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1 2 3 Copyright © 2017 por Soraya de Castro Guedes Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução parcial desde que devidamente citada a fonte Diagramação: Olívia Nayara ladynayara@hotmail.com Capa: Higor de Castro Guedes Revisão: Gabriela Souza Moreira - jornalista MTB 84.427/SP Fotos do miolo: Acervo da Morada dos Ursos - Canil Solar dos Ursos Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 4 Homenagem in memoriam Ao meu filho Victor, que aprendeu a andar segurando o pelo de um Akita e quando tinha 14 anos me presenteou com a capa do meu primeiro livro, Maravilhosos Akitas publicado em 1999 – edi- ção esgotada. Victor de Castro Guedes 22/01/1986 a 19/02/2011 Vivo em nossos corações eternamente! 5 Dedicatória Dedico este livro ao meu primeiro neto Enzo, como represen- tante de todas as crianças que cresceram, crescem e crescerão com seus Akitas Guardiões, desejando que ele também tenha a oportu- nidade crescer em meio aos nossos Akitas e vivendo o despertar de um Guardião Akita que lhe entregue a alma e cresçendo com o Enzo aqui na Morada dos Ursos. Dedico ainda aos meus filhos Higor e Hugo que desde a in- fância conviveram com seus Akitas guardiões! 6 Agradecimento A todos os Akitas que vivem nos corações da nossa família, agradeço o amor e a entrega sob a forma do “link da alma”. Eles nos proporcionaram um extraordinário aprendizado em amor, que dedicaram nestes mais de 30 anos de convivência no seio da nossa família. Agradeço de antemão aos muitos Akitas ainda que venham nos anos vindouros. Sou grata pelos quase 1000 cães que pude acompanhar perio- dicamente, nestes mais de 25 anos de estudo aprofundado no tem- peramento e comportamento da raça Akita, da nossa e de outras tantas criações, nas mais variadas vertentes e nuances de demons- tração de temperamento e que me permitiram estender e aprofun- dar grandemente o meu conhecimento. Agradeço a todos aqueles que compreenderam a importância do meu cuidado para com o temperamento e comportamento da raça Akita e que de alguma maneira apoiam e incentivam minha jornada a mais de 30 anos de profundo e contínuo aprendizado. Agradeço ainda a todos aqueles que de alguma maneira sal- varam a raça Akita tanto da extinção física quanto da extinção da sua essência Guardiã! 7 Soraya Guedes Amante da raça Akita; criadora há mais de 30 anos; juíza da raça Akita pela CBKC /FCI entre 1995 e 2013. Estudiosa do tempe- ramento e comportamento Akita há mais de 25 anos. Terapeuta Ho- lística Emocional há mais de 25 anos, atuando com a harmonização dos núcleos familiares akiteiros, entre outras raças e animais. Autora da primeira obra em língua portuguesa falando sobre a raça “Maravi- lhosos Akitas” – 1999- com edição esgotada. Tem publicadas outras obras e antologias poéticas. Idealizadora do Blog Código Akita cria- do em 2014. Casada com Ulisses Guedes – juiz CBKC/FCI profundo estudioso da raça, proprietários do canil Solar dos Ursos localizado na Morada dos Ursos. Mais de 30 anos na criação, apaixonados pelos Akitas, focados no conjunto: estrutura, tipo, temperamento e comportamento. 8 Início da criação Iniciamos a criação na década de 1980. Nesta época era quase impossível obter informações sobre os Akitas. Havia raríssimos criadores no Brasil e o raro material que chegava em nossas mãos vinha de navio – demorava em média 3 meses para chegar até nós e para “ajudar” estava escrito em japonês. Não tínhamos uma criação profissional, nosso intuito não era comercializar cães. Este não era o nosso objetivo já naquela época. Criávamos por amar a raça dos cães que brincavam com as nossas crianças. Aliança para Divulgação de Cães Japoneses no Brasil, Conhecemos então naquela época – idos de 80- a Aliança para Divulgação de Cães Japoneses no Brasil, entidade que havia sido recém-criada, que cuidava de divulgação no Brasil além de outras raças japonesas, a raça Akita. No Japão a raça Akita era Monumento Natural Nacional do Japão e considerada patrimônio cultural, cujo resgate era o objeti- vo maior dos criadores e do governo japonês. O governo japonês inclusive arcava com as despesas dos cães, casos o dono/tutor, por algum motivo, não pudesse manter o cão. Eu e meu marido fizemos parte da diretoria desta entidade, junto com outras pessoas de importância inestimável, que levavam o trabalho com absoluta seriedade. Pessoas dedicadas, interessadas e verdadeiramente comprometidas com a raça Akita, que foram de fundamental importância para fixar a raça no Brasil, entre eles: Hideko e Kichiro* (in memoriam), do canil Shirakaba; Heth* (in memoriam) e Nelson Crepaldi do canil Oriente Express; Luiza e 9 Getúlio Sato do Tayo Kennel; Gervásio Lourenço Junior do ca- nil White Feet; Silvia Liberatori e Marco Antônio Gaio do canil Daimas Kennel; Takako Ishii Porto e Edison Costa Porto do canil Taizen Sho e Edson Kayano do canil Nippon Mey Ken. Importante ainda registrar o nosso agradecimento aos muitos donos/tutores de Akitas que apoiavam o trabalho da Aliança, levando os cães nos eventos e participando das muitas atividades que promovíamos: estudos, encontros, palestras, passeios, divulgações diversas. 10 Departamento da Raça Akita, Parte da trajetória a caminho do clube... Juntos, passamos pelo processo de reconhecimento do traba- lho desenvolvido pela entidade que representávamos, até que fosse aceito pela Confederação Brasileira de Cinófila, se tornando De- partamento da Raça Akita e posteriormente se transformando no Clube Paulista do Akita, dos quais fomos fundadores. Por muitos anos integramos a diretoria que fora presidido por anos, pela querida amiga Juíza e grande cinófila Anita Cardoso Soares – nossas crianças brincaram muito na sala de sua casa, en- quanto fazíamos as nossas reuniões. 11 KOYUKI KENNEL Trabalhamos com muito amor e dedicação pela raça tendo nosso trabalho sido coroado, tanto nas entidades cinófilas como na nossa criação pelo Koyuki Kennel que era o nome do nosso canil na época. Acompanhamos todo o processo de reconhecimento da enti- dade, porém ainda assim o temperamento genuíno do Akita, dada sua complexidade, continuava um enigma que precisava ser des- vendado. O foco da maioria dos criadores estava direcionado para a estrutura e a tipicidade, deixando que o temperamento se estabe- lecesse por si. Mas para nós, não bastava. Eu estava muitíssimo intrigada e decidida a desvendar aquele enigmático temperamento dos Akitas, afinal nossas crianças conviveriam com eles. Aos meus olhos o temperamento e o comportamento eram tão, ou mais, importantes quanta estrutura e tipo. O temperamento que os cães apresentavam não era homogê- neo. Não havia equilíbrio, raríssimas exceções. Muito trabalho tinha que ser feito para que se estabelecesse nas criações, um conjunto satisfatório compreendendo “estrutura”, “tipicidade”, “temperamento” e “comportamento”. Ficamos refletindo qual a melhor maneira de fazer isso. Vale lembrar que naquela época, década de 1980, não contávamos com o apoio da internet. Era preciso encontrar uma maneira de fazer contato com o maior número de proprietários de Akitas possível. Mas como encontra-los? 12 DISK-AKITA e AKITA-MANIA Tivemos então uma feliz ideia: colocamos um anúncio em al- guns jornais de grande circulação onde dizia “DISK-AKITA” com o número do nosso telefone. Para a nossa surpresa resultado foi surpreendentemente ime- diato. O volume de ligações foi imenso e conseguimos conversar com vários proprietários de Akitas, trocando muitas informações sobre o perfil de comportamento. Eu estava encantada descobrindo muitas e muitas coisas sobre os Akitas. O retorno foi sensacional e estávamos radiantes. Mas agora, apenas conversar com eles por telefone, já não bastava. Queríamos conhecer os cães, conhecer as pessoas pesso- almente e conhecer ainda mais pessoas com seus Akitas. Foi com o objetivo de fazer com que os proprietários de Aki- tas se conhecessemformando um grande grupo de pessoas com in- teresse em fazer algo pela raça que criamos outro anúncio: “AKI- TA MANIA”! E o “Akita Mania” foi um sucesso! Recebíamos ligações de toda parte do Brasil. Descobri que as pessoas tinham as mesmas dúvidas que eu. Assim, saí em busca de respostas para mim e para elas. E foi assim iniciando a que dei início a minha pesquisa de temperamento e comportamento dos cães da raça Akita. 13 Nasce à pesquisa Temperamento/comportamental Akita Hoje com a internet isso parece algo bem simples de se fazer, entretanto, naquela época era quase impossível conseguir isso. Es- távamos muito felizes em conhecer as pessoas com suas histórias de convivência entre seus cães e suas famílias. Surge então à necessidade de desenvolver uma pesquisa séria, que pudesse estabelecer qual seria perfil do “temperamento genuí- no” do Akita que seria o de reconhecimento “instintivo” do dono/ tutor, do amigo do dono/tutor, do estranho e do intruso – sendo que apenas ao intruso poderia atacar. A pesquisa focada nos possibilitaria identificar entre todos os cães com os quais tínhamos contato, os que apresentavam equilí- brio suficiente para começarmos um sério trabalho na direção do “resgate” do temperamento genuíno partindo de cruzamentos bem direcionados. A conquista do temperamento genuíno Logo as estratégias dos cruzamentos começaram a ser elabo- radas e executadas. Os primeiros resultados começavam a apare- cer. Em poucas gerações conquistamos resultados surpreendentes, resultados para a nossa criação. Nossos Akitas começaram a nas- cer e se desenvolver com equilíbrio de temperamento, estrutura e tipicidade adequados. O que até então era antes apenas um ideal, agora se tornava realidade. 