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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Processamento da Imagem Introdução - Processamento radiográfico é o termo usado para descrever um conjunto de etapas requeridas para converter a imagem latente em imagem permanente e visível; - As etapas para o processamento são: revelação, lavagem intermediária, fixação, lavagem final, secagem e montagem. Cada etapa tem uma função, sendo as 4 primeiras o processamento químico propriamente dito. Etapas do Processamento → Revelação - É nessa etapa que ocorre a conversão da imagem latente em visível, por meio da conversão dos íons de prata em prata metálica – ocorre no centro de desenvolvimento; - O centro de desenvolvimento é importante, pois ele permite que os agentes redutores atuem sobre os cristais que foram atingidos; - Composição - Elon ou Fenidona: Agentes redutores rápidos, sendo o Elon utilizado no processamento manual e a Fenidona no processamento automático – máquina de processamento; - Hidroquinona: Agente redutor lento, sendo utilizada no processamento manual e automático; - Carbonato de sódio ou Hidróxido de sódio: Introduzidos na solução relevadora, responsáveis por tornar o meio alcalino – necessário para os agentes redutores atuarem – e por gerar uma expansão e um amolecimento da emulsão do filme, permitindo que os compostos químicos atinjam os cristais de forma adequada; - Brometo de potássio ou Iodeto de potássio: Agentes restringentes – atuam fazendo com que os agentes redutores atuem apenas nos cristais que foram atingidos pelo feixe de radiação, se o filme for deixado dentro do revelador durante o período de tempo correto; OBS.: Se o tempo em que se mantém o filme dentro do revelador for muito grande, os agentes redutores irão agir, também, nos cristais que não foram atingidos, tornando o filme escurecido. - Sulfito de sódio: Agente antioxidante – conservante, utilizado para prolongar o tempo de uso das soluções reveladoras; - Glutaraldeído: Só é introduzido na solução de processamento automática, tendo a função de impedir a adesão da emulsão nos cilindros da máquina – que poderia levar a laceração da emulsão; - Compostos sulfatados: Só são introduzidos na solução de processamento automática, tendo a função de reduzir a expansão da emulsão, para que o filme possa ser transportado entre os cilindros; - Reação Química - Como toda reação química, o tempo, a temperatura e a concentração da solução irão influenciar na revelação, atuando de forma decisiva; - O tempo que o filme vai permanecer no revelador vai depender da temperatura da solução, de forma que, quanto mais quente, menor o tempo, e também da concentração, de forma que, nas soluções concentradas, o tempo diminui de forma significativa – essas soluções concentradas diminuem a qualidade da imagem; → Lavagem Intermediária - Essa é uma etapa exclusiva do processamento manual; - Essa etapa tem como função, remover o excesso de revelador ou neutralizar sua ação; - Na revelação, o pH necessário para o agente revelador atuar é básico, já na fixação, o agente clareador – agente que atua na fixação – precisa de um meio ácido, por isso a lavagem intermediária é tão importante, de forma que, sem ela, o ácido do fixador seria neutralizado pela base do revelador; - Composição - Solução interruptora: Uma mistura de ácido acético e água. Ainda citada nos livros, porém não muito necessária; - Água corrente: Durante 30 s. É a forma utilizada na lavagem intermediária, atualmente, e que entrega bem aquilo que é necessário – a remoção do excesso de revelador ou neutralização da sua função; → Fixação - Vai tornar uma imagem já visível em uma imagem permanente, por meio da remoção dos cristais de prata que não foram sensibilizados pelos raios X; - Composição - Hipossulfito de sódio: Elimina cristais de prata não expostos; - Ácido acético: Proporciona a acidez necessária para o agente clareador atuar e inibe a ação do revelador e propicia a acidez necessária; - Cloreto de alumínio ou alúmen de potássio: Contrai e endurece a emulsão – facilita a secagem e manuseio do filme; - Sulfito de sódio: Agente antioxidante; - Água: Solvente; → Lavagem Final - É uma das etapas mais negligenciadas pelo Cirurgião-Dentista, embora seja uma etapa muito importante, pois serve para remover