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MULTICULTURALISMO

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CURSO: Geografia
DISCIPLINA: Multiculturalismo, diversidade e relações étnico-raciais
JULIANA ALVES CARDOSO
 SETEMBRO / 2021
Sumário 
1.Introdução....................................................................................................4
2. Multiculturalismo: perspectivas históricas e conceitos. ............................................................................................................ 5
3. Concepções teóricas do multiculturalismo.............................................................................................6
4. Educação e Multiculturalismo ...........................................................................................................7
5.Identidade...................................................................................................9
6.Sujeito da diversidade. ...................................................................................................10
7. Multiculturalismo no Brasil..........................................................................................................10 Considerações Finais..........................................................................................................13
8. Referências Bibliográficas..............................................................................................14
Introdução
O multiculturalismo estuda diferentes culturas existentes no mundo, orientando por meio do processo de ensino-aprendizado o valor de cada cultura para que não haja futuros conflitos sociais. Incluindo política, grupos de negros, índios, mulheres, por exemplo, e outros reivindicam perante as autoridades políticas seus direitos e deveres como cidadãos.
O papel da escola e do educador em relação ao abordar esse tema é de extrema importância uma vez que, eles irão desconstruir alguns preconceitos que estão enraízados na nossa cultura e que segregam os alunos pela cor, religião, etnia, orientação sexual entre outras diversidades que são tratadas muitas vezes ainda, com indiferença e intolerância pela sociedade contemporânea.
Sabe-se que ainda há uma grande necessidade de conviver harmonicamente com o próximo devido as diversas diferenças, buscando compreender através do multiculturalismo como interagir de forma saudável com variados grupos sociais e influenciar como futuro educador, nossos alunos a tais práticas, minimizando os preconceitos e conflitos no ambiente escolar e consequentemente social.
Multiculturalismo perspectivas, históricos e conceitos
O movimento multiculturalista se inicia no final do século XIX nos Estados Unidos com a ação principal do movimento negro para combater a discriminação racial no país e lutar pelos seus direitos civis.
SEGUNDO SILVA e BRANDIM (2008:56) “Os precursores do multiculturalismo foram professores, doutores afro-americanos, docentes universitários na área dos estudos sociais que trouxeram por meio de suas obras, questões sociais, políticas e culturais de interesse para os afro-descendentes”. Esses precursores foram essenciais para que no século XX por meio de novos intelectuais o tema se voltasse também à educação.
Na década de 90 algumas universidades estadunidenses aderem ao movimento e que com as pressões populares ganham força e espaço com a criação de políticas publica em todas as esferas do poder público no que concernem as oportunidades educacionais iguais aos grupos sociais favorecidos daquele país.
O pós-modernismo que defende a valorização da pluralidade cultural no seu discurso curricular ajuda o fortalecimento dos estudos multiculturais nos anos 80 e 90. Hoje na contemporaneidade o tema é influenciado pela globalização, com os intercâmbios culturais fala-se de uma hegemonia cultural o que tem causado problemas sociais.
Segundo McLaren (1997 apud PANSINI E MENEZES, 2008, P. 35) pelo menos quatro tendências de multiculturalismo enquanto projeto político: O multiculturalismo conservador, multiculturalismo humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo critico e de resistência, visão esta ultima do qual se diz partidário o próprio autor.
O multiculturalismo conservador ou empresarial e aquele que pretender construir uma cultura comum o que faz com que a partir desse princípio negue a diversidade existente e construída há séculos e que nos leva a entende sua defesa a uma cultura padrão a branca. Nesse contexto desmotiva os grupos dominados em suas lutas a seu capital cultural.
Esse tipo de visão conservadora (...) “mesmo quando reconhece outras culturas assenta-se sempre na incidência, na prioridade a uma língua normalizada- e, portanto, é um multiculturalismo que de fato não permite que haja um reconhecimento efetivo das outras culturas’’. (SOUZA SANTOS, 2003, P 12).