14 Aprofundando conhecimento Com tantas vertentes a ser observadas e estudadas, não só da nossa própria criação no Koyuki Kennel, mas também de vários proprietários de cães de outras criações, acabamos dividindo na- turalmente as atenções. Enquanto eu cuidava da pesquisa do tem- peramento e comportamento dos cães, meu marido ficava focado nos estudos das linhagens, tipicidade e estrutura – quando então desenvolveu a “geometria do equilíbrio rácico”. Cadastramento de um grande número de cães O cadastramento dos cães teve início e assim estabeleci con- tato regular com os proprietários. Machos eram acompanhados até 2 anos de idade e as fêmeas até o desmame da primeira ninhada. Com trabalho focado na estratégia dos cruzamentos os filhotes co- meçaram a nascer com um conjunto cada vez mais harmônico de estrutura e tipo, temperamento e comportamento. Estávamos no caminho certo e já colhendo os frutos! Candidatos aos filhotes O foco da nossa atenção passou então a ser com quem seriam as pessoas que ficariam com esses filhotes. Era importantíssimo que se envolvessem no processo do resgate, manutenção e consolida- ção da nossa conquista juntamente conosco. Começamos então a traçar o perfil de pessoas que teriam condições de oferecer aos filhotes as condições necessárias para que eles tivessem desperta- do o temperamento guardião. Encontramos pessoas que consegui- ram compreender perfeitamente a importância de integrar a nossa criação. Assim teve início minha pesquisa em temperamento e comportamento do Akita, na década de 1980. 15 Fontes preciosas de informação Tivemos a felicidade e grande oportunidade de ter contato com criadores tradicionais de Akitas no Japão, que vieram julgar exposições aqui no Brasil entre eles: Shinya Kuroki juiz, criador tradicional e diretor da Akiho – Akita –inu Hozonkai filho e neto de uma dinastia de criadores tradicionais no Japão e Toyosaku Ka- riyabu juiz e presidente do Japan kennel Cub. Interessante a forma como ficaram admirados com as minhas indagações e do conhecimento que eu tinha a partir dos estudos e observações que vinha fazendo sem que tivéssemos fácil acesso a língua japonesa. Foram-nos passadas informações importantíssimas, que fo- ram de grandiosa importância. Em tempos de total escassez de in- formações elas chegavam como um bálsamo aplacando os anseios da minha alma. Enfim, os anos foram passando, gerações de cães fixando o temperamento, estrutura e tipo e assim obtínhamos cada vez mais cães equilibrados em quase todas as linhas de cruzamentos plane- jados. Consolidação do Temperamento Quinze anos se passaram e quase 600 cães da raça Akita de diversas linhagens haviam sido acompanhados na minha pesquisa e me possibilitando adquirir um conhecimento inestimável. Sim, nós conseguimos consolidar o temperamento genuíno do Akita, não se tratava apenas de um ideal, era algo definitiva- mente real. Eles reconheciam instintivamente o dono/tutor, o ami- go do dono/tutor, o estranho e o intruso, só vindo a atacar o intruso. 16 Pausa necessária na criação No entanto, lá pelos idos de 2000 precisamos pausar a cria- ção. É claro que demoramos longo tempo até adaptar os cães que ficaram com amigos muito queridos que frequentavam da nossa casa. Visitávamos sempre os cães e os amigos. A necessidade de cuidado da minha saúde, somada a uma série de outros fatores mostrou ser a “pausa” o caminho a seguir. Embora estando a criação pausada, não estávamos afastados da raça. Ao contrário, neste tempo aprofundei meus estudos amplian- do o conhecimento. Foi nesta época que veio a compreensão de quanto os estados emocionais ancestrais que influíam no despertar do temperamento e comportamento equilibrado dos Akitas advin- dos da 4a e até 5a geração ancestral. Vou falar disso mais à frente. Elo perdido Muita água passou por baixo da ponte. De alguma manei- ra o tempo passou e muito daquele trabalho todo se perdeu entre os criadores. A raça foi atingida por mercenários comerciantes de cães, que nada tinham a ver com os criadores sérios. A multiplicação da venda indiscriminada de filhotes, resulta- do de cruzamentos aleatórios feitos sem-nenhum critério, somados aos muitos revendedores de cães inescrupulosos, fizeram com que a raça atingisse alto índice de degradação. Não fosse por alguns raríssimos criadores sérios, estaria to- talmente aniquilada e perdida nos dias de hoje. 17 Luto a grande adversidade. Chegamos em 2011... A nossa família se depara então com a maior de todas as ad- versidades: o falecimento do nosso filho mais novo Victor, aos 25 anos num acidente de moto. Momento delicadíssimo que atravessamos em fé, amor, união como sempre fizemos em nossa família. Em nossas almas tínhamos a certeza de quanto nosso filho havia sido feliz: junto aos irmãos Higor e Hugo; amigos que ele pôde chamar de irmãos; muitas ami- zades que ele cultivou enquanto aqui esteve. O Victor era um representante legítimo da “Geração Akita” – como eu chamava as nossas crianças, por crescerem com os cães- pois ele aprendeu a andar segurando o pelo de um Akita. Cerimonial Japonês Foi neste momento de luto, que nos chega uma bênção, vinda diretamente do Trono da Graça! Existe um cerimonial no Japão, mais precisamente na provín- cia de Akita, de onde se originam os cães – eles levam o nome da região - em que famílias enlutadas, caso não tenham cães, recebem de presente um filhote de Akita, como representação do amor e cuidado daquele ente querido que se foi. Se a família já tiver um cão, então são presenteadas estatuetas de Akitas. Nossa família então enlutada recebeu então esta honraria, quando nossos queridos amigos – filhos postiços - Leandro Mar- tins e Juliana Cavallaro, oficiaram aqui o cerimonial trazendo 18 de presente para a nossa família um lindo filhote vermelho Koyuki no Ruffus Del YucatanBR. Estiveram conosco, nos amaram e cui- daram de nós sem nenhuma outra intenção que não fosse tentar aplacar a dor da nossa alma naquele momento. A eles nossa eterna gratidão. 19 A Retomada da Criação E foi assim que aquele lindo ursinho, tocou o nosso coração. Ruffus chegava, trazendo com ele a representação do amor guardião. Sentimos chegada sinalizando que era chegado o momentopara a retomada da criação. A natureza sinalizava fortemente que estávamos vivendo novos tempos em novos dias. Assim o Ruffus que crescia lindamente. Sabíamos que ele precisaria de uma fêmea para dividir com ela a função no cuidado da família a fim de que sua alma não se sentisse sobrecarregada. E então chegou a Cristal Shum Yuki del YucatanBR. Foi lin- do ver o encontro do Ruffus com a Cristal, a forma como se com- pletavam enquanto cresciam juntos. Código Akita Foi a convivência com eles, na retomada da criação que me trouxe a inspiração para escrever os textos. Vi na internet uma grande aliada. Assim criei o Blog Código Akita e uma página com o mesmo nome no Facebook, a fim de compartilhar com o maior número de interessados possível meu conhecimento e eterna busca pelo aprendizado, referente ao tem- peramento e comportamento da raça. Pude constatar que eu estava certa, pois num curto espaço de tempo milhares de pessoas estavam lendo os textos a começavam a entender os sinais que seus Akitas estavam emitindo. Desde então recebo centenas de e-mails na minha caixa postal. 20 Morada dos Ursos Canil Solar dos Ursos O tempo foi passando, os cachorros cresceram as ninhadas do Ruffus e Cristal chegando. Não era novidade que alguns filhotes iam ficar na nossa casa. Assim devagarzinho fomos retomando a criação. Importantíssimo registrar que os nossos cães, são da família. Todos convivem intimamente conosco. Revezamos todos para que todos tenham a mesma oportunidade de convivência. O tempo foi passando e buscamos um lugar onde pudéssemos criar os cães de forma proporcionar ainda mais a eles sua conexão com a natureza. Assim chegamos à Morada dos Ursos e oficializamos a re- tomada da nossa criação registrando na CBKC/FCI o Canil Solar dos Ursos. Nossa história com os Akitas é, em primeiríssimo lugar, uma história de amor, de cuidado, de dedicação cujo alcance se estende muito além dos cães da nossa casa, nossa história acolhe a raça Akita. Nossa criação não é comercial e temos bem poucas ninhadas ao ano. 21 TEMPERAMENTO INSTINTIVO DO AKITA Tenho sob minha responsabilidade passar a informações se- guras sobre o temperamento do Akita. Informar tanto o que esperar do temperamento de um Akita equilibrado, como também sobre os desvios que os cães atualmen- te vêm apresentando. Sabendo do perigo que representam os Akitas com tempera- mento desequilibrado para as famílias, reitero insistentes alertas aos criadores a fim de que compreendam a necessidade em se bus- car o resgate do temperamento genuíno e “real”, que infelizmente a maioria deles sequer conhece na teoria. Nós já vivemos esta verdade. Já criamos e convivemos com Akitas cujo despertamento instintivo foi ativado. Nós sabemos que é possível. Se já fizemos acontecer uma vez, em tempos de infor- mação tão escassa, imagina nos dias de hoje com o advento da internet. Todos os corações que estejam voltados ao resgate proposto, serão parte importantíssima desta conquista. Criei o Blog "Código Akita" para que todos aqueles que esti- verem dispostos a compreender seus cães e ajudar a resgatar a raça, soubessem que é possível. Uma alma sensível e atenta às verdadeiras necessidades tem- peramentais da raça pode conseguir captar verdadeiramente qual seja a essência do Akita, na quase totalidade da sua grandeza. 