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Formação de treinadores esportivos

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PEDAGOGIA 
DO ESPORTE 
Beatriz Paulo Biedrzycki
Formação de treinadores 
esportivos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever o processo de formação de treinadores esportivos no Brasil.
 � Identificar as competências necessárias para a formação de treinadores 
esportivos.
 � Enumerar as propostas didático-metodológicas que norteiam a for-
mação de treinadores esportivos no Brasil.
Introdução
A formação de treinadores esportivos perpassa por diversas estratégias 
e diferentes tipos de formação, sobretudo a partir do bacharelado em 
educação física. 
Neste capítulo, você conhecerá como se dá o processo de formação 
de treinadores esportivos no Brasil, reconhecendo as competências ne-
cessárias e as principais propostas didático-metodológicas que norteiam 
a formação dessa profissão.
1 Processo de formação de treinadores 
esportivos no Brasil
No cenário esportivo, de alto rendimento ou amador, o treinador desempenha 
um papel de destaque dentro da equipe, exercendo o papel de educador, gestor 
e líder.
Milistetd et al. (2017) afirmam que a ação profissional do treinador — de 
qualquer modalidade esportiva — é sustentada por um conjunto de conheci-
mentos, ações e competências associados aos domínios técnicos da sua área 
de intervenção, mas também pela capacidade de se relacionar com os outros 
autores do cenário esportivo, criando mecanismos que possibilitem pensar, 
decidir e refletir sobre sua prática profissional. 
Por tradição, os treinadores esportivos são formados por cursos disponibili-
zados pelas federações esportivas ou pelas organizações nacionais do esporte, 
assim como pela Academia Brasileira de Treinadores e pelas confederações, 
que oferecem diversos cursos importantes para agregar os provisionados ao 
campo científico e capacitar continuadamente os profissionais graduados, 
criando estratégias de formação continuada (MILISTETD, 2015)
Contudo, esse cenário vem sendo alterado ao longo do tempo com a Lei 
nº. 9.696/1998, sobre a regulamentação da profissão da educação física no 
Brasil, que afirma que a formação universitária (dentro da área da educação 
física) é, reconhecidamente, a principal via de preparação de treinadores 
desportivos. Assim, os cursos de bacharelado em educação física devem 
oferecer formação ampla com bases humanas, sociais e biológicas visando a 
desenvolver competências e habilidades relacionadas à área do treinamento 
físico e desportivo, buscando aliar a teoria à prática, com aulas teórico-práticas 
e estágios nas mais diferentes funções o profissional pode ocupar no mercado 
de trabalho, e criando diferentes formas de aprendizagem (MILISTETD, 2015).
O curso de bacharelado em educação física constitui o principal formador 
de treinadores esportivos, uma vez que oferece os subsídios tanto práticos 
quanto teóricos sobre anatomia, fisiologia e teorias do treinamento físico, 
fundamentais para aqueles que almejam seguir nesse caminho profissional.
Além da graduação em educação física, aqueles com interesse em seguir 
na área de formação esportiva deverão buscar instituições com cursos for-
mais com certificação para atuação como treinador esportivo oferecidos por 
confederações e federações esportivas ou, também, pela Academia Nacional 
de Treinadores. A ausência de programas de pós-graduação (stricto sensu) 
voltados à preparação de profissionais do esporte limita a participação das 
universidades apenas à responsabilidade de realizar a formação inicial dos 
treinadores esportivos (MILISTETD, 2015).
Na Figura 1, você poderá compreender melhor os processos de formação 
dos treinadores esportivos.
Formação de treinadores esportivos2
Figura 1. Estrutura da formação inicial e continuada de treinadores no Brasil.
Fonte: Adaptada de Milistetd (2015).
Ministério da Educação (MEC)
Universidades públicas e privadas
Faculdade de Educação Física – EF
Licenciado
em EF
Bacherel
em EF
Educação física
escolar
Esporte, aptidão física
lazer, outros
Formação inicial do treinador
Conselho
Pro ssional
Educação Física
(CONFEF)
Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
Instituto Olímpico
Brasileiro (IOB)
Academia
Nacional de
Treinadores
Confederações
e Federativas
Esportivas
Cursos treinadores
esportes olímpicos
Cursos
treinadores
Esporte formação
Esporte performance
Formação continuada do treinador
Ao reconhecermos que o treinador ocupa muitas funções e papéis dentro 
do cenário esportivo, também afirmamos que ele contribui não apenas para a 
formação atlética de um atleta, mas também para a formação pessoal e social 
de indivíduos de todas as idades, devendo este estar adequado ao ambiente, 
ao público, às características e aos anseios daqueles que estão sob sua tutela 
(INTERNATIONAL COUNCIL FOR COACHING EXCELLENCE; ASSO-
CIATION OF SUMMER OLYMPICS INTERNATIONAL FEDERATIONS; 
LEEDS BECK UNIVERSITY, 2013), ou seja, trata-se de uma figura plural, 
exigindo, também, uma formação nesse sentido.
