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Direito da Criança e do Adolescente

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Direito da Criança e do AdolescenteDireito da Criança e do Adolescente 
1899-1905
No âmbito internacional, a primeira referência que se tem acerca da proteção dos direitos
humanos da criança e do adolescente é a Juvenile Court Art de Illinois, criada em 1899,
sendo considerada o primeiro Tribunal de Menores nos Estados Unidos, expandindo-se para
a Europa somente a partir de 1905, quando grande parte dos Estados criaram Tribunais
de Menores (SPOSATO, 2006).
1919
Em 1919, finda a Primeira Guerra Mundial, foi criado o Comitê de Proteção da Infância,
pela liga das Nações, diante dos horrores vivenciados e da percepção de que a criança é
um ser especial diante de sua vulnerabilidade, a qual, portanto, merece atenção e
proteção especiais.
A partir do século XX, houve uma adesão mais ampla da comunidade internacional em prol
dos direitos humanos, o que acabou repercutindo nas declarações e convenções
internacionais firmadas.
1924-1948
Posteriormente, em 1924, a Declaração de Genebra reconheceu a criança e o adolescente
como seres detentores de proteção especial ao determinar que há a “necessidade de
proporcionar à criança uma proteção especial”. Da mesma forma ocorreu na Declaração
Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, firmada em 1948, que também
defendia o “direito e assistência especiais” à criança
1959
Em 1959, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração
dos Direitos da Criança, passando a reconhecê-la como sujeito detentor de direitos e não
mais apenas como objeto de proteção.
1969
Regras de Beijing (Resolução 40/33 da Assembleia Geral, de novembro de 1985.)
Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil –
Diretrizes de Riad (Assembleia da ONU, de novembro de 1990)
Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de 
Por sua vez, a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica, 1969) elencou, no artigo 19, que “toda criança tem direito às medidas de
proteção que sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e do
Estado”. Dessa forma, percebemos que o dever de proteger e resguardar a criança e o
adolescente não é uma função apenas do Estado, mas também da família com quem eles
convivem, bem como da própria sociedade que os integra.
 
Mais recentemente, a comunidade mundial criou novas bases para a formulação de um
ordenamento jurídico que possa ser adotado por todos os países, independentemente das
condições socioeconômicas destes, cuja característica fundamental é “a nobreza e a
dignidade do ser humano criança”.
Tais estruturas normativas foram fruto do esforço conjunto de diversos estudiosos e
comunidades empenhadas na defesa e promoção da criança e do adolescente, que
participaram das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da
Infância e da Juventude. São elas:
Liberdade (Assembleia Geral da ONU, de novembro de 1990)
A proteção integral garantida ao público infantojuvenil surge a partir da Convenção
sobre o Direito da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em
20 de novembro de 1989, também conhecida como Convenção de Nova York. Esse
momento foi tão importante que teve o maior número de ratificações e adesões mais
rápidas da história, pois protege todas as crianças do planeta e não apenas grupos
determinados.
Nesse contexto, a comunidade internacional reconheceu que as crianças necessitam
de atenção especial que as preserve das consequências danosas decorrentes de
situações que podem colocá-las em risco.
No tópico seguinte, serão abordados documentos internacionais relevantes,
estabelecendo a relação direta entre eles e a defesa dos interesses de crianças e
adolescentes.
Declaração de Genebra – Carta da Liga sobre a criança
A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal,
tanto material, como espiritual.
A criança que estiver com fome deve ser alimentada; a criança que estiver
doente precisa ser ajudada; a criança atrasada precisa ser ajudada; a criança
delinquente precisa ser recuperada; o órfão e o abandonado precisam ser
protegidos e socorridos.
A criança deverá ser a primeira a receber socorro em tempos de dificuldade.
A criança precisa ter possibilidade de ganhar seu sustento e deve ser
protegida de toda forma de exploração.
A criança deverá ser educada com a consciência de que seus talentos devem
ser dedicados ao serviço de seus semelhantes.
PA Declaração de Genebra, ou Carta da Liga sobre a Criança, de 1924, é
considerada o primeiro documento voltado à proteção da criança de forma ampla e
genérica, pois não se limita a apenas um enfoque na defesa dos direitos humanos da
criança, mas engloba a proteção à infância de maneira integral. Ela incorporou os
princípios dos direitos da criança, incentivando os Estados a criarem meios que
efetivamente garantissem a proteção desse grupo especial.
Acerca da Declaração de Genebra, descreve Eglantine (apud DOLINGER, 2003,
p. 82) cinco princípios basilares do documento, os quais devem ser seguidos tendo em
vista a necessidade de se resguardar a criança como sujeito de direito:
1.
2.
3.
4.
5.
 
Muito embora seja voltada para a garantia da proteção da criança e do adolescente,
percebemos que a Declaração de Genebra foi um avanço para a época.
No que diz respeito ao reconhecimento da vulnerabilidade da criança, a Declaração
não as tratava como autênticos sujeitos de direitos e sim como objetos de proteção,
como pode ser observado pelo emprego das palavras “a criança deve receber”, “deve
ser alimentada”, “deve ser ajudada”, “deve ser educada”, diferentemente da
Declaração de 1959, segundo a qual a criança tem direito a um nome, como veremos
a seguir.
Declaração dos Direitos da Criança
A universalização dos direitos a todas as crianças, sem qualquer discriminação.
As leis devem considerar a necessidade de atendimento do interesse superior da
criança.
O direito a um nome e a uma nacionalidade, devendo ser prestada assistência à
gestante.
A criança faz jus a todos os benefícios da previdência social, bem como de
desfrutar alimentação, moradia, lazer e outros cuidados especiais.
Aqueles que necessitarem devem receber cuidados especiais, bem como de receber
amor e cuidado dos pais.
A criança deverá crescer sob o amparo de seus pais, em ambiente de afeto e
segurança, podendo a criança de tenra idade ser retirada de seus pais somente em
casos excepcionais.
O direito à educação escolar.
A criança deve figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio;
A criança faz jus à proteção contra o abandono e a exploração no trabalho;
A criança deve crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão,
amizade e justiça entre os povos.
Medidas especiais de proteção e de assistência devem ser tomadas em benefício de
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação alguma derivada de razões de
paternidade ou outras. Crianças e adolescentes devem ser protegidos contra a
exploração econômica e social. O seu emprego em trabalhos de natureza a
comprometer com sua moralidade ou a sua saúde, capazes de pôr em perigo a sua
vida, ou de prejudicar o seu desenvolvimento normal deve ser sujeito à sanção da lei.
Os Estados devem também fixar os limites de idade abaixo dos quais o emprego de
mão de obra infantil será interdito e sujeito às sanções da lei (ONU, 2001 apud
BASTOS, 2012, p. 47);
Qualquer criança, sem nenhuma discriminação de raça, cor, sexo, língua, religião,
origem nacional ou social, propriedade ou nascimento, tem direito, da parte de sua
família, da sociedade e do Estado, às medidas de proteção que exija a sua condição
de menor.
Após a Segunda Guerra Mundial, diversos movimentos voltados a resguardar as crianças e
adolescentes da devastação decorrente das guerras surgiram, a exemplo do Instituto
Interamericano da Criança e da UNICEF (United Nations International Child Emergency
Fund).
Porém, foi em 1959 que se conseguiu mais abrangência aos direitos da infância, sendo
firmada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a qualpassa a tratar a criança
como sujeito de direito e não mais como mero objeto de proteção.
A Declaração, além de conceder uma nova percepção da criança, agora sujeito de
direitos, ressalta também a necessidade da promoção do respeito aos direitos dela, sua
sobrevivência, desenvolvimento e participação no combate à exploração e ao abuso.
 Princípios da Declaração dos Direitos da Criança
A Declaração dos Direitos da Criança adotou dez princípios a serem seguidos pelos
Estados e pela sociedade:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Em consonância com os princípios que devem nortear a conduta política, social e
econômica do Estado e da sociedade, a criança e o adolescente, independentemente da
origem, raça, sexo, cor, classe social, deve ser percebida como sujeito de direito e como
tal deve ser respeitada – o que acabou contribuindo para o surgimento, em 1966, do Pacto
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o qual prevê, no artigo 10, que:
1.
Sobre o Pacto dos Direitos Civis e Políticos, o artigo 24 prevê que:
1.
o interesse superior da criança;
a não discriminação;
a sobrevivência e o desenvolvimento; e
a participação das crianças na agenda política dos Estados.
Historicamente, as duas declarações internacionais, dedicadas aos direitos da
criança (de 1924, promulgada pela Liga das Nações, e de 1959, promulgada
pelas Nações Unidas), adotaram um paradigma bem diverso deste da Convenção
de 1989. Naquelas, as preocupações básicas eram o cuidado e a proteção das
crianças. A atual, por outro lado, vai além, buscando “a noção de direitos da
personalidade do menor, fundado na autonomia, [em consonância com] um
conceito que inclui direitos civis similares aos dos ‘adultos’, como liberdades de
expressão, religião, associação, assembleia e direito à privacidade.
 2.Toda e qualquer criança deve ser registrada imediatamente após o nascimento
e ter um nome.
 3.Toda e qualquer criança tem o direito de adquirir uma nacionalidade (ONU,
2001 apud BASTOS, 2012, p. 48).
Em decorrência da evolução do tratamento dispensado à criança e ao adolescente, em
1989, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção das Nações Unidas
sobre Direitos da Criança, “consagrando direitos relativos à infância que até então
não eram considerados, e compreendendo as crianças e adolescentes como pessoas em
processo de desenvolvimento” (BASTOS, 2012, p. 48).
A Convenção foi norteada por quatro princípios basilares da proteção da criança e
do adolescente, que são:
O principal destaque e diferencial da Convenção foram os direitos da personalidade,
os quais, até aquele momento, não haviam sido tratados nas demais Convenções e
Declarações. Nesse sentido, Stancioli (1999, apud BASTOS, 2012, p. 49) elucida
que:
Avançando na legislação protetora da criança e do adolescente, tem-se a criação das
Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Infância e da
Juventude, também conhecidas por Regras de Beijing ou Regras de Pequim.
 
