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RM de Crânio – Sequências Básicas Introdução · Exame radiológico que utiliza radiação não ionizante para aquisição de imagens. · O aparelho de RM possui um campo magnético estático, onde é colocado o paciente. · Campo magnético padrão de 1,5T é cerca de 30.000 vezes mais forte do que o campo magnético terrestre. · Os prótons dos átomos de hidrogênio possuem um spin (rotação) específico, e se alinham com o campo magnético do aparelho em uma frequência específica (frequência de Larmor). · O aparelho emite um pulso de radiofrequência (RF), que entra em ressonância com o spin dos prótons de H. · A duração do pulso de RF vira os prótons perpendiculares ao campo magnético. · Um receptor de RF gera uma corrente elétrica, que será o sinal da RM. · O sinal adquirido é convertido em imagens numa escala de cinzas com intensidade variável. · O sinal da RM é atenuado por 2 processos simultâneos de relaxamento, que são diferentes em cada tecido: - T2, ou tempo de relaxamento transverso, pela perda da coerência do sistema de spins. - T1, o retorno da posição dos prótons alinhados com o campo magnético. Vantagens · Evita o uso de radiação ionizante, como Raios-X. · Aquisição de imagens multiplanar. · Melhor definição em tecidos moles, como o cérebro. · Algumas sequências angiográficas podem ser feitas sem uso de contraste. · Permite uso de técnicas avançadas, como difusão, perfusão e espectroscopia. · Possibilidade de RM funcional, com visualização da atividade cerebral. Desvantagens · Custo elevado e menor disponibilidade. · Exame mais demorado do que a TC, dificuldade em pacientes com claustrofobia e crianças. · Mais sensível a artefatos de imagem. · Não recomendável ser utilizada com alguns implantes metálicos, como marcapasso cardíaco ou derivação ventrículo-peritoneal programável. T1 · As sequências ponderadas em T1 (menor TE e TR) são consideradas mais anatômicas. · Líquidos, como o liquor e globo ocular, são hipointensos (preto). LIQUOR É PRETO. · Gordura: hiperintenso (branco). · Substância branca: hiperintenso (cinza mais claro). · Substância cinzenta: intermediário (cinza mais escuro). T1 com contraste (T1 C+) · Sequência ponderadas em T1. · Utiliza como agente de contraste o gadolíneo (fica branco/ hiperintenso onde ele se concentra), que causa aumento de sinal em T1 onde é concentrado, por exemplo por quebra da barreira hematoencefálica ou sangramento. · Útil em doenças neoplásicas, inflamatórias e infecciosas. T1 com supressão de gordura (STIR) · Sequência ponderadas em T1. · Mais utilizada na coluna. · A gordura é suprimida da imagem, útil para diferenciar edema em partes moles e para facilitar a visualização de lesões com realce ao contraste. T2 · Sequências ponderadas em T2 (maior TE e TR). INVERSO DE T1. · Líquidos, como o liquor e globo ocular, são hiperintenso. LICOR É BRANCO. Bom para hidrocefalia! · Gordura: hiperintenso (PRETA). · Substância branca: hipointenso (ESCURA). · Substância cinzenta: intermediário (CLARA). · Útil para avaliar o sistema ventricular, cisternas e espaço subdural ou subaracnoide. RM de crânio em corte axial em sequência T2. T2 com atenuação de fluido (FLAIR) · Sequências ponderadas em T2 (maior TE e TR). · Útil principalmente para delimitar edema, sem influência do hipersinal do liquor. · Usada em doenças neoplásicas, inflamatórias, desmielinizantes. · DIFERENCIAR DE T1, POIS NO FLAIR A SUBTÂNCIA BRANCA É MAIS ESCURA QUE A SUBTÂNCIA CINZENTA. RM de crânio em corte axial em sequência FLAIR, com hipersinal em regiões de núcleo da base (caudado a D e tálamo a E). Susceptibilidade – Susceptibility Weighted Imaging (SWI, T2*) · Diferenciação de produtos da hemoglobina (sangramento) ou calcificação HIPOINTENSO (PRETO). · Sequência muito sensível a artefatos magnéticos. Difusão – Diffusion Weighted Imaging (DWI) · DWI parece o FLAIR, mas um pouco embaçado e não sendo possível visualizar a calota craniana. · Avalia a facilidade com que as moléculas de água se movem no tecido (espaço extracelular). · É alterado em lesões hipercelulares (tumores) e edema. · Útil para avaliação de isquemia precoce e doenças desmielinizantes em atividade. · ADC: mapa dos coeficientes de difusão, sem o efeito T2 e com menor resolução. Restrição a difusão · Difusão com hipersinal (BRANCO) e Mapa ADC com hiposinal (PRETO) RESTRIÇÃO A DIFUSÃO (ex: isquemia aguda - AVCi e tumores hipercelulares). · Difusão aparece em preto e Mapa ADC aparece em branco FACILITAÇÃO A DIFUSÃO (ex: necrose). AVC · A RM é mais demorada e menos disponível do que a TC, mas é mais sensível e específica para diagnóstico de AVC, principalmente AVC agudo, nas primeiras horas. · Na fase aguda, vemos restrição à difusão (hipersinal DWI, hiposinal