“A vertente Humanista liberal por ingenuidade ou idealismo ressalta a existência de uma igualdade natural entre as diversas etnias, sem se preocupar em evidenciar a falta de oportunidades iguais em termos sociais e educacionais” (SILVA E BRADIN, 2008, P.63). Sem levar a risca a realidade social do sistema econômico capitalista se valendo de seus próprios argumentos. Fala-se da criação de uma organização econômica mais igualitária daí dizer que todos somos capazes de competir e vencer no mundo.
O multiculturalismo liberal de esquerda defende a diversidade cultural, Pansini e Nenevé quando citam McLaren compreendemos que o fim desse tipo de vertente é se focar mais nas diferenças e respeita-las esquecendo-se que elas são formadas nas pessoas pela interação do meio social em que convivem sendo negativa a tendência a elitizar outros grupos ao mesmo tempo em que deixa de lado a participação de outros grupos nas discussões multiculturais.
O multiculturalismo critico ou de resistência é o que podemos considerar mais voltados aos anseios dos movimentos multiculturais conforme Silva e Bradim
O multiculturalismo critico levanta a bandeira da pluralidade de identidades culturais, a heterogeneidade como marca de cada grupo e opõe-se á padronização e uniformização definidas pelos grupos dominantes. Celebrar o direito á diferença nas relações sociais como forma de assegurar a convivência pacifica e tolerante entre os indivíduos caracteriza o compromisso com a democracia e a justiça social, em meios às relações de poder em que tais diferenças são construídas. Conceber, enfim, o multiculturalismo numa perspectiva critica e de resistência pode contribuir para desencadear e fortalecer ações articuladas a uma pratica social cotidiana em defesa da diversidade cultural, da vida humana, acima de qualquer forma discriminatória, preconceituosa ou excludente. (2008, p.64)
Concepções Teóricas do Multiculturalismo 
Assim como Kincheloe e Steinberg (citados por MOREIRA, 1999) acreditamos que não se pode falar em multiculturalismo sem se especificar com clareza o sentido atribuído ao termo bem como as concepções teóricas que o fundamentam. 
Para começar, o multiculturalismo é uma estratégia política de reconhecimento e representação da diversidade cultural, não podendo ser concebido dissociado dos contextos das lutas dos grupos culturalmente oprimidos. Politicamente, o movimento
O Multiculturalismo e sua relação entre a educação, identidade e diversidade Diversa reflete sobre a necessidade de redefinir conceitos como cidadania e democracia, relacionando-os à afirmação e à representação política das identidades culturais subordinadas. Como corpo teórico questiona os conhecimentos produzidos e transmitidos pelas instituições escolares, evidenciando etnocentrismos e estereótipos criados pelos grupos sociais dominantes, silenciadores de outras visões de mundo. Busca, ainda, construir e conquistar espaços para que essas vozes se manifestem, recuperando histórias e desafiando a lógica dos discursos culturais hegemônicos.
 Os estudos sobre os fenômenos culturais partem da necessidade de compreensão dos mecanismos de poder que regulam e autorizam certos discursos e outros não, contribuindo para fortalecercertas identidades culturais em detrimento de outras.
A abordagem culturalista contemporânea teve início com Hoggart, Williams e Thompson, no final dos anos 50 e início dos anos 60. Conhecida como Estudos Culturais, essa área se firma por meio do Centro de Estudos Culturais Contemporâneos, fundado em 1964 por Hoggart, e ligado ao Departamento de Língua Inglesa da Universidade de Birmingham na Inglaterra.
 As pesquisas do Centro preocupam-se com o papel dos media na formação do consenso e do conformismo político. Stuart Hall participa da formação dessa 
área incentivando o desenvolvimento de estudos etnográficos, análises dos meios massivos e a investigação de práticas de resistência dentro de subculturas.
 Essa área, apoiada na Sociologia e na Antropologia, reúne as contribuições de teóricos marxistas, tais como Althusser (conceito de ideologia) e Gramsci (conceito 
de hegemonia). Posteriormente, passa a englobar os estudos feministas, o pós-estruturalismo e o pós-modernismo, com base em teóricos como Michel Foucault e Henri Giroux.
Os estudos culturais hoje é uma área reconhecida e praticada, constituindo-se em fenômeno internacional, com adeptos em países como Estados Unidos, Austrália, Canadá, na África e na América Latina.