22 Convite aos criadores e tutores. Minha proposta de trabalho fica feita para todas as pessoas, criadores ou tutores, com coragem suficiente para quebrar paradig- mas na busca do temperamento que muitos julgam apenas “ideal”, mas que de fato é “REAL”. O convite está feito a todos os que queiram fazer novamente conosco o resgate da raça Akita como um todo. Nós fizemos antes e já estamos a caminho de fazer novamente agora. Temperamento e comportamento Coisas distintas É preciso compreender que temperamento e comportamento são coisas distintas: - O temperamento nasce com o cão que traz consigo na ma- triz do seu DNA um conjunto de influências, desde as mais re- motas ancestrais até as impressões mais recentes gravadas na fase 23 gestacional, onde características emocionais são aportadas, fixan- do características como: rastrear da alma do seu dono/tutor se tor- nando um guardião. Um verdadeiro guardião Akita traz consigo características absolutamente profundas de reconhecimento instintivo do dono/ tutor, o amigo do dono/tutor, o estranho e o intruso; ser silencioso, autoconfiante, seguro e corajoso. As marcas mais remotas na linha do tempo são as que têm as marcas mais profundas. São elas a de maior permanência de tempo no DNA. Essas marcas foram gravadas, impressas e reiteradas ve- zes, por centenas de anos através das gerações. Tais marcas profundas que fazem do Akita o cão samurai são entre outras: o rastrear da alma, a coragem, a segurança, a autocon- fiança, o equilíbrio no reconhecimento instintivo do dono/tutor/tu- tor, do amigo do dono/tutor/tutor, do estranho e do intruso – sendo que apenas a este pode atacar. Quando essas marcas se mostram rasamente impressas ou até mesmo apagadas o Akita “guardião” mostra claramente que está com sua essência comprometida, podendo se apresentar um cão apático; agressivo ou instável e nesses dois casos, pode sim, se tornar um cão não confiável e absolutamente perigoso. - O comportamento é a resposta emocional que ocorre na somatória entre o estado interno do cão e os estímulos externos: o estado emocional da alma sendo entre outras: segurança, coragem, autoconfiança; estímulos geográficos (rural ou urbano); climático ambiental; estímulos animais (caça?); estímulos humanos (am- biente familiar). O Resultado desta somatória é o comportamento do cão como indivíduo. Por isso filhotes de 30 dias de uma mesma ninhada podem apresentar comportamentos distintos frente aos lares onde foram inseridos. Entre tantas possibilidades, vejamos alguns exemplos de di- ferentes resultados comportamentais: a) Alguns podem ser mais dependentes da mãe quando bebês apresentando certa insegurança – sentem-se soltos fora da barriga 24 da mãe, onde antes se sentiam acolhidos e bem seguros. Então es- tes buscam ficar o mais próximo possível da mãe, seja para mamar ou mesmo dormir. b) Já os outros filhotes irmãos de ninhada, sentem-se livres do “aperto” da barriga da mãe e se sentem mais confortáveis man- tendo certa distância, pois tem controle na percepção de proximi- dade da mãe, rastreiam com facilidade onde ela está, sentir o calor do seu corpo mesmo que a certa distância já lhes dá segurança suficiente. Enquanto alguns filhotes preferem se aninhar mais na mãe, outros preferem ficar a certa distância. Assim podemos perceber claramente quais serão os filhotes com maior possibilidade de apresentar ansiedade de separação quando se sentirem sozinhos na casa da sua nova família. O discernimento e a compreensão clara do temperamento e comportamento do cão como indivíduo são de grande importância tanto para o filhote quanto para a família que vai ficar com ele, pois todos poderão ser ajudados grandemente no entendimento da melhor forma para lidar com ele. Claro que a insegurança acima citada, é apenas uma entre outras tantas. As necessidades dos cães são muito diferentes das nossas para um desenvolvimento equilibrado e saudável. Basta pensarmos que o desenvolvimento sensorial dos filhotes traz em primeiríssimo lu- gar a ativação do olfato só depois o tato, o paladar, a audição e por último a visão. Conhecer a essência do temperamento rácico instintivo ajuda a compreender a importância dos ajustes que podem e devem ser feitos para que o cão apresente o comportamento esperado dentro deste perfil instintivo. Tal compreensão é fundamental para que o resgate de cada cão, como indivíduo, seja possível. Um sinal de temperamento rácico instintivo comprometido, por exemplo, é a convivência de Akitas com outros cães de mesmo porte e sexo. Entre outros tantos fatores indicativos está o baixo índice de dominância,que mostra o comprometimento do desper- tamento da essência “guardião”. 25 Para preservar o temperamento do Akita, é preciso antes co- nhecer os atributos primitivos que fundamentam seu temperamen- to. Esta percepção nos traz oportunidade de aprendizado suficiente para: refletir, reconhecer, reagir e resgatá-lo. A possibilidade está em nossas mãos. Então, mãos à obra... Silencioso Guardião O silêncio e a quietude nos levam a dimensão da contem- plação em eco e reflexo exterior e interior. Pensemos em um tem- plo japonês e o silêncio e a quietude estarão compondo o cenário. Quando um samurai lutava, o silêncio era parte estratégica e o som quando liberado, era usado como forma de explosão de energia no combate. Também para os Akitas, o ato da contemplação estabelece conexão do interior do indivíduo com as inúmeras vertentes do seu exterior. Por isso digo que um Akita, muito além de observar, contempla! 26 O DESPERTAR DO GUARDIÃO É a quietude da contemplação que permite ao Akita rastrear a alma do seu dono/tutor, de forma torna-lo “guardião rastreador de almas”. Daí a fundamental importância em que o cão apresente um temperamento instintivo equilibrado. Antigamente apenas a nobreza e os samurais possuíam cães Akitas, pois era oneroso manter um cão de grande porte naquela época. Os samurais reconheciam em seus Akitas suas preciosas vir- tudes. Eles valorizavam muitíssimo a lealdade guardiã intrínsecos; os cães autoconfiantes, seguros, dominantes, extremamente equi- librados, ter grande porte, potência de força física e desenvoltura ágil. Admiravam especialmente a forma estratégica que aplicavam a quietude quando o ataque se fazia necessário. Foi este conjunto de virtudes que fez com que o Akita fosse o cão de escolhido pelos samurais para acompanhá-los na defesa das terras sob sua prote- ção. Só tempos depois o cão chegou também nas casas da região e passou a fazer parte da vida das famílias trazendo com eles s suas preciosas virtudes. O silêncio era muito valorizado também pelas famílias, pois nas casas as finas paredes de papel arroz, permitiam muito facilmente a propagação dos sons. Neste caso cada vez mais Akitas silenciosos eram escolhidos para conviver com a família. Desta maneira ao longo do tempo uma seleção natural onde os cães mais silenciosos também foram escolhidos pelas famílias para acasalamento. Graças a esta cuidadosa e longa seleção foi pre- servado o conjunto de virtudes do Akita, mesmo diante da “quase extinção” da raça no tempo da Segunda Guerra Mundial. Exatamente por isso, aqui na nossa criação na Morada dos Ursos, temos os olhos focados em primeiríssimo lugar no tempe- ramento e comportamento dos cães e depois estrutura e tipo. É o temperamento que faz do Akita um guardião. 27 Por isso escolhemos cuidadosamente os lares onde os nossos filhotes serão enviados, a fim de que encontrem respostas às suas necessidades de amor, carinho e limite. Todo Akita, para ser equilibrado, precisa ter: linhagem, no- breza e berço, conforme escrevi no meu livro “Maravilhosos Aki- tas” publicado em 1999 - edição esgotada. 28 O TEMPERAMENTO INSTINTIVO DO AKITA O temperamento equilibrado do Akita faz com que ele reco- nheça instintivamente o dono/tutor, o amigo do dono/tutor, o estra- nho e o intruso sendo que só ao intruso ele pode atacar. O cão Akita entende por dono/tutor as pessoas que moram com ele. Não estou falando de afinidade, isto explico mais a frente. Estou falando da forma como o cão se relaciona hierarquicamente com a família. Ele vê a família como um todo que lhe pertence, portanto protege e “rastreia a alma” de todos seus integrantes – daí eu afirmar que ele é um “rastreador de almas”. Uma vez convivendo intimamente com a família desde pe- queno, ele percebe a energia das diversas nuances emocional de cada um aprendendo a reconhecer os momentos de fragilidade como: medo, aflição, fragilidade da saúde, ou pânico por perigo eminente. Vale ressaltar que por vezes em caso de saúde fragilizada ele pode se tornar um protetor mais incisivo do que normalmente ele é. Dependendo do tipo da estrutura familiar na qual ele esteja inserido, ele pode apresentar um comportamento mais ou menos ativo. Uma estrutura familiar composta por uma pessoa idosa que mora sozinha, por exemplo, obviamente vai estimular que o Akita seja ainda mais quieto e observador do o normal. 29 Akita Afinidade com o dono/tutor O Akita entende por “dono/tutor” as pessoas que moram com ele, que com ele convivem no dia a dia, sendo assim ele ama todos os componentes da família e vê cada um, ser que lhe pertence. Encontra no rastreamento da alma de cada um uma forma de pro- teger-lhes e a forma de tornar-se seu guardião. Porém assim como nós, ele vai sentir maior afinidade com determinada pessoa da família e caso todos os outros componentes da família estiverem bem e saudáveis física e emocionalmente, o Akita vai escolher ficar perto dessa pessoa com quem ele tem mais afinidade. Isto significa que ele vai virar a sombra da pessoa. Onde a pessoa estiver ele também vai estar, ou vai dar um jeito de ficar o mais próximo possível. A pessoa levanta para buscar um copo d´água na cozinha ele vai junto. A pessoa vai ao banheiro e ele deita na porta. A pessoa vai podar as plantas no jardim, lá vai ele... Uma vez convivendo com a família desde pequeno, ele per- cebe a energia de cada um e aprende a reconhecer, em todos os componentes da família os momentos de fragilidade sejam eles: de medo, aflição, fragilidade da saúde, ou pânico por perigo eminente. Porém o Akita respeita a autoridade do líder da família. Um bom exemplo disso é quando o cão tem maior afinidade com um dos adolescentes da família, por exemplo, mas embora seja a som- bra do adolescente, reconhece a autoridade de quem esteja à lide- rança nas “tomadas de decisão”. São características distintas para amor, afinidade e hierarquia: -Amor por todos os componentes da família: cuida de todos no geral -Escolha por afinidade: elege o que mais tem afinidade com ele para ficar perto Submissão hierárquica: reconhece a autoridade do “líder da família” a quem se submete e confia. 