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BIANCA DELLA NINA Especialista em Língua Portuguesa Mestra em Educação NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA BIANCA DELLA NINA NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA 1ª edição Petrópolis Edição do Autor 2009 Bianca Della Nina Todos os direitos reservados ao autor. Della Nina, Bianca. Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa/Bianca Della Nina. – 1. ed. – Petrópolis, 2009. Bibliografia. ISBN 978-85-909471-0-3 1. Português – Ortografia. SUMÁRIO I. Introdução........................................................................................... 5 1.1 Período de Adaptação ................................................................. 6 1.2 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) ............ 7 II. Os Países de Língua Portuguesa ....................................................... 8 III. História dos Acordos Ortográficos ..................................................... 9 IV. O Acordo ........................................................................................ 12 4.1 O Alfabeto.................................................................................. 12 4.2 Topônimos e Antropônimos ....................................................... 13 4. 3 Sequências Consonânticas ....................................................... 14 4.4 Grafia de Derivados ................................................................... 15 4.5 Sujeito de Infinitivo ..................................................................... 15 4.6 Sinal de Diérese: Fim do trema .................................................. 16 4.7 Iniciais Maiúsculas e Minúsculas ................................................ 16 4.7.1 Inicial Minúscula ................................................................. 16 4.7.2 Inicial Maiúscula ................................................................. 17 4.7.3 Emprego Facultativo ........................................................... 17 4.8 Acentuação................................................................................ 17 4.8.1 Das Oxítonas ...................................................................... 17 4.8.2 Das Proparoxítonas e Paroxítonas ...................................... 18 4.8.3 Das Vogais Iguais .............................................................. 19 4.8.4 Regra do “U” e do “I” .......................................................... 19 4.8.5 Ditongos Abertos “éu”, “éi” e “ói” ........................................ 21 4.8.6 Regra do Acento Diferencial .............................................. 21 Considerações sobre a Acentuação ................................................. 23 4.9 O Hífen ...................................................................................... 24 4.9.1 Hífen em Compostos, Encadeamentos Vocabulares, Locuções e Verbo Haver ............................................................. 24 4.9.2 Hífen nas Formações por Prefixação, Recomposição e Sufixação .................................................................................... 29 Considerações sobre o Hífen ........................................................... 34 Considerações Finais .......................................................................... 37 Teste seus conhecimentos................................................................... 38 Referências ......................................................................................... 47 Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) ................................. 47 Nota Explicativa da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL .... 77 A Autora .............................................................................................. 80 5 I. Introdução Com a assinatura do Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008, pela Presidência da República, entrou em vigor, a partir de 1º de janeiro de 2009, o NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA. O léxico brasileiro e o português sofrerá mudanças, respectivamente de 0,43% (aproximadamente 1.500) e 1,42% (aproximadamente 4.900) das palavras. Apesar de não serem muitas, as mudanças propostas pelo novo acordo têm gerado polêmica entre gramáticos, dicionaristas e editores brasileiros. A sociedade portuguesa ainda está reticente. Enxerga o acordo como uma autorização para o “abrasileiramento” de sua língua- mãe. Os que são a favor da unificação alegam que a unificação facilitará a circulação de materiais, como documentos oficiais e livros, entre esses países, sem que seja necessário fazer uma “tradução” do material, o fato de haver duas grafias oficiais dificulta o estabelecimento do português como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) e que ele constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional pois, com o acordo, as diferenças ortográficas existentes entre o português do Brasil e o de Portugal serão resolvidas em 98%. Os que não veem maior importância nas alterações propostas argumentam a dificuldade que um brasileiro encontra em ler um livro português (e vice-versa) não está na variação ortográfica ou sintática, mas na significação das palavras (que configura uma questão semântica e não ortográfica!). Alegam que o acordo não garantirá a unificação do idioma entre os países que falam português: algumas formas ortográficas existentes hoje no Brasil e em Portugal continuam valendo. São os casos de “Antônio” e “polêmico”, que se escrevem com acento agudo em Portugal (“António” e “polémico”). Além disso, a semântica vai continuar a mesma. A fila do Brasil vai continuar sendo a bicha de Portugal. De acordo com Mia Couto, escritor moçambicano, o Acordo de unificação ortográfica é visto em Moçambique “de uma maneira muito 6 displicente. Percebe-se que não é isso que falta, nem que vá resultar grande coisa. É como se fosse uma questão só de Portugal e Brasil. Meus livros são publicados no Brasil com grafia moçambicana, que é portuguesa, e ninguém me disse que ficou muito atrapalhado com isso. Leio com enorme prazer os livros brasileiros e um dos prazeres é o fato de vocês terem uma grafia distinta. A existência dela não é problema, pois sentir certa falta de familiaridade mostra que ali está um outro povo, uma outra cultura falando. “ O poeta José Paulo Paes, realçando as diferenças de vocabulário existentes entre o Português do Brasil e o de Portugal, escreveu o seguinte texto: LISBOA AVENTURAS tomei um expresso cheguei de foguete subi num bonde desci de um elétrico pedi um cafezinho serviram-me uma bica fui dar a descarga disparei um autoclisma gritei “ó cara!” responderam-me “ó pá!” positivamente As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Positivamente, não há acordo ortográfico que padronize esta questão: o brasileiro veste meias; o lusitano, peúgas!. 1.1 Período de Adaptação Mesmo entrando em vigor em janeiro de 2009, os falantes do idioma terão até dezembro de 2012 para se adaptarem à nova escrita. Nesse período, as duas normas ortográficas poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos. 7 1.2 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) O VOLP, organizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), apresenta uma relação das palavras que compõem o léxico da língua portuguesa. Esta 5ª edição traz: - 340 mil verbetes da língua portuguesa, com um vocábulo ou expressão por verbete, com classificação gramatical; ortoépia, para eliminar dúvidas sobre a pronúncia correta; - 1500 verbetes de palavrasestrangeiras, com um vocábulo ou expressão por verbete para palavras e expressões de outras línguas de uso corrente no Brasil: inglês, espanhol, francês, latim, alemão, japonês, italiano e outras; - 4.487 vocábulos para reduções, reunindo abreviaturas, abreviações, siglas, acrônimos e outras formas reduzidas de maior uso; - texto integral do Acordo Ortográfico de 1990, com todos os seus anexos, relatórios e justificativas, assinado por representantes de todos os países em que o português é língua oficial: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe; - os decretos presidenciais sobre a adoção e a implementação do Acordo no Brasil. IMPORTANTE: A Comissão de Lexicocologia e Lexicografoia da ABL tomou algumas medidas a fim de viabilizar o repertório lexical da 5ª edição do VOLP com o sintético e enxuto texto do ACORDO. Tais medidas valem para o português do Brasil (PB) e não são contempladas pelo léxico do português de Portugal (PP). No decorrer deste livro estas medidas estarão assinaladas com PB. 8 II. Os Países de Língua Portuguesa Espalhada pelos cinco continentes, a língua portuguesa figura entre as dez mais faladas do planeta. Estruturada a partir do século XII, desde o século XV ultrapassou as fronteiras da península Ibérica, acompanhando as caravelas lusitanas na aventura das grandes navegações. Os sete países que têm o português como língua oficial são chamados de lusófonos. E, apesar da incorporação de vocábulos nativos, de certas particularidades de sintaxe, pronúncia e grafia, a língua portuguesa mantém uma unidade. O português é também falado em pequenas comunidades, reflexo de povoamentos portugueses datados do século XVI. É o caso de Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África); Macau (possessão portuguesa encravada na China); Goa, Diu, Damão (na Índia); Málaca (na Malásia); Timor (na Indonésia). 