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ENGENHARIA ECONÔMICA Profª. Drª. ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT 005 Aula 01: 014 Aula 02: 024 Aula 03: 032 Aula 04: 039 Aula 05: 048 Aula 06: 057 Aula 07: 068 Aula 08: 076 Aula 09: 084 Aula 10: 095 Aula 11: 103 Aula 12: 112 Aula 13: 120 Aula 14: 128 Aula 15: 135 Aula 16: Conteúdo Conceito e Significado de Economia Princípios Básicos de Economia Conceitos Econômicos Fundamentais A Curva de Possibilidade de Produção e o Custo de Oportunidade Fundamentos da Teoria do Consumidor Teoria da Demanda Teoria da Oferta e o Equilíbrio de Mercado Elasticidades Teoria da Produção e Custos de Produção Estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita e Monopólio Estruturas de Mercado: Oligopólio e Concorrência Monopolística Fundamentos da Teoria Macroeconômica Noções de Crescimento e Desenvolvimento Econômico Política Monetária e a Inflação Política Fiscal e o Setor Público Fundamentos do Comércio Internacional 002 Introdução Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à disciplina Economia. Sou a professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat e vou acompanhá-lo nesta disciplina tão fascinante, intrigante e que faz parte do nosso dia a dia. Antes de iniciar nossa discussão, falarei um pouquinho sobre a minha formação acadêmica. Sou formada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007), Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (2011) e Doutora em Economia também pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Sou especialista em EaD e novas tecnologias (2019) e tenho pós-graduação em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação (2019), ambas pela Centro Universitário Maringá (UniCesumar). Sou professora de Economia de cursos de graduação e pós- graduação tanto presenciais quanto a distância em diversas faculdades e universidades públicas e privadas. Agora que você já me conhece, quero apresentar a disciplina a você. A Economia é uma ciência social que estuda as inúmeras necessidades das pessoas e está presente na vida de todas elas, sejam físicas ou jurídicas. Mesmo que não tenhamos afinidade com a economia, muitas das nossas decisões são tomadas com base em alguma(s) variável(is) econômica(s), assim como todas as decisões do governo, por exemplo, afetam as nossas vidas. Dessa forma, um aluno de graduação, que vai tomar decisões precisa conhecer os fundamentos da economia, já que as empresas, seja ela pequena, média ou grande, estão inseridas no ambiente econômico. Então, meu objetivo na disciplina é apresentar os fundamentos da ciência econômica, de modo que você compreenda o ambiente econômico e, assim, tome as melhores decisões. Para atingir o objetivo, nosso material foi dividido em dezesseis aulas, no qual discutiremos os conceitos fundamentais de economia, tais como descrever o significado da economia e explicar os conceitos econômicos fundamentais. O conteúdo das duas primeiras aulas é fundamental para a compreensão da disciplina como um todo, pois são termos e conceitos que dão suporte à análise econômica. 003 Como a economia é dividida em duas grandes áreas de estudo, que é a microeconomia e a macroeconomia, nas aulas seguintes trataremos de termos pertinentes a essas áreas. Adianto para você que a microeconomia estuda os agentes econômicos individuais, ou seja, as empresas, os consumidores e a formação de preço. Já a macroeconomia estuda as variáveis agregadas, ou seja, a economia como um todo. Assim, praticamente todas as notícias que lemos e ouvimos são relacionadas à macroeconomia, por exemplo, as políticas monetárias, fiscais e cambiais que o governo elabora. Esses serão alguns dos temas que vamos discutir a partir da aula 12. E aí, preparado(a) para entrar no fascinante universo da Economia? Espero que sim! Tenho certeza de que ao término da disciplina, você estará apto a discutir Economia e tomar as melhores decisões empresariais. Lembre-se: qualquer dúvida, entre em contato com seu tutor! Um forte abraço e ótimos estudos! Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat 004 01 Conceito e Significado de Economia 005 Custos de produção Custos de produção DemandaDemanda Mercado de trabalho Mercado de trabalho MoedaMoeda OfertaOferta Taxa decâmbio Taxa de câmbio Taxa de juros Taxa de juros TributosTributos InflaçãoInflação FONTE: Elaboração da autora (2019). Olá! Seja muito bem-vindo(a) à nossa primeira aula da disciplina Economia. Tenho certeza de que você já ouviu falar muito sobre os temas que envolvem o estudo da economia, pois fazem parte do dia a dia de todas as pessoas, independentemente da classe social ou nível de escolaridade. Mas você sabe dizer quais são esses temas? Entre aqueles que mais afetam a nossa vida e, portanto, são preocupações das ciências econômicas, estão: Como você pode perceber, o estudo da economia é amplo, já que ela se preocupa com muitas variáveis. Mas e se eu perguntar o signi�cado de economia, você saberia responder? A palavra “economia” é oriunda do grego, é a junção de duas outras palavras: Oikós, que signi�ca “casa”, e Nomos, que são as leis e normas. Portanto, traduzindo ao pé da letra, economia é a “administração da casa”. 006 Figura 1.1 - administração da casa Acredito que você tenha �cado surpreso, não é mesmo? Mas vamos pensar como funciona a nossa casa: nós trabalhamos para receber um salário, que utilizamos para pagar contas tais como, mensalidade da faculdade, energia elétrica e alimentação, entre outras. Caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, ou se algo inesperado ocorre, fazemos empréstimos. Agora, se sobrar dinheiro, fazemos investimentos, por exemplo, na caderneta de poupança ou renda �xa. Uma empresa e um país funcionam dessa mesma forma! A empresa tem a receita com a venda dos bens e serviços e os custos com a compra de matéria-prima e com a folha de pagamentos. Um país, como o Brasil, faz a arrecadação por meio de tributos que as pessoas físicas e jurídicas pagam, e gasta ofertando bens e serviços públicos, por exemplo. Caso faltem recursos �nanceiros, empréstimos e �nanciamentos são feitos, e quando o gasto/custo é menor do que a receita, investimentos em máquinas, equipamentos, reforma de escolas são feitos. Assim como na nossa casa. 007 Fonte: Disponível aqui Bolsonaro propõe ao Congresso liberar empréstimos a estados com endividamento baixo O projeto de lei complementar do governo federal pode bene�ciar 13 unidades da federação que, atualmente, têm graves problemas de caixa, mas mantêm o nível de endividamento em um patamar dentro do teto estabelecido pelo Senado. Porém, “administração da casa” é a tradução da palavra, mas não o conceito de economia, que Vasconcellos (2011) de�ne como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, distribuindo tais produtos entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com o objetivo de satisfazer às necessidades humanas. Para Mendes (2009), a economia é uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades ilimitadas ou desejos humanos (MENDES, 2009). A economia é de�nida como a ciência social que estuda a alocação dos recursos produtivos escassos para a produção dos bens e serviços que a sociedade deseja/precisa. 008 https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/06/04/bolsonaro-propoe-ao-congresso-liberar-emprestimos-a-estados-com-endividamento-baixo.ghtml Como você percebeu, três palavras na acepção de Mendes (2009) estão em destaque, pois são os termos principais da de�nição e que precisam ser muito bem entendidos. A primeira palavra é “ciência social”, que diferente do que o senso comum acredita, a economia não é uma ciência exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor forma da satisfazer às necessidades das pessoas. Para que o estudo da satisfação da sociedade seja possível, a economia utilizateorias, história, sociologia, e instrumentais matemáticos, como a estatística. O segundo termo é “recursos escassos”, que signi�ca que os recursos de produção, como mão de obra, capital e insumos, são limitados, ou seja, mais cedo ou mais tarde acabam. E é em razão dessa limitação (escassez) que os problemas econômicos existem. Assim, podemos a�rmar que a economia tem como objeto de estudo a escassez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia. Ou ainda, se as necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que todas as necessidades seriam satisfeitas. Portanto, a economia só existe porque é preciso produzir bens com os poucos recursos que se tem disponível e assim, atender a todas ou a maior parte possível, das necessidades humanas. Acredito que você esteja se perguntando se em todas as situações e países a escassez está presente, certo? Então, a escassez é uma situação normal de todas as sociedades, já que está relacionada a diversas variáveis, tais como tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima, mão de obra, seja especializada ou não, entre outras. Por exemplo, talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção agrícola, mas no Japão tem. Por outro lado, aqui falta tecnologia, lá não. Compreendeu o funcionamento da escassez? Espero que sim, pois essa é a base de todo o estudo da economia. Já o termo “necessidades ilimitadas” está destacado em função das necessidades de as pessoas serem ilimitadas, ou seja, não tem �m. Por exemplo, temos R$250,00 para ir ao shopping comprar uma calça jeans. Chegando lá, compramos a calça, mas, logo desejamos uma blusa ou uma bolsa, e assim, sucessivamente. Sem falar nas necessidades básicas, como alimentação e moradia. É importante observar que a economia estuda o todo, portanto, mesmo que uma pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados ou que todas suas necessidades sejam satisfeitas, na economia como um todo não é assim que funciona. Mas o problema não são as necessidades ilimitadas ou a escassez de recursos e sim, a junção dos dois: de um lado temos necessidades que não são satisfeitas totalmente e de outro lado, temos os recursos produtivos limitados, conforme �gura 1.2. 