Na formação de treinadores esportivos, podemos citar três formas de 
aprendizagem e formação, como visto a seguir (NELSON; CUSHION; PO-
TRAC, 2006).
 � Aprendizagem formal: acontece em instituições de ensino hierarquica-
mente estruturadas, com cronogramas e certificação validada. Trata-se de 
um tipo de formação mais rígido quanto a métricas, conteúdos e avalia-
ções, em que se incluem os programas organizados e desenvolvidos por 
órgãos nacionais ou internacionais de esporte e cursos de nível superior. 
Esse tipo de aprendizagem costuma ser mais formal e teórico do que 
os demais, sendo amplamente aceito e procurado, como as graduações 
e os programas de pós-graduação. Ainda assim, há uma crítica quanto 
a esse tipo de formação, pelo fato de dispor de uma formação técnica 
3Formação de treinadores esportivos
excelente (fatores biomecânicos e técnico-táticos), mas deixando de suprir 
as necessidades pedagógicas e humanas que a função também exige.
 � Aprendizagem não formal: nessa categoria estão incluídas qualquer 
organização ou atividades educacionais sistemáticas realizadas fora de uma 
estrutura de educação formal, fornecendo tipos selecionados de aprendiza-
gem para os subgrupos específicos de uma população, ou seja, trata-se de 
uma formação pautada na especificidade. Outra característica desse tipo 
de formação reside no fato de que o tempo de duração é menor, contexto 
no qual estão as clínicas, os workshops, os congressos e os debates.
 � Aprendizagem informal: nessa categoria, podemos englobar todos 
os processos, as vivências, os erros e acertos cometidos ao longo da 
vida de um sujeito, que o fazem adquirir conhecimentos e habilidades. 
Essas vivências podem acontecer dentro de um cenário profissional, 
mas também em uma esfera pessoal, criando competências extrapoladas 
para o cenário do treinamento desportivo. Comumente, esse tipo de 
aprendizagem é observado em ex-atletas que ascendem à condição de 
treinador. Mesmo que tenham passado por todas as demais formas de 
aprendizagem, esse profissional terá conhecimentos que não poderão 
ser experienciados dentro de universidades ou congressos. É importante 
ressaltar que muitos treinadores — mesmo aqueles com uma formação 
formal — apontam que as experiências vividas como atletas foram indis-
pensáveis e extremamente relevantes para a sua formação profissional.
Tozetto, Galatti e Milistetd (2018, p. 212) afirmam que:
Nestas diversas atividades, são oportunizadas experiências de aprendizagem, 
seguindo de acordo com uma determinada tendência sociocultural. Contudo, 
cabe prioritariamente aos treinadores a iniciativa de refletir sobre as fontes de 
aprendizagem para progredir na carreira profissional, aperfeiçoar os treina-
mentos e o desempenho competitivo cada vez mais próximo de ações eficazes, 
de modo a alcançar maior valorização e autonomia por parte de seus atletas.
Aqui, é importante que fique claro que não estamos nos referindo a modelos de 
aprendizagem inferiores ou superiores, mas às características que osdiferenciam, que 
podem ser somadas para uma melhor atuação profissional, uma vez que cada uma 
delas traz consigo conhecimentos únicos, técnicos e práticos, indispensáveis para uma 
boa formação de um treinador desportivo de qualquer modalidade.
Formação de treinadores esportivos4
Autores como Jarvis (2006) apontam que a reflexão sobre a prática pro-
fissional é imprescindível para a construção de qualquer treinador, um movi-
mento que pode ser realizado e aprimorado a partir de discussões com atletas, 
comissão técnica e psicólogos, além da observação crítica de vídeos, áudios 
e relatórios que visem a melhorar o desempenho da equipe ou dos atletas 
que estão sob seus cuidados, criando as competências necessárias para essa 
formação.
A seguir, você identificará as competências necessárias para a formação 
de treinadores esportivos.
