Buscar

AIJ

Prévia do material em texto

AIJ
Poder de polícia do juiz – arts. 445 e 446. A AIJ reúne vários atos processuais. Por isso, é necessário que o juiz tenha poder de polícia a fim de manter o seu bom andamento. Tem como objetivo fazer com que os atos transcorram de forma normal.
Procedimento
Abertura – arts. 444 e 450. A abertura da AIJ se dá com um pregão. No momento em que os nomes das partes são anunciadas, a AIJ se considera aberta. Isso é importante para fins de adiamento da AIJ. Só é possível adiar algo que ainda não começou, então o adiamento só é possível até o momento do pregão. Engana-se quem pensa que a AIJ começa quando as partes se sentam em frente ao juiz.
Tentativa de conciliação – arts. 446 a 449.
Instrução – arts. 451 a 453. Não havendo conciliação, haverá o esclarecimento das provas periciais. Feitos os esclarecimentos, serão prestados os depoimentos pessoais e os depoimentos testemunhais (sempre primeiro o autor e depois o réu).
Debates orais – art. 454. Finalizada a fase de instrução, a AIJ passará para os debates orais. Essa fase é a consagração do princípio da oralidade. É o último ato antes da sentença. As partes terão 20 minutos para fazer as suas alegações finais e poderão requerer que esses depoimentos sejam escritos.
Sentença – arts. 456. Se as alegações finais forem orais, o juiz poderá proferir a sentença no momento da AIJ. Isso ocorre raramente, mas é possível. Se as alegações forem por escrito, o juiz deverá marcar prazo para a apresentação das alegações.
Termo da AIJ – por fim, será feita a ata da AIJ em que constará os principais fatos da ocorridos. As partes devem ler e ter atenção ao que foi reduzido ao termo.
Adiamento da AIJ – essa questão é importante para o arrolamento das testemunhas. O Adiamento da AIJ conferirá às partes um novo prazo para esse arrolamento, como se vê no art. 407. Se a AIJ já tiver começado, não ocorrerá um adiamento, mas sim a sua continuação em uma nova data.
Sentença – terminada a AIJ, o juiz proferirá a sentença. Hoje, há divergências sobre o conceito de sentença. A definição dada pelo art. 162, §1º, é que a sentença é o ato processual cujo conteúdo está previsto nas hipóteses dos arts. 267 e 269. O objetivo desse dispositivo é definir a sentença de acordo com o seu conteúdo. Isso é correto, mas trás problemas.
Essa definição foi dada em 2005, na última grande reforma do CPC. Antes dessa reforma, a sentença era proferida em um processo diferente, ou seja, quando a sentença condenatória transitava em julgado, o autor deveria iniciar um processo de execução. Depois da reforma, entende-se que a execução deve se dar no processo de conhecimento.
 
Isso racionalizou o sistema de execução da sentença, mas também mudou o seu conceito. Antes, ela era o ato do juiz que daria fim ao processo. Ela era conceituada pela sua consequência, e hoje é conceituada pelo conteúdo.
Os problemas causados por isso são em termos recursais. Além disso, cria novas hipóteses de sentença que não eram previstas pela definição antiga. Ex: em um caso de litisconsórcio passivo, o juiz pode proferir uma sentença sem julgamento do mérito declarando ilegítima uma das partes. De acordo com a definição anterior, isso não seria sentença. Hoje, esse pronunciamento é uma sentença, como se vê no art. 267, VI. Dessa sentença, caberá apelação em segunda instância. Como proceder então com o litisconsorte legítimo, que permanecerá em primeira instância?
Por conta disso, surge uma corrente doutrinária que determina que sentença deve ser definida de acordo com o seu conteúdo e suas consequências. De acordo com esse conceito, a sentença seria aquele ato que tem por conteúdo as hipóteses dos arts. 267 e 269 e, além disso, encerra a fase de conhecimento. Com isso, o que era sentença, continua sendo, sem nenhum acréscimo. Essa corrente é liderada por Alexandre Freitas Câmara e Cássio Scarpinella Bueno.
Tereza Arruda Alvim Wambier, por sua vez, defende o conceito substancial de sentença, que é aquele presente no art. 162, §1º. Ela acha que o conceito deve ser aquele e o processo deve arcar com as consequências disso.
Cramer adota o conceito misto não por ser conservador, mas sim pelo fato de que algumas consequências da adoção do conceito substancial criarão situações que não serão solucionados sem a adoção de procedimentos extra-legais. De acordo com o conceito misto, as decisões cujo conteúdo estão presentes nos arts. 267 e 269, mas não encerram a fase, serão decisões interlocutórias, mas não sentença.
Com a adoção do conceito substancial, a doutrina viu a existência de dois princípios: o princípio da unidade e o da unicidade.
Princípio da unidade – a sentença é una e indivisível. Ainda que haja muitos julgamentos dentro da sentença, nenhum deles tem autonomia suficiente para ser um ato distinto dos demais. A sentença não julga apenas o pedido, mas é um ato uno e indivisível.
Princípio da unicidade – esse princípio tem relação com o fato de que a sentença é única. Ainda que o juiz analise diversos pedidos e, além deles, haja outros julgamentos, a sentença é única.
Teoria dos capítulos da sentença – é a exceção ao princípio da unidade. Essa teoria determina que, ainda que a sentença seja una, ela possui capítulos. Cada pedido será tratado em um capítulo e terá tratamento autônomo. Se uma sentença julga procedente o pedido de dano patrimonial e improcedente o pedido de dano moral, o autor poderá recorrer da sentença no que concerne ao dano moral, mas ela transitará em julgado no que tange ao dano patrimonial. Isso mostra como se confere tratamento autônomo ainda que os capítulos constituam uma sentença una. Esse princípio é excepcionado pela teoria dos capítulos da sentença, que é unânime. O princípio da unidade não é absoluto. Toda sentença tem no mínimo dois capítulos: o de julgamento do pedido e de julgamento de sucumbência.
Tese das sentenças parciais – é a teoria que excepciona o princípio da unicidade. Diferentemente da primeira teoria, esta não é unânime. Para a adoção dessa tese, deve-se adotar também o conceito substancial de sentença. No exemplo em que um dos litisconsortes passivos é excluído por ilegitimidade, haverá duas sentenças: aquela que declarará como ilegítimo o litisconsorte e aquela que julgará o mérito em relação ao litisconsorte que permaneceu. Essas sentenças são as chamadas sentenças parciais. Essa tese permite também que um juiz profira uma sentença no momento em que ele forma o seu convencimento sobre um dos pedidos. Se houver um segundo pedido muito complexo, as partes deverão esperar que o juiz forme seu convencimento sobre todos os pedidos para só depois receberem a tutela jurisdicional sobre o pedido mais simples? De acordo com essa tese, o juiz pode proferir sentença em relação aos fatos sobre os quais já formou o seu convencimento. Isso é bom já que confere celeridade ao processo. De acordo com essa tese, se o autor alega que o réu deve um milhão, e este alega que só deve 200 mil, o juiz poderá determinar o pagamento dos 200 mil para que depois analise a questão dos outros 800. Essa tese também cria uma responsabilidade para o réu com relação a isso.

Continue navegando