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Semiótica Prof. Me. Luciano de Lima Pires 1ª Edição Gestão da Educação a Distância Todos os direitos desta edi- ção ficam reservados ao Unis - MG. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume (ou parte do mesmo), sob qual- quer meio, sem autorização expressa da instituição. Cidade Universitária - Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 Autoria Currículo Lattes: Mestre em Administração Profissional e Inovação pelo Centro Universitário Una. Pós-graduado com Especialização em Comunicação e Marketing pelo Centro Universitário de Belo Horizon- te - UNI-BH, onde também se graduou em Publicidade e Propaganda. Atualmente é Gerente Comercial da TV Alterosa Sul e Sudoeste de Minas (Afiliada SBT) e Coordenador dos Cursos de Publicidade e Propaganda e Produção Multimídia do Grupo Unis de Educação, onde também leciona como professor da Pós-Graduação e Graduação. Foi Diretor de Marketing do Grupo UNIS e consultor de vendas e inovação na Visual Sistemas Eletrônicos. Atuou também como diretor de novos negócios da Sigla Comunicação Ltda por 15 anos e professor da Pós-gradua- ção e graduação do Centro Universitário UNA/UNATEC por 13 anos. Trabalhou também como professor do Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH, onde atuou por 11 anos. Profes- sor convidado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Puc-Minas e Professor do BI Internacional - MBA. Foi Tutor do EAD da Faculdade Pitágoras - Marketing e Inteligência de Mercado. Membro Fundador da AMMA - Academia Mineira de Marketing e Membro Fundador do GTMG - Grupo de Trade Marketing de Minas Gerais. Prof. Me. Luciano de Lima Pires http://lattes.cnpq.br/3240744427800023 5 Unis EaD Cidade Universitária – Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br PIRES, Luciano de Lima. Semiótica. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2020. 79 p. 1. Semiótica. 2. Semiose. 3. Signos. 4. Símbolos. 5. Significados. 6. Ícones. Olá! Este será seu Guia de Estudos da disciplina de Semiótica, em que será abordada a teoria geral dos signos, ícone, símbolo e índice, bem como as perspectivas semiológicas e as ciências humanas. Busquei relacionar conteúdos teóricos da literatura clássica com exemplos que abor- dam os assuntos discutidos ao longo do texto. As unidades foram distribuídas em cinco tópi- cos principais que se complementam com diversos estudos de caso para reflexão e analogia dos temas. Essa disciplina tem como foco propiciar a você uma visão geral da semiótica e sua apli- cação na área de comunicação como parte dos processos de exame e interpretação dos signos, abordando especialmente o campo de análise e crítica da mensagem, contribuindo direta- mente para o processo criativo e de construção dos elementos da linguagem. O objetivo principal é que ao final dessa disciplina você seja capaz de perceber a Se- miótica na arte e comunicação, identificando seus elementos de análise e meios audiovisuais, bem como conhecendo os sistemas semióticos particulares de representação e interpretação de signos. Vamos em frente! Grande abraço, Prof. Me. Luciano de Lima Pires Ementa Orientações Palavras-chave Introdução à teoria geral dos signos. Ícone, símbolo e índice. Perspectivas semio- lógicas e ciências humanas. Campo de análise e crítica da mensagem. Semiótica: arte e comunicação, elementos de análise e meios audiovisuais. Sistemas semió- ticos particulares: representação e interpretação de signos. Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual. Semiótica; semiose; signos; símbolos; significados; ícones. Unidade I - Teoria Geral dos Signos, Ícone, Símbolo e Índice 11 1.1. Contexto da Semiótica na Comunicação 11 1.2. A Teoria Geral dos Signos, Ícone, Símbolo e Índice 16 1.2.1. Signo linguístico: união entre significante e significado 18 Unidade II - Perspectivas semiológicas e as Ciências Humanas 25 2.1. Perspectivas Semiológicas e as Ciências Humanas 25 2.2. Semiótica como base para a criação de novas significações humanas 30 Unidade III - Campo de Análise e Crítica da Mensagem 37 3.1. Campo de Análise da Semiótica 37 3.2. Semiótica e a crítica da mensagem 42 Unidade IV - Arte e comunicação, elementos de análise e meios audiovisu- ais 53 4.1. Arte e Comunicação na Semiótica 53 4.2. Elementos de Análise e Meios Audiovisuais 60 Unidade V – Sistemas Semióticos Particulares: Representação e Interpreta- ção de Signos 67 5.1. Sistemas Semióticos Particulares e a Representação de Signos 67 5.2. Sistemas Semióticos e a Interpretação de Signos 70 Referências Bibliográficas 79 Objetivos da Unidade Unidade I – Introdu- ção à Teoria Geral dos Signos, ícone, símbolo e índiceI Espero que, após o estudo da unidade, você seja capaz de: - Compreender o que é o Semiótica e seus componentes; - Compreender a Teoria Geral dos Signos, Ícone, Símbolo e Índice. 11 Unidade I - Teoria Geral dos Signos, Ícone, Símbolo e Índice Nas próximas páginas, você encontrará conteúdos relacionados à semiótica e sua im- portância no entendimento da comunicação verbal e não-verbal, bem como irá compreender o uso da Semiótica na Comunicação e as possibilidades de aplicação. Serão discutidas também situações reais de aplicação da semiótica na comunicação, em especial nas campanhas publicitárias, produções multimídia e demais elementos de comu- nicação. 1.1. Contexto da Semiótica na Comunicação Atualmente, a gestão estratégica dos processos comunicacionais nas organizações é impactada diariamente pela revolução tecnológica da informação e pela rapidez das trans- formações em âmbito mundial. A forma de ouvirmos música mudou, a forma de assistir a um filme mudou e a forma de nos hospedarmos também mudou. É de se esperar que nossa forma de nos comunicarmos com os outros, especialmente dentro das organizações, também tenham sido impactada por essas mudanças. A mesma internet que nos conecta ao mundo tem o poder de nos desconectar de alguém que está exatamente do nosso lado. O grande vo- lume de informações geradas por dia, ao mesmo tempo que nos permite estar mais atentos a essas mudanças, nos “intoxica” pelo excesso de informações sem utilidade e torna as formas de comunicação dispersas. Novos aplicativos, redes sociais, funcionalidades dos equipamentos eletrônicos e maior velocidade da comunicação podem ser a solução para muitos problemas que surgem todos os dias. Isto se bem aplicadas, caso contrário, podem ser um grande proble- ma. A partir desse cenário, como o conhecimento da semiótica poderia auxiliar uma comu- nicação mais efetiva no ambiente externo das organizações com seus clientes, fornecedores e parceiros, e ao mesmo tempo auxiliar na comunicação com seu público interno, como fun- cionários e gestores? Nesse sentido, a Semiótica passa a ser um ponto de partida que poderá 12 nortear e orientar a comunicação que é gerada na organização. O entendimento da Semiótica e seus componentes passa a ser um fator estratégico para o desenvolvimento de uma comuni- cação mais assertiva pelas organizações e indivíduos em um mundo cada vez mais disruptivo e de mudanças transformadoras. Quais as inovações dos tempos atuais que mais impactaram nossa forma de comunicar com as empresas e com outras pessoas? Você já observou como usamos palavras e símbolos para nos comunicar pela internet? Como os emoticons passaram a fazer parte do nosso dia a dia para expressar emoções? Como utilizamos figu- ras e imagens para transmitir uma comunicação aos nossos amigos, familiares e colegas de trabalhousando as redes sociais? Talvez você já saiba então o que é semi- ótica, mas certamente nunca viu um conteúdo ensinando como aplicá-la na comunicação. Figura 1: Emoticons Fonte: iStock.com 13 Mas, afinal de contas, o que é semiótica? Vamos então incialmente entender o conceito para em seguida apresentarmos alguns exemplos. A semiótica é o estudo da construção de significado, o estudo do processo de signo (semiose) e do significado de comunicação. É a ciência dos signos que tem por objeto de inves- tigação todas as linguagens possíveis. A semiótica inclui o estudo de sinais e processos de sig- nos, indicação, designação, semelhança, analogia, alegoria, metonímia, metáfora, simbolismo, significação e comunicação. A semiótica explora o estudo de signos e símbolos como parte significativa das comunicações. Diferentemente da linguística, entretanto, a semiótica também estuda sistemas de signos não linguísticos. A semiótica aborda a imagem como signo, conven- ção e naturalidade das imagens, a relação entre a percepção da imagem e a linguagem, bem como a questão sobre a prática de sua análise. Vale lembrar aqui que a linguagem é a nossa capacidade de nos comunicarmos. Enfim, a semiótica é a ciência que estuda todas as formas de se comunicar, sejam elas verbais ou não verbais (língua que falamos, gestos, imagens, sons, gráficos, cheiros, tato, entre outros). Assim ela nos ajuda a compreender todos os fenômenos a nossa volta nos para ler o mundo. Observe nas muitas situações cotidianas: parede molhada é sinal de infiltração, céu acinzentado é sinal de chuva, um beijo é sinal de cumplicidade, farol de trânsito verde é sinal de permissão de pas- sagem, ou até, trevo de quatro folhas passa a sinalizar sorte (mesmo que eu não aposte em certas crendices). Ainda, calor é sinal de alta temperatura, fumaça sinaliza fogo, entre tantos outros exemplos. Quer outro exemplo? Pense na palavra Adidas. Certamente, você imaginou a fa- mosa marca da empresa de artigos esportivos, não foi? Provavelmente, você lembrou daquele desenho de três listras e o trevo que simboliza a velocidade, meta e competição. 