9 III. História dos Acordos Ortográficos As línguas românicas, a partir do século XV, vão se impondo como línguas oficiais em decorrência de fatos marcantes para a história ocidental. A invenção da imprensa, o humanismo e a Renascença, sem dúvida, alteraram a relação com a ortografia criando a necessidade de explicitar a gramática da língua. A partir desse momento, floresceram os estudos linguísticos, principalmente os de caráter ortográfico, por haverem os fonemas latinos se modificado muito em sua evolução para os romances, surgindo novos fonemas inexistentes na língua. Daí o surgimento, nessa época, de inúmeras gramáticas ortográficas. Na segunda metade do século XVI, no entanto, sob o impulso do preciosismo barroco e da necessidade de afirmação da língua portuguesa face ao castelhano, o rumo dos estudos linguísticos portugueses dará uma guinada em direção à perspectiva histórica, procurando deliberadamente dar uma feição latina aos vocábulos portugueses, o que levará, inevitavelmente, à implantação de uma ortografia etimológica. Tal perspectiva procurará seguir fielmente a grafia de um determinado período da história da língua, considerada como modelo de perfeição e excelência (latim). Em contrapartida, uma perspectiva fonética procurará selecionar um símbolo para cada som; na verdade, um sistema simplificador, aproximando a escrita da realidade da pronúncia. Essa polêmica entre ortografia etimológica e ortografia fonética permanecerá nos séculos XVII e XVIII. Somente a partir do século XX é que houve um esforço em passar da rígida tradição etimológica a um sistema fonético, embora seja impossível uma total identidade entre o som e a grafia. Em 1904, o foneticista Gonçalves Viana publica, em Lisboa, a maior obra sobre ortografia da língua portuguesa, a Ortografia Nacional, que foi adotada pelo governo português como oficial em 1911. Politicamente, tal reforma foi um erro diplomático na medida em que ignorou a participação do Brasil, resultando em acaloradas polêmicas provocadas pela Reforma Ortográfica. 10 Tais manifestações levaram a que ela fosse alterada pelo novo Acordo Ortográfico, de 1931, entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras e tornado oficial pelo governo brasileiro através do Decreto n. 20108, de 15 de junho de 1931. Em 1934, o Acordo Ortográfico foi revogado pela Constituição Brasileira. Novas negociações resultaram da elaboração do vocabulário ortográfico elaborado pelas duas Academias, em que foram verificadas divergências entre a ortografia dos dois países. A uniformização foi proposta por Portugal através do Acordo de 1945. As modificações introduzidas pelo novo Acordo, ao priorizarem a ortografia lusitana, foram de tal monta que provocaram intensos protestos pelos brasileiros, culminando com a revogação do Acordo em 1955, restabelecendo-se o sistema ortográfico, instituído no Brasil em 1943. Como consequência passaram a existir duas normas ortográficas no que diz respeito à língua portuguesa: uma brasileira (1943) e uma lusitana (1945). O sistema ortográfico adotado atualmente no Brasil é o aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, e simplificado pela Lei nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971, quando foram abolidos: O trema nos hiatos átonos; O acento circunflexo diferencial nas letras e e o da sílaba tônica de certas palavras, usado para distingui-las de seus respectivos pares homógrafos, que têm as letras e e o abertas (com exceção de pôde, que continua com acento por oposição a pode); O acento circunflexo e o acento grave com que se assinalava a sílaba subtônica das palavras derivadas em que ocorre o sufixo –mente ou sufixos iniciados por z. Em decorrência disso, palavras como saudade, cautela, saudoso deixaram de receber trema; e palavras como acordo (subst.), almoço (subst.), governo (subst.), cafezinho, sozinha, propriamente, cortesmente também perderam o acento gráfico. A simplificação ortográfica de 1971 só foi adotada em Portugal em 1973. Ocorreu ainda outra tentativa de unificação em 1975; porém fracassou mais uma vez, sobretudo pelas reações de Portugal. Como a 11 manutenção da divergência entre a norma ortográfica dos dois países não interessava nem ao Brasil, nem a Portugal, tentaram elaborar um novo Acordo na tentativa de universalizar a ortografia. Após tantos desencontros, em maio de 1986, reúnem-se na cidade do Rio de Janeiro, os representantes dos sete países que têm a língua portuguesa como língua oficial. Iniciam-se, assim as discussões de que resultaram as bases do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entre Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. As reações ao Acordo de 1986 por parte dos portugueses – escritores, políticos e especialistas – foram de repúdio. No Brasil, tais reformas foram ignoradas. Em 1991, surge outra versão do documento anterior, o Acordo de Ortografia Simplificado entre Brasil e Portugal para Lusofonia, conhecido como Acordo Ortográfico de 1995, por ter sido aprovado oficialmente em 1995 pelos dois principais países envolvidos: Brasil e Portugal. Em 1998, em Cabo Verde, foi assinado um Protocolo Modificado ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, mas apenas Brasil, Portugal e Cabo Verde aprovaram este protocolo. Em nova tentativa, os chefes de Estado e de governo da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), aprovaram o Segundo Protocolo Modificado ao Acordo Ortográfico, que aceitava a adesão de Timor-Leste e determinava a necessidade de apenas três assinaturas dos membros da CPLP para que o Acordo entrasse em vigor nesses países. Dessa forma, o Brasil ratificou o Acordo em 2004, Cabo Verde em 2005, e São Tomé e Príncipe, em 2006. Portugal assinou o Acordo em maio de 2008. 12 IV. O ACORDO http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/ 109/pagina2.htm 4.1 O Alfabeto As letras K, W e Y sãoreintroduzidas no alfabeto, que volta a ter 26 letras: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos : a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo: Wagner, wagneriano, Byron, byroniano; Taylor, taylorista; http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/%20109/pagina2.htm http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/%20109/pagina2.htm 13 b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: K-potássio (de kalium), kg-quilograma, km-quilômetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard). OBS: 1. Mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: Comte (comtista), Garret (garretiano), Jefferson (jeffersônia), Müller (mülleriano), Shakespeare (shakesperiano), caravaggismo (Caravaggio). Isso ocorrerá pelas seguintes razões: Os dicionários da língua já registram estas letras, pois existe um razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas; Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que se escrevem com aquelas letras. 4.2 Topônimos e Antropônimos a) Nos topônimos (nomes de lugares) e antropônimos (nomes próprios de pessoas) , consagrados pelo uso, podem ser mantidas ou eliminadas as consoantes finais: Madrid ou Madri, David ou Davi, Jacob ou Jacó, Cid ou Cide, Calecut ou Calecute, Calicut ou Calicute. b) Os dígrafos ch, ph e th de origem hebraica: b.1) se pronunciados podem ser mantidos ou simplificados: Baruch ou Baruc, Loth ou Lot, Moloch ou Moloc, Ziph ou Zif. b.2) se mudos podem ser eliminados ou adaptados: José (Joseph) , Nazaré(Nazareth), Judite(Judith). c) Os topônimos de línguas estrangeiras devem ser substituídos por formas vernáculas: Antuérpia, Zurique, Milão, Munique, Turim, Jutlândia. Ex. Antes tanto fazia usar Anvers ou Antuérpia, Milano ou Milão, Zürich ou Zurique, Nova York ou Nova Iorque, Quebec ou Quebeque, London ou Londres. Agora, deve-se optar pela segunda forma. Quando o 14 topônimo não possuir correspondente no vernáculo (Buenos Aires, Los Angeles, Washington etc.), mantém-se a grafia original. 4. 