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RECURSO INOMINADO - RAIMUNDO CAETANO,

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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DO __ JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO MARANHAO
Processo nº: 1037180-59.2019.4.01.3700
RAIMUNDO CAETANO AMARAL, já qualificado nos autos da Ação epigrafada e em face do INSS/ INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, estando inconformado com a r. sentença de improcedência, vem, por seu Advogado in fine assinado, para estar, tempestivamente, a apresentar
RECURSO INOMINADO
Requerendo que Vossa Excelência se digne a determinar que, estando cumpridas as formalidades de estilo, sejam as inclusas Razões de Recorrente daí remetidas à Turma Recursal Ad Quem donde serão devidamente apreciadas e julgadas.
Nestes termos, pede e espera deferimento
Pinheiro/MA, 27 de abril de 2021.
FERNANDO CAMPOS DE SÁ
OAB/MA 12.901
EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL RELATOR DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA DO MARANHAO
Processo nº 1037180-59.2019.4.01.3700.
RECORRENTE: RAIMUNDO CAETANO AMARAL
RECORRIDO: INSS / Instituto Nacional do Seguro Social
EGRÉGIA TURMA RECURSAL:
1	Razões do Recurso
	A respeitável sentença reconhece o direito do Recorrente em receber o beneficio previdenciário, porém sentenciou improcedentemente o pedido do Recorrente, tendo em vista que sua esposa faleceu em 1985 e que supostamente deveria ser reconhecida a lei que vigorava à época. Vejamos: 
[...], todavia, à medida que o óbito ocorreu em 20/04/1985, não se afigura possível a concessão do benefício de pensão por morte em favor do requerente, sendo certo que deve ser aplicada a legislação vigente à época do óbito e não a Lei 8.213/91, mesmo diante de uma DER recente. [...]
	De fato, em alguns casos, nos quais não há descumprimento de princípios como o da isonomia e o da dignidade da pessoa humana, por exemplo, a norma a ser aplicada deverá ser a da data do fato que ensejou a demanda, no entanto, no caso em apreço, é evidenciada a impossibilidade de aplicação da lei LC n.º 11/1971 (alterada pela LC n.º 16/1973), devendo a respeitável sentença ser reformada, pelos motivos de direito expostos a seguir:
1.1	Incompatibilidade da LC n.º 11/1971 (alterada pela LC n.º 16/1973 com CRFB 1988
[...] Enquanto vigia a LC n.º 11/1971 (alterada pela LC n.º 16/1973), somente era devida aposentadoria ao chefe ou arrimo de família, que, no caso dos autos, era o autor e não sua esposa. Tanto é assim que ele se aposentou em 1993. Porém, repita-se, o óbito ocorreu em 1985, antes do advento da Constituição da República e 1988 e da Lei 8.213/91. Logo, a falecida, embora trabalhando juntamente com o esposo, ostentava a condição previdenciária de dependente e não de segurada no âmbito rural, o que somente lhe assegurava a obtenção do benefício de pensão por morte. Seu falecimento, porém, não dava ensejo à concessão da pensão em favor do marido, dada a referida legislação então vigente. Assim, à luz do disposto na LC n.º 11/1971 (alterada pela LC n.º 16/1973), descabe a concessão da pensão por morte postulada.
DISPOSITIVO
Diante do exposto, com fulcro no art.487, inciso I, do CPC, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO [...]
	A respeitável sentença não deve prosperar, tendo em vista, que Constituição de 1988 não recepcionou a lei LC n.º 11/1971, tendo em vista que a mesma não tem compatibilidade material, ou seja, a lei destoou da nova Constituição, no seu sentido material, pois na referida lei há o descumprimento do princípio da isonomia e da dignidade da pessoa humana, vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (BRASIL, art. 5°, inc. I, 1988, grifo nosso)
	Não há possibilidade de aplicar a lei vigente à época do fato, pois a mesma contraria o princípio da isonomia, concedendo apenas à Cônjuge viril, o direito à pensão por morte, deixando de reconhecer que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres, colocando a mulher na condição de eterna dependente dos homens e jamais poderiam ser chefes de família.
1.2	Constituição Federal de 1967 e Princípio da igualdade ou isonomia
	Um dos requisitos para que uma norma seja recepcionada por uma carta magna posterior, é que ela esteja em compatibilidade com a Constituição anterior, no caso em apreço com a Constituição 1967. 
	A Constituição de 1967 prevê em seu artigo 150, que todos são iguais perante a lei e não haverá distinção de sexo, vejamos in verbis: 
Art. 150 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: § 1º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção, de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. O preconceito de raça será punido pela lei. [...] (BRASIL, 1967, art. 150, grifo nosso)
	Texto que posteriormente foi repetido pela CFRB 88, de um modo mais generalista. Em síntese, o que buscamos demonstrar, nobres julgadores, é que se uma lei pré constitucional, não é compatível nem mesmo com a Constituição em vigor à época, no caso a de 1967, como poderia ser recepcionada ou mesmo aplicada em juízo? 
	Sendo que, na própria carta magna de 1967, influenciada por um regime militar, que visava apenas a segurança interna nacional, para manter o referido regime, era reconhecida a igualdade de obrigações e direitos entre homens e mulheres.
	
1.3	Retroatividade da lei 8.213/91 
	Em regra, a lei não retroage, com fundamento na segurança jurídica e em consonância à vedação de prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada, como dispõe a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Introdução ao Direito Brasileiro. Sem a análise dos aplicadores do direito, quanto ao prejuízo do direito adquirido, não há possibilidade de retroatividade. 
	No caso em apreço, não há necessidade de analisarmos o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, tendo em vista, que a única hipótese de fundamento da respeitável sentença, seja a proteção ao direito adquirido, desse modo passaremos a analisar o conceito de direito adquirido e se o mesmo se configura. 
	Direito adquirido nos termos do artigo 6º da LINDB, é o que a parte adquire em virtude da incidência da norma existente ao tempo em que ocorreu o fato, que ensejou o nascimento do direito em favor de alguém. 
	Vale destacar que a doutrina entende que para configuração de um direito adquirido é necessário que haja incorporação ao patrimônio de uma pessoa física ou jurídica. 
	Ademais, nobres julgadores, a constituição veda que haja prejuízo ao direito adquirido, o que significa que caso não haja lesão ou ameaça de lesão, a lei poderá retroagir. 
	Deste modo, considerando que não houve ameaça de prejuízo a direito adquirido e ainda que não houve qualquer acréscimo ao patrimônio do Recorrente, requer o julgamento com base na lei 8.213/91.
3	DOS REQUERIMENTOS
Isto posto, espera o Recorrente:
1. A gratuidade da Justiça;
2. Que o julgamento do presente recurso seja realizado com base na lei 8.213/91.
3. Que o presente recurso seja conhecido e provido o presente recurso para a reforma da Sentença de Improcedência, para que seja procedente o pedido de concessão da pensão por morte em favor do Recorrente;
Nestes termos, pede e espera deferimento
Pinheiro/MA, 27 de abril de 2021.
FERNANDO CAMPOS DE SÁ
OAB/MA 12.901
YALLISSON MATHEUS COSTA FERREIRA
Estagiário
CPD: 79678

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