 Esse campo de saber focaliza as estratégias e políticas de formação de identidades sociais, as dinâmicas de funcionamento do cinema, televisão e revistas populares, os estudos sobre a mulher e a teoria de raça e gênero, as noções de subjetividade, política, gênero e desejo, além de estudos afro-americanos, latinos, e de culturas indígenas. 
A abordagem culturalista estuda a linguagem e o poder, particularmente, em termos de como a linguagem é usada para moldar identidades sociais e assegurar formas específicas de autoridade. 
Na visão de Silva (1999) os Estudos Culturais se diferenciam das disciplinas tradicionais pelo seu envolvimento explicitamente Diversa :: Ano I - nº 1 :: pp. 51-66 :: jan./jun. 2008 político, sem qualquer pretensão de neutralidade ou imparcialidade, tomando claramente o partido dos grupos em desvantagem nas relações de poder.
O multiculturalismo se destaca como uma das preocupações dos Estudos Culturais. A multiplicidade de culturas e a pluralidade de identidades, em face de relações de poder assimétricas, geram a necessidade de questionar e desafiar práticas silenciadoras de identidades culturais. Particularmente, as questões de racismos, machismos, preconceitos e discriminações, tão importantes para a escola e o currículo, só podem ser analisadas produtivamente sob uma perspectiva que leve em conta as contribuições dos Estudos Culturais.
No Brasil vem aumentando o interesse pela abordagem culturalista e multiculturalista, na medida em que as orientações e reformulações por que passam o sistema educacional e a revisão teórica sobre essas questões apontam para uma concepção escolar que considere o caráter pluriétnico e pluricultural da sociedade. 
Educação e Multiculturalismo
Autores adeptos da idéia de um novo período pós-moderno como reveladores 
das diferenças passaram a elaborar toda uma gama de reflexões, as quais denunciavam que a negação das diferenças por meio do princípio da igualdade levou a uma hegemonização cultural própria da modernidade. Uma hegemonização branca e européia. Estes autores influenciaram vários campos do conhecimento, inclusive o educacional. 
Na educação passaram a contestar a forma como a diversidade cultural estava sendo abordada na escola, compondo assim, uma corrente na educação que se convencionou chamar de multicultural. 
A corrente denominada multicultural não se constituiu de forma homogênea. Dentro dela encontram-se diversas matizes representadas por autores basilares, conforme aponta HALL (2006): 
“Assim como há distintas sociedades multiculturais, assim também há “multiculturalismo” bastante diversos. O multiculturalismo conservador segue Hume (Goldberg, 1994) ao insistir na assimilação da diferença as tradições e costumes da maioria. O multiculturalismo liberal busca integrar os diferentes grupos culturais o mais rápido possível ao mainstream, ou sociedade majoritária, baseado em uma cidadania individual universal, tolerando certas práticas culturais particularistas apenas no domínio privado.
 O multiculturalismo pluralista, por sua vez, avaliza diferenças grupais em termos culturais e concede direitos de grupo distintos a diferentes comunidades dentro de uma ordem política comunitária ou mais comunal. O multiculturalismo comercial pressupõe que, se a diversidade dos indivíduos de distintas comunidades for publicamente reconhecida, então os problemas de diferença cultural serão resolvidos (e dissolvidos) no consumo privado, sem qualquer necessidade de redistribuição do poder e dos recursos. 
O multiculturalismo corporativo (público ou privado) busca “administrar” as diferenças culturais da minoria, visando os interesses do centro. O multiculturalismo crítico ou “revolucionário” enfoca o poder, o privilégio, a hierarquia das opressões e os movimentos de resistência(McLaren, 1997). Procura ser “insurgente, polivocal, heteroglosso e anti-fundacional. (GOLDBERG, 1994) (p. 51)”. 
HALL (2006) ainda explicita que o multiculturalismo tem sido utilizado como 
maneira de revelar um problema social que ocorre em formações sociais específicas nas quais, na sua constituição, convivem comunidades distintas entre si. Este multiculturalismo, diz o autor, é qualitativo e também substantivo: 
“Multicultural é um termo qualificativo. Descreve as características sociais e os problemas de governabilidade apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao mesmo tempo em que retêm algo de sua identidade “original”. 