14 Provavelmente passou alguns flashes mentais que mostram imagens de atletas de alta performance em ação. Figura 2: Adidas Fonte: Adaptado de iStock.com por Design Unis EaD Como levar os significados, a cultura e as representações a um nível superior na produção de conteúdo para a publicidade? Onde podemos perceber a aplicação da Semiótica na comuni- cação? Observe a imagem abaixo de uma propaganda da Coca-Cola. Se você visualizou a tradicional garrafa de Coca-Cola, mesmo ela não estando nesta arte, a semiótica com certeza te ajudaria a explicar como enxergar algo 15 que você não viu. Não explicitamente, claro! Figura 3: Propaganda Coca-Cola Fonte: https://www.tafixe.com/a-garrafa-invisivel-da-coca-cola-que-tu-vais-conseguir-ver/ A autora Santaella tem uma série de trabalhos na área de semi- ótica. Seguem duas indicações de leitura: 1. Santaella, Lúcia. O que é semiótica? 2.ed. São Paulo: Ed Brasi- liense, 2003. [Se você nunca ouviu falar de semiótica este livro pode ser um bom aperitivo]; 2. Santaella, Lúcia. Comunicação e semiótica. São Paulo: Hacker Editores, 2004. [Este livro aborda com maior profundidade as relações entre semiótica e comunicação]. 16 1.2. A Teoria Geral dos Signos, Ícone, Símbolo e Índice Como vimos anteriormente, a semiótica é a ciência dos signos. E não estamos falando sobre o zodíaco. O conceito de signo que vamos tratar aqui vai muito além do horóscopo. Muitos teóricos ligados às artes visuais, linguística, entre outras áreas, passaram longos anos de suas vidas se dedicando ao estudo da forma pela qual a nossa mente interpreta o mundo que temos à nossa volta. O signo é a essência da linguagem, é, portanto, a essência da semiótica. Um desses teóricos foi o professor Décio Pignatari (1927–2012), que também foi pu- blicitário, poeta, ator, ensaísta e tradutor brasileiro. Ele definiu signo como “uma coisa que re- presenta outra coisa”. Apesar de parecer uma definição simplista, esse conceito nos diz muito sobre o que é um signo. Isto pode soar um pouco estranho a princípio, certo? Mas observe a figura a seguir de “uma coisa que representa outra coisa”. Talvez você tenha se deparado com algo parecido, ou se tiver assistido ao filme “A culpa é das Estrelas” vai se lembrar de uma cena da protagonista vestindo uma camisa com a mesma imagem e de uma discussão com sua mãe que não concor- dava em ver uma imagem de um cachimbo com uma frase que dizia: “Isto não é um cachimbo”. Figura 4: “Ceci n’est pas une pipe” de René Magritte Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/blog/yvonne-maggie/post/isto-nao-e-um-cachimbo.html 17 No ano de 1929, o artista surrealista belga René Magritte fez uma obra fundamental que nos faz pensar sobre o objeto em si e sua representação. "Ceci n’est pas une pipe" (Isto não é um cachimbo) foi uma imagem revolucionária e continua sendo. Lembre-se que, desde a mais remota história da espécie huma- na, nós temos o hábito de usar palavras e imagens para registrar, em nossa memória, tudo o que está ao nosso redor. Dessa forma, palavras e imagens que são armazenadas em nosso cérebro começam a se rela- cionar com as “coisas de verdade”. Para entender a origem da Teoria Geral dos Signos – semiose e autogeração, Lúcia San- taella (2000) conta que Charles Sanders Peirce propôs pela primeira vez as três categorias uni- versais, capazes de dar conta de toda experiência possível em um artigo sobre uma nova lista das categorias. Em 1885, Peirce publicou o estudo “Um, dois, três: categorias fundamentais do pensamento e da natureza”, onde as três categorias são estendidas por toda a natureza, abar- cando os domínios da lógica e do real. Desde então, essa doutrina das categorias passou a pertencer à Fenomenologia. No- meadas simplesmente como primeiridade, secundidade e terceiridade – ou, respectivamente, Qualidade, Relação e Representação –, elas constituem os elementos mais fundamentais, uni- versais e indecomponíveis, presentes em tudo o que aparece na mente. Veja neste link do comercial publicitário do Honda Civic como estão presentes os elementos que acionam a nossa mente e nos fazem pensar sobre o que é a lógica e o que é o real: https://www.youtube. com/watch?v=KuAEIZJl_do 18 1.2.1. Signo linguístico: união entre significante e significado Agora pense que alguém falou para você a palavra “aquário”. Muito provavelmente, você projetou na sua mente a imagem de um recipiente de vidro com água e peixes. Essa ima- gem projetada em nossa mente é o que chamamos de significado. Em contrapartida, a parte física (grafia e som) da palavra “aquário” é o que denominamos significante. É essa união entre significante e significado que produz o signo. Entende? Signo é, nesse sentido, a interação en- tre o significado e o significante. Essa definição de signo foi proposta pelo linguista e filósofo suíço Ferdinand de Saus- surre (1857–1913), um dos teóricos mais referenciados da linguística. Saussurre defendia que a nossa linguagem é um sistema de signos, altamente dinâmico, que constrói e desconstrói significados o tempo inteiro. Isto explica porque nosso vocabulário se transforma com o passar dos tempos. Pense, por exemplo, a palavra “Crush”. Durante muito tempo, era associada somente a uma marca de refrigerantes dos anos 80. Porém, adquiriu um novo significado quando virou gíria nas redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram. Nesses ambientes, a expressão é utilizada para se referir a uma paixão ou uma possível paquera. Figura 5: Refrigerante Crush Fonte: https://www.propagandashistoricas.com.br/2013/03/refrigerante-crush-anos-80.html19 Observe na comunicação a seguir, que envolve uma respos- ta da Coca-Cola a uma propaganda agressiva da Pepsi de Halloween, como o significado pode mudar com uma simples alteração nas fra- ses usando a mesma imagem. Na primeira imagem da propaganda da Pepsi a frase: “Desejamos um Halloween assustador para vocês”. Na segunda imagem, a resposta da Coca-Cola: “Todo mundo quer ser um herói”. Figura 6: Coca-Cola e Pepsi em anúncio não oficial Fonte: https://exame.com/marketing/coca-cola-responde-pepsi-em-anuncio-nao-oficial/ 20 Mas que tal entendermos agora qual é a relação entre ícones, índices e símbolos? Charles Sanders Peirce (1839–1914), já citando anteriormente, é considerado o “pai da semiótica”. Ele classificou os signos em categorias, que podem ser melhor compreendidas quando agrupadas em ícones, índices e símbolos. Tabela 1: Ícones, índices e símbolos ÍCONE: Representação visual que se dá por semelhança. Mantém uma relação de pro- ximidade sensorial ou emotiva entre o signo, representação do objeto, e o objeto dinâmico em si. Por exemplo: o desenho de um cachorro é uma repre- sentação semelhante ao que existe de verdade no mundo. ÍNDICE: Representação que se dá por contiguidade, ou seja, por uma relação de conta- to, rastro ou efeito. Por exemplo: você ouve o latido de um cachorro e associa com a presença dele em algum lugar. SÍMBOLO: Representação que ocorre por convenção, ou seja, alguém decidiu dar um significado arbitrário a um ser ou objeto real. Pense na palavra “cachorro”. Ao pensar nessa palavra, você despertou sentimentos relativos a um cachorro específico. Fonte: Autor CACHORRO ÍCONE: o desenho do corpo de um cachorro lembra um cachorro. ÍNDICE: o latido de um cachorro indica a presença física do animal. SÍMBOLO: a palavra cachorro é uma abstração que não se parece com um cachorro e nem soa como ele. 21 Muitos ícones têm a força de símbolo. Também temos índices que aparecem sob a for- ma de ícone, enfim, temos um incontável número de variações. Por exemplo, porque a letra “A” tem o som de “A” no Brasil? É a força dos símbolos na semiótica. Palavras são símbolos. Tudo o que aprendemos na relação entre palavras e “coisas” é arbitrário. Ou seja, houve uma determi- nação para que “A”, em língua portuguesa, seja uma vogal e teria o som de “A”. Para os ingleses, a mesma letra “A” é produzida com o som de “ei”, visto que cada civilização desenvolve seus idiomas, ao longo da história, com o esse procedimento simbólico. Os símbolos disparam associações de ideias e, muitas vezes, provocam muitas sensa- ções emocionais. Essa é a força do símbolo: construir sentidos e transmitir sensações (não ne- cessariamente nessa ordem), como poderemos ver mais adiante nessa aplicação na publicida- de. O uso da criatividade em um outdoor utilizando a força dos íco- nes, índices e símbolos de Peirce: imagine que você tenha o objetivo cação para o Banco Itaú de modo a aproximar o banco de seus diversos públicos. Sua persona é Cauã, ar- quiteto, de 33 anos, renda mensal acima de R$ 5 mil, sem filhos, apai- xonado por praia e surf. Ao criar sua campanha publicitária, consideran- do essa persona, seu outdoor teria uma força muito maior se fosse feito da forma (Figura 7): Figura 7: Propaganda Itaú Fonte: http://www.centraldeoutdoor.com.br/lancamento- -x-sustentabilidade/ de desenvolver uma comuni- 22 O outdoor em formato de prancha de surf do Banco Itaú é um claro exemplo da criatividade em utilizando a força dos ícones, índices e símbolos de Peirce. O formato do outdoor adaptado para o formato de uma prancha de surf remete diretamente aos surfistas gerando uma rápida identificação por eles (ícone). Os tons das cores utilizadas na arte remetem diretamente às cores do Banco Itaú (índice). A linguagem textual, por sua vez, reforça a mensagem do banco aos surfistas, gerando emoção e senso de perten- cimento (símbolo). O banco também é lembrado pelo uso da sua marca aplicada à peça publicitária. Então, conseguiu perceber a importância da semiótica na comunicação e na publicida- de? Essas são áreas do conhecimento que se complementam e vão abrir a sua mente, contri- buindo para que a sua criatividade se torne ainda mais atraente. A publicidade tradicionalmente é a mais conhecida e pode- rosa arma de divulgação de produtos ou serviços e a conquista de públicos e mercados-alvos. A comunicação mercadológica, muito em função do crescimento das mídias digitais, tais como Google Ads, Youtube, Facebook e Instagram, possui atualmente uma amplitude bem maior e utiliza muitos meios e técnicas para atingir seus objetivos de promoção de marcas e vendas de produtos. Nesse sentido, a semiótica, como vimos, é uma teoria que analisa o constru- to da significação em quaisquer textos, inclusive de produtos midiáticos. A contribuição que a semiótica teria a dar seria principalmente na tarefa de descrever os mecanismos de produção de sentido para que o olhar comunicacional articulasse a relação entre os interlocutores, o sentido e o contexto da comunicação, uma vez que se conhecem mais profundamente os elementos que a compõe agrupadas em ícones, índices e símbolos. 