2 Competências necessárias para a formação 
de treinadores esportivos
Para a formação satisfatória de treinadores esportivos, é importante apontar 
que uma preparação ajustada às particularidades desse campo de atuação 
(modalidade esportiva) deve ser desenvolvida e aplicada com o intuito de 
auxiliar na resolução de problemas inerentes à prática, estimulando o pro-
cesso de pensamento crítico e individual, e desenvolvendo as capacidades de 
comunicação e liderança (MILISTETD et al., 2017). 
O sucesso de um treinador esportivo depende de uma prática eficaz e 
dirigida ao seu ambiente direto de intervenção, unindo conhecimentos, ha-
bilidades e competências técnicas e socioemocionais, que participam de um 
processo contínuo e infinito de aperfeiçoamento durante a vida (MILISTETD 
et al., 2017).
O International Council for Coaching Excellence (ICCE) afirma que existem 
três grandes pilares de conhecimento do treinador esportivo (INTERNA-
TIONAL COUNCIL FOR COACHING EXCELLENCE; ASSOCIATION 
OF SUMMER OLYMPICS INTERNATIONAL FEDERATIONS; LEEDS 
BECK UNIVERSITY, 2013): 
1. conhecimento profissional;
2. conhecimento interpessoal; 
3. conhecimento intrapessoal. 
5Formação de treinadores esportivos
Tais pilares criam um case sólido para o desenvolvimento das competências 
centrais do treinador, descritas a seguir e discutidas ao longo do capítulo: 
 � definir visão e estratégia; 
 � organizar o ambiente; 
 � construir relações; 
 � conduzir práticas; 
 � ler e responder ao campo de ação; 
 � aprender e refletir. 
Na Figura 2, você poderá compreender os processos de construção dos 
saberes supracitados.
Figura 2. Pilares do conhecimento do treinador esportivo com o suporte para as com-
petências centrais.
Fonte: Adaptada de Milistetd et al. (2017).
Formação de treinadores esportivos6
Esses três campos de conhecimento atuam como bases para construir e 
desenvolver as competências de maneira satisfatória, relacionando-se direta-
mente com a capacidade do treinador de planejamento, além da intervenção, 
da avaliação e da reflexão de si, do ambiente e das demais pessoas que o 
cercam (MILISTETD et al., 2017). 
Quanto aos conhecimentos basais do treinador esportivo, podem ser descri-
tos como (INTERNATIONAL COUNCIL FOR COACHING EXCELLENCE; 
ASSOCIATION OF SUMMER OLYMPICS INTERNATIONAL FEDE-
RATIONS; LEEDS BECK UNIVERSITY, 2013; MILISTETD et al., 2017):
 � conhecimento profissional: entendido como o conhecimento especí-
fico, científico e técnico do esporte e das diferentes técnicas e sistemas 
de treinamento, como fisiologia, teorias do treinamento físico e da 
aprendizagem;
 � conhecimento interpessoal: relacionado às interações sociais do trei-
nador quanto ao seu grupo. A eficácia e a aplicabilidade de um sistema 
de treinamento estão totalmente associadas às relações individuais e 
do grupo, em que “[…] o sucesso necessita de interações regularmente 
com os seus atletas e assistentes, dirigente, pais e outros profissionais” 
(MILISTETD et al., 2017, p. 3). Por isso, o profissional deve criar fer-
ramentas e estratégias que permitam melhorar e potencializar essas 
relações, para que consiga auxiliar seus atletas a partir das diferenças 
e especificidades de cada nível competitivo e idade; 
 � conhecimento intrapessoal: está associado à relação do treinador 
consigo mesmo, permitindo que seja capaz de realizar um processo 
de introspecção e reflexão sobre suas ações, a partir de um processo 
de autocrítica e avaliação permanente, e da criação de um contexto 
que possibilite o crescimento desportivo e profissional do atleta por 
ele treinado.
Quando observamos atentamente todas as competências necessárias para a 
qualificação de um treinador esportivo, é possível afirmar que há uma neces-
sidade constante de experiências novas, distintas e únicas a fim de estender 
o repertório às novas faces do trabalho, as quais podem surgir mediante 
experiências distintas de aprendizagem, formais ou informais (MILISTETD 
et al., 2017). 