da emulsão todas as substâncias adquiridas durante o processamento radiográfico; - Quando essa lavagem não é feita corretamente, o filme tende a manchar, principalmente devido a presença de substâncias do fixador; - Composição - Água corrente: Durante 10 minutos, no mínimo 5 min; - Água parada: Durante 20 a 30 minutos; → Secagem - Etapa sem tempo, pode variar; - Deve ser realizada em um ambiente limpo, à temperatura ambiente ou em secadoras – algo que se deve atentar é que o ar nunca deve ser direcionado para a emulsão, a exposição ao ar deve ser feita de forma indireta (pela borda do filme; → Montagem - Procedimento que apesar de não fazer arte do processamento, é algo que deve ser realizado após o processamento; - O objetivo da montagem é organizar as radiografias em cartelas, de acordo com as regiões anatômicas; - Vantagens - Facilita a interpretação – diminui a quantidade de erros de interpretação, principalmente dos lados das radiografias; - Evita marcas de dedos, riscos e abrasão; - Facilita o arquivamento das radiografias; - Exerce efeito psicológico sobre os pacientes – mostra que o profissional é organizado; Tipos de Soluções Processadoras - Existem dois tipos no mercado, as soluções prontas para uso ou líquido concentrado, sendo a 1° a que se utiliza geralmente; - Quanto a validade, os fabricantes dizem que após aberta, a solução pode ser utilizada por 1 semana, mas isso é variável, o profissional pode ficar monitorando a mudança de cor ou o pH; OBS.: O revelador novo é incolor ou levemente amarelado – pH = 12 – ao perder sua função ele fica marrom/castanho – pH = 10. Já o fixador novo é incolor – pH = 4/5 – tendendo a ficar esbranquiçado com o tempo – pH = 5,5 – sendo o branco leitoso o ápice dessa mudança na coloração. → Características - Velocidade - Solução padrão: 4 a 5 minutos, a 20 °C; - Solução energética (líquido concentrado): 1 a 2 minutos, a 20 °C; - Degradação: Termo utilizado para se referir ao envelhecimento das soluções, de modo que, uma solução degradada não pode mais ser utilizada. Existem alguns fatores que podem atuar nessa degradação: - Oxigênio do ar – atua principalmente sobre a solução reveladora, em especial na hidroquinona; - Ação das luzes; - Tempo de preparo; - Quantidade de filmes processados; - Exaustão: Termo utilizado para designar a perda da capacidade de exercer sua função, estando relacionada com a quantidade de filmes processada na mesma solução, e sendo mais comum em meio de pesquisa, na clínica, o que normalmente ocorre é a degradação; Métodos de Processamento → Processamento Manual - Os livros trazem dois métodos, o método temperatura/ tempo e o método visual/ inspecional, sendo, atualmente, utilizado apenas o método temperatura/ tempo, pois oferece uma padronização das radiografias, diferente do outro; - Etapas: Revelação, lavagem intermediária, fixação, lavagem final e secagem; - Método Temperatura/ Tempo - Antes de começar o processamento, deve-se aferir a temperatura da solução reveladora com um termômetro de imersão – termômetro utilizado em piscinas, aquários...; OBS.: 20 °C é a temperatura ideal para o processamento e acima de 30 °C não é recomendado que se realize o processamento, pois a emulsão pode se soltar do filme. - Além disso, deve-se verificar, na tabela do fabricante do filme, o tempo de revelação para o processamento; - Método Visual/ Inspecional - Desvantagens: Falta de padronização; - Fatores que influenciam: Tipo de solução empregada, condição da solução, temperatura dasolução, acuidade visual e o momento de cansaço do profissional irão influenciar no resultado do processamento, por isso o outro método é mais recomendado; → Processamento Automático - As etapas são as mesmas do processamento manual – revelação, fixação, lavagem final e secagem – excluindo a etapa da lavagem intermediária, pois entre os tanques de revelação e fixação, a processadora tem um cilindro especial que remove a solução reveladora da emulsão do filme; - Os ciclos – tempo necessário para se passar por todas as etapas, desde a entrada até a saída do filme – variam de 90 s a 6 min, dependendo da máquina que está sendo utilizada; - Primeiramente abre-se a película e retira-se o filme do envelope, logo após deve-se introduzir o filme na máquina. Lá dentro, o transporte do filme será feito