009 Problema!Problema! Poucos bensPoucos bens Escassez de recursos produtivos Escassez de recursos produtivos Necessidades Ilimitadas Necessidades Ilimitadas EconomiaEconomia Necessidades ilimitadas x Recursos produtos escassos. FONTE: Elaboração da autora (2019). Conforme a �gura 1.2 nos mostra, os problemas econômicos são oriundos da falta de recursos produtos su�cientes para produzir tudo o que a população deseja. Vasconcellos (2011) observa que se não houvesse escassez de recursos não haveria a necessidade do estudo de questões como in�ação, crescimento econômico, dé�cit no balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda, entre outros tantos temas de estudo. 010 Fonte: Disponível aqui Jovens são os mais afetados pela piora do mercado de trabalho, e comprometem futuro da Previdência A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou que, no primeiro trimestre deste ano, 41,8% da população de 18 a 24 anos fazia parte do grupo dos subutilizados, ou seja, estavam desempregados, desistiram de procurar emprego ou tinham disponibilidade para trabalhar por mais horas na semana. Em números absolutos, são 7,337 milhões de jovens brasileiros subutilizados, o maior número já registrado desde que o levantamento começou a ser apurado em 2012. Entre 2012 e o primeiro trimestre de 2019, a fatia de subocupados na economia brasileira passou de 20,9% para 25%, enquanto entre os jovens de 18 a 24 anos o aumento foi de 30,1% para 41,8%. As questões econômicas fundamentais Dadas as necessidades ilimitadas das pessoas e os recursos escassos, todas as sociedades são obrigadas a fazer opções, ou seja, precisam escolher uma ou algumas alternativas possíveis entre tantas disponíveis. Para essa escolha, é preciso responder a perguntas básicas da economia, que são: 011 https://www.brasil247.com/economia/jovens-sao-os-mais-afetados-pela-piora-do-mercado-de-trabalho-e-comprometem-futuro-da-previdencia O que e quanto produzir?O que e quanto produzir? Para quem produzir?Para quem produzir? Como produzir?Como produzir? FONTE: Elaboração da autora (2019). Vamos entender cada uma dessas questões? “O que produzir” signi�ca de�nir quais bens e serviços a economia vai fabricar. Essa não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não podemos produzir tudo o que desejamos ou de que precisamos – em outras palavras, aumentar a produção de um determinado bem signi�ca reduzir a quantidade produzida de outros bens. Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser de�nida a quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público- alvo desse produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem vai in�uenciar a decisão da empresa/país são os consumidores. Já na última, “como produzir”, a empresa/país de�ne o melhor processo produtivo, ou seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida, de forma mais e�ciente possível. Dado que os recursos produtivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e serviços. 012 As sociedades precisam fazer escolhas, já que não é possível produzir e consumir tudo o que se deseja. Para isso, três perguntas se fazem necessário: O que e quanto produzir? Para quem produzir? Como produzir? Aluno(a), �nalizamos a nossa primeira aula da disciplina Economia. Se você �cou com alguma dúvida, procure seu tutor. E não se esqueça de fazer as atividades para assimilar melhor o conteúdo! Abraço, Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat. 013 02 Princípios Básicos de Economia 014 Olá, aluno(a), tudo bem? Após você compreender exatamente do que se trata a economia e seu real signi�cado, nesta segunda aula vamos discutir os princípios básicos de economia, ou seja, pensamentos/ideais iniciais que explicam alguns comportamentos econômicos dos agentes (pessoas físicas e jurídicas e governo, que discutiremos na próxima aula). Essas ideias básicas, segundo Mankiw (2012), são dez princípios que estão divididos em três grupos, que são: “Como as pessoas tomam decisões”, “Como as pessoas interagem” e “Como a economia funciona”. Não se preocupe em “decorar” cada princípio e sim, procure entendê-los, relacionando ao nosso dia a dia, combinado? Então, vamos conhecê-los? Grupo 1: como as pessoas tomam decisões O comportamento da economia re�ete o comportamento das pessoas que dela fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de decisão individual. Princípio 1 As pessoas enfrentam tradeo�s Para iniciarmos nossas discussões sobre esse primeiro princípio, é importante que a expressão tradeo� esteja bem clara em nossas mentes. Na economia, quando falamos em tradeo� nos referimos a uma situação de escolha con�itante, ou seja, quando uma ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando outros. 015 Tradeo� é um termo de origem da língua inglesa que de�ne uma situação em que existe con�ito de escolhas, e que faz parte de todas as decisões econômicas. Por exemplo: uma forma de fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresça é estimulando a demanda. Porém, quando aumenta a demanda, faz com que os preços da maioria dos produtos subam e, isso faz com que surja a chamada in�ação. Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o país crescesse economicamente, acabou por fazer com que a taxa de in�ação também aumentasse, o que não é bom. Nesse caso, existe um tradeo� entre crescimento e in�ação. A situação apresentada anteriormente re�ete a tomada de decisão de todas as pessoas. Como diz o provérbio “nada é de graça”, e issoé válido na economia também, porque nada é de graça, sempre que queremos algo, precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. Portanto, precisamos tomar decisões, fazer escolhas e renunciar a algo em decorrência de outro objetivo. Você, por exemplo, neste momento fez uma escolha, já que você dedicou, digamos, uma hora hoje para estudar a disciplina Economia. Para isso, você teve que abrir mão de outra atividade, como estudar para outra disciplina ou sair com os amigos. Agora, você tem uma outra escolha a ser feita: você pode dividir uma hora entre estudar economia e estudar outra disciplina. Nesse caso, você está abrindo mão de meia hora de estudo de uma disciplina para estudar trinta minutos de outra. E é isso que acontece na economia, pois os recursos produtivos são escassos, como vimos na primeira aula. Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos tradeo�s e precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar decisões o tempo inteiro. 016 Princípio 2 O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la Como enfrentamos diversos tradeo�s, ao tomar decisões é necessário comparar os custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível. Porém, nem sempre o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser avaliado. Por exemplo: você resolveu se matricular no curso da Unimar, como benefício, você agrega conhecimento, novas oportunidades de emprego surgem, você terá aumento salarial, entre tantos outros benefícios que um curso superior proporciona. Por outro lado, você tem que pagar a mensalidade do curso, além disso terá que se dedicar aos estudos. A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que pode ser de�nido como sendo tudo aquilo de que se abre mão em função de outra coisa. Por exemplo, você abriu mão de parte do seu salário, hoje, para pagar a mensalidade e de parte do seu dia para estudar, em função de cursar uma graduação, para ganhar um aumento de salário no futuro, novas oportunidades de emprego e aumento de seu conhecimento. Custo de oportunidade é um dos principais conceitos econômicos, e está relacionado às escolhas dadas à escassez de recursos. A ideia é sempre levar em consideração nas decisões o que se ganha e o que se deixa de ganhar em uma determinada situação. Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as situações de tomada de decisão. Portanto, sempre precisamos levar em consideração, ao fazer uma escolha do que estamos deixando de lado, ou seja, os custos e 017 benefícios daquela ação. Assim como a empresa e o governo que precisam, também, analisar o custo de oportunidade, sempre. Princípio 3 As pessoas racionais pesam na margem Na economia partimos do princípio de que todas as pessoas são racionais, ou seja, os indivíduos são capazes de fazer o máximo para alcançar seus objetivos, sempre de forma direta e sistemática, a partir das oportunidades que surgem. Porém, uma pessoa racional sabe que imprevistos surgem e, como são racionais, são capazes de fazer pequenos ajustes em seu plano de ação. Esses ajustes são chamados de mudança marginal. Então, uma pessoa racional compara, ao tomar decisão, o custo marginal com o benefício marginal daquela ação. Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os princípios até aqui explicados, mas com um exemplo citado por Mankiw (2012) �cará mais fácil! Imagina uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo custa à empresa 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos por 200 lugares, o que dá 500 reais. Ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de R$ 500,00. Porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com 10 lugares vagos e os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem. A empresa venderá com esse valor, pois o custo marginal desses 10 passageiros é muito pequeno, quase insigni�cante e esses passageiros irão consumir alimentos a bordo, o que mostra o custo marginal. Princípio 4 As pessoas reagem a incentivos Como as pessoas são racionais, tomam decisões comparando o custo com o benefício daquela decisão. Esse benefício, que podemos traduzir em incentivo, exerce papel essencial para essa escolha, pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa racional aja. Por exemplo, quando o preço da couve aumenta, as pessoas vão reduzir o consumo dessa verdura e substituí-la por outra, como alface. A mesma situação 018 ocorre quando o governo implementa uma política econômica. Por exemplo, o aumento da taxa de juros que vai alterar o comportamento das pessoas e essa mudança de comportamento deve ser levada em consideração pelo governo. Finalizamos aqui nosso debate sobre o primeiro grupo de princípios básicos da economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas decisões. Vamos conhecer o segundo grupo? Grupo 2: como as pessoas interagem Muitas vezes uma decisão individual afeta a vida de outras pessoas, já que vivemos em sociedade e interagimos com as outras pessoas. E os princípios que discutiremos nesse segundo grupo darão suporte para entendermos como as pessoas interagem. Vamos conhecer os três princípios que fazem parte desse grupo? Princípio 5 O comércio pode ser bom para todos A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são concorrentes é equivocada, pois apesar de as empresas concorrerem por consumidores, o comércio entre os países é bom para todos. Você sabe me explicar o porquê? Isso acontece em função do país A se especializar em um determinado bem, exportar (vender para outros países) esse bem e importar (comprar de outros países) outro bem de que necessita, mas do qual não é especialista. Então, vê-se que os países dependem uns dos outros. Portanto, o comércio internacional é essencial para o crescimento econômico, e é por isso que as nações se preocupam tanto em manter boas relações comerciais e não comerciais com determinados países, que podem ser considerados chave para compra e vende de bens e serviços. 019 Fonte do fragmento: Disponível aqui ACORDO ENTRE MERCOSUL E UE É BEM RECEBIDO POR PROFISSIONAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR “...o Brasil, agora com esse acordo, começa a voltar a se reintegrar nos �uxos dinâmicos de comércio e na aceitação e no cumprimento de regras internacionais que são aprovados por todo mundo, o Brasil estava fora disso”, disse Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington e presidente do Instituto de Comércio de Relações Internacionais e Comércio Exterior. Princípio 6 Os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econômica Atualmente, sabemos que a forma mais e�ciente de organizar a atividade econômica é por meio do próprio mercado, ou seja, por meio da chamada economia de mercado. A economia de mercado é de�nida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca recursos por meio das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando elas interagem nos mercados de bens e serviços. Nesse caso, a economia é controlada via preços, da seguinte forma: o comprador veri�ca o preço ao determinar a demanda por bens e serviços e os vendedores analisam o preço ao decidir a oferta. O preço formado pela relação entre demanda e oferta re�ete no preço de mercado por bens e serviços e no custo da manufatura. 020 https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/06/28/acordo-entre-mercosul-e-ue-e-bem-recebido-por-profissionais-de-comercio-exterior.ghtml No entanto, é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos, tomar medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas como impostos, subsídios, entre outras. Princípio 7 Às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercados Como você já sabe, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços. Porém, mesmo em país que defende a livre iniciativa privada, o governo tem como papel fazer com que as regras sejam cumpridas, garantindo o chamado direito de propriedade. Você já ouviu falar em direito de propriedade? Direito de propriedade,segundo Mankiw (2012), é a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre recursos escassos, sendo um incentivo para empresas e famílias produzirem. Além de garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia de mercado, para garantir a e�ciência e promover a igualdade. Em relação à e�ciência, os mercados nem sempre conseguem alocar os recursos de forma e�ciente, gerando as chamadas falhas de mercado. As falhas de mercado acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado. Vamos conhecer esses dois conceitos? Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta, positiva ou negativamente, o bem-estar das outras pessoas. Já o poder de mercado é a capacidade de um ou um grupo de agentes econômicos in�uenciarem os preços de mercado de forma signi�cativa. 021 Grupo 3: como a economia funciona Os dois grupos de princípios da economia que discutimos formam o terceiro grupo “como a economia funciona”, pois a forma como as pessoas tomam decisões e interagem formam a economia. Vamos conhecer os três últimos princípios? Princípio 8 O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços Como você sabe, existe diferença no padrão de vida dos países e variam ao longo do tempo. Essa diferença pode ser explicada pela produtividade, ou ainda, pela diferença entre a produtividade das nações. A produtividade pode ser entendida como a quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra (MANKIW, 2012). Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida também é maior, por outro lado, países com produtividade baixa tendem a ter o padrão de vida menor. E o que fazer com países com produtividade mais baixa? Cabe ao governo implementar políticas públicas que procurem aumentar a produtividade desses países. Princípio 9 Os preços sobem quando o governo emite moeda demais Uma variável que gera bastante preocupação é a in�ação, que pode ser de�nida como o aumento contínuo e generalizado de preços. Quando o governo emite moeda, teremos mais moeda em circulação, dando a impressão para a população de aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços, fazendo com que os preços subam. Além disso, quando o governo emite moeda, o valor dela diminui, gerando aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem como outro qualquer, depois aprofundaremos nossas discussões sobre in�ação durante nossa disciplina. 022 Princípio 10 A sociedade enfrenta um tradeo� de curto prazo entre in�ação e desemprego O aumento da quantidade de moeda em circulação estimula a demanda por bens e serviços. Esse aumento pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos seus produtos, gerando in�ação. Por outro lado, quando temos muita demanda, as empresas precisam contratar mais trabalhadores, gerando aumento no nível de empregos. Resumindo: no curto prazo, o aumento da demanda gera in�ação e reduz o desemprego. 