23 Comunicar, antes de qualquer coisa, é pressupor a quem eu me dirijo, qual é o saber em questão, o que será comunicado e de que ma- neira, para que, de fato, a comunicação seja bem-sucedida. Objetivos da Unidade Unidade II – Pers- pectivas semiológi- cas e as Ciências HumanasII Espero que, após o estudo da unidade, você seja capaz de: - Identificar as perspectivas semiológicas e as Ciências Huma- nas. - Avaliar a semiótica como base para a criação de novas signi- ficações humanas. 25 Unidade II - Perspectivas semiológicas e as Ciências Humanas Nas próximas páginas você encontrará conteúdos relacionados à preocupação com o futuro da semiótica como projeto científico, bem como poderá identificar as perspectivas se- miológicas nas Ciências Humanas; e como a semiótica poderá ser utilizada para compreensão dos sentidos nos modos de existência coletivos e na criação de novas significações. 2.1. Perspectivas Semiológicas e as Ciências Humanas Vimos no capítulo anterior que a semiótica é a ciência que estuda todas as formas de se comunicar, sejam elas verbais ou não verbais, tais como a língua que falamos, gestos, ima- gens, sons musicais, gráficos, cheiros, tato, entre outras formas de comunicação. Ao propor um corpo de conceitos e de métodos para questionar as práticas, os textos, os objetos, as intera- ções sociais, as formas de vida e os modos de existência coletivos e da coletividade, a semiótica tem condições de construir esses sentidos, especialmente se trabalhar em colaboração com as outras ciências humanas e sociais que contribuem para edificar, cada uma de seu próprio ponto de vista, essa arquitetura das significações humanas. Ao questionar os sentidos e signos já estabelecidos pela co- letividade do mundo que conhecemos hoje, poderíamos pensar em novas perspectivas a partir da semiótica para criar novas significações humanas? Mas será que a “campanha pela real beleza” da marca Dove, que não segue os “pa- drões convencionais de beleza” em sua comunicação, seria um bom exemplo de aplicação da semiótica na construção de novos sentidos para padrões de linguagem já estabeleci- dos? 26 Figura 8: Propaganda Dove Fonte: http://sigaolide.blogspot.com/2014/11/dove-retratos-da-real-beleza.html A marca Dove, que pertence a Unilever, acredita que a campanha de percepções faz mudanças da forma como as mulheres se aceitam. De acordo com pesquisas realizadas pela psicóloga de Harvard, Nancy Etcoff, as mulheres passaram a definir a beleza em uma ampla gama de qualidades que vão muito além dosolhares, incluindo, por exemplo, a auto- confiança. Além disso, a psicóloga concluiu também que atualmente as mulheres baseiam suas ideias sobre beleza muito mais usando as referências em mídias sociais do que nos meios tradicionais, que pregavam, até então, padrões de beleza ideais para a sociedade. Com essa campanha, a Dove conseguiu falar diretamente a linguagem das mulhe- res e promover o bem-estar e a aceitação em vez de impor padrões de beleza “pré-estabe- lecidos”, conforme os sentidos criados pela sociedade até então. 27 Veja nesse link o vídeo da Dove “Retratos da Real Beleza” que retrata essa descons- trução dos “padrões pré-estabelecidos” pela sociedade para criação de um novo sentido criado para aumentar a autoestima das mulheres: https://www.youtube.com/watch?- v=ABups4euCW4 A semiótica oferece um conjunto de conceitos e métodos para analisar, em primeiro lugar, práticas, textos, objetos, interações sociais, formas de vida e os modos de existência co- letivos e das coletividades, sendo capaz de construir o seu sentido, colaborando com todas as ciências sociais que constroem, cada uma sob uma perspectiva própria, essa arquitetura dos sentidos humanos: história, filosofia, psicologia, antropologia, economia e sociologia. A semiótica pode colaborar com essas ciências a partir da escolha do ponto de vista e análise apropriados. Vale, portanto, observar sob quais formas e com quais efeitos semióticos as escolhas tecnológicas, econômicas e culturais influem na transformação de nossas sociedades, bem como nas transformações dos “regimes de crença” e de identificação que são propostos global- mente e oferecidos a todos nós atualmente. A análise semiótica ultrapassa o nível de análise dos objetos mais corriqueiros e dos métodos mais utilizados: textos e imagens. Tais níveis incluem naturalmente objetos que pertencem a todos os outros níveis: palavras, sinais, objetos, materiais, meios de comunicação, pro- duções culturais em geral. Do ponto de vista da comunicação e publicidade em si, todo o aparato teórico e metodológico da semiótica pode ser utilizado para criação e construção de novos significados e sentidos para o público objetivado. 28 Mas será que podemos explicar melhor essa linha de raciocínio? Acompanhe comigo a seguir a análise da campanha publicitária criada para o produto “Axe Excite”, também da Uni- lever, e veja as várias formas e efeitos semióticos utilizados para criar o sentido e percepções sobre o produto no imaginário do público-alvo do produto, formado prioritariamente por ho- mens jovens que querem se sentir mais sedutores a partir da escolha do desodorante. Ao examinar a imagem da propagan- da do desodorante “Axe Excite”, podemos identificar vários signos numa perspectiva semiótica em que vários elementos se arti- culam para dar significado àquilo que está sendo apresentado. Volte a imagem e observe as cores, as asas de anjo, o desodorante, o anel lumi- noso (auréola) e a linguagem verbal. Todos esses elementos articulados produzem um significado. A cor escura na parte inferior da imagem lembra as trevas, a escuridão, sendo que é posta desse modo para contrastar com a luminosidade da parte superior da ima- gem, remetendo ao celestial, algo divino. As asas brancas e a auréola inseridas acima do desodorante remetem à figura de um anjo com as asas abertas. A linguagem verbal, que é caracterizada como um símbo- lo, possibilita uma melhor compreensão da imagem. Podemos observar também que a Figura 9: Axe Excite Fonte: https://propmark.com.br/agencias/axe-apresen- ta-comercial-para-a-nova-fragancia-excite/ palavra “cairão” está dando ideia de movimento, em virtude das letras “a” e “i” que estão mais alongadas, como se estivessem caindo, reforçando a ideia de descida e o contexto da mensa- 29 gem. O recurso que permite inferir a ideia de movimento também é um signo identificado na imagem. Podemos perceber ainda a presença da metáfora, expressa na frase “Até os anjos cairão”. A linguagem metafórica, presente na semiótica, é uma forma de dizer que até as mulheres mais recatadas cairão aos pés de quem usar o desodorante, ou seja, a palavra “anjo” é uma me- táfora utilizada para se referir a mulheres inibidas, que, de certa forma, são as mais difíceis de se conquistar, criando esse significado de força de atração ao produto. Ou seja, o Axe Excite quer transmitir a imagem de que sua essência é capaz de conquistar todas as mulheres, até mesmo as que são inacessíveis, figuradas como anjos. Pode-se acrescentar ainda que o próprio nome “Excite” (do inglês, que significa “excitar”) já oferece uma ideia do efeito causado pelo aroma do produto. Conseguiu acompanhar a linha de raciocínio? Percebemos nessa análise que a repre- sentação semiótica está presente de diversas formas na imagem publicitária examinada, da mesma forma que também pode ser percebida em outras campanhas publicitárias, pois tudo aquilo que produz sentido pode ser considerado uma representação semiótica. Mas, para que haja a produção de sentido, é preciso que os signos se articulem, e que o espectador possua conhecimento de mundo suficiente para compreender aquilo que está subentendido na men- sagem. Veja no link a seguir o vídeo da campanha “Até os anjos cairão” dessa campanha do desodorante “Axe” para uma melhor compreen- são do sentido que que a marca quis desenvolver na mente do pú- blico-alvo. Procure identificar novos elementos que indicam o uso da semiótica para criar os significados que a marca procurou transmitir no filme publicitário: https://www.youtube.com/watch?v=dT-pg4FzpWw 30 Examine outras campanhas publicitárias e procure identificar textos, palavras, imagens, metáforas e outros elementos que foram utilizados do ponto de vista da semiótica para criar os significados e sentidos na comunicação. 