ADC) no centro isquêmico, com sinal normal em outras sequências. Pico de alteração entre 1-4 dias. · Podemos ver oclusão arterial nas sequências angiográficas ou SWI. RESTRIÇÃO A DIFUSÃO. · Após 6 horas, começamos a ver aumento de sinal em T2 e principalmente em FLAIR. T2 E FLAIR MOSTRANDO AVC AGUDO DE PONTE. · Na primeira semana, continuamos a ver restrição à difusão e hipersinal em T2, com hiposinal em T1. · Nos primeiros 5 dias, é possível ver realce ao contraste em T1 na região cortical. · Áreas de transformação hemorrágica são melhores vistas na sequência SWI. · Na fase subaguda (1-3 semanas), o sinal em ADC se normaliza e depois fica hiperintenso. O sinal em DWI continua aumentado. · T1 mantém com hiposinal e pode manter realce ao contraste. · Na fase crônica (> 3 semanas), o sinal em ADC continua aumentado, mas o sinal em DWI progressivamente cai (facilitação à difusão), devido à necrose tecidual. · Se o realce ao contraste continuar aumentado por mais de 12 semanas, precisamos investigar outras causas, como tumores. AVC - HEMORRAGIA INTRACEREBRAL: SUBAGUDO PRECOCE HIPERAGUDO Tumores · Os tumores do SNC correspondem a cerca de 2% dos casos de câncer em adultos, e 1/3 desses tumores são malignos. · Podem ter origem em qualquer célula do SNC, ou mais frequentemente, metástases de outros sítios, principalmente mama e pulmão. · As características na RM variam muito entre os tipos e subtipos de tumores. 1- Meningiomas · Grupo de tumores geralmente benignos (grau 1), de crescimento lento, com origem nas células meningoteliais da aracnoide. · 32% de todos os tumores intracranianos, mais frequentes em mulheres (2:1, 4:1 nos casos de tumores espinais). · Pico de incidência na 6ª década de vida. · Risco aumentado pós-exposição à radioterapia e na NF2. · São tumores extra-axiais (não é do tecido cerebral), maioria tem localização supratentorial na convexidade cerebral, asa do esfenóide ou goteira olfatória. · TC/RM: - Contraste homogêneo e intenso. - Cauda dural. - Fenda liquórica. - Hiperostose (alargamento do osso). 2- Astrocitomas a) Astrocitoma Pilocítico: · Tumor primário do SNC – grau I (OMS), com maior incidência na população pediátrica, porém raro em adultos. · Pico de incidência nas primeiras duas décadas de vida, sem predileção por gênero. · Pode afetar qualquer área do neuroeixo, porém mais frequente em estruturas da linha média, no cerebelo e região opticoquiasmática. · Diagnóstico diferencial: meduloblastoma, ependimoma. · Padrão CÍSTICO. b) Astrocitomas Difusos e Anaplásicos: · Grau 2 ou 3 (OMS). · Lesões infiltrativas, mal delimitadas, geralmente com localização supratentorial. · Mais frequente em adultos jovens (idade média 36-38 anos). Crise convulsiva é o sintoma inicial mais comum. · Sobrevida média: 9,3 anos. · RM: - Lesão mal delimitada e infiltrativa. - Pouco ou nenhum realce ao contraste. - Hipersinal em T2 e FLAIR. c) Glioblastoma · Tumor primário maligno do SNC mais comum. · Comportamento extremamente agressivo, com mau prognóstico. · Podem ser primários ou de novo (90%), ou progredir a partir de um glioma de baixo grau (10%). · Mais comuns em adultos, com pico de incidência entre 65-75 anos. · Tratamento ideal: máxima ressecção + RT + QT por 6 meses (protocol Stupp). · RM: - Lesão heterogênea,com realce periférico ao contraste e centro necrótico. - Hiperintenso em T2 e FLAIR, com grande área de edema (infiltração tumoral). · Diagnósticos diferenciais: metástases, linfoma, abscesso. Doenças Desmielinizantes a) Esclerose Múltipla (EM) · Doença desmielinizante crônica que afeta o SNC, com “placas” com progressão local e temporal vistas na RM. · Idade média de início aos 29 anos, com prevalência maior em mulheres (2-3:1). · Avaliação e seguimento com RM de neuroeixo com contraste, para acompanhar resposta ao tratamento e atividade da doença. · RM com lesões em substância branca, melhores vistas nas sequência FLAIR e T1 com contraste (lesões em atividade). · Localização preferencialmente periventricular, com extensão perpendicular (dedos de Dawson). · Também pode acometer tronco encefálico, nervos cranianos, cerebelo, medula. b) ADEM – Acute Disseminated Encephalomyelitis · Doença desmielinizante inflamatória aguda, geralmente após alguma infecção viral recente, ou mais raramente, vacinação. · Pacientes mais jovens e sem predileção por gênero. · Difícil de diferenciar de um primeiro surto de EM em crianças ou adolescentes. · RM com lesões puntiformes ou tumefativas, com pouco efeito de massa, distribuídas na substância branca supra e infratentorial. · Acometimento de núcleos da base e tronco é incomum, mas ajuda a diferenciar da EM. · Também não costumame apresentar black holes em T1 e nem lesões periventriculares. VCM – VITÓRIA CORREIA MOURA