30 O Akita e o amigo do dono/tutor… Faz-se importante lembrar que falo aqui sobre Akitas, cujo temperamento instintivo tenha sido despertado e que são cães equilibrados. Afinal tem muitos e muitos cães que se parecem com Akitas por fora, mas sua essência Akita está adormecida ou inexis- tente. Quando falamos em Akitas, é importantíssimo observar a es- trutura familiar a qual ele é inserido, o sexo e sua idade. Neste contexto vamos tomar como ponto de partida um Akita macho, com três anos. Convivência numa estrutura familiar com quatro pessoas, sendo duas crianças com idades entre seis e oito anos e um casal de adultos. Tendemos a imaginar que o Akita vai entender como ami- go do dono/tutor, as pessoas que frequentam a casa do dono/tutor. Mas não é só isso Akita vai além. Partindo do princípio de que o Akita é um rastreador da alma do seu dono/tutor, percebemos que ele entenderá como “amigo” do dono/tutor, todas as pessoas que não alterarem o campo energético do seu dono/tutor. Logo, se o dono/tutor permanece tranquilo, o Akita entende que seu dono/tutor não corre perigo, logo, o Akita não vê motivos para atacar. Porém se o dono/tutor não estiver confortável com alguma situação, o Akita percebe pela energia liberada e entra em alerta imediatamente, procurando a “causa” do que tira a paz do dono/ tutor. Se for necessário ele vai atacar. Curiosidade: é comum vermos reações de alerta no Akita, quando temos mães de bebês que começam a andar e ficam apre- ensivas com medo que eles caiam. É lindo ver como as fêmeas Akita ficam perto dos bebês como se tivessem sossegando as mães. 31 Infelizmente muitas não percebem e retiram seus cães de perto dos bebês, por não compreenderem este comportamento. Observe que neste caso o Akita detecta “preocupação”. Já em caso demedo ou pânico como num assalto o Akita per- ceberia o altíssimo grau da energia e entraria em ação sem esperar que o dono/tutor desse nenhum comando. Destaco novamente, que falo aqui em cães da raça Akita com temperamento equilibrado, portanto que agem por instinto. Podemos então refletir: se Akitas, são rastreadores da “alma do dono/tutor”, como eles atenderiam a um comando de voz vindo de um estranho? De um adestrador, por exemplo? Qual adestrador neste mundo seria capaz de simular o campo energético do dono/ tutor para um Akita? Não existem duas almas iguais e é impossível simular um estado de alma. É triste saber que Akitas com temperamento equilibrado são, na grande maioria das vezes, considerados desobedientes em pro- vas de adestramento, pois não se rendem aos adestradores. Falare- mos sobre Akitas e adestradores mais a frente. Para um Akita, amigo do dono/tutor é quem não faz mal a ele. Alguém que não faz alterar de forma negativa o seu campo energético. A esta pessoa o Akita é tolerante, sim apenas tolerante. Ele não vai ficar fazendo festa para esta pessoa, mas também não vai ficar indiferente. Ele vai ficar observando como um verdadeiro guardião faz. O amigo do dono para quem o Akita fizer festa é por que no entender do cão, esta pessoa passou a fazer parte da família como, por exemplo, os namorados e amigos destes a quem escolhemos como família. 32 Como o Akita identifica o estranho e o intruso Sempre digo que o Akita com temperamento equilibrado, re- conhece quatro categorias distintas de proximidade: -O dono/tutor a quem ele ama; -O amigo do dono/tutora quem ele tolera; -O estranho a quem ele observa e intimida; -O intruso, este sim passível de ataque. Todos os Akitas têm consigo impressas estas características. O que vai ditar maior ou menos proximidade ao equilíbrio de tem- peramento e comportamento. É a circunstância de vida a ele pro- porcionada, na convivência cotidiana com a família que vai nortear as atitudes do cão. Vou me ater aqui na forma peculiar como o Akita identifica e diferencia o “estranho” do “intruso” e se comporta frente a essas duas situações. Para o Akita há uma diferença fundamental entre elas. Ele entende por “estranhas” as pessoas que simplesmente passam pela frente do portão da sua casa, ou transitam pela rua, parques e afins. A estes o Akita apenas observa calmamente e sem- -latir, simplesmente aguarda a pessoa passar. Estas pessoas não são incomodadas pelo cão, com latidos e investidas muito embora es- tejam sendo profundamente observadas. É aí que mora o perigo: justamente por este comportamento silencioso dos Akitas é que pessoas estanhas ao cão, supõem ser ele é um cão dócil. Pensam que o cão, por não ter latido, vai se deixar tocar. Acredite grande parte das pessoas tendem a tocar o cão: seja colocando a mão pela grade do portão, do vidro do carro, vindo certeiras na direção do cão nos parques ou calçadas. “Olha que lindo!” E lá vem à mão... 33 Este é justamente o momento o perigo, pois para o Akita, a pessoa acaba de passar de “estranho” a “intruso”, sendo que ao “estranho” ele apenas observava em modo Guardião, mas ao per- ceber seu espaço invadido o estranho muda imediatamente de cate- goria passando a ser encarado como intruso. Muito provavelmente esta condição vai induzir o cão a executar o ataque. No momento em que o Akita equilibrado reconhece que um ato de invasão está prestes a acontecer, ele comunica ao pretenso invasor que poderá atacar. O cão poderá dar ainda uma chance com um alerta de poucos latidos curtos e grossos. O movimento lento da cauda do Akita indica que ele vai pegar, mas as pessoas entendem que ele está feliz “abanando o rabo”, mas são elas que desconhecem os sinais emitidos pelo cão. É por isso que o Akita é muitas vezes taxado de “traiçoeiro”. Um Akita só deverá atacar em caso de invasão realmente ocorrer. Quando em guarda do território, dependendo da ocasião ele faz o ataque ao intruso em silêncio, sem alarde. O intruso passa a ser visto como uma presa e a presa deve ser pega, estrategicamen- te, de surpresa. Guardião da alma do dono/tutor e também territorialista - en- tende por território o lugar onde seu dono/tutor está - ele guarda as coisas do dono/tutor, pelo simples fato de serem do dono/tutor. Constatamos isto facilmente quando levamos nossos Akitas para o campo num piquenique ou praia, por exemplo, e pessoas estranhas se aproximam das nossas coisas. Imediatamente eles dão o “aler- ta”. Na grande maioria das vezes, são as pessoas que não reco- nhecem os sinais que o Akita dá, seja por falta de informação ou de orientação. Quais seriam estes sinais? Diferem entre machos, fêmeas e casais. Isso mesmo quando estão em casais estabelecem um nível de guarda hierárquica muito interessante 34 Em geral os Akitas -machos ou fêmeas- olham fixamente para o estranho e dão uns poucos latidos - baixos curtos e bem grossos - como forma de aviso, enquanto balançam o rabo muito lentamente de um lado para outro. Entretanto se o aviso é ignorado, ele parte para o ataque. Equivocadas na interpretação do aviso deste “aba- nar” o rabo, as pessoas dizem que ele é “traiçoeiro” afirmando que o cão demonstra afeto para atacar – o que não é verdade. 35 Hierarquia de Guarda Machos e Fêmeas Como guardiões, impressiona a forma como os casais de Aki- tas, estabelecem hierarquia na guarda do território onde se encon- tra a família. Isto porque os Akitas guardam os donos/tutores, onde eles estiverem. Eles entendem que o local onde os donos/tutores estão ou ainda onde estão objetos pertencentes ao dono/tutor, de- vem ser guardados independente se estão em casa ou acompanhan- do a família em viagem. Embora em outras raças vejamos também este comportamento, é a forma e a intensidade com que o Akita age que o diferencia das demais. Akitas quando em casais os Akitas apresentam hierarquia de função na guarda muito bem estabelecida. Ao macho fica a respon- sabilidade do ataque e defesa do território, enquanto a fêmea, fica a responsabilidade de dar o alerta e cuidar da família. A fêmea tem plenas condições tanto para cuidar da família quanto para ajudar o macho caso ele precise, pois, seu ataque é tão poderoso quanto dele e ela o ajudarão caso ele chame para ajuda-lo na defesa do território. Obviamente, estamos tratando aqui de cães com tempera- mento e comportamento equilibrado. Cães onde a essência foi despertada. Um Akita precisa mais do que um documento de uma identidade cinófila para atestar que é tem seu temperamento des- pertado. O pedigree não garante este despertamento. É preciso que os criadores, façam um trabalho neste sentido. Por isto reitero mui- tas vezes este alerta. A fim de cumprir sua função o macho elege um ponto estra- tégico de onde possa rastrear todo o território. A quietude é apli- cada pelo macho, como estratégia guardiã, de forma perceber com maior alcance qualquer perigo. 36 Já a fêmea escolhe o um ponto estratégico o mais próximo da família possível. É parte de a sua função perceber assim como o macho a mo- vimentação em redor da residência. É a fêmea quem deve dar o alerta caso ela perceba a pro- ximidade do intruso. Ela se dirige em meia distância como que indicando a direção onde se origina o possível perigo e emite al- guns latidos curtos de forma avisar o macho. O macho, recebendo o sinal, se dirige rapidamente ao local, normalmente em silêncio, entretanto em alguns casos emitindo latidos curtos e grossos dando uma chance para o eminente invasor recuar. Enquanto o macho age, a fêmea volta para perto da família, emitindo latidos baixos e curtos de forma alertar a família do perigo eminente. Por vezes a fêmea não deixa as pessoas saírem da casa fica cercando as pessoas. Outro comportamento recorrente é a fêmea adentrar da casa e ficar do lado de dentro posicionada próxima de bebês, das crianças ou da pessoa que julgue mais frágil naquele momento. Se a invasão já tiver ocorrido, então o machovai latir e atacar ferozmente. Se entender que o macho precisa de ajuda na defesa - invasão por duas entradas, por exemplo - a fêmea vai sair sem socorro do macho e seu ataque será tão potente quando o dele. Por isso em residências onde só tem um cão - não existin- do o sexo oposto dividindo a função guardiã- é comum que os cães apresentem comportamento misto. Os machos ficam menos silenciosos, passando a cumprir a função do alerta, já as fêmeas apresentam um comportamento mais reservado cumprindo então a função de guardar o todo. Em casos em que o cão não tenha o temperamento equilibra- do o suficiente, estes cães poderão tornar-se instáveis. 