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3ºAula
Produto, Infl ação e Desemprego: 
Monetaristas versus Keynesianos
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• conhecer a teoria da taxa natural de desemprego proposta por Milton Friedman; 
• analisar a visão monetarista sobre o produto, a inflação e o desemprego;
• analisar a visão keynesiana sobre o produto, a inflação e o desemprego.
Nesta terceira aula, aprenderemos um pouco mais sobre 
a Macroeconomia. Serão abordados os conceitos de produto, 
inflação e desemprego na visão monetarista e também na visão 
keynesiana. Veremos a análise monetarista sobre a taxa natural 
de desemprego elaborada por Friedman. Veremos também a 
posição keynesiana sobre o assunto.
Vamos então avançar um pouco mais em nossos estudos 
sobre Macroeconomia!
Bons estudos!
14Macroeconomia II
Seções de estudo
1- Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas versus 
Keynesianos
1 - Produto, Infl ação e Desemprego: 
Monetaristas versus Keynesianos
Nesta aula, analisaremos as visões monetaristas e 
keynesiana com relação aos níveis de produto e desemprego 
adicionando a infl ação. Iniciaremos relembrando que no 
período pós-Segunda Guerra Mundial (1953-1969) houve 
uma relação negativa entre desemprego e infl ação, porém, 
após 1970 esta relação fi cou mais obscura. Começaremos 
analisando o monetarismo, através da teoria da taxa natural de 
desemprego de Milton Friedman.
1.1- Teoria da taxa natural de 
desemprego
A teoria monetarista afi rma que mudanças de curto prazo 
na oferta de moeda são determinantes primários de fl utuações 
no produto e no emprego. Mas, os monetaristas adicionam 
uma limitação sobre os efeitos reais de mudanças na oferta 
de moeda. A saber, no longo prazo, a infl uência da moeda 
é basicamente sobre o nível de preços e outras magnitudes 
nominais. As variáveis reais como o produto real e o emprego, 
são determinadas por fatores reais, não monetários, isso no 
longo prazo (FROYEN, 1999). 
IMPORTANTE!
Podemos concluir que, mudanças na oferta de moeda a curto prazo 
afetam o produto e o emprego, assim como, mudanças na oferta de 
moeda a longo prazo afetam variáveis nominais como o preço. 
Com base nesta proposição, Friedman desenvolveu a 
teoria das taxas naturais de desemprego e produto. Para ele, 
a taxa natural de desemprego associa-se ao equilíbrio entre 
oferta e demanda no mercado de trabalho para dado nível de 
emprego, isto é, a taxa natural de desemprego é compatível 
com o equilíbrio na estrutura de salários reais.
Como exemplo, ao se empregar uma política monetária 
expansionista, ou seja, maior oferta de moeda no mercado, 
haveria uma movimentação do produto para cima da taxa 
natural ocasionando um aumento da demanda e também, 
por consequência, um aumento de preços. Portanto, no curto 
prazo, o ajuste de preços não seria completo, como previa a 
teoria clássica (FROYEN, 1999).
Os monetaristas não concordam com a teoria clássica de 
que o produto é determinado pela oferta, mesmo no curto 
prazo. Portanto, Friedman acredita que, no longo prazo, 
forças de equilíbrio fazem os níveis de produto e emprego 
retornarem a sua taxa natural.
Vale a pena lembrar!
A taxa natural de desemprego é defi nida por Friedman como a taxa de 
desemprego “que tem a propriedade de ser consistente com o equilíbrio 
na estrutura de salários reais”.
Sendo assim, a taxa natural de desemprego estará em um 
nível em que o salário real de equilíbrio seja tal que iguale a 
demanda por mão de obra a sua oferta. A diferença entre os 
monetaristas e os economistas clássicos é que os monetaristas 
não pressupõem que a economia se encontre necessariamente, 
no curto prazo, nos níveis naturais de emprego e produto. 
Assim como os keynesianos, os monetaristas pressupõem que 
os ofertantes de mão de obra não têm informações perfeitas 
sobre o salário real. Eles precisam basear suas decisões de 
oferta de mão de obra no salário real esperado. Portanto, 
no curto prazo, a oferta de mão de obra pode não ser dada 
pela curva de oferta. Neste caso, o emprego e o produto, não 
estarão em suas taxas naturais (FROYEN, 1999).
1.2- A visão monetarista
Veremos agora a análise de Friedman sobre as 
consequências de curto e longo prazos de um aumento na 
taxa de crescimento da moeda.
