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PAIDEIA, A PERFEIÇÃO HUMANA: SÓCRATES E PLATÃO Juliana Rodrigues da Rocha¹ Resumo Este trabalho aborda a origem do modelo de educação, a Paideia, surgido em Atena. O objetivo é mostrar como surgiu, para que servia e como os Filósofos a compreendia e definia, mas especificamente Platão e Sócrates e como eles contribuíram para o pensamento grego de educação. Considerando que nos períodos primitivo e clássico os gregos idealizaram o homem heroico e político. Introdução A pesquisa tem o objetivo de explicar esse modelo de educação e a ideia de formação do homem grego. E de pouco a pouco, nos filósofos o significado de formação, de perfeição espiritual, desenvolver o homem em todas suas potencias, para que pudesse ser um cidadão melhor. O objetivo não era ensinar ofícios, mas treinar a liberdade e a nobreza. “Mens sana in corpore sano.” Um ser completo e sadio, tanto de corpo quanto de mente. É comum considerar que há dois períodos na história da educação grega: o período antigo, compreende a educação homérica e a educação antiga de Esparta e Atenas, e o novo período, o da educação no “século de Péricles”, o qual se inicia com os Sofistas e se desenvolverá com os filósofos/educadores ou educadores/filosóficos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles. Depois, seguir para período helenístico, já em decadência, a Grécia e conquistada, primeiro pelos macedónios e depois pelos romanos. A Paidéia buscava a formação do homem em esfera global, ou seja, em âmbito político, social, cultural e educativo. Esta filosofia destaca o homem como ser racional e passa a atribuir a este uma identidade cultural e histórica. Conforme LOBATO (2001, p.32),1 O termo Paideia não pode ser traduzido simplesmente como educação, significa muito mais que isso, significa também cultura, instrução e formação do homem grego. (...) Este termo passou a ser utilizado no século IV a.C. e nesta época significava apenas a criação dos meninos. Mas o seu significado 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, do 1° período, da UFAM. E-mail: lyanarodrigues15@gmail.com se alargou e passou a designar também o conteúdo e o produto dessa educação. (...) a Paideia é a busca do conhecimento do homem, de forma individual, para que este possa interferir na organização política e social da polis, a ideia principal é colocar o homem de todo conhecimento necessário para a harmonia consigo e com a comunidade ao seu redor. Paideia: O que é? Na Grécia, nos temos um modelo de ensino, uma sistematização de saberes. Em Atenas nasceu esse modelo de educação, chamado Paideia. A Paideia significa “formação integral do ser humano”, uma formação grega. E quando falamos de formação grega, surge um nome, Aquiles. Aquiles era guerreiro que estava na guerra de Troia. E quando se fala dele, montamos a história da pedagogia na cidade de Atena, justamente ele que dá origem a Paideia. Mas por que associar a ele? Por que Aquiles não era só um guerreiro, mas também era rei de uma ilha chamada Tesalha, e quando se pensa nas características de um rei, ele tem que saber se comunicar, dialogar entre outros, sendo assim, Aquiles também era um governante, ou seja um guerreiro instruindo. E ele sintetiza o que os gregos entendia como “formação integral do ser humano”, que para os gregos é a constituição física e o intelecto. A palavra Paideia teria sido criada por volta do século V a.C., mas que exprimia um ideal de formação constante. De inicio significava educação dos meninos (paidós, “crianças”). O conceito de Paideia, entre os gregos, influenciou o que os romanos iriam chamar de humanitas. As ideias educativas da Paideia se baseiam em praticas anteriores. Os gregos serão os primeiros a colocar a educação como problema. Na literatura grega surgem sinais de questionamento do conceito. Os Sofistas e depois Sócrates, Platão, Isócrates e finalmente Aristóteles elevarão o debate ao estatuto de uma importante questão filosófica. A primeira escola, ou primeira paideia, era definida como a escola arcaica. Era voltada apena para educação dos filhos dos nobres e proprietários e exclusivamente para meninos e acontecia na casa dos senhores como na residência próximas pertencendo a professores avulsos, ou cedida pelos senhores. Era formada pelo professor de Educação Física ou pedotriba, uma espécie de instrutor de atividades marciais e militares. Dos 7 aos 12 anos se constituía uma fase educacional corporal e física. Dos 12 aos 18 estavam organizadas atividades par adolescentes, voltadas a luta corporal. Esse segundo momento era chamado de gymnasia: que eram conhecidos como celeiros de jovens militares