por meio de cilindros; - Entre o tanque do revelador e do fixador existe um conjunto de cilindros que agirá, como uma espécie de rodo, removendo o excesso de revelador, fazendo com que o filme passe para o tanque do fixador sem solução reveladora; - Do fixador ele passa para a água – etapa de lavagem final – e posteriormente vai para a secagem – feita dentro da máquina, por um sistema de ventiladores, de modo que o filme já sai pronto para ser interpretado; - Cilíndros - Realizam o transporte das radiografias; - Ação de massagem – facilita o acesso da solução aos cristais de prata; - Remoção das soluções processadoras da superfície das radiografias. Câmara Escura - Local adequado para realização das etapas de processamento radiográfico. Existindo três tipos: portátil, quarto escuro e labirinto; → Câmara Escura Portátil - Feita com material opaco em toda sua extensão; - Deve-se utilizar um cronômetro para marcar o tempo do processamento; - O profissional deve se basear na tabela de revelação para saber o tempo necessário dentro da solução reveladora – normalmente é o tempo que varia, a água é padrão (30 s), assim como a fixação (em torno de 5 min, sem exceder o dobro do tempo usado na substância reveladora; - Deve ser utilizado o termômetro para checar a temperatura da solução reveladora antes de começar o trabalho; - Algumas tem 4 recipientes – revelador, lavagem intermediária, fixador e lavagem final – já outros tem apenas 3, nesse caso, ao terminar a etapa de fixação o profissional deve retirar o filme e colocá- lo em um recipiente externo para lavagem final; - Cuidados!!! - A câmara escura portátil deve ser mantida longe de fontes de luz e de calor; - A troca das soluções deve ser periódica; - É importante manter a câmara limpa, pois a sujeira pode manchar a película do filme, fazendo necessária a repetição da radiografia; → Quarto Escuro - Dependência à prova de luz – sem luz ambiente – com paredes internas de cor clara – e com um revestimento que permita a limpeza – e com luz de segurança adequada aos tipos de filmes processados – na ausência dessa luz, é necessário que o profissional trabalhe no escuro; → Labirinto - Um ambiente especialmente construído para o processamento de filmes; - Na sua entrada, ele possui um correto circundante – labirinto – sem portas – diferente do quarto escuro; - As paredes do labirinto devem ser pintadas de preto; → Equipamentos da Câmara Escura - Mesa manipuladora ou bancada de trabalho; - Armários para filmes ou receptores de imagem; - Processadora automática; - Exaustor – necessário para manter o ambiente seguro, devido as soluções químicas, tendo a função de remoção e renovação do ar; - Negatoscópio – só deve ser ligado quando não estiver sendo feito o processamento do filme; - Tanques de processamento – para o revelador, lavagem intermediária, fixador e lavagem final, geralmente ele é utilizado com a radiografia ainda molhada, para se verificar se ela está com uma boa qualidade; - Lanterna de segurança – pode-se ter mais de uma, desde que seja respeitada a distância entre elas; - Filtro de segurança – presente no suporte da lanterna de segurança; - Colgaduras; - Termômetro; - Cronômetro; - Estufa de secagem – pode estar presente ou não, permite que a radiografia seque num ambiente limpo; - Suporte – serve para colocar as radiografias para secar a temperatura ambiente; - Dispensadores de Chassis – não obrigatório; → Iluminação do Ambiente - Geral – luz branca; - Luz de segurança: Iluminação direta – luz direcionada para o tanque, ou a superfície que vai se trabalhar com os filmes – numa distância de 120 cm, no mínimo, lâmpada com 15 W de potência e filtro na cor vermelha, pode ser de teto ou de parede. Se não se tem a distância mínima, o que se pode fazer é deslocar a luz em direção a parede ou ao teto – iluminação indireta. Erros Radiográficos → Radiografias Claras - Geradas por erros no processamento, como revelação insuficiente, temperatura do revelador muito baixa e revelador antigo ou muito diluído, ou por erros de técnica, como tempo de exposição insuficiente; → Imagens Escuras - Geradas por erros no processamento, como tempo de revelação excessivo, temperatura do revelador muito alta e falha na diluição do revelado – no caso dos reveladores concentrados – ou por erros de técnica, como