POLÍTICA MONETÁRIA NO CURTO PRAZO
Para demonstrar os efeitos da política monetária de 
curto prazo, em uma economia, vamos supor uma situação 
em que esta economia apresente equilíbrio na taxa natural de 
desemprego e produto, e que o estoque de moeda (e, portanto, 
a renda nominal) venha crescendo a uma taxa igual à taxa de 
crescimento do produto real. 
Sendo assim, assumiremos um nível de preços estável por 
algum tempo. Suponhamos, agora, que a taxa de crescimento 
do estoque de moeda aumente para além da taxa consistente 
com a estabilidade de preços. Para termos uma visão mais 
concreta, vamos imaginar que a taxa de crescimento do 
estoque de moeda suba de 3% para 5%. O aumento na taxa 
de crescimento do estoque de moeda estimulará a demanda 
agregada e, como consequência, a renda nominal (FROYEN, 
1999). 
Os resultados, neste aumento de curto prazo, podem ser 
descritos como, a maior parte, da elevação da renda assumirá 
a forma de um aumento no produto e no emprego, mas não 
nos preços. As pessoas vinham esperando preços estáveis e, 
com base nisso, os preços e salários foram fi xados para um 
certo tempo futuro. Leva algum tempo para que as pessoas se 
ajustem a um novo estado da demanda. 
Os produtores tenderão a reagir à expansão inicial da 
demanda agregada aumentando a produção, os empregados, 
trabalhando por mais horas e, os desempregados, aceitando, 
agora, trabalhos oferecidos a salários nominais anteriores. 
Friedman conclui que estes resultados se equivalem a ideia 
da Curva de Philips (ver Figura 1), que apresenta uma relação 
negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de infl ação 
(FROYEN, 1999). 
Você sabia!
A Curva de Philips apresenta um trade-off entre infl ação e desemprego, 
ou seja, taxas mais baixas de desemprego podem ser obtidas, mas 
apenas ao custo de taxas de infl ação mais altas.
15
Figura 1: Curva de Philips. Fonte: FROYEN, 1999.
POLÍTICA MONETÁRIA NO LONGO PRAZO
Para demonstrar os efeitos da política monetária de 
longo prazo, em uma economia, aplicaremos a taxa natural de 
desemprego. Para Friedman, a relação encontrada no curto 
prazo descreve apenas os efeitos iniciais destas variáveis. 
Portanto, como os preços de venda de produtos, tipicamente, 
reagem a uma elevação imprevista da demanda nominal 
mais depressa do que os preços de fatores de produção, os 
salários reais recebidos baixaram, embora, os salários reais 
esperados pelos empregados tenham subido, uma vez que os 
empregados avaliaram implicitamente os salários oferecidos 
de acordo com o nível de preços anterior (FROYEN, 1999).
Para explicitar de forma mais simplificada, no curto 
prazo, os preços dos produtos aumentam mais depressa do 
que os preços dos insumos, sendo o salário o preço mais 
importante dentre os insumos. Assim, o salário real cai. Essa 
é uma condição necessária para o crescimento da produção, 
pois as firmas precisam estar em sua curva de demanda de mão 
de obra. As firmas só expandem o emprego e a produção com 
um declínio no salário real. Porém, essa situação é temporária, 
pois os trabalhadores acabam por perceber o nível de preços 
mais alto e demandar salários monetários mais elevados 
(FROYEN, 1999).
As implicações para a curva de Phillips desse ajuste de 
longo prazo, retornando à taxa natural, pode ser visualizada 
na Figura 2. Assim, quando os ofertantes de mão de obra 
passarem a antecipar o processo de elevação de preços, a 
curva de Phillips será deslocada para cima e para a direita. 
Eles demandarão uma taxa mais alta de reajuste nos salários 
monetários e, como consequência, a qualquer taxa de 
desemprego corresponderá uma taxa de inflação mais elevada. 
Se o crescimento monetário continuar em 5%, a economia 
retornará à taxa natural de desempregode 6%, mas agora 
com uma taxa de inflação de 2% em lugar do nível de preços 
estável inicial (FROYEN, 1999).
Figura 2: Curva de Philips de curto e longo prazo. Fonte: FROYEN, 1999.