Em contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às estratégias e políticas adotadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais. (...) Na verdade o multiculturalismo não é uma única doutrina, não caracteriza uma estratégia política e não representa um estado de coisas já alcançado. 
Não é uma forma disfarçada de endossar algum estado ideal ou utópico. 
(...)” (p.50). Após nos depararmos com diversas correntes, destacamos o multiculturalismo crítico que, ao questionar as diferenças na sua formação social, econômica e educacional, critica a exclusão social e política diante dos privilégios de algumas hierarquias existentes na nossa sociedade. 
Esse multiculturalismo se apoia, segundo seus autores, nos movimentos de resistência e de rebelião dos dominados. Podemos observar esta visão multiculturalista por meio da leitura dos escritos de Peter Mclaren (1997), nos quais ele destaca que o multiculturalismo crítico tem um papel fundamental na construção das políticas educacionais, abrindo, assim, um campo de pesquisa e discussão para educadores e assim, o multiculturalismo crítico nos ensina a reconhecer as diferenças existentes em cada indivíduo ou grupo e nos coloca diante da igualdade de direitos. 
Considerando que convivemos em uma sociedade democrática, a aceitação dessas diferenças compõe sua totalidade heterogênea, estabelecendo sob esta base uma orientação educacional, te3ndo em vista que o processo de dominação e a formação do aluno “moldado” começa na educação infantil, continuando no ensino superior e seguindo até a sua formação profissional. O multiculturalismo crítico aponta para a educação uma orientação critica, mostrando aos educadores a necessidade de atuarem conscientes de que a negação das diferenças com o intuito de impor uma única cultura está enraizada no cotidiano da nossa sociedade.
Identidade(s)
Houaiss (on line) define como identidade: “o que faz que uma coisa seja da mesma natureza que outra, conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças às quais é possível individualizá-la; consciência da persistência da própria personalidade; atribuição a si mesmo ou a terceiro de falsa identidade para obtervantagem ou provocar dano a outrem; falsa identidade”. 
Podemos perceber que o termo identidade pode ser usado com sentido jurídico, psicológico e cultural, sendo fundamental na compreensão das relações humanas, sociais e educativas e interessa-nos trabalhá-lo especialmente na sua relação com a dimensão social e cultural. A tentativa de estruturar um debate sobre a relação entre educação e cultura(s) traz à tona algumas questões fundamentais, sendo que uma delas é a que trata da identidade. 
Um conceito polissêmico podendo representar o que uma pessoa tem de mais característico ou exclusivo, ao mesmo tempo em que indica que pertencemos ao mesmo grupo. Diante do atual contexto de globalização onde o velho e novo, o global e o local, o moderno e o tradicional coexistem produzindo uma heterogeneidade cultural ligada a um sujeito definido não mais por uma identidade unificada e estável, mas por “identidades contraditórias sendo continuamente deslocadas como afirma Hall (1997). 
O autor aponta cinco grandes mudanças ocorridas nas ciências humanas, principalmente a partir da segunda metade do século XX, que são passíveis de explicar o movimento de descentramento da identidade moderna fixa, racional e estável para identidades flexíveis, abertas e contraditórias, a saber:
 a) a concepção materialista de mundo social e de sujeito histórico a partir da teoria de Marx, b) a descoberta do inconsciente por Freud que é concebida como construções dinâmicas com base em processos psíquicos e simbólicos, ao longo do tempo, afastando-se das perspectivas racionais e fixas, c) o trabalho da Linguística desenvolvida por Saussure e pelos modernos filósofos da linguagem na perspectiva de aprender a língua como um sistema social, d) a concepção de poder que está presente no trabalho do filósofo Michel Foucalt, e) o surgimento do feminismo entendido tanto como crítica teórica questionada de concepções rígidas, como de movimento social ligados ao ano de 1968, juntamente com outros atores na sociedade (jovens, homossexuais, negros, pacifistas, etc.) ao fragmentarem a arena política, dando início a um processo histórico de reconhecimento de uma “política de identidade”. 