023 03 Conceitos Econômicos Fundamentais 024 Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu os dez princípios básicos da economia, nesta terceira aula vamos compreender alguns conceitos econômicos fundamentais para a compreensão da disciplina como um todo. Portanto, como tais conceitos são básicos, é muito importante que estejam bem claros. Assim, caso não entenda qualquer conceito, releia o material, assista novamente à aula e tire suas dúvidas com seu tutor, combinado? Além disso, procure relacionar cada tema discutido com o nosso dia a dia! Vamos conhecer alguns desses conceitos tão importantes para a ciência econômica? Bens e serviços Bens e serviços são tudo que é capaz de atender uma necessidade das pessoas, e são classi�cados de duas formas principais: em relação à sua raridade e em relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser: Livres – são os bens cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço humano. Em função dessas características, são bens sem preço, e por isso, não é objeto de estudo da economia. O ar, o mar e a luz solar são exemplos de bens livres. Econômicos – são bens e serviços limitados, possuem valor de mercado e precisam de esforço humano para produzi-los. Um carro, um computador, uma caneta são exemplos de bens econômicos. Os bens podem ser classi�cados em livres, os que não têm preço e, portanto, não são objeto de estudo da economia; e econômicos, que têm valor de mercado, estudados pela economia. Porém, um bem livre hoje pode se tornar um bem econômico daqui a uns anos. 025 No entanto, os bens econômicos são classi�cados, segundo a natureza, em bens materiais, que são os bens tangíveis, como uma televisão, e bens imateriais, que também são chamados de serviços, que são intangíveis, tais como uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria. Os bens econômicos materiais podem ser de três tipos, conforme a seguir: Consumo, que são bens duráveis. Exemplo: roupas. Intermediário, que são necessários para fabricar os bens de consumo. Exemplo: barras de ferro. Capital, que são BENS UTILIZADOS PARA FABRICAR OUTROS BENS. Exemplo: máquinas. Agentes econômicos e o sistema capitalista Um termo de suma importância para fazer com que a economia gire são os agentes econômicos. Você sabe me dizer quem são esses agentes? Os agentes econômicos são as pessoas de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico, exercendo distintos papéis na economia. Esses agentes podem ser classi�cados em quatro tipos, que são: Empresas – são unidades produtivas responsáveis pela produção e comercialização dos bens e serviços, por meio da combinação dos fatores de produção. Família – conhecida como consumidores, são todos os indivíduos e unidades familiares da economia. As famílias têm duas funções principais: produzir e adquirir bens e serviços. 026 Família = consumidor = pessoa. No Brasil, segundo o IBGE (2019), temos um pouco mais que 210 milhões de habitantes, portanto, de famílias. Governo – são as organizações que estão direta ou indiretamente sob o domínio do Estado e que atuam no sistema econômico. Temos os governos federal, estadual e municipal, além das leis e regulações. Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam in�uenciando a economia e também são in�uenciados. Assim, o setor externo é composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país. Fonte: Disponível aqui Para acompanhar o crescimento da população brasileira por unidade federal e a projeção desse crescimento, acesse o link do Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE). 027 https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_campaign=novo_popclock Sistema econômico capitalista Visando desenvolver as atividades econômicas, todas as economias procuram estabelecer normas, que devem ser respeitadas pelos agentes econômicos. Por exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações especí�cas, como o alvará de funcionamento para produzir e comercializar seus produtos. Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo. Nosso foco nesta disciplina é o sistema capitalista, adotado pela maioria das economias, entre elas o nosso país. O sistema capitalista tem como características a propriedade privada dos fatores de produção e dos bens; sistema de preços que é responsável pelo controle do funcionamento da economia, ou seja, o preço que seleciona os bens e serviços a serem produzidos, e as técnicas que serão utilizadas para essa produção; o lucro é o incentivador da produção e o principal objetivo dos agentes econômicos; a competição entre empresas é acirrada; e o governo está presente, interfere no funcionamento da economia, mas de forma limitada. As bases de um sistema econômicocapitalista podem ser mais bem discutidas por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo, apresentado na �gura 3.1. 028 Mercado de bens de consumo e serviços Mercado de bens de consumo e serviços Mercado de recursos Mercado de recursos dede ofertaoferta Fluxo (real) deFluxo (real) de bens bens (procura) (procura) O ferta O ferta dederecursos recursos ReceitaReceita Custo de produçãoCusto de produção Custo de vidaCusto de vida Pr od ut os Pr od ut os EmpresasEmpresas (fluxo) (fluxo) real de fatoresreal de fatores Procura Procura FamiliasFamilias Renda (salários, juros,Renda (salários, juros, bá si co s) bá si co s) alu gu éis , alu gu éis , Figura 3.1 – Interação entre família e empresa. FONTE: Mendes (2004). Observe que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fato res de produção (MENDES, 2004). Nessa direção, as unidades familiares oferecem no mercado de fatores de produção recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem no mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades fami liares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao passo que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produ ção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é chamada de �uxo real da economia (VASCONCELLOS, GARCIA, 2011). Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um �uxo monetário. A união dos �uxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular de renda. 029 Fatores de produção Outro termo muito utilizado em nossa disciplina é fatores de produção, que também são chamados de recursos produtivos. Os fatores de produção podem ser de�nidos como sendo os elementos escassos que são utilizados de diferentes formas no processo produtivo de todos os bens e serviços. Por exemplo, precisamos de trigo, ovos, leite, fermento, forno e um padeiro para fabricar o pão, certo? Todos esses elementos são fatores de produção. Os fatores de produção são classi�cados em recursos naturais ou terra, que é a origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais e matérias-primas; trabalho, que é a contribuição, física ou intelectual do ser humano na produção os bens e serviços; e capital, que são bens utilizados no processo produtivo, tais como máquinas, construções, e infraestrutura. Além dos três tipos de fatores de produção tradicionais, alguns autores ainda consideram a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de produção, já que são fundamentais para a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção. Setores econômicos Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004). Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. Em outras palavras, temos atividades de produção ou setores da economia que são intensivos em terra ou recursos naturais, outros em mão de obra ou tra balho, e ainda outros, que são intensivos em capital. 030 O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores de produção ou recursos produtivos classi�ca as atividades de produção ou setores da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos entender cada uma delas? Atividades primárias de produção ou setor primário – Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, �oricultura); pecuária (criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção �orestal: silvicultura e re�orestamento). Atividades secundárias de produção ou setor secundário – Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transformação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, �ação e tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção (obras públicas, construções privadas). Atividades terciárias de produção ou setor terciário – Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiofusão e TV); intermediação �nanceira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação) hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso) e governo (federal, estadual e municipal). 031 04 A Curva de Possibilidade de Produção e o Custo de Oportunidade 032 Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu alguns conceitos fundamentais como a economia, nesta aula vamos compreender mais dois termos, talvez dois dos mais importantes para as ciências econômicas, que são a curva de possibilidade de produção e o custo de oportunidade. Esse último você conheceu um pouquinho, na nossa primeira aula, lembra? Conforme já vimos, a economia está diretamente relacionada ao problema da escolha, ou seja, como os fatores de produção são limitados e as necessidades humanas ilimitadas, é preciso a toda hora fazer escolhas. E para as empresas não é diferente, elas precisam de�nir quais bens e serviços vão produzir e ofertar, como e em qual quantidade. Para entender melhor como a escolha é feita, vamos a uma situação hipotética, ou seja, criada. A situação é a seguinte: uma economia produz apenas dois bens, que chamaremos de bem X e bem Y, que você pode, por exemplo, chamar de lápis e caneca. Além disso, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são �xas, ou seja, independente de produzir o bem X ou o bem Y a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são as mesmas. Na nossa situação hipotética, existe pleno emprego, em outras palavras, essa economia produz o máximo que ela pode dada à quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível, não existindo capacidade ociosa. E a tecnologia é constante. Isso porque o uso da tecnologia é uma forma de aumentar a produção utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis. Com base nas características citadas acima, podemos veri�car a quantidade de cada bem que poderá ser produzido dados os recursos produtivos que temos disponíveis. Isso pode ser visto no quadro 4.1. 