37 Temperamento Dominância Aprendi sobre a forma como os samurais se relacionavam com seus Akitas com o Sr. Shinya Kuroki* juiz, criador tradicional filho e neto de uma dinastia de criadores tradicionais no Japão e diretor da Akiho – Akita–inu Hozonkai. Ele respondeu com calma e grande riqueza de detalhes a cada pergunta da vasta lista que eu havia cuidadosamente elaborado quando soube da sua vinda ao Brasil. Na nossa conversa ele se mostrou especialmente feliz e ad- mirado quando contei minhas observações nos tipos distintos de dominância apresentados pelos cães sendo: baixa; média; alta; al- tíssima. Darei mais detalhes sobre isso mais a frente. O Sr. Kuroki, muito surpreso com minha constatação, endos- sou dizendo que na criação da sua família o tipo de dominância era um indicativo precioso para acertar a escolha da família a ficar com os filhotes. Assim foi importantíssima a compreensão de que o grande segredo para a obtenção de êxito na formação dos casais ou ainda para a escolha dos cães que vão cumprir sozinhos sua função é a escolha certa do tipo de dominância que o temperamento do cão apresenta: -As fêmeas para convívio em casais: o ideal é que apresentas- se dominância baixa ou média dependendo do tipo de dominância o temperamento do macho trará. -Se fossem conviver sozinhas com a família: a preferência será média para alta, a depender da estrutura familiar -Os machos se forem “guardiões combatentes”: preferencial- mente escolhidos os de dominância altíssima. 38 -Os machos que forem cuidar da família em casais: dominân- cia alta a depender do tipo de dominância da fêmea. O grande segredo é formar o casal promovendo o máximo equilíbrio possível entre seus tipos de dominância, a fim de se completarem em suas essências e funções. Foi refletindo meu precioso aprendizado com o Sr. Kuroki, que entendi a grande importância de colocar os cães para as famí- lias identificando o tipo de dominância que traz o temperamento do cão e adequado para a necessidade de cada estrutura familiar. E tem dado muitíssimo certo nestes mais de 30 anos de criação e continua dando certo ainda hoje aqui na Morada dos Ursos. 39 A Essência do Cão Samurai O samurai buscava sempre um filhote, que tivesse o “espíri- to do guardião”. Por isso quando um samurai ia fazer a escolha do filhote observava cuidadosamente os sinais emitidos pelo filhote quando a essência do seu temperamento e o tipo de dominância que apresentava. Buscava um cão com suficiente força interior suficientemente para atravessar as adversidades. Buscava um cão ao mesmo tem- po “guardião” e “guerreiro combatente”. Um cão que combatesse quando necessário, mas que também com autocontrole suficiente para passear pela aldeia, sem atacar as crianças. 40 Neste momento, o que mais importava era o temperamento. Buscava cães silenciosos, com capacidade suficiente para: obser- var; discernir o que estava acontecendo; decidir se era importante ou não. Foi por este motivo que o Akita passou a identificar clara e instintivamente: -Quem era o samurai – a quem amava, reconhecia como líder, rastreava a alma e obedecia prontamente; - Quem era o amigo do samurai - as pessoas das aldeias, inclu- sive as crianças a quem o cão não atacava sob-hipótese nenhuma; -Quem eram as pessoas estranhas – as que estavam de visita nas aldeias e que ficava o tempo todo no campo de observação do cão; - Quem eram os intrusos que ameaçavam a paz e tranquilida- de da aldeia, sendo que a estes o enfrentava e partia para o ataque caso fosse necessário. O Akita acompanhava o samurai na ronda pelas terras das quais eram os guardiões ele e o samurai. Era com silêncio e energia que o samurai demonstrava para o cão que ele precisava de aju- da. O samurai se concentrava e emitia uma descarga de adrenalina como que representando pânico. Rastreador de alma que era, o cão imediatamente percebia, identificava de onde vinha o perigo e par- tia para o ataque. O Akita, assim como o samurai, precisava saber se comportar. Na hora do combate desprendia grande potência de ataque, mas na hora de andar pela aldeia tinha que ter autocontrole com docilidade no trato com as crianças. O cão espelhava o samurai que guardava sua essência de guerreiro apenas para os momentos de combate. Faz-se necessária a compreensão de que as crianças eram en- sinadas a não incomodar o cão. Elas os recebiam muito bem e com grande alegria, mas não incomodavam o cão, antes respeitava o seu espaço e mantinham certa distância. O cão acompanhava o samurai em todo o tempo, pois sa- bia se comportar em qualquer situação. Era o próprio samurai que escolhia criteriosamente o filhote e o educava a fim de que o cão reconhecesse nele, instintivamente, os momentos de perigo. 41 Sem sombra de dúvida, a essência do cão somada ao pulso firme do samurai, a disciplina e a intimidade na convivência, for- mava no cão, o guardião e o guerreiro. A cada geração o instinto ficava cada vez mais marcado e após gerações de cães escolhidos pelos samurais, os Akitas come- çaram a nascerem guardiões por natureza. Bastava tão somente, encontrar uma pessoa que representasse a figura do samurai, que oferecesse ao cão o pulso firme, a disci- plina e a convivência estreita, para que instintivamente o cão se tornasse um guardião. Porque Akitas não aceitam cães de mesmo porte e sexo É o instinto o grande regulador do temperamento e compor- tamento do Akita. É de natureza rácica que os Akitas não aceitem cães de mes- mo sexo e porte. O motivo se encontra na época em que o Akita acompanhava o samurai. Os samurais sabiam que quanto mais instintiva a percepção do cão, menor a tolerância na divisão do seu território. Sabiam também que os Akitas precisam exercitar ao máximo possível seu altíssimo poder de “contemplação” - entre seus dois silêncios: in- terior e exterior. Os samurais aprimoraram esta característica da raça, que tornava os cães silenciosos guardiões. O Akita que acompanhava os samurais na defesa das terras e das aldeias e que caminhar entre as pessoas sem ataca-las. Os outros cães se afastavam imediatamente diante da autoridade que demonstrava a profundidade do olhar do cão guardião do samurai. As pessoas também respeitavam o espaço do cão e não co- locavam a mão nele. Os Akitas só atacavam quando percebessem que o samurai corria perigo. O Akita deveria perceber a sutil liberação de adrenalina emi- tida propositalmente pelo samurai, o que codificava ao cão a ne- cessidade do combate na luta. Assim o cão Akita sabia que deveria combater junto com o samurai e sem-latir. 42 Ocorre que do lado oposto ao limite da terra estava outro samurai que tinha também com ele seu Akita guardião. Caso hou- vesse um desacordo como o limite da terra, por exemplo, então samurai lutava com samurai e Akita com Akita. No decorrer do tempo, geração após geração esta caracterís- tica foi sendo fixada nos cães ficando profundamente arraigada em suas almas. Para o samurai o cão que latisse era considerado de personali- dade fraca e não interessava a ele. Uma curiosidade: ainda hoje, as características estão impressas nos cães e em determinadas compe- tições no Japão, o temperamento acaba sendo fator decisivo. Quando estão competindo cães de igualdade de condições de genótipo e fenótipo, o termo da decisão ficapor conta do melhor temperamento. A prova é executada da seguinte maneira: é preparado o cer- tame os cães são estrategicamente posicionados frente a frente de forma que possam se olhar fixamente. O juiz se posiciona e aguarda. Uma grande expectativa paira no ar, pois as pessoas ficam aguardando atentamente quem se demonstrará o cão vencedor. O cão que primeiro desviar o olhar ou emitir um som, seja latido ou rosnado, perde a competição. O vencedor será aquele que perma- necerá intrépido olhando fixamente o cão a sua frente e preparado para combater se for necessário. 43 As rinhas Fato trágico. Assim que os cães saíram do domínio restrito dos samurais e se popularizaram chegando às casas das pessoas, muitos proprietários naquela época, sabendo da fama dos cães nas lutas, levaram os cães para rinhas. Os cães eram aclamados por não se entregarem de forma alguma ao adversário e a muitos cães, apenas a morte impedia de lutar. Por muito tempo então, foram feitos cruzamentos desses cães vencedores com a finalidade de produzir cães para rinha. Se antes o Akita tinha intolerância com cães do mesmo sexo. Depois das rinhas, desenvolveu verdadeira aversão que agora pas- sa então a ser atribuída também ao porte. Sejam machos ou fêmeas não aceitarão cães do mesmo sexo e porte. Não existe Akita com temperamento equilibrado, que se torne submisso a outro cão. Quando dois Akitas de mesmo sexo convivem juntos, o cão que se submete a dominância está fora do seu estado normal. Este desequilíbrio pode gerar uma instabilidade do tipo “bomba-reló- gio” que poderá explodir a qualquer momento. Isto é sério e eu vou falar sobre isso reiteradas vezes. Um cão Akita submisso é inseguro e poderá atacar justamen- te por esta insegurança. Por isso meu interesse em sempre salva- guardar, as famílias que vão conviver com os cães. Um alerta: tenho visto no decorrer do tempo proprietários e até criadores, tentar por vezes, interferir nesta característica, le- vando os cães a um alto grau de instabilidade e sequer notam isso. Ainda que seja na melhor das intenções a tentativa de promover convivência pacífica entre os cães o fato é que esta interferência gera instabilidade no comportamento deles. Então fica a pergunta: será que nós temos o direito de ex- por nossos cães a possibilidade do estopim de rinha ascender só para ver até quando vai à convivência pacífica? Até que ponto esta 44 atitude pode ser “saudável” para os cães? Muito me entristece quando vejo as pessoas passando infor- mações equivocadas sobre a raça Akita. Observando bem os cães que se tornam guardiões, vemos que quanto mais desperto for o instinto guardião do Akita, menos ele tolera cães do mesmo porte e sexo. Entretanto quanto mais tolerantes com cães forem com cães do mesmo sexo e porte, menos guardiões se apresentam. E isso tem haver com o tipo de dominância que eu comentei acima. Cães com dominância baixa, dificilmente se tornarão bons guardiões, isto está na essência do Akita. 