2.2. Semiótica como base para a criação de novas significações humanas Boa parte das grandes questões da atualidade implicam em uma abordagem inicial a partir das Ciências Humanas e Sociais. Quando estamos falando então da semiótica nesse con- texto, estamos falando da ciência dos sentidos. As ciências humanas são disciplinas que pos- suem esse objetivo de desvendar as complexidades da sociedade humana e de suas criações. Englobam o pensamento e a produção de conhecimento sobre a condição humana. Pense comigo: existe uma linguagem verbal, linguagem de sons que veiculam conceitos e que se articulam no aparelho fonador, sons esses que receberam uma tradução visual alfabética (linguagem escrita), mas existe simultaneamente uma enorme variedade de outras linguagens que também se constitui em sistemas sociais e históricos de representação do mundo. Nosso ponto chave nesse estudo é entender a origem desses conhecimentos, da construção dos sentidos, dos significados de cada coisa para, a partir de tal entendimento, podermos descontruir e reconstruir novas linguagens, conhecer o sentido da criação hu- mana e até criar sentidos e novas linguagens. Ou seja, para quebrar uma regra, é preciso conhecer essa regra antes. Desse modo, a semiótica cumpre o seu papel, enquanto parte das ciências humanas nos auxilia a entender as regras do jogo, para depois decidirmos se jogaremos esse mesmo jogo com as mesmas regras, ou se criaremos outros jogos e novas regras (novos sentidos). 31 Já reparou que as informações recebidas sobre a nocividade de uma prática corporal, de um hábito alimentar ou de qualquer vício, não se traduz necessariamente por uma mudan- ça de comportamento? A comunicação de massa emite uma informação e, mesmo que essa informação seja recebida, há sempre uma parte que não é tratada no sentido desejado, espécie de “ponto cego” a que alguns chamariam de irracional. Ou seja, eu recebouma comunicação dizendo que se continuar a fumar isto poderá me levar a morte. Mesmo assim continuo a fu- mar. Onde está a racionalidade nisto? Figura 10: Dia Mundial Sem Tabaco Fonte: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5946:dia-mundial-sem-ta- baco-2019-tabaco-e-saude-pulmonar&Itemid=839 De certo modo, esse é um grande desafio para quem estuda e trabalha com publicida- de, um novo capítulo da semiótica da manipulação e da persuasão: como fazer crer, como fazer aderir, como fazer fazer? Como podemos convencer uma dada população a alterar a sua ação, o seu comportamento e o seu modo de existência? A questão que se coloca aqui é conceber, criticar e desenvolver uma estratégia de manipulação e persuasão mais eficiente a partir da semiótica, criando um sentido que seja forte o suficiente para a mudança de atitude. No en- 32 tanto, entendemos prontamente que a possibilidade de “transformar os papéis modais”, nesse contexto, está longe de ser operacional. Observe a campanha abaixo sobre a segurança no trânsito de- senvolvida pelo Governo do Estado de São Paulo, em 2017, para orien- tar os motoristas a estarem mais atentos ao trânsito, visto que os apa- relhos celulares são fontes de dispersão e acidentes. Você considera esse tipo de campanha eficiente? Você acredita que os motoristas podem se tornar mais conscientes ao ponto de mudarem de atitude a partir dessa comunicação? A linguagem que foi utilizada está adequada? Figura 11: Campanha Foca No Trânsito Fonte: https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/campanha-quer-reduzir-numero-de-acidentes-de-tran- sito-por-distracao/ 33 A evolução das campanhas de segurança na estrada é bem representativa quanto a isso. Em um primeiro momento, essas propagandas, nos últimos anos, passaram a mostrar os eventos traumáticos, os acidentes e suas consequências imediatas; em um segundo momento, as campanhas colocaram em cena, mais recentemente, a felicidade ou o bem-estar que o aci- dente colocaria em risco se isso acontecesse. Nos dois casos, tenta-se dar a informação sobre os riscos da direção perigosa o maior peso possível, associando-a a um afeto suficientemente forte para que essa informação seja mobilizada durante a prática cotidiana de dirigir, como no caso do exemplo “Foca no trânsito”, do Governo de São Paulo e no próximo exemplo a seguir. Observe a campanha a seguir do “Maio Amarelo” pela conscientização no trânsito. Com base na semiótica, a placa de trânsito é o símbolo/signo que ativa o pensamento (cuidado com as crianças). A imagem da criança (ícone) com o olhar triste e o texto sobre o fu- turo dessa criança (índice) também são signos que ativam outros pensamentos dentro do mesmo contexto da comu- nicação, criando um sentido em nossa mente (interpretante: imagem mental que cada um temos destes signos). As- sim, criamos um contexto da situação retratada. Figura 12: Maio amarelo Fonte: http://roteiroalternativo.com/mes-de-maio-sera- -marcado-por-campanha-de-seguranca-no-transito/ 34 Conforme visto no exemplo da campanha analisada anterior- mente, vamos relembrar os conceitos de ícone, índice e símbolo, que foram tratados na primeira unidade nos conceitos iniciais da semióti- ca. ÍCONE: Representação visual que se dá por semelhança. ÍNDICE: Representação por uma relação de contato, rastro ou efeito. SÍMBOLO: Representação que ocorre por convenção. Como já sabemos, a Semiótica é a ciência que busca a investigação de todas as lingua- gens possíveis, ou seja, ela tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno que produza significação e sentido. Assim sendo, essas significações não pertencem a ninguém, pois são propriamente “linguagens” que podem ser usadas e modifica- das por qualquer pessoa na sociedade. Compete, então, a essa investigação científica da semiótica o movimento de ampliação da “consciência sobre a consciência” para considerar as transformações que se situam na ciên- cia humana. Nesse sentido, os novos meios tecnológicos são um desafio científico real para a semiótica, que antes pouco se envolvia no tratamento de grandes massas de dados multimo- dais e que hoje se apropriam do desenvolvimento das humanidades cada vez mais digitais. Espero que esses exemplos e conceitos aqui apresentados au- xiliem os atuais e novos publicitários e produtores de conteúdo para que sejam capazes suficientemente de encontrar uma resposta para os novos desafios da comunicação no século XXI, lembrando que essa é uma das “vocações” da semiótica. Acredito que essa seja uma grande reflexão que a se- miótica nos traz: demonstrar sua relevância a partir dos próprios métodos e inquietações 35 que nos fazem pensar no nosso mundo de hoje e de amanhã, não como coisa pronta, mas como algo vivo em constante transformação e evolução, criando e nos ajudando a desco- brir novos sentidos para nossas vidas todos os dias. Objetivos da Unidade Unidade III – Campo de Análise e Crítica da MensagemIII Espero que, após o estudo da unidade, você seja capaz de: - Identificar os campos de análise da semiótica nas Ciências Sociais e Humanas; - Relacionar os modos semióticos aos elementos de constru- ção da mensagem. 37 Unidade III - Campo de Análise e Crítica da Mensagem Nas próximas páginas, você encontrará conteúdos relacionados ao campo de análise da semiótica enquanto ciências humanas, bem como entenderá como o discurso da mensagem é construído conforme os interesses do emissor da mensagem, contexto social e político dos indivíduos envolvidos na comunicação. 3.1. Campo de Análise da Semiótica Você viu comigo na última unidade as perspectivas semiológicas enquanto Ciências Humanas, uma vez que os nós humanos buscamos o tempo todo dar significado a tudo que está ao nosso redor através dos nossos sentidos. Quando brincamos de encontrar figuras no céu, quando ouvimos uma música que nos remete a todo tipo de imaginação, a tentativa de explicar o gosto de uma comida, a sensação ao tocar objetos ou ao sentir o cheiro de algum perfume. Nossa natureza, conhecimentos e experiências faz com que o indivíduo busque uma interpretação para o que está sendo vivenciado. Uma explicação, um significado, um sentido naquele contexto. Uma representação que possa ser compartilhada com outras pessoas, de modo que faça algum sentido para elas também. É nesse contexto que nasce a linguagem, tema de estudo da semiótica. Observe a figura a seguir e tente listar o máximo de animais que conseguir identificar. Há quem consiga encontrar até 16 animais. Eu consegui ver no máximo 10, mas não vou dar spoiler aqui para não perder a graça. Convide seus amigos para te ajudar e veja quem con- segue encontrar mais. 38 Figura 13: Quantos bichos você vê? Fonte: https://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/desafio-enlouquece-web-quantos-bi- chos-voce-ve/ A comunicação visual na semiótica tem passado por muitas transformações. Essas mu- danças têm produzido efeitos na forma e nas características dessa nova escrita dos textos, que estão se tornando cada vez mais multimodais, textos nos quais coexistem mais de um modo semiótico (visual, sonoro, gestual, etc.). Diferentes "linguagens", como idiomas, representações visuais, gestos – são combinados e integrados em situações comunicativas. Por exemplo, em uma conversa face a face, além dos elementos verbais, integram-se postura, gestos, expressões faciais, etc. Em uma revista, por exemplo, é comum a combinação de língua escrita, imagens, tipografia, entre outros elementos. Com base nesse fator, é impossível interpretar textos foca- lizando exclusivamente a linguagem escrita, visto que ela consiste em apenas um dos modosdos elementos representativos de um texto, que, por sua vez, é sempre multimodal e, por isso, deve ser lido a partir da conjunção de todos os modos semióticos nele configurados. Como toda imagem possui um significado, já não basta apenas identificá-la, mas ler e interpretá-la para compreender as implicações discursivas. 