033 Quadro 4.1 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de fatores de produção disponíveis. FONTE: Elaborado pela autora (2019). Bem Quantidade máxima de Y Quantidades intermediárias Quantidade máxima de X X 0 3 6 8 9 10 Y 15 13 12 10 6 0 ponto A B C D E F Como pode ser observado no quadro 4.1, a economia poderá produzir 15 unidades do bem Y ou 10 unidades do bem X. Porém, nesses casos, o outro bem não poderá ser produzido, pois não há recursos produtivos disponíveis para a produção dos dois bens. Caso a economia queira produzir os bens X e Y, deverá “abrir mão” de certa quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para produzir 3 unidades de X, a empresa deverá deixar de produzir 14 unidades de Y ou 6 unidades de X, deverá deixar de produzir 1 unidade de Y,ou ainda, para produzir 8 unidades de X, serão 10 unidades do Y que deverão ser deixados de serem produzidos, ou ainda 9 unidades do bem X e 7 do bem Y. Outra forma de visualizar essa situação é por meio da �gura 4.1. 034 10 8 6 4 2 0 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 142 4 6 8 10 12 14 Bem XBem X Bem YBem Y FF EE DD CC BB AA Grá�co 4.1 – Curva de possibilidade de produção. FONTE: Baseado em Vasconcellos (2015). O grá�co 4.1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá produzir dados os fatores de produção limitados. Essa curva é chamada de curva das possibilidades de produção ou curva de transformação. Portanto, qualquer dos pontos em cima da curva (A, B, C, D, E, F) representa um uso igualmente e�ciente de todos os recursos, dada a tecnologia. A curva de possibilidade de produção ou curva de transformação demonstra a quantidade máxima de dois bens ou de serviços que uma economia consegue produzir dadas a quantidade e a qualidade de fatores de produção disponíveis e a tecnologia existente. 035 10 8 6 4 2 0 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 142 4 6 8 10 12 14 Bem XBem X Bem YBem Y FF EE DD CC BB AA S Z Grá�co 4.2 – Curva de possibilidade de produção. FONTE: Baseado em Vasconcellos (2015). Por outro lado, pontos além da fronteira não poderão ser atingidos com os recursos disponíveis. Pontos internos à curva representam situações nas quais a economia não está empregando todos os recursos de que dispõe, ou seja, não está operando em pleno emprego. Por exemplo, no ponto S, vamos supor que essa economia queira produzir 12 unidades do bem X e 8 do bem Y, nesse caso, não teremos fatores de produção su�cientes para produzir os dois bens nessas quantidades. Situação oposta, no ponto Z, se a economia quiser produzir 8 unidades do bem X e 6 unidades do bem Y. Existem fatores de produção su�cientes, mas a economia não será e�ciente. Essas situações podem ser vistas no grá�co 4.2. Porém, existe uma forma de a economia chegar ao ponto S, que é por meio da tecnologia. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção, pois, como já discutimos, aumenta a quantidade produzida, utilizando os mesmos recursos de produção disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva da empresa. Na prática pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar mais em direção a um bem do que a outro. Isso acontece em função dos bens não possuírem exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de todos os fatores de produção. Então, o recurso produtivo que seja mais afetado pela tecnologia tende a deslocar mais a curva de transformação. 036 Tudo que abordamos sobre curva das possibilidades de produção também nos mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de oportunidade, no qual a empresa teve que “abrir mão” de certa quantidade produzida do bem Y em função da produção do bem X. Como vimos nas aulas anteriores, o custo de oportunidade pode ser de�nido como o sacrifício de se transferir os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou serviço que se deve renunciar para obter outro. É importante observar que só existe custo de oportunidade se a economia estiver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos forem plenamente utilizados nos pontos A a F que estão sobre a curva de possibilidade de produção. Divisão das Ciências Econômicas Para �ns metodológicos e estudos econômicos, divide-se a ciência eco nômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia. A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 09), “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre compradores e vendedores em determinados mercados como, por exemplo, no mercado de produtos alimentícios. Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para: a. instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b. comportamento dos consumidores; c. comportamento das empresas; d. estruturas e mecanismos de funcionamento dos mercados; e. funções e imperfeições dos mercados; f. remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI, 2008). Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da Teoria Econômica. 037 A macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, procurando identi�car e medir inúmeras variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 09). Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para: a. a economia em seu conjunto; b. o desempenho total da economia, dadas as causas e os mecanismos de correção das �utuações; c. os agregados macroeconômicos, tais como PIB e RN; d. as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego; e. as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio; f. as trocas internacionais e g. o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008). As noções básicas que envolvem essa área da teoria econômica serão tratadas nas próximas aulas. A economia é dividida em duas grandes áreas: a macroeconomia que estuda as variáveis agregadas e a microeconomia que analisa os agentes econômicos de forma individual. 038 05 Fundamentos da Teoria do Consumidor 039 Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você já conheceu os conceitos básicos e fundamentais da economia, vamos começar nossas discussões sobre uma das grandes áreas de estudo da economia, que é a microeconomia. Para que isso seja possível, precisamos entender o comportamento do agente econômico família em relação às decisões de consumo. Portanto, inicialmente peço que deixe de lado as empresas e pensemos apenas nos consumidores, ok? Quando você vai às compras, por exemplo, em um shopping, quais fatores você leva em consideração para escolher um produto dentre tantos que estão disponíveis? De maneira geral (vamos trabalhar com regras e não com exceções) os consumidores possuem algumas características que ajudam na decisão de compra. Essas características, segundo Mendes (2009), são: Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços. Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço. Como as necessidades humanas são ilimitadas, os consumidores raramente estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados. Os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dados sua renda e os preços dos bens. Com base nessas características, os consumidores preferem alguns bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem de acordo com suas preferências. Certamente você deve estar se perguntando o que é cesta de bens, certo? Uma cesta de bens e serviços é um conjunto de quantidades de determinados bens e serviços. Para �car mais claro, essas cestas são compostas por quantidades somente de dois bens e/ou serviços. Tal situação pode ser representada por: C = (Q1, Q2) No qual: C – cesta de bens e serviços Q1 – quantidade do bem ou serviço 1 Q2 – quantidade do bem ou serviço 2 Mas, como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita a partir de três pressupostos: 040 A > B B > C Então, A > C Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades a menores. Em geral, os consumidores escolhem sempre maiores quantidadespossíveis. Mesmo aqueles que preferem qualidade gostariam de comprar um número maior de mercadorias. A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais lhe agrada. A preferência é transitiva – dadas três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor vai preferir a cesta A. Esta situação pode ser vista no esquema a seguir: Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo: Joana tem três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dados a sua renda e o preço dos bens, conforme situação abaixo. 