Regras de Pequim ou Regras de Beijing, Diretrizes de RIAD
e Regras de Tóquio
As Regras de Beijing, as Regras de Riad e as Regras de Tóquio, ao contrário das
demais Convenções, voltam-se à criminalidade juvenil, como veremos a seguir.
 
 As Regras de Beijing
As Regras de Beijing, firmadas em 1985, por meio da Resolução nº 43/33 da
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), são também conhecidas
como Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça, da
Infância e da Juventude. Elas têm como base fundamental a prevenção do crime e
do tratamento do jovem infrator.
O documento faz referência rigorosa às situações de julgamento de crianças e
adolescentes que sejam autores de ilícitos penais, norteando direitos, tais como um
julgamento justo e imparcial, conduzido por um Juízo especializado.
 
 Diretrizes de Riad
Em 1990, foram publicadas as Diretrizes de Riad, também conhecidas como
Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil, as quais 
 
Diretriz 12: Dado que a família é a unidade central responsável pela socialização
primária da criança, devem ser feitos esforços pelos poderes públicos e organismos
sociais para preservar a integridade da família, inclusive da família alargada. A
sociedade tem a responsabilidade de ajudar a família a fornecer cuidados e proteção
às crianças e a assegurar o seu bem estar físico e mental. Devem assegurar-se
creches e infantários em número suficientes.
Diretriz 33: As comunidades devem adotar, ou reforçar, onde já existam, uma larga
gama de medidas de apoio comunitário aos jovens, incluindo o estabelecimento de
centros de desenvolvimento comunitário, instalações e serviços recreativos para
responderem aos problemas especiais das crianças que se encontram em risco social.
Ao promover estas medidas de auxílio, devem assegurar o respeito pelos direitos
individuais (SHECAIRA, 2008 apud BASTOS, 2012, p. 52).
foram aprovadas por meio da Resolução nº 45/112.
As Diretrizes de Riad abordam a necessidade da adoção de políticas públicas progressivas
de prevenção à delinquência juvenil, voltadas ao controle social, e ressaltando a relevância
da família, a exemplo das diretrizes 12 e 33, descritas a seguir:
 
 Regras de Tóquio
No ano de 1990 também foram criadas as Regras de Tóquio, por meio da Resolução 45/113,
conhecida como Regras Mínimas das Nações Unidas para Elaboração de Medidas não
Privativas de Liberdade, as quais traçam princípios basilares voltados à promoção do uso
de medidas de liberdade, bem como garantias mínimas para os jovens submetidos às penas
substitutivas e ao aprisionamento, de modo a se evitar a violação dos direitos deles e, por
conseguinte, assegurar-lhes a efetividade dos direitos humanos. As Regras de Tóquio
ressaltam ainda a importância da participação da coletividade como forma de readaptação
do infrator ao estabelecerem que:
17.1. A participação da coletividade deve ser encorajada, pois constitui um recurso
primário e um dos fatores mais importantes para reforçar laços entre os infratores
submetidos a medidas não privativas de liberdade e suas famílias e comunidades. Esta
participação deve complementar os esforços da administração da Justiça Criminal
(BRASIL, 2009, p. 121).
 
Como se pode perceber, as Regras de Beijing, as Diretrizes de Riad e as Regras de
Tóquio compõem a Doutrina das Nações Unidas para a Proteção Integral à Infância, pois
estas Regras constituíram os primeiros pilares do Sistema de Justiça da Infância e da
Juventude pautado na especialidade e na garantia de direitos.
Ainda falando em proteção dos direitos humanos das crianças, deve-se mencionar a
Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), de
1989, abordada no tópico seguinte.
 
 Convenção sobre os direitos da criança de 1989
Adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1989, e vigente desde 1990,
este tratado internacional de proteção dos direitos humanos possui apenas 54 artigos e se
destaca dos anteriores pelo fato de ter sido ratificado por todos os países-membros, com
exceção dos Estados Unidos, da Somália e do Sudão do Sul.
Os direitos previstos na Convenção sobre os Direitos as Criança incluem:
1,Direito à vida e à proteção contra a pena capital.
2.Direito a ter uma nacionalidade.
3.Direito à proteção ante a separação dos pais.
 
4.Direito de deixar qualquer país e de entrar em seu próprio país.
5.Direito de entrar em qualquer Estado e sair dele, para fins de reunião familiar.
6.Direito à proteção para não ser levada ilicitamente ao exterior.
7.Direito à proteção de seus interesses no caso de adoção.
8.Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião.
9.Direito de acesso a serviços de saúde, devendo o Estado reduzir a mortalidade
infantil e abolir práticas tradicionais prejudiciais à saúde.
10.Direito a um nível adequado de vida e segurança social.
11.Direito à educação, devendo os Estados oferecer educação primária compulsória e
gratuita.
12.Direito à proteção contra a exploração econômica,com fixação de idade mínima
para admissão em emprego.
13.Direito à proteção contra o envolvimento na produção, tráfico e uso de drogas e
substâncias psicotrópicas.
14.Direito à proteção contra a exploração e o abuso sexual.
Nos termos do Art. 1 dessa Convenção, a criança é definida como:
'Todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em
conformidade com a lei aplicável, a maioridade seja alcançada antes."
 Esse importante tratado recepciona, portanto, a concepção do desenvolvimento
integral da criança, reconhecendo assim sua absoluta prioridade e necessidade de
proteção integral.
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº
99.710, de 21 de novembro de 1990, ou seja, depois da vigência do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Complementando e fortalecendo o rol de medidas protetivas à criança e ao
adolescente, as Nações Unidas adotou dois Protocolos Facultativos à Convenção sobre
os Direitos da Criança, por meio da Resolução A/RES/54/263 da Assembleia Geral: o
Protocolo Facultativo sobre Venda de Crianças, Prostituição Infantil e Pornografia
Infantil, passando a vigorar em 18.01.2002, sendo aprovado pelo Congresso Nacional
Brasileiro, por meio do Decreto Legislativo nº 230/2003, e promulgado pelo Decreto
nº 5.007/2004; e o Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em
Conflitos Armados, o qual passou a vigorar em 12.02.2002.
 
Sistema de controle do cumprimento dos direitos humanos
de crianças
Em 2011, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) criou o texto
do Terceiro Protocolo à Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, cuja
cerimônia oficial ocorreu em Genebra, em 28 de fevereiro de 2012, durante o período
de sessões da ONU. Vinte países assinaram o Protocolo no mesmo dia da cerimônia
oficial de abertura, inclusive o Brasil. Em 2014, o documento iniciou sua vigência,
após completar o número necessário de ratificações.
A Convenção assegura às crianças e seus representantes a possibilidade de
recorrerem ao Comitê de Direitos das Crianças da Organização das Nações Unidas
(ONU), por meio de petições individuais, sempre que não tiverem seus direitos
garantidos pelas justiças de seus países, ou seja, sempre que, após a provocação
das jurisdições domésticas, esgotarem-se todas as instâncias internas sem que
qualquer resultado prático e positivo tenha ocorrido.
Convém destacar que na apreciação das petições, o Comitê deverá seguir sempre o
princípio do superior interesse da criança e garantir, salvo autorização expressa dos
interessados, o sigilo das identidades das pessoas envolvidas nas comunicações.
Porém, é importante ressaltar que não é suficiente o surgimento de regras e diretrizes
voltadas à proteção da criança, se estas não forem efetivamente aplicadas e efetivadas,
sendo necessário um conjunto articulado de ações por parte da comunidade internacional,
da família e do Estado para garantir que crianças e adolescentes sejam efetivamente
sujeitos de direitos e tenham seus direitos assegurados. Dessa forma, pode-se afirmar que
o sistema de controle do cumprimento dos direitos humanos de crianças assume a finalidade
de promover ações públicas que concedam a prioridade do atendimento, na promoção e
controle dos direitos da criança e adolescente. Na promoção dos direitos é necessário um
verdadeiro engajamento de todos os órgãos públicos, bem como da própria comunidade, pois
é obrigação de todos a promoção e a efetivação dos direitos infantojuvenis, o que se dá por
meio da elaboração e implementação de políticas públicas de atendimento – função
fundamental do Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.
No Brasil, o Sistema de Garantia de Direito é distribuído em três eixos fundamentais: o
eixo de promoção de direitos; o eixo de defesa; e o eixo de controle social, sendo composto,
por exemplo, dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente; e, no Campo da Defesa dos Direitos, pelo Poder Judiciário, pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública, pelos Centros de Defesa (CEDECAS), pela Segurança
Pública e pelos Conselhos Tutelares.
 