Nossa intenção foi de foi de estabelecer uma relação entre identidades e culturas, a fim de percebemos que não somos portadores de identidade(s) fixas, mas em constante deslocamento. Se, portanto, não somos portadores de identidades fixas, somos diferentes. E como tratamos da questão da diferença? Quem são os diferentes? Quem incluímos na categoria nós? Quem são os outros? Essas serão as nossas próximas discussões.
A educação destina-se a múltiplos sujeitos e tem como objetivo a troca de saberes, a socialização e o confronto do conhecimento, segundo diferentes abordagens exercidas por pessoas de diferentes condições físicas, sensoriais, intelectuais e emocionais, classes sociais, crenças, etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais, e da cidade, do campo e de aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola a instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é uma opção “transgressora”, porque rompe com a ilusão da homogeneidade e provoca, quase sempre, uma espécie de crise de identidade institucional.
Os sujeitos da Diversidade 
É preciso refletir sobre quem são os sujeitos da diversidade. Como observamos na Proposta Curricular por muito tempo, vários grupos sociais foram impedidos de ter o acesso à escola, porém, hoje a grande maioria desses grupos conseguiram conquistar seu espaço, mas ainda sofrem com preconceitos e discriminação. 
Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 2014, p. 57), A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/1996) diz ser obrigatório: 
[...] o ensino de conteúdos históricos nas escolas, quais sejam, os afro-brasileiros e indígenas; é para aqueles que as diretrizes encaminham formas específicas de ensinar, aprender e de organizar a escola, como é o caso dos indígenas, dos quilombolas, sujeitos do campo, sujeitos da educação especial que têm garantido o seu direito à educação e à acessibilidade por meio de atendimento educacional especializado as suas necessidades específicas; e também para aqueles que se reconstroem em seus direitos, em suas identidades, nos movimentos de direitos humanos, nas relações de gênero e na diversidade sexual. 
Para garantir a diversidade cultural e considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação e Direitos Humanos, a respeito das diferenças, a Proposta Curricular de Santa Catarina faz referência a algumas relações que estão em discussão: a educação para as relações de gênero; a educação para a diversidade sexual (orientação sexual e identidade de gênero); a educação e prevenção; a educação das relações étnico-raciais; e as modalidades de ensino: a educação especial; a educação escolar indígena; a educação do campo e a educação escolar quilombola. 
As condições históricas e culturais de cada sociedade passam a ser determinantes na construção do gênero. O reconhecimento e o respeito às diferenças sexuais são tão importantes quanto o respeito à diversidade de crença religiosa. É fundamental que a escola discuta as pluralidades, em todos os seus desdobramentos, como produto da ação humana e da cultura. 
Multiculturalismo no Brasil 
Por muito tempo e ainda hoje, a questão da diferença é vista como segregadora. Não se tem, seja para o educador, seja na convivência social, uma concepção clara do entendimento da diferença e da igualdade. Então, como reconhecer o diferente, sem lhe tirar o direito da igualdade?
Diante disso, Santos (2006, p. 462 apud MANTOAN, 2006, p. 24-25) nos diz que “[...] temos direito à igualdade, quando a diferença nos inferioriza, e direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza.” 
Seria irônico pensar que as reivindicações somente são possíveis de serem cumpridas sob medidas políticas e de justiça social. É claro que se trata de um importante respaldo, mas o multiculturalismo vai além, provoca uma interculturalidade e traz o pensar de um conceito que busca entender, refletir e aceitar o diferente e, assim, nos aceitar. Mas 
ao longo dos tempos desenvolveu-se um processo de amadurecimento rumo à consolidação de atitudes de valorização e aceitação em um fazer humano que tem lugar para todos. Foi por volta de 1980 que, em países mais desenvolvidos, surge o conceito de inclusão social para indivíduos que, por questões patológicas sofriam algum tipo de exclusão.
 O debate apenas teve maior repercussão quando, no período de 07 a 10 de junho de 1994, foi redigido um documento que ficou reconhecido como Declaração de Salamanca, que destacava, “acreditamos e proclamamos” que:
Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas. Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades. (BRASIL, 1994).
Esse foi um documento que oportunizou o direito à educação para todos sem exceções e desconstruía um ideal posto de referência que aniquilava o direito de apenas ser. Após a declaração de Salamanca, outras leis que direcionavam um olhar de oportunidades e de reconhecimento foram decretadas.