1. Cesta A = (5 pipocas,1 chocolate) 2. Cesta B = (4 pipocas, 2 chocolates) 3. Cesta C = (3 pipocas e 3 chocolates) Entre a cesta A e a cesta B, Joana prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ela escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compararmos as cestas A e C, Joana preferirá a A. 041 Função utilidade Os pressupostos da teoria do consumidor que discutimos anteriormente demonstram as preferências dos consumidores. Essas preferências podem ser representadas por meio de uma função, a chamada função utilidade. Nesse sentido, Mendes (2009) de�ne utilidade como benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço pode gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser representada como: U = f (Q1, Q2) No qual: U – utilidade f – uma representação matemática que signi�ca “em função de que” Q1 – quantidade do bem 1 Q2 – quantidade do bem 2 Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total refere-se à satisfação completa pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, que é chamado de ponto de saturação. A partir desse ponto, ela vai decrescendo, ou seja, o grau de satisfação vai reduzindo. Já a utilidade marginal é diferente, pois refere-se à satisfação gerada pelo consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. Gra�camente, a utilidade marginal é decrescente, ou seja, ela reduz na medida em que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de um bem ou serviço. Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes (2009) apresenta um exemplo que vamos utilizar com algumas alterações. Imagina João no deserto, com muita sede. Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, João está disposto a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que o consumo desse copo trará é muito alto. Já no segundo copo, nosso consumidor está disposto a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou 042 pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais. E assim, sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no qual ele não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumidor. E, se continuarmos analisando cada possível copo consumido, chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa. Veja tal situação na tabela 5.1. Tabela 5.1 – Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por João. FONTE: Mendes (2009). Quantidade de copos de água Utilidade Total Utilidade Marginal 0 0 - 1 70 70 2 120 50 3 165 45 4 190 25 5 210 20 6 225 15 7 235 10 8 240 5 9 242 2 10 243 1 043 Utilidade total Quantidade conumida Utilidade marginal Quantidade conumida Grá�co 5. 1 – Representação das curvas de utilidades total e marginal. FONTE: Vasconcellos (2015, p. 33). A tabela 5.1 representa as utilidades total e marginal de João ao consumir os copos de água. Como você vê, o valor que ele está disposto a pagar por cada copo reduz na medida em que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo copo, apenas um real. Pelo nosso exemplo você percebeu que a utilidade marginal foi reduzindo, ou seja, o grau de satisfação de João por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar essa situação, vamos representá-la no grá�co 5.1. O grá�co 5.1 demonstra que a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um determinado bem ou serviço e a utilidade marginal decresce na medida em que aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço. 044 Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, conforme vamos comendo, nossa fome vai acabando e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto que não querermos mais pizza e pedimos ao garçom para não nos oferecê-la mais (utilidade marginal negativa). É importante observar que representei a utilidade, tanto total como marginal, por meio do dinheiro que o João está disposto a pagar pelos copos de água, mas apenas para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é fácil quanti�cá-la, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números, e sim pelo grau de satisfação. Curva de indiferença Outra curva muito importante que precisamos conhecer é chamada curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir. Vamos supor que a consumidora Joana consuma batatas e carnes e que, dados sua renda e o preço desses bens, existem quatro cestas disponíveis. 045 Batatas (Kg) Carne (Kg) 8 5 3 2 3 5 A B C Uo Grá�co 5.2 – Curva de indiferença de Maria para refrigerantes e pipocas. FONTE: Vasconcellos (2015, p. 34). Tabela 5.2 – Cestas de Joana compostas por batata e carne. FONTE: Elaboração da autora (2019 com base em Vasconcellos (2015). Cesta Quantidade de batata (kg) Quantidade de carne (kg) C1 (1,4) 8 2 C2 (2,3) 5 3 C3 (3,2) 3 5 A tabela 5.2 mostra quatro cestas compostas por batata e carne que estão disponíveis para Joana dados sua renda e o preço dos bens. Essa situação pode ser representada gra�camente no grá�co 5.2. Conforme visto no grá�co 5.2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o nome já diz, indiferente para Joana adquirir. Segundo Vasconcellos (2015), a curva de indiferença possui duas características: 046 Inclinação negativa – para aumentar o consumo de um bem X é necessário reduzir o consumo de outro bem Y, ou seja, substituir parte de X por Y, para manter-se na mesma curva. Convexidade em relação à origem – a taxa marginal de substituição vai diminuindo na medida em que aumenta a quantidade de um bem e reduzimos a quantidade do outro. No grá�co anterior, isso é consequência da menor capacidade de substituir batatas por carne, quando diminuímos as primeiras e aumentamos a segunda. 047 06 Teoria da Demanda 048 Olá, aluno(a), tudo bem? Os fundamentos da teoria do consumidor que discutimos na aula passada são a base para a compreensão da teoria da demanda, que estudaremos agora. Você certamente já ouviu e muito falar sobre demanda, certo? Então, a teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, essa teoria procura explicar o comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços. Mas o que é demanda? Demanda e procura são duas palavras que se referem ao mesmo conceito, e pode ser de�nida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar por unidade de tempo. Pela minha de�nição você pode perceber que destaquei três termos que foram “deseja”, “está capacitado” e “tempo”. Você sabe me dizer o motivo dessas palavras estarem em destaque? São termos de suma importância para a compreensão da demanda.Vou lhe explicar melhor! Demanda é um conceito muito importante do estudo da economia, pois trata da procura do consumidor por um determinado bem ou serviço dados a renda e o preço do tempo. Além disso, para existir demanda, é preciso que o bem gere utilidade. A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva. Portanto, o consumidor procura (demanda) um certo bem e depois decidirá se efetuará a compra ou não. Além disso, só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder pagar, ou seja, se não tiver renda su�ciente, não haverá demanda. Então, o sonho de consumo que muitas vezes temos não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele. Outra observação é que demanda sempre vem acompanhada da unidade tempo, pois a demanda altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra dados a renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a demanda é alterada. Podemos concluir então que a demanda é dinâmica! 049 P D Q Grá�co 6.1 – Representação da curva de demanda. FONTE: Elaboração da autora (2019). E, por último, o conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isso mesmo, aquela mesma utilidade discutida na aula anterior. Então, só existirá demanda se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor. Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem deseja um bem ou serviço sem utilidade, não é mesmo? Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la gra�camente? A curva de demanda é representada conforme grá�co 6.1. Conforme podemos ver no grá�co 6.1, a curva de demanda, que está representada pela letra “D” é a relação entre o preço (P) bem e quantidade (Q). Como você percebeu, ela é negativamente inclinada, ou seja, tem o formato para baixo. Você sabe responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada? A curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço aumenta, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço aumentar, os consumidores vão substituir o consumo do bem por um outro bem, que chamamos de bem substituto. Esse efeito de substituir um bem pelo outro é chamado de efeito substituição. 050 Fonte: Disponível aqui Preço da cesta básica apresenta in�ação de 4,04% no mês de maio em Petrolina "Como os preços acumulados estão crescendo, os consumidores precisam continuar buscando alternativas comprando em menores quantidades, produtos em oferta, substituindo mercadorias mais caras por outras mais baratas e até mesmo, não comprando o produto para forçar a redução do preço. Em períodos de alta, como a do início deste ano, o importante é o consumidor procurar economizar, pois enfrenta uma perda de poder aquisitivo da sua renda", explicou o economista. Além do efeito substituição, existe um outro efeito que faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada, que é o efeito renda. Esse efeito nos diz que ao aumentar a renda, o consumidor demanda quantidades maiores de um determinado bem. Resumindo: a curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço muda, a quantidade demandada altera também (efeito substituição), e alterações na renda, alteram a quantidade demanda (efeito renda). Para facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. Você deseja comprar barras de chocolate ao leite, mas não sabe exatamente quantas barras comprar, pois vai depender do preço que você encontre. Você levou um valor qualquer, digamos R$ 20,00, para comprar a guloseima. Assim, quanto menor estiver o preço, mais chocolates você levará para casa, certo? Essa situação simulada pode ser vista na tabela 6.1. 