3 Sequências Consonânticas Conservação ou supressão das consoantes c, p, b, g, m e t em certas sequências consonânticas: a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto. b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação (acção), acionar (accionar), afetivo (afectivo), aflição (aflicção), aflito (aflicto), ato (acto), coleção (colecção), coletivo (colectivo), direção (direcção), diretor (director), exato (exacto), objeção (objecção); adoção (adopção), adotar(adopção), batizar (baptizar), Egito (Egipto), ótimo (óptimo). c) Conservam-se ou eliminam-se as consoantes, facultativamente, quando oscilam entre a pronúncia e o emudecimento no culto e no coloquial: amígdala e amídala e seus derivados, amnistia e anistia, aritmética e arimética, aspecto e aspeto, cacto e cato, carácter ou caráter, caracteres e carateres; facto e fato, ceptro e cetro; dicção e dição, concepção e conceção, corrupto e corruto, excepcional e excecional, indemne e indene, indemnizar e indenizar, omnipotente e onipotente, omnisciente e onisciente, peremptório e perentório, recepção e receção, subtil e sutil e seus derivados, sector e setor, súbdito e súdito. Assim: cc – transacionado, lecionar. Mantém-se em friccionar, perfeccionismo, por se articular a consoante. cç – ação, ereção, reação. Mantém-se em fricção, sucção. ct – ato, atual, teto, projeto. Mantém-se em facto, bactéria, octogonal. pc – percecionar, anticoncecional. Mantém-se em núpcias, opcional. pç – adoção, conceção. Mantém-se em corrupção, opção. pt – Egito, batismo. Mantém-se em inapto, eucalipto. Essas mudanças serão mais comuns em Portugal do que no Brasil. 15 4.4 Grafia de Derivados 3.4.1 Uniformização dos sufixos –iano e –iense em vocábulos derivados de palavras terminadas em –e(s) ou com som de -e: açoriano, acriano (de Acre), camoniamo, freudiano (Freud). 3.4.2 Uniformizam-se com as terminações -io e -ia (átonas) os substantivos que constituem variações de outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo neste, véstia, de veste. 3.4.3 Escrevem-se com e e não com i antes da sílaba tônica os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em –eio e –eia, ou derivados: aldeão, aldeola, aldeota (aldeia), areal, areeiro, areento (areia), aveal (aveia), baleal (baleia), cadeado (cadeia), candeeiro (candeia), centeeira (centeio), colmeal e colmeeiro (colmeia), correada e correame (correia). 3.4.4 nos verbos em -iar (derivados de substantivos em –io ou –ia),as formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) terão dupla grafia: eu negoceio ou eu negocio (NEGÓCIO); eu odeio ou eu ódio (ÓDIO); eu medio ou em medeio (MÍDIA), eu incendeio ou eu incêndio (INCÊNDIO). Assim, apenas eu crio (CRIAR - CRIAÇÃO), eu maquio (MAQUIAR – MAQUIAGEM) 3.4.5 Os vocábulos terminados em -ã mantêm o til em seus derivados em -mente, assim como derivados com sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; manhãzinha, romãzeira. OBS: O item 3.4.5 já constava no vocabulário ortográfico anteriormente. Foi citado aqui como lembrete. 4.5 Sujeito de Infinitivo Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter 16 visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato de o conhecer; por causa de aqui estares. 4.6 Sinal de Diérese: Fim do trema Não se empregará mais o trema em poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade e não saüdade, saudar e não saüdar, etc. Conserva-se o trema em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hüberiano, de Hübner; mülleriano, de Muller; etc. Portugal utilizava o trema da mesma forma que o Brasil até o advento do Acordo Ortográfico de 1945, que suprimiu o trema na grafia de palavras vernáculas, reservando-o somente para palavras derivadas de nomes estrangeiros, como mülleriano (do antropônimo Müller). Em relação ao trema, alguns poderiam dizer que há muito está em desuso em português. Não se considera, entretanto, que ele é responsável ainda por informar a um leitor aprendiz de português (o que vai desde um falante nativo se alfabetizando até um estrangeiro estudando nosso idioma) se o u é ou não pronunciado nas sequências gu e qu seguidas de e ou i. 4.7 Iniciais Maiúsculas e Minúsculas 4.7.1 Inicial Minúscula a) Os meses do ano, estações do ano e dias da semana devem ser escritos com letra minúscula, a não ser que seja data comemorativa: Ex: 7 de Setembro b) Pontos cardeais: serão grafados com letras minúsculas: Ex: norte, sul, leste, oeste, sudeste, nordeste, noroeste, sueste, a menos que empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil. Nas abreviaturas usa-se a inicial maiúscula. c) Emprego de minúscula nos usos de fulano, sicrano, beltrano. http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropon%C3%ADmia 17 4.7.2 Inicial Maiúscula a) Emprego de maiúscula no nome de instituições: Ex: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social. 4.7.3 Emprego Facultativo a) Emprego facultativo da letra minúscula nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica (bibliônimos), com exceção do primeiro e daqueles obrigatoriamente grafado com inicial maiúscula. Ex: Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Memórias póstumas de Brás Cubas; O Espírito das Leis ou O espírito das leis. b) Emprego facultativo de minúscula nas formas de tratamento e reverência (axiônimos), bem como em nomes sagrados e que designam crenças religiosas (hagiônimos). Ex: Santa Isabel ou santa Isabel, Senhor Roberto, ou senhor Roberto, Vossa Reverendíssima ou vossa reverendíssima, Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor. c) Emprego facultativo de minúsculas nos nomes que designam domínios do saber e formas afins: Ex: Português ou português; Arte Medieval ou arte medieval; Letras Clássicas ou letras clássicas. Exceção: Direito d) Emprego facultativo de maiúscula inicial em logradouros públicos, templos e edifícios. Ex: Rua do Ouvidor ou rua do Ouvidor, Estrada das Figueiras, estrada das Figueiras, Igreja do Rosário ou igreja do Rosário,Palácio do Governo ou palácio do Governo, Rodovia Castelo Branco ou rodovia Castelo Branco. 4.8 Acentuação 4.8.1 Das Oxítonas Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tônico, provenientes do francês, admite-se tanto o acento agudo (como em francês) como o acento circunflexo (aportuguesado): 18 Ex: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guichê ou guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê. 4.8.2 Das Proparoxítonas e Paroxítonas Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: Ex: académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/ fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue. Estas vogais soam abertas em Portugal e nos países africanos, recebendo, por isso, acento agudo, mas são do timbre fechado em grande parte do Brasil, grafando-se, por conseguinte, com acento circunflexo. Também nos casos especiais de acentuação das paroxítonas ou graves, algumas palavras que contêm as vogais tónicas e e o em final de sílaba, seguida das consoantes nasais m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua. Tais palavras são assinaladas com acento agudo, se o timbre da vogal tónica é aberto, ou com acento circunflexo, se o timbre é fechado: fémur ou fêmur, Fénix ou Fênix, ónix ou ônix, sémen ou sêmen, xénon ou xênon; bónus ou bônus, ónus ou ônus, pónei ou pônei, ténis ou tênis, Vénus ou Vênus; etc. No total, estes são pouco mais de uma dúzia de casos. Tendo em conta o levantamento estatístico que se fez na Academia das Ciências de Lisboa, com base no já referido corpus de cerca de 110 000 palavras do vocabulário geral da língua, verificou-se que os citados casos de dupla acentuação gráfica abrangiam aproximadamente 1,27 % (cerca de 1400 palavras). 19 OBS: O VOLP só registra a forma do PB, que se pronuncia fechada. As formas abertas são características do PP. 4.8.3 Das Vogais Iguais (abolida pela reforma ortográfica) COMO ERA? Palavras terminadas em oo(s) e as formas verbais terminadas em -eem recebiam acento circunflexo: vôo, enjôo, crêem, dêem, lêem, povôo. COMO FICA? Sem acento. (PB) Nos paroxítonos terminados em –n o acento circunflexo permanece: herôon (gr héroon - Santuário onde se honrava um heroi. Var: herôo). O QUE NÃO MUDA? a) eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir); b) ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de ter e vir: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir); c) eles contêm, detêm, provêm, intervêm(terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de ter e vir). Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. 