Portanto, como podemos notar na figura acima, este 
ajuste de longo prazo move a economia do ponto B para o 
ponto C. O formulador de políticas econômicas pode não 
ficar satisfeito com o retorno ao desemprego de 6% (a taxa 
natural), e pode continuar buscando obter uma meta para a 
taxa de desemprego abaixo da taxa natural. Nesse caso, ele 
aumentará mais uma vez a taxa de crescimento do estoque 
monetário. Vamos supor que, dessa vez, ele aumente o 
crescimento do estoque de moeda de 5% para 7%. Podemos 
então ver os novos efeitos desta nova expansão da demanda 
agregada na Figura 3, logo abaixo (FROYEN, 1999).
Figura 3: Efeito de uma tentativa de fixar a taxa de desemprego abaixo da taxa 
natural. Fonte: FROYEN, 1999.
Podemos concluir então que, na visão monetarista, a 
política monetária expansionista só consegue mover a taxa de 
desemprego para baixo da taxa natural temporariamente. O 
trade-off entre desemprego e inflação ocorre apenas no curto 
prazo. Sendo assim, a teoria de Friedman da taxa natural 
de desemprego e produto é, portanto, a base teórica para a 
crença monetarista de que, no longo prazo, a influência do 
estoque de moeda atua, basicamente, sobre o nível de preços 
e outras variáveis nominais. Variáveis reais como produto e 
emprego têm tempo para se ajustar a seus níveis naturais de 
longo prazo. Essas taxas naturais de produto e desemprego 
dependem de variáveis reais, como oferta de fatores (mão de 
obra e capital) e tecnologia (FROYEN, 1999).
16Macroeconomia II
1.3 – A visão keynesiana
A visão keynesiana sobre a relação entre a taxa de infl ação 
e os níveis de emprego e produto segue diretamente da teoria 
da determinação dos preços e do produto. Vamos analisar 
esta relação à Curva de Philips.
POLÍTICA MONETÁRIA NO CURTO PRAZO
Analisando o efeito sobre preços, produto e emprego 
de uma sequência de medidas de política econômica 
expansionista, que aumentam a demanda agregada, na visão 
keynesiana, o salário monetário é fl exível, e a oferta de mão 
de obra é considerada dependente do salário real esperado, 
o salário monetário conhecido dividido pelo nível de preços 
esperado. No sistema keynesiano, uma política de expansão 
da demanda agregada poderia ser uma ação de política 
monetária, como o aumento na taxa de crescimento do 
estoque de moeda analisado na seção anterior, ou uma ação 
de política fi scal, como uma série de aumentos nos gastos do 
governo (FROYEN, 1999).
Em qualquer um dos casos, o efeito da política será 
produzir uma série de deslocamentos na curva de demanda 
agregada, como podemos ver na Figura 4, a seguir.
Figura 4: Efeitos de curto prazo de aumentos na demanda agregada no modelo 
Keynesiano. Fonte: FROYEN, 1999.
Esses resultados podem ser interpretados em termos 
de uma curva de Phillips. Quanto mais depressa a demanda 
agregada cresce, maiores são os deslocamentos para a direita 
da curva da demanda agregada e, ceteris paribus, mais rápida 
será a taxa de crescimento do produto e do emprego. Para um 
dado aumento na força de trabalho, isso signifi ca que a taxa 
de desemprego será menor quanto mais rápida for a taxa de 
crescimento da demanda agregada. Assim como, aumentos 
na demanda agregada fazem o nível de preços subir; assim, 
permanecendo os outros fatores inalterados, quanto mais 
rápida for a taxa de crescimento da demanda agregada, maior 
será a taxa de infl ação (FROYEN, 1999).
Portanto, o modelo keynesiano implica um trade-off entre 
infl ação e desemprego: altas taxas de crescimento da demanda 
correspondem a baixos níveis de desemprego e altas taxas de 
infl ação. Um crescimento mais lento da demanda agregada 
signifi ca uma taxa de infl ação menor, porém uma taxa de 
desemprego maior. 
POLÍTICA MONETÁRIA NO LONGO PRAZO
A análise de longo prazo, se diferencia, pois, o preço 
esperado ajusta-se ao preço efetivo. Sendo assim, os ofertantes 
de mão de obra percebem a infl ação que resultou da política 
de expansão da demanda agregada. Portanto, como foi o 
caso na descrição de Friedman dos efeitos de curto prazo de 
um aumento na demanda agregada, o emprego aumenta no 
modelo keynesiano apenas porque a elevação de preços reduz 
os salários reais, aumentando a demanda por mão de obra. 