Eixo de Promoção de Direitos: se dá por meio do desenvolvimento da política de
atendimento dos direitos de crianças e adolescentes, integrante da política de promoção
dos direitos humanos. Essa política deve-se dar de modo transversal, articulando todas as
políticas públicas. Nele estão os serviços e programas de políticas públicas de
atendimento dos direitos humanos de crianças e adolescentes, de execução de medidas de
proteção de direitos e de execução de medidas sócioeducativas. Os principais atores
responsáveis pela promoção desses direitos são as instâncias governamentais e da
sociedade civil que se dedicam ao atendimento direto de direitos, prestando serviços
públicos e/ou de relevância pública, como ministérios do governo federal, secretarias
estaduais ou municipais, fundações, ONGs, etc. Exemplo: Conselhos de Direitos, incluídos
toda área da assistência social, educação e saúde.
 
Eixo de Defesa: tem a atribuição de fazer cessar as violações de direitos e
responsabilizar o autor da violência. Tem entre os principais atores, os Conselhos
Tutelares, Ministério Público Estadual e Federal (centros de apoio operacionais,
promotorias especializadas), Judiciário (Juizado da Infância e Juventude, Varas criminais
especializadas, comissões judiciais de adoções) Defensoria Pública do Estado e da União,
e órgãos da Segurança Pública, como Polícia civil, militar, federal e rodoviária, guarda
municipal, ouvidorias, corregedorias e Centros de defesa de direitos, etc.
 
Eixo de Controle Social: é responsável pelo acompanhamento, avaliação e monitoramento
das ações de promoção e defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, bem
como, dos demais eixos do sistema de garantia dos direitos. O controle se dá
primordialmente pela sociedade civil organizada e por meio de instâncias públicas
colegiadas, a exemplo dos conselhos (CALS, 2007, p. 13)
 
 Ao longo da história jurídica, nem sempre as crianças e os adolescentes receberam um
tratamento diferenciado por serem pessoas em pleno desenvolvimento. No Brasil, já houve
um tempo em que a condição de seres em processo de formação física e psicológica não
conferia a crianças e adolescentes a titularidade de direitos humanos, diferentemente do
que acontece hoje.
 
“Fase da absoluta indiferença, em que não existiam normas relacionadas a
essas pessoas;”
“Fase da mera imputação criminal, em que as leis tinham o único propósito de
coibir a prática de ilícitos por aquelas pessoas (Ordenações Afonsinas e
Filipinas, Código Criminal do Império de 1830, Código Penal de 1890);”
“Fase tutelar, conferindo-se ao mundo adulto poderes para promover a
integração sócio familiar da criança, com tutela reflexa de seus interesses
pessoais (Código Mello Mattos, de 1927 e Código de Menores, de 1979);”
“Fase da proteção integral, em que as leis reconhecem direitos e garantias às
crianças, considerando-as como uma pessoa em desenvolvimento (Estatuto da
Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/1990).”
Outro destaque inerente ao Código de Menores é que a punição perdeu a
natureza punitiva passando a ser percebida como de natureza pedagógica,
havendo a mudança da sanção-castigo para sanção-educação. Pela primeira
vez se identificava o caráter assistencial voltado às crianças e aos
adolescentes brasileiros; porém, a doutrina adotada ainda era a doutrina da
Situação Irregular, resultado do Código Civil de 1916, conhecido como
normatização voltada aos direitos dos maiores, de modo que as crianças e
adolescentes não eram, portanto, percebidos como sujeitos de direitos.
Posteriormente, a Constituição de 1934 trouxe em seu texto questões
pertinentes à criança e ao adolescente impedindo, por exemplo, o trabalho
noturno realizado por menores de 16 anos de idade. A Constituição de 1937
trouxe em seu texto uma amplitude acerca da proteção da criança referindo
que a infância e a juventude são objetos de cuidado e garantias especiaispor 
Como se deu, portanto, a evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao
adolescente? Como ambos se tornaram sujeitos de direitos fundamentais?
 
Evolução do tratamento jurídico conferido à criança e ao
adolescente como sujeitos de direitos fundamentais
A criança nem sempre foi vista e respeitada, no Brasil, como um ser detentor de
direitos especiais e específicos, pela condição de pessoa em desenvolvimento. Ela era
vista, podemos dizer, como um mini-adulto, sem proteção especial.
Na sociedade contemporânea, as crianças ganharam mais espaço. A evolução do
tratamento da criança e do adolescente, pelo mundo jurídico, pode ser resumida em
quatro fases, como bem ressalta Garrido de Paula:
No cenário nacional foi longa a jornada em busca de uma proteção integral à criança.
No Brasil colonial não havia qualquer proteção especial para a criança, a qual não
era percebida como sujeito de direito. Nesse sentido, assevera Alberton (2005, p.
25) que:
“as crianças, eram chamadas de ‘grumetes’, tinham expectativa de vida muito baixa,
até por volta dos 14 anos; (...) as crianças eram consideradas um pouco mais do que
animais, e por isso usavam sua força de trabalho que acreditavam ser necessário.”
Em 1927, no Brasil, foi publicado o primeiro Código de Menores sendo direcionado às
crianças expostas e às crianças abandonadas. O documento tratava não apenas da
culpabilidade e da responsabilidade, mas também declarava como menor aquelas
crianças e adolescentes identificadas como sujeitos em situação de vulnerabilidade e
infração. Essa designação estava em consonância com o desenvolvimento intelectual,
identificando que menores seriam aqueles com idade inferior a 18 anos. Na época, a
responsabilidade sobre os menores ainda era inerente ao Estado, competindo a este
estabelecer medidas repressivas e formas de se evitar a delinquência.
parte do Estado e dos municípios, devendo ser garantido a elas o acesso ao ensino público
e gratuito.
Art. 127. A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por
parte do Estado que tomara todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições
físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades. O
abandono moral e intelectual ou físico da infância e da juventude importará falta grave
dos responsáveis por sua guarda e educação, e cria ao Estado o dever de provê-las do
conforto e dos cuidados indispensáveis à preservação física e moral. Aos pais miseráveis
assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação
da sua prole.”
Em 1979
Foi publicado o novo Código de Menores (Lei nº 6.697/79), substituindo o código anterior,
mas mantendo a natureza repressiva e assistencialista, fazendo menção ao menor em
situação irregular, ou seja, os menores de 18 anos de idade que tivessem cometido alguma
conduta infracional, ou que tivessem sofrido maus-tratos, ou que estivessem abandonados.
Ao Juiz de Menores era concedido o poder de decidir o destino das crianças, permitindo
tratamentos discricionários e julgamentos baseados na situação irregular.
 
Na década de 1980
que se deu mais ênfase à preocupação com a proteção de crianças e adolescentes. O
texto constitucional de 1988 trouxe uma gama de garantias dos direitos desse grupo
especial, atribuindo não apenas ao Estado, mas também à família e à sociedade a
responsabilidade de assegurar a efetividade de tais direitos. Foi com a Constituição de
1988 que se adotou a proteção integral da criança, “a população infanto-juvenil deixa de
ser tutoria/discriminatória para tornar-se sujeito de direitos” (BRUÑOL, 2001, p. 39).
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
A mudança ocorrida no tratamento da criança e do adolescente a partir da Constituição
de 1988, adotando a teoria da proteção integral, possibilitou o surgimento de um
tratamento jurídico específico para esse grupo especial:
o ECA, Lei nº 8.069/1990, pautado no disposto no inciso XV, do art. 24, da Constituição
Federal de 1988, e inspirado nas normas internacionais de direitos humanos, tais como a
Declaração Universal de Direitos Humanos, a Declaração Universal dos Direitos da
Criança e a Convenção sobre os Direitos da Criança.
O ECA surge com uma nova proposta de proteção e efetividade dos
direitos das crianças e dos adolescentes impondo mudanças nas
políticas públicas voltadas ao tratamento destes, percebidos,
então, como sujeitos de direitos.
Doutrina da Proteção Integral da criança e do adolescente
O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro que
nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas até o
aprimoramento moral e espiritual.
Nesse contexto moderno, com visão mais humana e amparada por um conjunto de princípios
e regras que regem diversos aspectos da vida, desde o nascimento até a maioridade, a Lei
nº 8.069/1990, estabelece a necessidade de proteção integral registrando em seu artigo
1º que “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”; 
 