39 Veja a seguir as diferentes “linguagens” que podem ser perce- bidas em campanhas publicitárias. Inicialmente, uma proposta criati- va focalizando exclusivamente a linguagem escrita, outra minimalista com ênfase na imagem e por último uma referência com elementos multimodais, a partir da união de todos os modos semióticos presentes. Figura 14: Ex-Mulher Advogada Fonte: https://roupanovaral.wordpress.com/2009/06/09/aspirina/ Esse anúncio, desenvolvido pela Agência Almap para a indústria farmacêutica Bayer, utiliza basicamente textos para comunicar a eficiência da “Cafiaspirina”, comparan- do-a com a Aspirina comum da mesma indústria. Com o suporte gráfico e uso de cores diferentes, a mesma frase ganha outro sentido, de modo a transmitir a mensagem central do anúncio: “Aspirina e Cafiaaspirana para qualquer dor de cabeça”. Comunicação simples e direta que pode ser facilmente interpretada por pessoas que compreendem o contexto da situação apresentada nos casos de divórcio. 40 Já no anúncio da Lego (figura 15), a proposta minimalista de comu- nicação praticamente não utiliza a linguagem textual, sendo basicamen- te utilizados signos que remetem ao mesmo objeto (navio e sombra do na- vio, dinossauro e sombra dinossauro, tanque e sombra do tanque e avião e sombra do avião. Logicamente, as co- res utilizadas auxiliam na comunicação dos brinquedos transmitindo a pro- posta do uso da imaginação para criar a diversão. Figura 15: Lego Fonte: https://ar.pinterest.com/ pin/90283167501361363/ Figura 16: Campanha Hortifruit Fonte: https://www.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/hollywood/ 41 Figura 17: Campanha Hortifruit Fonte: https://www.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/hollywood/ Nessas duas propostas criativas da Hortifruti, percebemos que textos, imagens e linguagens metafóricas estão muito presentes na comunicação. A clara alusão aos filmes Hollywoodianos utilizando elementos de imagens e textuais que remetem aos cartazes dos filmes, juntamente com a linguagem metafórica que brinca com os personagens, fa- zendo uma associação com os produtos do hortifruti, ajudam a criar uma comunicação mais bem humorada. “Aqui a natureza é a estrela”. A posição da logomarca no canto infe- rior direito traz equilíbrio para a arte, sugerindo a leitura do lado superior esquerdo para o inferior direito, conduzindo o leitor para o entendimento completo da mensagem. Consegue perceber a combinação de língua escrita, imagens, tipografia, entre outros elementos no último exemplo? Isso é uma comunicação multimodal que se apro- pria de mais uma forma de linguagem com o objetivo criar um sentido para o interlocu- tor alvo da comunicação. Esse anúncio da caminhonete Amarok V6 da Volkswagen está repleta de elementos de texto, imagens e sons. Representações visu- ais, elementos metafóricos e gestos são combinados e integrados para criar uma situação comunicativa que nos faz pensar que o veículo é 42 realmente “animal”. Observe todos os aspectos semióticos que já foram apresentados até aqui, tais como os signos, sinais e sentidos que são criados nessa comunicação. O tipo de mensagem que se quer produzir na mente do receptor da mídia. https://www.youtube.com/watch?v=Yl8Z7ac5ys0 A charge abaixo é também um claro exemplo de comunicação multimodal, onde ima- gem, texto e expressões faciais são utilizados para transmitir a mensagem. Figura 18: Charge Fonte: https://docplayer.com.br/52136060-Textos-multimodais-na-aula-de-interpretacao-textual-para-surdos-u- ma-proposta-desafiadora-e-inclusiva.html 3.2. Semiótica e a crítica da mensagem Mas, afinal, qual seria a relação entre a semiótica e a mensagem? Tendo a semiótica como a ciência que se encarrega da análise dos signos na sociedade, sua função principal é estudar as trocas das mensagens. Nessa perspectiva, a escolha dos signos e a construção dos discursos fazem parte do interesse de quem está comunicando, como nos anúncios que vimos a pouco, sendo que representam um significado escolhido através de uma análise lógica rela- cionada a um contexto social para serem adequadamente interpretadas por quem recebe a mensagem. Perceba que os signos fazem parte de uma combinação de significantes e significados 43 não arbitrária, sendo o processo de criação da mensagem complexo e oriundo da história psi- cológica, social e cultural de seu autor, focado a partir de um contexto específico. O emissor faz uma representação de algo a partir do seu interesse e objetivos ao elaborar uma mensagem. Esse interesse do emissor é a fonte da seleção dos critérios a partir dos quais o objeto (anúncio publicitário, conteúdo ou design do produto) é percebido, sendo esses aspectos considerados como adequados para sua representação em um certo contexto. Por sua vez, o sujeito-receptor da comunicação também seleciona os aspectos da mensagem que serão interpretados. Ele sai, então, de uma posição apenas receptiva para ser um reprodutor social do discurso, o que também está diretamente relacionado à sua vivência e à sua experiência social. Observe as diversas formas de comunicação que você recebe todos os dias de diferentes fontes de informação e tente examinar o interesse que pode estar por trás da mensagem. Avalie aspectos visu- ais, textuais, sonoros, gestuais, entre outros e faça uma interpretação dos “sinais” dessa comunicação. É uma comunicação manipulativa? É persuasiva? Qual o interesse e objetivos do emissor? Agora que você já sabe a função da semiótica de examinar a troca de mensagens, quais- quer que sejam essas mensagens, ou seja, a comunicação, vale lembrar que uma mensagem pode ser um signo, ou uma cadeia de signos transmitidos de um produtor para um receptor de signos. Esse destinatário recebe essa mensagem e passa a produzir transformações mentais a partir de experiências corporais e as codifica também em forma de signos. É a comunicação através de signos que faz com que o ser humano se diferencie das outras espécies, por essa característica única de possuir dois tipos de repertórios separados de signos à sua disposição: o verbal e o não verbal. 44 Veja a seguir dois exemplos de comunicação verba e não ver- bal. O primeiro exemplo utiliza-se de comunicação verbal com o uso da escrita, principalmente, para transmissão da mensagem dos choco- lates Lacta. O segundo exemplo retrata a comunicação não verbal em campanha da Pespi. Fonte: https://arteemanhasdalingua.blogspot.com/2011/11/analise-de-propaganda.html Figura 20: Coca-cola X Pepsi Fonte: https://issomudatudo.com.br/a-batalha-dos-arquetipos-1-coca-cola-x-pepsi/ Figura 19: Propaganda Lacta 45 Mas, então, partindo do ponto de vista de que o emissor da mensagem faz uma repre- sentação de algo a partir do seu interesse ao elaborar uma mensagem, poderíamos supor que essa combinação dos signos de forma não arbitrária poderia atender aos interesses socialmen- te motivados em busca de significados políticos e sociais para atender a um grupo específico de indivíduos? A resposta para essa questão é sim! O uso da semiótica e dos seus signos individual- mente ou combinados pode ser desenvolvido para atender aos interesses políticos e sociais de um grupo que está intrinsecamente ligado ao poder e aos mecanismos de controle dos grupos dominantes presentes nesses atos semióticos. Observe a seguir a semelhança e simbologia das duas campa- nhas políticasa seguir: a primeira do governo americano no período da Primeira Guerra Mundial: “Eu preciso de você nas forças armadas dos Estados Unidos”. A segunda no Brasil na Revolução de 32: “Você tem um dever a cumprir”. Fontes: https://www.wdl.org/pt/item/576/ e https://br.historyplay.tv/noticias/propaganda-de-guerra-cartazes-da-revolucao-de-32 Figuras 21 e 22 46 Como já vimos, essa “paisagem” semiótica com o uso dos diversos modos semióticos, sejam verbais ou não, são as diversas formas de representação utilizadas para compor um pro- cesso de comunicação permitindo a articulação de diferentes significados sociais e culturais, sendo de grande interesse para uso político. Vamos examinar a seguir três formas de representação dos modos semióticos na Semi- ótica Social. Conforme já discutimos anteriormente, a abordagem multimodal busca compre- ender a articulação dos diversos modos semióticos utilizados em contextos sociais concretos, ou seja, nas práticas sociais com o objetivo de nos comunicarmos. Na Multimodalidade, a maioria das comunicações envolve um complexo jogo entre textos escritos, cores, imagens, elementos gráfi- cos e sonoros, enquadramento, perspectiva da imagem, espaços entre imagem e texto verbal, escolhas lexicais, com predominância de um ou de outro modo, de acordo com a finalidade da comunicação, sendo, portanto, recursos semióticos importantes na construção de diferentes discursos. O termo discurso nesse as- pecto é compreendido como conhecimentos socialmente construídos de algum aspecto da realidade. Vale lembrar dos exemplos que já apresentamos nesse estudo para ilustrar esse contexto. Observe os Modos Semióticos que vamos apresentar a seguir e veja como podem ser aplicados no dia a dia pelos profissionais da área de comunicação, entres eles os publicitários e produtores de conteúdos para mídia. Modos Semióticos: • Design: O termo design designa os próprios recursos semióticos ou o uso desses recur- sos. Ele é a combinação de todos os modos