45 Temperamento e DNA As características mais marcantes do temperamento e com- portamento dos cães passam pelo DNA para seus filhotes. Daí a grande importância em se observar para conhecer mui- to bem o temperamento dos padreadores e principalmente das ma- trizes. Importante saber que uma ninhada gerada no ventre de uma matriz sob a energia da insegurança, timidez ou medo provavel- mente trará filhotes cujo temperamento se apresentará instável e este cão poderá vir a ser muito perigoso para a família. Se um matriz produto desta ninhada com temperamento já comprometido, gerada sob energia instável, cruzar com um macho com temperamento instável ou agressivo. Os filhotes com toda cer- teza terão um seríssimo problema de temperamento. Daí a grande reponsabilidade pessoas que tem um casal de Akitas nas suas casas e não tem conhecimento suficiente de tem- peramento do macho e da fêmea para promover o acasalamento sendo: 46 - Das pessoas que cruzam os cães nas suas casas; - Dos criadores – iniciantes ou não – que não cultivem o res- gate e busquem cães com temperamento equilibrado em suas cria- ções; - Pessoas que buscam um filhote apenas para ter um cão que se parece com um Akita, sem buscar orientações quanto ao tempe- ramento da linhagem dos cães e deles próprios. Obs.: não basta ter um documento como o pedigree para que o cão seja considerado de raça pura. Muitos outros fatores envol- vem a criação adequada que não apenas este documento. O grande problema é quando este temperamento totalmente comprometido chega à casa das pessoas. É de assustar o número de cães que estão nas casas das pessoas com temperamento com- prometido. Buscamos em todos os cruzamentos, feitos aqui no Canil So- lar dos Ursos na Morada dos Ursos, formar casais com o tempe- ramento o mais equilibrado e adequado possível promovendo que os tipos de dominância se completem. Assim a cada ninhada, o temperamento se apresenta mais equilibrado e o instinto guardião do cão samurai, vai sendo resgatado e aprimorado. Temos plena consciência de que é o temperamento equili- brado, que mantém o Akita nos lares e encontrar lares adequados para os bebês é nosso maior objetivo aqui no nosso canil Solar dos Ursos na Morada dos Ursos. Aos Akitas desejo que despertem seu instinto, encontrando equilíbrio. Aos tutores e criadores, desejo que além de amá-los, que compreendam as necessidades dos Akitas na sua totalidade, agindo de forma a sossegar sua alma, é um longo caminho. 47 Conexão Akita o link da Alma O processo de comunicação do Akita guardião tem alcance de tamanho alcance que são desnecessárias às palavras, pois é a alma do Akita que faz a leitura do estado da alma do seu dono/ tutor. É a este estado de energia que o cão age em reposta. É nesta conexão de almas entre o cão e seu dono/tutor, que o momento mágico do despertar do Akita Guardião acontece. O grande segredo para compreensão profunda do quanto o nosso Akita tem a dizer para nós é a compreensão clara das condi- ções necessárias para que o cão estabeleça a conexão no “link de almas” A alma do cão é limpa, linda e resplandecente. É preciso cui- dado para não poluir este estado puro de energia puro do cão, pois não temos a capacidade de compreender esta comunicação. São as nossas ações durante o período de convivência que despertamos ou adormecemos nele o “guardião”: A condução da educação do cão sem estabelecer limites claros do ele pode e não pode fazer é um dos exemplos. Não promover a convivência na intimidade do lar é outro e por aí vai... Kate Solisti-Mattelon em seu livro Conversando com os cães diz que “embora possamos nos expressar de maneiras diferentes, todos os seres compartilham a consciência divina, que é um dos vários modos pelos quais viabilizamos a comunicação entre es- pécies” e ela diz também “como acontece com grande parte das informações transmitidas entre seres humanos, à prova final da sua utilidade se dá quando a testamos nas nossas próprias experiências de vida”. O tema é controverso? Talvez sim, talvez não. Fato é que em se tratando de Akitas, a comunicação entre os cães e os samurais, 48 ocorria exatamente no link da alma, no sincronismo entre elas que os cães aprendiam a ler desde bebês. Entender esta forma tão especial de comunicação entre os Akitas e seus donos/tutores, nos dá uma visão bastante amplia- da no sentido das percepções tão especiais que nossos Akitas vêm apresentando. O cão traz consigo, em sua alma o estado de energia para co- nexão guardiã. Mas o acesso é liberado ao dono/tutor apenas quan- do o cão sente em sua alma a presença da energia da alma do seu dono/tutor. Quando tem a chance da convivência íntima. É como se um código quântico do amor fosse a chave para a formação da do link da alma. Um Akita que cresce sob este estado de energia conectada com seu dono/tutor, vai no decorrer do tempo criando tal conheci- mento das nuances dos estados de emoção, que aprenderá por si, como lidar nasmais variadas situações. Um Akita que não tenha esta oportunidade de convivência íntima poderá ser apenas um cão de guarda de território, ou ainda um cão bonito de se olhar, mas não apresentará o seu potencial completo do que seja um Akita Guardião. Um cão de guarda, guarda o território, um guardião, guarda o estado da alma do seu dono/tutor, onde quer que ele esteja. Quantos de nós estamos promovendo esta conexão aos nos- sos cães? 49 IDTC-ÍNDICE DE DOMINÂNCIA TEMPERAMENTO COMPORTAMENTAL Como terapeuta comportamentalista Akita tenho acompa- nhando centenas de cães da raça ao longo de 3 décadas. Percebi que entre as várias linhagens e pelos mais variados motivos, os cães apresentam o que chamo de IDTC - Índice de Dominância Temperamento Comportamental. Resultante do temperamento que nasce com cão e as diversas influências externas como: convívio com o tutor – se é íntimo ou não; intempéries da natureza; vivência em grandes centros urbanos entre outros. Embora os filhotes demonstrem cedo o temperamento que carregam aqui vou me ater a cães adultos. Assim identifiquei 4 categorias distintas que os cães estão apresentando, são elas: - IDTC BAIXO: em geral que se dão bem com outros cães de mesmo porte e sexo; aceitam bem os estranhos, dificilmente percebem os intrusos. Em geral são cães que apresentam instinto guardião adormecidos. Eventualmente, podem apresentar um lam- pejo de instinto guardião, que guarda além do território a alma do tutor, mas na quase totalidade do tempo é passivo. - IDTC MODERADO: raramente se dão bem com outros cães de mesmo porte e sexo; reconhecem o amigo do dono/tutor; tolera estranhos com reservas; percebem claramente a diferença entre estranhos e intrusos. Apresentam instinto guardião desperto guardando além do território a alma do tutor na quase totalidade do tempo é ativo. - IDTC ALTO: não aceitam cães de mesmo porte e sexo; ra- ramente reconhecem o amigo do dono/tutor; não tolera estranhos; tem dificuldade em diferenciar rapidamente estranhos e intrusos. Apresentam instinto guardião desperto guardando além do territó- rio a alma do tutor; apresenta instinto ativo na totalidade do tempo. 50 - IDTC ALTÍSSIMO: não aceitam cães de mesmo porte e sexo; não reconhecem o amigo do dono/tutor; não aceita estranhos de forma alguma; não diferencia estranhos e intrusos. Apresentam instinto guardião desperto guardando além do território a alma do dono/tutor totalidade do tempo. Tem grande dificuldade em reco- nhecer autoridade que não seja a sua. O IDTC MODERADO é o que tem maior chance de des- pertar o instinto Guardião no Akita e a adequação da hierarquia funcional entre o casal. Daí a importância na escolha dos tempe- ramentos na hora de formar casais. IDCs que se completem de forma que o casal fique equilibrado é importantíssimo. Algumas possibilidades para mero exemplo: • IDTC ALTÍSSIMO + IDC BAIXO = a convivência tende a ser “pacífica” • IDTC MODERADO + IDC ALTÍSSIMO = a convivên- cia tende a ser “instável”. • IDTC ALTÍSSIMO + IDC ALTO = a convivência tende a ser “conflituosa”. • IDTC ALTÍSSIMO + IDC ALTÍSSIMO = a convivência tende a ser “impossível”. Daí a relevância do reconhecimento do IDTC na formação entre os casais. 