4.8.4 Regra do “U” e do “I” (parcialmente abolida) O QUE NÃO MUDA? As vogais i e u recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com s: Ex: Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, i-ca-ra-í, eu ca-í,eu sa-í,eu tra-í,o pa-ís,tu ca-ís-te, nós ca- ímos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a. 20 OBS: a) a vogal i tônica, antes de nh, não recebe acento agudo: rainha, bainha; b) Não há acento agudo quando formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to; c) Não há acento agudo quando as vogais i e u não estão isoladas na sílaba ou não forem seguidas de s: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul, cau-im, ru-im. O QUE MUDA? Perdem o acento agudo as palavras paroxítonas em que as vogais i e u ficam sozinhas na sílaba, havendo um ditongo na sílaba: fei-u-ra, bai-u-ca, boi-u-no, cau-i-la (var. cauira). COMO ERA / COMO FICA? Feiúra – feiura; baiúca – baiuca. OBS: Piauí, tuiuiú – continua o acento por serem oxítonas. a) Verbos Arguir e Redarguir ( o u é a vogal tônica) não levam mais acento na forma rizotônica (sílaba tônica encontra-se no radical): Arguo, arguis, arguis, argua, arguam. b) Verbos terminados em -guar, -quar e –quir como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Ex: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem, oblíquo. b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Ex. (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, com a e i tônicos. 21 4.8.5 Ditongos Abertos “éu”, “éi” e “ói” (regra parcialmente abolida) COMO ERA? Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos éu: céu, réu, chapéu, troféus / éi: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia / ói: dói, herói, esferóide. OBS: 1) Não se acentuam os ditongos fechados eu: seu, ateu, judeu, europeu / ei: lei, alheio, feia / oi: boi, coisa, o apoio 2) No Brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre aberto. O QUE MUDA? Perdem o acento agudo somente as palavras paroxítonas (ei, oi) que terminam em a, e, o,: ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio, ele apoia, esferoide, heroico... Assim: Méier, destróier continuam com acento. O QUE NÃO MUDA? O acento agudo permanece nas palavras oxítonas e monossílabas: dói, mói, rói, herói, anéis, papéis, pastéis, e no ditongo aberto éu: céu, troféu. 4.8.6 Regra do Acento Diferencial (parcialmente abolida) COMO ERA? Recebiam acento gráfico: ele pára - do verbo parar, só a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo; eu pélo, tu pélas e ele péla - do verbo pelar; o pêlo, os pêlos - cabelo, penugem pêra – fruta, só no singular o pólo, os pólos - jogo, tipo de camisa, extremidades do eixo imaginário da Terra ou outro planeta , pontos da superfície de um imã, planeta ou qualquer corpo magnetizado, parte do ovo aonde se concentra a maior parte do vitelo o pôlo, os pôlos - alcão ou gavião com idade inferior a um ano) côa - flexão de coar - e coa -combinação de com e a modo Côa - topônimo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra http://pt.wikipedia.org/wiki/Planeta http://pt.wikipedia.org/wiki/Im%C3%A3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Magnetismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitelo http://pt.wiktionary.org/wiki/falc%C3%A3o http://pt.wiktionary.org/wiki/gavi%C3%A3o http://pt.wiktionary.org/wiki/idade http://pt.wiktionary.org/wiki/inferior http://pt.wiktionary.org/wiki/um http://pt.wiktionary.org/wiki/ano 22 COMO FICA? Sem acento gráfico EX: Ele pára o carro. Ele para o carro. Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo. Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pêra. Comi uma pera. O QUE NÃO MUDA? a) pôr (só o infinitivo do verbo): “ele deve pôr em prática tudo que aprendeu”; por (preposição): “ele deve ir por este caminho”; b) pôde é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver o problema”; pode é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “agora ele não pode sair”. OBS: 1)Sugere-se que se acentue fôrma (“fôrma de pizza”), como orientam o dicionário Aurélio e o novo Acordo ortográfico, a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”). 2) Facultativo o acento diferencial: dêmos ou demos; fôrma ou forma; amámos ou amamos, e derivados dessas formas verbais. As razões por que se suprime, nestes casos, o acento gráfico são as seguintes: Em primeiro lugar, por coerência com abolição do acento gráfico já consagrada pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei n.º 5765, de 18 de Dezembro de 1971, no Brasil, em casos semelhantes, como, por exemplo: acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução de cor; sede (ê) e sede (é), ambos substantivos; etc.; em segundo lugar, porque, tratando-se de pares cujos elementos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sintático permite distinguir claramente tais homógrafas. 23 Considerações sobre a Acentuação A maioria das mudanças quanto à queda dos acentos (itens 3.8.3, 3.8.4 e 3.8.5) tem como objetivo abolir as exceções na regra das paroxítonas: não se acentuam as paroxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em, ens. Dessa forma, palavras como voo, veem, heroico, assembleia, arguo, averiguo, quando eram acentuadas, não se encaixavam na regra. Por essa mesma razão, restitui-se o acento em palavras como Méier, destróier e herôon, uma vez que se acentuam palavras paroxítonas terminadas em r e n. O mesmo motivo se aplica à queda do acento nas palavras paroxítonas em que as vogais i e u ficam sozinhas na sílaba, havendo um ditongo anterior. Nesse caso, não há a formação de hiato, o que não justificava a acentuação. No caso de formas verbais como argui, delinquis, etc., também não há justificação para o acento, pois se trata de oxítonas terminadas no ditongo tônico ui, que como tal nunca é acentuado graficamente. Tais formas só serão acentuadas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tônica for i, como, por exemplo, arguí (1.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo). Em relação aos ditongos abertos, a questão é mais séria. A proposta falha por falta de uniformidade e por negligenciar o aspecto fonético. Perde uniformidade ao determinar a eliminação do acento nas paroxítonas, mas sua manutenção em posição final. Assim, herói será acentuado, enquanto heroico não. Falha também por ignorar que o diacrítico em ditongos abertos traduz mais do que tonicidade – ele é, sobretudo para a variedade brasileira do idioma, também um indicativo de timbre, ou seja, as pessoas sabem, a partir dessas marcas, que a pronúncia de é e ó deve ser aberta. 24 4.9 O Hífen 4.9.1 Hífen em Compostos, Encadeamentos Vocabulares, Locuções e Verbo Haver 1. Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos, iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Ex: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra- Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a- Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes. Obs.: 1) Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta etc. Exceção: Guiné-Bissau 2. Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: couve-flor, erva-doce, feijão-verde; fava-de- santo-inâcio, bem-me-quer (nome de planta que também se dá à margarida); andorinha-grande, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra- d'água, bem-te-vi, água-de-coco; azeite-de-dendê, pé-curto, pé-de- bezerro, pé-de-burrinho (tipo de molusco), pé-de-cavalo (centella – planta). OBS: Atenção aos compostos abaixo: Bico de papagaio (nariz adunco e saliência óssea) e bico-de-papagaio (planta) Pé de boi (trabalhador esforçado) e pé-de-boi (árvore) Pé de burro (fumo de má qualidade) e pé-de-burro (planta) Pé de cabra (alavanca metálica) e pé-de-cabra (planta) Pé de chumbo (indivíduo que não si do lugar) e pé-de-chumbo (planta) Bem te vi (simpatizante de partido político) e bem-te-vi (pássaro) 25 3. Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: Ex: hei de, hás de, há de, hão de, heis de. As formas não-monossilábicas já não possuíam hífen: havemos de, haveis de, hemos de. 4. Elimina-se o hífen em locuções: a) substantivas: pé de moleque, dona de casa, café da manhã, pé de cabra, pé de chinelo, mão de obra, fim de semana, pai dos burros, dia a dia, cão de guarda; (ver no item 2 os compostos com a palavra pé que designam espécies botânicas e zoológicas), mal de amor; b) adjetivas: cor de vinho, cor de açafrão, cor de café com leite, à toa; c) pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; d) adverbiais: à parte (não confundir com aparte), à vontade, depois de amanhã, em cima; e) prepositivas (terminam com uma preposição): a fim de, debaixo de, quanto a; f) conjuntivas (terminam com uma conjunção, sendo que a mais comum): a fim de que, ao passo que, visto que, por conseguinte. (PB) g) unidades fraseológicas nominalizadas: deus nos acuda, salve- se quem puder, maria vai com as outras, faz de conta. Sete locuções permanecem com hífen: água-de-colônia, cor-de- rosa, ao deus-dará, pé-de-meia, arco-da-velha, à queima-roupa, mais-que-perfeito. OBS: Apesar de o Acordo não mencionar, o VOLP registra com hífen: pé-d’água, pé-d’alferes. ATENÇÃO: Mantém-se o hífen nas palavras compostas por justaposição (sem preposição ou conjunção): Ex: ano-luz, decreto-lei, sul-africano, guarda-chuva, conta-gotas, luso- brasileiro, afro-brasileiro, tio-avô, amor-perfeito, és-sueste, acebispo- bispo, guarda-noturno, azul-escuro, sofá-cama, surdo-mudo, sócio- gerente, bate-boca, toca-fitas, cabra-cega, roda-viva, ferro-velho. (PB) Mantém-se o hífen nos compostos formados com elementos repetidos, de formas onomatopeicas, por serem de natureza nominal, sem elemento de ligação: blá-blá-blá, reco-reco, trouxe-mouxe. 