semióticos utilizados, ou seja, é a organiza- 47 ção do que será articulado. O design inclui o hábito, a convenção, a tradição e a inova- ção, pois, o discurso é realizado num contexto de uma dada situação de comunicação, o design é criado a partir dessas convenções e desses conhecimentos socialmente consti- tuídos, que somente poderão ser alterados numa interação social. A comunicação a seguir do pirulito Chupa Chups sem açúcar explora fortemente a interação social por meio da simbologia na se- miótica, uma vez que associamos o açúcar como uma das “comidas” preferidas das formigas. Figuras 23: Comunicação Chupa Chups Fonte: https://rockcontent.com/blog/propagandas-criativas/ • Produção: O termo produção está relacionado ao trabalho físico para haver a comuni- cação, seja por humano ou máquinas. Ou seja, é a etapa de articulação da mensagem 48 a partir do uso do meio e dos recursos materiais para se comunicar. Envolve a parte de organização da expressão ou do meio de execução do que foi pensado e elaborado no design. O meio de produção está intimamente associado com os diferentes canais sen- soriais (visão, audição, olfato, paladar e tato), visto que cada meio possui características particulares que vão responder a um conjunto particular de órgãos sensoriais. A comunicação minimalista a seguir da Nívea utiliza fortemen- te a força do sentido da visão para transmitir o conceito do produto. Para comunicar o creme Nívea Night, utilizou-se a produção de mídia impressa por ser mais visual, facilitando a percepção de alusão ao pe- ríodo noturno quando utilizada a simbologia da lua no anúncio publicitário. Figuras 24: Comunicação Nívea Fonte: https://www.idealmarketing.com.br/blog/propagandas-criativas/ 49 • Distribuição: A distribuição é a forma como é veiculado o produto para o mercado. Ou seja, comunicar, a partir de um suporte intermediador, o que foi idealizado e criado no modo design e posteriormente produzido, a partir dos recursos materiais escolhidos. É especificamente a distribuição desse produto em um dado suporte como, por exemplo, internet, revistas, jornais, televisão entre outras muitas formas de veiculação. A campanha a seguir voltada para conscientizar motociclistas no trânsito utiliza um outdoor de forma criativa como canal para dis- tribuição da mensagem. Figuras 25: Comunicação Motociclistas Fonte:https://www.promoview.com.br/categoria/geral/outdoor-duplo-mostra-o-resultado-da-pressa-no- -transito.html 50 Na era da multimodalidade, os modos semióticos, além da língua, são vistos como to- talmente capazes de servir para representação e comunicação. Na verdade, a língua, seja falada ou escrita, pode agora com mais frequência ser vista como ‘apoio’ aos outros modos semióti- cos: ao visual, por exemplo. A língua pode e deve ser “extravisual”. Todos os modos semióticos são necessários para unir a questão da imagem e do texto verbal à questão social das relações de poder existentes. A proposta é de acoplamento de outros modos semióticos para a efetivação de uma leitura crítica a respeito do que se “lê” ver- balmente e imageticamente, e para que os indivíduos sejam preparados para a vivência comu- nicativa em uma sociedade que utiliza mais de uma forma ou modos semióticos. A compreen- são de um texto, por exemplo, é um processo que caracteriza a mobilização do conhecimento prévio: o leitor utiliza o conhecimento e suas experiências adquiridas ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento de mundo que constrói sentido ao texto e à mensagem. Observe neste link da campanha da ETB a seguir como a lin- guagem publicitária é trabalhada para construção do sentido da co- municação a partir de um contexto social que retrata o dia das mães sobre pontos de vistas diferentes: https://www.youtube.com/watch?v=JfC6PRu_gvs O princípio fundador da linguagem está na relação entre os sujeitos, ou seja, na produ- ção e interpretação que se constrói o sentido da comunicação entre as pessoas. O signo nasce e se desenvolve considerando os fluxos sociais, culturais e históricos, ele só pode ser pensado socialmente e dentro de um contexto. Assim, o discurso não é individual, tanto pelo fato de que ele se constrói por pelo menos duas pessoas, como pelo fato de que ele se constrói como um diálogo entre discursos, isto é, mantém relações com outros discursos, outros contextos e formas de linguagem. 51 Mas em que implica essa afirmação de contextos e forma de linguagens na comunicação coletiva? Perceba a relevância de se explorar a produção de sentidos que os modos semióticos possibilitam dentro de um contexto social. Veja que podemos ampliar e extrapolar o modo se- miótico verbal de comunicação para uma linguagem multimodal. Modos semióticos de mes- ma relevância quando unidos permitem uma melhor interpretação e entendimento do texto apresentado. Afinal, a produção de imagens e produções midiáticas, considerando o uso e am- pliação dos modos semióticos possíveis, consiste em uma questão de cidadania, permitindo aos indivíduos se inserirem e se posicionarem como cidadãos na esfera da comunicação. Neste link a seguir você poderá saber um pouco mais sobre o tema deste capítulo ao ler o artigo de José Luiz Fiorin apresentado no Fórum: Semiose. Design e Comunicologia: http://ken.pucsp.br/gala- xia/article/viewFile/1390/869 Objetivos da Unidade Unidade IV – Arte e comunicação, ele- mentos de análise e meios audiovisuaisIV Espero que, após o estudo da unidade, você seja capaz de: - Avaliar a relação da semiótica na arte e na comunicação. - Identificar por meio da semiótica os elementos de análise e meios audiovisuais. 53 Unidade IV - Arte e comunicação, elementosde análise e meios audiovisuais 4.1. Arte e Comunicação na Semiótica Nos capítulos anteriores do guia, você descobriu que é considerado signo tudo que existe em forma de representação. Nesse sentido, quanto maior nosso domínio sobre os signos na semiótica, mais clareza teremos ao transmitir a mensagem desejada. É nesse contexto que se envolvem principalmente a mídia e a propaganda. Como vi- mos anteriormente, toda comunicação tem por trás um objetivo e uma mensagem central, que norteiam toda a composição da criação publicitária. Do ponto vista da arte e comunicação, isto não é muito diferente. Percebe-se que os artistas também procuram estabelecer uma comu- nicação, tanto específica quanto subjetiva, através de seus trabalhos, especialmente na lingua- gem visual. O estudo dos signos ajudou nossa consciência no desenvolvimento de conceitos e dispositivos de indagação que nos permitem descrever, analisar e interpretar linguagens. Qual a contribuição da Semiótica para as Artes e a Comunica- ção? A nossa própria percepção do mundo acontece por meio da interpretação de signos. A linguagem, percepção e signo são elementos inseparáveis e imprescindíveis para compreen- são do mundo. Dessa forma, o estudo da semiótica apresenta uma grande relevância para o campo das artes, pois não podemos pensar arte sem o uso de linguagens. 54 A arte grafite ganha cada vez mais espaço nas áreas urbanas das cidades como forma de manifestação e expressão dos artistas de rua que agora estão ganhando também, seu espaço em galerias de arte, como no caso abaixo do artista brasileiro Crânio que teve sua arte exposta em galeria de São Paulo Fonte: https://economia.estadao.com.br/blogs/retratos-da-economia/grafite-brasileiro-conquista-espaco- -em-galeria-de-arte/ Figuras 26: Obra do grafiteiro Crânio Observe a arte criada pelo grafiteiro Crânio no exemplo ante- rior. Você acredita que a arte grafite pode ser um instrumento de mani- festação e crítica social? Quais os interesses e objetivos do artista com essa arte? Avalie os aspectos visuais e tente interpretar os “sinais” dessa comunicação e a mensagem que o artista procura transmitir na arte de rua acima. 55 O americano Charles Sanders Peirce é o fundador das ciências dos signos: a semiótica. Peirce formulou definições e classificações para os signos criando três modalidades possíveis de apreensão de todo e qualquer fenômeno. Isto pode nos ajudar a entender melhor e inter- pretar os elementos presentes nas artes e na comunicação. Vejamos a seguir: Primeiridade: É relacionada com a qualidade - a sensação imediata de algo; nossa pri- meira impressão, sem que nos remeta a algum sentido ou lembranças. Secundidade: É ligada à existência – a identificação de que aquela qualidade anterior existe em um local; é a sua materialização. Terceiridade: Corresponde à nossa interpretação do signo em um todo – parte em que a primeiridade e secundidade se unem em uma síntese intelectual. Veja um exemplo bem simples dessa classificação de Peirce: Primeiridade: Azul; Secun- didade: Céu; Terceiridade: O azul do céu. Agora, levando os estudos de Pierce para o campo das Artes Visuais, entendemos a obra de arte como portadora de uma dessas três modalidades de classificação. Como vimos no primeiro capítulo, na obra de arte também es- tão contidos ícones e índices, qualidades e reações que produzem in- terpretações do mundo. Como lógica expressiva, a arte tem, portanto, um status de terceiridade, pois enquanto signo consiste num símbolo que justifica outro símbolo. 