abandonando, por conseguinte, a Doutrina da Situação Irregular para adotar a
Doutrina da Proteção Integral.
Por proteção integral, entende-se o conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à
tutela da criança e do adolescente, tendo ligação com o princípio do melhor interesse
infanto-juvenil, considerando que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos
em relação à família, ao Estado e à sociedade. A Doutrina da Proteção Integral
pondera, ainda, que a criança e o adolescente são pessoas que estão em
desenvolvimento físico, o que lhes torna especiais frente aos adultos no sentido de
necessitarem de estruturações especiais e diversas para atendê-los.
O ECA deve ser interpretado e aplicado com foco nos fins sociais a que se destina,
uma vez que, na verdade, em situação irregular estão as famílias, que carecem de
infraestrutura e que abandonam as crianças. Os pais descumprem os deveres do
poder familiar; o Estado não cumpre as políticas sociais básicas.
Dessa forma, o ECA está voltado para o desenvolvimento da população infanto-
juvenil do país, garantindo proteção especial a este segmento considerado como
pessoas em desenvolvimento, não tendo a percepção apenas repressora e punitiva
característica do Código de Menores – este, nitidamente de natureza judicial –, mas
sim uma percepção pedagógica norteada de medidas socioeducativas e protetivas,
buscando sempre a ressocialização da criança e do adolescente.
Afirmando que apenas por meio da educação, do tratamento e da prevenção é que
se terá uma redução da delinquência juvenil, diversos órgãos foram criados com a
intenção de implementar o ECA e efetivar os direitos das crianças e adolescentes,
como os Conselhos de Direitos, os Conselhos Tutelares, os Fundos da Criança, bem
como a ação civil pública para a responsabilização de autoridades que, por ação ou
omissão, descumprirem o estatuto.
 
Atenção
É relevante ressaltar, por fim, que o ECA rompe com a barreira da situação
irregular resguardada no Código de Menores, pois os direitos assegurados não estão
direcionados apenas àqueles que se encontram em situação irregular, mas sim a toda
e qualquer criança, todo e qualquer adolescente, independentemente da situação em
que se encontre, pois todos são sujeitos de direitos
 
 Menor, criança e adolescente
Na concepção técnica jurídica, a expressão “menor” designa aquela pessoa que não
atingiu ainda a maioridade, ou seja, os 18 anos de idade, não lhe sendo atribuída a
imputabilidade penal, nos termos do art. 104 do ECA e do art. 27 do Código Penal.
Por outro lado, a palavra menor utilizada pelo Código de Menores, erasinônimo de
pessoa carente, abandonada, delinquente, infratora, pivete, ou seja, a pessoa
estigmatizada como sendo um indivíduo em situação irregular. Isso estava em
conformidade com a doutrina da época, a Doutrina da Situação Irregular, a qual
acabou por provocar o preconceito e a marginalização, gerando até mesmo traumas
nos sujeitos.
Voltado para a proteção integral dos infantes e dos jovens respeitando as
peculiaridades de seu desenvolvimento e condições de amadurecimento, o legislador
considerou ser mais adequado substituir o termo menor cuja conotação era pejorativa
para a criança e o adolescente.
O ECA tem como objetivo distinguir o atendimento socioeducativo, pela definição dos
conceitos de criança e adolescente, fundado no aspecto da idade, não levando em
consideração sua condição social ou econômica, ponderando apenas o processo de
desenvolvimento físico e intelectual em que estão tais indivíduos. Dessa forma, 
conforme previsto no artigo 2º, criança é toda pessoa até doze anos de idade
incompletos. Já adolescente é aquele que estiver entre os doze e os dezoito anos de
idade.
A distinção entre criança e adolescente tem importância em diversos aspectos, entre eles
na aplicação de medidas socioeducativas quando da prática de um ato infracional, pois,
para a criança, não será aplicada qualquer medida socioeducativa, mas de proteção. As
medidas socioeducativas serão aplicadas somente aos adolescentes, conforme previsto pelo
artigo 105 do ECA.
 