26 Note que certos compostos (justapostos – sem perda de som - ou aglutinados – com perda de som) já haviam perdido o hífen: Ex: madressilva, pontapé, girassol, bancarrota, montepio, passatempo,claraboia (agora sem acento), varapau, santelmo, rodapé, passaporte, quefazer, sobremaneira, sobremesa, cantochão, aguardente, aguarrás, alçapão, fidalgo, girassol, madrepérola, malmequer, mancheia, vaivém, vinagre, viravolta, ferrovia. 5. Eliminação do hífen em palavras compostas cuja noção de composição, em certa medida, se perdeu: Paraquedas, paraquedista, paraquedismo, mandachuva, ferromodelismo. Permanecem com hífen: para-brisa, para-raios, para-choque, para- lamas, manda-tudo, para-balas, para-chispas, para-luz, para-muro. ATENÇÃO: Não há mais acento agudo em para. OBS: Não confundir: Para do verbo parar com para prefixo, que significa ao lado de. Quando este for prefixo, só haverá hífen nos seguintes casos: quando o vocábulo seguinte começar com vogal igual ou h. Ex: para-apendicite, para-axial. Assim são juntos: Paradidático, paranormal, parabém, paraestatal. 6. Quando o não funciona como autêntico prefixo, equivale a in- e liga- se ao substantivo mediante hífen. o não-conformismo a não-intervenção o não-comparecimento Quando o não antecede adjetivo, não há hífen: não conformista (pessoa não conformista) não infrator (menor não infrator) não comunista (governo não comunista) Não se usa hífen com quase quando este funciona como prefixo (antes de um substantivo): quase irmão quase delito 27 7. Advérbios bem e mal Usa-se hífen quando o elemento que se lhes segue começar por vogal ou h. MAL Se a palavra não estiver na lista abaixo, escreve-se sem hífen. Mal-acostumado Mal-adaptado Mal-afamado Mal-afeiçoado Mal-afortunado Mal-agourado Mal-agradecido Mal-ajambrado Mal-ajeitado Mal-amado Mal-apanhado Mal-apessoado Mal-apresentação Mal-apresentado Mal-armado Mal-arranjado Mal-arrumado Mal-avinhado Mal-avisado Mal-bruto Mal-burdigalense Mal-caduco Mal-canadense Mal-céltico Mal-ditmársico Mal-educado Mal-encarado Mal-engraçado Mal-enganado Mal-enjorcado Mal-escocês Mal-estar Mal-estreado Mal-exemplar Mal-francês Mal-gálico Mal-germânico Mal-morfético Mal-napolitano Mal-olhado Mal-ordenado Mal-ouvido Mal-polaco Mal-secreto Mal-triste Mal-turco Mal-usar Mal-assimilação (e variações) Mal-assombrado (e variações) Mal-aventura (e variações) Mal-avindo (e variações) Mal-empregar (e variações) Mal-entender (e variações) BEM Quando o advérbio for bem, há algumas exceções quando o segundo elemento começa com consoante. Bem-bom Bem-casadinho Bem-casado Bem-comportado Bem-conceituado Bem-conformado Bem-criado Bem-curada Bem-dado Bem-ditoso Bem-dizente Bem-dizer Bem-dormido Bem-dotado Bem-falante Bem-feito Bem-lançado Bem-mandado Bem-me-quer Bem-nado Bem-nascido Bem-parado Bem-parecido Bem-pensante Bem-posto Bem-procedido Bem-proporcionado Bem-querença Bem-querente Bem-querer 28 Bem-queria Bem-querido Bem-sabido Bem-soante Bom-sonância Bem-sonante Bem-sucedido Bem-talhado Bem-temente Bem-vestido Bem-vestir Bem-vindo Bem-visto Bem-fadado (e variações) Bem-merecer (e variações) OBS: Bem-vindo ou Benvindo? A saudação é bem-vindo: Você é bem-vindo ou Você é bem-vinda. Benvindo (não registrado pelo VOLP) é nome próprio OBS: Quando bem e mal formarem adjetivos serão escritos com hífen ou juntos ao respectivo elemento. Esse rapaz é bem-educado (ou mal-educado). Luís é sempre um homem bem-arrumado. Nossos automóveis são muito mal-acabados Quando ocorrer voz passiva (verbo ser + particípio), teremos expressões compostas de advérbio e particípio. Esse rapaz foi bem educado (ou mal educado). Luís sempre foi bem arrumado pela mulher. Nossos automóveis foram mal acabados pelos operários. 8. Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além (advérbio), aquém (advérbio), recém (advérbio) e sem (preposição): Ex: Além-Atlântico, além-mundo, além-fronteira, além-mar, além-país, além-túmulo, aquém-fronteiras, aquém-mar, recém-vindo, recém- descoberto, sem-cerimônia, sem-dita. Exceções: Alentejo, sensabor, sensaborão, sensaboria, sensaborizar. 9. Emprega-se o hífen em encadeamentos vocabulares: Ex: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade; a estrada Rio de Janeiro- Petrópolis; o desafio de xadrez Inglaterra-França; o percurso Lisboa- Coimbra-Porto, linha aérea São Paulo–Buenos Aires; percurso Brasília– Goiânia. 29 4.9.2 Hífen nas Formações por Prefixação, Recomposição e Sufixação 1. Usa-se o hífen: 1.1 Quando o primeiro elemento termina com vogal ou consoante igual à letra que inicia o segundo. Antes Agora antiimperialista anti-imperialista contraataque contra-ataque arquiinimigo arqui-inimigo microônibus micro-ônibus Exceções: co- e re- cooperar,cooptar, reescrever, reescalar. 1.2 Quando o segundo elemento se inicia com h. Ex: mini-hotel, sobre-humano, anti-higiênico, super-homem. OBS: Não se usa o hífen nas formações com os prefixos co-(PB), an- (PB), des- e in-, re- (mnemônica = RECODESINAN) Ex: desumano, desarmonia, desumidificador, inábil, coerdeiro, anistórico, anepático, reabilitar. MAS na forma a- mantém-se o hífen: a-histórico. (PB) ATENÇÃO: Haverá duplicidade gráfica quando não houver perda de fonema vocálico do primeiro elemento e o elemento seguinte começar por h, exceto os casos já consagrados, com eliminação do h: Ex: carbo-hidrato e carboidrato, bi-hebdomadário e biebdomadário, carbo-hidrase e carboidrase, mas cloroidrato. 1.3 Nas formações com os prefixos-radicais de origem latina e grega, principalmente: h e vogal igual aero agro alvi ambi ante anti arqui arterio áudio auri auto bi cardio centro cérebro contra eletro endo entre extra filo foto geo hidro imuno intro in* infra intra macro maxi mega micro mini moto 30 morfo multi nano neo neuro pluri poli proto pseudo radio retro semi sobre socio supra tele tri turbo ultra vaso vídeo COM HÍFEN anti-inflamatório contra-ataque semi-habitat arqui-inimigo neuro-hipnotismo tele-educativo uItra-apressado tele-homenagem proto-história sobre-humano mega-amiga micro-ondas ultra-ativo mini-instrumento micro- organismo sobre-erguer semi-integral SEM HÍFEN antissocial autoestima autorretrato autossuficiente contrarregra extrasseco infraestrutura neurorradiologia aurirrosado vasodilatador ultrainterino ultrassom suprassumo socioeconômico reavaliar sobressaia infravermelho motosserra minissaia, pseudociência neonatal, multirracial semirrígido semiárido minirretrospectiva microssistema *in – ver item 1.2 1.4 Nas formações com os prefixos sub- e sob-: b, h e r Ex: subalugar, sub-reitor, sub-humano, sub-base, sob-roda, sob-rojar, sobescavar, sobcapa. OBS: É de notar que sob- apresenta a variação so- em vocábulos como socapa, soentrar, soerguer, solevantar, somergulhar, sonegar, soterrar. 31 1.5 Nas formações com os prefixos circum- e pan-: vogal, h, m, n. Ex: circum-ambiente, circum-navegar, circum-ambiente, panceleste, pan-americano, pan-mágico, pan-africano. 1.6 Nas formações com os prefixos ciber-, hiper-, inter-, super-, nuper- (recentemente) : h, r, Ex: cibercafé, ciberespaço, interdisciplinar, super-homem, superamigo, inter-relação, super-romântico, nuper-falecido, nuper-publicado. 1.7 Prefixos ex –, sota-, soto-(abaixo de), vizo – (vice) ,vice-: com hífen. Ex: ex-presidente, vizo-rei, vice-reitor, soto-metre, sota-piloto, vizo-rei, vizo-reinar, soto-pôr. OBS: 1) sotavento, sotaventar, sotaventeado sotaventear não possuem prefixo. Exceção: sotoposto, sotaproa. 2) Quando ex- significar “movimento para fora”, não haverá hífen. Ex: exaurir, exprimir, explícito, exortação. 1.8 Nas formações com os prefixos pós-, pré-, pró-: com hífen. Ex: pós-graduação, pró-europeu, pré-escolar. Quando a pronúncia for fechada (pos, pre, pro),liga-se sem hífen ao outro termo: Ex: preencher, proposto, prever, promover, proótico, pronome, pospor, propor, predizer, pospontar, posfácio, preeminente, predizer, pressupor. Exceções: preadaptar, prealegar, precondição, preanunciar, preaquecer, predeterminar, preestabelecer, preexistir, preestipular, prejulgar, premorto, premudado, premunido, prenascer, predestino, prequestionar, prenomeador, prenato, preordenado, preopinar, preomenorreia, pregostar, prejulgar, procônsul, procéfalo, prossecretário, poscênico, poslúdico, pospasto. 