7Formação de treinadores esportivos
Também é importante ressaltar que, independentemente das situações 
de aprendizagem em que o treinador está inserido e ao qual está exposto, os 
pressupostos éticos, pessoais e sociais permeiam o processo de desenvolvi-
mento profissional. Esses valores e princípios inerentes de cada sujeito ganham 
destaque pelo seu grande envolvimento no desenvolvimento dos personagens 
pertencentes ao processo de coaching, interferindo de modo positivo ou nega-
tivo na formação desses atletas; por isso, o desenvolvimento satisfatório das 
competências múltiplas dos treinadores (como novos conhecimentos técnicos 
e de habilidades sociais) possibilita a progressão na carreira profissional, o 
que, por consequência, melhorará o desempenho físico e competitivo dos 
atletas, gerando um ciclo de ganhos positivos para todos os envolvidos nesse 
processo (MILISTETD et al., 2017). 
O coaching, no contexto do treinamento esportivo, refere-se ao processo de ensino-
-aprendizagem-treinamento em que estão envolvidos diversos personagens, como 
os próprios treinadores, os atletas, os auxiliares técnicos e os demais profissionais que 
acompanham um atleta.
Este processo de constante melhora cria um cenário em que não se aceitam 
mais estruturas de treinamento ultrapassadas e pautadas no conhecimento 
empírico, exigindo que os treinadores esportivos estejam cada vez mais qua-
lificados, buscando métodos de treinamento inovadores, capazes de alavancar 
o esporte e elevar o desempenho dos atletas a níveis superiores àqueles co-
nhecidos, fornecendo condições para a formação de todos os tipos de atletas 
e praticantes envolvidos nos mais distintos contextos esportivos.
Tais habilidades e competências devem ser incitadas e desenvolvidas 
ao longo da formação dos treinadores, com diferentes propostas didático-
-metodológicas, como você verá a seguir. 
Formação de treinadores esportivos8
3 Propostas didático-metodológicas que 
norteiam a formação de treinadores 
esportivos no Brasil
Nessas diversas atividades, são oportunizadas experiências de aprendizagem, 
de acordo com determinada tendência sociocultural. Contudo, cabe priorita-
riamente aos treinadores a iniciativa de refletir sobre as fontes de aprendiza-
gem para progredir na carreira profissional, aperfeiçoar os treinamentos e o 
desempenho competitivo cada vez mais próximo de ações eficazes, de modo 
que seus atletas alcancem um maior valorização e autonomia. 
Sabendo que a formação formal de treinadores esportivos permeia a gra-
duação em educação física, espera-se que tal curso ofereça experiências de 
aprendizagem ao longo dessa formação para que os futuros profissionais 
consigam desenvolver seus conhecimentos, habilidades e competências a 
fim de realizar intervenções conforme a realidade em que estão inseridos 
(MILISTETD et al., 2017). 
Nesse cenário, torna-se importante pensar em estratégias didático-meto-
dológicas para a formação dos treinadores esportivos, buscando não apenas 
desenvolver os conteúdos técnicos inerentes à área de atuação, mas também 
criando um espaço para que estes sejam questionados, discutidos e repensa-
dos, em que o espaço de formação(de sala de aula) passe a ser um local que 
instigue o pensamento crítico. Nesse sentido, Milistetd et al. (2017) propõe um 
processo a ser seguido dentro dos cursos de bacharelado em educação física 
visando ao desenvolvimento de competências profissionais de treinadores 
esportivos (Quadro 1).
Ainda que haja uma separação das competências e habilidades a serem 
desenvolvidas ao longo de toda a formação acadêmica, elas não se dão 
de maneira isolada, mas sim de maneira dinâmica, relacionadas, sempre 
que possível, à realidade a ser encontrada durante a jornada da prática 
profissional. Essa separação proposta pelos autores ocorre no sentido de 
desenvolver competências que sejam consolidadas com os estágios e as 
práticas obrigatórias, que acontecem apenas na segunda metade do curso 
(MILISTETD et al., 2017). 
9Formação de treinadores esportivos
Fonte: Adaptado de Milistetd et al. (2017).