Exemplo
Outro exemplo que ressalta a importância da distinção entre crianças e adolescentes é a
Lei nº 13.257/2016 que dispõe políticas públicas e estabelece princípios e diretrizes para
a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância, ou seja,
os primeiros 06 anos de vida.
É relevante ressaltar que o ECA, no artigo 2º, em seu parágrafo único, permite que o
atendimento aos adolescentes ultrapasse o limite dos 18 anos de idade em situações
excepcionais. Isso ocorre em face da hipótese da maioridade civil, pois, à época da
entrada em vigor do estatuto, estava vigente o antigo Código Civil, a Lei nº 3.071/1916.
Com a chegada do novo Código Civil em 2002, a Lei nº 10.406/2002, foi alterada a
maioridade civil, sendo esta reduzida para 18 anos de idade (CC, art. 5º, caput).
É possível, dessa forma, o atendimento aos adolescentes que tenham mais de 18 anos de
idade, por exemplo, a possibilidade de adoção de maior de 18 anos, nas hipóteses em que
o adotando já se encontre sob os cuidados e a guarda dos adotantes, conforme previsto no
artigo 40 do ECA, ou quando, por exemplo, é autorizada a aplicação e o cumprimento de
medida socioeducativa de internação até os 21 anos de idade, conforme previsto no artigo
121, parágrafo 5º do mesmo estatuto.
Atenção
É importante destacar a Lei nº 13.431/2017, que estabeleceu o sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Ela cria
mecanismos para prevenir e coibir a violência e dispõe sobre a hipótese de aplicação
excepcional de seus preceitos para as pessoas entre 18 e 21 anos:
“Art. 3. Na aplicação e interpretação desta lei serão considerados os fins sociais a que
ela se destina e, especialmente, as condições peculiares da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento, às quais o Estado, a família e a sociedade devem assegurar a
fruição dos direitos fundamentais com absoluta prioridade.”
“Parágrafo único. A aplicação desta lei é facultativa para as vítimas e testemunhas de
violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, conforme disposto no parágrafo único
do art. 2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).”
Sendo assim, o jovem terá um tratamento diferenciado, como escuta e depoimento
especiais, visando oferecer a ele um sistema que lhe proteja os direitos de maneira mais
eficaz, mesmo que a apuração da violência ocorra depois de a vítima ou testemunha ter
atingido a maioridade
 Criança e adolescente como sujeitos de direitos fundamentais
Os direitos fundamentais da criança e do adolescente estão previstos no ECA, a partir do
artigo 7º, os quais, pela leitura do Livro, depreendemos que são os mesmos direitos de
qualquer pessoa humana. No entanto, por se tratarem de pessoas em desenvolvimento,
deverão ter oportunidades que potencializem o seu estado físico, mental, moral, espiritual
e social, em condições de liberdade e dignidade. Conforme o disposto no artigo 3º do
ECA, incluído pela Lei nº 13.257/2016:
Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual
e social, em condições de liberdade e de dignidade.”
“Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e
adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça,
etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e
aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
vivem.”
Em consonância com o previsto no artigo descrito, podemos estabelecer três
princípios básicos que norteiam a proteção dos direitos fundamentais da criança e do
adolescente, resguardando a situação de sujeitos de direito deles. São eles:
A. A criança e os adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais assegurados
a toda pessoa humana;
B. Possuem direito à proteção integral;
C. A eles são garantidos todos os instrumentos necessários para assegurar seu
desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual, em condições de liberdade e
dignidade.
 Adotando a Doutrina de Proteção Integral, que atribui a função de resguardar a
criança e o adolescente não apenas ao Estado mas também à família e à própria
sociedade, e seguindo a orientação do texto constitucional (art. 227, CF/1988), o
ECA mantém tal diretriz de forma expressa estabelecendo que, primeiramente, a
família e, supletivamente, o Estado e a sociedade têm o dever de assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos fundamentais. Deixa claro que não é
suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de tal função; é necessário que
haja um esforço conjunto, uma atuação articulada entre família, Estado e sociedade:
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção
à infância e à juventude.”
Atenção
É importante ressaltar que o ECA destaca, em primeiro lugar, a participação da
família como forma de resguardar a criança e o adolescente, pois se entende que
antes de qualquer outro órgão, a família é responsável por todo o trabalho
desenvolvido em benefício das crianças e dos adolescentes, pela proteção e
segurança destes.
No artigo 19 do ECA é enfatizado novamente o convívio não apenas com a família,
mas com a comunidade, agora como direito; registrando expressamente que “Toda
criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”. Nota-se, por
conseguinte, a preocupação não apenas com relação ao jovem infrator, como ocorria 
nos códigosanteriores (Código de Menores), mas efetivamente com o ser humano criança e
com o ser humano adolescente.
Digiácomo e Digiácomo referem-se à garantia de prioridade prevista no parágrafo único do
artigo 4º, que deverá ser promovida e fiscalizada pelo Ministério Público, do seguinte
modo:
“[...] o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente deve nortear a
atuação de todos, em especial do Poder Público, para defesa/promoção dos direitos
assegurados a crianças e adolescentes. A clareza do dispositivo em determinar que
crianças e adolescentes não apenas recebam uma atenção e um tratamento prioritários por
parte da família, sociedade e, acima de tudo, do Poder Público, mas que esta prioridade
seja absoluta (ou seja, antes e acima de qualquer outra), somada à regra básica de
hermenêutica, segundo a qual “a lei não contém palavras inúteis”, não dá margem para
qualquer dúvida acerca da área que deve ser atendida em primeiríssimo lugar pelas
políticas públicas e ações de governo. O dispositivo, portanto, estabelece um verdadeiro
comando normativo dirigido em especial ao administrador público, que em suas metas e
ações não tem alternativa outra além de priorizar – e de forma absoluta – a área infanto-
juvenil, como vem sendo reconhecido de forma reiterada por nossos Tribunais (exemplos
dessa jurisprudência se encontram compilados ao longo da presente obra).”
A destinação privilegiada dos recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à
infância e à juventude está assegurada no próprio ECA por meio dos artigos 59, 87, 88 e
artigo 261, parágrafo único.
Voltado à proteção da criança e do adolescente, o ECA estabelece ainda, em seu artigo
5º, que é dever de todos a função de velar por direitos das crianças e adolescentes,
impedindo que sejam submetidos a negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão:
Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.”
Tal previsão não faz diferenciação diante da ação ou da omissão. Não é relevante de que
forma a conduta ocorreu, de modo que, em ambas as situações, o indivíduo deverá ser
punido, pois o objetivo primordial é resguardar os direitos fundamentais da criança e do
adolescente afirmando o princípio da proteção integral destes, bem como o princípio da
prioridade absoluta.
Como já foi dito anteriormente, as crianças e os adolescentes possuem os mesmos direitos
fundamentais que qualquer outra pessoa, ou seja, possuem direito à vida, à saúde, à
educação, ao lazer, à liberdade, entre outros, ressalvado o fato de serem pessoas em
desenvolvimento. Ciente de tal situação especial, o ECA registra, no artigo 15, um tópico
destinado ao direito à liberdade e ao respeito, a saber: “A criança e o adolescente têm
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis” (BRASIL, 1990).
Como se observa, o ECA enfatiza novamente que se está tratando não de objetos de
proteção, mas de sujeitos de direitos e, como tal, devem ser tratados e respeitados,
ressaltando o princípio da dignidade humana previsto pela Declaração Universal dos
Direitos do Homem e consagrado universalmente.
Como bem ressalta o artigo transcrito anteriormente, à criança e ao adolescente são
destinados não apenas os direitos humanos fundamentais, mas também os direitos civis e
sociais, de tal forma que a violação de tais direitos repercutirá em sanções legais, para
mera exemplificação. Vejamos a decisão acerca do abandono paterno:
"INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. RELAÇÃO PATERNO-FILIAL. PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor 
sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à
convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no
princípio da dignidade da pessoa humana.”
A relação de paternidade não é apenas um direito do pai, mas da criança e do
adolescente, devendo-lhes ser, portanto, assegurado. O descumprimento de tal
direito importará a possibilidade de ação judicial e a respectiva indenização, ainda
que não se tenha por interesse tornar patrimonial o sentimento, a relação entre pai
e filho. O que se pretende em si é aplicar uma sanção ao descumprimento do direito
inerente à criança e ao adolescente.
 Critério de interpretação do estatuto
Quando se fala em Estatuto da Criança e do Adolescente, em hipótese alguma
poderá a interpretação da norma ocorrer de modo a prejudicar a criança ou o
adolescente – e não poderia ser diferente, uma vez que são os destinatários da
Doutrina de Proteção Integral adotada pela legislação específica.
O ECA, em seu artigo 6º, inspirado no artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (BRASIL, 1942), estabelece que a lei deverá ser interpretada
considerando-se “os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em desenvolvimento” (BRASIL, 1990). Nesse sentido, já se
manifestou o Supremo Tribunal Federal:
“ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – INTERPRETAÇÃO. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente há de ser interpretado dando-se ênfase ao
objetivo visado, ou seja, a proteção e a integração do menor no convívio familiar e
comunitário, preservando-se-lhe, tanto quanto possível, a liberdade. Estatuto da
Criança e do Adolescente – segregação. O ato de segregação, projetando-se no
tempo medida de internação do menor, surge excepcional, somente se fazendo
alicerçado uma vez atendidos os requisitos do artigo 121 da Lei nº 8.069/90.”
(STF. 1ª T. HC nº 88945/SP. Rel. Min. Marco Aurélio Melo. J. em 04/03/2008).
Dessa forma, podemos afirmar que, ao interpretar o ECA, sempre será priorizado o
fim social ligado à proteção integral da criança e do adolescente, sobrepondo-se a
qualquer outro bem ou interesse judicialmente tutelado, levando em conta a
destinação social da lei e a condição de pessoas em desenvolvimento.
Negligência deriva do latim negligentia e significa desatenção, desleixo. É um ato
omissivo, por exemplo, a falta de cuidados pelo responsável legal.