1.9 Nas formações com os prefixos ab-(distanciamento), ad-(em direção a, aproximação), ob-(movimento para frente, oposição, fechamento,intensidade) quando o segundo elemento começa por r, 32 fazendo prevalecer o princípio da adaptação da ortografia à pronúncia: Ex: ab-rogar (pôr em desuso), ad-renal, ob-reptício(ardiloso), ad- rogar(adotar). 1.10 Nas formações com o prefixo entre: h Ex: entre-hostil 1.11 Para ligar os sufixos tupi-guaranis -açu, -guaçu e -mirim a palavras terminadas em vogal acentuada graficamente ou em vogal nasal e com o sufixo –mor: Ex: capim-açu, guarda-mor, alcaide-mor. 1.13 Nos vocábulos formados pelos prefixos que representam formas adjetivas, como anglo (inglês), austro (austríaco), euro (europeu), greco (grego), histórico (história), ínfero (inferior), latino, lusitano, luso, póstero (posterior), súpero (superior), dólico (longo, comprido), telégrafo (telégrafico), etc. (Ocorre, principalmente, quando o segundo elemento está presente na língua de forma independente). Ex: euro-mediterrânico, ibero-americano, ibero-americanismo, luso- asiático, sino-japonês, anglo-brasileiro, greco-romano, histórico- geográfico, ínfero-anterior, latino-americano, lusitano-castelhano, luso- brasileiro, póstero-palatal, súpero-posterior, austro-húngaro, dólico-louro, euro-africano, telégrafo-postal. MAS: eurocético, iberofilismo, lusofalante, sinologia, dolicópode, doliforme. 2. Não se usa hífen: 2.1 Quando o primeiro elemento (prefixo) termina com vogal diferente da vogal que inicia o segundo. Antes Agora auto-estrada autoestrada auto-escola autoescola auto-avaliação autoavaliação infra-estrutura infraestrutura 2.2 Quando o primeiro elemento (prefixo) termina com vogal e o segundo começa com consoante, exceto o h. (ver item 1.2) Ex: anteprojeto, extraclasse, autocrítica, infravermelho, vasodilatador, minibar,.anti-herói, sobre-humano, mini-hotel. 33 Obs.: Quando o segundo elemento começa com r ou s, essas letras deverão ser dobradas. Antes Agora supra-sumo suprassumo ultra-sonografia ultrassonografia anti-rugas antirrugas auto-retrato autorretrato contra-regra contrarregra contra-senso contrassenso 2.3 Quando o primeiro elemento termina com consoante e o segundo se inicia com vogal. Ex: hiperacidez, interescolar, interestadual, superinteressante Há exceções como mal-estar (ver a relação em mal e bem) ATENÇÃO: Quando a pronúncia exigir, dobram-se o r e o s da segunda palavra. (PB) 2.4 Nas expressões latinas quando não aportuguesadas: ab ovo, ad immortalitatem, carpe diem, in octavo (mas in-oitavo). 3. Translineação Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Ex: Na cidade, disseram- O diretor foi receber o vice- -me que ele foi viajar. -prefeito. RESUMO: Regra básica Usa-se o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem. OBS: Não se usa o hífen nas formações com os prefixos co-(PB), an- (PB), des- e in- 34 Outros casos 1. Prefixo terminado em vogal: - Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. - Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. - Sem hífen diante de r e s Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. - Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. 2. Prefixo terminado em consoante: - Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário. - Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico. - Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Observações 1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. 2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc. 3 O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. 4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc. 5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. 6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós- graduação, pré-vestibular, pró-europeu. Considerações sobre o Hífen O Acordo, no que se refere ao hífen, mostra-se superficial, confuso e precisa ser revisto. Leia-se o primeiro item da Base XV. “Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática ou 35 semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz... és-sueste... turma-piloto; alcaide-mor... mato-grossense... porto-alegrense... luso-brasileiro, primeiro--ministro...; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva. Obs.: “certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva...”. Pense-se no seguinte: a. O texto só diz que o “o primeiro elemento pode estar reduzido”, mas apresenta exemplo com o segundo também reduzido: “alcaide-mor”. b. Na relação de exemplos, o ponto-e-vírgula separa naturezas (nominal, adjetival, verbal), mas falta entre luso-brasileiro e primeiro-ministro (naturezas adjetival e numeral). Num texto oficial não cabem tais falhas. c. A “Obs.” é oficialização de exceções. Essa é a oportunidade de se eliminarem as exceções, para economizar tempo e fosfato. d. Pior que oficializar exceções é deixá-las vagas e incertas com expressões como “certos compostos”, “em certa medida” etc. e. O texto cria dúvidas quando diz “grafam-se aglutinadamente” palavras como girassol, madressilva, mandachuva etc. que, em rigor não são aglutinadas, mas justapostas. Grafam-se com hífen mato-grossense e porto-alegrense, portanto, pela lógica, usaremos o mesmo sinal em Mato-Grosso e Porto-Alegre, certo? Errado, porque, na regra seguinte, esses substantivos grafam-se sem hífen. Logicamente, se Mato Grosso, Porto Alegre e América do Sul são “palavras compostas grafadas separadamente”, Guiné Bissau também o será, certo? Errado, pois Guiné-Bissau constitui “exceção consagrada pelo uso”. Quanto ao uso de hífen nas palavras prefixais, mantiveram-se muitas exceções, que poderiam ter sido assimiladas pelas regras. E "jogo-treino"? Ou será "jogo treino"? É um composto? Um encadeamento vocabular? Saberá o "homem comum" distinguir uma coisa da outra? E quando se tratar de formação por prefixação, 36 recomposição e sufixação? Como conseguirá identificar uma "unidade fraseológica constitutiva de lexia nominalizada"? Com ou sem hífen? É exceção? Nos casos omissos, quem será capaz de identificar "alguns compostos em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição" para grafá-los aglutinadamente? Não há "jogo do galo",sinônimo de "jogo da velha". Questão de analogia, portanto. Também não há "bem-passado", embora "malpassado" lá esteja. Verdade que "bem-passado" não consta dos dicionários anteriores ao Acordo. Mas conclui-se que a grafia é "bem-passado". Talvez fosse o caso de incluir os antônimos das formações presentes no VOLP. Lá estão bem-mandado, bem-nascido, bem-posto, bem-vestido, bem-visto etc. Os editores terão de acrescentar formações como "fio terra", "meia bomba", "lava a jato", "lava rápido". Não basta que o "homem comum" fique com a suposição de que, se o encadeamento vocabular não está no VOLP, não tem hífen. Nem basta supor que se não havia hífen antes não haverá agora. Mesmo porque "pôr de sol" está ali alinhado, mostrando que seu hífen foi derrubado pelo Acordo. Casos como do verbo "soto-pôr" causam estranheza. Antes do Acordo, foi eternizado "sotopor". O VOLP alinha "soto-pôr" e abaixo "sotoposto". Significa que o hífen desaparecerá nas formas conjugadas? O Acordo define que os prefixos ex-, sota-, soto-, vice- e vizo- serão unidos por hífen ao segundo elemento. Com "soto-pôr", a comissão da ABL achou melhor ser fiel à letra do Acordo e ignorar a tradição lexicográfica. Mas em "coerdeiro" ignorou o Acordo, que aponta "co-herdeiro", e ficou com a forma aglutinada sem h, como em "coabitar", "coabitação", "coabitante", seguindo a tradição. Seguiu a tradição com o prefixo re-, que se junta ao segundo elemento iniciado por e: reeditar, reeleger etc. Mas preferiu ser obediente ao Acordo com "soto-pôr". Por que não "sotopor"? Alguns autores estranham casos como o do prefixo tele-, que se liga por hífen ao segundo elemento iniciado por e, regra clara. O VOLP, no 37 entanto, registra "telespectador", "telespetáculo", "teleducação", "teleducando" e outras crases que atropelam a regra. Em nota explicativa da Base XVI, que trata do hífen quando o primeiro elemento termina por vogal igual à que inicia o segundo elemento, o encontro de vogais iguais tem facilitado o aparecimento de formas reais ou potencialmente possíveis com crase, do tipo de ovadoblongo, ao lado de ovado-oblongo. Para atender à regra geral de hifenizar o encontro de vogais iguais, é preferível evitar possíveis crases no uso corrente, ressalvados os casos em que elas se mostram naturais, e não forçadas, como ocorre em telespectador (e não tele-espectador), radiouvinte (e não rádio-ouvinte). Se não constar das exceções, sua grafia será com hífen, embora não apareça no VOLP, que traz "teleducação" e "teleducando". O que talvez ocorra é que os dicionários registrem duas formas, como fazem com "teleducação"/"tele-educação", "teleducando"/"tele-educando". A não ser que não a tenham registrado por ser mal formada e por causa do significado