Tempo Competência Habilidades
Semestres 
iniciais
Aprender a refletir Conscientizar sobre a filosofia de ser 
um treinador; aprender de forma 
contínua; reflexão e autoavaliação
Definir visão e 
estratégia
Compreender o contexto da prática; 
analisar as necessidades dos atletas 
e definir os objetivos do trabalho de 
acordo com o contexto dos sujeitos
Semestres 
intermediários
Organizar o 
ambiente
Preparar um ambiente seguro 
para o treinamento, criando 
planos de ação de a partir da 
definição de critérios de êxito
Conduzir práticas Conduzir um treinamento, 
aplicando métodos e sistemas 
de treinamento adequados para 
alcançar cada objetivo, além de 
organizar competições esportiva
Semestres finais
Construir relações Liderança, gestão de pessoas e 
comunicação assertiva e eficiente
Ler e responder ao 
campo de ação
Avaliação do treinamento e 
da competição, análise de 
desempenho individual e do 
grupo, ajustes no treinamento, 
organizando a periodização
Quadro 1. Processo de desenvolvimento de competências profissionais de treinadores 
esportivos em cursos de bacharelado em Educação Física
No início da formação, fica evidenciada a necessidade de construir bases 
que auxiliem o futuro treinador esportivo a refletir e a aprender, criando 
experiências que possibilitem seu pensamento crítico e questionador, tomando 
conhecimento de conceitos e conhecimentos técnicos e específicos para avaliar 
as experiências já vividas, utilizando-se de recursos de apoio para realizar essa 
atividade reflexiva, como plataformas virtuais, dramatizações e visualização 
de situações reais e/ou fictícias e debates, algumas das medidas efetivas que 
auxiliam nessa formação (MORGAN et al., 2013). Além disso, nesse mo-
Formação de treinadores esportivos10
mento inicial, o ICCE afirma que é importante que os acadêmicos consigam 
diferenciar os ambientes e os sujeitos que treinarão, conforme seus objetivos, 
necessidades e realidades biopsicossociais, entendendo a individualidade de 
todos os sujeitos, enfatizando o coaching, que está em contato direto com 
todos os atores do processo de treinamento; assim, o treinador, nesse processo 
inicial de sua educação formal, deve aprofundar os conhecimentos e identificar 
as eventuais diferenças na sociedade quanto aos modelos de treinamento que 
poderão ser utilizados (INTERNATIONAL COUNCIL FOR COACHING 
EXCELLENCE; ASSOCIATION OF SUMMER OLYMPICS INTERNATIO-
NAL FEDERATIONS; LEEDS BECK UNIVERSITY, 2013). Normalmente, 
nesses semestres encontramos as aulas de anatomia, as introdutórias à edu-
cação física, os conceitos sobre ética profissional e desenvolvimento humano, 
desenvolvimento motor, a atividade física adaptada e a fisiologia humana.
Um treinador esportivo não está unicamente concentrado no contexto do alto 
rendimento esportivo, mas também em um de participação esportiva, na qual 
a prática esportiva aparece como um meio para o desenvolvimento da saúde e do 
lazer, promovendo o aprimoramento pessoal, a adoção de estilo de vida saudável, 
a socialização e o divertimento entre os participantes. Diferentemente do contexto 
do alto rendimento, que enfatiza o aumento das capacidades de desempenho de 
atletas, desde os emergentes até os de alto rendimento. Dessa maneira, o treinador 
precisa conseguir identificar essas diferenças e adaptar o treinamento conforme as 
necessidades e os objetivos daqueles que estão realizando o treinamento físico.
Nos semestres intermediários da formação, aparecem as competências 
de organizar o ambiente e conduzir práticas. Após reconhecer conceitos e 
compreender as diferenças existentes de treinamento para cada população e 
realidade, é importante incentivar o estudante a adotar uma postura de treinador 
esportivo em todos os ambientes onde transita. A essa altura, são ensinados 
parâmetros necessários para realizar a montagem de treinamentos, como 
tempo dos exercícios, objetivos, avaliação e planejamentos para diferentes 
objetivos, momento em que é interessante realizar trabalhos e estratégias em 
pequenos grupos, criando a possibilidade de um ser o treinador de seus colegas, 
antes de fazê-lo de maneira mais prática. Essas estratégias auxiliam a expe-
11Formação de treinadores esportivos
rimentação da profissão, permitindo momentos de tentativa e erro, em que o 
professor que está atuando com os estudantes deve respeitar e valorizar os seus 
conhecimentos, estimulando o desenvolvimento das lógicas procedimentais 
e atitudinais das práticas de coaching, e atingindo, assim, a capacidade de 
conduzir práticas (MILISTETD et al., 2017). Normalmente, nesses semestres 
encontramos as aulas de cinesiologia e passam a ser inseridas aulas sobre as 
diferentes modalidades esportivas, técnicas e avaliação. 