51 CASTRAÇÃO E SUAS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES EM AKITAS Muito se tem comentado, especialmente nas redes sociais, so- bre castração em Akitas. O Akita é um cão primitivo e como conceito de primitivo tem: associação às origens ou aos tempos mais primórdios e re- motos. Assim, traz com ele um “kit instintivo” completo a fim de garantir sua sobrevivência. O organismo do cão foi se moldando tanto estrutural quanto tipicamente, desenvolvendo ainda um grande alcance sensorial de percepção eletromagnética que o faz rastrear campos energéticos de forma única. O Akita como “sincroniza” seu campo energético com o da natureza de forma maximizar o seu potencial para o despertamento instintivo. Seu organismo é preparado, para captar energias que a maio- ria de nós humanos, sequer imaginou. Por isso é impossível falar de Akita, sem falar nessa energia ancestral natural que é um impor- tantíssimo regulador interno, envolvido no ato da contemplação. Relembrando: em remotos tempos, os Akitas acompanhavam os samurais nas defesas das terras, a disciplina e quietude pautava a vida do samurai. O Samurai precisava se concentrar, precisava sentir a energia sendo armazenada para quando fosse necessário partir para o embate ou lutar suas guerras. As fêmeas por sua vez, eram criadas neste mesmo conceito, mas eram menos frequentes nos combates, pois eram preservadas para a cria e os cuidados com os filhotes. Os filhotes eram escolhi- dos, não pela aparência, mas pelo potencial guardião que o tempe- ramento do filhote demonstrava: quietude e intrepidez eram o que o samurai buscava: a quietude fazia do cão um valoroso rastreador 52 de alma, já a intrepidez fazia do cão um guerreiro combatente de coragem inabalável. O conjunto fazia do cão um “guardião”. Assim foi por muitos e muitos anos. Para infelicidade da raça, seu grande potencial de combate, despertou em alguns inescrupulosos promotores de rinhas e assim os Akitas foram usados para esta triste finalidade por muito tempo. Passado o tempo, as rinhas foram sendo proibidas, mas a energia ancestral das rinhas, dado impacto profundo na alma do cão que ficou fixada nos Akitas até os dias de hoje. Por incrível que possa parecer quanto mais aflorada esta ener- gia ancestral, mais equilibrados se apresentam os Akitas com re- lação aos humanos. Falo sobre isso como um lembrete, reiteradas, vezes. Chegamos em 2017 e infelizmente grande parte dos Akitas nos dias de hoje, estão com sua capacidade instintiva “adormeci- da”, “desvirtuada”, “corrompida” ou “anulada”. Sob essas circuns- tâncias, o Akita pode se tornar um cão não confiável e perigoso. Um cão que sofre as interferências tão profundas de uma sociedade como a nossa, obviamente tem seu “regulador interno”, compro- metido. Basta fazer uma brevíssima reflexão comparativa entre a vida que levavam em tempos remotos e a vida contemporânea: - Tempos remotos: cães com o “pacote completo”, quieto, intrépido, corpo íntegro e instinto ativado. Tinha a oportunidade do convívio na intimidade do seu dono/tutor. Este cão tinha as condi- ções necessárias para rastrear a alma do seu dono/tutor e então se tornava um guardião. - Vida contemporânea: apenas para iniciar a vasta lista das interferências: vivem em meio a um turbilhão de sons que não são da natureza; não caçam mais; o osso é artificial; não dominância instável; dificuldade no reconhecimento de autoridade; mal orien- tado e educado; adestramento por terceiros é amplamente difun- dido; rastreamento da alma “desativado” ou comprometido. Um Akita sob estas circunstâncias o cão pode se tornar inconstante e perigoso. 53 Agravando ainda mais a situação que a raça enfrenta nos dias de hoje, A maioria das pessoas desconhece que existe uma classi- ficação da dominância apresentada pelos cães sendo: baixa média alta ou altíssima. Agravando ainda mais a situação que a raça enfrenta nos dias de hoje, A maioria das pessoas desconhece que existe uma classi- ficação da dominância apresentada pelos cães sendo: baixa média alta ou altíssima. A castração tem sido indicada para Akitas, na grande maioria das vezes sob argumentos equivocados. A indicação da castração para evitar reprodução, por exemplo, é uma delas. A reprodução nos machos pode ser evitada com Vasectomia e nas fêmeas com a Laqueadura. Muitos veterinários que estudaram mais profunda- mente o temperamento dos Akitas têm indicado as técnicas da Va- sectomia e da Laqueadura com sucesso. Fique bem claro que me refiro aqui ao desconhecimento da informação, não a má fé. Afirmo que não sou conta a castração quando necessária por exigência da promoção da saúde do cão, mas sou a favor da obser- vância de cuidado e profunda reflexão quando a necessidade dela não ser ou nãoexecutada. Contudo afirmo categoricamente que em Akitas a castração precisa ser muitíssimo bem indicada e aplicada, pois ela retira do cão a atividade hormonal tão necessária para a ativação dos seus instintos. Ele é um cão primitivo e cada caso precisa ser analisado com absoluto cuidado e rigorosíssimo critério. Sabemos que os Akitas com instinto guardião preservado, NÃO aceitam cães de mesmo sexo e porte. Então se castrarmos um casal de Akitas que vivem juntos, o regulador hormonal “da paz” indicativo de quem é macho e quem é fêmea será retirado restando apenas o fator “porte”. É o tipo da dominância creio ser o mais poderoso indicativo quanto às quais cães sofrerão maior ou menor dano pós-castração. 54 Dependendo do índice de dominância dos cães os cães que antes conviviam bem poderão no futuro, NÃO se aceitar mais o parceiro por dificuldade de reconhecimento hormonal para macho e fêmea. É aí que o estopim das brigas poderá ascender. A multiplicidade de fatores que levam os Akitas a convive- rem bem entre si seja pela castração ou não, já são indicativos de que: - o despertamento do cão guardião não aconteceu; - os cães têm índices de dominância baixa; - o cão sequer entrou na fase adulta e por isso não tem como despertar e amadurecer sua essência Guardiã; Cães com energia ancestral inativa, podem mesmo conviver com cães do mesmo sexo e mesmo porte, se deixar tocar por qual- quer pessoa, mas não se pode esperar dele o temperamento equili- brado dos cães. A energia ancestral quando ativada nos Akitas os faz reco- nhecer instintivamente: o dono/tutor, o amigo do dono/tutor, o es- tranho e só ataca o intruso. São necessários cuidados atenção na multiplicidade de fato- res que envolvem os Akitas na indicação da castração. Como terapeuta e como comportamentalista Akita, tenho tra- tado e orientado muitas famílias preocupadíssimas com seus cães castrados em diferentes idades, sob convivência em casais ou não e vindos das mais diversas criações. Identifiquei ao longo dos muitos anos, como terapeuta com- portamentalista Akita o IDTC como preciso indicador para a utili- zação ou não da castração: - IDTC BAIXO: quase não apresentam impacto no compor- tamento. São também os cães que apresentam instinto guardião adormecidos. - IDTC MODERADO: são cães que apresentam menor comprometido na alteração do comportamento dos cães. 55 - IDTC ALTO: é preciso cuidado redobrado, pois estes cães podem tanto se tornar intolerantes ainda com cães de mesmo sexo e porte; apresentar comportamento instável com as pessoas, sendo que ele pode passar de dócil a agressiva sem-motivo que explique sua atitude, inclusive com pessoas da família. - IDTC ALTÍSSIMO: para esses cães, os efeitos da castra- ção podem ser desastrosos. O cão pode se tornar: instável, intole- rante, obsessivo, agressivo, inclusive com as pessoas da família. O fator “idade” está sendo levado em conta por alguns cria- dores e veterinários na tentativa de encontrar uma forma de aplicar a castração sem que ela traga danos aos cães. É na observação do índice de dominância apresentado pelo cão, que está a chave para o critério da indicação menos danosa aos Akitas. Assim quanto a melhor forma de indicação temos: - Vasectomia e a Laqueadura: estas técnicas devem ser sempre priorizadas para evitar a reprodução nos casos de IDTC: ALTO ou ALTÍSSIMO - Castração: quando houver problemas de saúde envolvidos. Neste caso observar cuidadosamente a IDADE e o IDTC. Im- portante saber que os cães que apresentem IDTC ALTO e IDTC ALTÍSSIMO precisarão de acompanhamento complementar com terapia emocional, para que se tente ao máximo preservar sua esta- bilidade emocional de forma que possa continuar convivendo em paz com a família. Para os que já estão castrados, o quanto antes começar o acompanhamento melhor. Sou a favor da melhor condição de saúde física e emocional para bem-estar do cão! Se a castração for absolutamente necessá- ria, um laudo veterinário constatando um problema sério na saúde do cão, então ela é necessária. As implicações temperamento/comportamentais da castração na raça Akita tem se mostrado preocupantes quanto os cães apre- sentam índices de dominância alta ou altíssima. É nestes casos que os Akitas têm apresentado instabilidade ou agressividade gratuita. 56 É nestes casos que os cães podem representar um perigo para as famílias, pois cada comprometimento tem sua característica: - Cães instáveis: oscila entre apatia, carinho e agressividade de um minuto para o outro Nunca se sabe o comportamento que pode se esperar dele. - Cães agressivos: se recusam a reconhecer autoridade e pode morder a qualquer momento. Reitero que os profissionais de saúde veterinária sejam in- formados das possíveis e frequentes implicações temperamento/ comportamentais advindas do desequilíbrio hormonal que afeta o reconhecimento para o equilíbrio instintivo do Akita, tanto para outros cães quanto para as famílias. De grande relevância dizer que é a família que vai conviver com a consequência dessa castração, principalmente em cães com índice de dominância alto e altíssimo. Esta família e precisa ser avisada dessas consequências antes do procedimento. Não é jus- to com o proprietário que pode se surpreender com o resultado e nem com o Akita que não teve como escolher. A resposta do Akita para a castração é diferente. Por mais conhecimento de saúde que tenham os veterinários não são comportamentalistas Akita. A res- ponsabilidade deles vai até onde conhecem. Por isso a importância de que sejam avisados quanto aos possíveis problemas compor- tamentais que podem apresentar. Por isso não os culpo, antes me coloco a disposição para orientá-los sobre a raça. Alguns defendem que em determinada fase da vida do cão, a castração não compromete o temperamento. Pode até ser para outras raças, mas para Akitas, compromete sim. Os veterinários não são comportamentalistas Akita, nem te- riam como ser. Cada um sabe da sua área. Eu como criadora e terapeuta e comportamentalista, não entro na área veterinária por não ser da minha alçada, nem vermífugo dou para os cães aqui no canil Solar dos Ursos, na Morada dos Ursos sem a orientação e acompanhamento da veterinária responsável. 