Discriminação é a segregação, a diferenciação, seja por motivos relacionados a etnia,
religião, gênero, orientação sexual, nacionalidade etc., por exemplo, quando não se
quer proximidade com criança ou adolescente em razão da cor deles.
Exploração é a forma de extrair de modo irregular algum proveito da conduta da
criança ou do adolescente, como ocorre, por exemplo, com os denominados “pais de
rua”, os quais colocam os filhos para pedir esmolas nos semáforos.
Violência, crueldade e opressão são condutas coercitivas contra o adolescente,
causando-lhe dor e sofrimento.
Cabe dano moral para criança de 3 anos?
A Ministra Nancy Andrighi do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do
Recurso Especial de nº 107.775-9, em 23 de fevereiro de 2010, citando o art. 3º do
ECA, reconheceu que as crianças e os adolescentes possuem o mesmo direito que a
pessoa humana adulta, e assim fixou uma indenização no valor de R$ 4.000,00 a
uma criança de três anos em razão de deficiência na prestação do serviço médico e
recusa na feitura do exame radiológico (Resp. 103.775-9, j. 23-2-2010).
Atenção
Nas comunidades indígenas, não é comum a utilização da expressão adolescente.
O ECA tem por objetivo a proteção integral, de modo que cada cidadão brasileiro
que nasce tenha assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas
até o aprimoramento moral e religioso. 
O ECA adota, por conseguinte, a teoria de Proteção Integral, definindo que a
função de resguardar a criança e o adolescente não é apenas uma função do
Estado, mas também da família e da própria sociedade. Seguindo a orientação
constitucional, o estatuto mantém a mesma diretriz de formaexpressa
estabelecendo que, primeiramente, a família e, supletivamente, o Estado e a
sociedade têm o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos fundamentais.
Do art. 7º ao art. 14ºEstão previstos o direito à vida e à saúde.
Do art. 15º ao art. 18º Estão previstos os direitos relacionados à liberdade, ao
respeito e à dignidade humana.
Do art. 19º ao art. 52ºEstão previstos os direitos relativos ao direito à convivência
familiar e comunitária.
Artigo 59ºEstão previstos os pontos relativo à cultura, ao esporte e ao lazer.
Em relação às crianças e adolescentes indígenas, o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança baixou, em 2003, a Resolução 91, regulamentando a aplicação do ECA para eles,
devendo ser observadas as peculiaridades socioculturais das comunidades indígenas, em
consonância com o art. 231 da CF (BRASIL, 1988).
Ocorre que o índio, ao passar pela puberdade e pelo seu respectivo “ritual de passagem”,
deixa de ser criança e é considerado um adulto.
Deixa claro que não é suficiente que um órgão ou entidade se encarregue de tal função, é
necessário que haja um esforço conjunto, uma atuação articulada entre família, Estado e
sociedade.
Direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente
Já sabemos que as crianças e os adolescentes foram reconhecidos, pela Constituição
Federal de 1988 e, posteriormente, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990,
como sujeitos de direitos humanos fundamentais e, consequentemente, passaram a receber
um tratamento jurídico diferenciado.
Mas quais são os direitos devidos a esse grupo especial de seres em desenvolvimento?
Eles são os mesmos direitos de qualquer pessoa humana, a começar pelo direito à vida,
pois, sem ela, todos os outros direitos não fazem sentido. Discutiremos, a seguir, os
direitos fundamentais a que crianças e adolescentes fazem jus, esclarecendo os principais
pontos de cada um deles. Acompanhe.
 Dos direitos fundamentais
Recepcionando a Doutrina da Proteção Integral, a Constituição da República Federativa
do Brasil (CF), promulgada em 5 de outubro de 1988, passou a atribuir uma gama de
garantias e direitos à criança e ao adolescente, corroborando a teoria de que são sujeitos
de direitos. O artigo 227 faz referência expressa aos direitos considerados fundamentais,
os quais, portanto, não podem ser suprimidos ou desconsiderados por qualquer indivíduo ou
pelo Poder Público:
"Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão."
Os direitos descritos no artigo 227 da CF são de caráter prestacional, ou seja, os pais ou
responsáveis, a sociedade e o Poder Público têm o dever de prestá-los. Eles foram
recepcionados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de tal forma que:
Do art. 60º ao art. 69ºEstão previstos os direitos relativos à
profissionalização e ao trabalho
 Direito à vida e à saúde
Dentre os direitos fundamentais protegidos e assegurados pela lei, o direito à vida
destaca-se pela importância, pois não seria possível tratar de qualquer outro tipo de
tutela de direitos ou princípios e regras sem a existência da vida humana.
Com ele, desponta o direito à saúde, pois não há sentido em defender o direito à vida
sem que haja saúde. Para tanto, o referido artigo obriga o Poder Público, nas esferas
federal, estadual e municipal, a reservar parte do orçamento à aplicação de ações
com vistas ao atendimento do bem coletivo.
As medidas protetivas não se destinam apenas às crianças e aos adolescentes, mas
também àquele que ainda vai nascer, passando, por conseguinte, pelo cuidado com a
gestante e o atendimento hospitalar.
Desse modo, a redação das Leis nº 13.257/2016 e nº 13.798/2019 garante o acesso
aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo.
Institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, objetivando
difundir informações sobre medidas preventivas e educativas que permitam a redução
da gravidez juvenil.
Da mesma maneira, o ECA determina que o Estado e os empregadores da iniciativa
privada têm o dever de proporcionar condições adequadas para o aleitamento materno
(art. 9º). O direito ao aleitamento está previsto inclusive na Consolidação dos
Direitos Trabalhistas, a qual, em seu artigo 396, prevê o direito de aleitamento à
empregada, bem como às mães que estejam cumprindo medida socioeducativa de
privação de liberdade, conforme o artigo 63 §2º da Lei nº 12.594/2012, que cria o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).
 Recuperação da criança e do adolescente internados
Assegurar condições adequadas para a recuperação da criança e do adolescente
internados também é tema do ECA. Este determina que as instituições hospitalares
devam proporcionar condições aos pais ou responsável, para que permaneçam com a
criança ou o adolescente internado em tempo integral.
Desfrutar a companhia dos pais é um direito deles e, como tal, deve ser
resguardado. Caso haja violação desse direito, responde-se judicialmente.
O artigo 10º do ECA traz um rol de obrigações a serem cumpridas por todos os
estabelecimentos de saúde e hospitais, sejam eles públicos ou particulares, visando
regular a adequada identificação dos recém-nascidos e de suas genitoras, para evitar
a troca de identidades e garantir a orientação e o acompanhamento técnico no
período das primeiras amamentações:
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes,
públicos e particulares, são obrigados a:
I.Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais,
pelo prazo de dezoito anos;
II.Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e
digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
pela autoridade administrativa competente;
III.Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutico de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV.Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
V.Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe;
VI.Acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações 
quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando
o corpo técnico já existente.
 SUS, pessoa com deficiência e integridade da criança
Conforme prevê o ECA, fica a cargo do Sistema Único de Saúde (SUS) a promoção de
programas de assistência médica e odontológica (art. 14, ECA) para a prevenção das
enfermidades que afetam a população infantil, bem como a realização de campanhas de
educação sanitária para pais e educadores de modo que o “oferecimento irregular ou não
oferecimento dos programas preventivos poderá implicar em responsabilidade civil e
administrativa do gestor” (art. 208, VII, ECA). Assegura, ainda, que criança e
adolescentes tenham acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde, por intermédio
do SUS, observado o princípio da equidade (art. 11, ECA).
Este dispositivo está de acordo com as diversas normas internacionais e pátrias sobre a
matéria, como a Convenção dos Direitos da Criança (art. 23), a Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Lei nº 7.853/1989, que dispõe sobre as
pessoas portadoras de deficiência e sua integração social, e a Lei nº 13.146/2015, que
instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Com o fim de evitar a violência contra a criança ou o adolescente, a suspeita de que
tenham sofrido castigo físico, tenham sido submetidos a tratamento cruel e degradante, ou
estejam sofrendo ou tenham sofrido maus-tratos, indiferentementede quem esteja
praticando tais atos, ou ainda que decorra de negligência, deverá ser comunicada ao
Conselho Tutelar, que encaminhará a notícia ao Ministério Público (art. 136, IV, ECA),
para que seja proposta a ação penal competente contra os infratores ou seja requerido o
afastamento do agressor da moradia comum, resguardando a criança ou o adolescente (art.
130, ECA; art. 21, II, Lei nº13.431/2017), ou ainda a suspensão ou destituição do poder
familiar (art. 201, III; art. 155 a 163, ECA).
Como se vê é necessária a perfeita articulação entre os órgãos para que os direitos da
criança e do adolescente sejam efetivamente resguardados e respeitados. Os doutrinadores
afirmam que a clara omissão da comunicação exigida pelo ECA representa uma infração
administrativa, conforme previsto no artigo 245 do estatuto.
Ainda no que se refere à integridade da criança e do adolescente, e visando inibir
práticas ilegais, o ECA prevê, em seu artigo 13º §1º, o parto anônimo. As gestantes que
tiverem interesse em entregar o filho para adoção devem ser encaminhadas, sem qualquer
forma de constrangimento, à Justiça da Infância e Juventude, bem como deverão receber
orientação não apenas jurídica mas psicológica. Dessa forma, a criança, resguardada a
identificação da paternidade (Lei nº 8.560/1992), poderá permanecer no seio familiar ou
então ser adotada legalmente. O §2º confere máxima prioridade ao atendimento das
crianças na faixa etária da primeira infância caso haja suspeita ou confirmação de
violência de qualquer natureza. Um projeto terapêutico singular que inclua intervenção
em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar deve ser formulado.
A Lei nº 13.010/2014 (BRASIL, 2014), que ampliou a redação do caput do art. 13, para
estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso
de castigos físicos 1 ou de tratamento cruel ou degradante 2, foi batizada inicialmente
como “Lei da Palmada”. Atualmente ela é reconhecida como “Lei Menino Bernardo”, em
homenagem ao menino gaúcho Bernardo Boldrini, de 11 anos, que foi encontrado morto no
mês de março de 2014, na cidade de Três Passos (RS). O crime foi cometido pelo pai e
pela madrasta.
 
 Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
O Capítulo II do ECA vincula-se ao princípio da dignidade humana referenciado pelo
texto constitucional em seus artigos 1º e 5º. O princípio reconhecido internacionalmente 
A liberdade de ir e vir bem como de estar nos logradouros públicos e espaços
comunitários ressalvadas as restrições legais;
A liberdade de opinião e de expressão;
O direito de crença e de culto religioso, de brincar, de praticar esportes e se
divertir;
A liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem discriminação, de
participar da vida política e buscar refúgio, auxílio e orientação.
aplica-se a todo e qualquer indivíduo indiferentemente de idade, sexo, raça, cor e
condição econômica, entre outros.
Dessa forma, a liberdade, o respeito e a dignidade da pessoa humana são valores
sociais que permeiam todo o sistema normativo.
O artigo 15º do ECA garante a liberdade, o respeito e a dignidade às crianças e
adolescentes, considerando a peculiaridade de se tratar de pessoas em processo de
desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais.
O texto legal garante a liberdade sob as suas mais variadas formas:
São direitos que devem ser assegurados e muitos dependem da articulação de diversos
órgãos para efetivação, a exemplo da Lei nº 10.891/2004 que criou a Bolsa Atleta
para atletas olímpicos e paraolímpicos, de forma a incentivar a prática de esportes;
a necessidade de participação da família na orientação e educação das crianças e
dos adolescentes que, muitas vezes, acabam por necessitar de apoio e orientação de
órgãos e programas específicos de atendimento à criança.
No que diz respeito ao divertimento, há outros dispositivos que tutelam o ingresso e a
permanência de crianças e adolescentes em shows e casas de espetáculos (art. 74-
76, ECA).
 Atenção
O direito ao respeito previsto no ECA se vincula à integridade física, psicológica e
moral, abrangendo a preservação da identidade, da autonomia, dos valores, da ideias
e das crenças bem como a preservação dos espaços e objetos pessoais da criança e
do adolescente, evitando traumas e exposições que muitas vezes trazem
consequências irreversíveis. Ressaltamos que a violação de qualquer desses direitos
caracteriza o desrespeito ao princípio da proteção integral e do melhor interesse da
criança, sendo passível, em algumas situações, de indenização, como na divulgação
de imagem sem autorização dos pais ou responsáveis.
Diante do exposto é que a lei estabelece que não se trata apenas de um dever dos
pais ou do Estado mas de todos, sejam governantes ou não, a proteção da criança e
do adolescente inibindo todo o tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
ou constrangedor (art. 18, ECA). A criança e o adolescente detêm o direito de
serem educados sem o uso de castigo físico, tratamento cruel ou degradante como
forma de correção, disciplina e educação.
Dessa forma, e considerando o respeito aos direitos da criança e do adolescente,
todos têm o dever de atuar em defesa destes diante de uma violação ou ameaça de
violação, sob pena de responsabilização pela omissão.
Como vimos, a liberdade de participar da vida familiar e comunitária sem
discriminação é um direito garantido pelo artigo 15º do ECA. Agora, veremos mais
detalhe sobre esse direito.
 Direito à convivência familiar e comunitária
O ECA enfatiza a necessidade da convivência familiar e comunitária, sendo
percebida como direito fundamental, uma vez que os laços familiares têm como
objetivo educar, preparar e proteger emocionalmente as crianças e os adolescentes,
conduzindo-os no desenvolvimento integral. Por sua vez, a comunidade permitirá ao
jovem em fase de aprendizado o envolvimento com os valores sociais e políticos que 
https://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0141/aula3.html
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lhe regerão a vida cidadã. Essa percepção encontra embasamento e fortalecimento no
artigo 6º da Declaração Universal dos Direitos da Criança e do artigo 226 da CF.
A Lei nº 13.257/2016, Lei da Primeira Infância, estabelece políticas públicas para a
primeira infância, período que abrange os primeiros 06 anos de vida (art. 2º). As
políticas públicas para qualquer pessoa entre 0 e 18 anos não podem ser iguais, é
necessário elaborar programas diferentes a partir das necessidades de cada faixa etária,
peculiaridade social e regional.
O ECA, em suas disposições gerais, estabelece no art. 19 que “é direito da criança e do
adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu
desenvolvimento integral”. Dessa forma, em busca da efetividade do princípio do melhor
interesse, a preferência para a criação das crianças e dos adolescentes será em primeiro
lugar dos parentes consanguíneos; porém, ao se tornar nociva ou mesmo perigosa, ou a
manutenção da convivência com a família natural não sendo mais possível, a lei permite
que a criança ou o adolescente seja inserido numa família substituta por meio de um
processo de guarda, tutela ou mesmo adoção.
Se, de um lado, a lei prioriza o convívio familiar; por outro, ela possibilita o convívio fora
dela. Há programas de acolhimento institucional que configuram uma situação transitória, a
qual não pode durar mais de dois anos. Fica claro, portanto, que o principal objetivo é
evitar o afastamento prolongado ou indefinido da criança ou do adolescente, não
prejudicando os laços familiares. Durante o período de acolhimento há, também, a
preocupação com a família. Esta deverá ser inserida em programas e serviços de
orientação e promoção social. Até mesmo em casos em que os pais estejam privados da
liberdade deve ser assegurado à criança ou ao adolescente o direito de visitá-los para que
não percam os vínculosfamiliares.
A mesma lei também introduziu o artigo 19-B, destacando o apadrinhamento. Este consiste
em um programa de atendimento, nos termos do artigo 86 e seguintes do ECA, podendo
ser realizado no âmbito das entidades de atendimento governamental ou não. Consiste em
oferecer à criança e ao adolescente com poucas chances de adoção a oportunidade de
desenvolver vínculos externos às instituições em que residem e proporcionar o
fortalecimento de valores sociais, morais, educacionais e cognitivos. O ECA (art. 20), em
consonância com o texto constitucional (art. 227 §6º, CF), veda expressamente toda e
qualquer discriminação entre os filhos, sejam eles havidos ou não durante a relação do
casamento.
Ainda sobre a convivência familiar, é importante mencionar o artigo 2º do ECA, no qual
se adota a expressão “poder familiar” em substituição à expressão “pátrio poder”, sendo
percebido o conjunto de direitos e deveres que competem aos pais, em absoluta igualdade
de condições. O poder familiar, porém, somente poderá ser exercido por aquele que
possuir plena capacidade civil, sendo inerentes a ele o dever de sustento, de guarda e de
educação, bem como cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Conforme determinação do artigo 23 do ECA, a falta ou a carência de recursos
financeiros e materiais não caracteriza motivo suficiente para afastar a criança ou o
adolescente dos pais, não implicando nem podendo tal argumento ser utilizado como
motivação para a perda ou a suspensão do poder familiar. Essa possibilidade é vinculada a
uma decisão judicial após procedimento pautado no princípio do contraditório e nos casos
previstos pela legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos
deveres e obrigações dos pais (art. 24, ECA).
Em 26 de agosto de 2010 foi promulgada a Lei nº 12.318 (BRASIL, 2010) que trata da
alienação parental. O artigo 2º estabelece que “Considera-se ato de alienação parental a
interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida
por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua .
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”
 Da família natural
O conceito de família natural ou família de origem está previsto no art. 25 do ECA.
Trata-se da comunidade formada por pais, ambos ou um só, e filhos, abarcando
também a família monoparental (formada por apenas um dos pais e seus
descendentes), não fazendo nenhuma menção ao casamento.
Como já mencionado, em prol do princípio do melhor interesse, a preferência será
sempre assegurar a convivência da criança e do adolescente com sua família natural
e somente em situações excepcionais ela será adotada por uma família substituta.
Para dar uma amplitude à noção de família, o ECA, no parágrafo único do artigo 25,
trata da família extensa ou ampliada, ou seja, aquela que se estende para além da
unidade de pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com
os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
afetividade.
Um exemplo são as crianças ou os adolescentes criados por irmãos mais velhos, tios ou
avós. É importante frisar que não estão inclusos na família ampliada todos os
parentes dos pais, mas somente aqueles que possuírem vínculos de afetividade e
afinidade.
Também existe a família recomposta. Apesar de não ser mencionada no ECA, ela é
reconhecida pela doutrina e caracteriza-se por homens e mulheres, com filhos de
relacionamentos anteriores, que se casam ou vivem em relação de união estável.
No que se refere ao reconhecimento de filho, o artigo 26 do ECA possibilita que tal
ato jurídico ocorra no termo de nascimento, por meio de escritura pública ou outro
documento público competente, independentemente da origem da filiação, podendo
preceder o nascimento ou mesmo suceder ao falecimento, sendo irrevogável, ainda
que feito em testamento (art. 1.610, CC). Considerando que é um ato jurídico, não
poderá ser definida a gama de efeitos que dele irão decorrer ou não, ou seja, não há
a possibilidade de reconhecido o filho negar-lhe os direitos sucessórios ou mesmo o
sobrenome.
Paralelo ao direito do pai de reconhecer o filho existe o direito do filho de conhecer a
filiação e de ver reconhecido o vínculo familiar, conforme o art. 27 do ECA. Nesse
caso, o reconhecimento é personalíssimo, indisponível e imprescritível. Como se trata
de direito da criança e do adolescente, não compete à genitora dele dispor ou mesmo
abrir mão. Conhecer a paternidade biológica é um direito fundamental da criança e
do adolescente devendo, portanto, ser apurada na forma da lei.
 Da família substituta
Por família substituta se entende aquela em que a criança ou o adolescente é
inserido quando é impossível a permanência com a família natural. O ECA indica, no
artigo 28, as três formas de inserção em família substituta:
A guarda é uma forma de inserção da criança ou do adolescente em família