Encaminhando-se para o final da graduação, nos semestres finais, os 
futuros treinadores devem ser capazes de gerir processos de treino de maneira 
autônoma, avaliando os atletas e o seu próprio sistema de trabalho. Além disso, 
é importante ter um conhecimento sobre a modalidade esportiva que trabalhará 
e compreender profundamente as teorias e os conceitos da aprendizagem e do 
desenvolvimento motor. Contudo, muito mais importante que trazer os conhe-
cimentos técnicos, é criar uma cultura de pensamento crítico sobre sua atuação 
profissional, permitindo que se reinvente e melhore sua atuação profissional 
(MILISTETD et al., 2017). Normalmente, nesses semestres encontramos as 
aulas de treinamento físico voltadas para uma abordagem mais prática, além 
dos estágios obrigatórios.
É importante abordar que, ainda que esses fatores não sejam pensados e 
aplicados pelos estudantes e graduandos, devem ser conhecidos para alcançar a 
maestria profissional, buscando um crescimento profissional e pessoal, em um 
processo cíclico e ininterrupto (TOZETTO; GALATTI; MILISTETD, 2018).
Considerações finais
Analisando todas as informações deste material, é inegável que a formação 
formal (da graduação) constitui um requisito importante para a formação do 
professor de educação física. Ainda que seja inegável que existem diversas 
maneiras de obter conhecimento, o conhecimento formal tem uma importância 
social e de formação que deve ser observada atentamente, uma vez que serve 
como uma base sólida para que os demais tipos de conhecimentos sejam 
somados de maneira positiva.
Por isso, o conhecimento formal apresenta diversas linhas e caracterís-
ticas importantes que devem ser observadas, buscando manter uma linha 
pedagógica que vise ao pleno desenvolvimento de habilidades e competências 
essenciais — técnicas, inter ou intrapessoais —, para criar ferramentas para 
o pensamento crítico do treinador esportivo.
Formação de treinadores esportivos12
INTERNATIONAL COUNCIL FOR COACHING EXCELLENCE; ASSOCIATION OF SUMMER 
OLYMPICS INTERNATIONAL FEDERATIONS; LEEDS BECK UNIVERSITY. International sport 
coaching framework: version 1.2. Champaign: Human Kinetics, 2013. 55 p. Disponível 
em: https://www.icce.ws/_assets/files/iscf-1.2-10-7-15.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020.
JARVIS, P. Towards a comprehensive theory of human learning. London: Routledge,2006. 
218 p.
MILISTETD, M. A aprendizagem profissional de treinadores esportivos: análise das estraté-
gias de formação inicial em educação física. Orientador: Juarez Vieira do Nascimento. 
Coorientadora: Isabel Maria Ribeiro Mesquita. 2015. 141 f. Tese (Doutorado em Educação 
Física) – Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 
2015. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133094. Acesso 
em: 29 jan. 2020.
MILISTETD, M. et al. Formação de treinadores esportivos: orientações para a organização 
das práticas pedagógicas nos cursos de bacharelado em educação física. Journal of 
Physical Education, Maringá, v. 28, n. 1, e2849, 2017. Disponível em: http://www.perio-
dicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/33533. Acesso em: 29 jan. 2020.
MORGAN, K. et al. Changing the face of coach education: using ethno-drama to depict 
lived realities. Physical Education and Sport Pedagogy, Worcester, v. 18, n. 5, p. 520–533, 
2013.
NELSON, L. J.; CUSHION, C. J.; POTRAC, P. Formal, non-formal and informal coach le-
arning: a holistic conceptualization. International Journal of Sports Science & Coaching, 
[S. l.], v. 1, n. 3, p. 247–259, Sep. 2006.
TOZETTO, A. V. B.; GALATTI, L. R.; MILISTETD, M. Desenvolvimento profissional de trei-
nadores esportivos no Brasil: perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. Pensar 
a Prática, Goiânia, v. 21, n. 1, p. 207–219, jan./mar. 2018. Disponível em: https://www.
revistas.ufg.br/fef/article/view/45153. Acesso em: 29 jan. 2020.
Todos os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram testados, o que levou 
à comprovação de seu funcionamento no momento da publicação do material. No 
entanto, pelo fato de a rede ser extremamente dinâmica e suas páginas estarem 
constantemente mudando de local e conteúdo, os editores declaram não ter qualquer 
responsabilidade sobre a qualidade, a precisão ou a integralidade das informações 
referidas em tais links.
13Formação de treinadores esportivos

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