com o seu poder aquisitivo, sua relação social, diferenças culturais, a cor da pele, sexualidade, etnia, deficiências físicas, idade, crenças etc. Portanto, a diversidade humana (pessoas diferentes) deveria ser um instrumento de unificação dos seres, diferentemente das desigualdades sociais, que significam que nem todos têm as mesmas oportunidades, o que em grande parte se deve às diversas formas de preconceito. Alguns deles, no modo de ver do seu praticante, lhe soam como se isso fosse uma espécie de elogio ao próximo. Exemplo: E aí, negão!? Essa expressão, que parece simples, é uma forma disfarçada de discriminação. “Algumas expressões corriqueiras que falamos sem pensar são carregadas de preconceito”. (AQUINO et al., 2002, p. 44). Aquino et al. (2002, p. 44) trazem mais exemplos: “é o caso de determinadas expressões preconceituosas, como: os negros que têm ‘almas brancas’, os homossexuais que parecem ‘pessoas normais’, os idosos que parecem ‘jovens’, os obesos que são ‘engraçados’, as pessoas pobres que são ‘limpas’. E assim por diante”. Como sabemos, o descaso e as práticas discriminatórias em relação a essas pessoas, que fazem parte, assim como todos nós, de um mesmo espaço planetário, não deveriam existir, mesmo porque a diferença existente entre os seres de todas as espécies faz parte de um processo natural, ou melhor, da natureza das coisas existentes. E os seres humanos vão além das diferenças, pois nós somos dotados de raciocínio e discernimento para avaliar e distinguir o certo do errado, comportamento esse que deveria ser institucionalizado pelas tradições, pelos valores éticos e morais, sem a necessidade de uma imposição legal, como é o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, parece que pouco têm efeito as leis que reprimem essas práticas discriminatórias, preconceituosas e racistas, visto que, infelizmente, parece existir uma autorrejeição por parte de algumas pessoas ou grupos que ainda mantêm certos padrões de comportamento que não mais condizem com a realidade dos padrões atuais e universais, dos direitos constituídos e com o processo democrático, com as leis de proteção às crianças, aos idosos, aos negros, às mulheres, aos indígenas, aos deficientes físicos, entre outros. São seres humanos que sofrem discriminação e negação de direitos que estão incluídos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, conforme citado no parágrafo acima. Nesta perspectiva, não se desconsidera que as diferenças existam e estejam colocadas socialmente, porém, elas não significam, necessariamente, exclusão social. Por exemplo, a condição de raça, gênero, religião, entre outras, não UNIDADE 1 TÓPICO 2 31 T Ó P I C O S E S P E C I A I S seria elemento de exclusão, mas de diferenciação entre as pessoas, não as tornando ‘desiguais’. As pessoas são diferentes umas das outras e isto nada tem a ver com privilégios. Assim, racismos e preconceitos se fundamentam no entendimento da diferença/diversidade como desigualdade. Nestes termos, as pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza. (SANTOS apud MARQUES, 2009, p. 68). Portanto, para que possamos entender e discursar sobre o conceito de diversidade, não é tão fácil como parece, pois é preciso nos aprofundarmos sobre o seu real significado e a sua real importância no equilíbrio natural
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