movediço. Considerações Finais Pode-se dizer que uma reforma ortográfica, em princípio, norteia-se por pelo menos dois objetivos: o de unificação e o de simplificação. Ainda que se possa criticar, por diversos ângulos, a validade da unificação oriunda da Reforma - seja porque ignora a variabilidade da língua falada, que tem inevitáveis reflexos na escrita, seja porque pode gerar um impacto econômico e político em certa medida desfavorável aos países envolvidos -, não há dúvida de que, em alguns aspectos, oficialmente, com o Acordo, unificam-se as escritas. Pode-se perceber que o Acordo propõe uma unificação parcial, não solucionando definitivamente o “problema” das diferenças ortográficas entre os países lusófonos, um dos principais argumentos empregados por seus defensores. Além disso, mantém várias exceções. Mais importante que um novo acordo preocupado meramente coma unificação ortográfica do idioma e imposto a seus utentes de modo 38 unilateral, uma política linguística responsável deve empenhar-se no sentido de promover a difusão da língua portuguesa mundialmente, valorizar seu legado cultural e promover ações conjuntas de caráter pedagógico, no sentido de conferir aos falantes dos territórios que têm o português como língua oficial condições de adquirirem a tão almejada competência linguística no próprio idioma. ASSIM: Ele não revela escutas clandestinas de ministros nem documentos extraoficiais ou ultrassecretos de algum mandachuva do governo. Não denuncia os efeitos colaterais de mais um anti- inflamatório inconsequente. Também não explica tim-tim por tim-tim uma doença causada por um novo micro- organismo superpoderoso. Tampouco propaga ideias paranoicas dos que creem nalgum guru de autoajuda eloquente. Teste seus conhecimentos “Te perdoo / Por quereres me ver/ Aprendendo a mentir...” Fazer o quê? O Novo Acordo Ortográfico mexe até com as letras de Chico Buarque! 'Mil Perdões', no caso. Teste-se sobre as mudanças no uso do acento circunflexo. 1. 'Vôo' e 'zôo' deixam de ser grafadas assim, com o Novo Acordo Ortográfico. As palavras perdem o acento ou perdem a vogal duplicada? a) Perdem o acento circunflexo: ficam voo e zoo 39 b) Perdem a vogal duplicada: ficam vô e zô c) Perdem o acento circunflexo e ganham til: võo e zõo d) Perdem o acento e ganham ditongo: vou e zou 2. Assinale a única grafia incorreta de substantivos ou verbos conjugados, segundo as novas regras: a) Reformas dão ENJOO. b) Meninas LEEM mais ficção do que meninos. c) Te PERDOO/ Por fazeres mil perguntas/ Que em vidas que andam juntas/ Ninguém faz... d) Alfabetizadores pedem que os gramáticos DÊEM tempo ao tempo. 3. Em qual dos seguintes exemplos o uso do acento circunflexo passa a ser facultativo? a) Fôrma (substantivo) c) Nôrma (substantivo) b) Têm (verbo) d) Intervêm (verbo) 4. O que têm em comum as palavras cônsul, câncer e âmbar, acentuadas corretamente? a) São paroxítonas b) São paroxítonas que passam a ser proparoxítonas, quando em seus respectivos plurais c) São proparoxítonas d) As alternativas A e B estão corretas 5. Assinale a alternativa que apresenta a grafia correta dos verbos conjugados, antes e depois do Novo Acordo Ortográfico: a) Te abençoo; Te abençôo. b) Elas mantêm as aparências; Elas mantem as aparências. c) Eles vêem os mapas; Eles veem os mapas. d) Têns medo? Tens medo? 1. A/2.D/3.A/4.D/5.C Haja creme antirrugas. O uso do hífen já era sinônimo de dor de cabeça, em qualquer nível de ensino. Pois o Novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa manteve algumas regras e trouxe outras, alterando antigas grafias. Teste-se. 40 1. Autoestrada tinha hífen, antes do Novo Acordo Ortográfico? a) Autoestrada não existe: a palavra correta é freeway, sem hífen b) Tinha hífen e perdeu: o correto agora é mesmo autoestrada c) Não tinha d) Tinha e mantém o hífen, com o Novo Acordo Ortográfico: auto- estrada 2. Nas lojas e shoppings, os cartazes que vendem produtos terão de alterar qual das seguintes grafias? a) Microondas fica micro-ondas b) Anti-semita fica antissemita c) Sombrinha vira pára-águas d) Microcomputador fica micro-computador 3. O que têm em comum as palavras super-romântico, sub-bibliotecário, hiper-requintado e inter-regional? a) Nada em comum b) Prefixos com sentido de 'sobre' ou 'por cima de' c) Prefixos terminados por consoante e segundo elemento da palavra iniciado com a mesma consoante d) Palavras formadas por encadeamento vocabular 4. Assinale a lista com quatro palavras corretas, de acordo com as novas regras da língua portuguesa: a) Coautor, antirreligioso, infraestrutura, anti-inflamatório b) Semterra, expresidente, micro-ondas, benfeito c) Paraquedista, infra-estrutura, coedição, antiinflamatório d) Além-túmulo, recémcasado, superinteressante 5. Super-homem e anti-higiênico, segundo a grafia atualizada, correspondem a qual das seguintes regras? a) Usa-se o hífen quando o prefixo termina em vogal, h, r ou s b) O hífen permanece quando o prefixo termina com 'r' e a primeira letra do segundo elemento é 'h' c) Comprefixo, usa-se sempre o hífen diante de palavras iniciadas por 'h' d) Usa-se sempre o hífen com os prefixos 'super' e 'anti' 41 6. Acertou-se o emprego do hífen na seguinte alternativa: a) Iracema é uma garota hipercarinhosa. b) Meus primos têm atitudes anti-sociais. c) O sub-reitor compareceu à formatura. d) Juarez se considera auto-suficiente. e) Aquele deputado é um pseudo-democrata. 7. É correta a opção: a) Um avião supersônico sobrevoou a cidade. b) João foi malagradecido com os amigos. c) Gomes prescreveu medicamentos alo-páticos. d) Ester foi uma namorada ultra-romântica. e) Nosso professor de química é um auto-didata. 8. Houve falha de grafia em: a) O matutino saiu em edição extraordinária. b) O pró-reitor presidiu à solenidade. c) Disputaremos, em julho, um torneio inter-classe. d) Atividades agropastoris enriquecem a economia. e) O pluripartidarismo é característica da democracia. 9. Matéria-prima escreve-se com hífen. Assinale a alternativa que contenha palavra grafada de maneira errada: a) subdesenvolvido, minimercado, bem-estar. b) Benvindo, bem-amado, malmequer. c) ante-sala, anteontem, antebraço. d) protomártir, protótipo, proto-história. e) bem-me-quer, recém-vindo, além-mar. 10. Assinale a alternativa que contém as palavras corretamente formadas: a) bem-vindo, pan-americana, sub-base, protomártir. b) pré-histórico, mal-estar, panamericano, prematuro. c) auto-afirmação, autocrítica, excombatente, neolatinas. d) pós-graduação, antitérmico, malmequer, sub-aéreo. e) autocontrole, anti-corrosivo, grão-mestre, aero-espacial. 1. B /2. A e B/ 3. C /4. A /5. B/6.C/7.A/8.C/9.C/10.A 42 Julgue, como certo ou errado, os itens, conforme as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: 1. Quanto ao emprego do h em palavras compostas, as palavras desumano e sobre-humano estão corretas. 2. Estão corretas as seguintes grafias facultativas: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção, súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, omnipotente e onipotente. 3. São variantes aceitas: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, puré ou purê, rapé ou rapê, judô ou judo, metrô ou metro. 4. Apoio (substantivo) não leva acento, mas apóio (verbo), sim, porque a sílaba tônica contém o ditongo aberto -oi. 5. Não há mais acento em nenhuma palavra da frase: “Eles creem que ela estava com enjoo no zôo”. 6. O hífen está corretamente empregado em: decreto-lei, tenente- coronel, tio-avô, turma-piloto, guarda-noturno, paraquedas, amor- perfeito, mato-grossense. 7. Existe apenas um erro ortográfico em: médicocirurgião, ponta-pé, guarda-chuva, sul-africano. 8. Há hífen na expressão “Baía de Todos-os-Santos”´, porque se trata de um topônimo composto cujos elementos estão ligados por artigo, como em “Entre-os-Rios”. 9. O novo Acordo muda a grafia para: Grãbretanha, Grãopará e Passaquatro. 10. A grafia de Guiné-Bissau não se enquadra nas regras quanto ao uso do hífen nos topônimos, mas é exceção aceita pelo novo Acordo. 11. Há o correto uso do hífen em: bem-ditoso (mas malditoso), bem- 43 falante (mas malfalante), bem-mandado (mas malmandado), bem-estar (mas malestar), bem-nascido (mas malnascido). 12. Não há hífen nas locuções. Exemplos: fim de semana, cor de café com leite, cão de guarda. 13. Não há erro ortográfico em: pré-história, sub-hepático, super-homem, anti-higiênico. 14. Há sempre uma palavra errada depois de duas corretas em: hiper- requintado, pan-africano, panegritude, ex-rei, ex-primeiro-ministro, vicepresidente. 15. Segundo o novo Acordo, não há hífen em: prever, prenatal, promover, proeuropeu. 16. Em “Os intolerantes organizaram um ato anti-religioso”, o hífen é empregado porque o segundo elemento da palavra composta começa por r. 17. Usa-se hífen nas palavras anti-semita, contra-senha e co-seno, mas não em minissaia, forma já consagrada pelo uso. 18. Há somente um erro ortográfico em: eletrossiderurgia, biossatélite, microssistema, micro-radiografia. 