e atletas, heróis populares e hábeis amantes. Os castigos físicos eram comuns e a pedagogia da emulação, competição, alto rendimento como ideal de vitória eram suas expressões. Outros dois professores formavam a tríade da escola arcaica: o citarista, ensina música, controle melódico das notas e expressões musicais. E o gramatico, ensinava as primeiras letras, depois instruía os adolescentes nas rapsódias e nos textos. Surge então a escola do alfabeto, era uma escola que ensinava nas primeiras letras e sua continuidade interpretativa, com exigência da ampliação vocabular e reflexiva. Na escola do alfabeto, o gramatico se destaca, superando o citarista e o pedotriba em importância estratégica. Mas logo mais esse profissional seria superado pelo aparecimento dos Filósofos. A noção de Paideia se afirmar de modo orgânico e independente. Nasce a Pedagogia, como um saber autônomo, sistemático, rigoroso, nasce o pensamento da educação como conhecimento e não mais como um hábito e como pratica apenas. Essa abordagem á criação de homem grego era comum a sociedade grega, com exceção de esparta, onde a pratica era rígida e militarista de educação conhecida como agoge. A pedagogia como reflexão sobre a Paideia Na Grécia Clássica, as explicações predominantes religiosas foram substituídas pela razão, inteligência critica pela atuação da personalidade livre. Surgia, pois a necessidade de elaborar teoricamente o ideal da formação, não do herói, submetido ao destino, A palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança, com o tempo, o sentido do conceito ampliou-se para designar toda a teoria. Ao discutir os fins da paideia, os gregos esboçaram as primeiras linhas consciente da ação pedagógica e assim influenciando por séculos. Períodos da Filosofia Grega Pré-socráticos (séculos VII e VI a.C.): os primeiros filósofos surgiram nas colônias gregas, ao iniciar o processo de separação entre filosofia e o pensamento mítico, ocupavam-se com questões cosmológicas. Socrático ou Clássico (séculos V e IV a.C.): desse período fazem parte o próprio Sócrates, seu discípulo Platão e posteriormente o discípulo Aristóteles; os sorfistas e também Isócrates são dessa época. Pós-socrático (séculos III e II a.C.): após a morte do Imperador Alexandre, teve inicio o helenismo e surgiram as correntes filosóficas do estoicismo e do epicurismo. A Paideia de Sócrates O discurso de Sócrates em sua maioria trata de questões morais, para ele a Paidéia visa o amadurecimento constante do indivíduo, onde este entente que precisa dialogar com seu mestre, sua consciência individual para entender aquilo que sabe o que preciso descobrir, reconhecendo assim a própria ignorância, essa seria a primeira parte do método socrático chama-se ironia. Nesse sentido a formação humana envolve este diálogo e a capacidade de traze-lo para fora em forma de novas ideias e perguntas, a maiêutica, que é a segunda parte desse método. Sócrates percebia o quanto os discursos eram superficiais e que muitas vezes os interlocutores se perdiam pela falta de um saber profundo sobre o assunto, então ele assume uma postura mais radicalonde surge a necessidade de entender e saber a essência daquilo que se diz. Para Aranha (2006, p. 96) “Por exemplo, diante dos atos de coragem, é necessário descobrir o que é coragem. Com isso Sócrates chega à definição de conceito”. Sócrates reconhece que cada formação é pessoal, e que a filosofia favorece a vida moral, um processo tenso e continuo, onde o individuo deve trazer à tona seu dialogo interior de que possa conhecer a si mesmo, a fim de levar uma vida reta, porque para Sócrates na vida moral conhecer o bem e pratica-lo são a mesma coisa. Pode-se dizer então que Sócrates difundiu a ideia de que o verdadeiro saber está no “conhece-te a ti mesmo”, colocava em questão os valores vigentes e induzia em especial os jovens a fazer uma avaliação e reflexão de si próprio, buscar em seu interior a verdade e aprender a pensar por si só. A Paideia de Platão Para Platão a Paidéia segue por duas linhas de pensamento, a primeira seguindo semelhante ao pensamento de Sócrates tendo base a formação da alma individual, a segunda de cunho político, ligada ao papel do individuo na sociedade de maneira particular, destinada a uma classe social e política. A primeira o individuo reconhece a espiritualidade da alma e na segunda sua identidade contemplada. O primeiro ponto de vista para ele “aprender é lembrar”, pois acreditava que a alma já teria vivido no mundo das ideias e que por intuição tinha conhecimento direto e imediato, porém ao se encarnar a alma esquecia de tudo e seguindo a ideia de Sócrates, acreditava que educar é trazer