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"Há duas maneiras de abrir a cabeça de uma pessoa: ler um bom livro ou usar um machado. Recomendo o de Assis". Em tal citação, o autor Dilson de Oliveira Nunes sugere que a única forma de se expandir o conhecimento e adquirir novas ideias seja pelo contato com livros. Desse modo, o trocadilho destaca o poder da leitura como objeto transformador da sociedade brasileira através da formação de cidadãos não alienados, informados e livres de rótulos. Dessarte, o contato com as mais diversas composições literárias - como prosas e poesias - é indispensável para a formação de indivíduos críticos e atentos, referências na luta social contra a alienação e monotonicidade da população. Sob essa óptica, tal importância é evidenciada na censura imposta por regimes autoritários sobre um corpo social durante uma ditadura com o objetivo de impedir que o povo desenvolva ideias próprias e revolucionárias a partir da leitura de obras inspiradoras. Por exemplo, no poema "Áporo", o escritor modernista Carlos Drummond, a partir de um jogo com palavras, denuncia a ditadura brasileira da Era Vargas durante o Estado Novo e incita, a partir da leitura de seus versos, seus leitores a protestarem - por isso o medo do governo autoritário. Portanto, percebe-se que a leitura é essencial para que o corpo social "abra sua cabeça", crie diversos pontos de vista e transforme o ambiente à sua volta, libertando-se e alcançando a justiça. À vista disso, o poder de transformação da leitura também se dá no desenvolvimento de uma nação mais informada e sem estereótipos. Segundo Chimamanda Adichie, escritora nigeriana, em sua obra intitulada "O perigo de uma história única", entrar em contato com vários livros e buscar além das superficialidades das histórias cotidianas é imprescindível para acabar com rótulos e eventuais preconceitos com pessoas ou situações cujas verdadeiras e completas histórias são poucos conhecidas e moldadas pelo vulgar. Dessa forma, é destacado o poder da leitura de transformar versões únicas e incompletas, em histórias ricas e completas. Nesse viés, o poder de transformação da leitura está na criação de brasileiros não alienados, críticos e ativos nas atividades e política nacionais, assim como mais informados e sem estigmas. Assim sendo, a partir da fala de Nunes, pode-se dizer que ganha-se muito mais abrindo a cabeça com um bom livro do que com uma machadada daqueles que detêm - ou aparentam deter - todo o conhecimento.