substituta que, conforme prevê o ECA, objetiva regularizar a posse de fato,
podendo ser concedida liminar ou incidentalmente nos procedimentos de tutela e
adoção (art. 33, ECA), com exceção dos pleitos de estrangeiros em que não é
autorizada a concessão de liminar, conforme previsto no artigo 31 do ECA. Trata-se
de uma situação provisória, sendo preferencial para que se evite o acolhimento
institucional.
O guardião será responsável pela criança ou pelo adolescente de modo que se
estabelece como pressuposto a permanência destes na companhia daquele.
Ao contrário do que se possa pensar, a guarda não suspende e nem retira dos pais o 
poder familiar. Trata-se de medida excepcional para suprir a ausência dos pais (art. 33,
§2, ECA), não sendo concedida ao guardião, por exemplo, a representação, que deve ser
conferida expressamente pelo juiz para determinados atos (art. 33, §2º, in fine).
Embora a guarda seja concedida a terceiros, será preservado o direito de visitas dos pais
naturais à criança ou ao adolescente, bem como o dever deles de prestar alimentos aos
filhos.
A criança ou o adolescente sob os cuidados do guardião podem ser percebidos como
dependentes economicamente, inclusive para fins previdenciários.
O ECA trata, no artigo 34, da possibilidade da guarda subsidiada ou por incentivo. Nesses
casos, a guarda é concedida àqueles que aceitam participar de programas de acolhimento
familiar. A União tem o dever de promover o acolhimento familiar como política pública
(art. 34, §3º), inclusive mediante o repasse de recursos diretamente à família acolhedora
(art. 34, §4º).
Por fim, da mesma forma que a guarda é instituída por autoridade competente, assim será
a revogação dela, também dependendo de ato judicial. A revogação deverá estar
fundamentada e serão ouvidos o guardião e o Ministério Público, observando-se os princípios
do contraditório e da ampla defesa, bem como os princípios vinculados ao ECA voltados a
resguardar o interesse da criança e do adolescente.
 A tutela é instituto previsto no Código Civil que deve ser interpretado em consonância
com o ECA que a regulamenta em seus artigos 36 a 38. Pode ser percebida como um
substituto do poder familiar em que uma pessoa maior assume o dever de assistência e
representação da criança ou adolescente, administrando os bens e interesses do tutelado.
Pode estabelecer dois aspectos que diferenciam o instituto da tutela do instituto da
guarda.
O primeiro se refere à representação, pois na tutela o responsável pela criança não
possui o direito de representação; o segundo é que a tutela não pode coexistir com o poder
familiar, ao contrário da guarda, que por ser provisória coexiste com o poder familiar.
Dessa forma, para que a tutela exista é preciso que o poder familiar tenha sido retirado
dos pais, ou pelo menos tenha sido suspenso (art. 36, parágrafo único, ECA; art. 1635,
CC).
Em conformidade com o ECA, a tutela cessa quando o tutelado completa 18 anos de
idade, ou seja, ao adquirira maioridade civil ou então for emancipado. A lei civil menciona
ainda a possibilidade de a criança ou o adolescente ser adotado ou, diante do
reconhecimento de paternidade (art. 1763, CC), quando então estará submetido ao poder
familiar. Permanecendo a incapacidade, deverá ocorrer a interdição, colocando-o aos
cuidados de um curador.
O ECA contempla, ainda, a tutela testamentária 3 (art. 37, ECA), que se refere à
possibilidade de o tutor ser indicado em testamento, legado ou codicilo.
Por fim, da mesma forma que a tutela é instituída por decisão judicial, a sua destituição
também dependerá de decisão de autoridade judicial (art. 129, IX, ECA; art. 761-763,
CPC) podendo o processo ser movido inclusive pelo Ministério Público.
A adoção é o instituto de natureza excepcional voltado à proteção da criança e do
adolescente, somente sendo utilizado na total impossibilidade de mantê-los com a família
natural ou extensa. A excepcionalidade da medida deriva do dever assumido pelo Estado
em buscar sempre o melhor interesse da criança e do adolescente, o qual, na hipótese,
seria evitar o máximo possível o rompimento dos laços familiares, estando prevista no ECA,
nos arts. 39 a 50.
Deve-se recorrer à adoção apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança
ou do adolescente na família natural ou extensa. É vedada a adoção por procuração 4 e
deve sempre prevalecer o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
Ainda que haja situação de risco, antes de extinguir o poder familiar e inserir a criança 
ou o adolescente em outra família de forma definitiva, o Estado deverá procurar
mecanismos voltados à orientação, ao apoio e à promoção social. Somente após uma
rigorosa avaliação técnica realizada por profissionais é que se optará pelo
rompimento definitivo dos laços familiares. Tal conduta não poderia ser diferente, até
porque a adoção é irrevogável e integra completamente o adotado à família, surgindo
vínculos para todos os envolvidos.
Segundo o ECA, existem duas espécies de adoção: a adoção unilateral 5 (art. 41,
§1º, ECA) e a adoção bilateral 6 (art. 42 §2º, ECA). Tem-se, ainda, a adoção
alateral 7 e a plurilateral 8. No tocante ao momento da adoção, esta pode ser em
vida ou póstuma 9, ou post mortem.
O ECA traz em seu texto os requisitos objetivos 10 e subjetivos 11 necessários para a
adoção.
Considerando sempre que o pretendido é resguardar os direitos e interesses da
criança e do adolescente, a lei permite ainda que a adoção seja realizada por
pessoas ou casais estrangeiros que residem fora do Brasil (art. 51, ECA). Porém,
somente quando esgotadas as possibilidades de inserção em família substituta
brasileira, e quando a adoção for de adolescente, e este tiver sido efetivamente
consultado por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento e estiver
preparado para a efetivação da adoção.
Talvez você já tenha ouvido falar em “adoção à brasileira”. É importante frisar que a
“adoção à brasileira” não é uma forma legitimada de adoção. Ocorre quando alguma
pessoa registra filho alheio como próprio, o que configura crime, estando previsto no
Código Penal (CP), no art. 242 (BRASIL, 1940).
.Ainda que se considere como fundamento a impossibilidade da permanência do
convívio com a família natural, o ECA, em respeito ao princípio do melhor interesse,
ressalta que a criança deve ser ouvida e que o adolescente deve consentir em ser
inserido em família substituta.
A identificação de uma família substituta é realizada com a máxima
responsabilidade, pois ela deve proporcionar um ambiente adequado ao crescimento
saudável. Dessa forma, considera-se o grau de parentesco e afinidade ou
afetividade, pois o intuito é assegurar à criança e ao adolescente uma vida digna.
Trata-se de um trabalho gradativo no que diz respeito à adaptação e ao
acompanhamento posterior.
Na hipótese de irmãos, o objetivo será a manutenção do grupo no momento da
substituição familiar, evitando separá-los ao colocá-los em lares diversos
Considerando que o ECA se direciona a toda e qualquer criança ou adolescente, a lei
faz referência de forma expressa a crianças e adolescentes provenientes de
comunidade remanescente de quilombo ou indígena, mencionando que é obrigatório
observar e respeitar a identidade social e cultural, os costumes e as tradições,
devendo a inserção ocorrer no seio da comunidade ou em meio a membros de mesma
etnia (art. 28, ECA).
Atenção
A inserção da criança ou do adolescente em famílias substitutivas é ato de
competência privativa da autoridade judiciária. Sendo assim, não poderão ser
transferidos a terceiros ou a entidades governamentais, pois isso somente ocorrerá
mediante intervenção de autoridade judiciária, que procederá cautelosamente
respeitando os direitos fundamentais da criança ou do adolescente, bem como o
princípio do melhor interesse.
Por fim, o ECA esclarece que a inserção da criança e do adolescente em famílias
substitutivas estrangeiras será medida de natureza excepcional, pois a preferência
será sempre das famílias nacionais (art. 31, ECA).
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Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer
O direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer estão ligados ao desenvolvimento
sadio e pleno das crianças e adolescentes. Por isso, estão elencados no rol dos direitos
fundamentais dos artigos 53 a 59.
No que se refere ao direito à educação, e alinhado ao texto constitucional (art. 208,
CRFB), o ECA ressalta a necessidade de promover meios para que a criança e o
adolescente sejam preparados efetivamente para o exercício da cidadania, além de serem
qualificados para o trabalho.
Responsabilidade do responsável
Da mesma forma que se impõem ao Estado deveres voltados à inserção da criança e do
adolescente no sistema educacional de forma isonômica, também se preveem deveres dos
pais (art. 55, ECA) ou responsável, por exemplo, a obrigação de matricular o filho ou
pupilo em rede regular de ensino. Seu descumprimento caracteriza crime de abandono
intelectual (art. 246, CP).
Responsabilidade da instituição de ensino
O ECA, no artigo 56, traz importante previsão quanto à responsabilidade dos dirigentes
de estabelecimentos de Ensino Fundamental reportarem ao Conselho Tutelar maus-tratos,
reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar e elevado nível de repetência. Isso
alinhado ao artigo 57, que determina a obrigação do Poder Público ao estímulo a pesquisas
e novas propostas pedagógicas com vistas à inserção de jovens excluídos do Ensino
Fundamental.
Por fim, o ECA aponta a preocupação com o respeito às particularidades culturais,
artísticas e históricas, de forma que obriga os municípios, com o apoio dos estados e da
União, a estimularem e facilitarem o destino dos recursos e espaços para programações
culturais, esportivas e de lazer (art. 59, ECA).
 
Do direito à profissionalização e à proteção no trabalho
O último capítulo do ECA referente aos direitos fundamentais trata do direito à
profissionalização e à proteção ao trabalho (art. 60 a 69, ECA). Os direitos garantidos
aqui estão direcionados aos adolescentes, pois a criança, sendo considerada como a pessoa
que ainda não completou 12 anos, não pode trabalhar. O adolescente, a partir de 14 anos
completos, pode trabalhar na condição de aprendiz.
Dessa forma, o trabalho realizado pelo adolescente não possui apenas o viés de
contraprestação pecuniária, devendo respeitar a condição de pessoa em desenvolvimento e
a capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Atenção
Segundo o ECA, o adolescente possui direito à profissionalização,

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