19. A série que apresenta pelo menos uma palavra inteiramente correta. a) Agüentar - angüiforme - argüir. b) Bilíngüe - lingüeta - lingüista. c) Lingüístico - cinqüenta - eqüestre. d) Freqüentar - tranqüilo - mülleriano. e) Lingüiça - tranqüilidade - ubiqüidade. 20. A série em que ocorre erro de acentuação gráfica em formas verbais. a) Crê - dê - lê - vê. b) Crês - dês - lês - vês. c) Creem - deem - leem - veem. d) Descrêem - desdêem - releem - preveem. e) Não há opção com erro. 44 21. Assinale a série que apresenta pelo menos um topônimo incorreto. a) Grã-Bretanha - Três Corações - Rio de Janeiro. b) Passa-Quatro - Porto Alegre -São José dos Campos. c) Baía de Todos-os-Santos - Passo Fundo - Novo Gama. d) Cruz-Alta - Trás os Montes - Ponta Grossa. e) Grão-Pará - Vila Velha - Santo Ângelo. 22. Assinale a série que apresenta pelo menos uma palavra incorreta. a) Anti-higiênico - circum-hospitalar - co-herdeiro. b) Extra-humano - pré-história -sub-hepático. c) Super-homem - ultra-hiperbólico - des-humidificar. d) Eletro-higrómetro - geo-história - neo-helênico. e) Pan-helenismo - semi-hospitalar - proto-histórico 23. Identifique o item que apresenta incorreção na acentuação gráfica. a) Reténs - retém - retêm. b) Susténs - sustém - sustêm. c) Advéns - advém - advêm. d) Provéns - provém - provêm. e) Téns - tem - têm. 24. Assinale a série sem erro de acentuação gráfica. a) Ninguém pôde ajudá-la naquele dia. b) Gostas de camisas pólo? c) Nesta receita, usa-se pêra verde. d) Por que você não péla esses pêlos? e) Você não pára de reclamar. 25. Assinale a série sem erro de acentuação gráfica. a) Pêra - péra - pêlo - quê. b) Ás - porquê - pára - pólo. c) Quê - pôde - pôr - fôrma. d) Pára - pólo - pôlo. e) Pêlo - péla - pêra - pôla. 26. Assinale a série que apresenta pelo menos uma palavra incorreta. a) Bem-aventurado - bem-estar -bem-humorado. b) Malditoso - malfalante - malmandado. c) Bem-ditoso - bem-falante - bem-mandado. d) Mal-nascido - mal-humorado - mal-estar. e) Bem-soante - bem-visto - bem-vindo. 45 27. “A Belém-Brasília começou a ser construída em 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek e foi concluída em 1974.” Nesse trecho, à luz do que prescreve este Acordo Ortográfico, seria: a) obrigatório substituir o travessão por hífen. b) possível manter o travessão. c) correto simplesmente eliminar o travessão. d) facultativo substituir o travessão por hífen. e) o Acordo não trata deste assunto. 28. Assinale a série que apresenta pelo menos uma palavra incorreta. a) Circum-escolar - circum-murado - circum-navegação. b) Pan-africano - pan-mágico - pan-negritude. c) Extra-regulamentar - inter-resistente - super-revista. d) Ex-almirante - ex-diretor - ex-hospedeira. e) Pré-escolar - pré-natal - pró-africano. Gabarito 1. C/2. C/3. C 4. E - apoio (verbo ou substantivo) escreve-se sem acento. 5. C/6. C 7. E - O certo é médico-cirurgião, pontapé. 8. C 9. E - O certo é Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro. 10. C 11. E - O certo é mal-estar. 12. C/13. C 14. C - O certo é pan-negritude, vice-presidente. 15. E - O certo é pré-natal, pró-europeu. 16. E - O certo é antirreligioso. 17. E - O certo é antissemita, contrassenha, cosseno, minissaia. 18. C - O certo é microrradiografia. 19. d - A palavra correta é mülleriano. 20. c - Todas sem acento é o certo. 21. d - O certo é Cruz Alta, sem hífen. 22. c - O certo é desumidificar. 23. e - O certo é tens. 24. a 25. c - Perderam o acento: polo, pera, pelos, para. 26. d - O certo é malnascido. 46 27. a 28. c - O certo é extrarregulamentar. http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=6185251. Preencha as lacunas com as palavras corretas, segundo o Novo Acordo Ortográfico: a) Os membros das (assembléias/assembleias) estaduais do país gostaram da (ideia/ idéia) de Harold (Muller/Müller). Um parlamentar aproveitou a (estréia/estreia) de uma peça de teatro a que assistia na cidade de (Bocaiúva/Bocaiuva) para se dirigir à (plateia/platéia), dizendo: “Eu (apoio/apóio) esta ação comunitária. Se a iniciativa der certo, esses (heróis, herois) merecerão (troféus/trofeus). b) Um cidadão juntou-se a um grupo formado por (cinqüenta/cinquenta) pessoas para verificar com que (freqüência/frequência) (tem/têm acontecido inundações no país. Com base nesses dados, pretendem implementar ações preventivas para que a população possa dormir (tranqüila/tranquila). c) O pronunciamento do parlamentar na peça de teatro teve repercussão na imprensa, de modo que outro Deputado, ao desembarcar de seu (vôo/voo) rumo à cidade de (Parnaíba/Parnaiba), no estado do (Piauí/Piaui), também falou sobre o assunto. “Os que (leem/lêem) jornais já devem saber da iniciativa do dramaturgo e os que (crêem/creem) em ações dessa natureza devem seguir esse exemplo. Precisamos buscar soluções para nossos problemas em vez de esperar que tudo seja resolvido pelas autoridades. Se ele (pode/pôde) iniciar essa ação e mobilizar o (pais/país) inteiro, todos (tem/têm) o mesmo dever. Isso (convém/convêm) à sociedade).” 2. Em relação ao uso do hífen, assinale a alternativa correta. a) bemcriado bem-criado b) extra-oficial extraoficial c) ultra-som ultrassom d) infra-estrutura infraestrutura e) contra-regra contrarregra f) interregional inter-regional g) super-resistente superresistente h) micro-ondas microondas i) antiinflamatório anti-inflamatório 47 j) co-ocupante coocupante k) contraindicação contra-indicação l) auto-retrato autorretrato m) paraquedas para-quedas 3. Assinale as palavras escritas corretamente, de acordo com o Acordo: cinquenta jibóia vôo pêlo heróico pólo veem micro-ondas autoescola feiura pára infra-sem averigúe idéia lêem Nova Iorque Coreia pôde abençoo antirreligioso Referências ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - VOLP - 5ª edição. Rio de Janeiro: Editora Global, 2009. BECHARA, Evanildo. Em demanda dos enlaces na sistematização ortográfica. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de leitura, 2000. CARVALHO, José G. Herculano de. Ortografia e as ortografia do português. Confluência. Rio de Janeiro, 1º semestre, n. 13, 1997. COUTO, Mia. A voz de Moçambique. (Entrevista concedida a Luiz Costa Pereira Junior. Revista Língua Portuguesa, ano III, no. 33, pp. 12- 16). ESTRELA, Edite. A questão ortográfica. Reforma e acordos da língua portuguesa. Lisboa: Editorial Notícias, s.d. PAES, José Paulo. A poesia está morta, mas juro que não fui eu. São Paulo: Duas cidades, 1988. ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990) Base I Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados 1 o )O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula: a A (á) j J (jota) s S (esse) bB B (bê) k K (capa ou cá) t T (tê) 48 c C(cê) l L (ele) u U (u) d D(dê) m M (eme) v V (vê) e E(é) n N (ene) w W (dáblio) f F (efe) o O (ó) x X (xis) g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon) h H (agá) q Q (quê) z Z (zê) i I (i) r R (erre) Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u). 2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar. 2º)As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais: a)Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista; b)Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; c)Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd- jarda (yard); Watt. 3º)Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller, shakespeariano, de Shakespeare. Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, buganvília/ buganvílea/ bougainvíllea). 4º)Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se 49 qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith. 5º)As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antopônimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó. 6º)Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Munique; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc. Base II Do h inicial e final 1º)O h inicial emprega-se: a)Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor. b)Em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!. 2º)O h inicial suprime-se: a)Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita); 50 b)Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver; 3º)O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra-haste; pré-história, sobre- humano. 4º)O h final emprega-se em interjeições: ah! oh! Base III Da homofonia de certos grafemas consonânticos Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas consonânticos homófonos nem sempre permite fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o mesmo som. Nesta conformidade,
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