tempo de exposição muito alto; → Imagem Parcial - Gerada por erros, como imersão parcial nas soluções – liquido insuficiente no recipiente – ou exposição de parte do filme a luz inadequada antes do processamento; → Artefatos Escuros - Gerados por erros como, contaminação antes da imersão do filme na solução reveladora ou geração de impressões digitais – quando o dedo do operador é melado com revelador ou ele toca o filme; → Laceração da Emulsão - Remoção da emulsão, gerada por manipulação descuidada durante o processamento ou ainda arranhão feito com a colgadura no momento em que se remove o filme de dentro do envelope; → Manchas Claras - Geradas pela adesão de filmes durante o processamento ou por bolhas de ar sobre a superfície durante a imersão inicial; → Erros mais comuns - Geração de manchas marrons ou amareladas, por meio da reação entre o hipossulfito de sódio do fixado + prata, formando um composto insolúvel, o sulfito de prata – responsável pela criação de manchas marrom-amareladas; - Esse erro ocorre devido a fixação e lavagem final insuficiente; - Esse filme manchado perde o seu valor como documento e mostra o descuido do profissional durante o processamento. Processamento Digital → Tipos de Armazenamento da Imagem - Memória da CPU, CD/DVD, Pendrive/ HD externo e forma impressa – com um filme especial que é feito para impressão a laser ou em papel fotográfico. Hoje em dia, os serviços de radiologia utilizam muito o armazenamento na nuvem, que permite inclusive que o paciente veja; → Recursos dos Sistemas Digitais - Todo sistema digital tem no seu software, uma variedade de ferramentas, geralmente recebendo apenas nomes diferentes, mas permitindo, no geral, a manipulação do brilho e contraste, mensurações lineares e angulares – bem precisas, muito usadas na endodontia e em medidas cefalométricas, respectivamente – zoom – muito utilizado, deve-se aumentar até 3x, no máximo, pois mais que isso pode gerar uma distorção da imagem – negativo – inversão dos tons, o que é radiopaco fica radiolúcido e vice- versa – cores – não tem aplicação clínica de forma isolada – e relevo 3D – faz com que se ressalte o limite entre estruturas com radiopacidade diferente, como esmalte e dentina; - Rotação: Serve para se posicionar a imagem de forma adequada para a avaliação; - Imagem por Subtração Radiográfica Digital – DSR: Existem programas específicos para subtração, ou alguns programas que apresentam ela, mas não é uma ferramenta comum a todos. É a subtração das informações de uma radiografia inicial das informações da radiografia final. É indicada para avaliar reparação óssea – implantodontia/ lesãoperiapical – para diagnóstico e monitoramento da progressão de cáries e, de perdas ou ganhos ósseos; - Para usar essa ferramenta é preciso seguir algumas etapas: primeiramente deve-se retirar duas radiografias de uma mesma região, obtidas de forma padronizada – mesmo aparelho radiográfico, mesmo tempo de exposição... – sendo necessário anotar todos os parâmetros utilizados anotados; - Ex.: Se é feita a radiografia de um paciente em janeiro, e outra em junho, ou seja, 0, que resultaria numa imagem preta – significa que nada mudou, não houve perda óssea, por exemplo – porém o sistema adiciona uma tonalidade cinza; OBS.: Imagens escuras = perda / imagens claras = ganho. → Vantagens dos Sistemas Digitais - Facilita a comunicação com o paciente, sendo mais facilmente compreendida pelo paciente, e entre profissionais; - Redução do tempo de trabalho, principalmente nos sistemas diretos – aquisição da imagem mais rápida; - Permite a utilização de ferramentas que possibilitam a obtenção de medidas na imagem – lineares e angulares; - Não utiliza soluções de processamento e câmara escura – muito interessante para quem possui um consultório pequeno; - Diminuição da dose – tempo de exposição; - Imagem aparece quase instantaneamente, principalmente no sistema digital direto; - Imagem pode ser manipulada; → Desvantagens dos Sistemas Digitais - Alto custo inicial; - Geração de um desconforto, geralmente relatado pelos pacientes; - Difícil acesso às regiões posteriores – CCD e CMOS (volume do sensor e presença do cabo); - Placas de fósforo são danificadas facilmente, sendo necessária a reposição.
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