o conhecimento de dentro, desperta aquilo que já sabe. Ele acreditava que o ser possuía sua alma intelectiva e uma irracional, impulsiva que se localizada no peito e outra voltada aos desejos de bens matérias e sexual, localizada no ventre. Era o desafio dominar a alma inferior (irracional) se a alma superior (intelectiva) não dominasse desejos, seria impossível o comportamento moral. No segundo aspecto, Platão desenvolve sua visão política de educação, ode existe uma sociedade politicamente organizada, onde cada individuo faz aquilo que se considere que ele esteja apto a fazer, classes separadas com funções diferentes, necessárias para o bom funcionamento da cidade. Platão imaginava uma cidade utópica, onde todas as crianças recebem educação do estado ate os 20 anos, depois são selecionados de acordo com suas posições de corte: Alma de Bronze: aqueles que tem uma sensibilidade grosseiras, estes seriam responsáveis pela subsistência da cidade, são qualificados para a agricultura, artesanato e comercio. (o segundo corte é feito 10 anos depois). Alma de Prata: os que tem coragem de guerreiros, seriam soldados responsáveis por defender a cidade. Eram treinados na música e na ginástica e os selecionados interrompes os estudos e passam a fazer parte da guarda do Estado. (restam só os mais notáveis) Alma de Ouro: serão instruídos na arte de dialogar, aprender a filosofia, nesse período de estudos deveriam estar inclusas as matérias (geometria, aritmética, estereometria, astronomia e harmonia), pois fazem o homem pensar no abstrato e dirigir-se para a unidade. Aos 50 anos, depois de passar com sucesso nessas etapas, são considerados aptos para ingressar no corpo supremo dos magistrados, tem a ciência da politica e a eles cabe o exercício do poder. Nesse modelo de Paidéia homens e mulheres tem a oportunidade de receber o mesmo tipo de educação e passar de estagio depende do mérito de cada um, independente da riqueza. Segundo Platão o poder politico deveria estar nas mãos dos sábios, os filósofos e que era necessário que “os filósofos se tornem reis, ou que os reis se tornem filósofos”. O seu ideal de educação era contraditório ao da educação tradicional, recomendando inclusive a exclusão da poesia, pois ao imitar a realidade o poeta cria um mundo de aparência, estimulando as paixões e instintos, se afastando assim do conhecimento verdadeiro, para ele era necessário aprender a resistir a dor e ao sofrimento, para não ceder ao mundo dos sentimentos, recomendava ainda a educação física que proporcionava o corpo a saúde perfeita e permitia que a alma ultrapassasse o mundo dos sentidos Considerações Finais A Paidéia consistia em dar liberdade ao homem de pensar, de questionar a si mesmo. Tornando-o capaz de entender o que é cidadania, respeito, direitos, ética entre outros. Buscando o conhecimento de forma individual. A Paideia grega foi um esforço teórico de pensar a totalidade do fenômeno educacional, que inclui o cultural, econômico, político e o social. A filosofia de Sócrates, a primeira parte se chamava ironia, o processo negativo e destrutivo de descoberta da própria ignorância. A segunda parte era a Maiêutica, é construtiva e consiste em dar à luz para novas ideias. Já Platão, imaginava uma Utopia. Imagina um lugar que não existe, mas que deve ser o modelo da cidade, em que são eliminadas a propriedade e a família, e todas as crianças recebam a educação do Estado. Referencias DIEZ, C. L. F.; MARCON, S. B. W.; SANTOS, V. Paideia e os caminhos da educação. Barbarói, Santa Cruz do Sul, n.46, p.<22-32>, jan./jun.2016. Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC. Disponível em: <online.unisc.br > article > view>. acessado em: 5 jul. 2021 FONSECA, M. J. A paideia grega revisitada. Millenium, n 9. jan. 1998. Disponível em: www.ipv.pt/millenium/esf9_mjf,htm. Acessado em: 5 jul. 2021 NUNES, C. A. O Pedotriba e a educação física antiga: o primeiro professor, a primeira Paideia e o pecado original. In: Revista de Filosofia e Educação da UNICAMP. Revista Digital do Núcleo de Estudos Paideia. Vol. 1. Numero especial de Lançamento, outubro 2009. NUNES, C.; BARTOLINI, R. W. A paideia grega: aproximação teóricas sobre o ideal de formação do homem grego. In. Dossiê. Temática: Ética e Moral. V. 10 N. 1 (2018). Disponível em: <doi.org/10.20396/rfe.v10i1.8651997>. Acessado em: 5 jul. 2021 Paideia: o seu nascimento. Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008- 2021. Disponível em: www.pedagogia.com,br/historia/grego3.php . Acessado em: 5 jul. 2021 http://www.ipv.pt/millenium/esf9_mjf,htm http://www.pedagogia.com,br/historia/grego3.php
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