051 https://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2019/06/12/preco-da-cesta-basica-apresenta-inflacao-de-404percent-no-mes-de-maio-em-petrolina.ghtml P 6 5 4 3 3 4 5 6 D Q Grá�co 6.2 – Representação da curva de demanda. FONTE: Elaboração da autora (2019). Tabela 6.1 – Demanda por barras de chocolate. FONTE: Elaboração da autora (2019). Preço do chocolate Quantidades do chocolate 6 3 5 4 4 5 3 6 Analisando a tabela 6.1, podemos perceber que você vai demandar mais barras de chocolate quando o preço está mais baixo. A R$ 6,00 somente três chocolates, a R$ 3,00 você demanda o dobro. Podemos representar essa situação gra�camente no grá�co 6.2. 052 Claro que a curva de demanda representa apenas um consumidor, mas também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independentemente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos. Fatores que afetam a curva de demanda A curva de demanda não é estática, e varia de acordo com alguns fatores. Ou seja, existem certas variáveis que afetam a curva de demanda tanto positiva quanto negativamente, deslocando para cima ou para baixo a curva. O principal fator que determina a demanda é o preço do produto, certo? Portanto, o aumento no preço faz com que a quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir reduza, assim como reduções no preço aumenta a procura pelo bem. Nesse caso, não há um deslocamento da curva de demanda, mas apenas os pontos sobre a curva que deslocam. Chamamos isso de alteração na quantidade demandada e não alteração na demanda. Qualquer outro fator que faça com que a demanda altere ou reduza desloca a curva de demanda para cima ou para baixo. Vamos conhecer esses fatores? Renda É um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis vai demandar. A partir da variação da renda e do impacto que essa variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classi�cados em: Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do bem ou serviço aumenta. A maioria dos bens é normal, pois quando a pessoa tem um aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele bem. Nesse caso, a curva de demanda se desloca para a direita, ou seja, para cima. 053 Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daquele bem. Por exemplo, se você tiver um aumento de salário, você passará a consumir mais determinados bens, como lazer, certo? Nesse caso, a curva de demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo. Consumo saciado – independentemente da renda, a quantidade de demanda será a mesma, ou seja, mesmo que você passe a receber um salário maior ou o preço do bem reduzir, você não vai demandar mais ou menos quantidades. Qual exemplo podemos citar? O sal, cuja demanda não depende do preço. Existe outro bem que você pode citar que tenha consumo saciado? Preço dos bens complementares – bens complementares são os bens consumidos juntos como, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café) a quantidade demanda de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda. Preço dos bens substitutos – bens substitutos são aqueles que têm praticamente as mesmas características e, por esse motivo, podem ser substituídos um pelo outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco, manteiga e margarina, pão francês e pão de forma, entre outros. Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade demandada do seu substituto, no caso, a margarina, aumentará. Nesse caso, a curva de demanda de manteiga se desloca da direita para a esquerda, ou seja, para baixo, e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita. Propaganda/Marketing Cria uma necessidade de consumo. Então, é um instrumento muito utilizado para aumentar a quantidade demandada de determinados bens e serviços, deslocando a curva dedemanda para a direita. Expectativa sobre o futuro – se Maria acredita que receberá um aumento daqui a noventa dias, a demanda dela hoje aumentará. Caso contrário, se ela está em aviso prévio, a demanda dela hoje reduzirá. Hábitos/costumes – a demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase nula, enquanto no Brasil é alta. 054 P D D’ Grá�co 6.3 – Deslocamento da curva de demanda para a direita. FONTE: Elaboração da autora (2019). Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros, tais como clima, políticas governamentais, entre outros. É importante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de demanda para a direita, conforme grá�co 6.3. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda, conforme grá�co 6.4. O grá�co 6.3 mostra o deslocamento da curva de demanda para a direita, ou seja, quando algum dos fatores estudados acima aumenta a demanda como, por exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc. 055 P D’ D Grá�co 6.4 – Deslocamento da curva de demanda para a esquerda. FONTE: Elaboração da autora (2019). O grá�co 6.4 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja, quando algum dos fatores que estudamos acima reduz a demanda como, por exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar etc. Quando falamos em uma alteração na quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva. 056 07 Teoria da Oferta e o Equilíbrio de Mercado 057 P Q O Grá�co 7.1 – Representação da curva de oferta. FONTE: Elaboração da autora (2019). Olá, aluno(a), tudo bem? Após o estudo da teoria da demanda, agora vamos compreender o outro lado da famosa lei oferta e demanda, que é a visão do produtor, ou seja, das empresas. Portanto, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção, entre outros. Mas o que é oferta? Podemos de�nir oferta como sendo a quantidade de um bem ou serviço que uma determina empresa deseja vender por unidade de tempo e dado o preço de mercado. Assim como na demanda, três palavras foram destacadas na minha de�nição, que são “deseja”, “tempo” e “preço”. Acredito que após nossas discussões na aula anterior, você já sabe o motivo desses destaques, certo? Então vamos discutir? A palavra “deseja” está em negrito, pois a oferta depende do preço do bem, uma vez que as empresas têm incentivo para aumentar a produção. Dependendo do preço do bem, não signi�ca que, de fato, aumentem, já que o aumento da produção depende de outros fatores e não somente do preço pelo qual a empresa deseja vender, pois nem sempre o preço vendido é o desejado. Outra observação é em relação à “unidade de tempo”! A oferta varia com o passar do tempo, uma vez que o preço do produto muda, a procura por ele também muda, e os custos são alterados. Portanto, a oferta também é dinâmica! E como a curva de oferta é representada? A curva de oferta é representada conforme grá�co 7.1. 058 Conforme podemos visualizar no grá�co 7.1, a curva de oferta é positivamente inclinada, ou seja, é para cima. Mas qual o motivo dessa diferença para a curva de demanda? Para entender, vamos voltar ao exemplo da barra de chocolate, mas agora pelo lado do fabricante. O preço do mercado de chocolate e a respectiva quantidade oferta pode ser vista na tabela 7.1. Tabela 7.1 – Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização. FONTE: Elaboração da autora (2019). Preço do chocolate Quantidade (milhões) 6 6 5 5 4 4 3 3 Ao analisar a tabela 7.1 podemos perceber que conforme o preço da barra de chocolate reduz, a quantidade que a empresa desejava vender diminuiu também. Vamos ver essa situação gra�camente? 059 P 3 4 5 6 6 5 4 3 Q O Grá�co 7.1 – Representação da curva de oferta para empresa. FONTE: Elaboração da autora (2019). Como podemos ver no grá�co 7.1, conforme o preço da barra de chocolate reduz, a quantidade ofertada também reduz. Se continuarmos a baixar o preço, chega a um ponto em que a empresa prefere sair do mercado do que vender o chocolate a um determinado preço. Certamente você deve estar me perguntando qual é esse preço. Não existe uma resposta padronizada, tudo dependerá do tipo de produto, dos custos da empresa e do mercado em que ela atua. Diferente da curva de demanda, a curva de oferta é negativamente inclinada, pois as empresas desejam vender mais quando o preço de mercado dos seus produtos está mais alto. 060 Fatores que afetam a curva de oferta Assim como a curva de demanda, existem fatores que afetam a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, com exceção do preço, que não desloca a curva de oferta, apenas os pontos sobre a curva, esse caso, chamaremos de quantidade ofertada. Mas quais são os demais fatores que vão aumentar ou reduzir a oferta? De acordo com Mendes (2008) as variáveis que afetam a curva de oferta são: Preço dos insumos – aumento no preço dos insumos, aumenta os custos da empresa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço �nal, a empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda. Tecnologia – ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a oferta, deslocando a curva de oferta para a direita. Preço dos produtos competitivos – quando falamos em produtos competitivos estamos nos referindo a produtos alternativos do processo de produção, ou seja, são produtos que utilizam mais ou menos o mesmo processo produtivo. Nesse caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto que tem um preço de mercado mais alto. Políticas do governo – dependendo da política pública do governo, a empresa tem incentivo para aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio é um incentivo para as empresas aumentarem a produção. Os subsídios acontecem principalmente no setor agropecuário. In�uências especiais – é quando uma condição meteorológica afeta alguns setores e faz com que as empresas aumentem ou reduzam a produção. Por exemplo, uma chuva causa uma redução na produção agrícola, reduzindo a oferta. Resumindo: qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa aumentar a produção, deslocando a curva de oferta para a direita, conforme grá�co 7.2. 