O aumento nos preços não é percebido pelos ofertantes de 
mão de obra como uma queda no salário real. Então, supõe-
se que expectativas dos trabalhadores com respeito ao nível 
de preços permaneçam inalteradas. De fato, a quantidade 
de mão de obra ofertada aumenta à medida que o salário 
monetário sobe. Essa situação muda no longo prazo, quando 
o preço esperado se ajusta ao preço efetivamente praticado 
(FROYEN, 1999). Veremos tais variações na Figura 5 abaixo.
Figura 5: A curva de Philips: a perspectiva keynesiana. Fonte: FROYEN, 1999.
Diante desta situação, chegamos a mesma conclusão da 
teoria monetarista, pois um aumento no nível de demanda 
agregada eleva os níveis de produto e emprego e, como 
consequência, diminui a taxa de desemprego somente no 
curto prazo. Portanto, tanto na visão keynesiana como na 
monetarista a curva de Phillips de longo prazo é vertical.
Desta forma, a teoria das taxas naturais de desemprego 
e produto, proposta por Friedman, foi muito infl uente. Ela 
demonstra os limites do trade–off entre infl ação e desemprego 
e aponta para o perigo de se perseguir metas arbitrárias para 
o desemprego. Os keynesianos, porém, não acreditam que 
a teoria da taxa natural, bem como a dedução resultante de 
que a curva de Phillips de longo prazo seja vertical, tenha 
implicações importantes para a política de estabilização de 
curto prazo. Além disso, os keynesianos levantaram dúvidas 
quanto ao próprio conceito da taxa natural (FROYEN, 1999).
17
Vamos lá, estamos chegando ao fi nal de mais uma aula. Será que agora 
fi cou mais fácil de compreender as políticas econômicas keynesiana 
e monetarista quando relacionadas ao produto, a infl ação e o 
desemprego? Estamos certos que sim! Mas, continuem pesquisando 
sobre o tema para aprofundar mais seus conhecimentos a fi m de 
melhorar, continuamente, o processo de aprendizagem. Vamos agora 
recordar o que foi estudado até aqui.
Finalizamos mais uma aula em que abordamos a 
visão dos monetaristas e da teoria keynesiana sobre o 
produto a infl ação e o desemprego. Vimos acerca da 
taxa natural de desemprego, elaborada por Friedman 
e a posição do keynesianismo sobre o tema. 
Para que nosso conteúdo seja melhor aproveitado, releia, assim que 
possível, todo material para que consiga expandir, um pouco mais, 
seus conhecimentos.
Retomando a aula
1- Produto, Infl ação e Desemprego: Monetaristas 
versus Keynesianos
A teoria monetarista afi rma que mudanças de curto prazo 
na oferta de moeda são determinantes primários de fl utuações 
no produto e no emprego. Mas, os monetaristas adicionam 
uma limitação sobre os efeitos reais de mudanças na oferta 
de moeda. A saber, no longo prazo, a infl uência da moeda 
é basicamente sobre o nível de preços e outras magnitudes 
nominais. Com relação a taxa natural de desemprego, ela é 
defi nida por Friedman como a taxa de desemprego “que tem 
a propriedade de ser consistente com o equilíbrio na estrutura 
de salários reais”. Após discorrermos sobre as duas visões, 
chegamos a mesma conclusão sobre as duas teorias, ou seja, 
um aumento no nível de demanda agregada eleva os níveis de 
produto e emprego e, como consequência, diminui a taxa de 
desemprego somente no curto prazo. Portanto, tanto na visão 
keynesiana como na monetarista a curva de Phillips de longo 
prazo é vertical.
Biografia de Milton Friedman. Disponível em: https://
www.ebiografia.com/milton_friedman/.
Biografia de John Maynard Keynes. Disponível em: 
https://www.ebiografia.com/john_maynard_keynes/.
Vale a pena acessar
BLANCHARD, O. Macroeconomics. Printice Hall, 
1997.
FROYEN, R. T. Macroeconomia.Ed. Saraiva: 5ª ed. 
1999.
MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: 
Livros Técnicos e Científicos - LTC, 1992. SACHS, J.D. & 
Vale a pena ler
Vale a pena
LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron 
Books, 1995.
LOPES e VASCONCELLOS (organizadores). 
Manual de macroeconomia: nível básico e nível 
intermediário. 3ª ed. – 7ª reimpressão – São Paulo: 
Atlas, 2014. 
Minhas anotações

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