 A Constituição Brasileira de 1988 também deixava claro alguns objetivos ao eleger como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III) e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV).
A educação é assegurada de acordo com a Constituição Brasileira de 1988, como um direito de todos os cidadãos, indistintamente, ou seja, todos têm o direito a ter condições de igualdade para o acesso e permanência. A mesma concepção é expressa na Lei de Diretrizes e Bases,Lei n. 9.394/96, no art. 3º, inciso I. Como também, assegura no mesmo artigo, inciso III, o respeito à liberdade e apreço à tolerância, em um espaço onde todos devem estar incluídos. 
Atualmente, com a promulgação da Lei n. 10.639/2003 a temática multiculturalismo se torna foco das discussões no contexto escolar, pois, a obrigatoriedade do ensino da História da África e da cultura afro-brasileira, por si só, não garante a desconstrução da desigualdade racial em nossa sociedade. Isso significa que não são os oito conteúdos que transformam a realidade posta, mas a forma como são transmitidos que faz o diferencial. 
A Lei n. 10.639/2003 é extraordinariamente relevante para a discussão sobre o negro e a sua cultura, bem como para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
A interpretação dessas leis e que precisam ser seguidas não visa apenas questões de discriminação de raças, sexo ou crianças especiais, mas, sim, incluir toda a diversidade cultural presente na nossa sociedade. O menino de rua, aquele marginalizado por nós mesmos, o pobre, o rico, negro e branco, o que gosta da disciplina de Português e não de Matemática.
 Incluir aquele que tem sua dignidade ferida; aquele que foi excluído pelo sistema; aquele que existe apenas como um corpo presente, mas não tem oportunidade de viver, de mostrar o que sabe, de apenas ir além. Incluir é proporcionar ao indivíduo a liberdade de ser ele mesmo, de assumir sua própria identidade e isso também é dever da escola.
Trabalhar com a diversidade cultural não é uma tarefa fácil, mas a partir do momento em que se entende tamanha importância, o nosso mundo da normalidade é abalado por algo muito mais enriquecedor: a paixão pelo que difere. 
E nessa perspectiva repousa a essência da escola; somente a partir dela, é que a prática de isolamento pode ser quebrada.
O Multiculturalismo no Brasil é diretamente associado ao processo migratório desde a chegada dos portugueses em 1500. A princípio houve o choque natural, mas sabe-se que vários costumes indígenas foram incorporados aos hábitos dos portugueses, como o banho diário, por exemplo.
Ao longo dos séculos, o território brasileiro recebeu holandeses, franceses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães. E na pós-modernidade, esta mistura de etnias só aumenta no nosso país.
Internacionalmente o Brasil é conhecido por ser um dos países que melhor recebe seus visitantes, tentando adequar-se para receber bem as culturas alheias sem deixar de lado os costumes locais.
A diversidade étnica dos próprios brasileiros é outra forte característica multicultural. As diferentes cores de pele, os diversos costumes compartilhados, a liberdade de credo religioso, tudo isso faz parte do conjunto multicultural.
Considerações Finais
O multiculturalismo se relaciona com a educação a partir que o indivíduo inicia sua vida escolar na educação básica, no âmbito escolar é possível haver a convivência de grupos distintos quanto a busca de conhecimentos sobre no qual ao escola, principalmente o professor pluralidades culturais aos alunos, uma vez que é comum ocorrer a segregação de grupos que não atingem ao padrão imposto pela sociedade e por aquele sistema educacional
É necessário que a escola transmita ensinamentos morais e éticos que tenham abrangência em valores como o respeito a tolerâncias diversidades culturais, religiosas, étnicas, sexuais, raciais entre outras. Para que não haja exclusão de alunos, sendo estes os mesmos a nova geração. 
Então as instituições escolares em conjunto com professores, alunos e comunidade devem explorar mais o multiculturalismo crítico que compreende o respeito a diversidade cultural e é fundamental para a construção de novos saberes e de uma sociedade mais democrática, unida e com justiça e ética social, através de ações desde a palestras de conscientização até campanhas que beneficiem as classes minoritárias.
REFERÊNCIAS
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