061 P O O’ Grá�co 7.2 – Deslocamento da curva de oferta para a direita. FONTE: Elaboração da autora (2019). Podemos ter uma situação oposta, quando qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme grá�co 7.3. 062 P O’ O Grá�co 7.3 – Deslocamento da curva de oferta para a esquerda. FONTE: Elaboração da autora (2019). Quando falamos em uma alteração na quantidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva. Equilíbrio de Mercado Até agora estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas, separadamente, mas sabemos que no mundo real a oferta e a demanda atuam juntas. E é exatamente isso que faz com que o preço seja formado em mercados 063 P P’ O E D QQ’ Grá�co 7.4 - Equilíbrio em um mercado competitivo. FONTE: Elaboração da autora (2019). competitivos: quando as curvas de oferta e de demanda se interceptam. Você deve estar se perguntando o que é mercado competitivo, certo? Fiz a observação de que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá em outro ponto. Ou seja, funciona de outraforma a relação entre demanda e oferta, e o preço é formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos em uma outra aula. Por enquanto, pensamos em mercado com um grande número de compradores e vendedores e um produto idêntico negociado, ok? Voltando ao nosso equilíbrio! Chamamos esse ponto de equilíbrio de mercado e pode ser representado pela letra “E”, conforme grá�co 7.4. Analisando o grá�co 7.4, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e esse ponto mostra o preço e a quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente. Assim, preço acima de P’ signi�ca que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso de oferta, e pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado, e o preço automaticamente reduzirá. 064 Existe o caso contrário também: qualquer ponto abaixo de P’ signi�ca que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que empresas dispostas a vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a chegar ao ponto (E), que é o ponto de equilíbrio. O equilíbrio de mercado acontece quando as curvas de oferta e demanda se encontram. Mesmo quando há aumento ou redução de preços e, consequentemente, as curvas de oferta e demanda se deslocam, com o passar o tempo, elas tendem a encontrar um novo ponto de equilíbrio. É importante observar que todos os fatores estudados na curva de demanda afetam o ponto de equilíbrio, tais como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, expectativa sobre o futuro, entre outros; e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta, tais como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental etc. O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio por meio de: Fixação de preços mínimos – acontece quando o governo �xa o preço mínimo que seria vendido no mercado. Esse instrumento tem como objetivo bene�ciar o produtor de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo seria o mercado de trabalho, por meio de �xação do salário mínimo. Outro mercado que participa dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço �xado. 065 Fonte: Disponível aqui Um preço mínimo é o menor preço legal que pode ser pago em um mercado por bens e serviços, trabalho ou capital �nanceiro. Talvez o exemplo mais conhecido de preço mínimo seja o do salário mínimo, que é baseado na visão normativa de que alguém que trabalhe em tempo integral deve ser capaz de manter um padrão básico de vida. O salário mínimo federal no �nal de 2014 era de R$7,25 por hora, o que gera uma renda para uma única pessoa ligeiramente acima da linha da pobreza. Na medida em que o custo de vida sobe ao longo do tempo, o Congresso eleva periodicamente o salário mínimo federal. Preços mínimos às vezes são chamados de subsídios de preços, pois eles mantêm um preço, evitando que ele caia abaixo de um certo valor. Ao redor do mundo, muitos países aprovaram leis para criar suportes de preços agrícolas. Os preços agrícolas, são, portanto, as receitas agrícolas, �utuam – às vezes largamente. Então, mesmo se, na média, as receitas agrícolas estiverem adequadas, em alguns anos elas podem �car bem baixas. Logo, o objetivo do suporte de preços é prevenir esses tipos de oscilações. Fixação de preços máximos – acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’. Subsídios – nesse caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá incentivo para aumentar a quantidade ofertada e/ou reduzir preço. 066 https://pt.khanacademy.org/economics-finance-domain/microeconomics/consumer-producer-surplus/deadweight-loss-tutorial/a/price-ceilings-and-price-floors-cnx Congelamento e tabelamento de preços – muito utilizado na década de 1980 e início da década de 1990, para combater a in�ação. O governo congela preços e/ou salários, de forma a de�nir o P’. Subsídio e incentivo agroquímico passa R$ 14 bi no Brasil Estimativas apontam que o país concedeu ao menos R$2,07 bilhões com a isenção �scal aos pesticidas. De acordo com o defensor público Marcelo Carneiro Novaes, apenas no ano de 2016 mais de R$14 bilhões foram transferidos em subsídios tributários para a indústria de defensivos no Brasil, o que dá R$ 70 por habitante do país. 067 08 Elasticidades 068 Olá, aluno(a), tudo bem? Sabemos que quando o preço de um determinado bem aumenta, a quantidade demandada desse bem reduz, assim como se a renda de uma pessoa reduz, a demanda por certos bens e serviços também reduz. Mas em quantos porcentos? Temos uma forma de saber isso, que é por meio da elasticidade. Elasticidade, que é sinônimo de sensibilidade, é de�nida por Mendes (2009) como sendo uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável. Em outras palavras, a elasticidade é a reação de uma variável face a mudança em outra variável. Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra. As elasticidades podem ser da demanda e da oferta. Nosso foco serão as elasticidades da demanda, pois são as mais utilizadas no mundo real. Vamos conhecê- las? Elasticidade da demanda A elasticidade da demanda mostra a variação da quantidade demandada em função do aumento ou redução do preço, ou seja, é uma medida da variação na demanda de uma mercadoria. Conforme já discutimos, a demanda depende de alguns fatores, tais como, o preço da mercadoria, a renda do consumidor, o preço de outras mercadorias e o gosto do consumidor. Assim, quando há qualquer mudança em uma dessas variáveis, ocorre variação na quantidade demandada da mercadoria na unidade de tempo em questão (SANDRONI, 1999). 069 P ∆Q Q ∆P Ep = Portanto, segundo Sandroni (1999), a elasticidade da procura mede a variação relativa da quantidade comprada na unidade de tempo, quando ocorre uma variação em um dos fatores citados anteriormente, mantendo-se constantes os demais. A partir disso, têm-se a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda e outras variáveis. Vamos conhecê-las? Elasticidade preço A elasticidade preço da demanda mostra o impacto da variação do preço na quantidade demanda de um determinado bem ou serviço, em outras palavras, mede a resposta dos consumidores quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço (VASCONCELLOS, 2015). O coe�ciente de elasticidade-preço da demanda pode ser obtido dividindo-se a variação percentual dos seus preços, conforme expressão a seguir: No qual: Ep – elasticidade preço P – preço Q – quantidade ∆Q – variação da quantidade ∆P – variação do preço É importante observar que a análise da elasticidade preço é feita por módulo, ou seja, sempre será negativo, mas a análise sempre levará em consideração o valor ser positivo. Por exemplo, Ep= 1,2 = -1,2. 070 Fonte: Disponível aqui Apesar de os indicativos apontarem a hipótese de redução da demanda, o estudo da KPMG para a concessão concluiu que haverá elevação. Em 2043, a venda de bilhetes deverá ser quase 1 milhão maior do que a taxa atual, segundo a consultoria. Para chegar no indicativo, a KPMG adotou uma fórmula que considera o crescimento populacional e da renda do cidadão, além de um item de�nido como “elasticidade”, o qual leva em conta a variação de elementos como o Produto Interno Bruto (PIB) e o preço dos combustíveis. De acordo com a elasticidade preço da demanda, os bens e serviços podem ser classi�cados em: Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1 Os bens de demanda
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