56 Veja no exemplo a seguir uma análise dos elementos da classi- ficação dos signos de Peirce: primeiridade, secundidade e terceiridade em uma peça publicitária, que pode também ser interpretada sobre a ótica da arte. Figuras 27: Obra do grafiteiro Crânio Fonte: https://adscreative.wordpress.com/2008/11/17/greenpeace-catastrophe/ A Greenpeace é uma das principais ONGs focada em meio ambiente do mundo. Geralmente as propagandas da Greenpeace tem como objetivo em sua comunicação comover quem a recebe e por isto são sempre impactantes. A assinatura da peça publicitária do Greenpeace na imagem diz “Stop the catas- trophe”, em português, “Pare a catástrofe”. Essa assinatura da peça nos permite um maior entendimento do que está realmente acontecendo na imagem, nos auxiliando a avançar 57 da primeiridade para a secundidade na leitura, ou seja, ir além da primeira impressão sobre a imagem e avançar para um nível maior de compreensão. A imagem apresenta também um homem com um machado como ícone da men- sagem, que também pode ser compreendido como um símbolo que nos remete a uma ação de destruição. No ponto central da imagem, temos o ícone de uma árvore que ao mesmo tempo pode ser visto como um índice de explosão ou destruição que remete a representação de uma bomba atômica. Há também índices de devastação em toda arte, como no terreno aparentemente sem nada e nas nuvens negras que ajudam a reforçar essa leitura de catástrofe. Ao analisar os ícones, índices e símbolos e ao que eles nos remetem nessa arte, podemos mais facilmente chegar na terceiridade, que seria o estado de compreensão de todos os elementos usados e a sua finalidade. A peça da Greenpeace indica neste senti- do que ao derrubar uma árvore estamos mais perto de uma catástrofe, da nossa própria destruição. Somos seres simbólicos, ou seja, de linguagem. Desde os primórdios da existência hu- mana, a comunicação é feita por meio de representações. As pessoas são seres simbólicos que criam ativamente seu mundo através da interpretação, que não é um ato autônomo, mas sim coletivo. Os indivíduos interpretam com o auxílio dos outros, os significados são construídos através de interações. A arte rupestre é compreendida como um conjunto de dese- nhos, pinturas e inscrições realizadas pelo homem pré-histórico. Mui- tos especialistas ainda discutem se o desenho rupestre pode ser ava- liado como uma forma de arte. Geralmente, esse tipo de manifestação 58 artística aparece no interior de cavernas e em outras superfícies rochosas cingidas pela marca da presença humana. Figuras 28: Arte Rupestre Fonte: https://pretoevermelhoblog.wordpress.com/2017/01/11/arte-rupestre/ Atualmente também trocamos informações por meio de signos. Porém, no mundo atual somos bombardeados com milhões de dados simultaneamente, muito em função dos avanços da tecnologia e dos meios de comunicação digital. Estamos acostumados a observar uma representação em seu todo, sem uma análise crítica dos interesses por traz de uma comu- nicação. Já sobre a luz da semiótica, procura-se dividir todos os elementos, estudar o efeito de cada um, para que, desse modo, o objetivo central seja transmitido com maior êxito ao final de uma interpretação dos elementos linguísticos. Nas artes percebe-se o uso constante de imagens, muitas vezes apresentando um con- teúdo simbólico e significativo. Essas imagens podem ser criadas usando técnicas de abstra- ção, por exemplo, que por sua vez, podem trazer em si a prática da leitura semiótica. Tal leitura 59 possibilita que novas interpretações e significados coletivos surjam através de discussões, per- mitindo o desdobramento significativo da obra. Ninguém passa despercebido pelas artes de rua do misterioso inglês Banksy. Pouco se sabe sobre ele. O que se sabe realmente é que os polêmicos trabalhos, como o apresentado a seguir, aparecem ao redor do mundo e encantam ou revoltam aqueles que passam. Como você interpretaria essa provocação em arte grafite de Banksy? Figura 29: Arte de Banksy Fonte: https://www.culturagenial.com/obras-banksy/ Gostaria que você percebesse que, a partir da Semiótica Peirceana, fica muito mais fácilinterpretar a mensagem específica que uma obra detém, reduzindo o espaço para as varia- das interpretações subjetivas que poderiam ser formadas, mesmo sabendo da importância da subjetividade como um meio vital pelo qual, parte da arte contemporânea, por exemplo, se 60 manifesta e se articula. Utilizar e compreender a semiótica é extremamente benéfico, seja na explicação de um conteúdo, em uma produção artística ou como apoio na criação publicitária. 4.2. Elementos de Análise e Meios Audiovisuais Para possibilitar uma construção de repertório de imagens significativas, precisamos ampliar nossa consciência audiovisual, aumentar nossa capacidade de imaginar, criar, compre- ender, ressignificar, criticar e escolher entre uma infinidade de ações possíveis no campo da comunicação. Lembre-se do último filme que assistiu ou dos seus filmes favo- ritos. O quanto você precisou de usar de sua consciência audiovisual para interpretar a mensagem transmitida pelo diretor e participantes do filme? O repertório de imagens e sons significativos que você adquiriu ao longo da sua vida fez toda diferença o entendimento da comunicação que foi transmitida pela linguagem do cinema. A relação entre áudio e vídeo nesse caso é de extrema importância para a construção da narrativa e história retratada. Um filme, enquanto arte, é carregado de significados simbóli- co-culturais do movimento humano. Do ponto de vista da semiótica, um signo tem uma materialidade que percebemos com um ou vários de nossos sentidos. É possível vê-lo (um objeto, uma cor, um gesto), ouvi-lo (lin- guagem articulada, grito, música, ruído), senti-lo (vários odores: perfume, fumaça) tocá-lo ou ainda saboreá-lo. Essa coisa que se percebe está no lugar de outra; esta é a particularidade essencial do signo: estar ali, presente, para designar ou significar outra coisa, ausente, concreta ou abstrata. Ao examinar especificamente a sintaxe da linguagem visual, é importante compreen- 61 dermos de que forma a linguagem visual se ordena, se organiza e se oferece a um dado sujeito. O termo sintaxe é usado na gramática para prescrever as regras da reta “correspondência das palavras na oração e das orações no período”. Nesse contexto, vamos apresentar aqui de modo que você compreenda como a linguagem visual se comporta e como podemos tirar o maior proveito do conhecimento de suas estruturas. As campanhas publicitárias da marca de moda italiana Benet- ton, que retratam a luta contra o preconceito racial, fazem parte de uma bandeira que a empresa já levanta em sua comunicação há bas- tante tempo. A representatividade sempre foi um tema importante para a Benetton que utiliza em suas campanhas a força do impacto visual para transmitir sua mensagem. Nessa campanha apresentada a seguir, três etnias diferentes estão abra- çadas e envoltas por um manto, simbolizando a união entre as raças: “United colors of Benetton” (União das cores da Benetton). Figura 30: Campanha publicitárias Benetton Fonte: https://www.comunicaquemuda.com.br/diversidade-nua/ 62 O “analfabetismo visual” acontece quando não aprendemos a ver o que está a nossa volta. Considerando nossa capacidade sensorial, 83% de nossa capacidade de absorção das informações ao nosso redor é feita pelo sentido da visão. Outros 11% pelo sentido da audição, seguidos de 3,5% pelo olfato, 1,5% pelo tato e 1,0% pelo paladar. Vivemos em uma civilização marcadamente visual, sendo ele nosso sentido mais aguçado. Veja a seguir os elementos básicos que fornecem o cenário para todas as linguagens visuais. A partir deles, obtemos matéria-prima para todos os níveis de inteligência visual, e é a partir deles que se planejam e expressam todas as variedades de manifestações visuais, obje- tos, ambientes e experiências: Ponto: unidade visual mínima. Indicador e marcador de espaço. Linha: o articulador fluido da forma. Forma: as formas básicas, o círculo, o quadrado, o triângulo e suas variações, combina- ções, permutações de planos e dimensões. Direção: o impulso de movimento que incorpora e reflete o caráter das formas básicas, circulares, diagonais, perpendiculares. Tom: a presença ou a ausência de luz, através da qual enxergamos. Cor: a contraparte do tom com o acréscimo do componente cromático, o elemento visual mais expressivo e emocional. Textura: óptica ou tátil, o caráter de superfície dos materiais visuais. Escala ou Proporção: medida e o tamanho relativos. Dimensão e o movimento: ambos implícitos e expressos com a mesma frequência. 