57 Pensar que a castração fará do Akita o mais dócil pode ser um equívoco, se ele apresentar índice de dominância alto ou altíssimo. Pelo contrário ele pode piorar e muito. Achar que ele vai parar de marcar território, pode ser outro equívoco. Já se ele apresentar índice de dominância baixo ou médio, provavelmente a castração não vá interferir nestes quesitos. Tenho atendido muitos e muitos casos de cães castrados, das mais diversas criações e linhagens de sangue e é muito triste cons- tatar o que a falta do conhecimento sobre a raça e seus índices de dominância pode causar aos cães. Compartilho aqui este conhecimento de mais de 30 anos de responsabilidade comportamental em preservação de temperamen- to instintivo, como forma de que tutores criadores e veterinários tenham a chance de ampliar seu conhecimento na melhor forma de indicação para a castração dos cães, assegurando convívio harmo- nioso nos muitos e muitos lares. Este é o “propósito” para o qual me dedico: convívio harmonioso nos lares. Caso o Akita tenha sido castrado e apresente instabilidade ou agressividade, é possível ajuda-lo, de forma a encontrar um equi- líbrio mais próximo do ideal com terapia comportamental Akita. 58 Autoridade, afinidade e a necessidade regem seu comportamento. É interessante a forma como os Akitas, quando equilibrados, refletem em seu comportamento a diferenciação entre autoridade, afinidade e necessidade: - Autoridade: representação máxima de segurança e atribui- ção emocional de um Akita. É exatamente a autoridade que ele sentia emanando do samurai. É esta energia de autoridade que rege o Akita no sentido da proteção máxima conjunta. É a figura que dá ao cão a segurança da qual ele necessita para o confortoda sua alma, sabendo que não estará sozinho quando precisar agir. Ele vê na pessoa que detém a autoridade, alguém em quem ele pode confiar e se entregar. Sente nesta pessoa um colaborador na defesa da família. A existência da figura da autoridade, sossega a alma do Akita. Ocorre que se este espaço fica vago, o cão identificando esta lacuna que precisa ser preenchida a ocupar o espaço, fazendo com que todos o obedeçam, inclusive se utilizando de força e poder, pois entende que não há além dele, melhor proteção da família. - Afinidade: o cão sente maior ou menor afinidade com os componentes da família, assim como nós humanos. É um vínculo de alma que pode, ou não, se estabelecer com a pessoa da família que detém a “autoridade”. É comum ver cães que tem mais afini- dade com adolescente da casa, mas se submete totalmente a auto- ridade do líder, do detentor da autoridade. - Necessidade: este comportamento se manifesta sempre que alguém na família está fragilizado física ou emocionalmen- te. Ele entende que determinada pessoa requer mais sua atenção, dedicação, proteção e carinho. Às vezes os Akitas mudam o com- portamento e começam a ficar mais próximos de algum membro da família. Mais tarde a família percebe que uma gestação estava 59 a caminho ou que alguma pessoa estava com a saúde fragilizada. É comum ver Akitas montando guarda junto aos berços e carri- nhos dos bebês. Alguns até parecem tristes, mas na verdade estão rastreando a alma do ser que acaba de chegar. Outras vezes monta guarda junto a uma pessoa em convalescença, se recuperando de um procedimento cirúrgico, por exemplo. Neste caso a prioridade do Akita, a afinidade e passa a ser regida pela “necessidade”, entretanto continua se submetendo a pessoa que detém a figura da autoridade. Por isso é absolutamente importante que os Akitas integrem lares onde a figura da autoridade se faça imperativa. Lembre-se que autoridade nada tem haver com poder. Akitas entregam sua alma apenas á figura da autoridade. Por isso também, no livro de minha autoria, “Maravilhosos Akitas” (com edição esgotada, publicado em 1999, o primeiro es- crito em língua portuguesa) escrevi que “linhagem, nobreza e ber- ço”, são elementos fundamentais para que um Akita apresente seu potencial em plenitude. 60 Akitas, crianças, eco e reflexo. Sabemos que o Akita traz no seu DNA quântico o imprinting da época samurai. Isso está fixado de tal maneira que ainda nos dias de hoje po- dem ser aflorados, o temperamento e o comportamento impresso naquele tempo. Ocorre que naquela época, o cão convivia em meio a valores sociais onde as pessoas e as crianças respeitavam o cão e cuidavam dele com amor. Um “cão samurai” andava solto entre as pessoas e só atacava pessoas intrusas. Nos pequenos vilarejos as pessoas se conheciam, então era bem simples para o cão saber quem era o estranho, quem estava apenas de passagem e quando este estranho se tornava um intruso. Os cães praticamente traziam consigo desde o nascimento, a compreensão de respeito e autoridade. Bastava apenas que o des- pertamento lhe fosse feito da forma correta. Assim os Akitas res- peitavam os estranhos e os mantinha a distância, porém, sem os atacar, pois sabiam bem diferenciar estranhos de intrusos. Os cães reconheciam os “filhotes humanos” e cuidavam deles independentemente de quem eram seus pais. Era a forma como as crianças se comportavam com os cães samurais, a chave que abria a porta para a boa convivência. Elas aprendiam desde pequenas a amar e respeitar, admirar e a cuidar dos Akitas. Naquela época as crianças já aprendiam que aquele cão era de grande importância, pois era ele quem ajudava na segurança da terra acompanhando o samurai. Então as crianças amavam os cães, elas os acarinhavam lhes davam comida. As crianças ficavam em festa, quando chegava um Akita em visita periódica no vilarejo. 61 As maiores eram ensinadas a não tocar o cão, em sinal de respeito. Os cães samurais retribuíam às crianças o carinho e se deixa- vam tocar pelas crianças menores, pois ela apenas lhes dava amor e carinho. O vínculo emocional estabelecido na alma do cão fazia com que ele retribuísse o carinho e o respeito. Ele sentia a intenção de amor, respeito e admiração das crianças para com ele. Interessante é que enquanto visitavam os vários vilarejos, as crianças iam crescendo, mas os cães sempre se lembravam delas. Então o samurai fazia a sua parte, despertando no cão seu ins- tinto tanto para a hierarquia de autoridade, quanto para o respeito e cuidado para com as crianças dos vilarejos por onde passavam. No Japão antigo isso era absolutamente normal e nem se co- gitava falta do respeito seja com quem fosse principalmente ao cão guardião das terras. As crianças aprendiam isso de forma tão natu- ral como aprender a andar. Respeito admiração e extremo cuidado era o fundamento dos relacionamentos. E então, chegamos em 2017, saímos então do Japão antigo, viajamos no tempo e chegamos em 2015, aqui no Brasil. E nesta sociedade contemporânea, o que esperar dos cães? O que esperar das crianças? Que esperar dos adultos? Fica aí a pro- posta para uma profunda reflexão. Um passeio rápido em um shopping ou supermercado e per- cebemos como está comprometido o comportamento de algumas das nossas crianças. Da mesma forma, uma caminhada pelas ruas e podemos ver em alguns portões o quanto está comprometido o comportamento de alguns dos nossos Akitas. Será que estamos dando aos Akitas condições suficientes para o despertamento de sua essência? Até que ponto os cães estão sen- do tolhidos no despertamento da sua essência? Até que ponto nós estamos tolhidos deste despertamento para a compreensão do “ou- tro” por esta sociedade contemporânea com todas as suas vertentes de terceirizações mil? 62 E por outro lado, sejamos nós os pais, parentes ou amigos, será que estamos dando condições adequadas às nossas crianças para o despertamento de sua própria essência em amar ao próxi- mo? Até que ponto está sendo tolhidas? Até que ponto todos nós estamos sendo tolhidos por esta sociedade contemporânea consu- mista? Questões que merecem profunda reflexão. Quando as crianças e cães se encontram deve, ou deveria ocorrer encontro muito feliz, quando o melhor de cada um é en- tregue. Cada um tem o seu melhor a oferecer, um ao outro. Mas quando um dos dois, ou pior ainda tanto cão quanto a criança, não estão despertos para que a energia em amor se funda, o encontro pode sim, ser desastroso. Cães e crianças precisam desde bem pequenos exercitar a intimidade de convívio em harmonia. Precisam desde pequenos sentir a autoridade do responsável. Precisam os dois perceber cla- ramente que a autoridade deve ser respeitada. Autoridade se exerce com amor, respeito, muito carinho e li- mite tanto para as crianças quanto para os cães. Entretanto é o cão que acaba sendo sempre responsabilizado e taxado, equivocadamente, de “agressivo”. Precisamos cuidar dos “nossos” cães e precisamos cuidar das “nossas” crianças. Precisamos ficar bem atentos e observar muito bem o que está verdadeiramente ecoando e refletindo a partir de nós, das nossas crianças e por consequência nos nossos cães. Todos nós em algum momento precisamos de ajuda para ter desperto em nós o amor, o respeito e o cuidado com a natureza. Quanto mais cedo aprendermos isso melhor, pois desfrutaremos de uma vida feliz. Cabe a nós ensinar as nossas crianças a amar os cães, explicar que eles também sentem fome, sede, dor, frio e calor. Ensinar que ele não gosta de ser importunado, assim como ela também não gos- ta. Ensinar que ele é um ser que está vivo e não é um boneco que ela possa chutar machucar, ou destratar. Cabe a nós também, pro- porcionar convivência da criança com o cão de forma adequada. 63 Precisamos prestar atenção nas crianças e ensiná-las com amor suficiente que possibilite a ela transbordar ao cão e receber dele o retorno deste amor. E principalmente dar a elas a oportuni- dade de
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