63 Todas as composições visuais são o resultado do arranjo e combinação desses elemen- tos básicos da linguagem visual. Perceba que não se faz necessária a presença de todos, mas a maneira pela qual são dispostos e o quanto são mais ou menos explorados é que irá oferecer uma gama de possibilidades nos processos criativos. Podemos afirmar que as técnicas que buscam soluções visuais diferenciadas, trabalham objetivando estabelecer contrastes ou har- monias, a partir da disposição desses mesmos elementos. O papel do publicitário ou designer torna-se então de suma importância para que os resultados pretendidos nos processos de co- municação sejam alcançados. Em um processo criativo de construção de uma logomarca, é preciso avaliar os elementos visuais que serão utilizados para criar o sentido e percepção da marca em sua totalidade, enquanto unidade. Isto não é algo analítico, mas sintético. Veja nos exemplos como foram trabalhados os elementos visuais na construção das marcas. O logotipo refere-se à forma particular como o nome da marca é representado graficamente, pela escolha ou desenho de uma tipo- grafia específica. É um dos elementos gráficos de composição de uma marca, algumas vezes é o único, tornando-se a principal representação gráfica da mesma. Figura 31: Logotipos Fonte: Arquivos do autor 64 A marca Sony, ao grafar a sua marca, utiliza apenas a forma particular como o nome da marca é representado graficamente (logotipo), prescindindo da utilização de qualquer outro elemento gráfico adicional (símbolo) para compor a marca. Ao contrário da SONY, a Nike, utiliza simultaneamente um símbolo e um logotipo para grafar a sua marca. A Marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificá-la de um modo imediato. Pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. Ícones são atemporais, mas para trazê-los à modernidade de uma maneira contemporânea é necessário um plano que dialogue com os tempos atuais. Com isso em mente, a Fiat desenvolveu uma campanha integrada para o lançamento da Nova Fiat Strada, ícone das picapes, que revive Elvis Presley, Rei do Rock, de um jeito completamente inovador. Com o conceito “Nova Fiat Strada. A Lenda se Superou”, a Fiat desenvolveu uma estratégia que envolve conteúdos para multiplataformas. Confira e análise como os elementos audiovi- suais estão presentes nessa campanha para transmitir a mensagem da Fiat: https://www. youtube.com/watch?v=UhD93mnmPrQ&feature=youtu.be As imagens e os sons estão intrinsecamente inseridos em nosso cotidiano, seja na mí- dia, nas representações de arte, nas diferentes formas tecnológicas, proporcionando interati- vidade e consumo mercadológico. Um filme publicitário tem a potencialidade de criar signos, configurando-se como um produto de grande representatividade e influenciador cultural, através da sensibilidade e seu poder de sedução a partir da geração da imagem audiovisual. Com os avanços tecnológico a 65 produção publicitária ganha força nos meios digitais, em especial nas produções multimídias. A semiótica possibilita interpretar os signos resultantes dos elementos audiovisuais em um filme publicitário em específico,podendo produzir signos que têm a função de transmitir ideias e conceitos, em primeiridade, de uma forma mais estética (sentida) para, depois, de- mandar uma interpretação por livre associação de quem quer que tenha percebido tais signos. Nesse aspecto, a semiótica desempenha papel fundamental para a interpretação dos signos da comunicação audiovisual. Ela ajuda a investigar todas as formas de linguagem, buscando compreender os fenômenos na produção de significado e sentido, através de fotografia, linhas, cores, movimentos, entre outros elementos usados na persuasão da comunicação. Além disto, a semiótica permite isolar e interpretar signos para mapear seu uso e significá-lo dentro do contexto da mensagem, uma vez que signos são atualizáveis no tempo e no espaço, como nesse caso apresentado do Novo Fiat Strada. Apresentamos nessa unidade alguns elementos que fazem parte da nossa educação audiovisual, ou alfabetização audiovisual. O conhecimento de tais procedimentos pode ser de muita utilidade na composição e disposição dos elementos signos nos processos de comunicação. Claro que devemos ter em mente o que objetivamos com determinada composição, a fim de podermos escolher com propriedade os recursos e elementos que melhor contribuam ao nosso intento. Muito além da estética, as linguagens audiovisuais podem ser importantes recursos nos processos de comunicação. Um livro muito interessante a esse respeito é o Sintaxe da lin- guagem visual, de Donis A. Dondis (2000) publicado pela Martins Fon- tes. Ele é muito didático e traz muitos exemplos que ajudam na com- preensão do tema. Objetivos da Unidade Unidade V – Sistemas Semióticos Particulares: Representação e In- terpretação de Signos V Espero que, após o estudo da unidade, você seja capaz de: - Reconhecer os sistemas particulares de representação e in- terpretação dos signos. - Compreender e analisar o uso dos signos na comunicação. 67 Unidade V – Sistemas Semióticos Particulares: Representação e Interpreta- ção de Signos Nas próximas páginas você encontrará conteúdos relacionados aos sistemas particula- res de representação e interpretação dos signos. Esse estudo poderá te auxiliar na compreen- são e uso dos signos na comunicação. 5.1. Sistemas Semióticos Particulares e a Representação de Signos Na primeira etapa desse estudo, apresentamos os signos como recursos que utilizamos no processo de comunicação para representarmos algo. Você já percebeu que os signos estão presentes em todos os processos de comunicação. Podem aparecer de forma explícita ganhan- do destaque na mensagem ou como coadjuvantes da linguagem escrita, mas cumprem um papel importante na comunicação. Em algumas situações, podem ainda substituir a lingua- gem escrita, como no caso da linguagem de sinais. Observe que muitos signos podem ser universais e compreendidos de forma imediata ou podem ser muito particulares, sendo praticamente incompreensíveis para quem desconhe- ce aquele código linguístico e o contexto em que o signo está inserido. Isto se deve a uma ca- racterística própria dos signos: a mobilidade e plasticidade do contexto no qual está inserido e, por outro lado, do caráter objetivo e claro para os que dominam o código simbólico. Apresentamos anteriormente uma variação da campanha que veremos a seguir do “Maio Amarelo” pela conscientização no trânsito. Com base na semiótica, as placas de trânsito são símbolos universais e utilizadas nessa campanha para reforçar as consequências para vários tipos de pessoas quando existe o desrespeito aos sinais de trânsito. Você acredita que esse tipo de comunicação pode ser entendido por todos e fomentar uma reflexão e mudança de comportamento para um trânsito mais seguro? 68 Figura 32: Maio Amarelo Fonte: http://designstuff.com.br/semiotica-aplicada-ao-design-grafico/ Veja a seguir mais alguns exemplos que podem nos ajudar a tipificar os Sistemas Semi- óticos Particulares de Representação e Interpretação de Signos. Foram escolhidos apenas qua- tro exemplos, de uma série praticamente infinita. Neste caso, o mais importante é demonstrar como o contexto e os interlocutores mobilizam a escolha do símbolo mais adequado. Símbolo Universal: a figura de um crânio com dois ossos cru- zados remete à ideia de morte ou perigo. É um símbolo conhe- cido por todos e sustenta-se sobre a experiência da morte que é comum à espécie humana, como um todo. Normalmente essa representação é usada em rótulos de venenos, áreas de risco, enfim, em todas as situações onde o perigo se mostra próximo, com risco de morte. O símbolo dispensa explicações e é auto suficiente, independentemente da matriz cultural na qual está inserido. Vale para letrados e analfabetos. Figura 33: Símbolo de Risco de Morte Fonte: iStock.com 69 Signos particulares: O símbolo apresentado a seguir exige um conhecimento mínimo em eletricidade para compreendermos o que ele pretende. Pessoas que desconhecem a ener- gia elétrica e os componentes ali listados não irão fazer ideia do objeto ou do universo a que esse esquema remete. Tal símbolo restringe os interlocutores e coloca como exigência o domínio do código para que a mensagem seja compreendida. Utiliza símbolos universais (se pensarmos no universo daqueles que manipulam situações elétricas no cotidiano), mas permanece restrito à comunidade que domina o código específico. Figura 34: Sistema elétrico Fonte: Arquivos do autor Signo enquanto mensagem: O símbolo de proibido fumar é a própria mensagem de forma explícita. Permite compreender a restrição apontada rapidamente. Experimentamos um longo processo de educação visual que nos permite captar a mensa- gem de forma direta, sem intermediações. Círculos cortados por linhas diagonais ou na horizontal apontam para interdições, proibições. O cigarro poderia ser substituído facilmente por bici- cletas, animais ou instrumentos sonoros, mas a mensagem con- tinuaria sendo a de proibição. Figura 35: Símbolo proibido fumar Fonte: iStock.com 70 Símbolo coadjuvante da mensagem: temos situações que a mensagem precisa ser explícita e sem incorrer no erro de não ser compreendida. Nesse caso, soma-se então um texto a uma imagem, reforçando ainda mais a mensagem. Um cartaz com os dizeres “Não Fume!” já mostra de maneira clara a intenção, mas, seguido de uma imagem bastante conhecida reforça o seu sig- nificado e oferece mais possibilidades de que seu conteúdo seja compreendido de forma indubitável. Daí a sua tautologia, pois a imagem é sinônimo da mensagem escrita “Não Fume!”, fundin- do-se na mensagem final que é o mesmo “Não Fume!”. Figura 36: Símbolo proibido fumar Fonte: iStock.com Tendo em vista o conhecimento dos signos que fazem parte do nosso dia a dia, sendo eles universais ou particulares, quais outros sím- bolos você costuma encontrar no seu cotidiano quando está fazendo compras, no trânsito, visitando empresas ou locais públicos? Passe a observar e levante aqueles que podem ser considerados universais e aqueles particula- res que necessitam de conhecimentos específicos para serem interpretados. 5.2. Sistemas Semióticos e a Interpretação de Signos O uso dos signos visa satisfazer uma necessidade básica de comunicar e o estágio de evolução da humanidade está ancorado no uso e construção da linguagem. Nossa capacidade de abstrair, extrapolar o universo dado e transcendê-lo é um atributo humano e que confere a humanidade ao próprio homem. A comunicação simbólica é uma atividade essencialmente humana que lhe confere sua identidade mesma. A representação clássica do modelo de comu- nicação pressupõe três elementos: um emissor, um receptor e uma mensagem. 71 O diagrama esquemático do Sistema de Comunicação Geral desenvolvido por Shannon e Weaver, em 1949, ainda é muito útil
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